“Nossa sociedade perdeu muitos valores” Dom Aloísio defende a participação de todos na vida da igreja. No entanto, demonstra preocupação com a violência e a perda de valores como a dignidade entre a população. Fim de semana, 27 e 28 de agosto de 2016
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Franciscano assume comando da diocese Posse de dom Aloísio ocorre neste domingo DIVULGAÇÃO
Vales do Taquari e Rio Pardo
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Diocese de Santa Cruz do Sul estará sob novo comando a partir deste domingo. A cerimônia de posse de dom Aloísio Dilli ocorre a partir das 16h, na Catedral São João Batista. São aguardados mais de três mil fiéis, todos os padres das paróquias locais, bispos das 18 dioceses do estado e o arcebispo da Província Eclesiástica de Santa Maria, Hélio Adelar Rubert. Dilli foi nomeado em julho, como sucessor de dom Canísio Klaus que retornou à diocese de Sinop em Mato Grosso. Após a saída em março, o padre Zeno Rech estava na gerência da diocese. Aos 68 anos, natural de Poço das Antas, Dilli estava à frente da diocese de Uruguaiana por nove anos, composta por 16 paróquias. Morando no bispado de Santa Cruz do Sul desde essa terça-feira, o religioso de voz tranquila e jeito modesto afirma que buscará conhecer a realidade local e se integrar à comunidade. Só depois desenvolverá projetos, a exemplo do que fez em Uruguaiana, onde realizava ações sociais com catadores de resíduos. “Chego para dialogar, ouvir e destacar os ensi-
Quem é dom Aloísio Dilli? Dom Aloísio – Sou de família modesta, nasci no interior. Aos 11 anos, entrei no Seminário São Francisco de Assis, em Taquari. Sou uma pessoa simples, que tenta dialogar e caminhar junto. Chego de mala e cuia para somar, dar seguimento ao trabalho, assim como um barco que é ancorado no porto e o capitão deixa o comando e outro assume o posto. O bispo deve falar em nome de Deus, celebrar a vida. O pastor precisa estar presente na comunidade, observar e conhecer a realidade na qual está inserido. Como estimular a formação de novos padres, diáconos e ministros? Dom Aloísio – Quero me aproximar mais das pessoas e entender suas necessidades. Precisamos buscar a formação de novos líderes e valorizar quem assume uma missão dentro da igreja. Todos ajudam a somar. É fundamental trabalhar a unidade. Qual o principal desafio? Dom Aloísio – Aprender a viver com menos, o suficiente para sermos felizes. A humanidade vive um ponto de sua história em que perdemos muitos valores. Olha quanta violência. Quanto está valendo a vida? Perdemos a dignidade e, quando isso está em falta, sobra muito pouco da vida. Nosso desafio é buscar os jovens, falar a língua deles, conviver com eles. Valorizá-los. Assim como cuidar da natureza. Estamos depredando nosso planeta.
Dilli defende uma igreja mais próxima das pessoas. Ele vai gerir 52 paróquias
Perdemos a dignidade e, quando isso está em falta, sobra muito pouco da vida. Dom Aloísio Bispo
namentos de Deus.” Dilli será o quarto bispo da diocese. O primeiro foi dom Alberto Frederico Etges, que ocupou o cargo entre 1959 e 1986. Foi sucedido por Aloisio Sinésio Bohn, entre o dia 31 de agosto de 1986 e 19 de maio de 2010. Seu sucessor foi Canisio Klaus, que tomou posse em 18 de julho de 2010. A Diocese de Santa Cruz do Sul é formada por 51 paróquias, em 40 municípios. Reúne 1,1 mil comunidades, 430 mil fiéis e em torno de 70 padres, além de diáconos, ministros e religiosos que ajudam na evangelização.
Saiba mais Aloísio Dilli é natural de Poço
Considerações finais Dom Aloísio – A igreja deve ter vida e, portanto, precisamos ser criativos. Dialogar, conviver e entender a realidade é muito importante.
das Antas, no Vale do Taquari. Nasceu em 21 de junho de 1948. Aos 11 anos, ingressou no seminário São Francisco de Assis. Fez o noviciado no seminário São Boaventura de Daltro Filho, em 1970. No ano seguinte, entrou no curso de Filosofia da Faculdade Nossa Senhora da Conceição, em Viamão. Estudou no Instituto de Teologia da PUC, em Porto Alegre, em 1973. Fez mestrado em Liturgia no Pontífico Instituto Litúrgico de Roma. Foi ordenado padre em janeiro de 1977. Atuou em Taquari, no convento em Daltro
Filho, em Arroio do Meio e Porto Alegre. Em 2007, foi nomeado bispo da Diocese de Uruguaiana. Na juventude, já ordenado, foi jogador de futebol. Atuou na posição de centroavante no Riograndense de Daltro Filho, em Imigrante. “Simpatizo mais com o internacional, mesmo com toda essa crise (risos), mas não deixo de torcer pelo Grêmio. Sou gaúcho e torço pelo esporte.” Mantém perfil no Facebook, preocupa-se com o meio ambiente e defende uma igreja mais próxima das pessoas.