Viver Cidades - 24/02/2022

Projeto vai analisar qualidade da

água de rios e arroios do Vale Viver Cidades é lançado como um fórum permanente de discussão sobre as questões ambientais

RESÍDUOS SÓLIDOS Dois Irmãos e Curitiba são modelos no tratamento de resíduos

BONS EXEMPLOS

Maria Inês aprendeu a separar o lixo com apenas 3 anos

PRÊMIO

Estudantes terão iniciativas reconhecidas em concurso

ALDO LOPES

CADERNO ESPECIAL FEVEREIRO E MARÇO | 2022

PROJETO DO GRUPO A HORA ESTIMULA AÇÕES PARA TORNAR A REGIÃO

sustentável

O Viver Cidades apresenta a situação atual, analisa e sugere caminhos para mudar a realidade ambiental reparar a região para as futuras gerações é o desafio proposto pelo Grupo A Hora por meio do projeto Viver Cidades. A realidade ambiental atual apresenta geração desenfreada de resíduos sólidos, mananciais poluídos, pouca arborização e saneamento ineficaz.

Mudar esta realidade envolve ações concretas e de conscientização que passam pelo cidadão, poder público e entidades privadas. Por meio de conteúdo jornalístico, debates e atividades, o Viver Cidades vai revelar os problemas e apresentar propostas na área do meio ambiente e da sustentabilidade.

Como somos, o que temos e para

onde vamos é mote do projeto, que se coloca como um fórum permanente de discussão e exposição do que há de bom, de ruim e o caminho a percorrer.

O trabalho está ancorado em debates mensais realizados pela Rádio A Hora 102.9, publicação especial impressa e digital bimensal, reportagens sobre o tema no jornal A Hora, coleta e análise de água de rios e arroios da região, seminário anual e concurso para estudantes.

Parcerias O Viver Cidades é uma realização do Grupo A Hora e patrocínio da Corsan, das administrações municipais de Lajeado e Estrela e das empresas Folhito, Disim e Reinigend.

Relevância

De acordo com a diretora de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Corsan, Liliani Cafruni, considerando a lógica de cidades sustentáveis, a Corsan investe recursos em estudos e ações voltadas ao plano de segurança hídrica, pagamento por serviços ambientais e viabilidade de lançamento de efluente tratado nos corpos hídricos. Também participa diretamente nos comitês de bacias, entre outros, tendo foco nas regiões de atuação da empresa. “Como companhia de saneamento há muito o que ser feito, todavia existem muitas ações sendo executadas em âmbito estadual cujo foco é a sustentabilidade e a melhora na

Crescer e desenvolver com responsabilidade ambiental é dever de todos os cidadãos

PRODUÇÃO

EXPEDIENTE

TEXTOS

Luciane Eschberger Ferreira

ARTE E DIAGRAMAÇÃO

Fábio Costa

FOTOS

IMPRESSÃO

Luciane Eschberger Ferreira Aldo César Lopes

Grafica Uma/ junto à Zero Hora

qualidade ambiental e na saúde pública da sociedade com fundamento na governança, meio ambiente e social.”

A Secretaria do Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade de Lajea-

Debates

A Rádio A Hora 102.9 promoverá debates mensais.

O primeiro ocorreu no dia 26 de janeiro, com o tema Resíduos sólidos urbanos - desafios tecnológicos, políticos e econômicos.

O segundo foi realizado no dia 23 de fevereiro. Os próximos estão agendados para última quarta-feira de cada mês.

Publicações

do, conforme o diretor Cassiano Black, procura propiciar a sustentabilidade por meio de projetos, como o de educação ambiental, focado nas crianças, para que, desde cedo, tenham consciência ambiental, tanto na destinação

Liliane Cafruni Diretora de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Corsan

Cassiano Black Diretor da Sema

Rodolfo Lanius

Diretor da Folhito

de resíduos quanto na proteção dos recursos hídricos.

Black destaca que o Viver Cidades é um projeto relevante, pela importância de discutir e debater as questões ambientais. “"É fundamental que o desenvolvimento ocorra de forma sustentável, com a preservação e a redução dos impactos gerados ao meio ambiente."

A Folhito, uma das empresas parceiras do Viver Cidades, recicla materiais orgânicos que estariam sendo descartados de maneira incorreta, indo para rios, córregos ou lençóis freáticos. Pela própria atividade, se conecta com o projeto, que visa, na união dos setores público e privado, a conscientização do indivíduo em relação à responsabilidade sobre seus resíduos. Na visão do diretor, Rodolfo Lanius, a região se destaca pelo seu desenvolvimento empreendedor. “Ao mesmo tempo, devemos desenvolver nossa consciência ambiental, para vivermos em um ambiente sustentável.”

Conforme com a sócia-administradora da Reinigend Tecnologia em Higienização, Gicele Mylius, a empresa apoia o Viver Cidades por acreditar que a indústria é um segmento que tem muito acesso a novas tecnologias e, aliado ao número de pessoas que ela alcança com seus processos de trabalho e com seus produtos, deve exercer seu papel como agente transformador. “É preciso buscar a sustentabilidade não apenas nos negócios, mas no meio em que se vive.”

A empresa Disim, conforme o proprietário Diego Simonetti, é parceira do Grupo A Hora neste projeto por entender que o debate aberto sobre meio ambiente vai auxiliar na conscientização

Um dos braços do projeto prevê a coleta e análise de água de rios e arroios da região

A cada dois meses, será publicado conteúdo especial, impresso e digital, sobre temas relacionados à sustentabilidade. O jornal A Hora também tratá reportagens periódicas sobre o assunto.

Diagnóstico Gicele Mylius

Sócia-administradora da Reinigend

Em parceria com o Unianálises, serão feitas coletas e análises de água dos arroios da região. Os resultados serão divulgados nas publicações bimensais.

Seminário Diego Simonetti Proprietário da empresa Disim

das pessoas e contribuir para sustentabilidade da região. “O nosso principal negócio, que é energia solar, uma fonte limpa e renovável, é uma das formas de preservar o meio ambiente. O Viver Cidades é uma importante ferramenta de divulgação de tecnologias e propostas que garantirão um ambiente melhor para as próximas gerações”

A cada ano será realizado um seminário com palestras, painéis e apresentação de projetos locais. O evento de 2022 está marcado para outubro.

Concurso

Durante o seminário anual serão premiados os melhores projetos desenvolvidos nas escolas do Vale do Taquari.

QUALIDADE DA

água de rios e arroios

SERÁ REVELADA EM ANÁLISES PERIÓDICAS Unianálises vai coletar amostras em 23 pontos dos rios Taquari e Forqueta e de 12 arroios da região. Monitoramento ocorrerá por dois anos

água dos nossos rios é própria para pescar, banhar-se ou beber?

Os arroios são limpos ou poluídos? Quais as substâncias presentes na água? Estas e outras questões sobre os mananciais serão respondidas pelo projeto Viver Cidades.

O laboratório Unianálises, da Universidade do Vale do Taquari – Univates, vai coletar amostras nos rios Taquari e Forqueta e nos arroios Jacaré, Lambari, da Seca, Grande, Forquetinha, Engenho, Boa Vista, Saraquá, Encantado, Estrela, Sampaio e Posses. Serão 23 pontos e quatro etapas de coleta, uma por semestre, totalizando 92 análises de água.

A intenção é diagnosticar a qualidade e a situação dos mananciais das cidades da região. A análise mostrará as características físicas, químicas e biológicas da água. São oito parâmetros que vão classificar cada manancial.

Segundo o Unianálises, serão utilizadas duas ferramentas de avaliação de qualidade. Uma atende à resolução do Conselho Nacional do

Meio Ambiente (Conama). A outra é o Índice de Qualidade da Água (IQA), adaptado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) à realidade do Rio Grande do Sul, a partir de estudos técnicos realizados pela própria Fepam, Corsan e Departamento Municipal de Água e Esgotos de Porto Alegre (Dmae).

Pela resolução do Conama, as amostras poderão ser classificadas em especial (usos mais nobres) e classes 1, 2, 3 e 4 (menos nobre).

Pelo IQA, a nota de 0 a 25 é considerada muito ruim; 26 a 50, ruim; 51 a 70, regular; 71 a 90, boa; e 91 a 100, excelente.

Os laudos das análises serão interpretados por especialistas. A intenção é apontar possíveis problemas e dar sugestões para recuperar e preservar os mananciais.

PONTOS DE COLETA

Um dos pontos de coleta de água do Rio Taquari será próximo do local de captação da Corsan, no bairro Carneiros

RIO TAQUARI, EM QUATRO PONTOS Encantado, antes da captação da Corsan Arroio do Meio, antes da captação da Corsan Lajeado, antes da captação da Corsan Cruzeiro do Sul, no ponto adiante do conglomerado urbano RIO FORQUETA, EM DOIS PONTOS Marques de Souza, na ponte Marques de Souza - Travesseiro Arroio do Meio, na ponte sobre a ERS-130 Arroio Jacaré, em Encantado, na ponte da ERS-129 Arroio Lambari, em Encantado, na parte final do arroio Arroio da Seca, em Colinas, na ponte da ERS-129 Arroio Grande, em Arroio do Meio, na ponte da Rua Dom Pedro II Arroio Forquetinha, em Forquetinha, na ponte da Vila Storck Arroio do Engenho, em Lajeado, na rua Leopoldo Heineck ARROIO BOA VISTA, EM TRÊS PONTOS Teutônia, no bairro Boa Vista, antes da cidade E na ponte depois de Teutônia Estrela, na ponte do bairro Boa União ARROIO SARAQUÁ, EM TRÊS PONTOS Lajeado, na ponte do bairro São Bento E na ponte da avenida Beira Rio Santa Clara do Sul, na ponte de saída da cidade Arroio Encantado, em Lajeado, no Parque Professor Theobaldo Dick ARROIO ESTRELA, EM ESTRELA EM DOIS PONTOS Na cascata Santa Rita Na ponte da rua Coronel Britto Arroio Sampaio, em Cruzeiro do Sul, na ponte da ERS-130 Arroio Posses, em Teutônia, na ponte da ERS-128

água

TRATAMENTO DE

Como estão os nossos rios e arroios?

Do total da água existente no planeta, 97,5% correspondem à água salgada e o restante (2,5%) à água doce. Destes, 68,9% estão nas calotas polares, 29,9% nos reservatórios subterrâneos, e apenas 1,2% disponíveis como águas superficiais.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 63,9% dos 5.507 municípios brasileiros têm abastecimento de água por meio de rede de distribuição.

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que a falta de saneamento resulte em uma morte infantil a cada 20 segundos.

A Corsan leva água tratada para 98% da população das cidades abastecidas pela Companhia.

A água, embora indispensável ao organismo humano, pode conter substâncias (elementos químicos e micro-organismos) que devem ser eliminados ou reduzidos a concentrações que não sejam prejudiciais à saúde.

As Estações de Tratamento de Água (ETAs) foram criadas para remover os riscos presentes nas águas das fontes de abastecimento por meio de uma combinação de processos e de operações de tratamento.

As análises vão apontar a qualidade utilizando dois parâmetros

Conama

Especial (usos mais nobres) Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4 (menos nobre)

IQA

Nota de 91 a 100 (excelente) Nota de 71 a 90 (boa) Nota de 51 a 70 (regular) Nota de 26 a 50 (ruim) Nota de 0 a 25 (muito ruim)

O tratamento da água superficial consiste nas seguintes etapas: • Captação: retirada de água bruta do manancial; • Adução: caminho percorrido pela água bruta até a Estação de Tratamento de Água; • Mistura rápida: adição de um coagulante para remoção das impurezas; • Floculação: onde ocorre a aglutinação das impurezas; • Decantação: etapa seguinte, em que os flocos sedimentam no fundo de um tanque; • Filtração: retenção dos flocos menores em camadas filtrantes; • Desinfecção: adição de cloro para eliminação de micro-organismos patogênicos; • Fluoretação: adição de compostos de flúor para prevenção de cárie dentária; • Bombeamento para as redes e reservatórios de distribuição.

Água do arroio Saraquá será analisada a partir de amostras em três locais, um deles é sob a ponte da divisa entre os bairros Moinhos D’água e São Bento

Nas localidades atendidas por poços e fontes, geralmente a água subterrânea necessita apenas das etapas de desinfecção e fluoretação para torná-la potável.

Cada cidadão de Lajeado gera, em média, 174 kg de lixo por ano

Lixo doméstico coletado em Lajeado é levado para o aterro sanitário em Conventos

VALE DO TAQUARI GERA TONELADAS DE LIXO POR ANO

62 mil

Custo para recolher e destinar os resíduos domésticos chega a R$ 24,8 milhões anuais ada habitante das 36 cidades do Vale do Taquari gera, em média, 174 kg de lixo doméstico a cada ano - 14,5 kg por mês, quase meio quilo por dia. Os números foram apurados a partir de pesquisa feita junto às administrações municipais, que informaram a quantidade de resíduos gerada, custo para coleta e destinação e local de descarte.

Também foram considerados os dados do IBGE, que estima uma população de 358,8 mil habitantes no Vale.

Na cidade mais populosa, Lajeado, em 2021 foram geradas 21,2 mil toneladas de resíduos domésticos, o equivalente a 246,4 kg per capita, 41,6% acima da média regional. O custo para recolhimento e destinação chegou a R$ 8,48 milhões no ano passado, conforme dados divulgados pela Secretaria da Fazenda.

As questões que envolvem geração e destinação de resíduos sólidos domésticos pautou o primeiro debate do projeto Viver Cidades, na Rádio A Hora 102.9, no dia 26 de janeiro. Os mediadores John Willian Tedeschi e Bianca Mallmann re-

Separação correta poderia aumentar a quantidade de material reciclado

ceberam, no estúdio, o diretor da Secretaria do Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade de Lajeado, Cassiano Black, a secretária de Agricultura e Meio Ambiente de Teutônia, Lídia Margarete Müller Dhein, e a chefe do Serviço de Licenciamento e Fiscalização Ambiental de Dois Irmãos, Renata Padilha da Silva.

A assessora da presidência da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Isa Carla Osterkamp, participou de Porto Alegre, via telefone.

Com o tema “Resíduos sólidos urbanos – desafios tecnológicos, políticos e

econômicos”, os debatedores destacaram a importância da conscientização e educação em relação à geração e ao descarte do lixo doméstico.

A participação do cidadão é considerada fundamental para que as políticas públicas voltadas à destinação dos resíduos sejam eficazes. O lixo doméstico tem potencial de aproveitamento de 25% para reciclagem e 50% para compostagem.

Somente os 25% restantes deveriam ser levados para os aterros sanitários.

Dois Irmãos, cidade considerada modelo em gestão de resíduos sólidos recicla 19%, índice considerado alto. Já Lajeado e Teutônia, os percentuais são 3% e 12%, respectivamente - quantidade aquém do que poderia ser reaproveitado. Entre as razões estão o descarte incorreto - sem separação do lixo seco do orgânico e a falta de lavagem básica das embalagens.

Conforme os debatedores, várias ações educativas são realizadas de forma permanente nas escolas e, em datas pontuais, envolvem a comunidade. Mas a atitude depende de cada um.

Veja imagens aéreas do Aterro Sanitário de Lajeado, no bairro Conventos.

Debates mensais na Rádio A Hora 102.9 fazem parte do Projeto Viver Cidades

MODELOS DE

colrecicletaa, gem e descarte

FINAL DIFEREM NO VALE Das 25 cidades do Vale que responderam à questão “O município tem coleta seletiva?”, 15 responderam não e dez, sim. Arroio do Meio e Pouso Novo devem avançar neste quesito, já que estão em fase de implantação. Encantado começou o recolhimento seletivo este ano e espera reciclar 10% dos resíduos.

Quanto à destinação dos rejeitos, quatro municípios mantêm aterro sanitário – Lajeado, Estrela, Relvado e Putinga.

Teutônia está com capacidade esgotada e em processo de fechar a última célula.

A maioria das cidades tem serviço de coleta, triagem e destinação para aterros sanitários privados - todos licenciados pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam).

A Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR), em Minas do Leão, na região Carbonífera, é o principal destino do lixo doméstico do Vale. O complexo é considerado exemplo, pela Fepam, pelo tratamento dado aos resíduos sólidos, com separação do material reciclável, e pela geração de biogás a partir dos rejeitos. Entre as cidades que têm contrato com a CRVR estão Bom Retiro do Sul e Colinas. Ainda há contratos de prefeituras com o Aterro Sanitário Meioeste, em Candiota, na Campanha, e Planeta Reciclagem, de Serafina Corrêa.

Outra forma de destinação é levar os resíduos para centros de triagem. Lá, todo o lixo da cidade é aberto pelos funcionários, que separam o reaproveitável. O rejeito é novamente carregado em caminhões e levado para os aterros sanitários. É o caso de Imigrante, que tria em Capela de Santana e aterra em São Leopoldo. Nova Bréscia leva até Anta Gorda e de lá, para Victor Graeff. Santa Clara do Sul transporta para triagem em Arroio do Meio, e o rejeito é aterrado em Candiota. Cruzeiro do Sul tria em Lajeado, que faz transbordo do rejeito para Minas do Leão.

SEPARAÇÃO E COLETA PRECISAM Nova Bréscia e Tabaí são alguns dos municípios que incentivam a comunidade à separação do lixo seco, embora seja recolhido no mesmo caminhão do orgânico.

Todo o material vai para o setor de triagem da empresa prestadora de serviços. Os não recicláveis são depositados nos aterros sanitários para decomposição.

Lajeado tem coleta seletiva em todos os bairros da cidade. O caminhão é diferente do que faz a coleta geral. Porém, a adesão é baixa. Das 58 toneladas geradas por dia, 96,4% são descartadas na coleta convencional e 3,6%, na seletiva, aponta o Panorama do Lixo de Lajeado, levantamento realizado pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente desde 2016.

A cidade tem algumas lixeiras identificadas e separadas para colocação resíduo seco e orgânico, mas a maioria não tem indicação. Outro dificultador é que em alguns bairros os dois recolhimentos ocorrem no mesmo dia. Alto Conventos tem os serviços uma vez por semana, nas quintas-feiras. Carneiros tem coleta convencional nas segundas, quartas e sextas e seletiva nas quartas. O mesmo ocorre no Floresta, Moinhos D’Água e São Bento, que contam com o recolhimento nas terças, quintas e sábados – e seletiva também nas terças.

Se o morador não observar o horário da seletiva, o veículo da convencional levará tudo que estiver na lixeira.

Mesmo que o calendário não seja o mais favorável, a separação ainda é o ponto principal para reduzir os impactos ambientais causados pelos resíduos domésticos. Em Lajeado, todo o material é triado pela Cooperativa de Recicladores do Vale do Taquari (Coorevat), que funciona junto ao aterro sanitário, no bairro Conventos . Por isso a separação é tão importante. A mistura do orgânico com o seco na lixeira de casa, muitas vezes, inviabiliza a reciclagem.

Projeto frustrado tem novo rumo

Dentro do projeto Lixo Certo, a administração municipal de Lajeado instalou, em 2018, contêineres em diversos pontos do bairro Moinhos. A identificação facilitaria o descarte correto dos resíduos e auxiliaria na reciclagem, porque já estariam separados adequadamente.

No entanto, muitas pessoas ignoravam as indicações e colocavam todo o tipo de lixo nos contêineres. “Até animais mortoseram descartados”, lembra a química industrial da Secretaria do Meio Ambiente, Gabriela Roehrs. E muitos foram danificados ao ponto de serem inutilizados. “Na época, em pesquisa com os moradores, muitos disseram que haviam gostado da iniciativa, porque os coletores tinham tampa, e os animais não mexiam.”

Hoje, os contêineres estão instalados nas escolas municipais, em três escolas estaduais e três particulares, nas unidades de saúde, no Jardim Botânico, na Secretaria de Meio Ambiente e na prefeitura. Segundo Gabriela, foi uma forma de oferecer os ecopontos para os cidadãos que se preocupam com o meio ambien-

evoluir

Faça a sua parte Escolha produtos que tenham embalagem reciclável ou com menos embalagens.

Evite materiais de uso único - a embalagem que, ao chegar em casa, você tira do produto e coloca no lixo.

Use sacola de pano.

Faça uma composteira em casa.

Separe seu lixo. O que chega separado na usina de reciclagem é mais rápido e menos trabalhoso para os funcinários da esteira.

A mistura do orgânico com o seco na lixeira das residências e estabelecimentos, muitas vezes, inviabiliza a reciclagem

Gabriela Roehrs Química industrial e servidora da Sema

“Nós temos que parar de gerar. Temos que fazer escolhas conscientes”

te. Ao mesmo tempo, a destinação inadequada é inibida, assim como a ação de vândalos, porque estão dentro de estabelecimentos.

Equação que não fecha: aumenta a geração de lixo e se mantém a quantidade reciclada

Na onda de tornar Lajeado uma cidade inteligente, conceito que tem como uma das premissas minimizar os impactos ambientais, a Secretaria do Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade recebeu um impulso nas ações e proje-

tos que já vinha desenvolvendo no sentido da sustentabilidade e de dar mais visibilidade aos projetos.

Os dados apurados pelo Panorama do Lixo de Lajeado e a gravimetria (análise do lixo produzido), realizada periodicamente, reforçaram a necessidade de envolver a comunidade nas questões ambientais.

De acordo com a química industrial e servidora da Secretaria de Meio Ambiente, Gabriela Roehrs, percebe-se que a coleta seletiva não evoluiu, porque não aumentou a quantidade de resíduos coletados, nem a reciclada. O volume convencional gerado teve uma queda de 200 toneladas de 2019 (20,1 mil toneladas) para 2020 (19,9 mil toneladas), primeiro ano da pandemia, quando teve maior período de lockdown. Mas voltou a subir, e de forma bem mais significativa, em 2021. Foram geradas 21,2 mil toneladas, 1,1 mil tonelada a mais que no ano anterior.

Planeta finito

“Nós temos que parar de gerar. Temos que fazer escolhas conscientes para tentar diminuir nosso volume de lixo”, alerta a química industrial da Secretaria do Meio Ambiente, Gabriela Roehrs.

“Moramos em um planeta finito.

Contêires foram realocados para evitar vandalismo e estimular o uso correto, um deles está na unidade de saúde do bairro São Cristóvão

Retire sobras das embalagens, como de maionese, nata, e faça uma lavagem rápida, assim como em recipientes que continham alimentos Ensaque o lixo verde, se for pouco volume, e despache para coleta convencional.

Informe-se pelo 3982-1033 sobre o recolhimento de maior quantidade.

Utilize os ecopontos para descartar papel, plástico, alumínio, metal e vidro.

Consulte no site da administração www.lajeado.rs.gov.br, aba Secretaria do Meio Ambiente, banner coleta seletiva, onde estão localizados os ecopontos e os locais que recebem os resíduos especiais (eletrônicos, lâmpadas, móveis, óleo de cozinha, pilhas, baterias. pneus). No mesmo banner, está o calendário da coleta comum e seletiva de lixo doméstico.

Participe de ações como a Semana do Lixo Zero e Sacola de Pano. Você troca um quilo de alimento por uma sacola.

Tudo que compramos e consumimos, tiramos de algum lugar.” A proposta de Gabriela é cada um possa refletir. “Estamos extraindo de algum lugar, produzindo e enterrando.”

Aterro sanitário é uma solução ambientalmente correta. “Mas não é ideal.” Segundo ela, depois de fechado, um aterro sanitário demanda investimento durante mais 30 anos para tratar o chorume e garantir que não contamine o solo e o lençol freático. “Hoje, no aterro de Lajeado, tratamos entre 40 mil e 50 mil litros de chorume por dia, a um custo de R$ 2 milhões por ano.”

Confira o vídeo da separação de lixo nas esteiras da Cooperativa de Reciclagem, em Lajeado.

AOS 4 ANOS, MARIA INÊS É

monitora do lixo

Moradora de Curitiba aprendeu, aos 3 anos, por meio de figuras e colagem, a separar o orgânico do reciclável

Maria Inês Carvalho dos Santos tem apenas 4 anos e já sabe separar os resíduos sólidos domésticos. Ela e os pais, o gerente de projetos Gabriel Ferreira Xavier dos Santos e a tecnóloga em radiologia Camila Keila Carvalho dos Santos, moram em Curitiba (PR).

A cidade é modelo desde 1990, quando recebeu o United Nations Environment Program (Unep), prêmio máximo na área de meio ambiente concedido pela Organização das Nações Unidas (ONU).

A primeira aulinha de Maria ocorreu de uma forma bem lúdica, em janeiro de 2021, quando tinha 3 anos. A mãe, Camila, espalhou pelo chão da sala vários adesivos com imagens de produtos orgânicos e recicláveis. Maria separou os adesivos com orientação da mãe e depois colou nas lixeiras que ficam na cozinha. “Ela é uma monitora do lixo”, orgulha-se Camila. “Temos que pensar que o lixo não termina ali, quando o colocamos na lixeira”, destaca.

As primeiras lembranças da tecnóloga em radiologia, hoje com 40 anos, sobre as questões ambientais são de quando tinha entre 10 e 12 anos. Na época, o prefeito, o arquiteto e urbanista Jaime Lerner, criou o programa Lixo que não é lixo, que estimulava a população a separar lixo orgânico e reciclável. A Família Folha tinha o apelo lúdico. “Lembro bem da música.”

Outro exemplo veio de casa. O pai, José Demar, tinha uma marcenaria.

Quando faleceu, em 1995, Camila ti-

Camila Keila Carvalho dos Santos

Tecnóloga em radiologia

Temos que pensar que o lixo não termina ali, quando o colocamos na lixeira” nha 14 anos. O tio Edegar assumiu os negócios. “E precisou inovar, se virar.”

Ele começou a comprar madeira, de qualidade e tratada, que embalavam peças de automóveis que vinham para as montadoras e transformar em palets. “Era uma forma de reciclagem.”

Camila observa que a reciclagem e os cuidados com o meio ambiente tiveram um impulso na década de 1990, ancorado nas ações governamentais, mas depois se esfriou. Tempos depois voltou à tona. Em Curitiba, além das ações puxadas pela administração municipal, a população tem a consciência de preservação. “Aqui, independentemente da coleta seletiva, sabemos que há comunidades de catadores, que vivem da reciclagem. Então se tornou um hábito separar e descartar de forma correta para que os catadores possam recolher e aproveitar.”

Caminhada de longa data é cada vez mais necessária Curitiba, referência em cidade sustentável, tem tradição em soluções ambientais e, a ampla rede de serviços na área de resíduos sólidos não é diferente. “Há bastante tempo, oferecemos aos cidadãos da capital paranaense diferentes modalidades de coleta, para que haja a destinação correta dos resíduos”, diz a secretária do Meio Ambiente de Curitiba, Marilza do Carmo Oliveira Dias.

“Hoje, isso é particularmente importante e urgente, uma vez que a separação correta dos resíduos para reciclagem e a redução do uso dos aterros sanitários também representa menos emissões de gases diretamente responsáveis pelas mudanças climáticas”, completa.

Assista ao vídeo de Maria Inês aprendendo a separar os resíduos.

Maria, então com 3 anos, separou os adesivos e identificou as lixeiras da sua casa

Marilza do Carmo Oliveira Dias Secretária municipal do Meio Ambiente de Curitiba

Resíduos sólidos

A capital paranaense conta com 40 associações de catadores de material reciclável, que recebem, triam e comercializam resíduos da coleta seletiva da cidade. O Programa Ecocidadão, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA), visa melhorar a qualidade de vida dos catadores e fortalecer a rede de coleta e separação de materiais também reutilizáveis.

Cada associação recebe remuneração conforme a quantidade de ma-

terial recebido, valor que é utilizado para cobrir as despesas. O lucro vem da venda dos materiais separados nos barracões instalados com a finalidade de atender esta etapa da cadeia do lixo.

Câmbio Verde

Com o programa Câmbio Verde, a administração municipal promove a troca de material reciclável por produtos hortifrúti da época. Um convênio garante que os excedentes da

produção de pequenos produtores rurais sejam oferecidos às famílias de Curitiba nos pontos de atendimento pré-definidos.

Cada quatro quilos de lixo reciclável (papel, papelão, vidro, sucata ferrosa e não ferrosa) valem um quilo de frutas e verduras. Pode ser trocado também o óleo vegetal e animal: cada 4 litros de óleo vale 1 kg de alimento. A troca é efetuada quinzenalmente em pontos implantados na cidade. O Câmbio Verde traz benefícios econômicos, sociais e ao meio ambiente, atendendo ao pequeno

produtor e associações de catadores de materiais recicláveis e destinando adequadamente estes resíduos.

Coleta e multas A administração municipal oferece coleta e sistemas de descarte de todos os tipos de materiais. Quem faz descarte irregular de qualquer tipo de resíduo, em rios, terrenos baldios, fundos de vales, praças, parques, vias públicas, entre outros, está sujeito às penalidades previstas na legislação municipal e nacional vigentes, entre elas, multa.

DOIS IRMÃOS É REFERÊNCIA NA

coleta e reciclagem

LEONARDO BOUFLEUR/DIVULGAÇÃO

Sistema adotado pelo município de Dois Irmãos e Cooperativa dos Recicladores é visto por mais de mil pessoas a cada ano durante as visitas guiadas A cidade de Dois Irmãos, na região Metropolitana de Porto Alegre, é considerada referência na gestão dos resíduos sólidos. Recicla 19% das 600 toneladas recolhidas por mês. A caminhada na cidade começou em 1994, com a implantação da coleta seletiva, processo que levou cerca de dois anos. Além da aquisição de caminhões e equipamentos para a usina de reciclagem (esteira, prensas, picador e lavador de plásticos) a educação ambiental foi fundamental para sensibilizar e preparar a popula-

ção a separar os resíduos.

Conforme dados divulgados pela administração municipal, atualmente, 100% das famílias são visitadas pelo caminhão da coleta seletiva e sete em cada dez pessoas separam os materiais. Desde a implantação da coleta seletiva, o município tem contrato com a Cooperativa dos Recicladores de Dois Irmãos – atualmente com 38 colaboradores. Os caminhões são da prefeitura, e os motoristas, servidores municipais.

Já os garis são da cooperativa. O

lixo reciclável é destinado à usina, e o lucro gerado com a venda fica com a cooperativa. O restante dos resíduos é coletado em outro caminhão e levado a um aterro sanitário em São Leopoldo.

Para incentivar o trabalho da cooperativa, o município, por meio de legislação específica, fiscaliza a coleta clandestina, proibida na cidade.

Conforme a chefe do Serviço de Licenciamento e Fiscalização Ambiental de Dois Irmãos, Renata Padilha da Silva, pessoas vinham de outras

cidades e recolhiam os materiais mais valorizados antes de o caminhão passar. “O que não era justo com os integrantes da cooperativa.”

Para incentivar a seleção dos resíduos, a Cooperativa dos Recicladores de Dois Irmãos tem programa de visitação. Antes da pandemia, cerca de mil pessoas participavam da visita guiada a cada ano. Integrantes da cooperativa dão palestras nas escolas e em condomínios para sensibilizar as pessoas para separação do lixo.

CONCURSO SOBRE

meio ambiente

DESAFIA ESTUDANTES Premiação para as categorias ensino fundamental e ensino médio equivale a R$ 25 mil Um dos braços do projeto Viver Cidades prevê o envolvimento dos estudantes das redes pública e privada em iniciativas que preservem o meio ambiente e despertem a consciência sobre o uso racional dos recursos naturais.

O I Concurso Viver Cidades vai destacar as melhores iniciativas nas categorias ensino fundamental e ensino médio. As escolas também podem inscrever suas ações ambientais. Cinco delas receberão menção honrosa. O valor em prêmios equivale a R$ 25 mil.

Ensino fundamental

Menção honrosa

As escolas também receberão destaque – menção honrosa - por suas iniciativas inovadoras voltadas à sustentabilidade. Para participar, a instituição deve preencher a ficha de inscrição e apresentar os projetos que estão em vigor.

Na categoria Ensino Fundamental, destinada a estudantes do 6º ao 9º ano, podem ser inscritas peças elaboradas com materiais recicláveis. Serão avaliadas a criatividade, a aplicabilidade e a resistência.

Fique ligado

Ensino médio

O regulamento completo estará disponível no site www. grupoahora.net.br, na aba Viver Cidades, a partir do dia 31 de março. As inscrições serão de 1º de junho até 15 de agosto. A premiação ocorrerá no mês de outubro, durante o Seminário Viver Cidades.

Podem concorrer projetos de preservação ambiental para serem aplicados nas escolas, residências e empresas. Os principais critérios de avaliação serão ineditismo, criatividade, aplicabilidade e utilização de materiais recicláveis.

CHARLOTTE MAY/PEXELS

Com a palavra, Cássia Benini Coordenadora da 3ª Coordenadoria Regional de Educação Uma das principais finalidades de uma educação de qualidade é formar cidadãos conscientes e participativos. Nesse contexto, o tema meio ambiente, desenvolvimento e sustentabilidade tem seu enfoque na educação ambiental, a qual promove espaços de discussão e aprofundamento entre desenvolvimento e sustentabilidade. A educação ambiental fomenta processos pedagógicos em todos os níveis e modalidades de ensino que favoreçam a construção de valores sociais, conhecimentos, habilidades e atitudes voltadas para a conquista da sustentabilidade socioambiental e a melhoria da qualidade de vida. Parte da premissa de que a abordagem ambiental deve ser integrada, contínua e permanente em todas as áreas do conhecimento, componentes curriculares e atividades escolares, enfatizando a transversalidade, preferencialmente na forma de projetos coletivos e contínuos, que contemplem a comunidade escolar e o protagonismo estudantil, sendo assim essencial o engajamento da sociedade como um todo e das escolas como um espaço em que eventos, debates, análises e pesquisas promovam ações que resultem efetivas mudanças culturais e de mentalidade.

Nessa perspectiva, cabe aqui destacar as ações do Projeto Viver Cidades, uma proposta voltada à nossa região, que servirá como mais uma ferramenta para a construção de uma postura crítica diante da realidade ambiental e para o desenvolvimento regional.

Promover atitudes e ações para a preservação dos recursos naturais com o comprometimento da comunidade escolar no manejo das questões ambientais, aprimorar as práticas sustentáveis e a eficiência no uso dos recursos com vistas a diminuir o desperdício de água, de energia, materiais e alimentos são desafios para se repensar a prática pedagógica.

Chega a hora de pensar e criar soluções para o meio ambiente