EDUCAME - EDIÇÃO AGOSTO

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CORUJA-SUINDARA

Curiosidade transforma estudantes em cientístas

Quatro estudantes do 9º ano da EMEF São Caetano, de Arroio do Meio participam de estudo científico viabilizado pelo Museu de Ciências Univates. Orientadas pelo professor doutor Luiz Corrêa, as adolescentes tiraram 1º lugar na Feira de Ciências da universidade e ganharam bolsa de iniciação científica júnior do CNPq.

TEUTÔNIA

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Ação escolar envia 9 toneladas de resíduos para reciclagem

Emef professor Alfredo Schneider, de Teutônia, mobilizou alunos e familiares numa ação permanente de recolhimento e venda de recicláveis. Recursos serão investidos na viagem de fim de ano das turmas.

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CONSCIENTIZAÇÃO

Escolhas no consumo ajudam o meio ambiente

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Projeto passa por 17 escolas e envolve 4 mil alunos

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Ações pelo meio ambiente

Os estudantes da Escola Municipal de Ensino Fundamental Barra do Forqueta, em Arroio do Meio, participaram de diversas ações pelo meio ambiente. O objetivo era conscientizar sobre a importância da preservação.

Algumas turmas dos anos finais realizaram o recolhimento de lixo nas ruas próximas à escola. Neste mesmo dia, aproveitaram para coletar materiais recicláveis, que foram depositados no Ecoponto da Escola.

Os estudantes dos 5º anos e as turmas dos anos finais participaram de uma conversa com a bióloga da Girando Sol, Patrícia Aguiar, que falou sobre “O papel da reciclagem na preservação ambiental”. Ela apresentou diversos dados sobre a produção de lixo no Brasil e o quanto se recicla. Ainda deu dicas de como contribuir com a reciclagem.

O aluno David Kauan Veiga da Silva, do 3º ano, participou da Caravana Educame. Depois, fez este desenho e deu de presente para a equipe do A Hora. A arte representa a atividade realizada na sua escola, a Emef Alfredo Lopes, de Lajeado.

Corujas e escorpiões: descobertas da pesquisa científica

Estudantes do 9º ano da Emef São Caetano participam de estudo e aprendem sobre taxidermia

Elas são adolescentes, estão no 9º ano, e ainda não definiram qual profissão seguir. Entretanto, já começaram a experienciar algumas possibilidades. Uma delas é orientada pelo professor, doutor em Biologia, Luiz Liberato Costa Corrêa, e trata-se do estudo sobre a coruja-suindara.

Alunas da Emef São Caetano, em Arroio do Meio, Ana Luiza Schwarzer,14, Sthefany Dutra,15, Tainá Kamily Liesenfeld, 14, e Emanueli Luísa Reckziegel, 15, ganharam o passaporte para pesquisa ao vencer a 6ª Feira Estadual de Ciências Univates e a 13ª Feira de Ciências Univates, em 2024. O trabalho “A coloração aposemática reduz o risco de predação em escorpiões?” conquistou o 1º lugar na categoria anos finais do Ensino Fundamental. O prêmio foi a bolsa de Iniciação Científica Júnior, concedida pelo Governo Federal.

O trabalho deste ano, como bolsistas, é um estudo sobre a coruja-suindara, ou coruja da torre, como é conhecida popularmente. Por meio de uma parceria com o Museu

de Ciências Univates, o grupo pôde utilizar animais, geralmente vítimas de atropelamento, que estão são para fins didáticos. “Algumas pessoas encontram animais e levam para o Museu.” Lá, os exemplares ficam em freezers, seja para futura taxidermização ou para pesquisa.

SURPRESA

O professor Corrêa destaca que em trabalhos científicos é preciso ter alternativas. “O plano ‘A’ era um estudo voltado à investigação da dieta da coruja-suindara. Mas o que tinha dentro do estômago das corujas?” As jovens respondem em coro: “Nada, estavam vazios.” Provavelmente, morreram atropeladas em busca de alimentos, observa o professor. Então

Acho importante trazer essas possibilidades de estudo. É importante que aprendam técnicas, que saibam fazer pesquisa científica.” Luiz Corrêa, doutor em Biologia

foi apresentada da

o grupo passou a pesquisar em artigos científicos sobre a dieta. As corujassuidaras são carnívoras, geralmente alimentam-se de roedores, mas alguns estudos apontam para insetos, ou seja, estão mudando a alimentação por conta da alteração de ambientes.

PLANO B

O plano B, então, foi proceder a taxidermia nos dois exemplares, no estilo pirulito. É um modelo mais simples, para fins didáticos, diferente da taxidermia artística que serve para estudo e também à exposição.

A pesquisa com as quatro estudantes da escola São Caetano começou em março, com encontros no contraturno escolar. A meta é fazer mais dois exemplares de corujassuindaras até o fim do ano.

UM PASSO À FRENTE

Conforme o professor Corrêa, trabalhos como o de taxidermia geralmente são feitos por acadêmicos da graduação e do mestrado. “Acho importante trazer essas possibilidades de estudo para alunas do Ensino Fundamental, não necessariamente que as meninas sejam biólogas no futuro. É importante que aprendam técnicas, que saibam fazer pesquisa científica.

Trabalho com escorpiões ficou em 1º lugar

O estudo que credenciou Ana Luiza, Sthefany, Tainá e Emanueli a conquistar a bolsa de Iniciação Científica Júnior foi apresentado na Feira de Ciências em 2024. As alunas utilizaram massa de modelar e confeccionaram escorpiões na coloração preto, amarelo e vermelho. A coloração aposemática (vermelha, amarela ou laranja) é encontrada em alguns animais e representa um aviso para predadores, sugerindo algum risco potencial.

Os 55 exemplares de cada cor foram distribuídos no solo em ambiente aberto com presença de vegetação arbórea, nas proximidades do prédio 21 da Univates. Os modelos de escorpião foram mantidos em campo por 48 horas. Após este período, foram revisados pela equipe na busca de indícios de predação.

No total, foram verificados 19 eventos de predação, 58% em escorpiões na coloração preta, 32% vermelho e 10% amarelo. Todos os predados apresentaram sinais de bicadas de aves. O resultado confirma a hipótese, indicando escorpiões pretos são mais representativos nos eventos de predação quando comparados aos de coloração aposemática. Os escorpiões amarelo foram menos predados, porque na natureza quanto mais forte a cor mais perigo representa.

Estudo com escorpiões feitos com massa de modelar credenciou o grupo a receber a bolsa de estudos

Sthefany, Ana Luiza, Emanueli e Tainá e o professor Corrêa com os dois exemplares de corujas
Pesquisa
Feira de Ciências da Univates

AÇÃO AMBIENTAL

Comunidade escolar destina 9 toneladas de resíduos à reciclagem

Projeto da Escola Professor Alfredo Schneider, de Teutônia, alcançou a marca em nove etapas de coleta

“Não imaginávamos a proporção que o projeto de reciclagem iria tomar.”

A afirmação da diretora da Emef Professor Alfredo Schneider, de Teutônia, Karina Scholz, traduz o engajamento de estudantes, familiares, professores e comunidade. Quando foi lançado, em junho de 2024, a primeira entrega de recicláveis somou 382 kg. Desde então, chegou ao recorde de 1,4 tonelada na etapa de abril deste ano. No total, 9 toneladas de resíduos já foram levados à reciclagem.

Uma vez por mês, os alunos levam à escola os materiais que

Quando eles forem consumir, já vão fazer escolhas do que é reciclável.”

Carlos Evandro Schneider,

Equipes de cada turma são responsáveis pela classificação dos resíduos

juntaram em casa – a Emef Alfredo Schneider tem 480 alunos e 41 professores e funcionários. Nesse dia, equipes formadas por estudantes e professores fazem a classificação.

Não imaginávamos a proporção que o projeto de reciclagem iria tomar.”

O comprador, Gerson Lütz, auxilia na separação, faz a pesagem – por turma - e embalagem nas bags. O material é levado para empresas recicladoras. O valor arrecadado com a venda é contabilizado para cada turma. O objetivo é reverter os recursos para viagem de estudo, no fim do ano. Cada turma tem um roteiro definido. “O que possibilita nesta caminhada escolar de 11 anos que eles conheçam, no mínimo, oito lugares diferentes”, destaca a diretora. Os destinos variam de acordo com a faixa de idade.

CATEGORIAS

O supervisor do colégio, Carlos Evandro Schneider, explica que, no fim do ano, o montante é dividido entre os alunos. O recurso é abatido do valor da viagem. “Para famílias com dois ou três filhos, faz diferença.”

Outro aspecto apontado por Schneider é que os estudantes aprendem a dimensão do material reciclável. “Tem outro conceito além do ambiental, tem a parte econômica e social, porque vai se transformar em outro produto.”

CLASSIFICAÇÃO PASSA DE NOVE PARA 16 CATEGORIAS

No início do projeto, os materiais eram classificados em nove categorias. Um ano depois, são 16. Quanto mais específica é a separação, melhor é o aproveitamento na venda.

A evolução no sistema é constante. No início, chegavam embalagens sujas e itens não recicláveis. Agora, o percentual é bem menor.

“É muito gratificante participar desde projeto, porque tiramos lixo da rua, que poderia estar contaminando o ambiente, os rios. O dinheiro da venda dos materiais será utilizado na viagem. É bom pra gente, e o meio ambiente agradece.Além de fazer um trabalho, por nós e pela escola, estamos fazendo pelo mundo.”

Christopher Odill Kramer, 13 anos

“Este projeto é muito importante para o desenvolvimento da escola. Somos a única escola do município que tem um projeto como este, que ajuda muito na parte ambiental. O lixo está sendo separado e reciclado e não vai para natureza.”

Mateus Meinerz, 13 anos

“Participo deste projeto deste o início. É muito bom, porque ensina as crianças pequenas a fazer a separação. Na escola, ajuda muito, porque podemos ver como todos se empolgam para ajudar. O dinheiro arrecadado ajuda as turmas na viagem de fim de ano. É uma boa iniciativa.”

Ana Carolina Lagemann, 15 anos

A diretora Karina e o supervisor Carlos contam que os feedbacks sobre os materiais e os valores arrecadados, tanto para os estudantes quanto para as famílias, são permanentes. Esta prática estimula a melhorar cada vez mais a seleção dos itens e o empenho em arrecadar recicláveis. Avós, vizinhos, amigos passam a ajudar os alunos. E eles ficam permanentemente atentos aos potenciais materiais que podem recolher, seja numa festa ou na rua, além de saber o valor ambiental.

“Quando eles forem consumir, já vão fazer escolhas do que é reciclável. O projeto ajuda a mudar a consciência de consumo”, completa o supervisor. “É uma semente que a gente deixa”, finaliza a diretora.

Estudantes guardam os reciclaveis em casa. Uma vez por mês, o coletor vai à escola para comprar o material. Valor será revertido aos alunos
FOTOS DIVULGAÇÃO

Mais de 4 mil estudantes participam da Caravana Educame

Roteiro já passou 17 instituições de ensino em Lajeado, Estrela, Venâncio Aires, Arroio do Meio, Cruzeiro do Sul, Travesseiro, Teutônia, Taquari e Muçum

9 de julho

Emef Professor

Alfredo Schneider, Teutônia

Música, aplausos e interação marcaram o espetáculo teatral. O personagem “Por Que?” destacou as melhores atitudes em relação aos resíduos sólidos: “reduzir, reciclar e reutilizar”. E quanto ao meio ambiente, repetiu: “conhecer, cuidar e preservar.”

Aprogramação da caravana Educame –Educação Ambiental na Escola teve início em abril, fez uma breve parada nas férias escolares e segue de agosto a outubro. Até então, mais de 4 mil estudantes participaram das atividades. Entre os municípios contemplados neste segundo semestre estão Lajeado Santa Clara do Sul, Encantado,

16 de julho

Emef Cônego

Sereno Hugo

Wolkmer, Estrela

Para a diretora Raquel Cristina da Costa, foi uma alegria receber a caravana Educame, uma parceria que envolve o Grupo A Hora, a prefeitura de Estrela e por consequência, os professores e as famílias. “Juntos, conseguimos transformar a realidade e enriquecer a parte pedagógica. Tudo que é feito para os nossos alunos, no futuro, vamos colher os frutos.”

Muçum, Marques de Souza e Dois Lajeados. A atividade conta com a apresentação teatral da peça “Educa-me, por quê?”. O personagem aborda o tema água de forma lúdica e envolvente. Explica porque ocorrem as enchentes e estimula o cuidado com o meio ambiente. A Caravana Educame é uma iniciativa do Grupo A Hora com o objetivo de levar educação ambiental às crianças.

7 de agosto

Três escolas em Muçum

A 17ª edição da caravana Educame reuniu mais de 300 alunos na Rua Coberta, em Muçum. Duas escolas municipais, as Emefs Jardim Cidade Alta e Castelo Branco, e a estadual de Ensino Médio General Souza Doca participaram da programação. A ação contou com a presença do prefeito Mateus Troja, da coordenadora regional de Educação, Greicy Weschenfelder, e da secretária municipal de Educação, Jucéli Baldasso.

6 de agosto

Emef Vitus André Mörchbächer. Lajeado

A programação envolveu os 120 alunos, professores e funcionários e contou com a presença da secretária municipal de Educação de Lajeado, Adriana Vettorello. Estudantes do 1º ao 5º ano interagiram com o personagem “Por Que?”. A turma do 5º ano ainda participou da oficina Repórter Ambiental Mirim.

ESTRELA
LAJEADO
MUÇUM
TEUTÔNIA

Resíduos especiais: perigo à saúde e ao meio ambiente

Se descartados de forma incorreta, materiais como pilhas, lâmpadas, eletrônicos e cartelas de medicamentos podem contaminar solo e água e causar danos à natureza

Basta um olhar rápido dentro de casa para identificar potenciais resíduos especiais, que se descartados de forma incorreta podem causar sérios danos ao meio ambiente e à saúde. Pilhas, baterias, eletrônicos, lâmpadas, óleo de cozinha usado e cartelas de medicamentos são alguns exemplos. De acordo com a engenheira ambiental Luana Hermes, os resíduos especiais ou perigosos são aqueles que, por seu volume, peso, grau de periculosidade ou degradabilidade, exigem procedimentos especiais no seu gerenciamento. “Desde a geração até a destinação final, pois requer um tratamento diferente na sua reciclagem.”

Os resíduos especiais, por conterem propriedades químicas e compostos potencialmente tóxicos, são mais resistentes à degradação e podem comprometer significativamente a qualidade do solo, da água e do ar quando descartados de forma inadequada. Isso contribui para a contaminação por metais pesados, substâncias orgânicas persistentes

Metais pesados encontrados em pilhas, eletrônicos e baterias podem contaminar solos, lençóis freáticos e organismos da fauna e da flora

e outros poluentes, afetando tanto o meio ambiente quanto a saúde pública. Luana, que é coordenadora do projeto Sala Verde de Estrela, ressalta a importância do descarte correto destes materiais. Para tanto, indica eventos como o Dia D Descarte, realizado periodicamente em Estrela. Outra opção à comunidade é entregar os resíduos especiais nos ECOpontos

Embalagens e medicamentos vencidos

Cartelas de medicamentos, mesmo vazias, contêm resíduos químicos ou farmacêuticos, além de serem compostas por materiais de difícil reciclagem, como alumínio e plástico laminado (mais de um material). Quando descartadas com remédio vencido ou sobras de medicamentos, os riscos aumentam. Confira:

Contaminação do solo e da água: medicamentos vencidos possuem princípios ativos que, ao entrarem em contato com o meio ambiente, contaminam o solo, lençóis freáticos e rios.

Resistência bacteriana: pode contribuir para o surgimento de bactérias resistentes, um problema sério de saúde pública.

Intoxicação de animais e seres humanos: esses resíduos podem ser ingeridos por animais ou até reutilizados de forma inadequada por pessoas.

Descarte: as cartelas de medicamentos, assim como os remédios vencidos, devem ser entregues nas farmácias ou nos postos de saúde de cada município.

distribuídos pelo município e mapeados pela Sala Verde. “Esses locais facilitam o descarte correto de resíduos especiais e funcionam de forma contínua, permitindo que a população tenha acesso permanente a uma alternativa segura e ambientalmente responsável para o descarte de materiais como eletrônicos, pilhas, baterias, óleo de cozinha usado, entre outros” reforça.

CONSCIENTIZAÇÃO E ADESÃO

A ação Dia D Descarte tem a intenção de conscientizar e sensibilizar a comunidade sobre a destinação correta dos resíduos especiais. Luana observa que é um forma de demonstrar na prática a importância para a mitigação de problemas ambientais, sociais e de saúde pública que estão ligados ao descarte inadequado. “A cada edição, temos observado um crescimento significativo no engajamento da comunidade. As pessoas estão mais informadas, participativas e dispostas a adotar práticas mais responsáveis em relação ao descarte de resíduos especiais.” Na opinião da engenheira ambiental, essa evolução demonstra que ações de educação ambiental como o Dia D Descarte realmente fazem a diferença, fortalecendo a cultura do cuidado com o meio ambiente e incentivando hábitos sustentáveis no dia a dia.

A cada edição do Dia D Descarte, temos observado um crescimento significativo no engajamento da comunidade. As pessoas estão mais informadas e dispostas a adotar práticas mais responsáveis em relação ao descarte de resíduos especiais.”

Luana Hermes, coordenadora do projeto Sala Verde, de Estrela

Saiba os riscos

Óleo de cozinha contém ácidos graxos, restos de alimentos e compostos que, quando descartados na pia ou no solo, é capaz de gerar uma série de malefícios ao meio ambiente, como a impermeabilização e a contaminação do solo, entupimento de redes de esgoto e poluição dos lençóis freáticos. Um litro de óleo pode contaminar até 25mil litros de água.

Lâmpadas fluorescentes possuem mercúrio e outras substâncias nocivas para a saúde e à natureza. Se quebradas ou descartadas em aterros, liberam vapores contaminantes. Quando descartadas inadequadamente contaminam cursos d'água e organismos aquáticos. A inalação ou o contato com o mercúrio pode afetar o sistema nervoso e causar sérios danos à saúde.

Lâmpadas LED, embora mais seguras e duráveis, contêm componentes eletrônicos e metais como cobre, chumbo e níquel. Se descartadas na coleta comum com envio a aterros sanitários, contribuem para a contaminação do solo e da água, além de dificultarem a decomposição dos resíduos.

Eletrônicos, pilhas e baterias impactam a saúde pública devido aos metais pesados. Geram danos ao meio ambiente por meio da contaminação de solos, lençóis freáticos e organismos da fauna e da flora. Além disso, reduzem o tempo de vida dos aterros sanitários.

Pilhas e baterias, especificamente, têm em sua composição metais pesados como chumbo, mercúrio, cádmio e níquel, que são altamente tóxicos. Contaminam o solo e a água, mesmo em pequenas quantidades, podendo causar danos neurológicos e renais em seres humanos e animais. Cabe ressaltar que a liberação desses metais em aterros ou no ambiente natural tem efeitos duradouros e cumulativos.

Resíduos eletrônicos, como celulares, computadores, carregadores, cabos e eletrodomésticos contêm metais pesados e plásticos de difícil decomposição, podendo, quando descartados inadequadamente, liberar substâncias tóxicas como chumbo, arsênio e berílio. Causam contaminação do solo e da água e poluem o ar se incinerados inadequadamente (queimados).

Escolhas inteligentes podem contribuir para preservação ambiental

Você sabe quanto o consumo do dia a dia impacta o meio ambiente? Cada ação, da manhã à noite, pode gerar mais ou menos danos ambientais

Durante as 24 horas do dia, nas ações mais simples e rotineiras, as pessoas consomem produtos e serviços para satisfazer as suas necessidades ou desejos que impactam o meio ambiente. Desde tomar banho, passando transporte usado para ir à escola e ao trabalho, à escolha dos alimentos, há impactos ambientais. “O consumo consciente estabelece que seja responsável e sustentável, considerando os impactos que gera sobre o meio ambiente, à sociedade e à economia”, define a economista Fernanda Sindelar.

Segundo ela, o consumo consciente pressupõe que as pessoas façam escolhas melhores: “Isto é, que nossa escolha seja por bens mais sustentáveis.” Em termos práticos, sugere que o cidadão escolha produtos com maior durabilidade, produzidos respeitando o meio ambiente, que contribuam para a preservação dos recursos naturais, reduzam desperdícios, evitem exageros, respeitem os trabalhadores. “Ao consumir de

maneira consciente, contribuímos para a preservação do meio ambiente e a uma sociedade mais justa e equilibrada.”

O consumo consciente estabelece que seja responsável e sustentável, considerando os impactos que gera sobre o meio ambiente, à sociedade e na economia.”

Fernanda Sindelar, economista.

Consumo consciente

-  Postergue a compra de um produto novo. Busque oportunidades para retardar o consumo, recorrendo às trocas, reaproveitamento e/ou conserto, buscando usufruir a duração máxima dos produtos.

- Antes de jogar fora um produto que não queira mais, procure doar ou mesmo trocar com alguém. - Verifique a quantidade de energia que um eletroeletrônico ou eletrodoméstico gasta antes de comprá-lo.

- Nas compras, dê preferência a produtos de marcas que se mostrem comprometidas com ações ambientais e sociais e que adotem práticas sustentáveis em sua produção e distribuição.

- Priorize produtos com menor impacto ambiental, como aqueles feitos com materiais reciclados ou de fontes renováveis.

- Priorize produtos que usam embalagens possíveis de reciclar.

Mude hábitos

- Reduza o consumo de papel e opte por documentos digitais quando possível.

- Reduza o consumo de descartáveis, como copos plásticos, optando por alternativas reutilizáveis.

- Transforme as roupas que não servem ou não gosta mais, em outras peças para reutilizá-las. Se tiverem em bom estado, faça uma doação.

Alimentos

- Ao fazer compras, use sacola de pano e evite as plásticas.

- Sempre planeje as compras do dia a dia, como supermercados, feiras e pequenas compras. Assim, evita comprar itens desnecessários.

Resíduos

- Separe o lixo corretamente para reciclagem, garantindo que os materiais recicláveis sejam encaminhados para empresas especializadas.

- Faça compostagem de restos de alimentos e resíduos orgânicos, transformando-os em adubo para jardins e plantas.

- Descarte corretamente materiais eletrônicos e pilhas, que contêm substâncias tóxicas.

Água

- Economize água, tomando banhos mais curtos.

- Feche a torneira ao escovar os dentes e enquanto se ensaboa durante o banho.

- Use água da chuva para regar plantas.

- Ensaboe a louça com a torneira da pia fechada.

- Não utilize mangueira e lava-jatos para lavar casa, calçada ou carro.

Nas compras, dê preferência a produtos de marcas comprometidas com ações ambientais e sociais e que adotem práticas sustentáveis

-  Ligue a máquina de lavar com a capacidade máxima.

- Dê preferência aos alimentos orgânicos e consuma frutas e verduras da época, pois são mais saudáveis e exigem menor uso de agrotóxicos e fertilizantes,

Transporte

- Utilize transporte público, carona ou bicicleta em vez do carro. Sempre que possível, ande a pé.

- Avalie se vale a pena abastecer o carro com álcool em vez de gasolina.

Energia elétrica

- Economize energia apagando as luzes ao sair de um cômodo.

-  Passe a roupa apenas quando houver um volume grande de peças.

- Garanta que ao menos a maioria das lâmpadas da residência sejam de LED.

-  Prefira assistir a televisão junto com outros moradores da casa, para economizar energia.

- Tire da tomada TV, computador e demais aparelhos elétricos que não estiverem sendo utilizados.

- Se possível, use fontes limpas de energia, como a solar.

Você pode ajudar

- Incentive as pessoas com quem convive a adotarem práticas e hábitos conscientes, como economia de água, energia e reaproveitamento de produtos.

- Plante árvores e ajude a cuidar de espaços verdes, contribuindo para a preservação da biodiversidade e a absorção de carbono da atmosfera.

- Apoie projetos de sustentabilidade e empresas que adotam práticas responsáveis.

Regra 3-30-300 pode transformar os municípios

Proposta de planejamento urbano busca garantir árvores à vista, sombra nos bairros e parques próximos para melhorar a qualidade de vida e o clima urbano

Olhar pela janela e ver o movimento da rua, o sol entre as folhas e ouvir o canto dos pássaros. Uma cena que, para muitos, parece exclusiva de cidades do interior, mas que também pode fazer parte da rotina de capitais e metrópoles. É essa a proposta da chamada regra 3-30-300: garantir mais árvores à vista, sombra nos bairros e parques sempre próximos de residências.

A ideia foi criada pelo especialista em florestas urbanas Cecil Konijnendijk, e conquistou o mundo pela simples aplicação e poderoso resultado. Basicamente, a regra afirma que são necessárias três

árvores visíveis de casa, 30% de cobertura de copa no bairro e um parque a até 300 metros de distância. O que parece detalhe urbanístico, na prática, influencia diretamente a temperatura das ruas, a qualidade do ar, a saúde física e até o humor das pessoas. De acordo com o arquiteto e urbanista Lucas Pedó, a regra está atrelada ao conceito de biofilia — a conexão inata entre o ser humano e a natureza — que cada vez mais influencia os projetos arquitetônicos. “A população passou a entender que ter vegetação em diferentes espaços torna os locais mais atrativos. Aquilo que é interessante à nossa casa e aos comércios, também é interessante ao espaço público”, explica. Entre os municípios maiores na região que se preocupam com as áreas verdes, Lucas avalia que Lajeado já deu o primeiro passo ao incluir canteiros nas calçadas. Mas ressalta que o desafio ainda é grande. Afinal, aumentar a presença de áreas verdes não é apenas uma questão estética, mas também funcional. Um exemplo são as chamadas “cidades esponja”, que utilizam vegetação e áreas permeáveis para absorver a água das chuvas gradualmente, reduzindo o risco de enchentes. “Depois das cheias, ficou claro que depender apenas de redes de escoamento não é suficiente. Precisamos pensar em soluções urbanísticas integradas”, afirma.

Incorporar o verde de forma estratégica significa não só embelezar as cidades, mas reduzir custos com saúde

DESAFIOS URBANOS

Nas cidades já consolidadas ou com pouca área livre, aplicar a regra 3-30-300 exige um planejamento técnico e engajamento da comunidade. Neste quesito, “o papel do arquiteto e urbanista é equilibrar os anseios da população, as possibilidades do poder público e as necessidades da cidade, propondo

Em vez de pavimentar rótulas, por que não criar canteiros arborizados e floridos? Há um ganho ambiental e também estético”

Lucas Pedó, arquiteto e urbanista

soluções viáveis e tecnicamente corretas”, afirma Pedó. Entre as medidas possíveis para transformar bairros existentes em ambientes mais verdes e resilientes, o arquiteto sugere coletar a água da chuva nas residências, aumentar a arborização das ruas, preservar espaços para que as árvores cresçam, deixar faixas permeáveis entre o calçamento e a calçada e trocar pavimentações rígidas por materiais que permitam infiltração. “Em vez de pavimentar rótulas, por que não criar canteiros arborizados e floridos? Há um ganho ambiental e também estético”, destaca

UM INVESTIMENTO EM SAÚDE E FUTURO

Mais do que uma recomendação técnica, a regra 3-30-300 propõe uma mudança de mentalidade sobre o que é prioridade no planejamento urbano. Incorporar o verde de forma estratégica significa não só embelezar as cidades, mas reduzir custos com saúde, amenizar extremos climáticos e melhorar a qualidade de vida. O desafio, como lembra Pedó, está em transformar essa visão em prática cotidiana — e isso passa tanto pelo trabalho de arquitetos e urbanistas quanto pelo engajamento da população e decisões do poder público. Afinal, no futuro das cidades, cada árvore pode contar.

MAIS VERDE, MAIS VIDA

Nascentes recuperadas garantem abastecimento

Programa tem dado às famílias a garantia de abastecimento com qualidade em todos os períodos do ano

Aagricultora Josiele Fátima da Silva, 36, moradora na Linha Alto Paredão Pires, em Venâncio Aires, conhece muito bem os transtornos causados pela falta de água. Há 15 anos vivendo na localidade, distante 60 km do centro da cidade, quase na divisa com Boqueirão do Leão, ela, o marido Pedro Jair de Jesus, 39, e a filha Amanda Gabrieli, 12, enfrentaram desbastecimento e os efeitos de consumir água não tratada.

Josiele conta que na sua propriedade havia uma vertente, mas no período de verão, com menos chuva, praticamente secava. O pouco que corria era barrenta. Por vezes, a filha Amanda adoeceu. “Ela tinha dor de estômago, vômito, diarreia”, lembra Josiele. A alternativa era pegar a motocicleta e percorrer 3 km de estrada não pavimentada para buscar água na propriedade onde a mãe morava. No verão de 2024/2025, a agricultora precisou recorrer ao abastecimento por carro-pipa enviado pela Administração Municipal. Estocava em uma caixa d’água de mil litros, entretanto, como parte estava quebrada, enchia só até a metade do reservatório. Depois, Josiele conseguiu, por meio de um programa social, um reservatório de 3 mil litros. Mesmo assim, tinha que racionar para durar até a próxima ida do caminhão-pipa. A solução veio em maio deste

Este programa está sendo de grande valia, porque Venâncio Aires tem historicamente problemas de seca. É extremamente importante que estas pessoas tenham água potável.”

Gustavo Von Helden, secretário de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Bem-Estar Animal

ano por meio do Programa Municipal de Recuperação das Nascentes. A iniciativa envolve a administração pública, Emater, clubes de serviço e parcerias com empresas privadas. Conforme o secretário de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Bem-Estar Animal, Gustavo Von Helden, o programa foi criado em 2019, mas ganhou força a partir de 2021. Este ano chegou à longínqua Linha Alto Paredão Pires.

Desde a implantação, foram recuperadas 46 nascentes e outras 137 estão cadastradas e aprovadas pelo Comitê das Nascentes para receber o programa.

Von Helden explica que o trabalho consiste na identificação da nascente e na obra de proteção, com mínimo

impacto ambiental possível. Engenheiros e técnicos orientam os pedreiros na construção da estrutura de alvenaria e na ligação das caixas d’água. No caso de Linha Alto Paredão Pires, 20 famílias foram beneficiadas. Os extensionistas da Emater acompanham o projeto e instruem os moradores de como fazer tratamento, limpeza e manutenção do sistema. Cada projeto custa em torno de R$ 10 mil, vindos de parceria público-privada.

“Este programa está sendo de grande valia, porque Venâncio Aires tem historicamente problemas de seca. No verão, muitas famílias de localidades mais distantes do centro da cidade têm problema de falta de água. É extremamente importante que estas pessoas tenham água potável”, destaca o secretário.”

RS É O SEGUNDO ESTADO COM MAIOR INCIDÊNCIA

DE DESASTRES POR ESTIAGENS

Segundo Atlas Socioeconômico, no Brasil, no período 1991-2024, foram 32.453 ocorrências de desastres causados por estiagens e secas, sendo que o Rio Grande do Sul foi responsável por 11,98% desses eventos. O estado gaúcho ocupa a segunda posição no ranking de ocorrências de estiagens e secas, atrás somente da Bahia, e na frente de Minas Gerais, que ocupa o terceiro lugar. A maior parte das ocorrências no Rio Grande do Sul, nesse período, se deu no mês de janeiro, seguido de fevereiro e março. Os anos com maiores ocorrências de estiagens e secas concentram-se nos anos de 2005, 2020 e 2023.

SAÚDE ANIMAL TAMBÉM DEPENDE DE ÁGUA LIMPA

O casal de agricultores Teolécia Virgínia Noll, 49, e Anélio Noll, 59, tem 82 cabeças de gado leiteiro. A propriedade, na localidade de São Vitor, em Forquetinha, passou por um período difícil. As vacas não seguravam a prenhez ou davam à luz a terneiros com deformidades. Com auxílio técnico da Emater, concluiu-se que havia contaminação por leptospirose. “Não acreditava que fosse leptospirose, porque não tínhamos ratos na propriedade”, lembra Noll. Entretanto, nas imediações do açude, não raro circulavam ratões-do-banhado. Concluiu-se que o gado era contaminado pela água. A solução veio com a proteção da nascente. “Uma estrutura simples, que leva água para o reservatório e é distribuída para toda a propriedade.” Desta forma, na dessedentação animal é usada água limpa, de qualidade, assim como para todo o uso da propriedade. Hoje o rebanho leiteiro está saudável. “Garantimos um valor agregado.”

ABASTECIMENTO INCENTIVA OUTRAS

AÇÕES NO CAMPO

O engenheiro agrônomo Vicente Fin, chefe do escritório de Venâncio Aires da Emater/RS-Ascar, acompanha programas estaduais de saneamento básico desde meados de 2018, entre eles o de proteção de nascentes. Fin destaca que as famílias atendidas ganham em qualidade de vida. “Elas acabam investindo, também, em pomar, na melhoria da mata ciliar, na jardinagem ao redor da casa. Percebem que agora não têm o problema de desabastecimento, ficam mais felizes.”

Na propriedade do casal Noll, depois da proteção da nascente, produção leiteira é de qualidade garantida

Conforme o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Marcelo Brandoli, no Vale do Taquari, há diversas modalidades de projetos de proteção de nascentes, que ao longo do tempo

vêm beneficiando propriedades rurais por meio de parcerias públicoprivadas. Ele destaca municípios como Arroio do Meio, Imigrante, Roca Sales, Canudos do Vale, Progresso

e Forquetinha. No Vale do Caí, por exemplo, uma parceria com o Sicredi local viabiliza recursos que chegam a 70% do investimento necessário para proteção de nascentes. Para Brandoli,

Saiba mais

• A zona urbana de Venâncio Aires é abastecida pela Corsan. As demais áreas contam com associações hídricas ou poços artesianos.

• Na área rural, em períodos de estiagem, as comunidades sofrem com a escassez, tanto para consumo da família quanto para dessedentação animal, já que muitos açudes secam.

• No sistema de proteção de nascentes, os munícipes não têm nenhuma despesa.

é importante a propriedade ter o abastecimento de água limpa, tanto para o consumo próprio quanto para dessedentação animal e mesmo para irrigação.

Josiele (d) e equipe da prefeitura quando a obra ficou pronta

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