AH - Conexão| 07 de setembro de 2016

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Quarta-feira, 7 de setembro de 2016

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Feira do Livro instiga culturas e práticas Entre os espaços oferecidos à leitura e à arte estão a Rua de Eventos e Casa do Museu ANDERSON LOPES

Arroio do Meio

A

impressão é que ninguém sai da feira sem levar um livro. Isso porque os valores são meramente simbólicos. Há publicações a partir de R$ 1. Na 26ª edição, a Feira do Livro explora ambientes diferentes, embora a Rua de Eventos seja o principal local de atração. É lá que se encontra a maior concentração de público. No Palco de Talentos, artistas locais apresentam peças de teatro. Pela Praça Flores da Cunha, ambientes organizados oferecem espaços como o Salão Estudantil de Arte. Arbustos e vegetação local se fundem com trabalhos de artistas plásticos. No subsolo do Salão Paroquial, crianças assistiam à história viva da escritora e ilustradora Mônika Papescu. A forma de contar o livro foi acompanhada de figuras coloridas que ocupavam os cavaletes das obras, sistematicamente. As mensagens singelas estavam carregadas de sentidos e lições de vida. No conto, dois peixes de cores diferentes: vermelho e verde. E todas as adversidades impostas quando se deparavam com a diferença. Ambos acusavam-se de não serem peixes. “Até que um deles encontra o amor em uma peixinha de outra cor. Ao se ‘apeixonarem’ tiveram filhos multicoloridos, tornando o mar repleto de diversidade”, conta.

Do livro à prática: oficina de cerâmica é o ápice da série histórica sobre a cultura indígena milenar

No Clube Esportivo, as bancas registravam grande concentração de alunos. Aglomerados em editorias infanto-juvenil, observavam as obras mais requisitadas por essa faixa etária. Autentic Games, Diário de um Zumbi do Minecraft, Larissa e Manuel, e Cúmplices de um Resgate estavam entre as publicações preferidas. De acordo com a secretária de Educação interina, Naiara Regina Tres, o feriado de hoje promete lotar a feira, que fica aberta até as 20h. Os cerca de 15 mil livros distribuídos entre as nove livrarias ofe-

Estamos afastados da nossa essência. A tecnologia que veio para facilitar [...], mas não está funcionando

Cláudia Jung Professora

recem valores menores. “Temos livros consignados, direto das editoras”, afirma. O movimento dos estudantes garante boas vendas, mas a vinda dos pais, no feriado, é a expectativa de movimento maior.

Cerâmica indígena histórica Na Casa do Museu, a professora de História Carla Schoeder inicia os visitantes a uma incursão de milhares de anos acerca das cerâmicas indígenas. “São materiais até hoje preservados que mostram a identidade de

um povo, além das versões escritas dos jesuítas.” Depois de ver os objetos históricos de barro, os alunos se encaminham à oficina de Cerâmica. A professora e ceramista Cláudia Jung inicia os alunos em técnicas primitivas, que, segundo ela, são fundamentos usados até hoje para fabricar vasos. Ao pôr a mão na massa, conforme Claudia, os alunos aprendem o cordelado, estrutura básica para se fazer uma vasilha. Para ela, a prática é uma terapia. “Tenho turmas da saúde mental e percebemos como se acalmam ao lidar com a argila.” Salienta que o barro é fonte de elétron e atrai a carga negativa do corpo. “Faz uma espécie de regressão, traz de volta a infância, é uma terapia.” Conforme Cláudia, o ser humano deve se reaproximar dessas técnicas primitivas. “Estamos afastados da nossa essência. A tecnologia que veio para facilitar e com isso termos mais tempo, mas não está funcionando.” Durante o processo de fabricar uma vasilha, os alunos escutam a história. “Os índios guaranis acreditavam na terra sem mal, onde havia tudo o que o humano precisasse. Hoje é preciso que as crianças entendam a origem das coisas, tanto nos livros quanto na prática”, conclui.


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