JornalCana Edição 275/Dezembro 2016

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TECNOLOGIA AGRÍCOLA

Dezembro 2016

Palha “protege” e ajuda a aumentar a presença da cigarrinha-da-raiz A presença da palha nos canaviais e a qualidade das mudas estão entre os fatores responsáveis pelo aumento de algumas pragas nas lavouras de cana-de-açúcar. A que mais avançou nessas áreas em decorrência da colheita de cana crua é a cigarrinha-da-raiz (Mahanarva fimbriolata).

O Sphenophorus, de difícil e oneroso controle, tem gerado preocupação, mas a brocada-cana continua sendo a principal praga da cultura Área de plantio quase limpa é ideal para evitar proliferação de pragas

“A palha funciona como um abrigo para a cigarrinha. Além disso, ela solta uma espuma que a protege. Não há também a mortalidade pela ação do fogo”, observa Geraldo Papa, professor do Departamento de Fitossanidade da Faculdade de Engenharia da Unesp – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, campus de Ilha Solteira, SP. O Sphenophorus levis – conhecido como bicudo da cana – também tem gerado preocupação. “Ele se aloja nos rizomas, nas touceiras e nos próprios toletes. Apesar de estar mais restrito à região de Piracicaba e de Ribeirão Preto, no estado de São Paulo, com o avanço da comercialização de mudas, de um lugar para outro, há uma tendência a que o Sphenophorus

aumente sua área de ação”, avalia. Mesmo com o bicudo tendo um difícil e oneroso controle, a broca-da-cana (Diatraea saccharalis) é a principal praga da cultura. “O Sphenophorus está restrito a duas regiões que são grandes e importantes. Mas, a broca ocorre praticamente em todas as regiões de cana no Sudeste e Centro-Oeste, com prejuízos grandes”, constata. De acordo com o professor da Unesp, o bicudo da cana pode causar uma perda até maior na área infestada. “A broca tem uma série de danos diretos e indiretos. As duas pragas são grandes causadoras de danos. Como abrange uma região maior, a broca acaba sendo a principal”, ressalta.

A limpeza do canavial e a sanidade das mudas são medidas recomendadas para a prevenção do Sphenophorus – afirma Geraldo Papa. “O bom controle químico ajuda a segurar a praga, evitando que ela seja bastante disseminada”, observa. Na área que estiver infestada é preciso fazer uma destruição mecânica do Sphenophorus, expondo o inseto ao sol por meio de movimentação de solo. No caso da broca é preciso considerar a possibilidade do uso de variedades menos suscetíveis a essa praga, que apresentem inclusive características agronômicas interessantes. “O controle clássico da broca-da-cana é o

biológico, com a cotesia flavipes, que funciona relativamente bem. Mas, somente o uso deste método não é suficiente, assim como o químico sozinho não é a melhor opção. Hoje o que está sendo feito é uma associação interessante dos dois métodos, ou seja, a adoção do manejo integrado de pragas”, diz. Para colocar em prática essa integração, é preciso estar atento para que o controle químico não atrapalhe o biológico. “Neste caso, o uso de inseticida não pode apresentar um nível de dano acima de 3%”, alerta. Outra recomendação é utilizar sempre inseticidas seletivos. “Além disso, é necessário fazer a aplicação fora do período de liberação da cotesia. Se forem respeitados entre sete e dez dias, vão ser encontrados muitos inseticidas interessantes que não afetarão a cotesia de forma significativa”, afirma. O uso de inseticidas biológicos a base de fungos entomopatogênicos tem apresentado boa eficiência para o controle da cigarrinha – comenta. Mas, a obtenção de resultados positivos depende de umidade, de um período bom de chuva. “Não é umidade de um dia, de uma chuva. Para funcionar é necessário um período chuvoso para que ele atue bem”, enfatiza. Segundo Geraldo Papa, a incidência de cigarrinha geralmente coincide com o período de chuva. “Existem, porém, os veranicos. Nessa época – quando não chove entre 20 a 30 dias –, o inseticida biológico fica limitado para funcionar. É preciso usar produtos químicos”, diz. (RA)


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