OJB EDIÇÃO 46 - ANO 2023

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ANO CXXII EDIÇÃO 46 DOMINGO, 12.11.2023

R$ 3.60 ISSN 1679-0189 ÓRGÃO OFICIAL DA CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA

FUNDADO EM 1901

Dia do diácono Batista

segundo domingo de novembro “Os que servirem bem alcançarão uma excelente posição e grande determinação na fé em Cristo Jesus” (I Timóteo 3.13).

Notícias do Brasil Batista

Notícias do Brasil Batista

Notícias do Brasil Batista

Observatório Batista

Grande estreia

Viagem Missionária

Diáconos Batistas de Alagoas promovem primeiro encontro da Associação local

Juventude do Pará e Seminário Equatorial realizam ação na Ilha do Marajó

Identidade denominação e confessionalidade

Missões,missão, missĭo Dei, missional e missiologia

pág. 10

pág. 12

Pr. Diogo Carvalho mostra que os dois elementos precisam andar juntos pág. 14

Lourenço Rega explica a diferença e aplicação destes conceitos pág. 15


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REFLEXÃO

O JORNAL BATISTA Domingo, 12/11/23

EDITORIAL

Dia do Diácono Batista Aos amados irmãos e irmãs que abraçaram o chamado ao ministério diaconal, Neste especial dia 12 de novembro de 2023, enquanto refletimos e celebramos o Dia do Diácono Batista, quero honrar e reconhecer a dedicação, o empenho e o amor de cada um de vocês que se dispõem a servir na vinha do Senhor. Lembramos das palavras registradas em Atos 6.3-4, quando os apóstolos, diante da necessidade da Igreja primitiva, disseram: “Escolham entre vocês sete homens de bom testemunho, cheios do Espírito e de sabedoria. Nós os designaremos para esta tarefa e nos dedicaremos à oração e ao ministério da palavra”. Aí vemos o início do ministério diaconal, um chamado ao serviço, à dedicação e ao amor. Cada diácono é um reflexo vivo da exortação de Paulo em Filipenses 2.34: “Nada façam por ambição egoísta

ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros”. Vocês, com seu serviço abnegado e contínuo, mostram a verdade deste ensinamento, considerando o próximo e cuidando do rebanho de Cristo. E, como Jesus nos ensinou em Mateus 20.26-28, “[...] quem quiser tornar-se grande entre vós será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo; tal como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”. Este é o exemplo supremo de serviço e amor, que cada diácono busca emular em seu ministério. Em nome da Associação dos Diáconos Batistas do Brasil (ADBB), celebro cada um de vocês neste dia. Que o Senhor continue a fortalecê-los, guiá-

-los e usá-los poderosamente para a extensão de Seu Reino. Ao aproximar-me do término do meu tempo como presidente da ADBB, sinto um misto de gratidão e expectativa. Estes anos à frente da Associação foram repletos de aprendizado, desafios, vitórias e crescimento espiritual. A cada passo, a cada decisão, pude testemunhar a mão de Deus conduzindo-nos e fortalecendo nosso compromisso com o ministério diaconal. Agradeço a cada um de vocês por confiar em mim, por caminhar lado a lado e por serem instrumentos de Deus em minha vida e no aprimoramento da nossa Associação. A comunhão e o amor que compartilhamos ao longo destes anos são inestimáveis e sempre ocuparão um lugar especial em meu coração. Agora, o Senhor me conduz a um novo desafio: o ministério pastoral. Em Foz do Iguaçu - PR será minha despe-

dida do ministério diaconal, deixando claro que, mesmo consagrado ao ministério pastoral, nunca deixarei de ser diácono; com coração humilde e disponível, aceito este chamado, sabendo que Ele, que começou a boa obra em nós, é fiel para completá-la. Peço as vossas orações para que, assim como fui abençoado e fortalecido por Deus durante minha jornada na ADBB, eu possa também ser instrumento de Suas bênçãos e direção no ministério pastoral que se inicia. Que a graça e a paz de nosso Senhor Jesus Cristo estejam conosco agora e sempre. E que, independente de onde estivermos, possamos sempre ser luz e sal neste mundo, refletindo o amor e a graça do nosso Salvador. Com profunda gratidão e carinho, n Jorge Carlos Alves de Souza

Presidente da Associação dos Diáconos Batistas do Brasil

( ) Impresso - 160,00 ( ) Digital - 80,00

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Moisés Silveira (1940 a 1946); Almir Gonçalves (1946 a 1964); José dos Reis Pereira (1964 a 1988); Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e Salovi Bernardo (1995 a 2002) INTERINOS HISTÓRICOS Zacarias Taylor (1904); A.L. Dunstan (1907); Salomão Ginsburg (1913 a 1914); L.T. Hites (1921 a 1922); e A.B. Christie (1923). ARTE: Oliverartelucas IMPRESSÃO: Editora Esquema Ltda A TRIBUNA


REFLEXÃO

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BILHETE DE SOROCABA

Duas espadas Pr. Julio Oliveira Sanches Ao terminar Seu ministério, Jesus lembra aos discípulos o resultado da missão a que foram comissionados pelo Mestre. Jesus os enviou sem recursos de sobrevivência. Deviam visitar as cidades e anunciar o Evangelho do Reino. Alimentarem-se do que os hospedeiros oferecessem. Não deviam mudar de residência, à procura de melhores acomodações. Mateus 10 registra a ordem dada pelo Mestre. Deveriam evitar o caminho dos gentios e as cidades dos samaritanos. A mensagem era urgente, portanto não podiam gastar tempo em detalhes. Evangelizar somente as ovelhas perdidas de Israel. A missão destinava-se exclusivamente ao povo de Israel. A mensagem a ser anunciada era objetiva e simples. “E indo, pregai dizendo: É chegado o reino dos céus (Mateus 10.7). A missão era urgente, por isso, não

deviam levar alforjes, nem duas túnicas, nem alparcas, nem bolsa, nem bordões” (Mateus 10.10). Deviam procurar hospedagem em residências simples, comer do que fosse oferecido pelo hospedeiro, sem questionar. Saudar a família com a paz oferecida pelo Evangelho. Caso não fossem bem recebidos, ao sair da cidade, deveriam sacudir o pó dos pés contra a cidade rebelde. Os rebeldes seriam julgados no dia do juízo final. A missão era urgente e exigia dos mensageiros o dever de cumpri-la com eficiência. Ao finalizar Seu ministério, Jesus traz à memória dos discípulos os resultados da primeira missão (Lucas 22.35-38). Foram enviados sem recursos materiais, mas nada faltou. Mas, agora, deveriam estar preparados para pregar o Evangelho em todo o mundo, a todas as gentes. Entrariam nas cidades dos samaritanos, nos caminhos dos gentios e deviam alcançar todo o mundo com a mensagem

de salvação. Agora, precisariam de alforjes, de sandálias para os pés. De bolsas e bordões. Há, no entanto, uma ordem dada por Jesus que foge da paz que o Evangelho transmite. Antes, eles foram enviados sem espada, mas agora os que não tinham espada deveriam vender as vestes e comprar uma espada. Os discípulos apresentaram a Jesus duas espadas. Uma delas vai ser usada por Pedro para cortar a orelha do servo do sumo sacerdote, no Getsêmani. Basta, diz Jesus. Apenas duas espadas são necessárias. Não é necessário que todos adquiram espadas. O texto em si, não é de fácil interpretação. Faz parte dos textos bíblicos em que os comentaristas deixam de lado ao discutir os textos sagrados. São vários os comentários, sem conclusão unânime, do porquê Jesus mandou os discípulos venderem as vestes e comprarem espadas e, logo a seguir, dizer que duas eram suficientes. Jesus

conhecia a índole dos Seus discípulos e o que seriam capazes de fazer se cada um deles tivesse uma espada a tiracolo. Na primeira missão, Jesus ficou na retaguarda. Os discípulos não precisavam mais de apetrechos para cumprir a missão ordenada por Jesus. O Mestre seria retirado e os discípulos contariam com a presença do Espírito Santo a orientá-los (Mateus 10.18-20). Assim, a espada do Espírito Santo os auxiliaria no cumprimento da missão (Efésios 6.14-18). Equipados com as armas oferecidas pelo Espírito Santo saíram a pregar o Evangelho e foram vitoriosos e trouxeram o Evangelho até nós na presente época. Comandados por Jesus, duas espadas são suficientes para vencer qualquer batalha. Não precisamos de mais nada para alcançar a vitória. Duas espadas são suficientes, desde que sob o comando do Espírito Santo. n

Proclamemos a Verdade ao mundo através da adoração e louvor Levir Perea Merlo

pastor, colaborador de OJB

“Por Ele, pois, ofereçamos sempre a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome” (Hb 13.15). O penúltimo mês do ano, novembro, nos oferece a lembrança e a oportunidade de celebrarmos o ensino teológico, de entendermos um pouco mais sobre a importância da música na vida do povo de Deus, de entendermos ainda mais sobre o significado do que é “ser diácono” e de lembrarmos sempre da importância da gratidão no dia “Nacional de Ação de Graças”. Quantos motivos de reflexão e aprendizado! Mas o texto bíblico acima fala do

louvor e os lábios que confessam o Seu nome; louvor e prática andam juntos, como ofertas adequadas. Quem escreveu a carta aos Hebreus deixou verdades poderosas e profundas para levar seus leitores judeus para fora do acampamento judaico, para Jesus, o único Sumo Sacerdote. O autor (ou autores) mostrou que a adoração que realmente agrada a Deus não gira em torno de rituais, mas em torno de Jesus. Essa adoração é autenticada pelas boas obras e pelo amor ao próximo. É também um culto adequado que agrada a Deus. O Antigo Testamento exigia ofertas e sacrifícios de animais. No Novo Testamento, várias ofertas e sacrifícios são descritos como aceitáveis: o corpo como “sacrifício vivo” (não um

animal morto; Romanos 12.1); uma oferta para um servo de Deus (Filipenses 4.18); e, aqui, “o fruto dos lábios que confessam o seu nome”, ou seja, fazer o bem e repartir com os outros. Ações em harmonia com os propósitos de Deus representam uma forma de culto e louvor. Somos chamados por Deus para celebrarmos com a sinceridade real. Não celebramos ao Senhor quando nos damos e o servimos como obrigação ritual ou como parte da ordem do programa de culto. Nós O celebramos quando nos damos a Ele alegremente e O servimos com integridade. Todas as partes do serviço de culto precisam estar em sintonia, se encaixando de tal forma que tudo colabora para um fim comum.

É durante nossa trajetória aqui que somos convidados a louvá-lo constantemente, continuamente, aconteça o que acontecer, pois isso é fruto dos lábios que confessam o Seu nome. Sacrifício de louvor é a nossa parte neste mundo como Seus discípulos; é parte do nosso oferecimento sacerdotal. O louvor é uma, se não for a maior das manifestações dos “filhos de Deus”. Louvor que não é fruto de circunstâncias, emoções, sensações, mas do reconhecimento de que Ele é merecedor. Louvor que é fruto de lábios que confessam o Seu nome, mesmo diante de variadas circunstâncias. Proclamemos ao mundo a Sua Palavra viva, Jesus Cristo, através da adoração e do louvor! n


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REFLEXÃO

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O valor da educação musical Marcelo Nelles

professor do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil

A música é uma arte que encanta, emociona e une pessoas de diferentes idades, culturas e contextos. Além de proporcionar momentos de lazer e entretenimento, a educação musical tem um papel fundamental no desenvolvimento cognitivo, emocional e social dos indivíduos. Por isso, é importante que a educação musical seja de qualidade e atenda todas as idades. A educação musical de qualidade deve ser acessível a todas as pessoas, independentemente de sua idade, classe social ou formação prévia. Ela deve oferecer um ambiente acolhedor e estimulante, em que os alunos possam desenvolver suas habilidades musicais e expressar sua criatividade de forma livre e segura. Além disso, a educação musical deve ter uma abordagem integrada, que considere não apenas a técnica

e a teoria musical, mas também a história, a cultura e as diferentes expressões artísticas. Isso significa que os alunos devem ser estimulados a conhecer e apreciar a música em suas diversas formas e gêneros, desde a música clássica até o rock, o pop e o rap. Outro aspecto importante da educação musical de qualidade é o desenvolvimento da percepção e da sensibilidade musical. Os alunos devem ser estimulados a ouvir, identificar e interpretar os elementos musicais, como melodia, harmonia, ritmo e timbre, de forma a aprimorar sua capacidade de compreensão e apreciação da música. Por fim, a educação musical deve ser adaptada às diferentes idades e níveis de desenvolvimento dos alunos. As atividades, os recursos e os métodos de ensino devem ser selecionados de forma a atender às necessidades e aos interesses de cada faixa etária, desde as crianças até os idosos. Em resumo, a educação musical

Olavo Feijó

pastor & professor de Psicologia

Por que é preciso crer? “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6). Ter fé é o processo espiritual que precisa acontecer quando nos propomos a aceitar como verdadeira a postura de alguém, apesar das dificuldades lógicas das suas afirmações. O autor da carta aos Hebreus descreveu a fé como “a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e a prova de que existem coisas que não podemos ver” (Hb 11.1). E o texto acrescenta: “Foi

pela fé que as pessoas do passado conseguiram a aprovação de Deus” (Hb 11.2). A Bíblia revela que “todos pecaram e estão afastados da presença gloriosa de Deus. Mas, pela Sua graça e sem exigir nada, Deus aceita todos por meio de Cristo Jesus, que os salva. Deus ofereceu Cristo, para que se tornasse o meio de as pessoas receberem o perdão dos seus pecados, pela fé nEle” (Rm 3.23). Quando Jesus curou uma mulher muito enferma, Ele disse a ela: “Minha filha, você sarou porque teve fé” (Marcos 5.34). Cabe a nós, então, crer e orar para que a nossa fé seja aumentada.

de qualidade e que atende todas as idades deve ser acessível, integrada, sensível e adaptada. Ela é uma ferramenta valiosa para o desenvolvimento

humano e para a construção de uma sociedade mais harmoniosa, criativa e diversa. n

As “Casas de Profetas” podem servir como laboratórios práticos de aprendizado, proporcionando cuidado, pastoreio e mentoria. Continuando na tradição de Spurgeon, percebemos que o conhecimento deve ser aplicado na prática, em um diálogo constante com as Igrejas locais. A formação integral deve ocorrer em constante interação com as Igrejas locais. Elas representam o contexto prático para aplicar o conhecimento teológico adquirido. No livro de Tiago 2.26, lemos: “Assim como o corpo sem espírito está morto, assim também a fé sem obras está morta”. Além de tudo que foi dito até aqui, é vital encontrar um equilíbrio entre ministério e vida familiar. A família não deve ser negligenciada; pelo contrário, deve ser fortalecida. O grande refor-

mador Martinho Lutero nos lembra que, “no lar, em minha vida particular, devo ser o que já sou no púlpito: um pregador”. Em suma, a formação teológica integral prepara os vocacionados não apenas com conhecimento, mas também com ação. Nosso objetivo é que os vocacionados concluam esse processo com profundidade acadêmica, caráter sólido, competência relacional e experiência prática. Dessa forma, os líderes cristãos formados estão prontos para servir, pastorear e liderar, mantendo firme sua fidelidade à Palavra de Deus. Que essa formação continue a ser uma luz brilhante tanto para a Igreja quanto para o mundo. Que nossos seminários formem homens que sejam fiéis a Deus, às Escrituras, à família e à vocação. n

Por uma formação teológica integral Danilo Secon

pastor, mestre, diretor do Seminário Teológico Batista Mineiro

A busca pela formação integral do vocacionado é uma jornada desafiadora, que abarca aspectos essenciais, incluindo profundidade acadêmica, seriedade e fidelidade bíblica, bem como a prática ministerial. Neste texto, exploraremos os elementos fundamentais dessa formação e destacaremos a importância de cada um. Como afirmou Charles Spurgeon, “a escola de Cristo é onde Deus ensina”. Essa jornada deve começar com a imersão nas Escrituras e o contato desde cedo com uma sólida Teologia. Conforme nos lembra o apóstolo Paulo em 1 Timóteo 5:17: “Os anciãos que governam bem sejam tidos por dignos

de duplicada honra, especialmente os que labutam na palavra e na doutrina”. Mesmo com toda a relevância do conhecimento, este desprovido de integridade é vão. O desenvolvimento do caráter e da integridade são igualmente cruciais para aqueles que se preparam para o ministério. Como disse John Stott, “o caráter cristão é a chave do ministério cristão”. Não se trata apenas de aprender conceitos teológicos, mas também de viver de acordo com esses princípios. O ministério, essencialmente relacional, exige que os vocacionados sejam competentes no pastoreio e na construção de relacionamentos interpessoais. Conforme exploramos essa jornada, podemos aplicar o princípio de Provérbios 11:3: “A integridade dos justos os guia, mas a falsidade dos infiéis os destrói”.


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Função ministerial do diácono à luz da Palavra de Deus Ademir Clemente

pastor titular da Igreja Batista Vale do Éden, em São João de Meriti - RJ

Meus queridos diáconos e diaconisas, à luz do tema desta pastoral eu lhes faço uma pergunta: quem deveria ser um diácono? O que a Bíblia diz que os diáconos devem fazer? À luz da Bíblia, o diaconato é uma ordenança divina, mas ainda hoje, em alguns lugares, quando se fala nesse cargo, a maioria das pessoas só pensa em alguém para cuidar da portaria, ordem dos cultos, servir ceia e outros meios. Existem muitos membros que ainda chegam a ter medo de diácono por causa da sua forma errada de agir na obra do Senhor. Queridos, o papel bíblico dos diáconos é cuidar das necessidades fí-

sicas e logísticas da Igreja, de modo que os pastores possam se concentrar somente no seu chamado primário. Essa distinção é baseada no padrão encontrado em Atos 6.1-7. Os apóstolos eram devotados “à oração e ao ministério da palavra” (v. 4). Esse era o seu chamado primário e sete homens foram escolhidos para lidar com assuntos mais práticos, de modo a dar aos apóstolos a liberdade para continuarem a sua obra. Essa decisão agradou à Igreja e, após a imposição das mãos, eles saíram para cumprir sua função. Sabemos que fizeram um bom trabalho pelos resultados que se seguiram: “crescia a palavra de Deus e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam a fé” (At 6.7).

A escolha de homens e mulheres para efetuarem os negócios da Igreja, de modo que os apóstolos pudessem ficar livres para seu trabalho especial de ensinar a verdade, foi grandemente abençoado por Deus. Uma coisa importante que precisamos saber é que na Igreja do Novo Testamento havia dois cargos ou posições de governo: presbíteros e diáconos. Tudo indica que os diáconos eram auxiliares dos presbíteros na execução da obra de Deus. Os diáconos possuem uma função crucial na vida e saúde da Igreja local. Seu papel bíblico é cuidar das necessidades físicas e logísticas da Congregação. O apóstolo Paulo identifica nove qualificações para os diáconos em I Timóteo 3.8-12: • Respeitáveis (v. 8);

• De uma só palavra (v. 8); • Não inclinados a muito vinho (v. 8); • Não cobiçosos de sórdida ganância (v. 8); • Sólidos na fé e na vida (v. 9); • Irrepreensíveis (v. 10); • Esposa piedosa (v. 11); • Marido de uma só mulher (v. 12); • Governe bem seus filhos e a própria casa (v. 12). A Igreja precisa de diáconos para proverem suporte logístico e material, de modo que os pastores possam focar na Palavra de Deus e na oração. Eu quero finalizar dizendo que esses obreiros, no qual na maioria das vezes é a Igreja quem indica em assembleia ou aceita a indicação do pastor, precisam ser bem selecionados e valorizados pela Igreja local. n

o pastor Batista pode ser formado em qualquer instituição teológica. O Regimento Interno da OPBB descreve os documentos necessários para sua filiação, em seu artigo 18 inciso IX requer do candidato: “Certificado de conclusão de curso teológico” (OPBB, 2019). Com a facilidade de cursos teológicos EAD reconhecidos pelo MEC, muitos novos pastores Batistas têm optado em abandonar os seminários denominacionais para estudar em instituições não confessionais. Em Assembleia realizada no dia 11 de janeiro de 2022, na cidade de Vitória - ES, a Ordem dos Pastores Batistas do Brasil aprovou uma série de mudanças em seu regimento interno. Dentre elas, o Artigo 16 Parágrafo Único, que agora requer do candidato o seguinte: constar formação teológica em Instituição que atenda aos requisitos previstos no Manual Operacional da OPBB ou que seja filiado à ABIBET (Associação Brasileira de Instituições Batistas de Ensino Teológico). Por atendimento ao Manual Operacional entende-se o cumprimento dos requisitos estabelecidos. Por filiação à ABIBET reconhece Instituição que está com sua admissão concluída ou em processo de ingresso (OPBB, 2022, não paginado). Com essa decisão, a OPBB fecha as portas para o ingresso de novos pastores formados em instituições não ligadas à ABIBET ou que não con-

templam os requisitos estabelecidos pelo Manual Operacional da OPBB. Tal manual ainda está sendo desenvolvido e o texto aqui apresentado (aprovado pela Assembleia) entra em vigor a partir de seu registro em cartório. Isso dificulta a entrada dos novos pastores na OPBB. No entanto, qualquer Igreja Batista tem autonomia para ordenar pastores, com ou sem qualquer formação teológica, já que um dos princípios básicos das Igrejas Batistas é a autonomia de cada Igreja, previsto na Declaração Doutrinária (CBB, 1996, não paginado). O artigo 16 do novo regimento interno da OPBB somente entrará em vigor após a aprovação do Manual Operacional, conforme consta em seu artigo 63: A Direção Executiva da OPBB terá o prazo de 1 (um) ano, a contar da aprovação deste RI, para apresentar ao Conselho Geral o Manual Operacional referido no Art. 16, §2º, I, do RI, sendo o mesmo encaminhado a Assembleia Geral da OPBB para sua consideração. Parágrafo único – Enquanto durar este período todos os processos permanecerão inalterados. (OPBB, 2022, não paginado). No dia 13 de setembro de 2023, a ABIBET aprovou em assembleia realizada na cidade de Campos do Goycatazes - RJ sugestão de matriz complementar para egressos de instituições não batistas.

CRÉD

1° PERÍODO

04

Batistas (História/Teologia/ Estrutura)

02

Educação Cristã

04

Hermenêutica

02

Liderança e Gestão (Pessoas e Projetos)

04

Plantação e Crescimento de Igrejas

04

Pregação Expositiva

CRÉD

2° PERÍODO

02

Aconselhamento Pastoral

02

Administração Eclesiástica

04

História e Teologia de Missões

04

Teologia Bíblica (AT e NT)

04

Teologia do Ministério Pastoral

04

Teologia Sistemática (Pneumat. e Eclesiol.)

ABIBET E OPBB 2023: Pastor batista pode ser formado em qualquer faculdade?

Wolmar Craus

coordenador geral do Centro de Educação Teológica Batista do Espírito Santo

Na década de 1970 com o crescente número de novas instituições Teológicas Batistas no Brasil, deu-se por necessário a criação de um órgão denominacional que estabelecesse critérios para os Seminários. Assim nasce a Associação Brasileira de Instituições Batistas de Ensino Teológico (ABIBET). Administrações ruins e baixa adesão do número de alunos tem atingido diretamente os Seminários e Faculdades Teológicas. O problema ficou ainda pior quando o Ministério da Educação e Cultura (MEC), junto à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), regulamentou o curso de Teologia em todo o Brasil. Todo Seminário que não conseguiu tal regulamentação se viu frente a um novo desafio, “competir” com faculdades não denominacionais regulamentadas pelo MEC. Muitas destas faculdades teológicas apresentam e ensinam uma Teologia Liberal sem qualquer compromisso com a fé cristã ou doutrinas Batistas. Lamentavelmente, apesar de existir um órgão regulador das instituições Teológicas Batistas no Brasil, a ABIBET, a Ordem dos Pastores Batistas do Brasil (OPBB) definiu em seu regimento interno que

Observação: que o curso anterior tenha um mínimo de 2.400 horas e a complementação seja de 400 horas. Fonte: Assembleia ABIBET (não paginado). Assim sendo, a OPBB deverá inserir em seu Manual Operacional a necessidade de formação teológica em instituições da ABIBET conforme já aprovado no artigo 18 de seu regimento interno e determinar que formandos de outras instituições (não filiadas à Associação) obrigatoriamente façam as disciplinas acima citadas em uma instituição devidamente ligada à ABIBET. n


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Uma importante tarefa

Carlos Elias de Souza Santos

pastor Extraído do site da Associação dos Diáconos Batistas do Estado do Rio de Janeiro

“Irmãos, escolham entre vocês sete homens de bom testemunho, cheios do Espírito e de sabedoria. Passaremos a eles essa tarefa” (At 6.3). Ao analisar cuidadosamente o capítulo 6 de Atos, é particularmente admirável ver a maneira como a liderança e a congregação conseguiram cumprir com suas responsabilidades sociais para com as viúvas e no trato da questão de contendas entre os membros. Junto com o crescimento da Igreja, sempre virão os problemas. Mas os

resultados alcançados após essas dificuldades, que surgem uma após outra, dependerão das ações da Congregação diante dessas graves crises. Antes destes acontecimentos, na Igreja Primitiva, havia unidade entre seus membros: “perseveraram unanimemente em oração” (Atos 2,42); “perseverando unânimes todos os dias” (Atos 2.46); “era um o coração e a alma da multidão dos que criam” (cap. 4.32). Esse registro é para mostrar que toda Igreja sempre experimenta momentos de grande estabilidade espiritual. Mesmo em meio a estabilidade e crescimento, surgiram dissensões no seio da Igreja. Houve uma grande murmuração dos gregos contra os hebreus (Atos 6.1), porque as suas viúvas se encontravam reféns de uma desigualdade no atendimento social.

Diante do grave distúrbio social, foi iniciada uma ação importante e definitiva na solução do problema. Os 12, convocando a multidão dos discípulos (Atos 6.2), estabeleceram as ações prioritárias e as ações emergenciais capazes de resolver o problema. Não era razoável deixar a Palavra de Deus e servir às mesas (Atos 6.2). Abandonar ou negligenciar a missão principal da Igreja e a sua razão de ser nunca será a melhor opção. Dentre as ações emergenciais: “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões” (Atos 6.3). Esses homens foram convocados para especificamente cuidarem desta tarefa (Atos 6.3). As ações que foram decididas e a seguir executadas obtiveram resultados maravilhosos: “Assim, a palavra de Deus se espalhava. Crescia rapi-

damente o número de discípulos” (At 6.7). Algumas lições podemos tirar deste acontecimento na Igreja primitiva: é muito fácil surgirem mal-entendidos entre cristãos e fiéis servos de Jesus Cristo. E as dissensões sempre são resolvidas quando toda a Igreja, orientada pelo Santo Espírito, se une em torno dos seus dirigentes, estabelece uma força tarefa capaz de ajudar e atender às necessidades que surgem no meio do rebanho. Para toda dissensão, será necessária uma ação. Que a Igreja não se furte ao privilégio de ser um canal de bênçãos para que todas as questões que surjam no seio do rebanho sejam superadas com o envolvimento e com participação ativa de todo o rebanho. Que Deus nos abençoe! n

O valor dos hinos para o crescimento espiritual Mariane Godoi

Extraído do site do curso de Música do Seminário do Sul

Conhecendo a função (ou funções) da música no culto cristão, podemos olhar para os hinos da nossas Igrejas e perguntar quais das funções apresentadas eles são capazes de cumprir e, facilmente, responder que os hinos cumprem todas ou a maioria delas. A relevância da preservação dos hinos não está unicamente nem principal-

mente no seu valor histórico, mas em sua capacidade de abranger de forma extensiva as funções da música no culto cristão. Isso é possível porque os hinos foram pensados especialmente para serem cantados em congregação, e não por um cantor solo, por exemplo. Os hinos são compostos por métricas e melodias de fácil assimilação, possuem harmonias corretamente encadeadas, possuem letras com abundante conteúdo teológico e doutrinário – con-

seguem contemplar praticamente todos os principais temas da Teologia. Além disso, contêm riqueza poética e linguística. Desprezar os hinos irrefletidamente é como ter à disposição um cardápio completo com todos os nutrientes e vitaminas necessárias para uma boa saúde ao longo da vida e, ao invés disso, escolher comer fast food todos os dias. Obviamente, devemos nos afastar do generalismo. Existem hinos que não funcionam, com melodias e rit-

mos desagradáveis, e alguns até com questões teológicas que deveriam ser reavaliadas. Mas isso é uma pequena parcela que facilmente pode ser identificada e desconsiderada. Em sua grande maioria, os hinos compõem um rico cardápio de alimentos espirituais. Assim, o principal motivo para incentivarmos a congregação a cantar e amar os hinos é porque eles fortalecerão sua fé e a ajudarão a crescerem no conhecimento de Deus, da vida e dos valores cristãos. n


MISSÕES NACIONAIS

O JORNAL BATISTA Domingo, 12/11/23

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Cristolândia Espírito Santo: 11 anos refletindo a luz de Cristo Valdice Decoté de Assis

coordenadora da Cristolândia Espírito Santo

“Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus” (Mt 5.16). Foram 11 anos de muitos desafios, 11 anos de muitas vitórias, 11 anos vendo vidas serem transformadas, 11 anos de vidas recuperadas, 11 anos sendo luz em meio às trevas. Foram 11 anos resgatando vidas perdidas, esquecidas, ignoradas e sem esperança nas ruas das cidades capixabas. Mesmo os que vieram de seus lares 12 pessoas se batizaram na celebração de 11 anos da Cristolândia ES estavam perdidos em si e, por meio da Cristolândia Espírito Santo, tiveram suas vidas restauradas. Sim, Cristo é a solução e podemos ver isso ao olhar para os 12 batismos e as duas conclusões no Programa de Acolhimento da Cristolândia que aconteceram durante a nossa celebração, do dia 28 de outubro. Sabemos os passos que nossos acolhidos deram para chegarem ao batismo e à conclusão dessas fases e estamos muito felizes, pois oramos e lutamos muito ao lado deles para este dia chegar. Como farol, iniciamos um novo ciclo com a inauguração da Cristolândia Sonho de Mãe, em Jacaraípe - ES. Poderemos levar esperança a mães e filhos, mantendo-os juntos no processo de resOs capixabas acolhidos pela Cristolândia ES festejaram juntos a transformação feita por Deus socialização e transformação. Foi um momento de muita alegria para todos! tempo na história. Ainda temos muito A você que está lendo, quero dizer bemos que Cristo é a solução neste vida e esperança. que vale a pena investir em vidas por mundo sem luz, por isso estamos há Termino dizendo que 11 anos é a fazer e seguiremos firmes refletindo meio do trabalho da Cristolândia. Sa- 11 anos anunciando que nEle há nova muito tempo de história, mas pouco a luz de Cristo! n

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NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA

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Juventude Batista do Estado do Rio de Janeiro realiza 44ª Festa da Primavera Programação teve competições, música e dança. Diana Sampaio

Comunicação da Convenção Batista Fluminense

No dia 21 de outubro, a Juventude Batista do Estado do Rio de Janeiro (JUBERJ) realizou mais uma edição da festa mais saudável do Brasil. O evento aconteceu na Primeira Igreja Batista de Rio Bonito - RJ e reuniu vários adolescentes e jovens numa programação toda especial durante todo o dia. A festa começou com a disputa de times esportivos no futsal e na parte A PIB de Rio Bonito - RJ reuniu centenas de jovens e adolescentes da tarde aconteceu o festival de bando estado para disputarem na Festa da Primavera das e coreografias. Além disso, para entreter ainda mais os participantes, foi realizado pela primeira vez o “Game Real”, um programa criado pelo Departamento de Comunicação da CBF voltado para a competição de desafios físicos e de conhecimento bíblico entre Mensageiras do Rei e Embaixadores do Rei. A programação também teve a participação do Ministério de Música da Primeira Igreja Batista em Bairro São No “Game Real”, Embaixadores e Mensageiras do Rei testaram habilidades físicas e bíblicas João - RJ e a mensagem foi ministrada pelo pastor Matheus Rebello. No final teceu na Festa da Primavera através do evento foram anunciados os vence- (Jubaquita), time de futsal vencedor lhor coreografia (Jubabe Betel). dores da edição: camisa mais bonita (Jubarp), melhor banda (Jubac) e meVocê pode assistir tudo o que acon- do canal TV Batista no YouTube. n

Lançamento do Polo EaD da Faculdade Batista Pioneira em São Paulo tem conversa teológica “Livre exame ou livre interpretação? Onde está a confusão?” foi o tema abordado.

Vanessa Tiede Weiler Ribas jornalista voluntária

O lançamento do Polo EaD da Faculdade Batista Pioneira em São Paulo foi celebrado no dia 22 de outubro, com uma conversa sobre Teologia e Hermenêutica bíblica (esta apresenta princípios para a interpretação do texto) no templo da Igreja Batista Alemã de São Paulo (IBASP), parceira na iniciativa. O “Café teológico” aconteceu à tarde e foi transmitido online pela Rádio Trans Mundial que, juntamente com a Igreja Batista Nações Unidas (IBNU), colaborou na

divulgação do evento. O doutor Claiton Kunz, diretor da Faculdade, saudou a todos demonstrando sua gratidão a Deus pela instalação do Polo, que auxiliará alunos do curso Bacharel em Teologia EaD. Após apresentar um vídeo sobre a FBP, ele e o mestre Luiz Sayão (Conselheiro Acadêmico da Faculdade) passaram a conversar sobre o tema: “Livre exame ou livre interpretação? Onde está a confusão?” Eles abordaram a importância de uma boa hermenêutica para a compreensão do texto bíblico; até onde vai a liberdade de interpretar (é preciso responsabilidade); se os cris-

tãos atuais usam de forma adequada o privilégio de acesso às Escrituras; se é possível manter-se neutro ao interpretar; a validade de “revelações” e experiências individuais com Deus ao formular ideias e conclusões sobre o texto bíblico; se um mesmo texto pode ter mais de uma interpretação; qual o papel do estudo teológico sério no mundo caótico em que vivemos e, por fim, se um curso de Teologia pode ajudar na tarefa de compreender a Bíblia. O mestre Sayão recomendou a FBP por reconhecê-la como uma instituição séria, com quase seis décadas de

experiência, bons professores, uma Teologia equilibrada e foco na preparação para o ministério. O doutor Claiton, então, apresentou a Faculdade: sua localização, história, suas ênfases e práticas, os professores, os cursos oferecidos e seu lema: Vocação levada a sério! Foi dada a oportunidade para que os presentes fizessem perguntas e sorteado entre eles uma bolsa de estudos. Por fim, agradeceu a presença de todos e a parceria com a IBASP, RTM e IBNU, convidando o pastor Wilson Greve, pastor titular da IBASP, a encerrar o evento com uma oração. n

Errata Na edição 45 (05/11/2023), na matéria intitulada “Reitores dos Seminários da CBB realizam reunião estratégica”, informamos que os créditos do texto eram de Milton Monte, e que Lyncoln Araújo e Benildo Veloso da Costa participaram da reunião. No entanto, o texto foi produzido pela Comunicação dos Seminários da CBB, e Lyncoln Araújo e Benildo Veloso da Costa não são mais os diretores do STBNB e STBE, respectivamente, portanto, não estavam na reunião.


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NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA

Quem é o patrono dos Diáconos Batistas Fluminenses? Conheça a história do pastor Fidelis Morales Bentancôr.

Jonatas Nascimento

Seu hino predileto, no coro, diz: “Quero viver para cristo, Tudo lhe dedicar; Tudo por cristo, tudo, tudo, Quero renunciar” (“Tudo por Cristo”, hino 300 do Cantor Cristão).

diácono, colunista de OJB

Enquanto eu atuava com meus pares na reforma do Estatuto e do Regimento Interno da Associação dos Diáconos Batistas do Estado do Rio de Janeiro (ADIBERJ), em meados do ano de 2022, veio à mente a seguinte pergunta: Quem foi Fidelis Morales Bentancôr? Naquele momento incorporei o meu lado jornalista e fui em busca da resposta. Não foi difícil encontrar Zedir Morales Bentancôr, diácono da Terceira Igreja Batista de Campos - RJ, filho do nosso patrono, que com rapidez, presteza e uma redação impecável nos deu o seguinte depoimento: “Deus tem um propósito na vida de cada ser humano e feliz o homem que, reconhecendo isto, se coloca nas mãos do Senhor para que o plano divino seja concretizado. Foi o que aconteceu com o nosso pai. Nascido em 28 de fevereiro de 1901, filho do pastor Antonio Morales Bentancôr e de Felícia Morales Bentancôr, desde cedo sentiu-se vocacionado por Deus para a realização de Sua obra. Estudou no Colégio Batista Fluminense e no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, tendo concluído seu curso em 30 de novembro de 1923. Logo a seguir, no dia 02 de dezembro, foi consagrado na Primeira Igreja Batista desta cidade (Campos - RJ), onde, por quase oito anos, exerceu seu primeiro pastorado. Desejando melhor servir à causa de Deus formou-se, em 29 de dezembro de 1939, na Escola de Direito “Clóvis Bevilacqua”.

Pr. Fidelis Morales Bentancôr Como seminarista, por quase cinco anos, trabalhou na Primeira Igreja Batista de Niterói - RJ, então pastoreada pelo saudoso pastor Manoel Avelino de Souza, servindo na Congregação de Neves, hoje Igreja Batista de Neves, em São Gonçalo - RJ. Pastoreou as seguintes Igrejas: Primeira e Terceira de Campos dos Goytacazes, Primeira e Segunda (hoje Central) de Cardoso Moreira, Parque Corrientes, Nova Brasília, Barra do Itabapoana, Cacimbas, Córrego do Viana, São Fidelis e São Luiz. Exerceu diversos cargos na denominação servindo às Convenções Batista Brasileira e Fluminense, além de Associações da região. Foi gerente do Escudeiro Batista no ano de 1928 e diretor em 1929, 1930 e de 1932 a 1945. Também dirigiu o Colégio Batista Fluminense (em duas oportunidades). Empenhou-se na construção de templos, mas o mais importante foi ser instrumento nas mãos de Deus para que pecadores tivessem um encontro com o Senhor, e exortava os crentes a crescerem na santificação, a firmarem-se na sã doutrina, a colocarem em prática os ensinos de Cristo.

Em seus quase 88 anos de vida e 65 de ministério, o coro acima citado foi uma realidade. Deus ocupava o primeiro lugar em sua vida, era buscado em todos os momentos, sentia a Sua presença e dEle recebia orientação, amparo, sustento e conforto necessários. Homem de fé e convicção inabaláveis, de oração e dedicação à obra do Senhor, viveu o que pregava, zelava e se preocupava com a sã doutrina e pureza de vida. Estava sempre pronto a ajudar, aconselhar com base na Palavra de Deus. Como pai, foi um exemplo, amoroso, dedicado, conselheiro, amigo de todas as horas, ensinando a buscar a Deus em primeiro lugar, confiando e esperando sempre no Senhor, reunindo a família para o culto doméstico, transmitindo aos seus entes queridos o verdadeiro sentido de família. Não só ensinou, mas viveu o que ensinou, zelando pelo amor e união familiar. Como advogado, pelo seu modo de agir, granjeou amizades e confiança, aproveitando as oportunidades para transmitir o Evangelho. Ficou muito honrado com a homenagem recebida no ano de 1979, em Volta Redonda - RJ, dos diáconos do estado, por lhe conferirem o título de Patrono dos Diáconos Batistas Fluminenses. Sempre gostou de participar dos retiros anuais realizados em Rio Bo-

nito - RJ, onde se alegrava ao rever e conhecer novos irmãos e fazia a palestra de encerramento procurando ajudá-los no exercício do Ministério Diaconal. Casou-se com Amorita de Oliveira Morales, em 24 de março de 1924, que o precedeu na ida para os céus, e que foi incansável ajudadora em seu ministério, em especial na visitação às famílias da Igreja. Dessa união, que durou pouco mais de 51 anos, nasceram os seguintes filhos: Efildis, Derly, Télio (já falecidos), Adaisa e Zedir, tendo tido a bênção de conhecer 11 netos e seis bisnetos. Agradecemos primeiramente a Deus, que o vocacionou e o capacitou para o Ministério da Palavra, ajudando-o a exercê-lo fielmente, nunca lhe faltando. Ao final de sua peregrinação terrena pôde ouvir: “Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor” (Mt 25.21). Os nossos sinceros agradecimentos a todos os diáconos fluminenses que sempre o trataram com muito amor e distinção, rogando ao Senhor que continue abençoando suas vidas e os capacitando na missão que lhes foi confiada. A Deus toda honra, glória e louvor! Amém”. Em nome da ADIBERJ, na pessoa do presidente diácono Eduardo Martins, agradeço o diácono Zedir Morales Bentancôr por sua grande colaboração para que fosse possível resgatarmos a história desse grande vulto dos Batistas fluminenses, que foi o pastor Fidelis Morales Bentancôr, patrono da ADIBERJ. n

Associação dos Diáconos Batistas de Alagoas realiza seu primeiro encontro Organização foi criada recentemente no estado. João Vitor Leite

auxiliar de Comunicação da Convenção Batista Alagoana

A Associação dos Diáconos Batistas de Alagoas (ADBAL) promoveu, no último dia 02 de setembro, seu primeiro encontro. O evento aconteceu na Primeira Igreja Batista em Maceió - AL. A programação contou com aproximadamente 100 pessoas, entre diáconos, diaconisas e seus familiares. Também recebeu a participação do presidente da Associação dos Diáconos Batistas do Brasil (ADBB), diácono Jorge Souza, e do coordenador dos diáconos Ba-

tistas do Nordeste, diácono Justino. O preletor da noite foi o pastor Willdnajaro Marcelino, da Primeira Igreja Batista em Maragogi - AL. Além disso, diversos pastores do estado estiveram na celebração, entre eles o pastor Carlos Ruben, presidente da Convenção Batista Alagoana (CBAL), e o pastor Djalma Inoue, executivo da CBAL. Durante o encontro, o pastor SidOrquestra trouxe à memória ney Nascimento, acompanhado de canções Batistas marcantes, no uma orquestra, entoou lindas músiprimeiro encontro da ADBAL cas que fazem parte da história dos Batistas. No momento missionário, foram apresentados os desafios do Tanque D’arca - AL, uma Congregação campo, especificamente a cidade de que hoje se encontra sob os cuidados

da Primeira Igreja Batista em Maribondo - AL. Na reflexão bíblica, o pastor Willdnajaro trabalhou o tema “Meu prazer é servir”, e ressaltou a importância do ministério diaconal na vida das Igrejas. A aplicação da mensagem foi profunda e impactante, levando muitos a refletirem sobre seus ministérios “O momento mais emocionante do encontro foi o momento de gratidão a Deus pelos diáconos com mais de 80 anos de idade, que foram agraciados com um bóton comemorativo pelo serviço diaconal”, destacou a diaconisa Leda Maria, presidente da ADBAL. n


MISSÕES MUNDIAIS

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Esperança para a Escola Pamosi

Rosângela Teck

missionária em Angola

“Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28.19). Na escola Pamosi, temos, neste ano letivo de 2023/2024, 176 alunos matriculados, na maioria filhos de vendedoras informais. Dentre os alunos, 21 nasceram surdos. São sete turmas de crianças ouvintes em que estão incluídas crianças cegas, com baixa visão, Síndrome de Down e outras necessidades educacionais especiais. Além dessas turmas inclusivas, temos quatro bilíngues. Mesmo construindo mais uma sala, a escola ainda é pequena e o número de salas não é suficiente, não permitindo turmas grandes para atender melhor todos os alunos. Estamos com grande expectativa

de começar a nova Escola Pamosi, neste ano ainda. Contamos os dias para realizar este sonho, que permitirá aumentar o número de crianças, num ambiente cristão e saudável, em que serão mais bem atendidas. No início do mês de outubro, recebemos uma equipe de médicos voluntários angolanos, que fizeram consultas gratuitas de otorrinolaringologia e audiometria nos alunos da Escola Pamosi. Nesta ocasião, quatro crianças receberam próteses auditivas. Gostaríamos de ter mais crianças com próteses entre as que têm baixa audição. Entretanto, precisamos de doadores de próteses, novas ou usadas. Serafim foi um dos meninos que recebeu próteses para os dois ouvidos. Sua mãe ficou muito contente, porque o filho espera por isso há dois anos. A Luciana, jovem, esperou 18 anos. E o Gabriel ficou emocionado! Ele teve sua audição ampliada e

começou a ouvir pela primeira vez. Agora, ele precisa aprender a reconhecer estes sons. No Huambo, não temos fonoaudiólogo e por isso apelamos por profissionais nessa área a fim de virem,como missionários voluntários, por pelo menos um ou dois meses. Em meados de setembro, enviamos uma equipe de jovens Radicais angolanos para o município de Tchinjenje, no interior da Província (Estado) do Huambo. São quatro jovens corajosos que se aperfeiçoaram na língua Umbundo e na Língua de Sinais com o objetivo de plantar uma igreja para alcançar todas as pessoas, ouvintes ou surdas. No Seminário, aguardamos por professores visitantes que virão para dar aulas no Mestrado. Precisamos de obreiros preparados para os desafios deste tempo de globalização e tanta confusão religiosa. Ore agradecendo a Deus pelo dom

da vida e bênçãos recebidas em nossa família; intercedendo para que Ele proteja e fortaleça a equipe de jovens Radicais enviados ao município do Tchinjenje; pelos professores e caravanas que chegarão; pelos alunos do Mestrado em missiologia; e por sabedoria para continuarmos glorificando a Deus aqui em Angola. O sonho de anunciar Cristo aos surdos locais começou de maneira bem rudimentar. Uma escola de tijolos feitos de barro e capim começou a ser erguida. Eram duas salas, as crianças sentavam no chão e apoiavam o papel sobre os bancos para conseguir escrever. As doações foram chegando, e aos poucos a Pamosi, que em português significa “Juntos”, foi crescendo. Novas salas foram construídas e as primeiras carteiras começaram a chegar. Mais e mais crianças surdas foram matriculadas. E hoje precisamos aumentar o espaço, por isso contamos com você. n


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NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA

JUBAPA e STBE se unem em Viagem Missionária à Soure, na Ilha do Marajó - PA Viagem teve 36 participantes e atendeu a mais de 200 pessoas.

Os 36 voluntários desta ação missionária foram acolhidos pela Congregação local

Jovens, estudantes de Teologia e pastores levaram o Evangelho às ruas da Ilha de Marajó - PA

Além das palavras, o amor de Cristo foi demonstrado pelos serviços prestado à comunidade William Costa

jornalista e membro da Primeira Igreja Batista em Murinin - PA

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Com os corações focados no ide, a Juventude Batista Paraense (JUBAPA) se mobilizou e realizou, entre os dias 27 e 30 de outubro, por meio da Convenção Batista do Pará (COBAPA), em parceria com o Seminário Teológico Batista Equatorial, a segunda Viagem Missionária ao Arquipélago do Marajó- PA. Esta região do estado concentra, em 16 municípios, mais de 590 mil habitantes e possui os piores índices de desenvolvimento humano do país, como aponta o estudo Atlas Brasil. Para além das condições de vida, saúde e vulnerabilidade social, a ilha tem praias exuberantes, cultura ricas e pessoas acolhedoras, entre elas muitas sedentas pelo Evangelho transformador de Jesus.

Recepcionados no desembarque na cidade de Soure, distante cerca de 100 quilômetros de Belém - PA e acolhidos pela Congregação Batista de Soure, filha da Igreja Batista da Cremação, em Belém, a juventude vivenciou um tempo incrível de aprendizado, ação social e atuação missional, durante três dias de intensas ações. Para o pastor da Igreja acolhedora, Wenderson da Costa Borghi, esse é um marco na história da Congregação Batista de Soure. “Estamos realizando pela primeira vez uma ação social e isso é importante no evangelismo. Recebemos tantas pessoas da comunidade que não conheciam a Igreja e isso nos coloca com uma certeza de que estamos aqui para servir e, ao estabelecermos esses relacionamentos, chegamos ao coração dessas pessoas que estão sendo tão abençoadas”, pontua. Sobre a Juventude Batista Paraense, Wenderson se alegra em ter sido presidente desta organização e ver jovens servindo em sua Igreja. “A juventude tem uma relevância muito importante no trabalho denominacional Batista paraense. Todas

as pessoas que me sucederam foram ótimas em suas gestões, melhores do que fomos. Isso nos enche de alegria. E é o que queremos, que a juventude cresça e que Deus confirme obreiros e missionários comprometidos com o Reino”, concluiu. Uma das atividades da programação foi a capacitação em evangelismo e Igreja Multiplicadora, liderada pelo pastor e missionário da Junta de Missões Nacionais e COBAPA Marcos Chaves. Ele apresentou a importância de se fazer discípulos e instigou a juventude ao desafio de ter tempo de qualidade com Deus e levar o ide. O pastor e coordenador de estágio do Seminário Equatorial, Davi Galúcio, acompanhou alunos do curso de bacharelado em Teologia durante a viagem e ressaltou a importância de viver a teoria na prática. “Esse processo de vivência, sem dúvida, é importante para o aluno, é uma prática de vida. Ele vai estar no campo, sentindo, vivendo, observando. É uma via de mão dupla, de ensino e aprendizado e, dessa viagem, já ouvi testemunho de alunos que querem vi-

ver mais momentos missionais como esse”, disse. Para Ana Lídia Leonel, vice-presidente da JUBAPA que acompanhou a equipe, é sempre um desafio realizar a Viagem Missionária. “Na primeira, tivemos 12 e, nesta segunda, 36 jovens, adultos e pastores que entenderam o chamado e vieram de outros municípios somar conosco, além da Igreja local, que nos acolheu tão bem. Somos gratos por cada irmão que cuidou da gente por esses dias. Sabemos que o desafio é grande e queremos continuar servindo”, disse. Ação Outra grande mobilização de impacto missionário foi a ação social que ofereceu os serviços de expedição de documentos de identidade, atendimento jurídico, psicológico, médicos, nutricionista, corte de cabelo, interação infantil, aconselhamento pastoral e outros. Ao todo, durante a ação, mais de 200 pessoas, entre crianças, jovens e adultos, estiveram presentes e foram abençoados com ao menos um dos serviços disponibilizados. n


NOTÍCIAS DO BRASIL BATISTA

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“Não desistam da música de qualidade” Anderson Alves compartilha sua história com a regência, experiências e sua percepção sobre a músicas nas Igrejas Batistas.

Priscila Slobodticov Saffiotte

Jornalista, educadora e musicista

No mês de novembro, os Batistas comemoram o mês da música. Para este ano em especial, faremos uma série de entrevistas com nossos principais músicos e maestros, que tanto se destacam profissional e espiritualmente. Dando sequência a nossa série, teremos a participação do maestro Anderson Alves. Anderson Alves nasceu no Rio de Janeiro, tem regido como convidado importantes conjuntos sinfônicos no Brasil e no exterior, dentre eles a Orquestra Sinfônica Brasileira; Orquestra Sinfônica da Bahia; Orquestra Filarmônica de Minas Gerais; Orquestra da Costa Atlântica, em Portugal; Orquestra Sinfônica de Porto Alegre; Orquestra Filarmónica Juvenil de La Ciudad de Mexico; Orquestra Sinfônica Nacional UFF, dentre outras. No ano de 2010, desenvolveu um trabalho de educação musical na Cidade de Paraty, onde trabalhou por cinco anos. Desde então, além de trabalhar com grupos profissionais, também tem se dedicado a

educação musical com orquestras sociais, escrevendo arranjos e composições específicas para orquestras jovens. Por três anos aperfeiçoou-se em música contemporânea com o maestro Felipe Cattapan (professor da Musikprojektes an der Universität Bern e da Hochschule der Künste Bern, Suiça), tendo como ênfase a música de Igor Stravinsky. Em Portugal, fez o curso superior de regência na Academia Internacional de Direção de Orquestra da Costa Atlântica. Como compositor tem obras para diversas formações, dentre elas: Divertimento para Trio (parte do CD “Novos Ventos” do Trio Capitu); Fantasia para Orquestra Sinfônica, Suíte Pixinguinha, Canções Lunares para oboé e piano (obra composta por encomenda do oboísta americano William Wielgus da National Symphony Orchestra - EUA. Anderson Alves é maestro titular da Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem e regente da Orquestra Sinfônica de Barra Mansa. Também é fundador e regente titular do Coro de Câmara Carioca.

Como foi sua história com a regência? Você teve alguém que te inspirou neste caminho? Minha história com a regência começou na Igreja Batista Monte Horebe, em Campo Grande - RJ. Lá comecei a estudar piano aos oito anos de idade, começando a dar os primeiros passos na música. A regência surgiu na adolescência, eu tinha 16 anos quando comecei a reger e a ajudar nos coros da Igreja. Nesse mesmo ano, fui convidado para reger uma cantata na Igreja Presbiteriana do mesmo bairro, logo após a cantata a diretoria do coral me convidou para assumir o mesmo. Fiquei lá por aproximadamente cinco anos.

pal do Rio de Janeiro, em um concerto em comemoração aos 500 anos da Reforma Protestante. Desde então, tenho regido como convidado as principais orquestras no Brasil como a Orquestra Sinfônica Brasileira, Filarmônica de Minas, Sinfônicas de Porto Alegre, Bahia, Petrobras Sinfônica, dentre outras. E também fora do Brasil, em países como Portugal, Espanha, México.

Como você avalia o cenário musical das Igrejas Batistas, atualmente? Muito se perdeu da cultura musical do passado nas Igrejas Batistas, não falo nem de um passado tão distante assim, até porque não sou tão velho, rs. Acho que o principal seria a música coral no culto, infelizmente, muitas Compartilhe um pouco de suas Igrejas perderam essa cultura, que é experiências mais marcantes como de extrema importância para a vida regente. Alguma história ou curiosi- musical das nossas Igrejas. dade que queira destacar. Uma das experiências mais marcanO que você deixaria de conselhos tes foi quando fui convidado para reger para os músicos batistas? a primeira orquestra profissional. Outra Não desistam da música de quaexperiência muito marcante e que tem a lidade, tenham em mente que preciver com o nosso contexto na Igreja, foi samos ter perseverança e resiliência reger um grande coral com mais de 300 para que ela permaneça em nossas pessoas e orquestra no Theatro Munici- Igrejas. n


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PONTO DE VISTA FÉ PARA HOJE

A arte do estudo pessoal da Bíblia Pr. Oswaldo Luiz Gomes Jacob A Bíblia é a Palavra de Deus. Foi inspirada pelo Espírito Santo através de cerca de 40 homens num período de 1.600 anos de história. Homens inspirados falaram da parte de Deus. A Bíblia é a Carta Magna de Deus. É revelação do Seu amor perfeito por meio de Cristo Jesus, Seu Filho. A Bíblia é o nosso alimento espiritual com resultantes éticas e emocionais. Ela faz muito bem à cabeça do que crê. Aliás, por meio da sua leitura, de ouvir o seu conteúdo, é que vem a fé (Romanos 10.17). A Bíblia é usada pelo Senhor que a inspirou para nos sondar,

confrontar, humilhar, corrigir e instruir em justiça. Ela foi dada para que o homem de Deus seja perfeito (maduro) e plenamente habilitado para toda a boa obra (II Timóteo 3.17). Os seus 66 livros, sendo 39 no Antigo Testamento e 27 no Novo Testamento, são um primor da literatura. É o livro mais lido do mundo. Os seus escritores, inspirados pelo Espírito Santo, foram homens e mulheres sujeitos às mesmas paixões que nós. Este livro precioso deve ser estudado com oração e consequente dependência de Deus, o seu Autor. Precisamos da iluminação do Espírito Santo para compreender a Sua mensa-

gem inspirada. Há três procedimentos muito importantes para que o estudo pessoal da Palavra de Deus seja bem-sucedido. Primeiro, precisamos lê-la exaustivamente seja em voz alta ou silenciosamente. Escolher um texto e fazer a sua leitura, no mínimo, dez vezes. A leitura atenciosa do texto bíblico nos levará a descobrir detalhes relevantes no caminho da sua elucidação. Se possível, leia as várias versões. Compare-as com atenção e anote suas descobertas. Segundo, interprete o texto. Liste as palavras, leia sobre o contexto no qual a Palavra foi revelada. Use a enciclopédia bíblica, o dicioná-

rio bíblico, os comentários bíblicos e as introduções e notas das Bíblias de estudo para fazer suas pesquisas. Procure entender o texto na época em que foi escrito. Converse com pessoas que sabem mais que você. Terceiro, aplique a Palavra à sua vida. Faça uma pergunta: O que Deus quer que eu faça de acordo com este texto? Aqui é a ponte entre o que foi escrito numa época distante e a sua aplicabilidade hoje. Jesus, em Sua perfeita sabedoria, ensinou a diferença entre os que ouvem a Palavra e a praticam e os que a ouvem e não a praticam (Mateus 7.24-27). Um excelente estudo bíblico! n

essa identidade, é seguir as doutrinas que sempre marcaram os Batistas ao longo de sua história, tornando-nos, mais uma vez, Batistas por convicção, pela simples razão de que cremos que esses fundamentos refletem a verdade bíblica – e não nos envergonhamos de pensar assim. Durante algum tempo, fomos levados a crer que uma postura confessional seria inútil, uma vez que a Bíblia desacompanhada é suficiente para regular nossa fé e prática. Ou, então, que qualquer tentativa de obter uma unidade teológica atentaria contra a pluralidade de pensamento, apontado como marca suprema do que é ser Batista. Ambas as posturas, no entanto, têm se relevado, em maior e menor grau, prejudiciais à preservação de nossa identidade Batista. A primeira erra ao pressupor uma defesa da Bíblia sem viés. Qualquer pessoa que ler e interpretar um texto e extrair dele uma verdade já terá articulado uma doutrina. Nossa base de fé é a Bíblia, de fato, mas o que nos identifica, como Batistas, não é a Bíblia em si, mas o fato de a interpretarmos da maneira como interpretamos, a qual julgamos ser a mais acertada. Querendo ou não, somos um povo confessional, que

crê como crê, e por isso constitui uma unidade. Com efeito, a história revela o surgimento de diversas confissões Batistas, como a de Thomas Helwys (1611), a Segunda de Londres (1689), a da Filadélfia (1742) e a Fé e Mensagem Batista (1925). No Brasil, nossos pioneiros optaram por uma tradução da Confissão de New Hampshire (1833), que nos serviu por praticamente um século até ser sucedida pela Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira (1986). Esses dois documentos guardam entre si uma relação de continuidade histórica e doutrinal, que estabelece nossa identidade como Batistas brasileiros – o segundo servindo de fonte subsidiária para a interpretação dos trechos dúbios ou obscuros da Declaração. Ao afirmarmos, com frequência, que “a Bíblia é nossa única regra de fé e prática” – o que, diga-se de passagem, já é uma profissão de fé –, não estamos desmerecendo a importância de documentos doutrinários, como as citadas confissões. A segunda postura é ainda mais perigosa. É o caso da sugestão, feita por alguns, de que nossa marca fundamental é a liberdade de consciência e a consequente pluralidade de opiniões.

Nada mais equivocado. Enquanto os primeiros Batistas propunham a liberdade de consciência e crença – resultado indissociável do credobatismo e da membresia regenerada, esta sim, a doutrina fundamental –, jamais deixaram de fixar, em suas confissões, os fundamentos essenciais em que acreditavam unanimemente e sobre os quais não poderiam divergir. Sem um corpo doutrinário comum, ainda que mínimo, não haveria condições de termos caminhado juntos até aqui, tampouco de termos nos mantido separados de denominações que pensavam diferentes de nós. Somos unidos porque nos parecemos uns com os outros, e nos parecemos uns com os outros justamente porque cremos em verdades comuns, que configuram nossa identidade. Portanto, se não lutarmos por nossa unidade confessional, de nada adiantará tentar manter uma sonhada identidade denominacional. Devemos, assim, reforçar nossas doutrinas básicas, especialmente em matéria eclesiológica, buscando um realinhamento geral em todas as instâncias da CBB. Só assim poderemos, em um segundo momento, fortalecer nossa identidade denominacional. n

Não há identidade denominacional sem unidade confessional

Diogo Carvalho

pastor, gerente Executivo de Desenvolvimento da Junta de Missões Nacionais

Ao participar de reuniões com líderes denominacionais de âmbito regional e nacional, costumo ouvir que precisamos recuperar nossa identidade denominacional. Concordo com essa constatação. No entanto, depois de debruçar-me sobre nossa história, Teologia e contexto atual, concluo que não poderá haver identidade sem uma prévia e necessária unidade confessional. Amamos tudo o que envolve os Batistas brasileiros e somos gratos pela contribuição de homens e mulheres que ajudaram a edificar nossa denominação. Mas, se nossa defesa do que é ser Batista se baseia em algo menos do que as verdades bíblicas que historicamente professamos, receio que ela não terá força suficiente para conter as transformações sociais e políticas que constantemente nos desafiam. Nossa identidade nasceu e perseverou por conta de sua unidade teológica, sobretudo eclesiológica, que perpassou gerações, enquanto nossas estruturas se adaptavam a cada nova realidade. O que precisamos fazer, para preservar


PONTO DE VISTA

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OBSERVATÓRIO BATISTA

Missões, missão, missĭo Dei, missional, missiologia! O que é isso? (parte 3) Lourenço Stelio Rega Em mais um artigo e para encerrarmos pelo menos por esse momento, essa série, será necessário relembrar algumas definições, destaques e diferenciações que surgiram nos artigos anteriores. Missões faz parte da missão, mas não é a mesma coisa. Enquanto “missões” está inserido na intencionalidade missionária que tem como objetivo levar o Evangelho onde ainda não chegou por meio da atuação de missionários, evangelistas, missão tem a ver com o todo que compõe a missĭo Dei. Esta é a expressão latina para indicar a “missão de Deus” em restaurar, recuperar e redimir toda a criação, inclusive o ser humano em que “missões” é uma parte, mas não o todo. A missĭo Dei tem seu início temporal em Gênesis 3.15 (o protoevangelho) quando diante da rebelião humana no Éden, Deus delineia seu propósito restaurador de toda a criação, por meio do descendente da mulher: Seu filho que não apenas morreu, mas também ressuscitou para romper com as consequências históricas da rebelião. Deus, como Soberano e Criador, poderia ter destruído tudo e recomeçado a criação, mas preferiu exercer Seu amor pela obra criada, incluindo a criatura humana (Rm 5.1ss). No decorrer da linha histórica do tempo, Deus chega a Abrão, depois chamado Abraão, e lhe faz a promessa e aliança de que ele e sua descendência seriam benditos diante de todas as nações. Veio a sua descendência, o povo hebreu, que, depois do cativeiro egípcio, se torna a nação de Israel e recebe por herança o desafio de Deus a Abraão, para ser uma nação que demonstrasse aos povos vizinhos quem era Jeová, seu Deus, o único Deus, como era viver por meio de valores éticos e morais elevados, que por Ele foram dados por meio da Lei. Israel seria portanto, um povo de contraste. E por que de contraste? Sua vida, demonstrando seguir lealmente a Jeová, seria diferente da vida dos povos daquela ocasião que estavam imergidos em paganismo, imoralidade, violência, desrespeito à vida, sem perspectiva histórica etc. Infelizmente, Israel preferiu se misturar com os povos pagãos, foi levado cativo, deixou de ser uma nação de contraste. Deus prossegue com Sua missão e Judá, o povo abraâmico remanescente que fica com o desafio de prosseguir. Judá, em resumo, se torna um povo arrogante, se distancia dos demais que são agora segregados como gentios. Esperavam um messias político, não se tornando também um

povo de contraste. Resultado: acabaram crucificando o Messias. Deus prossegue com Sua missão, agora transformando os dois povos (judeu e gentios) em um só povo, a Igreja (Efésios 2; Romanos 9-11), que passa a ser o Seu instrumento e ferramenta para que a missão se cumpra, se tornando agora uma comunidade atrativa e de contraste diante do mundo, que prossegue com sua história de paganismo, imoralidade, violência, falta de amor, egoísmo. Além da intencionalidade missionária, há um outro enorme desafio para que a Igreja possa participar do cumprimento da missĭo Dei: demonstrar o contraste da vida transformada pelas Boas Novas, ao mundo e a seu modo rebelde de viver. Assim, a Igreja, além de ser missionária, tem diante de si, o compromisso de ser uma comunidade atrativa e de contraste. Como isso pode ocorrer? Como operacionalizar isso? Aqui entra a realização de um papel fundamental: a concretização da dimensão missional. Cada cristão é enviado a viver no mundo, desempenhando seu papel profissional, social, relacional, familiar, na cidadania, independentemente dos dons e talentos, assim somos ferramenta da missĭo Dei.

Um lembrete nesse ponto é que cada cristão é um missionário, enviado por Deus para anunciar em palavra e, muito mais, em obras que o Reino dEle tem chegado. Então, cada um de nós, nesse sentido, é um missionário. Um dilema é que, muitas vezes, somos ensinados que missionários são apenas os vocacionados e imbuídos dessa função e nosso papel é meramente contribuir financeiramente com eles no dia da oferta missionária. Assim, terceirizando nossa participação na missĭo Dei, nossa consciência fica tranquila e prosseguimos nossa vida pessoal e particular normalmente. Todo domingo, vamos nos encontrar com o povo de nossa Igreja vivendo o cristianismo pelo menos um dia da semana. A dimensão missional indica que temos um papel fundamental diante do mundo em que vivemos para demonstrar a vida transformada, para influenciar o mundo por meio dos valores e o mundo poder ouvir pela palavra e pelas ações os contrastes do que é ser de Deus, o que é a vida que Deus tinha preparado para a humanidade e para a criação antes da rebelião no Éden. Dessa forma, missões, missão, missĭo Dei se concretizam na transformação do mundo desde já, em

vez da pregação comum de que devemos aceitar o Evangelho e apenas esperar um dia Jesus voltar, enquanto isso vivendo dominicalmente a vida da Igreja como um ponto de encontro e nos envolvendo intensamente em suas atividades. Investindo apenas na intencionalidade missionária com o pagamento da conta dos missionários. Intencionalidade missionária é um caminho bíblico. A existência da atuação de missionários e evangelistas também. Mas tudo isso não é o caminho completo sem a dimensão missional que envolve a vida toda e toda a vida do cristão. Como já disse, são como dois trilhos de uma ferrovia, onde, se um é interrompido, a viagem para. Será que este não seria um dos motivos pelos quais nós, como Igreja, temos pouca efetividade no mundo? Pouca diferença fazemos na vida, na sociedade? Será que a frase “missões é a missão da igreja” não estaria reduzindo todo esse papel que temos como comunidade atrativa e de contraste? Veja o mapa geral para ilustrar tudo isso, que comecei a desenhar em 1986, apenas nove anos após o início de meu ministério pastoral, para dimensionar e ver qual seria o meu papel particular em todo o plano de Deus para a recuperação de toda a criação.

Precisaremos ressignificar nosso papel diante desses desafios? Um só exemplo. Quando alguém aceita e se converte ao Evangelho, em geral continua a sua vida normalmente, atuando na vida geral, na vida profissional, na cidadania como antes, como se pouca coisa mudasse na essência do viver. Logo é convidada a ser batizada, integrada na vida da Igreja, a viver um cristianismo de final de semana e a ter um Deus que se torna como que um tipo de “personal guru” a quem vai recorrer para que seu projeto pessoal de vida dê mais certo dentro de uma espécie de autoajuda gospel.

Mas, após a conversão, uma chave da vida precisa ser virada. Repetindo o que enfatizei no artigo anterior, se vivo uma vida missional, vivo uma vida moldada pela missão de Deus (missĭo Dei). A partir de minha decisão, o meu projeto de vida é agora o projeto da missĭo Dei e eu me entrego como instrumento de Deus para que Ele, em Sua missão de restaurar toda a criação, inclusive o indivíduo, me tenha como Sua ferramenta. Assim, temos o que chamo de tripé da missĭo Dei: anunciar verbalmente + viver concreta e responsivamente + ser realmente.

Considerando a narrativa bíblica toda, é notório perceber que Deus sempre desejou muito mais do que um Evangelho apenas verbal e conceitual. Essas Boas Novas têm o poder de transformar vidas que o mundo precisa ver e ouvir para poder se sentir atraído e buscar se arrepender diante do Criador e Redentor. Então, temos agora condições de saber diferenciar entre missões, missão, missĭo Dei, missional e missiologia? E como isso faz diferença em nossas vidas e no mundo? Contato: rega@batistas.org Instagram: @lourencosteliorega n



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