Arena lotada, engajamento dos torcedores e mais equilíbrio financeiro. Transformação no Lajeadense reacende paixão do Vale do Taquari pelo clube. Apesar da desclassificação na semifinal da Divisão de Acesso, resultados em campo são um sinal de que o Alviazul trilha o caminho da sustentabilidade e da profissionalização para manter vivo o futebol no interior.
AGOSTO /2022
ONUNCASENTIMENTOACABA





NÃO OACONTECEUCOMOLEMBRANÇA,SERPARADOCONTINUIDADEGARANTIRTEMOSORÇAMENTO.DURASOUFAZERPODEMOSLOUCURAS.LINHACOMODEALAJEADENSEELENÃOSÓUMACOMLEÃODASERRA.”
PRODUÇÃO EXPEDIENTE COORDENAÇÃOEDITORIAL IMPRESSÃO ARTE DIAGRAMAÇÃOE LautenirJuniorAzevedo
TEXTOS Filipe Faleiro filipefaleiro@grupoahora.net.br Rodrigo Martini, Filipe Faleiro, Caetano Pretto e Alexandre Miorim Grafica Uma/ junto à Zero Hora
DESCLASSIFICAÇÃOÚLTIMO JOGO, NA SEMI FINAL CONTRA O ESPORTIVO, TEVE QUASE 7 MIL TORCEDORES NA ARENA ALVIAZUL, MAIOR PÚBLICO DA COMPETIÇÃO EENTREEQUILÍBRIOPELOFINANÇASOFUTEBOL
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LEANDRA DE NEZ 1ª VICE-PRESIDENTE DO ALVIAZUL
APÓSDECISÃOAQUEDA Em meio à dor daquele 10 de julho, os dias seguintes foram de muitas reuniões. Era preciso deci dir: encerrar o ano e só voltar na Divisão de Acesso de 2023 era uma ELTON DE ANDRADE
MISTO DE SENTIMENTOS. ARENA LOTADA E
BUSCA
Arena tomada de azul e branco. Público estima do em sete mil pessoas no último jogo, maior da Divisão de Acesso e na história do estádio. Nos 90 minutos estava a decisão: vencer por mais de um gol colocaria o time de volta à elite do Gauchão. Desejo presente des deAo2016.término da partida contra o Esportivo foi difícil esconder a frustração. Estava no semblante dos jogadores, da torcida, da co missão técnica, entre os conselhei ros e diretores. Aquele domingo, 10 de julho, foi diferente desde as primeiras horas do dia. O Lajeadense mostrava condi ções para reverter a derrota por 1 a 0 do jogo de ida. Tanto que come çou ganhando. No entanto, o time de Bento Gonçalves soube esfriar o jogo. Conseguiu empatar e adiou o sonho de Lajeado e do Vale do Taquari.Osdias posteriores foram para juntar os pedaços e ressignificar o caminho trilhado até então. Reco nhecer que dos 16 clubes, o Lajea dense era o 13º em termos de recei ta para o futebol. Nos pouco mais de cinco meses de competição, estrutura, operação e elenco foi de R$ 100 mil por mês. “Não gastar mais do que rece be. Isso é importante para todos TORNAR O CLUBE MAIS PROFISSIONAL E SUSTENTÁVEL PARA GARANTIR UM FUTURO SEGURO E PERENE. REESTRUTURAÇÃO DO ALVIAZUL ADOTA CRITÉRIOS DE GESTÃO EMPRESARIAL COMO FORMA DE EQUALIZAR DESPESAS, RECEITAS E CONSEGUIR RENEGOCIAR AS DÍVIDAS. os clubes de futebol. Para nós, é ainda mais”, afirma o presidente, Everton Giovanella. A 1ª vice-presidente e responsá vel pela gestão financeira, Lean dra de Nez, reforça a afirmação. “Não podemos fazer loucuras. Sou linha dura com o orçamento. Te mos de garantir a continuidade do Lajeadense para ele não ser só uma lembrança, como aconteceu com o Leão da Serra”, compara. O Esporte Clube de Encanta do (Leão da Serra), foi o primeiro time de Leandra. Ela começou a acompanhar o futebol ao lado do pai. Ainda criança, ia para o está dio das Cabriúvas. Os anos passa ram, e o envolvimento com o Laje adense foi quase por acaso. “Meu filho estava na base. As fa mílias foram informadas de que o Alviazul não jogaria o campeonato gaúcho de 2018 devido à falta de dinheiro. Fiquei uma noite inteira pensando no que poderia ser feito.” A partir disso, um grupo de oito pais e mães começou uma sé rie de ações voluntárias. Como resultado, as famílias conseguiram custear a competi ção. No ano seguinte, o marido de Leandra, o médico Tamir de Barba, foi convidado pelo então presidente, Alexandre Sebben, para integrar a gestão. “Aos poucos fui me envolvendo, quando vi, estava responsável pe las finanças.” Desde 2018 responde por essa parte no Lajeadense. “Te mos de ter os pés no chão. Man ter o futebol sem endividar ainda mais o clube”, destaca.





Everton Giovanella virou jogador profissional pelo Lajeadense em 1991. Atuou por 38 jogos e foi para o Internacional. Em seguida, se transferiu para a Europa. Terminou a carreira em 2007 e virou dirigente. Essa é a segunda vez que assume a presidência do clube. Nessa nova fase, destaca a importância de dividir responsabilidades e da busca incessante por mais equilíbrio no custeio do futebol e do cuidado com a estrutura da Arena Alviazul. A HORA – Ao assumir, em 2020, o clube estava fechado. Havia menos de 70 sócios, pouca receita e muitas dívidas. Nessa realidade, chegou a temer o fechamento total do GIOVANELLAclube?
“TER BONS RESULTADOS NA ÁREA ESPORTIVA É INSUFICIENTE”
– Não podíamos nem pensar nisso. Encerrar as atividades representa perder a credencial da Federação Gaúcha. Iríamos cair de divisão e para voltar fica ainda mais difícil. Passamos por uma reestrutura ção. Importante destacar o papel do ex-presidente (Alexandre Se bben). Ele se afastou para dar con dições de revisarmos o estatuto. Naquele momento, nos juntamos, organizamos o que era possível, sabendo sempre que era funda mental termos paciência.
EVERTON GIOVANELLA, PRESIDENTE DO LAJEADENSE maior presença do conselho representa à presidência? Quais foram seus primeiros passos quandoGiovanellaassumiu?–Ter mais pessoas no conselho deliberativo, com po der de voto, representa decisões coletivas. Com o resultado da elei ção, meu primeiro movimento foi analisar os nomes para compor é imprevisível. Atleta passar por cirurgias, multas da federação, danos no patrimônio. Há um risco constante de ultrapassarmos o queMesmoprevíamos.assim, sempre tentamos não extrapolar o orçamento. A gestão precisa ser de acordo com a receita. Esse é um suporte ne cessário para fazer o Lajeadense crescer em todas as áreas. Ter bons resultados na área esportiva é insuficiente. Por isso temos um conselho e tomamos de cisões conjuntas. Nossas soluções sempre têm como base o equilí brio entre razão e emoção.
– Com o primeiro passo, de rever o estatuto, se estabeleceu o novo organograma. O que essa
EVERTON PRESIDENTEGIOVANELLADOLAJEADENSE conselho e Começouadministração.nosbastidores, de for ma interna, estrutural. A partir disso, pensamos em divisão por pastas e setores. Nestes dois anos, o trabalho foi muito intenso. A exigência é muito grande. Sempre é bom destacar, todos os conse lheiros e vices são voluntários. Temos três funcionários para o dia a dia do clube.
– As dívidas hoje se aproximam dos R$ 3 milhões. Quais os projetos paraGiovanellaresolver?– Hoje é nossa prin cipal preocupação. Ainda assim, tínhamos de primeiro garantir a sobrevivência do clube. Traba lhamos para estruturar nossas receitas. Ter equilíbrio entre o campo e a gestão. O futebol não pode aumentar nossas dívidas. Com a instabilidade nas receitas, não podemos assumir uma rene gociação das dívidas sem darmos garantias. Neste sentido, temos um projeto imobiliário, para usar parte do patrimônio para abater esse passivo.–Como é possível equilibrar a gestão e o Giovanelafutebol?–Não gastar mais do que recebe. Isso é importante para todos os clubes de futebol. Para nós, é ainda mais. Fácil falar, muito difícil de fazer. Basta uma lesão para mudar tudo. O futebol DO JOGO DECISIVO
COM POSSÍVELDEGARANTIASSEMDASRENEGOCIAÇÃOASSUMIRNÃONASINSTABILIDADEARECEITAS,PODEMOSUMADÍVIDASTERMOSQUESERÁPAGAR
3 alternativa para, inclusive, não in correr em mais des pesas. A paixão falou mais alto. O Lajeadense vai jogar a Copinha (Copa da Federação Gaúcha de Fute bol). Ficar mais seis meses fechado, justo com o exemplo de engajamen to vindo das arquibancadas, deixar esfriar a vibração do torcedor, pare cia errado. O título pode, inclusive, proporcionar o ingresso do Alviazul na Copa do Brasil. “Eu estava entre aqueles que pensava ser melhor não partici par. O conselho decidiu, agora va mos manter. Vamos pegar juntos. Tendo em vista a montagem do elenco, estou muito otimista. Va mos ter um time forte e com chan ces”, estima o vice-presidente de Administração, Tomaz Lopes. Leandra de Nez também votou pela suspensão do futebol no se gundo semestre. “É muito difícil tomar essas decisões. Por um lado o coração fala: vamos jogar, vamos lotar o estádio. De outro, a razão olha para os números e diz: me lhor é economizar para 2023.” Decisão tomada e caso o Lajea dense chegue à final, serão quatro meses. O investimento máximo estipulado é a metade do que foi durante a Divisão de Acesso.
AS PARCELAS.”
CONTRA O ESPORTIVO LUÍSA HUBER
ELTON DE ANDRADE FELIPE NEITZKE COMISSÃO TÉCNICA E DIREÇÃO ANTES
– Como espera ver o Lajeadense noGiovanellafuturo? – Há muito para fazer. Ainda estamos avançan do, nos profissionalizando em diversos setores. Queremos que os próximos presidentes tenham menos dificuldades. A campanha deste ano foi positiva. Quando o futebol vai bem, ajuda muito. Traz engajamento e faz com que os projetos e as ideias para fortale cer o clube tenham mais sucesso.






1 BUSCA PATROCINADORESPOR Com a casa arrumada (receitas e oestabeleceModelocomnegociarargumentosIssodeumequilibradas),despesascria-seambientevirtuosodentroparafora.proporcionamaisparacontratospatrocinadores.degovernançasintoniacomempresariado.
CONSELHO ADMINISTRAÇÃODE (Gestão 2020 a 2023)
CAETANO PRETTO
Resultado de campo condizente com a expectativa da massa. Aliar a isso o esforço constante pelo aprimoramento do quadro associativo. Com organização dentro e fora de campo, há um efeito cascata de mobilização, na comunidade, na imprensa, entre atletas, conselho e diretoria.
ARRUMAR A CASA
VICE-PRESIDENTE, TOMAZ LOPES, ATUOU PELO LAJEADENSE NA DÉCADA DE 80. HOJE, COMO VOLUNTÁRIO, É UM DOS RESPONSÁVEIS PELA TOMADA DE DECISÕES NO CLUBE
PLANEJAMENTOESTRATÉGICO
Recuperar a imagem do clube entre patrocinadores, renegociar as pendências do passado e mostrar à comunidade, torcida e atletas profis sionais a nova organização adminis trativa. Este é o desejo para o futuro. Para tanto, o primeiro passo foi revi sitar o estatuto. De fato, era preciso atualizar o modelo de governança. Os primeiros movimentos come çaram em 2017. Teve como figuras centrais o consultor em Gestão Empresarial, Fernando Röhsig e o promotor de Justiça, Neidemar Fa chinetto. Foram feitas visitas a gran des clubes, como o Internacional e o Grêmio, para conhecer modelos internos e de governança. Esse estudo feito de forma vo luntária tinha como um dos pontos altos a constituição de um conselho deliberativo mais atuante e partícipe nas decisões. Em meio ao processo, chegou o ano de 2020. O baque da pandemia trouxe mais incertezas. O futebol parou, o núme ro de associados despencou pela me tade e a receita mensal era ínfima. Era o último ano de Sebben como presidente.Comoforma de facilitar a transi ção, ele renunciou no último ano de mandato. Assumiu o presidente do Conselho Deliberativo, o professor Erni Röhsig, pai de Fernando. Junto com os demais integrantes, foi apro vada a nova redação do estatuto. O clube deixa no passado a ges tão centralizada no presidente e os conselheiros ganham mais respon sabilidades. Com a eleição, Everton Giovanella assumiu e convidou con selheiros para o desafio de reestru turar o Alviazul. A partir de agosto daquele ano, todas as decisões estra tégicas precisam passar pelo grupo dos cinco, como são chamados o pre sidente e os quatro vices. Esse modelo parte de um orga nograma produzido por Fernando Röhsig. “O projeto tem como base os pilares da governança corporativa”, resume. Para elaborar o conceito, foram pesquisadas referências no Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.Presidente eleito: Everton Giovanella 1ª vice: Leandra de Nez 2º vice: Marcos André 3ªMallmannvice:Ito José Lanius 4º vice: Tomaz Lopes
A fazerinvestimentos.umacomeçareestruturaçãocomprevisãodeSemnovasdívidas e assumir compromissos que não podem ser cumpridos. Todos os balanços financeiros precisam ser aprovados pelo conselho.
O resumo do que foi o ano até aqui passa por transformações iniciadas em 2017 e consolidadas em um dos mo mentos mais difíceis do clube, durante a pandemia. O ex-presidente Alexan dre Sebben defendia uma revisão no estatuto.Apartir disso, se iniciaram análises sobre o que poderia ser feito. Logo de início, se tinha uma certeza: era pre ciso dividir responsabilidades. Neste mais de um século de história, a pala vra do presidente sempre foi o norte para o destino do Alviazul. O sistema centralizado funcionou inclusive nas melhores campanhas da história. Foi assim no título gaúcho do interior e no vice-campeonato en tre todos os times do estado em 2013. A decisão do mandatário se impunha. Por vezes, ele garantia o pagamento da folha e de investimentos. Com a instabilidade do esporte no interior, o rombo nas contas foi uma das consequências. Em dívidas traba lhistas, impostos e acordos não cum pridos, o déficit estimado hoje se apro xima dos R$ 3 milhões. O patrimônio do clube, de toda a área onde está o estádio, é avaliado em R$ 14 milhões. Ainda assim, conse guir usar parte do terreno para abater o passivo perpassa análises jurídicas e burocráticas.“Vamosrenegociar essas dívidas, limpar o nome do clube. Mas só po demos fazer isso, quando tivermos como manter o pagamento mensal das parcelas. Não vamos assumir uma responsabilidade que não podemos cumprir”, destaca o vice-presidente de administração, Tomaz Lopes.
4 TRANSFORMAÇÃO PASSO A PASSO
A área da Arena Alviazul está em um bairro de expansão urbana de Lajeado. Manter o estádio, com água, luz, pintura, manutenções de rotina, gira em torno dos R$ 15 a 20 mil por mês. Nas áreas do entorno estão a esperança para renegociar os quase R$ 3 milhões em dívidas, por meio de um projeto para construção de condomínios. 4 ESCOLINHA, BASE E FORMAÇÃO DE ATLETAS
Dos projetos em execução, este é um dos mais desejados, porém um pouco distante neste momento. Como único clube profissional do Vale do Taquari, atende os critérios da Federação gaúcha para inscrever atletas e torná-los profissionais. Reabrir esses espaços passam por melhorar a condição financeira atual. Há uma discussão para recomeçar as atividades nos próximos anos. 5
2 COMUNICAÇÃO E COMENGAJAMENTOATORCIDA
3 SUPERAVITÁRIOPATRIMÔNIO
SUSTENTÁVELFUTEBOLREALISTAORÇAMENTOE







ETRANSPARÊNCIACREDIBILIDADE
5 NOVO ORGANOGRAMA DO LAJEADENSEASSEMBLEIA GERAL PRESIDENTEADMINISTRAÇÃODELIBERATIVOCONSELHOCONSELHODE+4V.PRES.ELEITOSESTRUTURAPROFISSIONALGERENTEEXECUTIVOADMINISTRADORESCONSULTIVOCONSELHO CONSELHOASSOCIADOSOUVIDOROUVIDORIAFISCALGERAL+ADJUNTOSERVIÇOVOLUNTÁRIO GESTÃOI.VICEFUTEBOLPRESIDÊNCIA II. VICE PRESIDÊNCIA ASSUNTOS ASSOCIATIVOS III. VICE PRESIDÊNCIA ADM. PATR. FINANÇAS IV. VICE PRESIDÊNCIA COMUN./ MARK E EVENTOS V. VICE PRESIDÊNCIA CAT. BASE E RESP. SOCIAL VI. VICE ASSUNTOSPRESIDÊNCIAJURÍDICOS VII. VICE PRESIDÊNCIA GESTÃO E GOV. CORP.
Pelo modelo, se descentralizam as decisões. Os rumos do clube es tão vinculados a assembleia com os associados e a constituição da gestão. “Nosso primeiro ponto foi deixar claro as responsabilidades dos conselheiros”, diz Fernando Röhsig.Oformato tem como objeti vo proporcionar a sustentabili dade do Lajeadense, o tornado mais profissional em termos de gestão, mais transparente para a torcida, patrocinadores e à comunidade, bem como, garan tir equilíbrio entre finanças e atividades desportivas. “Tudo foi pensado para adequarmos a nossa visão do que queremos para o Lajeadense”, diz Fernan doColocarRöhsig. todos os princípios dentro do estatuto. “Estão ali as respostas para a maioria dos nossos problemas”, reforça o atual presidente do Conselho De liberativo, o promotor de Justiça, Neidemar Fachinetto. No documento, constam as di retrizes sobre a formação e atua ção dos conselheiros. Os nomes não são mais fixos de determina da gestão. Há uma renovação de dois terços. Antes mudava tudo e o clube começava do zero a cada mudança, diz Fachinetto. “Tentamos dar estabilidade institucional. O Lajeadense não pode ser uma organização basea da em pessoas. Tem que ter con tinuidade indiferente de quem esteja na administração. Em uma gestão profissional, o dia a dia tem de ter vida própria.” Conforme o conselheiro, este ano é o primeiro em que o mode lo passou a funcionar para valer. “Temos metas, orçamento, des pesas e receitas. Tudo previsto. Caso não atinja, precisamos ado tar outras medidas e promover ações. Tudo para evitar déficit no fim do ano.” Essa estruturação se aproxima daquilo que é aplicado no setor empresarial. “Os patrocinadores entendem isso. Temos de sair da quela ideia de que estão ajudando o Lajeadense. É preciso encarar como um investimento. Os con tratos não são mais no fio do bi gode. Não era ruim. Funcionou por um tempo. Mas esse formato cria uma dificuldade de transpa rência para todos os lados.” Com a reformulação, os con tratos extraoficiais deixam de existir. Inclusive o estatuto obri ga a prestação de contas perió dica. “Todos têm de saber para onde vai o dinheiro investido”, destaca Fachinetto. TENTAMOS INSTITUCIONAL.ESTABILIDADEDAR O LAJEADENSE NÃO PODE SER ADMINISTRAÇÃO.”QUEMINDIFERENTECONTINUIDADETEMPESSOAS.BASEADAORGANIZAÇÃOUMAEMQUETERDEESTEJANA NEIDEMAR FACHINETTO, PRESIDENTE DO CONSELHO DELIBERATIVO
LEDI DE ANDRADE/FOTO VISÃO/DIVULGAÇÃO
LEANDRA DE NEZ RESPONDE PELAS FINANÇAS.
O FUTEBOL NÃO PODE RESULTAR EM MAIS DÍVIDAS, DIZ LUÍSA HUBER ATUAL CONSELHO DELIBERATIVO DO CLUBE







• Grupo de atletas com idade média de 22 anos;
6 EM 2021, DÉFICIT DE R$ 100 MIL
• Hoje são oito patrocinadores Master; • 52 apoiadores no projeto Paixão Alviazul;
Entre as ações estratégicas, a reestruturação do passivo repre senta a consolidação de todas as outras. “O futebol não pode gerar déficit. Ano passado tivemos. O conselho apontou isso. Não pode mos deixar acontecer. Agora, em 2022, precisamos compensar a despesa adicional.” De acordo com Neidemar Fachi netto, pelo balanço anual houve um prejuízo de R$ 100 mil em 2021. Na previsão orçamentária atual, espera-se alcançar R$ 1,2 milhão. “Essa é nossa meta. Não significa que é o que podemos gastar. Só va mos investir no futebol aquilo que conseguirmos arrecadar.” Neste conceito, tanto Fachinetto, quanto Fernando Röhsig, e os vices de administração, Leandra de Nez, Tomaz Lopes e o próprio presidente Everton Giovanella, são unânimes: o custeio operacional do futebol deve estar desassociado do gasto com a estrutura da Arena Alviazul. “Hoje o patrimônio é superavitá rio. No geral, é cinco vezes maior do que o nosso passivo. Mas resol ver as pendências com isso passa por ajustes jurídicos e burocráti cos. Não é simples de resolver em pouco tempo”, frisa o presidente do Conselho Deliberativo.
DARECONSTRUÇÃOIMAGEM
• Em 2020, eram 69 sócios. Pela revisão mais atual, alcançou 190; • Maior público da história da arena: Lajeadense x Esportivo. Em torno de 7 mil torcedores;
PAPEL DO SÓCIO
• Interatividade nas redes sociais com atletas, comissão e diretoria. Comunicação direta a •torcida;Aproximação com os veículos de informação em prol do Clube Esportivo Lajeadense. • Mais de 20 espaços publicitários já negociados na Arena Alviazul.
Nesta divisão entre o cuidado com o estádio e o sustento do fu tebol, o quadro associativo tem uma função vital. É pela receita dos torcedores em dia que virá o equilíbrio, afirmam os dirigentes. Com os patrocinadores, o dinheiro seria destinado à formação do time profissional. O cálculo é simples. Elevar o nú mero de sócios dos atuais 190 para o mínimo de 800. Essa receita con tínua garantiria o fluxo de caixa para as despesas como água, luz, internet, materiais de expediente, pinturas e manutenções periódicas da arena. Pela estimativa dos diri gentes, por ano seriam necessários R$ 200 mil para dar condições de manter os jogos em Lajeado. “Estamos pavimentando um caminho que é sem volta. Agora, imaginar que o futebol sozinho vai manter o patrimônio, ou que o pa trimônio vai manter o futebol é um erro histórico”, frisa Fachinetto. Para ter um clube sólido, é neces sário contar com o apoio da comu nidade. “Ao equacionar as ques tões financeiras, o futebol virá ao natural. Poderemos, inclusive, re tomar a escolinha e as categorias deObase.”último jogo da Divisão de Acesso mostrou essa força. “Há uma paixão latente. O futebol mo biliza e o Lajeadense tem uma mar ca forte. Para termos mais apoio, precisamos mostrar a seriedade destaNestegestão.”mesmo sentido, Tomaz Lopes reforça: “temos um trabalho a fazer. Muitos sócios pensam que a mensalidade é o ingresso. Temos de mudar essa cultura e fazê-los entender que aqueles R$ 50 por mês é um auxílio para os 12 meses.”
MUITOS MENSALIDADEPENSAMSÓCIOSQUEAÉ O INGRESSO. TEMOS DE MUDAR ESSA CULTURA E FAZÊLOS ENTENDER QUE AQUELES R$ 50 POR MÊS É UM AUXÍLIO PARA OS 12 MESES.” TOMAZ LOPES, 4º VICE-PRESIDENTE ENTRE OS 16 CLUBES DA DIVISÃO DE ACESSO O ALVIAZUL TEM UM DOS MENORES INVESTIMENTOS, COM ORÇAMENTO MÁXIMO DE R$ 100 AO MÊS DIREÇÃO ACREDITA QUE AO CONSEGUIR ATINGIR 800 SÓCIOS ATIVOS NO ANO, SERÁ POSSÍVEL CUSTEAR AS DESPESAS NA INFRAESTRUTURA E GARANTIR O FUTEBOL COM INVESTIMENTOS DOS PATROCINADORES ARQUIVO A HORA CAETANO PRETTO MATHEUS PÉ/DIVULGAÇÃO
• Identificação com o clube. Poder de crescimento e engajamento no projeto do clube como pilares da •reconstrução;Emtornode 7 mil seguidores no Instagram em 2020. Em julho de 2022, passou de 14 mil; • Mais de 90% do grupo (divisão de acesso e copinha que está por vir) são gaúchos e/ou já jogaram no futebol gaúcho;





MUDARPRECISÁVAMOSFICAVAMAISEMESTÁDIO.PATROCÍNIOSEALGUMOFERECIADINHEIRO,PINTAVAONOPAGAVAUMA,OUEMVEZES,EASSIM[...].ISSO.” UM
TORCEDOR E VOLUNTÁRIO
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MATEUS DE RESPONSÁVELSOUZAPELOMARKETING QUEREMOS EM
Empresário de Lajeado, Marcos Mallmann, é o 2º vice-presidente do Conselho Administrativo, tam bém diretor de patrimônio do clu be. Na quinta-feira, 11 de agosto, estava junto com o funcionário, o Jacaré, medindo a reposição de uma tela da arquibancada no setor deEx-atletavisitantes.do Lajeadense na dé cada de 1980, foi convidado pelo presidente para compor a direto ria. “Eu havia prometido não me envolver mais. Mas pela serieda de do projeto e pela minha paixão pelo clube, aceitei.”
UM
Pelo conhecimento na área de construção, faz os orçamentos e os contatos com prestadores de serviço para as manutenções de rotina. De acordo com ele, todos os custos fixos e alguns cuidados paliativos na arena custam entre R$ 15 mil a R$ 20 mil por mês. “Te mos um desafio constante. Todos sabem que trabalhamos com difi culdades financeiras. Quando os empresários me veem chegando, já pensam, lá vem ele pedir de novo”,Marcão,brinca.como é chamado pelos amigos dentro do clube, carrega consigo a esperança de não preci sar mais do “0800”. Essa menção ao número de discagens gratuitas serve para identificar as doações. “Queremos em um futuro pró ximo ter um gestão esportiva e financeira profissional para não precisar mais ficar mendigando.” O impacto da pandemia foi dire to nos cofres. Com um clube já en dividado, o número de associados caiu pela metade. Em alguns me ses, a receita ficava em torno dos R$ 1,3 Secretáriamil. do clube, Aline Almei da relembra o momento como o pe ríodo de maior tristeza. “Tivemos de rescindir contratos de jogado res. São trabalhadores, precisam desse dinheiro. Foram muitas noi tes sem conseguir dormir. Só pen sava em como ia ser.” “Não lembro o quanto tínhamos por mês. Mas não era muito mais do que esses R$ 1,3 mil. Compli cado, né”, relembra o 4º vice-pre sidente do Conselho de Adminis tração, Tomaz Lopes. “Assim que assumimos, passamos a nos reunir todas as segundas-feiras. Eram reuniões difíceis, de muito envol vimento para descobrir formas de resolver os problemas.” Justo por essa aproximação, de clareza sobre as responsabilida des do conselho deliberativo e de administração, das decisões pre cisarem ser ancoradas pelo setor jurídico, se pavimentou o caminho para os resultados tanto em 2021 e em 2022, acredita. “Ficamos muito próximos da vaga para a elite por duas vezes. Hoje temos uma comissão técni ca quase permanente e um elenco muito engajado e responsável”, avalia Lopes. Com as condições financeiras em colapso, qualquer ajuda era bem vinda. Por essa máxima, se estenderam práticas passadas. Os espaços de publicidade no estádio eram negociados sem muito crité rio. Não havia tabela de preços. “Se aceitava o que o patrocinador ofe Ajudar o clube. Seja com limpeza, pintura, preparo dos espaços antes dos jogos ou da temporada. Algo comum no cotidiano do clube. Mais recente, Adriano Tiezen se propôs a organizar ações beneficentes da tor cida, bem como estruturar os espa ços de publicidade na arena. “Sempre tive espírito participa tivo, desde de pequeno. Me dispus a ajudar pois era uma área onde o clube tinha carência. Entendo que todos nós que gostamos do clube, podemos e devemos ajudar em áre as onde nós temos condições. Assim o Lajeadense vai crescer.” Virou torcedor em 2010, diz. Po rém, a presença e participação vo luntária veio em 2018, após uma derrota. “Perdemos para o Ypiranga de Erechim, pelas quartas de final do Acesso. Desde lá me aproximei do clube, praticamente não faltei em nenhum jogo em casa.” Aquela decisão foi dolorosa. O La jeadense havia vencido o primeiro jogo por 2 a 0. Na decisão em Ere chim, o Alviazul começou ganhando e tomou a virada. Resultado final 4 a 1 para o Ypiranga. Neste ano, o Acesso não veio por detalhe, lamenta Tieze. “Isso não apaga o ótimo trabalho feito. Em termos de capacidade nós já somos destaque pois sempre fizemos mui to com pouco.” A trajetória trouxe um misto de sentimentos. “Primeiro de alegria por chegar no jogo decisivo, de gratidão a todos que nos ajudaram e também de tristeza por não atingirmos o obje tivo. Ainda assim, o mais importante foi a comoção do Vale do Taquari, que abraçou o clube e mostrou o desejo de ver o Lajeadense lá no alto.”
FUTURO PRÓXIMO TER UM MENDIGANDO.”MAISPRECISARPARAPROFISSIONALFINANCEIRAESPORTIVAGESTÃOENÃOFICAR MARCOS RESPONSÁVELMALLMANNPELOPATRIMÔNIO MARCOS MALLMANN E O FUNCIONÁRIO JACARÉ TIRAM A METRAGEM DA TELA DANIFICADA APÓS O JOGO CONTRA O ESPORTIVO “EU MEPROMETIDOHAVIANÃOENVOLVERMAIS” ADRIANO TIEZE É UM DOS TORCEDORES ENGAJADOS PARA AJUDAR O CLUBE. ASSUMIU DE FORMA VOLUNTÁRIA O PAPEL DE CONTRIBUIR NA ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS DE PATROCÍNIO NA ARENA RECEITA MENSAL PERTO DE R$ 1,3 MIL FILIPECAETANOFALEIROPRETTO
recia”, relembra outro vice-presi dente, responsável pelo marketing e pela comunicação, o empresário Mateus de Souza. “Um oferecia algum dinheiro, se pintava o patrocínio no estádio. Pa gava em uma, ou em mais vezes, e ficava assim. Nem um documento para oficializar o apoio existia. Pre cisávamos mudar isso”, relembra. Esse modelo amador também re caía sobre a confecção da camiseta do Alviazul. Quando a diretoria foi eleita, no segundo semestre de 2020, um dos passos foi criar mo delos de contratos, com pagamen tos mensais. Foram criadas tabe las de preços, revistos os espaços disponíveis na arena, bem como contratos para o uso de marcas no fardamento.





Na infraestrutura da Arena, a parte hidráulica recebe conser tos pontuais. “O ideal seria trocar tudo”, diz. Inaugurada em 2011, apresenta alguns problemas es truturais. Essa parte da tubulação é uma. “Tudo teria de ser com tu bos galvanizados. Na construção, colocamos ferro. Agora vamos arrumando onde estoura.” Na pintura, o trabalho é similar. Con forme Marcão, o orçamento para todo o complexo se aproxima dos R$ 100 Justomil.no momento recente mais difícil, quando o clube fechou du rante a pandemia, toda a fiação elétrica foi furtada. “Tivemos de usar um dinheiro que iria para outros compromissos. Repor tudo para reabrir, passou dos R$ 90 mil”, relembra. Para evitar novos furtos, foi preciso instalar câmeras e alarmes. A direção também con tratou uma segurança privada. No somatório desses dois adicionais, o montante poderia ter garantido a troca da tubulação e a pintura. “Naqueles pequenos investimen tos, os empresários têm nos ajuda do bastante. Mas, se quisermos jogar a primeira divisão, teremos uma necessidade de investimentos mais robustos para garantir segu rança para os atletas e ao público”, ressalta Mallmann.
RENATA LOHMANN
SEMPRE“LAJEADENSEESTEVE
Mateus de Souza aceitou con tribuir de forma voluntária. “O Everton (presidente) é um amigo e cliente da imobiliária. No retor no dele ao comando, começou a se cercar de pessoas à causa Lajea dense.”Aoanalisar o nome dos demais vices e dos conselheiros, aceitou o desafio. “Falam que agora o clube está em boas mãos. Na verdade, o Lajeadense sempre esteve em boas mãos”, realça e complementa: “não é fácil fazer futebol no interior.” Para ele, o clube teve ciclos. Muitos presidentes passaram e se desgastaram perante aos tor cedores e a comunidade. “Tudo passava por ele. Tinha de decidir. Ouço comentários maldosos de que ‘fulano’ meteu a mão, ganhou dinheiro. Agora, dentro do clube posso afirmar: nenhum presiden te ganhou dinheiro com um clube como o nosso. É impossível.” Antes de integrar a gestão, en xergava um clube em dificuldades. “Olhava de fora e só imaginava de cadência.” Essa imagem mudou. “O Lajeadense motiva paixões. O tamanho é imenso por tudo que ele representa para a região.”
FORÇAMARCADA
MATEUS DE RESPONSÁVELSOUZAPELOMARKETING COM O CLUBE FECHADO DURANTE A PANDEMIA, A FIAÇÃO ELÉTRICA DA ARENA ALVIAZUL FOI FURTADA. RECOLOCAR OS CABOS CUSTOU PERTO DE R$ 100 MIL, EM UM PERÍODO ONDE A RECEITA MENSAL ESTAVA EM POUCO MAIS DE R$ 1 MIL FILIPE FALEIRO
PREJUÍZO SURPRESA NA PANDEMIA
EM BOAS MÃOS”
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No marketing, Souza res salta: “o Lajeadense é uma grande marca. Só precisa ser polida, recuperada. É tirar a poeira de cima mes mo.” No RS, a primeira di visão tem 12 equipes e no Acesso são 16, realça Souza. Para ele, é importante comparar. “Dos mais de 490 cidades gaúchas, são apenas 28 clubes profissio muito representativo. Não é para qualquer um.” Dar valor a essa dimen são significa também mu dar o entendimento dos patrocinadores. “Temos de parar de pensar que esta mos ajudando o Lajeaden se. Na verdade, o clube é um instrumento importan te para consolidar marcas. Ser patrocinador é levar o O PARAREPRESENTATUDOIMENSOOMOTIVALAJEADENSEPAIXÕES.TAMANHOÉPORQUEELEAREGIÃO.”
Trabalhar esse sentimento é a missão de Souza. Os patrocinado res que ingressaram nos últimos dois anos têm marcas reconhecidas tanto no RS quanto no país, avalia. “O Lajeadense faz parte deste am biente. De uma região que cresce acima da média”, frisa Souza. Por ser uma camisa reconhecida em nível estadual, é preciso quali ficar as estratégias de marketing, publicidade e comunicação. “Con verso com empresários de outras regiões, e sempre me perguntam: como está o Lajeadense? Em qual quer situação, as pessoas sabem que há um clube profissional.” Para ele, a amostragem dos úl timos jogos da Divisão de Acesso são a prova de que há engajamen to, paixão e potencial. “Outros clubes aqui da região, em Encan tado e Estrela, por exemplo, houve uma perda constante de interesse das pessoas. Aquele sentimento se apagou e agora são clubes que ape nas ficam na memória.”






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CHANCE JUVENTUDEÀ
3. ESTEVINHO, UM TORCEDOR SÍMBOLO, COM A FILHA RECÉM NASCIDA E ASSOCIADA
Desde o período de restrições de vido à covid-19, há três funcionários efetivos. A secretária Aline Almei da, o gerente executivo Luca Lenz e o massagista Cleiber Alves Pereira, o Jacaré.Passaram por momentos dife rentes no clube. Jacaré, natural de Pedro Leopoldo, em Minas Gerais, chegou em Lajeado no fim de 2010. Atuava na base do Cruzeiro, de Belo Horizonte.“OEverton (Giovanella) me convi dou. Nunca tinha viajado de avião. Lá em Minas falavam que o gaúcho é mais fechado, que é difícil aceitar pessoas de fora. Mas quando che guei, foi o contrário. Fui muito bem recebido. Gostei muito, fiquei e sou muito grato por tudo.” Jacaré se tornou uma figura em blemática ao longo destes 12 anos de trabalho. Viveu o apogeu em 2013, a vitória da Recopa Gaúcha, e a queda para a divisão de acesso em 2016. “Quando caímos, foi a pior fase da minha vida. Uma tristeza tão grande. Um clube que a gente se esforça tanto passar por isso. Tive mos de nos adaptar naquela nova realidade. Os salários baixaram, o investimento reduziu muito”, re lembra.Oentão massagista acumulou funções. Hoje é considerado o “faz SINTONIA COM A TORCIDA
NA DESDETORCIDAOBERÇO
ACOMPANHAR MOVIMENTOS DO MERCADO DA BOLA E BUSCAR INFORMAÇÕES SOBRE ATLETAS ESTÃO ENTRE AS FUNÇÕES DO EXECUTIVO
LUCA GERENTELENZEXECUTIVO FILIPE FALEIRO 1. COM O CLUBE FECHADO, TORCIDA SE UNE PARA PINTAR O ESTÁDIO 2. TORCEDORES E CLUBE PROMOVEM AÇÕES PARA AJUDAR NAS FINANÇAS
O NOCOTIDIANOCLUBE
4. ISMAEL BLAU ACREDITA QUE A PARTICIPAÇÃO DA TORCIDA SERA CADA VEZ MAIOR 1 3 2 4
“QUANDO CAÍMOS, FOI A PIOR FASE DA MINHA VIDA. UMA TRISTEZA TÃO GRANDE. UM CLUBE QUE AGENTE DÁ TUDO, PASSAR POR ISSO. TIVEMOS DE NOS ADAPTAR NAQUELA NOVA REALIDADE.” CLEIBER PEREIRA, O JACARÉ FUNCIONÁRIO DO CLUBE Em meio à montagem do elenco para a disputa da Copa FGF, o ge rente executivo Luca Lenz, não sai do telefone. São mais de 100 con tatos por dia, entre consultas ao jurídico, pedido de informação so bre atletas, apuração com algum empresário sobre as condições de determinado jogador. Ele tem 19 anos e, ao que tudo indica, é o mais jovem na função de gerente no futebol profissional do país. Ingressou como volun tário, em janeiro de 2021. “Enviei uma mensagem para o Everton (presidente), pedindo uma opor tunidade. Ele achou que era para jogar, disse que precisava de go leiro”,Naturalrelembra.deLajeado, Lenz tentou ser jogador. “Expliquei que gos taria de fazer parte da adminis tração. Entender o cotidiano, não dentro de campo, mas nos basti dores.”Quando ele ingressou no clu be, era auxiliar de Thiago Matos, então gerente executivo. “Ele me ensinou muito. Mostrou como era o trabalho. Junto com isso, passei a estudar a história do clube e me apaixonei. Dentro de mim cresceu a vontade de ajudar e fazer parte deste momento histórico.” Em novembro daquele ano foi contrato para ser o supervisor de futebol. Organizava as viagens, as estadias, a logística para cada jogo. Antes do início da Divisão de Acesso deste ano foi nomeado como o executivo do clube. “Tenho me preparado muito. Curso duas faculdades, de admi nistração e educação física. Tam bém inicio neste ano o curso da CBF para executivos de futebol. Essa experiência que estou tendo fará muita diferença. Espero cres cer na profissão e contribuir para o Lajeadense retornar à elite do Gauchão.” ESSA EXPERIÊNCIA QUE ESTOU TENDO FARÁ MUITA DIFERENÇA. ESPERO CRESCER NA PROFISSÃO E CONTRIBUIR PARA O LAJEADENSE RETORNAR À ELITE DO GAUCHÃO.”
Outro adepto identificado com o clube é Estevão Seltenreich. Na fa mília, teve tios funcionários do clu be. Isso o levava ao Florestal. É só cio assíduo faz dez anos. Esse amor quer levar para a filha Maria Clara. Ela nasceu em 20 de junho, às 18h17min. Menos de 12 horas de pois, ela se tornou a mais jovem torcedora do Lajeadense. Estevão associou a filha no clube às 10h do dia seguinte. Essa relação pre sente e ativa está na identidade do torcedor. “Hoje eu sou o Es tevinho do Lajeadense. Amo esse clube. Sou amigos de todos, fun cionários, atletas e da comissão. Me sinto privilegiado.”
tudo”. Ele ajuda na limpeza dos alojamentos, corta a grama, marca o gramado, pinta o estádio. “Ajudo em tudo que posso”, resume. Ver o estádio lotado de novo nos jogos decisivos desse ano trouxe recordações. “Foi como na vitória sobre o Internacional no título da Recopa. Ter o torcedor ao lado é maravilhoso. Isso mostra a força do Lajeadense.”Justopor essa presença, pela reestruturação do estatuto e pelo planejamento da gestão, Jacaré des taca: “estamos caminhando, passos pequenos e firmes. Com calma va mos subir. Vamos recolocar o clube na primeira divisão.”
Nos últimos três jogos na Are na, o público total passou dos 12 mil torcedores. “Clubes de cida des com poder econômico seme lhante e com mais população não fizeram isso. O Avenida, o Santa Cruz, o próprio Esportivo. Não re petiram essa presença da comu nidade”, compara Souza. A participação nos últimos jogos desse Acesso vai continuar. É o que acredita o torcedor Ismael Blau. “Momentos de dificuldade todos nós passamos. No futebol é igual. O importante é seguir na luta e não abandonar esta paixão. Não só digo que vai continuar esse engaja mento como vai ser até mais forte porque a torcida quer ver o Lajea dense no topo.” A paixão pelo clube começou aos 11 anos, quando foi no primeiro jogo do Alviazul no Florestal. “Nun ca vou esquecer este jogo. Passei por acaso na frente do estádio de bicicleta, vi muita torcida xingan do, gritando, e fui olhar também. Desde lá, virou uma paixão.” Neste ano, uma imagem dele fi cou marcada. No alambrado, com um sinalizador na mão. A cena virou um símbolo da paixão pelo clube. Ver a repercussão trouxe um sentimento de pertencimento. “É uma emoção muito forte. Não sei explicar. É uma paixão sem limites e também com um compromisso de fazer a galera empurrar o time.”








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PELOS CAMPOS DO INTERIOR
Trabalhar com futebol. Esse sempre foi o desejo da secretária e auxiliar financeiro Aline Almei da. Foi convidada em 2018 pelo ex-presidente Alexandre Sebben para atuar nos bastidores do Laje adense. “Sempre foi um sonho de menina. Superei barreiras, algu mas por ser mulher em um meio dominado por homens, mas conse gui mostrar meu valor e hoje sinto orgulho por fazer parte do clube.” Quando chegou, o Lajeadense es tava em meio às mudanças estatu tárias, relembra: “o Alviazul estava aquém do que temos hoje. No con selho, eram poucas pessoas. Todas decisões dependiam do presidente ou da vice (Leandra). Não havia um grupo tão grande como hoje.” No trabalho, a dedicação ao dia a dia do clube precisa ser in tegral, destaca. “Eu vivo o Lajea dense. Acordo e vou dormir pen sando em como posso melhorar e ajudar o clube. Os resultados em campo em 21 e 22 servem de referência. “Não subimos, mas mostramos a força do time. O que poucos sabem é que o futebol vai muito além dos 90 minutos. Há muitas pessoas importantes nos bastidores e os erros fora de cam po interferem nas partidas.”
O futebol profissional em times das divisões de acesso pelo país tem uma realidade distinta das equipes de elite, em especial na comparação com os vencimentos dos atletas. No Lajeadense, o salá rio mais elevado do elenco hoje é de R$ 3 mil. Com restrições para investir em atletas com mais rodagem e experiência, a média de idade dos jogadores na divisão de acesso foi de 22 anos. Apesar do grupo jo vem, a relação interna se tornou um diferencial da equipe, afirma o técnico Gelson Conte. Na comissão técnica, o roupeiro Marco Aurélio Ribeiro de Melo, o Marcão, também atesta essa pro ximidade dentro da equipe. Vindo do Internacional, ele atuou 15 anos nas categorias de base do time de Porto Alegre. “No ano passado, o clube demitiu 400 funcionários. Eu estava nesta lista. Então tive a opor tunidade de vir para o Lajeadense.”
VI UMA PAIXÃO QUE EU CONHECIA.NÃOÉ UM GRANDE LAJEADENSE.”PARTICIPARORGULHODO MARCO AURÉLIO DE MELO ROUPEIRO A chegada foi repleta de sur presas. “Um elenco muito jovem, poucos experientes. Ainda assim, um ambiente muito bom. Logo nos primeiros treinos, percebi que eram atletas muito técnicos e comprometidos”, relembra. Com as vitórias nas primeiras partidas da Divisão de Acesso, a O ROUPEIRO MARCÃO ATUOU NO INTER POR 15 ANOS. NO LAJEADENSE, SE SURPREENDEU COM O ENGAJAMENTO DO ELENCO, DOS DIRIGENTES E COM O AMOR DA TORCIDA NO COTIDIANO, A DEDICAÇÃO PRECISA SER INTEGRAL, DIZ A SECRETÁRIA ALINE ALMEIDA FALEIRO LUÍSA HUBER FILIPE FALEIRO EDUARDO DORNELESELTON DE ANDRADE ELTON DE ANDRADE
confiança aumentou. “Vimos que iríamos nos classificar.” Esse comprometimento ficava mais latente após resultados nega tivos. “Depois de qualquer derrota, havia um sentimento muito forte. Todos pegavam junto, se concentra vam para evitar os erros.” Após a classificação nas quartas de final contra o Glória, havia a sensação de que era possível con seguir o acesso à elite do Gauchão. “Tínhamos convicção de que pode ríamos vencer. Víamos nossa cam panha e a forma com que atuáva mos. Futebol é assim. Infelizmente não conseguimos, mas saímos de cabeça erguida.”
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SONHO CRIANÇADE







FAMÍLIANOVA
O zagueiro Eduardo Bickel, 26, é outro formado no clube. Está no Lajeadense desde 2013. Sofreu uma lesão séria, fraturou a tíbia e está em recuperação. Não joga faz quase dois anos. “Em todos esses anos que estou aqui, sempre con tei com o apoio da comissão téc nica, dos dirigentes. Estou quase pronto para voltar.” Ver o time de fora do campo é uma das piores sensações, conta. “Não sei ser torcedor. Sofro de mais, fico muito nervoso. Minha vontade é estar perto do time, seja ajudando em campo ou dan do apoio do banco mesmo.” Para ele, o fim do Acesso deste ano deixou marcada em cada jo gador as imagens da torcida. “Me recíamos ter passado. Por tudo que foi construído ao longo do ano. Foi muito bonito ver o estádio cheio. Tenho certeza que isso vai se repe tir e vamos sempre lutar para reco locar o Lajeadense na elite.”
A Arena Alviazul lotada foi marcante para Marcão. “Nunca tinha passado por algo assim. No Inter era diferente, um relação mais impessoal. Aqui o grupo é muito próximo, a torcida nos co nhece e participa. Vi uma paixão que eu não conhecia. É um gran de orgulho participar do Lajea dense. A gente se sente parte de umaEssafamília.”referência também apa rece nos depoimentos dos atle tas. O volante Igor Cambraia, 26, é um deles. Natural de Porto Alegre foi da base do Grêmio. Profissionalizou-se em 2014 no Juventus de Jaraguá do Sul, Santa Catarina. As decepções no futebol fizeram ele desistir do sonho de ser jogador. Tinha abandonado os campos quando, em 2018, foi convidado pelo ex -presidente, Alexandre Sebben, para ser atleta do Lajeadense. Naquele ano, jogou 19 parti das na Divisão de Acesso e re descobriu a paixão pelo espor te. O desempenho rendeu uma oportunidade em Portugal. Jogou o ano seguinte e voltou devido a pandemia. Na Europa, o futebol havia sido suspenso. Ao acertar o re torno ao Alviazul, foi a vez das restrições por aqui. Ficou na ponte aérea Brasil e Portugal até 2021. “O Lajeadense signifi ca muito para mim. Foi o clu be que me abriu as portas. Sou muito feliz no Alviazul. Temos uma família aqui.”
AMOR PASSADO POR GERAÇÕES
Um dos destaques do Acesso deste ano, atacante Ariel da Rosa, 24, reforça a afirmação dos colegas sobre o ambiente interno positivo e ainda destaca o impacto das rees truturações administrativas para os atletas. “Os dirigentes sempre foram muito transparentes. Nos comunicavam as condições e cum priam aquilo que foi combinado.” O jogador chegou em 2016 ao clube. “Eu era uma criança. O meu sonho de viver do futebol começou no Al viazul. Por tudo isso, o Lajeadense é o meu time do coração.”
No ano em que Ariel passou a fazer parte do clube, havia em cur so uma turbulência que culminou com a queda no Gauchão. “Peguei a pior época”, resume. As coisas co meçaram a mudar no ano seguinte. Assinou o primeiro contrato como profissional e o desempenho de Ariel o levou para o Grêmio. Natural de Erechim, o jogador retornou para o Acesso em 2021 e ficou também neste ano. “Foram duas boas campanhas. Fomos eli minados por uma circunstância. Cometemos deslizes durante o jogo e não conseguimos manter a vantagem. Mas tenho certeza que logo o Lajeadense vai estar na eli te do Gauchão.”
EDUARDO BICKEL JOGADOR FORMADO NO LAJEADENSE [...]SABER DO AMOR DO MEU AVÔ PELO CLUBE. SENTIMENTO QUE ELE PASSOU PARA O MEU PAI. QUANDO VISTO ESSA CAMISETA, PENSO EM HOMENAGEAR A MINHA FAMÍLIA.” LUCA JOGADORGIOVANELLA,DOALVIAZUL O ZAGUEIRO EDUARDO SE PROFISSIONALIZOU NO ALVIAZUL FILIPE FALEIRO LUÍSA HUBER CAMBRAIA SOFREU UMA LESÃO NO JOELHO E ESTÁ EM RECUPERAÇÃO MATHEUS PÉ/DIVULGAÇÃO FILHO DO PRESIDENTE, NETO DE HÉLIO GIOVANELLA, LUCA ESTÁ NO ELEITO À COPINHA
NÃO SEI BANCOOUAJUDANDOPERTOVONTADENERVOSO.DEMAIS,TORCEDOR.SERSOFROFICOMUITOMINHAÉESTARDOTIME,SEJAEMCAMPODANDOAPOIODOMESMO.”
CUMPRIR A PALAVRA
Para o futuro, Luca deseja ver um clube estruturado, sustentável e na elite do futebol gaúcho. “Nos últi mos dois anos não conseguimos o Acesso. Mas o elenco percebe o es forço para cumprir com tudo que foi combinado. Essa informação sobre a gestão chega nos atletas. Eles sabem que poderão jogar aqui e a direção será correta com eles.”
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O meia-atacante Luca Giova nella nasceu em uma família his tórica no Alviazul. O avô, Hélio, foi presidente. O atual, Everton, é o pai dele. Começou no esporte na Europa. Só foi vestir a camiseta do Lajeadense em 2021. “Foi diferente. Saber do amor do meu avô pelo clu be. Sentimento que ele passou para o meu pai. Dentro de casa sempre tivemos o desejo de ajudar o clube. Quando visto essa camiseta, penso em homenagear a minha família.”





FAZER FUTEBOL NO INTERIOR
EPRESENTEPASSADO,FUTURO
FILIPE JORNALISTAFALEIRO
CAETANO PRETTO
ENTREVISTAENTREVISTA
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nome. Vestir uma camiseta dos grandes, ganhar títulos e virar destaque na Europa. Um roteiro para poucos. A grande maioria dos jogadores no país convivem em outra realidade. Mais de 55% dos atletas profissionais ganham um salário mínimo por mês. Aqueles que recebem mais de R$ 5 mil alcança 12% dos mais de 30 mil atletas vinculados a alguma competição da CBF. Esses números ajudam a entender um pouco a realidade dos clubes pequenos. No interior do Rio Grande do Sul, a maioria das agremiações fun cionam apenas durante o campeonato estadual. Depois, ficam sem competições e fecham. Afora tais condições, o futebol é mais do que um esporte. Tem junto uma paixão. Um senti mento difícil de explicar. Ele mobiliza, aproxima e movimenta a comunidade. Seja entre amigos, na família ou nos encontros de fim de semana, o assunto está sempre presente. No Vale do Taquari, essa ligação entre sociedade e esporte está na identidade regional. Em um pas sado não tão distante, a região chegou a ter três clubes profissionais. Hoje o Lajeadense carrega esse legado e se mantém apesar das dificuldades. Por este contexto, de reconhecer a importância do clube à comunidade regional, o Documento A Hora buscou mostrar o esforço de diferentes esferas sociais. O objetivo visa garantir profissio nalização, sustentabilidade e resultados para o Alviazul.Umclube com 111 anos, um dos 25 mais antigos do Brasil. O Alviazul é grande, tem torcida e pes soas engajadas para garantir a continuidade dessa história.
PALAVRA DO
O futebol faz parte aestádioção.sucessosernaVivermilharesRepresentapopular.imagináriodoosonhodedecrianças.doesporte,estarvitrinedomundo,reconhecido,tereadmiraEntraremumlotado,comtorcidagritandooseu
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– De que maneira é possível multiplicar esses esforços?Conte– Precisamos ter inteligência de conseguir explanar, de nos comunicar de forma efetiva com os atletas, com a torcida, apoiadores e patrocinadores. Há uma cul tura imediatista no futebol. Os resultados de campo, muitas vezes, são os principais indicadores para avaliação de um trabalho. Em diversas vezes, essas foram as princi pais preocupações para diversos clubes. O impacto vai direto com um rombo nas finanças. Vimos clubes grandes passando por isso, como o Cruzeiro de Belo Horizon te, por exemplo. – Os resultados na divisão de acesso em 2021 e em 22, em especial, tem ligação com essas mu danças no conselho e na gestão do clube? Junto com isso, como gostaria de ver o Lajeadense no futuro?Conte – Fazer futebol no interior é com plicado. Ainda assim, também é um desafio muito bom. É preciso aliar a parte financei GELSON CONTE, TÉCNICO DO LAJEADENSE ra com a organização, planejamento e com os resultados. Nas duas últimas divisões de acesso, começamos como uma equipe com menos investimentos do que as demais. Ainda assim, conseguimos manter um bom nível. Cometemos alguns erros. Em decisões não se pode errar. Ainda assim, tivemos um grupo permanente, com pessoas identifi cadas com o clube. Junto com isso a gestão geral presente e preocupada com a conti nuidade do clube. Por todos esses movimentos, eu desejo ver o Clube Esportivo Lajeadense na série A do fute bol gaúcho e, quem sabe, disputando alguma competição nacional. Com estabilidade em to dos os setores. Até lá, espero ter dado minha contribuição.
RESULTADOS.”EPLANEJAMENTOCOMPARTEÉDESAFIOASSIM,COMPLICADO.ÉAINDATAMBÉMÉUMMUITOBOM.PRECISOALIARAFINANCEIRAAORGANIZAÇÃO,COMOS “PRECISAMOS ENTENDER O PROJETO E PREOCUPAÇÃOADO CLUBE”
As transformações no modelo de gestão, na forma de fazer e investir no futebol, precisam contar com o alinhamento da comissão técni ca, acredita o treinador Gelson Conte. A Hora – Como essa busca por mais profis sionalização administrativa, de planejamento estratégico e sustentabilidade interfere no futebol?Gelson Conte – Em um primeiro momento, há sim um impacto enorme sobre o esporte e a montagem do elenco. Precisamos enten der o projeto e a preocupação do clube. Às vezes, é necessário nos sujeitar ao cenário de reorganização, algo tão necessário para que qualquer agremiação consiga se tornar sustentável para que não tenha de fechar as portas em um futuro próximo.




