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Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - 1º Edição/2018

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Nenhuma favela é tão criminosa quanto o Congresso Gregório Duvivier* Viva a intervenção militar! Chegamos a tal ponto que só o Exército vai pôr fim à roubalheira. Só não entendi por que ela começou no morro do Rio de Janeiro. Em Brasília, um terço dos congressistas está às voltas com a Justiça. De todas as favelas do Rio, nenhuma tem uma porcentagem tão grande de criminosos quanto o Congresso. Não somente em quantidade, mas em qualidade: duvido que a quantia total de furtos no Rio seja maior que a verba encontrada no apartamento de Geddel. “Sim, mas o problema do Rio é o tráfico de drogas.” Se o problema fosse exclusivamente esse, também deveriam começar por Brasília. Nenhuma favela do Rio jamais esconderá tanta cocaína quanto o helicóptero daquele senador do PSDB. Há quem diga que a intervenção no Rio se dá por causa de um clamor popular. Pesquisa feita em 24h pelo governo federal afirma que 83% da população carioca é

favorável à intervenção, noticiou o “Globo”. Ora, se Temer se importasse, de fato, com o clamor popular, se retiraria imediatamente do cargo. Espanta que o presidente menos popular da história ainda esteja interessado em saber o que o povo pensa. Se a população for consultada, fica muito claro que a metástase a que ele se refere tem nome e sobrenome: o seu. Depois, resta saber se algum favelado foi ouvido nessa pesquisa. Acho que não se encaixam na categoria “cidadãos” nem “cariocas”. Vale lembrar que até o IBGE, um instituto muito mais sério que o governo Temer, ainda sustenta que a Rocinha tem 69 mil habitantes, enquanto a Light registra 120 mil e a Associação de Moradores estima em 200 mil. Se nem o censo subiu a favela, pode ter certeza de que Temer fez essa pesquisa que nem as plásticas da sua cara: a toque de caixa, pagando pra algum amigo. A estratégia é batida. Assim como nas guerras americanas “ao terror”, o governo inventa um adversário para

unir a população. No caso dos americanos, escolhe-se um inimigo externo, de preferência bem longe, pro sangue não respingar. O Brasil não faz cerimônia: escolhe os iraquianos aqui mesmo, pela renda e cor de pele. Temos a sorte de ter uma parcela sub-humana da nossa própria população, de quem a morte não comove muito. Em tempos de crise, isso ainda gera economia em passagens aéreas. Enquanto isso, o inimigo em comum continua sentado na cadeira presidencial. Já que Temer tá interessado em ganhar popularidade, fica a dica: seu desaparecimento é mais popular do que qualquer intervenção.

*Ator, publicado na Folha de São Paulo

CPI dos Transportes na Alerj é instalada Eliomar Coelho* Depois de muitas dificuldades, conseguimos instalar a CPI dos Transportes na Alerj. Tivemos que entrar na Justiça para garantir a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito que vai investigar irregularidades da gestão pública no setor de transportes e apurar perdas econômicas e sociais. Já passou da hora de abrir essa caixa-preta nos transportes no Rio de Janeiro que, de forma perversa e brutal, pune diariamente milhões de usuários. A bancada do PSOL entrou na Justiça depois que seis deputados da base do governo Pezão, de forma ilegal, retiraram suas assinaturas para a CPI dos Transportes. Isso inviabilizou a instalação da CPI, que ficou sem o número mínimo para funcionar. O nosso requerimento teve como base prisões de empresários de ônibus e agentes públicos, envolvendo um esquema de pagamento de propina a parlamentares, a famosa “caixinha” da Fetranspor. Depois, a cúpula do PMDB na Alerj foi presa: o presidente Jorge Picciani, o líder do governo, Edson Albertassi, e o ex-presidente da Casa Paulo Melo. Os três são acusados de receber propina da Fetranspor, entre outras. A decisão da Justiça foi unânime, considerando ilegal a retirada das assinaturas dos parlamentares, depois de

protocolada na Mesa Diretora da Casa. O Órgão Especial do Tribunal de Justiça determinou a instalação imediata da CPI. E mais: o envio de notícia-crime ao Ministério Público Estadual (MPRJ) para apurar o motivo da retirada ilegal das assinaturas.

Logo na primeira reunião da CPI dos Transportes (20/2), decidimos pelo encaminhamento de pedido de uma série de auditorias feitas pelo Tribunal de Contas do Estado nos modais ônibus, barcas, metrô e trens da SuperVia. Esse material, juntamente com outros que vamos solicitar a outros órgãos – além de oitivas e diligências – são fundamentais para atender minimamente as manifestações da sociedade, que exige permanentemente correção de rumo de algumas políticas.

Principalmente da política de transportes do estado. Depois de ajudar a quebrar o Rio de Janeiro e ficar de joelhos implorando ajuda a Temer, também do PMDB, Pezão, o sem noção, assinou um decreto, publicado no Diário Oficial, aumentando o Bilhete Único Intermunicipal de R$ 8 para R$ 8,55,índice superior ao dobro da inflação no período. Imediatamente, entramos com um Projeto de Decreto Legislativo para sustar os efeitos nefastos desse decreto do sem noção do ex-governador em exercício Pezão. É um decreto imoral que sequer traz informações básicas para tal proposta, mais uma vez, sem qualquer transparência. Há muitos anos, os usuários que usam os modais de transportes vêm sendo prejudicados pelo esquema de propinas, envolvendo barões de transportes e políticos do PMDB no Rio de Janeiro. Isso se reflete, diretamente, nos preços das passagens intermunicipais, que chegaram a valores exorbitantes, além dos péssimos serviços prestados à população. Acompanhem o trabalho da CPI! A pressão da sociedade é fundamental! Vamos juntos na luta por transportes públicos com a qualidade que os trabalhadores do estado merecem!

*Engenheiro e deputado estadual pelo PSOL-RJ.


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