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BALCÃO AUTOMOTIVO CHEGA A 200 EDIÇÕES
Ao longo de 17 anos, muitas mudanças e desafios foram presenciados pela indústria automobilística. Muitos deles ainda se mantêm, como o envelhecimento da frota e a volta da Inspeção
Técnica Veicular, que impactam diretamente o setor de reposição. O que passou e o que ficou são retratados nesta matéria comemorativa
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Oano era 2006 quando o mercado de reposição automotiva recebia a 1ª edição do Jornal Balcão Automotivo e que mais recentemente passou a se chamar Revista Balcão Automotivo. A publicação nasceu para atender a uma demanda de mercado, levando informações para todos os elos da cadeia e, principalmente, para o varejo de autopeças, acompanhando de perto as principais mudanças na indústria automobilística que refletiram no aftermarket automotivo. Um setor grandioso que se reflete nos números: o Brasil é o 4º maior mercado mundial de autopeças, movimenta mais de R$ 100 bilhões ao ano, tem mais de 40 mil autopeças e mais de 90 mil aplicadores.



De 2006 para cá, um dos marcos foi a expansão da frota circulante. Pelos relatórios do Sindipeças, ela passou de 24,3 milhões de veículos (todas as categorias, exceto motos) para 46,9 milhões. O mercado também acompanhou as mudanças de motorizações, se antes os veículos flex representavam 6% da frota, a participação aumentou para 74,4%, e a nova onda que vem por aí é de híbridos e elétricos. A descarbonização nunca ficou tão em voga.
Por outro lado, chama a atenção o envelhecimento da frota, somente no período de 2010 para cá, a idade média dos automóveis aumentou quase dois anos, de 8 anos e 7 meses, para 10 anos e 9 meses. E hoje a maior parcela, 56,2% do total, tem entre 6 e 15 anos de uso. O que sem dúvida é um grande potencial para o setor de reposição automotiva.
Para esta matéria comemorativa, selecionamos alguns fatos que marcaram o setor, entre eles, os programas de incentivo à inovação; a certificação de autopeças do Inmetro; a Inspeção Técnica Veicular, que hoje é uma luta do setor a sua retomada; o mundo digital ganhando espaço nas vendas de autopeças; a pandemia e o retorno da Automec. Tudo isso e muito mais, você confere a partir de agora!
Inspeção Técnica Veicular
Na edição de nº 16, de janeiro de 2008, a Inspeção Técnica Veicular (ITV) na cidade de São Paulo foi um dos temas. Apesar de uma lei aprovada em 1995 determinar que os proprietários de veículos tinham que fazer a inspeção de emissões de poluentes antes de realizar o licenciamento do veículo, vários fatores de ordem política e burocrática adiaram o início desta ação. A expectativa era de que o projeto sairia do papel.
Em agosto de 2022, com a criação da Carta de Fortaleza, marcando a união do Sincopeças Brasil, Andap, Sindirepa Brasil e o Conarem, o tema voltou à tona e foi uma das principais pautas debatidas na reunião da CBCPave, Câmara Brasileira do Comércio de Peças e Acessórios para Veículos da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que ocorreu em setembro do ano passado. “É um legado que a CBCPave pode deixar para o Brasil e para o setor. Em cada reunião, temos que ver e rever o que precisamos encaminhar para ter êxito”, afirmou o presidente do Sincopeças Brasil e do Sistema Sincopeças/ Assopeças (Ce), Ranieri Leitão.
Segundo ele, “a Inspeção Técnica Veicular é uma pauta importante, é uma medida de segurança, uma vez que acidentes também acontecem porque os carros não estão revisados e nem inspecionados”.
A crise econômica de 2008
Na edição de nº 30, de março de 2009, o tema central foi a crise econômica, iniciada em 2007, e os impactos para o setor de reposição automotiva. Nela, participaram os executivos das entidades do setor. Paulo Butori, na época presidente do Sindipeças, analisou: “é um pouco cedo para traçar cenários positivos ou negativos. Com a globalização, querendo ou não, sentimos os reflexos do que acontece no mundo. Por outro lado, a frota de veículos tem crescido mais de 10% nos últimos anos e isso nos leva a crer que o mercado de reparação e reposição deve contar com cerca de 2,5 milhões de novos consumidores”.
Em 2018, por resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), a ITV tornou-se obrigatória no Brasil até 31 de dezembro de 2019, porém, a resolução foi suspensa. O motivo alegado foi o curto prazo para os Departamentos Estaduais de Trânsito (Detrans) enviarem ao órgão federal o cronograma de realização do procedimento. E a Inspeção Técnica Veicular (ITV) sempre foi uma bandeira do setor de reposição automotiva.
Para relembrar, esta crise começou nos Estados Unidos, em 2007 e resultou na mais profunda recessão global desde a 2ª Guerra Mundial, nos anos de 2008 e 2009. O marco foi a quebra do banco de investimentos Lehman Brothers.
Prêmio Loja em Destaque
Por anos consecutivos, a Prána Editora & Marketing, que editava o Jornal Balcão Automotivo, realizou o Prêmio Loja em Destaque para eleger as melhores nos quesitos: Atendimento, Estoque, Prazo de Entrega, Garantia e Pós-venda. Na edição nº 38, de novembro de 2009, a cobertura foi da 2ª edição da premiação, que revelou as 25 lojas de autopeças de São Paulo e Grande São Paulo escolhidas por mil empresas do setor da reparação. O evento reuniu cerca de 500 convidados no Buffet Center, incluindo representantes das principais entidades do setor e profissionais da indústria, distribuição, varejo e reparação.



Agora, a editora Premiatta Editora & MKT Digital, que detém os direitos do título, estuda retomar a premiação. Para validar e trazer os critérios para a atualidade, Reginaldo Andrade, consultor de Negócios do Sebrae São Paulo, deu algumas sugestões. A primeira delas é unificar Atendimento e Pós-Venda, em Experiência do Cliente. “O varejo de autopeças tem dois perfis de clientes, o dono de oficina, que tem uma compra recorrente e uma dinâmica diferente do cliente final. A loja precisa de uma estratégia para entender esses dois perfis e criar uma estratégia para atrair esses públicos e oferecer uma experiência a esses clientes”.
O segundo é convergir Estoque e Prazo de Entrega, em Gestão Inteligente da Logística. “Com o crescimento do marketplace, o empresário tem que ter um estoque inteligente para não comprometer o seu capital de giro e rápida reposição para não ficar descoberto. Para isso, o CRM o ajuda a ter o histórico de recorrência de compras de determinado produto, para ter referências e ser competitivo”.
No critério Garantia, Reginaldo alerta para sempre informar ao cliente o que ele está comprando. “Às vezes, o empresário trabalha com peças originais e peças paralelas. Na hora da venda, o cliente tem que saber o que está comprando, quais são os critérios da garantia e é importante também a interlocução direta com o próprio fabricante para agilizar a substituição da peça, caso seja necessária”.
Um critério que Reginaldo sugere incluir na premiação é o Figital, a convergência do virtual com o físico. “Para qualquer negócio que se queira manter competitivo é fundamental estar no digital, desde o uso de redes sociais até o comércio eletrônico. Isso é uma questão de sobrevivência e para atender também as novas gerações”, finalizou.
Invasão chinesa
Na edição nº 56, de maio de 2011, a matéria de capa ilustrava em qual proporção as vendas de veículos chineses expandiam no País, ao mesmo tempo em que as peças chinesas ganhavam cada vez mais espaço. Pela matéria, apenas no primeiro trimestre de 2008, as vendas de veículos chineses cresceram 43% acima de todo o volume comercializado em 2007.
Agora, a corrida da China, líder global no desenvolvimento de veículos eletrificados, é pelo market share nas vendas de veículos eletrificados no Brasil e recentemente chegou por aqui a Great Wall Motor (GWM), que começará a produzir localmente em 2024.
No quesito autopeças, em 2008, muitas multinacionais produziam no país asiático e a qualidade das peças foi bastante questionada.
Em 2017, a China se tornou o maior fornecedor de autopeças para o Brasil. Uma realidade diferente dos dias atuais, conforme explicou Cristiano Doria, sócio e diretor da Roland Berger. “A China não é mais o principal mercado importador, o Brasil importa principalmente da Europa, seguido da China. Um dos motivos é que China passou a produzir muitas coisas aqui no Brasil”.
Aquém do desejado
Na edição de janeiro de 2012, nº 64, a matéria de capa, como já é habitual todos os anos, trouxe o balanço do setor nas vozes dos executivos das entidades do setor. Intitulada “Aquém do desejado”, 2011 terminou sem grandes resultados para o setor de autopeças. Na ocasião, o então presidente do SincopeçasSP, Francisco Wagner de La Torre, disse que “as estimativas indicam um crescimento por volta 4%, em 2011. Para o varejo, foi um ano bom. Porém, abaixo do resultado alcançado no ano anterior”.

Gerson Nunes Lopes, que na época presidia o Sincopeças-RS, falou que havia uma expectativa no início do ano que não se concretizou. “As metas não chegaram a ser cumpridas e ficamos abaixo do esperado. A exceção foi no setor de motopeças, o qual houve incremento de vendas. No entanto, seguimos otimistas, pois a luta continua”.
Incentivos à inovação
Com o título “O Novo Regime Automotivo. Até que ponto é inovação?”, a edição de nº 77, de fevereiro de 2013, especificou as regras do Inovar-Auto, definido como o Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamentos da Cadeia Produtiva de Veículos, com validade de 2013 a 2017. Tido como um fracasso, e substituído pelo Rota 2030, instituído pela Lei Federal nº 13.755/2018.
integrada às cadeias de produção mundial de veículos e autopeças. Também houve pouco resultado (no Inovar-Auto) em dotar empresas locais capazes de competir no mercado mundial de serviços de engenharia para o mercado mundial. Esta pouca integração à cadeia de produção global é um dos problemas crônicos da indústria local”.
Alves comentou que o atual programa Rota 2030 aparenta ser um pouco mais focado que o anterior. “Há uma melhor identificação de tendências mundiais no desenvolvimento veicular (conectividade, eficiência energética, por exemplo)”, mas ainda faltaram medidas para integrar a indústria local com as cadeias de produção mundial de veículos e autopeças. Ainda aparenta haver uma troca de redução de imposto por algum maior desenvolvimento em P&D sendo feito localmente, sem que seja objetivado um aumento de produtividade da indústria local para torná-la mais competitiva em nível global”.
Segundo ele, “existe capacitação técnica local, mas é preciso entender que cada local tem suas vantagens competitivas e talvez a produção com conteúdo 100% local de todos os itens do veículo não seja algo viável, daí a necessidade de ser um participante ativo nas cadeias globais de produção de veículos”.
Avaliação de conformidade
Na análise do professor e doutor Marcelo Augusto Leal Alves, do Centro de Engenharia Automotiva (CEA), conveniado à Fundação Getúlio Vargas (FGV) e à Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), o principal problema do Inovar-Auto foi a falta de definição do que seria considerado inovação e quais seriam os objetivos do programa no médio e longo prazos.
“Naquela época havia clara a tendência para eletrificação de frotas e houve muito pouco desenvolvimento nesta linha no Brasil. Outra questão foi o não desenvolvimento de empresas e programas capazes de serem competitivos em nível global. A indústria local ainda é pouco
A certificação de autopeças foi o assunto da edição nº 91, de abril de 2014. A iniciativa do Sindipeças, como forma de combater a presença no mercado nacional de produtos que não atendiam aos requisitos técnicos previstos nas normas técnicas expedidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, deu origem à criação da Regulamentação Técnica e do Programa de Avaliação da Conformidade para Componentes Automotivos. Conforme relembrou Hercules Souza, chefe da Divisão de Verificação e Estudos Técnico-Científicos (Divet) da diretoria de Avaliação da Conformidade (Dconf).
“Essa condição gerava um desequilíbrio nas condições de justa concorrência entre os vários fornecedores deste segmento, além de sujeitar os usuários a riscos relacionados à segurança e desempenho destes componentes. À época, tal demanda foi devidamente aprovada junto ao
Comitê Brasileiro de Avaliação da Conformidade (CBAC), que assessorava o Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro) no estabelecimento das diretrizes e critérios para a atividade de avaliação da conformidade”.
O Programa de Avalição da Conformidade para “Componentes Automotivos” foi implementado em 2011, por meio da publicação da Portaria Inmetro nº 301, de 21/07/2011. “O programa, de caráter compulsório, contemplava inicialmente 7 componentes (amortecedores da suspensão, bomba elétrica de combustível para motores do ciclo otto, buzina, pistões de liga de alumínio, pinos e anéis de trava, anéis de pistão, bronzina e lâmpadas para veículos automotivos)”.


Posteriormente, por outras portarias do Inmetro, foram incluídas baterias chumbo ácido, em 2012; terminais e barras de direção, barras de ligação e terminais axiais, em 2013, e materiais de atrito para freios, em 2014. Hoje, toda a regulamentação da matéria encontra-se consolidada na Portaria nº 145 de 28/03/2022.
“O Inmetro também tem Programas de Avalição da Conformidade para outros produtos automotivos, como rodas automotivas (Portaria Inmetro nº 501 de 20/12/2021), pneus novos (Portaria Inmetro nº 379 de 14/09/2021) e Vidros de Segurança Automotivos (Portaria Inmetro nº 34 de 02/02/2021)”.
Aftermarket em movimento
Na edição de nº 101, de fevereiro de 2015, foi a vez de mostrarmos como os players do setor, da indústria ao varejo, estavam investindo em produtos, equipe, no atendimento ao cliente e em tecnologia, em um cenário em que a economia não era muito favorável. Entre as autopeças participantes, Luiz Carlos Roani, gerente de Vendas na Meireles Autopeças, em Frederico Westphalen (RS), contou que no final de 2014, a empresa iniciou o processo de mudança da base tecnológica, de dados e de gestão.

“O ponto de partida foi a migração do software de gestão antigo para um mais moderno com novas ferramentas de suporte, bem como da estrutura física. Todo este investimento visa aumentar a efetividade dos processos, rapidez no fornecimento de informações gerenciais, as quais são de extrema importância para nortear a tomada de decisões acerca do desempenho da empresa e da sua relação com o mercado consumidor”, especificou.
Na Morato Auto Peças, no Distrito Federal, a estratégia de Erasmo Vieira Melo foi proporcionar mais facilidades aos clientes. “Para melhorar o faturamento, passamos a receber cheques. Nós fizemos um contrato com a Telecheque, o que nos dá uma garantia. Também reformamos a loja e estamos trabalhando mais com o estoque do distribuidor. O contratempo é precisar da peça de imediato e não a ter no ato”. Uma dificuldade que foi agravada posteriormente com a pandemia.
Modelos de negócios no varejo de autopeças
Tema da edição de nº 110, de novembro de 2015, a matéria mostrou que a concorrência com redes que estavam por vir não inviabilizaria o crescimento dos pequenos varejistas, mas alertava que eles precisariam de profissionalismo e gestão. Entre os entrevistados, um dos idealizadores da Rede Âncora, o empresário Álvaro Pereira, da Alvamar, contou que a ideia da rede foi para que os varejistas tivessem melhores condições de compra junto aos fabricantes.
“No setor de autopeças não é mais viável crescer sozinho. Os pequenos varejistas terão o seu espaço em localidades distantes dos grandes centros, exatamente pelo poderio de compra, pois não conseguirão concorrer com lojas maiores. Hoje, em média, um veículo tem treze mil itens, tem que ser especializado, ter uma boa equipe e retaguarda financeira”, afirmou.
Sobre a concorrência com as concessionárias, o empresário da Mercadocar, Roberto Gandra, descartou que elas teriam uma fatia significativa da reposição. “Vejo isso como impossível, pois o foco delas é a venda de veículos. Por mais pressão que tenha das montadoras para vender peças, elas não têm a capacidade que o mercado de reposição tem. E quando ofertam produtos a preços competitivos, quem compra são as lojas de varejo”, explicou.
Automec
A 13ª edição da Automec, realizada em 2017, foi tema da edição nº 128, de maio de 2017. A novidade foi a mudança da feira do Anhembi para o São Paulo Expo - São Paulo Exhibition & Convention Center, na Rodovia dos Imigrantes, atual São Paulo Expo. Na ocasião, a Automec recebeu mais de 74 mil visitantes, superando a edição anterior (cerca de 69 mil) e o número de expositores cresceu 38% na comparação com 2015. No balanço dos resultados da feira, foi anunciado que 80% dos contratos já estavam fechados e mais de 70% das empresas confirmaram participação na edição de 2019.


Com a pandemia de covid-19, a feira foi suspensa e só depois de quatro anos ela pôde ser realizada, e voltou com força total. Neste ano, foram mais de 90 mil visitantes únicos (20% acima da última edição) e com 30% de taxa de retorno, o público total chegou a 117 mil visitantes, do Brasil e de 60 países, como pode ser lido na edição 198, de maio de 2023.
O volume de negócios potenciais declarados pelos visitantes atingiu R$ 29,5 bilhões (R$ 4,5 bilhões acima do esperado).
Segundo Luiz Bellini, diretor de Portfólio da RX, empresa organizadora do evento, “a Automec de 2023 foi a maior da história e mostrou a força do Brasil no palco global de eventos e no setor do aftermarket automotivo. Esta edição consagrouse como o maior evento de negócios B2B na América Latina, o maior evento de negócios do aftermarket automotivo das Américas e o segundo maior do mundo no segmento”.



Governança corporativa e sucessão familiar
No Brasil, a grande maioria das empresas é familiar, aproximadamente 80% do total. O grande desafio está na sucessão. Segundo estimativas, 30% passam para a 2ª geração e apenas 5% para a 3ª, ficando fadadas a desaparecer. Na edição de nº 136, de janeiro de 2018, especialistas relataram o quanto é importante a governança corporativa no processo de sucessão. “A governança corporativa nada mais é do que ordenar papéis e responsabilidades de familiares, gestores e sócios dentro de uma mesma organização. A governança se dá quando se estabelece quais são as regras que vão gerir essas relações”, esclareceu Eduardo Valério, diretor-presidente da GoNext Family Business.
Na 2ª geração e caminhando para a 3ª, o diretor Comercial, Marcos Antonio Nunes Bezerra, falou sobre a bem-sucedida sucessão na Bezerra Oliveira e o quanto a confiança do fundador é importante. “A sucessão acontece mesmo quando o pai tem a total confiança nos filhos e decide como será esse processo. Porém, a consultoria diz muitas vezes o que o pai não tem coragem de falar com receio de ofender os filhos, de mexer com suas vaidades, o que acaba gerando problemas. Com a consultoria, todo mundo acaba aceitando”.
13 anos de Balcão Automotivo



Na edição comemorativa nº 145, de outubro de 2018, os principais fatos que marcaram o setor de aftermarket desde 2006 foram abordados na matéria “13 anos e com muitas histórias para contar”. Em 2006, o Brasil vivia o final do chamado superciclo das commodities, que marcou um período de forte crescimento das economias mundiais. De lá para cá, conforme descrito na matéria, as vendas de veículos novos somaram mais de 40 milhões de unidades, o setor automotivo viveu significativas mudanças tecnológicas, o comportamento do consumidor mudou e o Brasil passou por duas crises econômicas. toda a sociedade. Foram decretados períodos de quarentena, comércios de produtos não essenciais tiveram que fechar suas portas, bem como algumas fronteiras. Em um primeiro momento, lojas de autopeças tiveram que ser fechadas, posteriormente, elas foram abertas por decreto, por serem consideradas “serviços essenciais”.
Na ocasião, Leticia Costa, sócia-diretora da Prada Assessoria, foi uma das participantes e disse que o aumento da frota não era suficiente para reduzir a idade média. “A frota brasileira de veículos passou de 24 milhões para cerca de 43 milhões entre 2006 e 2015 (último dado disponível na época pela Anfavea). Apesar do crescimento, a idade média da frota, entre 2006 e 2018, se manteve em 9 anos e 6 meses”, especificou.
A matéria mostrou que no Brasil e no mundo governos adotaram pacotes de medidas para tentar amenizar a crise. Na época, o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou entre algumas medidas no início de março o aporte de R$ 147,3 bilhões na economia por um período de três meses, o adiantamento do pagamento do Simples Nacional, interrupção do depósito do FGTS no período e redução de 50% nas contribuições do Sistema S.
Entre os entrevistados, Gesner de Oliveira, professor da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo e sócio da GO Associados, disse que o pacote anunciado estava na direção correta, mas seria insuficiente para ajudar a economia na crise do novo coronavírus. “Alguns setores que serão diretamente afetados não estão assistidos pelo pacote, como a aviação civil, a indústria de entretenimento e a hotelaria. Além disso, é necessário que o governo crie canais mais amplos de articulação junto ao setor empresarial”, comentou.
A previsão do Sindipeças era que esta idade média continuaria crescendo até 2020. O que de fato se comprovou e atualmente também. Em 2022, a frota circulante era de 46,9 milhões de veículos e na comparação com 2010, a idade média dos automóveis aumentou quase dois anos, de 8 anos e 7 meses, para 10 anos e 9 meses, sendo que 56,2% do total, têm entre 6 e 15 anos de uso.
Um cenário turbulento, mas com luz no fim do túnel
A pandemia de Covid-19 pegou todos de surpresa e, como não poderia deixar de ser, ela foi tema da edição de nº 162, de abril de 2020. A matéria mostrava que o Brasil e o mundo viviam um momento sem precedentes, com impactos para as economias globais e para
O economista Fauzi Timaco Jorge falou que o pacote também visava facilitar a vida das empresas, ao conceder um prazo de três meses para pagamento do FGTS e adiar o pagamento do Simples Nacional. “Outro impacto positivo para as empresas foi a redução de 50% das contribuições no Sistema S e a liberação de crédito para micro e pequenas empresas”, avaliou.
Histórias de pessoas no varejo de autopeças
Tema da edição de nº 169, de novembro de 2020, a matéria mostrou cases de profissionais que estão na linha de frente no atendimento e de empresários do setor. Valquírio Cabral Júnior, especialista em vendas do varejo, falou sobre o vendedor consultor. “Cada vez mais, o consumidor procura por profissionais de vendas mais especializados e treinados. Por isso, o balconista tem que conhecer o produto que está vendendo e ser o profissional que ajudará o cliente a esclarecer as suas dúvidas”, alertou.
Sócio e diretor da Posiciona - Educação e Desenvolvimento, Paulo Garbuio, explicou o quanto é fundamental o trabalho do balconista de autopeças para o sucesso de qualquer loja e que o conhecimento técnico pode ser decisivo na hora da venda. “A tecnologia evolui exponencialmente nas composições dos veículos, isso requer atualizações constantes e periódicas dos profissionais que atuam no balcão de autopeças”, pontuou.
Recentemente e já tema de matérias de edições anteriores, o Instituto da Qualidade Automotiva (IQA) lançou oficialmente na Automec 2023, a Certificação para Vendedores de Peças e Acessórios Veiculares. A certificação é compulsória, feita remotamente e tem validade de 36 meses, após esse período, é necessária a sua renovação. A meta é atingir cerca de 180 mil profissionais que trabalham em mais de 62 mil estabelecimentos comerciais, com base em informações do Sincopeças Brasil. Nesta edição, confira a repercussão entre os profissionais do setor, na matéria do Caderno Vendedor Automotivo desta edição.


Integração dos dois mundos: o físico e o digital

Impulsionado pela pandemia, o comércio eletrônico ganhou força no Brasil e o tema foi retratado na edição de nº 186, de abril de 2022. Kelly Carvalho, assessora econômica da FecomercioSP, contou que se antes da pandemia o consumidor tinha certo receio em comprar on-line, com o isolamento social, ele teve uma boa experiência, adquirindo on-line os mais variados tipos de produtos e o figital veio para ficar. “Mesmo que o consumidor prefira comprar no estabelecimento físico, o canal digital será fundamental para que ele tenha acesso a todas as informações, com a possibilidade de fazer o comparativo das especificidades técnicas do produto que pretende comprar e os respectivos preços”, afirmou.
Segundo ela, a expectativa era de adoção de um modelo híbrido de vendas, principalmente considerando autopeças, pela tecnicidade do produto, o qual os consumidores preferem comprar em uma loja física. “O ambiente de negócios exigirá cada vez mais que os varejistas mantenham os dois canais de vendas integrados, proporcionando a melhor experiência de compra para o consumidor”, comentou.
Renato Lass, diretor de Desenvolvimento de Negócios do Segmento Automotivo da Linx, disse que a reabertura do varejo físico não reduziria as vendas on-line. “O que mais temos visto é uma integração cada vez maior entre o comércio físico e o digital, a omnicanalidade, e o comércio físico se valendo de um canal online, que muitas vezes permite a retirada em loja ou até mesmo o contrário, compras online e a possibilidade de receber não de um centro de distribuição, mas do estoque de uma loja”.
Os caminhos do setor
Para os próximos anos são esperadas mudanças na mobilidade, a maior participação de veículos híbridos e elétricos na frota circulante, um impulso na infraestrutura para atender esses veículos e um cenário macroeconômico mais favorável no País para que a renovação da frota seja uma realidade. Temas que serão abordados na nossa próxima matéria de capa. Aguardem!