Negócios em Pauta - 15 e 16/01/2022

ENTREVISTA ESPECIAL Nascido no interior de Venâncio Aires, Júnior Bohn fundou a FB Net com a intenção de oferecer serviço de internet para a população rural. Hoje, a empresa atende mais de 11 mil clientes nos Vales do Taquari e Rio Pardo.

Vale do Taquari

Fim de semana, 15 e 16 janeiro 2022

Edição 95

Páginas 4 e 5 THIAGO MAURIQUE

FUTURO DO TRABALHO

Empresas adotam sistema remoto em definitivo Com sede em Lajeado, Retta TI e Web Jasper estão entre as milhares de empresas de tecnologia que não retornarão aos escritórios mesmo com o fim da pandemia.

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“Minha empresa nasceu para proporcionar internet ao campo” Júnior Bohn é diretor da FB Net, provedor com mais de 11 mil clientes nos Vales do Taquari e Rio Pardo

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ilho de agricultores de Linha Cecília, interior de Venâncio Aires, Júnior Bohn sempre foi apaixonado pela área de tecnologia.

Na infância, desmontava rádios e equipamentos eletrônicos para descobrir como eles funcionavam.

Durante o ensino médio, passou a fazer cursos de mecânica e eletrônica por correspondência e conseguiu o primeiro emprego na área de informática.

Aos 23 anos, ele iniciou a primeira empresa no ramo. Ao perceber o crescimento da demanda pela internet, decidiu montar um provedor para atender às famílias rurais, desassistidas pelos grandes provedores. Hoje, a FB Net se tornou o provedor com maior área de cobertura entre as empresas do setor criadas nos vales. Também foi a única empresa da região a participar de consórcio para o leilão da internet 5G.

Como começa o seu interesse pela tecnologia?

JÚNIOR BOHN – Desde pequeno, sempre fui muito curioso com a área de tecnologia. Nasci em linha Cecília, no interior de Venâncio Aires. Meu pai é produtor de leite até hoje. Sempre que eu via um rádio ou outro aparelho eletrônico, abria para saber como funcionava e depois montava de volta. Na minha adolescência, em paralelo ao segundo grau, decidi fazer aqueles cursos por correspondência. Fiz o de Mecânica Geral no Instituto Universal Brasileiro, junto com um amigo meu.

Depois começamos a arrumar motores estacionários dos agricultores da nossa comunidade e com isso ganhávamos algum dinheiro. Logo depois comecei a trabalhar na marcenaria de um

vizinho e fiz curso de eletrônica pelo Instituto Monitor.

O objetivo já era trabalhar com informática?

BOHN – Na eletrônica, aprendi a consertar TV, montar transmissor e receptor FM, entre outras coisas, mas fui procurar trabalho na área da informática. Consegui emprego na segunda empresa que visitei. Comecei a consertando monitores, impressoras e outros equipamentos de hardware. Depois fui para outra empresa onde fiquei por cinco anos e era o técnico responsável por tudo. Vivenciei a evolução do setor. Primeiro instalava Windows 3.1, depois 3.11, 95, 98. Era por volta de 1995, e a internet estava recém-começando.

Então decidi ir para a área de redes locais. Também aprendi a lidar com o Linux e, quando saí daquela empresa, decidi abrir meu próprio negócio na área de informática.

Como foi esse início em um negócio próprio?

BOHN – Foi muito natural, porque antes de abrir o negócio eu trabalhava por conta à noite, atendendo farmácias 24 horas e outras empresas que operavam na madrugada. Quando saí da empresa, que encerrou as atividades de informática, fiz um acordo com o meu ex-patrão: eu faria a manutenção de todos os computadores vendidos com garantia pela empresa de graça, em troca da carteira de clientes. Quando abri a minha empresa de informática, não tinha dinheiro, mas já tinha essa carteira de clientes. Iniciei puxando mais para a área de redes de computadores e servidores.

Montei muitos servidores de e-mail para empresas da região. Eu tinha 23 anos quando comecei a empresa e na época também lecionava no Senai à noite.

Quando a internet passou a fazer parte do negócio?

BOHN – Fomos os primeiros clientes da internet ADSL em Venâncio Aires e antes disso tive internet discada na empresa. Eu fazia algumas manutenções nos clientes da Via Vale, empresa que oferecia internet via rádio. Percebi que esse era um negócio interessante, principalmente porque as pessoas do interior queriam internet e ninguém oferecia. A FB Net nasceu para proporcionar internet ao campo. A primeira torre nós soldamos em um galpão de um amigo meu, em 2004. Tivemos

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Fim de semana, 15 e 16 janeiro 2022 clientes por anos e não apenas alguns meses. Por isso nos esforçamos para oferecer o melhor serviço e temos uma fidelização muito boa. Alguns clientes estão conosco faz 15 anos.

Mesmo diante de uma concorrência feroz, se você faz um bom trabalho, as coisas dão certo. É importante ter uma gestão adequada de custos, para oferecer preços plausíveis e entregar um bom produto. Isso fez com que a empresa crescesse a cada mês nesses 15 anos de história. É fruto do trabalho bem feito de toda a equipe.

Como foi a experiência de participar do leilão da internet 5G?

que abrir estrada para levar a torre morro acima. Levamos areia, cimento e água no lombo do cavalo.

Operamos em regime de teste por meio ano, montando internet na casa dos amigos para ver se ia funcionar. Depois que percebemos como funciona, oficializamos a empresa.

Foi difícil levar internet para a área rural?

BOHN – Sim. Sempre cito o exemplo da terceira torre que instalamos. Achamos um morro fantástico, mas sem energia elétrica perto e nem possibilidade de levar a rede para lá. Compramos um motor à diesel, pegamos um par de rádio PX e fizemos uma adaptação para que um determinado sinal ligasse e desligasse o motor. Montamos uma casinha e colocamos um tanque de diesel suficiente para um mês de operação, e um conjunto de baterias. Uma vez por semana, ligávamos o motor por cinco horas, o que era suficiente para carregar as baterias para a semana toda. Mais tarde, instalamos painéis solares, que custaram uma

fortuna na época. Hoje, é uma torre que ainda funciona, com cerca de cem clientes e energia totalmente renovável. Foi uma grande engenharia que fizemos para atender aquelas pessoas.

– Porque a decisão de ingressar na área urbana?

BOHN – Percebemos uma lacuna grande nos bairros das cidades.

Até hoje, as grandes operadoras têm como modelo atender apenas no centro das cidades e não cobrir os bairros mais afastados. Nós começamos a expandir em Mato Leitão, depois em Pinheiral, distrito de Santa Cruz do Sul, em seguida, em Bom Retiro do Sul e assim fomos crescendo. Também apostamos na profissionalização da equipe e tivemos acesso a equipamentos melhores. No início, não tínhamos grandes ambições. Nosso sonho era ter cem clientes, hoje temos milhares. Foi um desbravar muito grande.

Quais os motivos para o crescimento da empresa.

BOHN – Acredito que a gestão.

Nossa visão é de manter nossos

BOHN – Fizemos um consórcio com mais 400 pequenos provedores do Brasil e perdemos por muito pouco. Antes do leilão fizemos várias análises. Uma delas foi técnica. Contratamos uma empresa especializada que nos apresentou um raioX completo da tecnologia. Temos hoje um conhecimento muito amplo.

Também fizemos uma análise jurídica e temos um buraco negro no Brasil nesse sentido, porque muitas vezes o governo está destoante do que o público e as empresas esperam. Vimos o peso do Lobby. Quando vier o leilão 6G, daqui a uma década, estaremos muito maduros para participar. Toda essa imersão técnica foi fabulosa. Sabemos, por exemplo, que o 5G não vai solucionar o problema de cobertura, ao contrário. Ele tem mais velocidade, mas precisa de muita estrutura e o dobro de torres.

Qual o futuro da FB Net?

BOHN – Hoje somos o maior provedor nativo da região em área de cobertura. Projeto muito crescimento para empresa e para isso quero recrutar muitas pessoas ao longo de 2022. Estou construindo um prédio de 1,2 mil metros quadrados para a FB Net porque acredito nesse crescimento e no mercado de tecnologia. Estamos investindo bastante e apostando na inovação. Neste ano, vamos lançar dois produtos novos, entre outras novidades que estão programadas. Sou apaixonado pelo que eu faço, gosto de ler notícias sobre tecnologia, acompanhar o que está acontecendo e participar de feiras. Não penso em parar de forma alguma.

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Especial, 24 dezembro 2021 e fim de semana

Modelo remoto transforma empresas de TI Retta e Web Jasper estão entre as centenas de empresas brasileiras que não pretendem voltar ao escritório, mesmo com o fim da pandemia

A

pontado antes mesmo do início da pandemia como uma das principais tendências do processo de digitalização da sociedade, o trabalho remoto se tornou opção definitiva para milhares de empresas em todo o mundo, em especial na área de TI. As sedes físicas das empresas Retta TI e Web Jasper, em Lajeado, raramente recebem alguma visita.

A Retta chegou a utilizar quatro salas do Tecnovates para alocar seus 35 profissionais.

Hoje, loca uma sala que só é ocupada quando ocorre algum evento presencial. Diretor comercial, Luciano Brandão afirma que a empresa já faz experimentações com o trabalho remoto desde 2017.

“O advento da pandemia nos obrigou a ir para o home office, mas ocorreu ao natural, com pequenos ajustes em caso de problemas ou dificuldades”, relata.

Segundo ele, a produtividade se manteve e os resultados continuaram, fator decisivo para a migração em definitivo.

Hoje, todos os colaboradores trabalham em home office, entre eles profissionais que moram no Alagoas e no Rio de Janeiro.

Algumas equipes cumprem ho-

Diretor comercial, Luciano Brandão

rário comercial e parte da equipe técnica define seu próprio horário de trabalho.

“Para esses profissionais sa-

írem de suas casas e voltarem para dentro de um escritório, tem que ser uma oferta muito tentadora”, aponta. Para Bran-

O que pensam os trabalhadores Uma pesquisa realizada pela empresa vagas. com com profissionais de todo o país mostra que o trabalho híbrido já se tornou preferência entre os trabalhadores brasileiros. Realizado entre os dias 29 de outubro e 7 de novembro de 2021, o estudo entrevistou 11.601 candidatos à vagas de todo o país.

42% 32% preferem o trabalho híbrido

optam por trabalhar presencialmente

dão, o trabalho tradicional ainda terá seu espaço, mas os modelos híbrido e remoto representam o futuro.

“A sala fica aberta para os profissionais que quiserem vir trabalhar aqui, mas ninguém vem”, resume. Da mesma forma, o escritório da Web Jasper, no Centro de Lajeado, está disponível para qualquer profissional da empresa, mas também fica a maior parte do tempo fechada.

“Hoje, não consigo colaboradores para trabalhar em escritório”, afirma o CEO, Michel Jasper. A empresa tem funcionários de vários lugares do Brasil, principalmente dos estados da Bahia, São Paulo, Santa Catarina e Rio de Janeiro. Alguns nunca foram no escritório.

“Nem todas as empresas conseguirão manter esse modelo, mas quem puder terá preferência na escolha dos colaboradores”, aponta. Para Jasper, um dos principais desafios do mercado de trabalho é justamente se tornar mais híbrido e remoto. Segundo ele, no setor de TI, quem não se adaptar a essa realidade terá dificuldades no futuro.

26%

querem trabalhar 100% remoto

Estilo de vida

A migração para o sistema remoto permitiu que Jasper transformasse a própria rotina. Desde agosto do ano passado ele adotou estilo de vida nômade: mora em uma cidade diferente a cada 30 dias. Após passar pelas praias do Nordeste brasileiro e pela Serra gaúcha, hoje está em Buenos Aires, na Argentina.

“Meu objetivo é provar que é possível viver, trabalhar e empreender de qualquer lugar do mundo”, afirma. Conforme o empresário, os resultados e a dinâmica do trabalho não foram alterados com o modelo remoto.

Porém, sente um pouco de dificuldade em separar a casa do escritório.

“Agora que o escritório está sempre comigo, acabo trabalhando um pouco mais”, relata.

Mesmo assim, ressalta as vantagens de exercer as atividades a qualquer momento, sem preocupação de fechar as portas do escritório ao fim do horário comercial.

Para Luciano Brandão, o segredo para não ficar refém do trabalho, mesmo estando em casa, é a disciplina. “Toda a minha equipe de vendas trabalha

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Especial, 24 dezembro 2021 e fim de semana

Entre os trabalhadores que preferem o trabalho híbrido

Entre os profissionais que preferem o modelo presencial

Entre os que preferem trabalhar 100% remoto

31%

37%

27,5% 14% 11,75

preferem a modalidade para manter algum relacionamento presencial com outras pessoas da empresa

16%

defendem a flexibilidade para adequar o trabalho a outras atividades domésticas

14%

optam pela modalidade para evitar a locomoção diária até o trabalho

8,8%

dizem que o modelo permite ganhar tempo para outras atividades pessoais

7%

32,6%

preferem a modalidade para ter relacionamento presencial com outras pessoas da empresa

16,4%

dizem que o trabalho presencial oferece um ambiente mais adequado para trabalhar (móveis e infraestrutura)

4,3%

acreditam que o trabalho híbrido proporciona maior foco e concentração

5,5%

afirmam que estar na empresa proporciona maior foco e concentração

querem atuar em empresas de qualquer região do Brasil

desejam evitar a locomoção até o trabalho

% optam pela modalidade para poder cuidar de filhos e outros familiares, além de ganhar tempo para outras atividades pessoais

10,4%

preferem ter flexibilidade para adequar o trabalho a outras atividades domésticas

querem trabalhar fora do ambiente doméstico.

querem poder cuidar de filhos ou outros familiares em alguns dias

Nem todas as empresas conseguirão manter esse modelo, mas quem puder terá preferência na escolha dos colaboradores” Michael Jasper

Entre as principais vantagens do trabalho remoto, profissionais apontam a possibilidade de atuar em empresas de qualquer região do Brasil

somente no horário comercial”, afirma. Segundo ele, também é importante compreender e respeitar os colegas que atuam em outros horários, evitando entrar em contato com colaboradores que estão no momento de descanso.

Novas possibilidades A abertura ao trabalho remoto também permitiu uma nova perspectiva para os profissionais

liberais, como contadores, advogados, psicólogos ou mesmo médicos – estes em casos específicos permitidos pela tele-medicina. É o caso do psicólogo Alexander Witt Rodrigues (CRP07/23298), morador de Santa Cruz do Sul, que atende pacientes de Lajeado de forma remota. Segundo ele, os atendimentos por vídeo chamada eram vistos com desconfiança pela classe antes da pandemia,

além de restritos pelo Conselho da categoria.

“Eu mesmo tinha um certo preconceito com a modalidade”, admite. Com o advento da Covid-19, os atendimentos on-line foram liberados pelo Conselho e os profissionais passaram a vivenciar a experiência para poderem continuar trabalhando.

“Foi uma experiência que nos fez rever o conceito. Eu tenho gostado bastante e percebo que os atendimentos funcionam tão

Alexarder Rodrigues, psicólogo

bem quanto os presenciais”, relata. Entre as vantagens do modelo remoto está a possibilidade

de atender pessoas que estão impossibilitadas de sair de casa ou vivem em outras cidades.

Atualmente, Rodrigues atua de forma híbrida. Ele atende presencialmente por meio de parceria com um convênio da área da saúde, mas opta por manter somente atendimentos on-line em sua clínica particular. É mais um exemplo do quanto a tecnologia – e a própria pandemia – transformou para sempre o mundo do trabalho.

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Imec Supermercados lança programa Imec Mais ESTADO

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Imec Supermercados lançou, em dezembro de 2021, o Imec Mais, programa de benefícios e relacionamento que concede descontos e vantagens exclusivas aos clientes cadastrados.

Desde a implementação, mais de 60 mil clientes já integram o programa e estão aproveitando os benefícios exclusivos.

O Imec Mais funciona em três etapas: identificação, segmentação e personalização, que têm como objetivo melhorar a experiência de compras e reforçar o posicionamento da marca.

Para participar e ter acesso

aos descontos exclusivos, o cliente pode realizar o pré-cadastro em uma das lojas Imec, junto ao caixa, informando seu CPF e celular. Após realizar o pré-cadastro, o cliente já pode aproveitar os preços do Clube Imec Mais. Para concluir o cadastro e ter acesso a outras vantagens, é enviado um link de acesso, por SMS ou por meio do acesso ao site www.clube.imecmais.com.br.

O cadastro é gratuito e, sempre que efetuar as compras, o cliente cadastrado deverá informar o CPF para que sejam aplicados os descontos e benefícios.

Segundo o Diretor-Comercial e de Marketing, Eneo Karkuchinski, com o Imec Mais, os participantes têm uma

Imec Mais garante descontos exclusivos para cadastrados série descontos em diversos produtos e mais ofertas serão implementadas gradativamen-

te. “O Imec Mais nos permitirá oferecer benefícios personalizados e uma experiência

de compras mais autêntica e agradável para os clientes do Imec Supermercados”, explica