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TECNOLOGIA INDUSTRIAL
Fevereiro 2016
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A ESTRELA DA PRODUÇÃO DE ETANOL Alto impacto econômico do etanol e mudanças na matéria-prima fazem usinas voltarem o foco para a fermentação JOSIAS M ESSIAS, DO R ECIFE, PE
Marcos Henrique Clemente, diretor industrial da Cachol – Destilaria Liberdade
A melhoria no preço do etanol, safras mais chuvosas e mudanças significativas no ambiente de produção, especialmente na qualidade da matéria-prima, têm feito com que usinas e grupos produtores voltem o foco para o processo de fermentação. A percepção é de que vale a pena investir no aumento do rendimento fermentativo pois este representa ganhos econômicos diretos para a usina. O entendimento de que a fermentação é o coração da produção de etanol já é antiga, a diferença agora é a consciência de que esta área experimenta um momento de profunda mudança, tanto na readoção de práticas básicas e eficazes que acabaram
sendo abandonadas, quanto na adoção de novas técnicas e metodologias desenvolvidas exatamente para fazer frente as diversas mudanças no ambiente de produção. Para Marcos Henrique Clemente, diretor industrial da Cachol – Destilaria Liberdade, de Escada (PE), a fermentação precisa de uma atenção geral, pois sofre influência de muitos fatores externos como matéria-prima e contaminantes diversos. Determinar estes pontos e os procedimentos para sua gestão fazem uma grande diferença nos resultados da empresa. “O monitoramento e controle de pontos críticos de controle é vital para um bom desempenho na fermentação. Medir, controlar e agir nestes pontos darão com certeza uma maior lucratividade para a empresa e mais tranquilidade aos envolvidos”, afirma. Devido às oportunidades de ganhos encontradas ao longo de todo o processo na fermentação, é crescente o número de usinas que estão reconsiderando seus parâmetros e procedimentos de fermentação, incluindo algumas consideradas benchmarking na área.
Matéria-prima é a grande responsável Para Severino Egidio de Moura, supervisor de laboratório da Destilaria Miriri, de Santa Rita (PB), acompanhar os tradicionais indicadores que impactam o processo fermentativo é fundamental, mas na atualidade o fator que assumiu maior importância na fermentação é impreterivelmente a matéria-prima. Ele sugere que o ideal é monitorar os fatores presentes já na lavoura que vão impactar a fermentação, especialmente as áreas irrigadas com vinhaça por causa do potássio, que em altos níveis inibe a fermentação. “A fermentação depende muito da parceria entre o campo e a indústria. Não se pode ter o pessoal da área agrícola pensando só na
produtividade agrícola. Para alcançar alto rendimento industrial, campo e indústria tem que ser um só”, afirma. Os gestores já sabem que é necessário criar um link constante entre a área agrícola e a industrial, o desafio é transformar este relacionamento com uma comunicação mais objetiva, baseada nos Principais Pontos de Atenção e Controle (PPACs) e parâmetros objetivos que impactam a fermentação. “É importante contar com uma equipe preparada para lidar com os diversos fatores desta nova matéria-prima e gerar ações conjuntas com o objetivo de obter uma fermentação de alto rendimento”, expõe Nadir Caetano Jr., especialista em matéria-prima do Pró-Usinas.
Ao centro, Severino Egidio de Moura, supervisor de laboratório da Destilaria Miriri, da Paraíba