Negócios em Pauta - 12 e 13/02/2022

ENTREVISTA ESPECIAL Luis Augusto Morschbacker administra a Desin Soluções Ambientais, empresa fundada em 2009 que se tornou referência estadual no controle de pragas.

Vale do Taquari

Fim de semana, 12 e 13 fevereiro 2022

Edição 97

Páginas 4 e 5

ASSOCIATIVISMO

THIAGO MAURIQUE

Cooperativas de crédito abrem 251 unidades no RS em cinco anos Enquanto os bancos convencionais enxugam gastos por meio do fechamento de agências, especialmente em pequenas cidades do interior, cooperativas ampliam os pontos de atendimento em mais de 41%. Páginas 6 e 7

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THIAGO MAURIQUE

Realização

thiagomaurique@jornalahora.inf.br

Patrocínio

Praça interativa na BR-386 A Richter Gruppe, em parceria com o município de Estrela e o Governo do Estado, constrói um local para atrair e informar os turistas junto ao 386 Business Park. Chamada “Caminhos do Vale”, a praça terá um totem interativo e foi projetada para receber miniaturas turísticas dos 36 municípios que compõem o Vale do Taquari, servindo como base de apoio para o trabalho da Amturvales.

O espaço é dividido em três partes.

O Caminhos do Vale simboliza o elo entre as diferentes regiões do estado com o Vale do Taquari. O Circulo da Fé foi pensado para ser um local onde as pessoas possam expressar a espiritualidade, independente de

Apoiadores

crença ou religião. A praça também terá o Anfiteatro Multicultural, local

para receber o público e valorizar as mais diferentes expressões artísticas.

Conexão com a Colômbia Lírio Parisotto,

Um dos maiores empresários do Brasil em entrevista para o Negócios em Pauta de fevereiro de 2017

MARCANTE E ATUAL

VA L E D O TA Q U A R I Câmara da Indústria, Comércio e Serviços

Evento que promove a conexão entre ecossistemas de inovação ao redor do globo, a Land2Land Connect terá nova edição no dia 18 de fevereiro, das 10h às 12h30. Na ocasião, os participantes terão a oportunidade de conhecer e se conectar com instituições da Colômbia.

A iniciativa busca promover o processo de internacionalização de empresas inovadoras poor meio da introdução às soluções e conexões virtuais com programas estrangeiros. As inscrições podem ser realizadas no link em https://informativo.anprotec.org. br/land2land-connect-colombia.

Quando faz algo igual aos outros, você não é nada. Faça diferente.

Eu convenci clientes a vir à minha loja, não as outras. Isso tem valor em especial para o varejo, onde todos vendem os mesmos itens.”

OPINIÃO

Não basta ser sócio

O

avanço das cooperativas de crédito no RS reflete o papel social exercido por esse tipo de organização nos locais onde atuam. Mais do que colaborar com entidades sociais e distribuir sobras aos associados, as cooperativas ocupam uma lacuna deixada pelos grandes bancos – públicos ou privados.

Dados do Banco Central confirmam a debandada dos pequenos municípios brasileiros por parte dos bancos convencionais. Até dezembro do ano passado, 390 municípios do país não possuíam agências bancárias ou postos de atendimento, processo que se intensificou nos últimos dez anos.

Ao todo, 2.425 cidades brasileiras não possuem agências, o que representa 43,54% do total.

Em muitas cidades, as cooperativas são a única opção de acesso ao crédito e aos serviços bancários. São municípios com prevalência de população rural, mais pobres e isolados. O sistema está presente em 475 municípios do Estado. O número cresce na contramão dos bancos tradicionais, que nos últimos oito anos abandonaram 522 municípios brasileiros.

A relevância social das cooperativas justifica o crescimento da modalidade, mas existe um ponto em que ainda é preciso avançar: a participação dos associados nas assembleias decisórias. Com o advento da Covid-19, a virtualização dos encontros facilitou a integração entre os associados. Mas, o número de participações ainda é pequeno perto da quantidade de associados.

Ao longo da história, o cooperativismo mostrou ser o sistema mais justo e relevante para o desenvolvimento das pessoas e da sociedade. Mas não basta ser sócio. Participar dos momentos de decisão é fundamental.

Boa Leitura!

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WORKSHOP

“Ou você cresce ou o mercado te engole” Luis Augusto Morschbacher administra a Desin Soluções Ambientais, empresa referência em controle de pragas

N

atural de Estrela, Luis Augusto Morschbacker começou a trabalhar ainda na adolescência. Aos 14 anos, vendia doces nas ruas de Estrela até conseguir o primeiro emprego formal, sempre mantendo os estudos no turno inverso ao trabalho. Após concluir o ensino técnico em contabilidade, em Lajeado, passou por escritórios e um banco.

Aos 25 anos, a primeira esposa engravidou e Morschbacker aceitou oportunidade em uma obra no Estado do Espírito Santo, onde ficou dois anos e teve o primeiro filho. De volta ao Vale do Taquari, recomeçou do zero em uma empresa que atua em diversos setores de Estrela, um deles o controle de pragas.

Após participar do processo de abertura de uma organização do setor, pela qual trabalhou por seis anos, Morschbacher foi desligado. Encorajado pelo ex-colega de ensino médio, Leocir Degasperi, iniciou a Desin Soluções Ambientais. A empresa logo conquistou grandes clientes e se tornou referência no setor. Hoje, a Desin atende todo o RS, alguns municípios de Santa Catarina, e projeta grande expansão para 2022.

simo. Em dois anos, fizemos o acesso à terceira ponte que liga Vila Velha à Vitória, porque havia a ponte, mas não o acesso. Meu primeiro filho, Lucas, nasceu lá.

Mais tarde me separei, hoje tenho outros dois filhos do segundo casamento.

– Como foi o retorno para o Vale do Taquari?

Fundada em 2009, Desin atende todo o território gaúcho e projeta ampliar área de atuação

– Qual a origem da sua vocação para o empreendedorismo?

Luis Augusto Moerschbacker – Quando tinha 14 anos, passava em uma padaria no Centro de Estrela, enchia de doces e saia vendendo pelas ruas, nas construções, oficinas mecânicas e demais empresas. Eu ia do calçadão até a rodoviária nova. Na época não tinha calçamento, era chão batido. A minha família é natural da linha Wink, Estrela. Depois, viemos para a cidade. Meu pai era técnico em agropecuária e funcionário do Ministério da Agricultura. Meu primeiro emprego foi junto com o pai e com a mãe na Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) a na Acsurs (Associação de criadores do RS).

Meu pai foi um dos fundadores das duas entidades. Meu primeiro emprego formal foi com 14 para 15 anos. Sempre estive envolvido nessa ideia de correr atrás.

– Conseguia conciliar com os estudos?

Moerschbacker acumula cerca de 20 anos de experiência no setor Moerschbacker – Sim. Estudava em um turno e trabalhava no outro. Fiz todo o Ensino Fundamental no Colégio Santo Antônio.

Depois, um ano no Vidal de Negreiros. Daí comecei a trabalhar o dia todo, então fiz os últimos dois anos do técnico em contabilidade no Castelinho, em Lajeado.

Trabalhei em escritórios e em um banco, até receber a oportunidade de trabalhar em uma empresa gaúcha que faria uma obra no Espírito Santo.

– Porque a decisão de

aceitar essa empreitada?

Moerschbacker – Na época, minha primeira esposa engravidou e eu tive que ir à luta. Esse foi o primeiro emprego que apareceu. Foi uma escola. Primeiro porque fui embora para longe da família, Eu tinha 25 anos e estava prestes a ser pai. Hoje, os filhos saem de casa com 30, 40 anos.

Fui embora do Estado e não tinha Whatsapp. Para ligar para a família precisava pagar aluguel de telefone. Era tudo muito difícil e as pessoas que trabalhavam na obra tinham grau escolar baixís-

Moerschbacker – Voltei para Lajeado e recomecei do zero.

Consegui uma vaga em uma empresa de Estrela que atuou em vários segmentos, entre eles o controle de pragas. Comecei como vendedor, depois fui supervisor, depois nos postos de gasolina e gerenciei a distribuidora de gás. Em 2003, participei do processo de criação de uma empresa de controle de pragas onde atuei como gerente comercial até 2009, quando fui desligado. Eu recém-havia construído a minha casa e tinha voltado de férias, então estava zerado e sem FGTS. A empresa enviou um e-mail para os clientes informando o desligamento e recebi convite para trabalhar para a Biômicas. É uma empresa de Novo Hamburgo que conheci em uma Expoagas e para qual prestei alguns serviços.

– Você chegou a trabalhar com eles?

Moerschbacker – Conversei com a minha esposa e tinha decidido ir para lá. No outro dia de manhã, o Leocir Degasperi, que havia sido meu colega no Castelinho, me chamou porque tinha recebido o e-mail sobre o desligamento. Ele disse para começar o meu negócio e que era para colocar no papel o necessário para abrir uma empresa de controle de pragas. Falou para ir até a fruteira no sábado, com algum amigo que pudesse entrar de sócio. Junto com o Cleiber Luis Feier, apresentei os números. Avisei que durante

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Empresa gasta em treinamentos um total de R$ 1,5 mil por ano com cada funcionário cinco anos, ninguém iria receber e que eu não tinha dinheiro. Leodir e o Cleiber entraram com os recursos e eu coloquei o meu carro, que estava financiado. Para pagar a diferença, quando a empresa passasse a dar lucro, os primeiros R$ 10 mil iriam para a Desin.

– Como foi o início da empresa?

Moerschbacker – Fiz um e-mail explicando tudo para a Biômicas, e eles deram parabéns: seriam nossos primeiros clientes. Nós estávamos saindo do zero e já tínhamos um cliente. A Desin foi cadastrada em outubro de 2009.

Todo início é difícil, mas eu tinha muitos contatos no meu celular.

Tenho o mesmo número de telefone faz muitos anos e sempre usei o meu telefone. Avisei para todos que, a partir daquele dia, estava com empresa própria. Das pessoas que pediram para visitá-los, ainda não consegui ir em todos.

Saímos de zero e até hoje nenhum mês houve redução no faturamento da empresa.

– Quais os motivos para o sucesso da empresa?

Moerschbacker – Não tem como uma empresa do meu setor trabalhar certo e dar errado.

Tem que atender toda a legislação e entregar o que promete.

Estar sempre atento à inovação.

Sempre participamos de eventos, exposições e feiras, nacionais e internacionais. Compramos produtos de laboratórios consagrados e todo o EPI necessário para nossos técnicos. Dessa forma, fomos nos diferenciando no mercado. Hoje atuamos em todo o RS e alguma coisa em Santa catarina. Mas ou você cresce ou

o mercado te engole. Se tudo der certo, em 2022 vamos alçar vôos maiores.

– Você também é reconhecido pelo apoio às entidades beneficentes.

Qual a importância desse trabalho?

Moerschbacker – Faço parte da direção da Saidan (entidade que acolhe crianças em situa-

ção de vulnerabilidade social) faz 14 anos. Fazemos muitos serviços voluntários em entidades beneficentes e assistenciais da região e dos municípios onde atuamos. Penso que as cidades onde estamos dão condição de vida boa para mim e para a minha empresa. Então, tenho que devolver uma parte para a sociedade. Não pensamos apenas no bolso, e sim de que forma podemos contribuir com a sociedade.

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Cooperativas de crédito ampliam rede de atuação Nos últimos cinco anos, cooperativas inauguraram 251 novos postos de atendimento no Estado

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nquanto os bancos convencionam enxugam custos por meio do fechamento de agências, as cooperativas de crédito ampliam a atuação em todo o país.

Nos últimos cinco anos, as instituições financeiras cooperativas ampliaram em 41,23% a rede de atendimento no Brasil. No Rio Grande do Sul, a expansão foi de 27,16%, com o incremento de 251 novos postos de atendimento.

No Vale do Taquari, os últimos cinco anos foram marcados pela ampliação no número de cooperativas que atuam na região, com a inauguração de agências da Cresol Noroeste e das Sicoobs São Miguel e Meridional. Também estão sediadas no Vale a Unicredi Vales do Taquari e Rio Pardo e as Sicredis Integração RS/MG (Lajeado), Ouro Branco (Teutônia) e Região dos Vales (Encantado).

Presidente da Sicredi Ouro Branco, Neori Abel afirma que o

Em todo o Brasil, número de pontos de atendimentos de cooperativas de crédito aumentou 41,23% nos últimos cinco anos avanço das cooperativas ocorre porque as pessoas estão despertando para os benefícios do sistema. “O cooperativismo se mostra como o principal instrumento de desenvolvimento das comunidades, em especial no apoio ao empreendedorismo.”

Ressalta que, mesmo organizadas em sistemas nacionais, as cooperativas financeiras preservam a característica da economia local e se preocupam com as particularidades de cada região. Destaca

ainda a atuação em cidades pequenas e em apoio aos pequenos produtores rurais. “Estamos presentes em todos os lugares, não importa o tamanho do município.”

Na contramão da expansão das cooperativas, os bancos convencionais fecham agências e pontos de atendimento, em especial em municípios pequenos. Nos últimos oito anos, 522 municípios brasileiros ficaram sem agência bancária, uma redução de 14,16%. As cooperativas são a única opção de

acesso ao crédito e serviços bancários em 72 municípios gaúchos e possuem postos de atendimento em 475 municípios do Estado, o que representa mais de 95% do total.

Empregos e renda Presidente da Sicredi Integração RS, Adilson Metz acredita que a

principal diferença para os bancos convencionais está justamente no DNA cooperativo, cujo objetivo princiapal não está no lucro. “O cooperativismo de crédito visa gerar desenvolvimento com atendimento humanizado e distribuição de renda. O propósito é construir uma sociedade mais próspera através de uma empresa de pessoas para pessoas.”

Números do Banco Central referentes a 2020 confirmam essa vocação. Naquele ano, os empre-

Avanço dos pontos de atendimento das cooperativas de crédito no Brasil e no RS

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Bancos convencionais reduziram o número de agências, principalmente nas cidades menores gos diretos cresceram 9,9% nas cooperativas gaúchas de crédito.

Foram 1.074 novos empregos gerados, o que representa 29,16% dos 3.683 empregos novos criados pelas cooperativas do Estado.

No período, as cooperativas de crédito registraram faturamento superior a R$ 6,8 bilhões, com R$ 1,4 bilhão de sobras apuradas. O patrimônio líquido do setor cresceu 13,6%, alcançando um total de R$ 10,2 bilhões. Em relação aos ativos,

o acréscimo foi de 38,8%, alcançando a marca de R$ 69,6 bilhões.

Foco no Vale Além das cooperativas com sede no Vale do Taquari, nos últimos cinco anos a região também se tornou foco de atuação de cooperativas originárias de outras localidades. É o caso da Cresol Noroeste, que projeta abertura de

uma nova agência em Arvorezinha na próxima sexta-feira, 18.

Com matriz na cidade de Santo Cristo, a cooperativa atua desde 2019 na região e possui agências em Teutônia, Lajeado, Arroio do Meio, Encantado e Estrela. Presidente da cooperativa, Vitoldo Scharneck afirma que o Vale do Taquari é estratégico para a Cresol. “Primeiro porque o cooperativismo está no sangue das pessoas desta região. Depois, pela

O cooperativismo de crédito visa gerar desenvolvimento com atendimento humanizado e distribuição de renda.”

Adilson Metz – Presidente da Sicredi Integração RS/MG

organização das comunidades e por ser um local promissor”.

O sistema Sicoob tem hoje duas cooperativas com agências no Vale do Taquari. Em 2018, a Sicoob Meridional inaugurou duas agências na região, em Lajeado e Estrela. Com atuação no RS desde 2018, a Sicoob São Miguel inaugu-

Estamos presentes em todos os lugares, não importa o tamanho do município.”

Neori Ernani Abel Presidente da Sicredi Ouro Branco

rou agências em Anta Gorda, Lajeado, Encantado e Teutônia.

O sistema Sicoob tem planos para expandir inda mais a rede de agências no Sul do Brasil em 2022. A projeção é criar 112 unidades em 96 municípios. Dessas, 71 serão instaladas em 52 municípios gaúchos.

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