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TECNOLOGIA AGRÍCOLA
Março 2016
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ENTREVISTA - Marco Antonio Cabral Maranhão, Usina Santo Antonio - AL
DOUTORES DA CANA! Os cases de quem partiu na frente na corrida pelas altas produtividades LUIZ MONTANINI, DE VALINHOS, SP
Marco Antonio Cabral Maranhão, superintendente agrícola da Usina Santo Antonio, em São Luís do Quitunde, AL, faz parte da terceira geração de produtores sucroenergéticos em Alagoas. A usina, prestes a completar 100 anos, foi comprada pelo avô Ernesto Gomes Maranhão em 1957, passou em 1965 para seu pai Severino Carlos Correia Maranhão, falecido há dois anos, e para os três irmãos e hoje é comandada pelo tio José Carlos Maranhão, diretor presidente de todo o grupo, composto pela Central Energética Jitituba, anexo da indústria da Santo Antonio, a Sanfertil Santo Antonio Fertilizantes e as usinas Santo Antonio e Camaragibe, a cerca de 60 km de Maceió. Formado em agronomia pela Ufal – Universidade Federal de Alagoas, em 1995, Marco Antonio passou a trabalhar na usina ajudando o pai, então diretor agrícola. “Ele foi meu maior professor e o mais exigente”, lembra. “Com ele, aprendi muito”. Os outros três tios cuidavam de outras áreas da usina e da Camaragibe no município de Matriz de Camaragibe, AL. Maranhão passou a infância na usina. Cresceu, formouse em Maceió, casou-se, teve três filhos e voltou para trabalhar em um dos lugares de que mais gosta na vida, a usina. A área de cana da Santo Antonio e Camaragibe é de 30 mil hectares, arrendadas e próprias, na maioria. A moagem de ambas é de 3 milhões de toneladas por safra em média (2,2 milhões de toneladas na Santo Antonio e 800 mil toneladas na Camaragibe), produzindo média de 6,5 milhões de sacas de açúcar cristal e 60 milhões de litros de álcool por safra. A produtividade agrícola média da Santo Antonio nos últimos 30 anos é de 78 toneladas de cana por hectare. Um ótimo índice quando se leva em conta as conhecidas condições climáticas adversas do Nordeste. De acordo com Marco Antonio Cabral Maranhão, a explicação para este sucesso está no fato de a usina prezar os tratos culturais e a nutrição da cana. “Estamos sempre preocupados com a correção do solo, como calcário e gesso e há mais de dez anos
Marco Antonio Cabral Maranhão, superintendente agrícola da Usina Santo Antonio, AL
utilizamos complemento da nutrição da cana com adubação foliar”, explica. Maranhão observa que a adubação foliar é fundamental quando se pretende obter aumento da produtividade no mesmo espaço de terra. “Investimos no crescimento vertical em áreas menores para não ter que produzir mais do que o necessário em regiões de topografia acidentada, onde o custo de produção é mais alto”.
O fato de obter volume de cana maior permite à usina moer mais dias na safra, reduzindo a entressafra. “A nutrição foliar tem seu custo, claro, mas ele sempre fica abaixo do que o retorno que temos e, ainda que empatasse, entendo que seria indicada porque você ganha mais dias de moagem, aumenta a produtividade e consegue produzir mais em menor área”, conclui o superintendente agrícola.
Corrigir o solo e nutrir bem a cana são mandamentos na Santo Antonio
Pulverização aérea na Santo Antonio: custo de R$ 30,00 por hectare
Corrigir o solo e nutrir bem a cana são mandamentos na Santo Antonio. “A correção do solo disponibiliza os elementos que já existem nele para a cana absorvê-los e assim haverá uma resposta melhor em tudo o que você complementar”, garante Maranhão. O superintendente agrícola está convicto de que, dentro do pacote tecnológico disponível para a cultura da cana, a nutrição complementar via folha configura-se como uma ferramenta de relevância para a obtenção das altas produtividades. E o custo de aplicação é baixo quando comparado ao retorno. Pagamos R$ 30,00 por aplicação aérea por hectare, fora o custo do produto. “Quando a gente começou a utilizar fertilizante foliar havia um paradigma de que gramínea não dava boa resposta à adubação foliar. Hoje, dez anos depois, posso garantir que este “preconceito” foi
quebrado”, lembra Marco Antonio Maranhão. Oito mil dos trinta mil hectares de cana das usinas Santo Antonio e Camaragibe recebem adubação foliar, principalmente nos tabuleiros. Não foi estendida a toda a área por questões de áreas de topografia acidentada e por não bater a idade da cana com a época certa de aplicação. “Este tipo de aplicação é indicado para o período que chamamos aqui no Nordeste de inverno, quando a massa foliar da planta está boa e seu vigor vegetativo está alto. E quando está chovendo a gente também não consegue aplicar todos os dias e nem em áreas de encostas porque é perigoso para o piloto e para a aeronave. Mas estes 8 mil hectares nos ajudam demais quando chegamos ao final da safra e vemos que mantivemos nossa média de produtividade alta”, finaliza Marco Antonio Maranhão.