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Wilson Dewes
Espírito Comunitário
Pelos anos de dedicação à saúde de Lajeado e região, o médico Wilson Dewes, 84, é reconhecido na área. Entre tantos projetos, destaca-se pela fundação de uma entidade que atende milhares de crianças com fissuras labiopalatinas
Reconhecido como personalidade Top 100 em Espírito Comunitário, o médico Wilson Dewes, 84, ganha destaque pelo seu envolvimento social na área da saúde. Entre os projetos, a criação da Fundação para Reabilitação das
Deformidades Crânio-Faciais (Fundef) é um de seus maiores legados.
Formado em medicina, ao longo dos anos, Dewes foi convidado a compartilhar experiências no exterior, e já recebeu inúmeras homenagens pelo trabalho a favor da saúde. Natural de Travesseiro, e tendo passado por
Santa Maria e Porto Alegre, foi em
Lajeado, no Vale do Taquari, que encontrou espaço para construir a
Fundef e devolver o sorriso a milhares de crianças.
A entidade foi inaugurada em 1991. Mas a história de Dewes com Lajeado iniciou em 1968, quando o médico veio ao município para compor o grupo de oito profissionais da área atuantes na cidade naquele ano. Na época, vinha toda quarta-feira para fazer anestesias. Mas, entre uma aplicação e outra, começou a se interessar pela otorrinolaringologia.
“Aí começaram a aparecer casos cirúrgicos. Havia um cirurgião em Lajeado que operava essas crianças com fissuras. Mas ele só fechava o lábio. Então comecei a operar aquilo. Começou a vir um, depois mais um. Convidei umas pessoas, um pediatra, fonoaudiólogo, psicólogo, dentista e começamos a trabalhar voluntariamente”, conta Dewes.
Com a cedência de uma área pelo Hospital Bruno Born (HBB), o grupo iniciou um estudo para criar a fundação. No início, a instituição mantinha vínculos com uma entidade que atendia crianças e adultos com fissuras labiopalatinas em São Paulo. Mais tarde, todo o tratamento passou a ser feito em Lajeado.
Ao longo de três décadas, mais de 8 mil pacientes já passaram pela Fundef. Hoje, são pelo menos 4 mil crianças em tratamento que dura, em média, de 16 a 18 anos. “A Fundef é um milagre. Quando me dou conta do que fizemos aqui, fico mui-
O começo
Dewes lembra que, aos 12 anos, a leitura de um livro de cirurgias na página de plásticas de nariz fez com que a ideia de ser médico se transformasse em uma possibilidade. O pai era alfaiate, e Dewes e os irmãos auxiliavam no trabalho de cortar os moldes e fazer retalhos. Pela prática, quando começou a fazer cirurgias, já tinha boa mão para a especialidade.
Já com 16, saiu de Travesseiro para ir a Porto Alegre se preparar para o vestibular. No segundo ano de medicina em Santa Maria, passou pela primeira cirurgia: a operação do próprio nariz por um médico reconhecido de Muçum.
Ainda durante a faculdade, a vida profissional do médico o levou a trabalhar fora do Brasil e em diferentes estados do país. “Naquela época, a gente fazia tudo. Tu te formava, não tinha residência, especialização, tu era médico, atendia tudo. Então a gente ficou muito versátil”, conta.
Em sua trajetória, Dewes também teve papel importante na fundação da Academia Brasileira de Cirurgia Facial, além de integrar ações e movimentos como a Fundação Pró-Taquari e fundação da Unimed.
Sonhos para a fundação
Hoje, com 84 anos, gosta de dividir a rotina na saúde com a arte, em especial, com a prática do piano. Mas continua ativo na profissão, inclusive, com cirurgias marcadas para todos os dias da semana, seja na clínica ou na Fundef. “A medicina dá a oportunidade de se fazer o bem, e esse bem é voluntário e comunitário. Tem outro valor”, acredita.
Entre os planos de Dewes para os próximos anos está o desenvolvimento da Fundef e a construção de um hospital próprio para a entidade. “Espero ainda colaborar muito com Lajeado. Quando estagiei no México, um doutor dizia que a gente sempre tem que ter projetos impossíveis na vida. O meu é viver mais uns 20 anos”.
