A Hora - 31/10/2022

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OPINIÃO

Região apreensiva

Maioria

OPINIÃO

Vitória no detalhe

Nenhum

OPINIÃO

“Lulinha paz e amor”?

Espera-se

AVISO AOS LEITORES

Devido

Na disputa

com desafio de diminuir a divisão na sociedade

tucano se compromete em manter austeridade e priorizar a educação

ANÁLISE, CURADORIA E OPINIÃO DE VALOR Edição especial | Segunda-feira, 31 outubro 2022 | Ano 20 - Nº 3203 | R$ 4,00 (dia útil) R$ 7,50 ( m de semana) grupoahora.net.br Caderno especial destaca as principais demandas regionais nas áreas de Educação, Saúde, Agronegócio, Política Econômica, Infraestrutura, Turismo, Governança e Segurança. No estado, um dos desafios é refazer o plano de concessão das rodovias do bloco 2 e acolher os pedidos do setor produtivo local. Em nível nacional, reformas administrativa e tributária são necessidades urgentes. CADERNO | ESPECIAL DEMANDAS REGIONAIS O que o Vale espera dos próximos governantes Líderes elencam prioridades à região e que precisam estar no escopo dos projetos eleitos 51 99253.5508 51 3710.4200 FAÇA SUA ASSINATURA EXPECTATIVA Lula vai ao 3º mandato. Leite é o 1º reeleito no RS Com vantagem de menos de dois pontos percentuais entre os votos válidos, Luiz Inácio Lula da Silva volta ao Palácio do Planalto após a eleição mais parelha da história do Brasil. No Vale, porém, petista venceu em apenas uma cidade e perdeu nas outras 37. No Rio Grande do Sul, Eduardo Leite quebrou paradigma estadual de nunca reeleger governador em virada histórica sobre Onyx Lorenzoni, que havia liderado o primeiro turno. Diferença no segundo turno foi de quase 15 pontos percentuais.
mais acirrada da história do país, candidato do PT volta à presidência
e não cometer mesmos erros do passado. No estado,
| RODRIGO MARTINI
candidato a presidente merecia ganhar no primeiro turno.
| FERNANDO WEISS
no Vale estava com Bolsonaro, o que cria ressaca significativa.
| FABIANO CONTE
de Lula que não use o rancor para governar um país dividido.
ao feriado desta segunda, 31, A Hora volta a circular na quarta, 2.
MAURICIO TONETTO/DIVULGAÇÃO RICARDO STUCKERT/DIVULGAÇÃO

Um país dividido

Após a eleição mais polarizada da história do Brasil, a sociedade terá de superar a cisão provo cada pelo pleito e se mobilizar pelo distensiona mento político. A rivalidade e o extremismo, de grupos ligados a ambos os lados, chegaram a pa tamares preocupantes e precisam ser dissolvidos, sob pena de afundar o país em uma crise institu cional sem precedentes.

Vale lembrar que o esforço pela reunificação só será possível pelo exemplo dos líderes eleitos e derro tados nesse domingo. Cabe ressaltar ainda que o pro jeto vencedor terá de governar para simpatizantes e adversários e que os problemas mais graves só serão solucionados com o mínimo de harmonia e diálogo entre as forças políticas predominantes.

Independente da insatisfação de grande parte da sociedade com os resultados, em especial para a presidência da República, em que a diferença foi mínima, respeitar a escolha da maioria é o primeiro passo. Reconhecer a legitimidade do projeto eleito é crucial e isso está longe de significar a perda da criticidade, dos questionamentos e das contesta ções sobre os rumos do país. Aos eleitos, cabe a res ponsabilidade de não repetir os erros do passado.

“O progresso não depende somente dos representantes políticos”

Aos19anos,alajeadense Poliana Schneider participoudasEleiçõespela primeiraveznesteano. Além de votar, a estudante deengenhariaquímica também foi convocada parasersecretáriano primeiroesegundoturno. Para ela, cada vez mais os jovensdevemdefender suasideologiasedar atençãoàpolítica.

Esta é a primeira vez que você vota. Qual a importân cia desse momento?

Sim, esta é a primeira eleição que par ticipo. Acredito que, no Brasil, exercer a cidadania é extremamente importante, principalmente entre os jovens, visto que devemos defender nossas ideologias e buscar maior participação política a cada eleição.

A partir da perspectiva do Vale, a cobrança e o monitoramento de todos os temas que interessam ao desenvolvimento regional devem seguir firmes. Sem deputados locais eleitos, aumenta a responsa bilidade das entidades representativas, sociedade em geral e imprensa, que precisam assumir esse papel para reivindicar e pressionar os governos no que tange às bandeiras da região.

Para contribuir com essa vigilância no novo ciclo de mandatos que iniciam em 2023, tanto em nível nacional como estadual, acompanha esta edição especial do Jornal A Hora o caderno “O que o Vale espera dos próximos governantes”. O material reúne análise de líderes nos mais diversos setores da gestão pública para elencar aquilo que deve ser prioridade na defesa das pautas regionais.

Além disso, foi chamada para trabalhar. Qual a sua função?

Fui convocada para ser secretária. No primeiro turno foi um pouco desafiador, já que não tinha experiências. Porém, com o treinamento e o auxílio dos outros componentes de mesa, no segundo tur no foi mais tranquilo.

Durante o trabalho como secretária, presenciou algu ma situação curiosa?

Com o decorrer do período de votações pude perceber que a informação sobre o documento com foto foi uma das coisas que não atingiu grande parte dos cida dãos desta sessão. Alguns não votaram devido à falta de documento. A biometria foi algo que trouxe atraso nas filas para a votação devido ao terminal eletrônico. Desta forma, muitos se sentiram insatis feitos com a grande fila de espera.

Vivemos neste ano um mo mento de muita polarização na política. Qual a sua opinião sobre isso?

Acredito que, ao contrário do país demo crático em que vivemos, muitos votos fo ram influenciados, não por ideologias, mas sim por rivalidades políticas. Por nomes de candidatos e não por propostas futuras as sociadas ao desenvolvimento do país.

Na sua opinião, quais as principais demandas do povo hoje?

O brasileiro sempre clama pelo progresso e desenvolvimento do país, porém em meio ao momento político, vivenciamos grandes projetos e a visibilidade do público necessi tado foi deixada de lado. Vivenciamos anos de crise em meio à política, educação, eco nomia, segurança e saúde. Assim, acredito que precisamos de um desenvolvimento voltado não somente ao todo, mas sim ana lisando as necessidades dos municípios.

O que espera do governo nos próximos anos?

Independente da minha ideologia po lítica acredito que quem assumir o cargo de governador do estado e presidente deve atender o público de forma a assistir este por inteiro, analisando as maiores deman das do estado, do país e assegurar, acima de tudo, o desenvolvimento dentro da saúde, educação, economia, segurança.

Como imagina o Brasil daqui a quatro anos, na hora de ir às urnas outra vez?

Acredito que o progresso do país e do estado não depende somente dos repre sentantes políticos que ocupam os cargos no país, desta forma visualizo um país in dependente de quem esteja no governo. Sabemos das grandes dificuldades que o Brasil enfrenta atualmente. Cobrarmos dos representantes políticos é uma forma de exercermos a nossa cidadania. O voto é extremamente importante.

2 | A HORA EDITORIAL
ABRE ASPAS
Reconhecer a legitimidade do projeto eleito é crucial e isso está longe de significar a perda da criticidade, dos questionamentos e das contestações sobre os rumos do país”
Segunda-feira, 31 outubro 2022 Os artigos e colunas publicados não traduzem necessariamente a opinião do jornal e são de inteira responsabilidade de seus autores. Impressão Zero Hora Gráfica Filiado à Fundado em 1º de julho de 2002 | Vale do Taquari - Lajeado - RS Diretor Executivo: Adair Weiss Diretor de Mercado e Estratégia: Fernando Weiss Diretor de Conteúdo Editorial: Rodrigo Martini Contatos eletrônicos: Av. Benjamin Constant, 1034, Centro, Lajeado/RS grupoahora.net.br / CEP 95900-104 assinaturas@grupoahora.net.br comercial@grupoahora.net.br faturamento@grupoahora.net.br financeiro@grupoahora.net.br centraldejornalismo@grupoahora.net.br atendimento@grupoahora.net.br Editor-chefe da Central de Jornalismo: Alexandre Miorim FAÇA SUA ASSINATURA 51 3710-4200
Bibiana Faleiro bibianafaleiro@grupoahora.net.br ARQUIVO PESSOAL
A HORA | 3Segunda-feira, 31 outubro 2022

Lula vence com a menor diferença da história

Campanha marcada pelo radicalismo se confirma nas urnas. Candidato do PT venceu com 50,9% dos votos válidos. Desafio do presidente a partir de 1º de janeiro passa por arrefecer ânimos dos eleitores contrários, reduzir a divisão no país e não cometer erros do passado

discurso da vitória em São Paulo.

Coma menor diferença da história desde a redemo cratização, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) volta ao cargo máximo da República após 12 anos. Até as 21h30min de ontem, com 99,97% dos votos apu rados, Lula teve mais de 60,3 mi lhões de votos (50,90%), enquanto o atual presidente, Jair Messias Bol sonaro (PL), teve a preferência de 58,1 milhões de eleitores (49,10%).

A vantagem do petista foi de cer ca de 2,2 milhões de votos. A me nor desde a redemocratização do país. O resultado em favor de Lula foi confirmado pelo Tribunal Supe rior Eleitoral (TSE), às 19h57min desse domingo. Deste modo, o Partido dos Trabalhadores retorna ao Planalto após um intervalo de seis anos.

“Vou governar para 215 milhões de brasileiros e brasileiras, e não apenas para aqueles que votaram em mim. Não existem dois Brasis, so mos um único país, um único povo, uma grande nação”, disse durante o

Em termos de economia, desta cou o intuito de fortalecer políticas públicas voltadas aos pequenos e médios produtores rurais, para pequenos empresários e micro empreendedores, além de buscar meios de garantir salários iguais entre homens e mulheres.

Como prioridades da gestão, ci tou o combate à extrema pobreza e a fome, além de manter o diálogo com o Judiciário e com o parlamen to. “Não vamos intervir, cooptar ou tentar controlar. Queremos uma convivência harmoniosa com os três poderes. A constituição rege nossas ações. Ninguém está acima dela.”

O partido comandou o país pela primeira vez com Lula de 2003 a 2010. Depois, por seis anos com Dilma Rousseff, de 2011 até o impeachment de 2016. O torneiro mecânico, líder sindical e fundador do PT chega ao terceiro mandato. A posse está marcada para 1º de janeiro de 2023.

Chance de não repetir os erros do passado

“Lula pode agradecer a Deus por ser a única pessoa a ter oportunida de de reescrever a sua história polí

tica. Ter os acertos de outras opor tunidades, mas principalmente de não repetir os erros do passado”, analisa o cientista político Fredi Ca margo.

Para ele, a primeira missão será garantir a governabilidade. “Na política de coalizão, Lula vai pre cisar do apoio de partidos que não estiveram na base dentro do Con gresso, do famoso Centrão.”

Para o analista, o presidente eleito está acostumado com esse tipo de negociação. Ainda assim, precisa adotar discursos como chefe da nação, sem extremismos ou embates desnecessários. “As divergências são comuns em uma democracia. Precisamos voltar aos debates em termos do que será feito sobre privatizações das esta tais, se deve ocorrer ou não? Abrir o mercado internacional a todos ou ficar fiel aos países parceiros? Se deve cuidar do teto de gastos ou ultrapassado por investimento social? Para isso, precisa reestabe lecer um clima de diálogo e menos enfrentamento.”

Pela avaliação do cientista políti co, a derrota de Bolsonaro em par te pode ser explicada pelos cons tantes ataques. “O insucesso pode ser visto pela dificuldade de gover nar por estar em clima de guerra. Era contra a imprensa, contra os opositores, contra o judiciário. Pensando que teria cada vez mais ‘soldados’ que lutariam por ele. Porém, ao longo desses quase qua tro anos, foi perdendo eleitores.”

Da prisão à presidência

No fim de 2010, Lula se prepara va para passar a faixa presidencial para a sucessora Dilma Rousseff com aprovação 80% da população que considerava o governo como bom ou ótimo.

Nos anos seguintes, todo o Parti do dos Trabalhadores passou pelo momento mais difícil da sua his

tória. A presidente escolhida por Lula teve o mandato interrompido pelo impeachment em 31 de agos to de 2016.

O país começou a enfrentar uma crise econômica e institucional, até que, em abril de 2018, Lula se tor nou o primeiro presidente da his tória do país a ser preso por crime comum.

O então vice-presidente foi con denado em duas instâncias por corrupção passiva e lavagem de di nheiro no caso do triplex do Guaru já. Lula ficou 580 dias preso na sede da Polícia Federal em Curitiba.

O petista foi solto em novembro de 2019, quando o STF reviu o en tendimento da prisão em segunda instância, quando se estabeleceu que os réus tinham o direito de re correr em liberdade até o trânsito em julgado.

Em março do ano passado, o mi nistro do STF, Luiz Edson Fachin, anulou as condenações de Lula im postas pela Justiça Federal do Para ná, no âmbito da Operação LavaJato. A decisão foi confirmada pela suprema corte e, com isso, Lula hoje não tem condenação judicial.

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PAÍS
FREDI CAMARGO CIENTISTA POLÍTICO Jair Bolsonaro (PL) Lula (PT)
50,9% 49,1% Lula somou 60.345.107 votos E Bolsonaro 58.205.718 votos Os brancos somaram 1.769.662 votos Já os nulos foram 3.930.678 votos Filipe Faleiro filipe@grupoahora.net.br Ezequiel Neitzke ezequiel@grupoahora.net.br DIVULGAÇÃO REPRODUÇÃO Bolsonaro ficou atrás por cerca de 2,2 milhões de votos Lula é eleito presidente pela terceira vez com mais de 60 milhões de votos Na política de coalizão, Lula vai precisar do apoio de partidos que não estiveram na base dentro do Congresso.”

mais votado

estados do país

Resultado a presidente

A HORA | 5Segunda-feira, 31 outubro 2022
no Vale do Taquari Arvorezinha Bom Retiro do Sul 63,82% Boqueirão do Leão 54,71% Canudos do Vale 57,39% Capitão 61,44% Colinas Coqueiro Baixo Cruzeiro do Sul 64,74% Dois Lajeados 76,65% Doutor Ricardo Encantado Estrela Fazenda Vilanova Forquetinha 68,28% Ilópolis Imigrante Marques de Souza 65,11% Mato Leitão 65,24% Muçum 72,06% Nova Bréscia 77,57% Paverama 60,01% Poço das Antas 71,85% Pouso Novo 56,02% Progresso 61,53% Lajeado 66,28% Putinga 78,09% Relvado 71,30% Roca Sales 65,91% Santa Clara do Sul 70,91% Sério 54,43% Tabaí 56,17% Taquari 56,25% Teutônia 64,10% Travesseiro 57,99% Vespasiano Corrêa 83,54% Westfália 70,31% Anta Gorda Arroio do Meio Boqueirão do Leão Bolsonaro venceu em 37 cidades do Vale E Lula em 1 município67,05% 78,95% 70,52% 69,35% 72,19% 58,46% 77,20% 66,51% 82,24% 67,93% 66,32% Candidato
nos
Lula venceu em 13 estados Bolsonaro teve vantagem em 13 estados mais Distrito Federal Vou governar para 215 milhões de brasileiros e brasileiras, e não apenas para aqueles que votaram em mim. Não existem dois Brasis, somos um único país, um único povo, uma grande nação.” PALAVRA DO ELEITO FELIPE NEITZKE Em Lajeado, festa dos eleitores ocorreu no bairro Americano
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A importância do segundo turno

Protagonismo

Nenhum dos candidatos ao cargo máximo do país merecia uma vitória no primeiro turno. Aliás, alguns sequer deveriam ter participado desta etapa tão importante em nossa frágil democracia. Mas isso é um debate que já não faz mais sentido. A eleição passou e o nosso compromisso é respeitar a escolha da maioria. Mas voltando ao tema inicial deste breve tópico, é muito importante para o futuro da nossa nação que o vencedor tenha sido

escolhido por um detalhe, e não com um grau elevado de aprovação. Lula precisa saber que ele não possui um cheque em branco para fazer o que bem entender. Muito pelo contrário. O país está rigorosamente dividido, e com um congresso muito mais inclinado à direita. Mais do que nunca, Lula precisa andar na linha. E isso é um alento em meio a tanta insegurança e desconfiança com relação ao terceiro mandato do petista.

Legítima defesa?

A cena da deputada federal Carla Zambelli (PL) empunhando uma arma de fogo e perseguindo um homem em via pública é um tapa na cara da sociedade. A alegação de “legítima defesa” é facilmente contestada pela clareza das imagens. As diversas filmagens demonstram uma parlamentar que parece estar acima da lei, e com a certeza de que nada ou ninguém poderá questionar o seu ato irresponsável. Faz alguns dias, assistimos estarrecidos a um ex-parlamentar atacando agentes da Polícia Federal. No caso, era Roberto Jefferson, que ganhou fama mundial ao entregar o esquema do Mensalão, conduzido pelo PT ainda no primeiro mandato de Lula. Ambos os os casos mostram que ser político no Brasil é, muito mais do que em outras nações, sinônimo de extremo poder. E isso é um dos principais problemas da nossa democracia.

O argumento de que as recorrentes e – por vezes – inusitadas intervenções sempre obedeceram aos preceitos da isonomia são questionáveis no momento em que um lado tem mais liberdade para empulhar. E isso restou visível para o eleitor menos apaixonado ou compromissado com determinada ala ideológica.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acertou em muitas decisões. Mas exagerou e muito no protagonismo, e pecou no equilíbrio. Fica a lição para o próximo pleito.

• Eduardo Leite (PSDB) abriu mão do cargo em meio ao mandato para tentar a presidência. Não conseguiu e voltou atrás. Ele também não cumpriu a promessa de rejeitar uma eventual campanha à reeleição. Mesmo assim, o eleitor gaúcho depositou novo voto de confiança no jovem tucano, que entra para história ao ser reeleito.

• Leite conquistou quase um milhão de votos a mais do que Onyx Lorenzoni (PL). Para isso, o apoio da esquerda gaúcha foi crucial. No discurso da vitória, o futuro governador reeleito citou a participação do PT na campanha do segundo turno. Resta saber como será a relação entre eles a partir de janeiro de 2023.

• Para o Vale do Taquari, uma das expectativas com a vitória do jovem tucano é o futuro das rodovias estaduais. O processo de concessão está na geladeira. E ele prometeu mudanças aos prefeitos da região em troca de apoio. Aguardemos.

• Vice-governador eleito, Gabriel Souza (MDB) já desponta como provável candidato a governador em 2026. É cedo, eu sei. Mas é isso.

• Jair Bolsonaro (PL) conquistou mais votos em 2022. Em 2018, recebeu o apoio de 57,7 milhões de eleitores. Ontem, foram mais de 58 milhões. Por outro lado, Lula (PT) angariou apoio de 60,2 milhões de brasileiros neste ano, contra 47 milhões de Haddad (PT) em 2018.

Presidente estadual licenciado do PSDB e deputado federal reeleito, Lucas Redecker foi entrevistado pela Rádio A Hora na manhã de ontem. E destacou os ânimos acirrados na campanha eleitoral, tanto a nível estadual, quanto nacional. “Foi uma eleição com o radiador fervendo”, destacou. “‘Nós contra eles’ foi uma característica desta eleição”, acrescenta. Mas não é bem assim. Essa característica tem sido utilizada de forma velada há muitos pleitos. E tende a prosseguir.

• A “campanha” contra Jair Bolsonaro (PL), que envolveu entidades, grupos de comunicação dos principais centros do país, artistas, ONG’s e afins não deu trégua, também, no dia do pleito. Nesse domingo, a agenda negativa contra o atual presidente persistiu sem piedade. É um movimento que ficará registrado na história. Doa a quem doer.

Milhões de abstenções

O pleito geral registrou mais de 30 milhões de abstenções. Um número muito significativo e que demonstra o tamanho da insatisfação do brasileiro com a política nacional. No total, 20,56% dos eleitores

brasileiros simplesmente abriram mão do voto em um dos momentos mais polarizados da história política do Brasil. Nada que surpreenda, a bem da verdade. Em 2018, o índice foi praticamente o mesmo.

A HORA | 7Segunda-feira, 31 outubro 2022
TIRO RODRIGO MARTINI rodrigomartini@grupoahora.net.br
“Radiador fervendo”
FOTOS DIVULGAÇÃO

Eduardo Leite é o primeiro governador

Candidato, que renunciou ao Piratini em março, retorna ao cargo em janeiro após virar disputa com Onyx Lorenzoni. Ele somou 57,12% dos votos válidos, contra 42,88% do ex-ministro, que foi o campeão de votos no Vale

Oeleitor gaúcho deu fim a uma tradição de mais de duas décadas. Pela primeira vez desde que a reeleição foi instituída para cargos executivos no país, um go vernador conquistou um segundo mandato no Rio Grande do Sul.

O feito coube a Eduardo Leite (PSDB), que angariou 3.687.126 votos, ou 57,12% do total.

Eduardo venceu neste domin go, 30, uma disputa acirrada com Onyx Lorenzoni (PL), hoje depu tado federal pelo quinto manda to. Ele reverteu uma diferença de quase 12% registrada entre ambos no primeiro turno. O ex-ministro do governo Jair Bolsonaro recebeu 2.767.786 votos (42,88%).

Foi a segunda vez na história que o candidato mais votado no primeiro turno do RS sofre a vira da no segundo. Em 1998, Olívio Dutra (PT) foi eleito governador do RS após ficar atrás de Antônio Britto (MDB) na etapa inicial.

Apoiado por seis partidos, Eduardo Leite liderou a coliga ção “Um só Rio Grande”. O novo vice-governador é Gabriel Souza (MDB), deputado estadual em segundo mandato, ex-líder do go verno de José Ivo Sartori na Assem bleia Legislativa. Também presidiu o parlamento gaúcho em 2021.

Renúncia e neutralidade

A vitória neste domingo consoli

da um projeto de governo iniciado há oito anos, por Sartori. Eduardo Leite deu sequência às reformas após se eleger e derrotar seu ante cessor nas urnas, em 2018. No fim do ano passado, porém, ao tentar se colocar como presidenciável pelo PSDB e perder as prévias para João Dória, quase colocou a continuidade em risco.

Em março, Eduardo renunciou ao Palácio Piratini em uma última tentativa de disputar o Planalto, o que não avançou. Crítico da ree leição, decidiu pleitear um novo mandato em junho, após o então governador, Ranolfo Vieira Junior, se retirar da disputa. A candidatu ra foi homologada em julho.

Para vencer, Eduardo driblou divergências dentro do principal aliado, o MDB, onde uma ala que defendia a candidatura própria não abraçou a aliança com o PSDB. Também passou por uma apuração emocionante no primeiro turno, quando foi ao segundo turno por uma diferença de apenas 2 mil vo tos sobre Edegar Pretto (PT).

Pressionado por aliados e pela opinião pública sobre um posi cionamento ao segundo turno presidencial, Eduardo optou pela neutralidade. Recebeu apoio de partidos ligados à centro-esquer da e, na última semana de campa nha, o PT declarou “apoio crítico” ao governador reeleito.

“O RS disse o que quer”

Por volta das 19h30min, Eduar do discursou no comitê de cam panha, no bairro Navegantes, na

capital gaúcha. Ao lado do vice Gabriel, do governador Ranolfo e de outros apoiadores, destacou a caminhada até a vitória, escolha do eleitor por um projeto que está “colocando o Rio Grande do Sul em ordem” e promete um novo governo com maior diálogo.

“No mano a mano, comparando projetos, currículos e biografias, o RS disse o que quer. Vou dar o melhor de mim para honrar essa expectativa de um povo que quer um governo eficiente”, pontua Eduardo, que reconheceu o voto de partidos e políticos de diferen tes correntes ideológicas como fundamentais para a vitória.

“Temos a consciência de que muitos votaram em nós mesmo tendo divergências com a nossa agenda. Mesmo com essas dife renças, seus votos validaram o

trabalho, o que reforça a ne cessidade de fazermos um gover no ainda mais aberto ao diálogo, com quem pensa diferente e com os que não votaram em nós para construirmos soluções ao RS”.

uma campanha limpa”

das 19h de domingo,

se manifestou no Hotel De ville Prime, no bairro Anchieta, em Porto Alegre. Ele parabenizou Eduardo pela vitória e disse que ligou para o governador reeleito quando a apuração já apontava a vitória tucana. “Na democracia, a decisão do povo é soberana. Fize mos campanha limpa, propositi va, sem ataques e voltada ao pre sente”, salienta.

Onyx credita a derrota à união das esquerdas em prol da candi datura de Eduardo e comemora o bom desempenho da direita gaú cha nessa eleição. “É importante reconhecer que, pela primeira vez em várias décadas, a direita gaúcha passa a ter forças a ponto de chegar em um segundo turno. Passa a ser competitiva e terá papel preponde rante nos próximos anos”.

No Vale

Se no primeiro turno Onyx ven ceu em 33 dos 38 municípios da região, no segundo turno reduziu a 18. Eduardo manteve a vitória nas cinco cidades onde havia sido o mais votado em 2 de outubro e reverteu a desvantagem em outras 13. Destaque para Lajeado, Ta quari e Teutônia, três dos maiores colégios eleitorais da região. Neste

8 | A HORA Segunda-feira, 31 outubro 2022
Resultado turno Anta 69,91% Arroio 52,45% Bom 52,48% Boqueirão 56,94% Canudos 68,36% Capitão 62,46% 53,33% Colinas 59,50% Coqueiro Arvorezinha 56,09% Cruzeiro 50,83% Dois 63,11% Doutor 51,25% Encantado 56,11% ESTADO
Onyx Lorenzoni (PL) Eduardo Leite (PSDB)
57,12% 42,88% Eduardo Leite somou 3.686.813 votos E Onyx Lorenzoni 2.767.704 votos Os brancos somaram 202.398 votos Já nulos foram 267.255 votos nosso
“Fizemos
Por volta
Onyx
ONYX LORENZONI CANDIDATO DERROTADO (…) pela primeira vez em várias décadas, a direita gaúcha passa a ter forças a ponto de chegar em um segundo turno. Passa a ser competitiva e terá papel preponderante nos próximos anos” Mateus Souza mateus@grupoahora.net.br Colaboração Caetano Pretto Ezequiel Neitzke último apenas No o ex-ministro dos votos, (48,82%). desempenho 69,91% dor dos Vereador e uma partido exaltou dialogar dato “Acreditamos no em crescimento para Trajetória Aos consagra política meçou em depois secretário escolhido
Ao lado de apoiadores, futuro governador destacou continuidade de projeto no RS e conquistas do primeiro mandato KARINE PINHEIRO
Após derrota, Onyx parabenizou Leite e exaltou crescimento da direita no RS DIVULGAÇÃO

governador reeleito no RS

Resultado do segundo turno no Vale do Taquari

Anta Gorda 69,91%

Arroio do Meio 52,45%

Arvorezinha 56,09%

Bom Retiro do Sul 52,48%

Boqueirão do Leão 56,94%

Canudos do Vale 68,36%

Capitão 62,46% 53,33% Colinas 59,50% Coqueiro Baixo

Cruzeiro do Sul 50,83%

Dois Lajeados 63,11%

Doutor Ricardo 51,25% Encantado 56,11%

Estrela 57,40%

Fazenda Vilanova 56,25% Forquetinha 56,69%

Ilópolis 61,46%

Imigrante 64,52%

Lajeado 50,11%

Marques de Souza 50,18%

Mato Leitão 53,79% Muçum 54,85%

Nova Bréscia 54,27% Paverama 51,44%

Poço das Antas 50,98% Pouso Novo 55,65%

último a diferença entre ambos foi apenas 15 votos.

No somatório da região, contudo, ex-ministro venceu com 51,18% votos válidos. Foram 116.107 votos, contra 110.739 de Eduardo (48,82%). Onyx teve seu melhor desempenho em Anta Gorda, com 69,91% dos votos. O futuro governa teve a maior diferença em Canu do Vale, com 68,36%.

Vereador do PSDB em Lajeado uma das principais lideranças do partido no Vale, Márcio Dal Cin exaltou a capacidade de Eduardo dialogar e projeta um novo man dato com crescimento no RS.

“Acreditamos que ele conseguiu, primeiro mandato, colocar tudo dia. Agora, vislumbramos um crescimento maior, com dinheiro para poder investir”, frisa.

Trajetória

Aos 37 anos, Eduardo Leite se consagra como um fenômeno da política do Rio Grande do Sul. Co meçou a trajetória como vereador Pelotas, primeiro de suplente e depois eleito, em 2008. Também foi secretário municipal e, em 2012, foi escolhido para comandar o quarto

Progresso 61,53%

Putinga 67,69%

Relvado 51,44%

Roca Sales 50,60%

Sério 64,84%

Tabaí 52,55%

Santa Clara do Sul 57,16% Taquari 55,50%

Teutônia 50,04%

Travesseiro 63,66%

Vespasiano Corrêa 68,34%

Westfália 52,70%

Onyx venceu em 20

municípios da região

No mano a mano, comparando projetos, currículos e biografias, o RS disse o que quer. Vou dar o melhor de mim para honrar essa expectativa de um povo que quer um governo eficiente”

maior colégio eleitoral do RS.

Em 2016, decidiu não disputar a reeleição, mas ajudou a eleger sua vice, Paula Mascarenhas. Em se lançou candidato ao Palácio Pirati ni e derrotou Sartori, que buscava um novo mandato. No ano passa do, em rede nacional, foi o primeiro governador brasileiro a se assumir homossexual.

A HORA | 9Segunda-feira, 31 outubro 2022
Boqueirão
do Leão Eduardo Leite em 18 cidades do Vale EDUARDO LEITE GOVERNADOR REELEITO Festa pela vitória de Eduardo em Lajeado se concentrou nas imediações do comitê suprapartidário, na av. Alberto Pasqualini FELIPE NEITZKE
10 | A HORA Segunda-feira, 31 outubro 2022

Esperamos um governo sem rancor

“Euestou falando bravo, mas o Lulinha que vai governar é o Lulinha paz e amor”. A declaração foi dada por Lula nesta semana. E assim esperamos. Lula sofreu

Bolsonaro foi teimoso

Bolsonaro perdeu para um dos maiores políticos brasileiros (gos tando ou não). Lula é o primeiro presidente a ser eleito pela tercei ra vez. Mas perdeu também pela sua teimosia. Sempre se achou soberano. E pagou para ver. O presidente poderia ter se “consa grado” na pandemia. Errou e não reconheceu seus defeitos, que são muitos. Jair Bolsonaro lutou con tra o sistema – “grande impren sa”, justiça e sistema financeiro. E isto o levou à derrota. Sai de uma eleição derrotado, mas ainda com grande força política. Se conse guir ser menos teimoso, voltará a cena em breve.

Leite deixou a soberba de lado

Eduardo Leite deixou a soberba de lado neste segundo turno. Voltou a conversar com as bases, reuniu prefeitos, foi visitar as cidades. Não fez isso no primeiro turno e quase ficou de fora da elei ção. Leite precisa agradecer ao PT e aos demais partidos da esquerda pelo apoio maciço neste segundo turno. Mas sua vitória está direta mente associada a sua mudança de postura neste segundo turno.

O que fica da eleição

A nova direita veio para ficar, e o país terá que lidar com ela. Com ou sem Bolsonaro, eles estão aí e vão querer se posicionar, voltar às ruas.

Resta saber

O que resta saber é como ami gos e familiares se reconciliarão após a eleição.

nos últimos anos, teve seu nome exposto, foi preso e solto e é visto com desconfiança por boa parte do povo brasileiro. O que se espera agora é de que Lula não use o rancor para governar. Que reine o “paz e amor” e que tenha

capacidade de fazer um bom governo para o bem de todos os brasileiros. Lula volta ao Planalto três anos depois de deixar a prisão em Curitiba, onde foi condenado pela Justiça após investigações da Operação Lava Jato.

Um projeto para o Vale

“Independentemente de quem ganhar as eleições para o governo do Estado e presidência da República, é preciso que o Vale tenha pautas definidas e saiba se organizar para cobrar os governantes.” A manifes tação é do prefeito de Estrela, Elmar Schneider. Para ele, quem deve definir as reivindicações são os órgãos de representação. Os prefeitos do Vale do Taquari foram fundamentais para a conversão de votos em favor de Eduardo Leite. Foram para a rua e conseguiram garantir a vitória de Leite. Na foto, prefeito Schneider, vice João Scheffer, ex-prefeito Rafael Mallmann e o assessor Fabiano Dhiel, comemorando a vitória de Leite.

Entre os grandes

A foto mostra a força do Grupo A Hora no cenário da comunicação. Nossos microfones entre os de grandes veículos e comunicação do Brasil e do exterior. Grande trabalho na eleição, em primeiro e segundo turno. Parabéns a todos.

S equência no RS. Troca no país

No Estado, Leite emenda mandato e que bra um marco histórico de nunca reeleger governador. No país, a volta de Lula trava um ciclo de desenvolvimento voltado ao empreendedorismo e reaviva a força do sistema en frentado por Bolsonaro. Acima de tudo isso, é hora de todos governarem para todos e acabar com a disputa do “nós” e o “eles”.

Eduardo Leite (PSDB) entra para a história do Rio Grande do Sul como o primeiro governador reeleito até hoje. Longe de fazer um governo perfeito, ele volta ao Palácio Piratini pela gestão orientada ao enxugamento da máquina, por devolver a capacidade de investimento do Estado e por caminhar longe de polêmicas de cor rupção. Com Leite, o Estado experimenta uma sequên cia de políticas públicas. A soberba e a truculência com alguns temas, como por exemplo, o debate das conces sões das rodovias, quase o tiraram do segundo turno e devem ser as grandes lições para seu segundo mandato.

Em âmbito nacional, o país breca um virtuoso ciclo de derrubada do sistema e devolve ao comando da nação o fisiologismo e o temor com a relativização da corrup ção, marcas dos mandatos recentes do PT .

As urnas são soberanas. Passados primeiro e se gundo turnos, resta-nos arregaçarmos as mangas, olhar em frente e seguir trabalhando. Afinal, inde pendentemente dos gover nos, coisas boas nos reser vam no Brasil, cujo país apresenta – ao contrário do que Lula sustentou de forma mentirosa na cam panha eleitoral – um dos melhores índices de desen volvimento pós-pandemia. O Vale do Taquari que o diga. O pleno emprego e o rol de oportunidades para quem busca a emancipação empreendedora apontam para um cenário virtuoso nos próximos anos.

Bolsonaro venceu de for ma acachapante a disputa aqui no Vale, o que cria uma ressaca significativa. Ainda assim, não há tempo para lamentações ou pregações apocalípticas. Ainda que o passado recente nos deixe cheio de dúvidas e temores sobre o sistema de governo de Lula e do PT, o Congresso tem um “domínio” do bolsonarismo, o que pressupõe vigilância e dificuldades acima da média para o lulope tismo e a sua eventual tentativa de emplacar mudanças em direção ao assistencialismo exagerado e as travas da liberdade econômica.

Vida que segue. É hora de tirar a agenda eleitoral da pauta e olhar para o Brasil. Lula em nível federal e Lei te aqui no RS, precisam – ao menos deveriam – deixar de lado as diferenças político-partidárias e auxiliar na derrubada da polarização, que protagonizou uma das eleições mais acirradas da nossa história.

A HORA | 11Segunda-feira, 31 outubro 2022 FABIANO CONTE Jornalista e radialista
FERNANDO WEISS ARTIGO fernandoweissahora@gmail.com
As urnas são soberanas. Passados primeiro e segundo turnos, resta-nos arregaçarmos as mangas, olhar em frente e seguir trabalhando”
12 | A HORA Segunda-feira, 31 outubro 2022

Segundo turno reelege seis governadores

Eleitores de doze estados voltaram às urnas para definir o futuro governador. Além do RS, outros cinco reconduziram os chefes do Executivo

da com o Partido dos Trabalhadores. Assim como o Solidariedade (um).

Doze

estados brasileiros conheceram seus governadores no segundo turno das eleições. O Distrito Federal e as outras 14 unidades da federação já tinham definido o chefe do Executivo em 2 de outubro.

O PT, partido do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, governará a Bahia, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte. Três estados – Espírito Santo, Paraíba e Maranhão – elegeram candidatos do PSB, sigla coliga-

Os coligados com o derrotado Jair Bolsonaro conquistaram seis estados - PL (um), Republicanos (dois), e Progressistas (três).

O empenho a partir de agora é buscar apoiadores, como o União Brasil (quatro estados), MDB (três), PSDB (três), PSD (dois).

Reeleição

Dos 26 estados e o Distrito Federal, 17 reelegeram seus governan-

tes, inclusive no Rio Grande do Sul, onde Eduardo Leite volta ao Palácio Piratini em 1º de janeiro.

Participação feminina

No primeiro turno, Fátima Bezerra (PT) foi a única mulher a confirmar o cargo no Executivo estadual. Ela foi reeleita no Rio Grande do Norte, com 58,3%. Na votação deste domingo, Pernambuco elegeu a Raquel Lyra (PSDB).

Diferença de votos

Com mais de 99% dos votos apurados, Santa Catarina contabilizou a maior diferença de votos válidos entre os candidatos: 41,8 pontos percentuais. Jorginho Mello (PL) conquistou 70,69% da preferência dos eleitores, contra 29,31% de Décio Lima (PT). Sergipe registrou o resultado mais apertado, apenas 3,4 pontos percentuais. Fábio Cruz (PSD) venceu Rogério Carvalho (PT) por 51,30% a 48,30%.

Eleitos em primeiro turno

Acre: Gladson Cameli (PP) - Reeleito

Amapá: Clécio Vieira (Solidariedade)

Ceará: Elmano de Freitas (PT)

Distrito Federal: Ibaneis Rocha (MDB) - Reeleito

Goiás: Ronaldo Caiado (União Brasil) - Reeleito

Maranhão: Carlos Brandão (PSB) - Reeleito

Mato Grosso: Mauro Mendes (União Brasil) - Reeleito

Eleitos em segundo turno

Alagoas: Paulo Dantas (MDB) - Reeleito

Amazonas: Wilson Lima (União Brasil) - Reeleito

Bahia: Jerônimo Rodrigues (PT)

Espírito Santo: Renato Casagrande (PSB) - Reeleito Mato Grosso do Sul: Eduardo Riedel (PSDB)

Paraíba: João Azevêdo (PSB) - Reeleito

Pernambuco: Raquel Lyra (PSDB)

Rio Grande Do Sul: Eduardo Leite (PSDB) - Reeleito

Rondônia: Cel. Marcos Rocha (União Brasil) - Reeleito

Santa Catarina: Jorginho Mello (PL)

São Paulo: Tarcísio de Freitas (Republicanos)

Sergipe: Fábio Cruz (PSD)

Minas Gerais: Romeu Zema (Novo) - Reeleito

Pará: Helder Barbalho (MDB) - Reeleito

Paraná: Ratinho Júnior (PSD) - Reeleito Piauí: Rafael Fonteles (PT)

Rio de Janeiro: Cláudio Castro (PL) - Reeleito

Rio Grande do Norte: Fátima Bezerra (PT) - Reeleito

Roraima: Antônio Denarium (PP) - Reeleito

Tocantins: Wanderlei Barbosa (Republicanos) - Reeleito

A HORA | 13Segunda-feira, 31 outubro 2022
PAÍS
Eleitos em segundo turno Eleitos em primeiro turno Legenda:

Eleitor cola tecla de urna e BM apreende arma com mesário

Crimes eleitorais registrados no Vale do Rio Pardo estão entre os incidentes desse domingo

Votantes enfrentam menos filas no 2º turno

turno do plei to para presidente e governador registrou movimentação tran quila nas seções eleitorais. Cená rio diferente da primeira etapa quando eleitores esperaram por até 2 horas. Desta vez, o tempo para votar variou, na maioria dos casos, entre um e três minutos com fluxo mais intenso no turno da manhã.

Osegundo

para a fluidez do processo estão o menor número de cargos e a me lhor orientação sobre a biometria. Essa é a constatação da juíza elei toral de Lajeado, Carmen Regina Constante, que visitou alguns dos locais de votação. “Foi tudo tran quilo e rápido, sem transtornos”, observa.

Entre os fatores considerados

Ela reitera também que houve ajustes quanto ao recebimento das mídias em frente ao Cartório Eleitoral. “Selecionamos pessoas que já trabalham há muito tempo nessa função. Eles compõem uma junta eleitoral que conferiu as mí dias e atas das seções.”

Uma

urna eletrônica na seção da escola Helberg Franke, em Vera Cruz, no Vale do Rio Pardo, precisou ser substituída após o elei tor colar uma das teclas. O dano ao equipamento foi constatado pela equipe do Cartório Eleitoral. A Bri gada Militar e Polícia Federal foram acionados para a situação.

No primeiro turno haviam sido registrados duas situações simila res em São Paulo. Agora, também houve ocorrências em Mato Gros so e Paraná. Apesar do incidente, o processo eleitoral não foi com prometido. Os cartórios fizeram as substituições dos equipamen tos e a totalização dos votos foi fei ta também com a parcial dos da dos coletados na urna danificada.

Outra situação na região dos Vales foi registrada em Santa Cruz do Sul. A Brigada Militar flagrou

um mesário de 48 anos com uma pistola calibre 380. O caso acon teceu na escola estadual Professor José Wilke, no bairro Avenida. Após o registro policial, o sus peito foi liberado. Pela lei eleitoral, é proibido o uso e transporte de ar mas de fogo nas 24 horas que ante cedem e igual período após o pleito.

Operações da PRF

A fiscalização em diferentes pontos de rodovias pelo país ge rou críticas de eleitores. Sobre es ses episódios, o presidente do Tri bunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, disse que não houve impactos ao pleito.

Moraes reiterou em entrevista coletiva ontem à tarde que se re uniu com diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, e foi informado por ele que as operações realizadas pela corporação envolvem a fisca lização do descumprimento das regras do Código de Trânsito Bra sileiro (CTB), como pneus carecas e faróis queimados, e não houve descumprimento de sua decisão.

Ainda no sábado, Moraes proi biu a PRF de realizar operações que pudessem afetar o transporte público de eleitores, fosse pago ou gratuito, sob pena de responsabi lização criminal do diretor-geral da corporação em caso de des cumprimento.

14 | A HORA Segunda-feira, 31 outubro 2022
VALE
Escola Otilia Correa de Lima, no São Cristóvão, em Lajeado, teve movimentação tranquila e sem filas na tarde de domingo
CAETANO PRETTO
PAÍS
Polícia Federal investiga caso em que eleitor colocou tecla de urna em seção eleitoral de Vera Cruz, no Vale do Rio Pardo DIVULGAÇÃO

Volta do feriado na quarta eleva atenção às estradas

Forças policiais reforçam efetivo nas rodovias da região e concessionária suspende obras na BR-386 no dia de maior fluxo. Colisão entre três veículos causou dois óbitos nesse domingo, na ERS-287

Odomingo

de eleições

teve acidente com mor tes em rodovia estadual na região. Já na BR-386, o fluxo foi considerado normal pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). A expectativa de maior movimento fica por conta do feriado de Finados na quarta-feira, 2. Essa condição faz com que as forças policiais re forcem o efetivo para proporcionar trânsito mais seguro.

Em entrevista à Rádio A Hora, o chefe da delegacia da PRF, em Lajeado, Paulo Reni da Silva, des tacou o monitoramento da rodovia e ações para melhorar o fluxo. “A concessionária também restringiu obras durante o dia do pleito e do feriado de quarta. Decisão visa

evitar maiores transtornos e vai ao encontro com a maior circulação de veículos”, reitera.

Ainda de acordo com Silva, o fe riado municipal em Lajeado, nessa segunda-feira, 31, não traz maior impacto nas rodovias, diferente da data religiosa de quarta. “Muitos têm feriadão e optaram em viajar ainda no fim de semana. Já o retorno a tendên cia é que ocorra no mesmo dia.”

No caso do trânsito urbano de

Lajeado, não houve ocorrências durante o horário de votação. Conforme o coordenador do De partamento de Trânsito, Vinicius Renner, a integração das forças de segurança repetiu o sucesso do primeiro turno. “Recebemos algu mas denúncias que não se confir maram e o restante do trabalho es teve voltado ao monitoramento.”

Acidente com mortes em Tabaí

Uma colisão entre um Siena, com placas de Santa Cruz do Sul,

um Onix, de Portão, e uma Toyo ta, de São Sebastião de Caí, cau sou duas mortes por volta das 10h40min, desse domingo, 30, na ERS-287, em Tabaí.

Conforme o Comando Ro doviário da Brigada Militar (CRBM), as vítimas, Mauro e Ro sani Lacerda, de 64 e 60 anos, es tavam no Siena. O casal teria vo tado pela manhã em Santa Cruz do Sul e seguia para a capital.

Outras duas pessoas ficaram feridas e foram encaminhadas aos hospitais da região. A rodovia ficou parcialmente bloqueada no sentido interior/capital para a re tirada dos veículos.

Prisão em Estrela

Um homem de 41 anos foi pre so na tarde de domingo, 30, na BR-386, bairro Boa União, em Estrela. Ele conduzia um veículo HB20 relacionado a homicídio cometido na cidade de Bento Gonçalves, na Serra. Conforme a Brigada Militar, o carro foi loca lizado com apoio das câmeras de videomonitoramento.

Durante a revista, foi encontra do um revólver com numeração raspada e municiado com seis cartuchos intactos. Detido, os policiais encaminharam ao Hos pital Estrela e depois à Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), de Bento Gonçalves.

Cartórios trocam mais de 2,6 mil urnas

PAÍS

O boletim divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indica que em todo o país 2,6 mil urnas eletrô nicas precisaram ser subs tituídas após apresentarem algum tipo de mau funcio namento.

A substituição de urnas eletrônicas é um procedi mento normal a cada elei ção, e a Justiça Eleitoral já prepara previamente milhares de equipamen tos reserva que podem ser colocados em operação de imediato.

Como última opção, caso não se possa substituir a urna eletrônica por outra, é possível que seja adotada a votação manual, com cé dulas de papel, em urna de lona. Até o momento, isso não foi necessário em ne nhuma seção eleitoral do país, informou o TSE.

Para o segundo turno, a Justiça Eleitoral mobili zou cerca de 537 mil urnas eletrônicas, das quais 64,9 mil são de contingência, ou seja, ficam de reserva para serem acionadas em caso de necessidade.

Serviços têm horários alterados no feriadão

Repartições públicas e estabelecimentos comerciais terão horários diferenciados nesta segunda-feira, 31, e na quarta-feira, 2

O Dia da Reforma Protestante é celebrado nesta segunda, 31, pelos municípios de tradição lute rana. No Vale do Taquari, a data é feriado municipal facultativo em pelo menos 17 cidades que apre sentam horários diferenciados na prestação de serviços. Na quartafeira, 2 de novembro, o feriado é nacional, pelo dia de Finados. Nesta segunda-feira, não haverá expediente nas prefeituras de Anta Gorda, Bom Retiro do Sul, Canu dos do Vale, Colinas, Fazenda Vi

lanova, Forquetinha, Imigrante, Lajeado e Marques de Souza. De mais cidades do Vale atendem em horário normal. Na quarta-feira, todas as prefeituras estarão fecha das.

Por outro lado, os supermerca dos da região seguem em atendi

mento durante o dia de hoje. Ape nas os Supermercados Languiru atendem com horários diferencia dos. As unidades Alesgut e Cana barro II funcionam das 9h às 13h e das 14h30 às 20h30. No Shopping Lajeado o serviço será das 9h às 20h. As demais unidades estarão

Confira os horários dos supermercados na quarta-feira

Rede Imec: em Lajeado, o Imec atende em horário normal, das 7h30 às 21h, no Centro e Montanha. Já no Florestal e São Cristóvão será das 8h às 20h30, assim como em Estrela e Venâncio Aires.

Desco, Super & Atacado: atende das 8h às 20h.

Desco de Encantado: fechado

Maxxi Atacado: funciona no horário de domingo, das 8h às 14h.

Rede Super: segue horário normal, das 8h às 21h, na BR-386; e das 8h às 20h30, no Centro.

Atacadão Estrela: das 7h às 21h.

Languiru: unidades do Bairro Languiru, de Arroio do Meio, Bom Retiro do Sul, Cruzeiro do Sul, Estrela e Poço das Antas atendem das 8h às 11h30, e em Alesgut e Canabarro II das 16h às 20h. O Supermercado Languiru do Shopping Lajeado funciona das 9h às 20h.

fechadas.

Ainda no Shopping Lajeado, as lojas seguem horário de domingo para o feriado de Finados, com atendimento das 13h às 19h, e a praça de alimentação fica aberta das 11h às 22h. Na segunda, o fun cionamento será normal.

O sistema bancário segue o cronograma das prefeituras, sem atendimento nos municípios que decretaram ponto facultativo nes ta segunda. Na quarta, as agências de toda a região estarão fechadas. Os serviços de saúde seguem aber tos durante os feriados.

A HORA | 15Segunda-feira, 31 outubro 2022
VALE DO TAQUARI
FELIPE NEITZKE Supermercados terão atendimento em horários diferenciados
VALE DO TAQUARI
PRF projeta maior movimento na BR-386 durante o feriado de quarta. Corporação reforça efetivo e fiscalizações DIVULGAÇÃO
Segunda-feira, 31 outubro 2022 Fechamento da edição: 22h MÍN: 11º | MÁX: 20º Instabilidades atuam sobre o Estado. Ao longo do dia, a nebulosidade predomina e pode chover a qualquer momento.

O QUE O VALE ESPERA DOS PRÓXIMOS GOVERNANTES

Líderes da região apontam principais demandas nas áreas da educação, saúde, infraestrutura, turismo, política econômica, agronegócio, segurança, gestão e relações

Para

ESTADO E PAÍS
federativas. CADERNO ESPECIAL/OUTUBRO 2022
o Estado, um dos desafios é refazer o plano de concessão das rodovias do bloco 2 Em nível federal, reformas tributária e administrativa são caminhos necessários

REDUZIR DIFERENÇA ENTRE ESCOLA PÚBLICA E PARTICULAR

AÇÕES ESPERADAS

 Políticas de valorização dos professores;

 Melhoria da infraestrutura das escolas;

 Incentivo aos jovens que escolhem o magistério;

 Convênios do setor público com cursos técnicos;

 Ampliação de financiamentos estudantis.

técnicas no RS, no entanto, a maioria não é pública. O governo do Estado deveria financiar cursos técnicos aos alunos da rede, aprimorando o que foi o Pronatec, diz Edi.

AEducação

como prioridade de fato e não só no discurso. Essa é uma afirmação presente entre gestores de escola, professores, profissionais ligados ao ensino, representações do magistério e especialistas. Desafio complexo, que perpassa desde a formação básica até os níveis técnico e de graduação.

Junto com isso, uma preocupação acompanha líderes locais: a desigualdade entre as redes pública e particular. Conforme o gerente operacional do Senai Vale do Taquari, Jerry Amarildo Hibner, ainda que a instituição de ensino tenha uma metodologia própria, com uma oferta de cursos profissionalizantes partam da organização das industrias, há uma defasagem muito grande em conhecimentos básicos de Matemática e Português.

“Temos muitos alunos da rede pública do Ensino Médio que não conseguem fazer cálculos simples, com muita dificuldade em interpretar

textos. Para nossas formações, partimos do pressuposto de que eles já sabem”, frisa.

Com esse déficit, diz, é preciso rever o cronograma de conteúdo para sanar dúvidas. “Perdemos tempo ensinando algo que seria obrigação da escola”. Segundo Hibner, quando o estudante vem de um colégio privado, há mais base. “Para um próximo governador, reduzir a distância entre rede particular e pública é fundamental. Teríamos profissionais de alto nível em todos os setores”, acredita. Para ele, a melhoria na qualidade da rede pública passa por investimento na infraestrutura das escolas, também com salas de aulas mais tecnológicas e programas de qualificação do magistério.

No Vale do Taquari, conforme a 3ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), são 82 escolas em 32 municípios. O total de alunos na rede pública estadual ultrapassa as 19 mil matrículas. A região tem 836 professores concursados em atividade. Em termos

de contratos emergenciais, são 780 profissionais nas salas de aula.

Formação técnica

Setores produtivos realçam a dificuldade em encontrar profissionais técnicos. Uma das alternativas para conseguir preencher essas lacunas está em políticas públicas para incentivar alunos para cursos profissionalizantes em meio ao Ensino Médio.

“A carência de profissionais com formação técnico-científica é gritante em todas as áreas, na região, no Estado e no país. Não adianta a legislação prever itinerários no Ensino Médio, se os professores não vivem a realidade do mercado, e as escolas não têm estruturas de laboratórios com tecnologia atual”, avalia a diretora do Centro de Educação Profissional da Univates, Edi Fassini.

De acordo com ela, há excelentes escolas

“O RS se transformaria rapidamente a partir de convênios com escolas técnicas. Isso teria resultado muito rápido com valores menores de investimento do criar colégios públicos de educação profissional.”

Formação de professores

Diversas redes de ensino enfrentam dificuldade em encontrar professores. “Isso é muito preocupante”, diz a coordenadora dos cursos de Pedagogia e Letras da Univates, Grasiela Bublitz. Para ela, é preciso de políticas públicas que valorizem a carreira docente, com melhores salários e investimento em formação continuada de qualidade.

“A educação precisa ser prioridade em qualquer plataforma de governo para que nossas crianças possam exercer a cidadania com consciência crítica e sabedoria. O que muitos jovens desconhecem é a grande oferta de vagas para professores em todas as áreas.”

MAIS OFERTA DE SERVIÇOS E REGULARIDADE NOS REPASSES

Melhorias nos atendimentos por convênios, ampliação dos serviços de especialidades e repasses financeiros adequados aos hospitais. Essas são algumas demandas dos municípios da região à área da saúde. Nos próximos quatro anos, o objetivo é qualificar o atendimento à comunidade e consolidar o Vale como referência regional no setor. Para a secretária de Saúde de Colinas, Angelita Herrmann, que representa os gestores da área no Vale junto ao conselho de secretários municipais do RS (Cosems), apesar de Lajeado já ser um centro de referência nas áreas de oncologia, traumatologia, neurologia e cardiologia, o aumento da demanda por esses serviços exige maior atenção às especialidades na região.

“A maioria dos municípios consegue resolver bem as necessidades de atenção básica, mas precisamos de maior número de oferta nessas áreas, com consultas e exames suficientes para nossa população”, destaca.

Angelita ainda ressalta o alto número de idosos nos municípios da região e o aumento da longevidade, que precisa ser acompa-

nhado pelo aumento de serviços e iniciativas para essa faixa etária. Outra demanda é a melhoria no atendimento de especialidades que ainda não são referências, como dermatologia, pneumologia, alergologia, entre outras.

“Em março de 2022, foi feita uma reorganização dos serviços de referência, e ficamos com nove especialidades sem prestadores definidos”, afirma.

A contratação de médicos na atenção primária também é uma necessidade, assim como repasses financeiros adequados aos gastos e demandas dos hospitais. “Os municípios têm, hoje, aplicado grande parte de seus recursos em atividades que não nos competem, como a compra e complementação do financiamento de exames, consultas e procedimentos”.

Convênios

O superintendente da Federação dos Hospitais Filantrópicos do RS, André Lagemann, reforça a necessidade de melhorias no serviço de plano de saúde do IPE que, segundo ele, é um dos primeiros convênios de saúde suplementar em atendimento na região. Outra demanda é a continuidade dos pagamentos regulares aos hospitais.

“Essencialmente nós esperamos um novo recurso para o cofinanciamento do atendimento ao SUS em função do aumento de custos e da defasagem histórica da tabela que remunera os hospitais”, destaca.

AÇÕES ESPERADAS

 Aumento na oferta de serviços de oncologia, traumatologia, neurologia, cardiologia, consultas e exames;

 Melhora na assistência à saúde do idoso;

 Na atenção primária, há a necessidade de apoio para a contratação de médicos;

 Melhorias no serviço de plano de saúde do IPE;

 Continuidade dos pagamentos regulares aos hospitais;

 Novo recurso para o cofinanciamento do atendimento ao SUS em função do aumento de custos e da defasagem histórica da tabela que remunera os hospitais.

CADERNO ESPECIAL/OUTUBRO 20222
ESPECIALISTAS DO SETOR DEFENDEM PLANEJAMENTO NA EDUCAÇÃO PARA ALÉM DOS QUATRO ANOS DE MANDATO
Municípios do Vale também pedem mais recursos para o atendimentos pelo SUS e por convênios com o IPE DIVULGAÇÃO
EDUCAÇÃO
Filipe
Faleiro filipe@grupoahora.net.br VALE DO TAQUARI
Educadores realçam importância de melhoria da infraestrutura das salas de aula. Também com mais cursos vinculados entre Ensino Médio e formação técnica, como ocorre no IFSul FELIPE NEITZKE

HIDROVIA, FERROVIA E UM NOVO PLANO DE CONCESSÃO

PRÓXIMO CICLO

LOCAIS APONTAM

MAIS

DESTRAVAR

Oscustos com logística representam 22% de tudo o que é produzido no país. Implementar estratégias e um transporte mais racional perpassa a atuação dos governos, com mais investimento em modais alternativos, junto com agilidade na liberação de licenças e com a concessão de rodovias por meio de contratos assertivos. É o que afirmam líderes regionais do segmento.

Dentro das necessidades da região, há três grandes temas: destravar o uso da ferrovia e da hidrovia; acompanhar o cumprimento do contrato às obras na BR-386; e, por fim, reestruturar o plano de concessão às rodovias estaduais.

Em meio a estas observações, o plano de fundo é tornar a logística mais inteligente. Como consequência, as empresas da região ganhariam em competitividade e os motoristas em mais segurança nas estradas.

Destravar o porto

O presidente da Câmara da Indústria e Comércio da região (CIC-VT), Ivandro Rosa, ressalta a necessidade de apostar

em programas de intermodalidade. Para os caminhões, transporte em menores distâncias. Os trens, condições de atravessar estados e, pela hidrovia, um canal entre a produção local e a exportação.

“Precisamos de um modelo de requalificação, com uma logística mais inteligente, a partir de sistemas de compatibilização de cargas”, destaca. O projeto é desafiador, reconhece. Ainda assim, é preciso avançar, em especial no que se refere o melhor aproveitamento do porto de Estrela.

Nenhum trem chega no complexo desde 2014. Quase no mesmo período também foi encerrada a operação pelo Rio Taquari. “Para retomar essa oferta, é preciso um alinhamento político entre municípios, Estado e governo federal. Se isso não ocorrer, dificilmente vamos avançar.”

Para reestabelecer o ramal ferroviário, além do investimento por parte da concessionária RUMO, também é preciso autorização do governo federal. “As empresas operacionalizam o transporte quanto há oferta. Quem licencia, autoriza e permite o funcionamento é o ente público.”

Isso vale tanto para reconstruir a ferrovia até o porto, quanto para dragar o rio, afirma Rosa. Com essas etapas estabelecidas, o dever do setor produtivo passa a ser de organi-

zar os itens com potencial de transporte por ferrovia e hidrovia.

Concessão

das ERSs do zero

O plano de concessões das rodovias estaduais centralizou o debate entre região e Estado desde o primeiro semestre de 2021. Diante das críticas incisivas de representantes do setor produtivo, se estabeleceu uma postura de que o modelo proposto pelo Piratini estava distante das necessidades regionais.

“O desafio do próximo governador será muito grande. Há muita expectativa de como será o formato dos pedágios”, avalia o vice-presidente do Sindicato das Transportadoras (Setcergs) e diretor da Federação dos Transportes (Fetransul), Diego Tomasi.

Dois aspectos são fundamentais: a cobrança em praças físicas e o preço da tarifa. De acordo com ele, esse sistema cria distorções e prejuízos entre as localidades. Como sugestão, aponta a necessidade de usar a tecnologia, pelo sistema de cobrança eletrônica por quilômetro rodado (free flow).

“Não precisa ser desde o primeiro ano.

AÇÕES ESPERADAS

 Agilidade para licenças em termos de reformas nas ferrovias;

 Previsibilidade e continuidade da dragagem no Rio Taquari;

 Plano nacional de desenvolvimento dos modais de transporte por hidrovia e ferrovia;

 No Estado, pacote de concessão deve voltar para etapa de projeto

Mas que se preveja no contrato a implantação por etapa, com algum trecho de testes”, frisa. Para Tomasi, o governo gaúcho terá de refazer o plano do zero.

O presidente da cooperativa Valelog, Adelar Steffler, parte da mesma opinião. O formato apresentado antes não serve e deve ser revisto na integralidade, defende. Junto com as questões do preço da tarifa e formato da cobrança, acrescenta as obras previstas.

“Rotatórias com dimensões pequenas para o fluxo atual. Muitas feitas no mesmo nível do rodovia. Isso em áreas urbanas é um grande equívoco. Pois o trânsito interno e entre cidades se confundem.”

O resultado, afirma Steffler, é insegurança, pois aumenta o risco de acidentes e de engarrafamentos. “Precisamos de obras consistentes. Com duplicações e viadutos em áreas de muito trânsito.”

A nova BR-386

A região tem uma cadeira permanente na Comissão Tripartite dentro da área de abrangência da BR-386 concedida à CCR Viasul. A rodovia foi repassada à iniciativa privada após leilão em novembro de 2019 e o contrato começou a valer em fevereiro do outro ano.

Como se trata de um contrato vigente, gerenciado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), há pouco risco de interferência governamental da próxima gestão. Por outro lado, há prevista a repactuação contratual a cada cinco anos. Dentro deste prazo, se verifica as necessidades surgidas no novo ciclo, a inclusão ou exclusão de alguma obra.

A representação regional no órgão avalia o pedido para incluir uma ciclovia entre Lajeado e Estrela, a antecipação da rotatória entre a Via Láctea e a BR-386. Qualquer modificação nos termos do planejamento de investimentos, impacto no custo da tarifa, retirada ou inclusão de obras, precisam passar por audiência pública. Essa etapa começa em 2024.

CADERNO ESPECIAL/OUTUBRO 2022 3
INFRAESTRUTURA LOGÍSTICA PARA O
GOVERNAMENTAL, LÍDERES
NECESSIDADE DE
AGILIDADE PARA
O USO DE MODAIS DE TRANSPORTE. DO PONTO DE VISTA DAS CONDIÇÕES DE ESTRADAS DO ESTADO, É PRECISO REFAZER PROJETO DOS PEDÁGIOS Filipe Faleiro filipe@grupoahora.net.br VALE DO TAQUARI
Projeto para repassar rodovias à iniciativa privada teve posicionamento contrário do setor produtivo regional Complexo portuário de Estrela está sem transporte de cargas, tanto por trens
quanto
embarcações desde 2014
ARQUIVO A HORA FILIPE FALEIRO/ARQUIVO IVANDRO ROSA DIEGO TOMASI ADELAR STEFFLER PRESIDENTE DA CIC-VT VICE-PRESIDENTE DO SETCERGS E DIRETOR DA FETRANSUL PRESIDENTE DA VALELOG PARA RETOMAR ESSA OFERTA (HIDROVIA E FERROVIA), É PRECISO UM ALINHAMENTO POLÍTICO ENTRE MUNICÍPIOS, ESTADO E GOVERNO FEDERAL.” O
DESAFIO DO PRÓXIMO GOVERNADOR SERÁ MUITO GRANDE. HÁ MUITA EXPECTATIVA DE COMO SERÁ O FORMATO DOS PEDÁGIOS.”
PRECISAMOS DE OBRAS CONSISTENTES. COM DUPLICAÇÕES E VIADUTOS EM ÁREAS DE MUITO TRÂNSITO.”

ESFORÇO PARA CONSOLIDAR O POTENCIAL DA REGIÃO

LÍDERES E ESPECIALISTAS APONTAM CAMINHOS PARA O SEGMENTO, QUE DEVE SER TRATADO COMO PROPULSOR DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO GAÚCHO

Falar

que o Vale do Taquari despertou para o turismo não é mais novidade.

Há pelo menos dois anos, a região desfruta de uma condição nunca antes alcançada. Empreendimentos como o Cristo Protetor e o Trem dos Vales a colocam em posição de destaque no RS. O desafio agora é consolidá-la como um destino per manente, além de diversificar atrativos.

Qualificar a infraestrutura está entre as ações que se esperam dos novos gover nantes, tanto na esfera federal quanto na estadual. Acessos e estradas, por exemplo, necessitam de investimentos para que o tu rista se desloque com segurança até o em preendimento. Gestores também reivindi cam estratégias de divulgação dos produtos e roteiros.

Independente de quem esteja no poder a partir de 2023, o presidente da Associação dos Municípios para o Turismo da Região dos Vales (Amturvales), Leandro Arenhart, entende que, acima de tudo, o setor seja tra tado como um propulsor do desenvolvimen to econômico não só da região.

“Esperamos que, no Estado, se mantenha a Secretaria de Turismo, com a disponibili zação de mais recursos para se investir no setor. O Vale, obviamente, quer se colocar como destino de turistas e se tornar uma das regiões mais visitadas, conectando com re giões consolidadas, como a Serra Gaúcha e as Hortênsias”, destaca.

Produtos fortalecidos

Segundo Arenhart, a atenção com a in fraestrutura e qualificação profissional deve ser redobrada, visto que são dois gargalos que a região enfrenta. “Nós precisamos de mais recursos à parte da logística, nos aces sos e na sinalização. Também dar andamen

to nas qualificações, do bem receber, para tornar o Vale um destino forte e consolida do”.

Na parte da mão de obra, Arenhart co menta que o setor já enfrenta um “apagão”, com a falta de profissionais qualificados. Por isso, em conjunto com o Sebrae e Univates, busca formas de minimizar as dificuldades. “Precisamos dar atenção a todos os muni cípios. Não tem um melhor ou um inferior, todos tem o mesmo valor, e cada um conta com uma experiência diferente ao turista”.

Já o analista de articulação de projetos do Sebrae, Diego Zenkner, entende que o poder público tem um papel importante no desenvolvimento do turismo, em dar o su porte necessário para que o setor privado se desenvolva. “Quem faz o turismo acontecer é o setor privado. É um negócio e precisa ser rentável para se sustentar, além de geração de empregos e impostos”, enfatiza.

Parceria

Coordenador do Trem dos Vales, Rafael Fontana, destaca que os atrativos de maior sucesso possibilitaram a criação de novos empreendimentos focados na prestação de serviços. “Mais do que nunca, o turismo é realidade. E, como tantas coisas no Vale, é di

AÇÕES ESPERADAS

a Construir, juntamente com a governança regional (Amturvales) e setor privado, a estratégia de atuação turística da região.

a Criar mecanismos de inteligência do setor, uma espécie de observatório turístico (isso a nível estadual) para subsidiar a criação do planejamento estratégico e fazer o monitoramento do setor.

a Auxiliar em ações de promoção do turismo regional (feiras, rodadas de negócio, road show’s nacionais e internacionais).

a Melhorar a infraestrutura de acesso aos empreendimentos e sinalização turística.

versidade. Em cada segmento, soma e contri bui, de forma econômica e social”, ressalta.

Para ele, os próximos governantes devem ser parceiros de iniciativas da região, com ações específicas para promover qualificação profissional, por meio de cursos e oficinas de especialização. Cita também a questão de infraestrutura de qualidade, um anseio dos municípios.

“Esperamos um maior investimento em sinalização e a adesão à agenda de trabalho das lideranças que trabalham pela articula ção em favor da causa turística. Da mesma forma, esperamos que sejam impulsiona das ações de divulgação, com o objetivo de tornar ainda mais conhecidos os atrativos locais, que por consequência impactam no desenvolvimento e na própria arrecada ção”, pontua.

CADERNO ESPECIAL/OUTUBRO 20224
TURISMO
Mateus Souza
mateus@grupoahora.net.br VALE DO TAQUARI
Trem dos Vales tem recorde de público. Plano agora é tornar passeios permanentes na região
KADU BERNARDI/DIVULGAÇÃO Monumento em Encantado recebe turistas de todos os cantos do RS e até de fora. Objetivo agora é melhorar acesso e o entorno LEANDRO ARENHART
PRESIDENTE DA AMTURVALES
O VALE, OBVIAMENTE, QUER SE COLOCAR COMO DESTINO DE TURISTAS E SE TORNAR UMA DAS REGIÕES MAIS VISITADAS, CONECTANDO COM REGIÕES CONSOLIDADAS, COMO A SERRA GAÚCHA E AS HORTÊNSIAS”
DIVULGAÇÃO
DIEGO
ZENKNER ANALISTA DE ARTICULAÇÃO DE PROJETOS DO SEBRAE QUEM
FAZ O TURISMO ACONTECER É O SETOR PRIVADO. É UM NEGÓCIO E PRECISA SER RENTÁVEL PARA SE SUSTENTAR, ALÉM DE GERAÇÃO DE EMPREGOS E IMPOSTOS”
RAFAEL FONTANA COORDENADOR DO TREM DOS VALES ESPERAMOS UM MAIOR
INVESTIMENTO EM SINALIZAÇÃO E A ADESÃO
À
AGENDA
DE
TRABALHO DAS LIDERANÇAS QUE TRABALHAM PELA ARTICULAÇÃO EM FAVOR DA CAUSA TURÍSTICA”

APOIO À AGRICULTURA FAMILIAR E À INDÚSTRIA DA TRANSFORMAÇÃO

PROGRAMAS DE CRÉDITO SUBSIDIADO, IRRIGAÇÃO E PERMANÊNCIA DOS JOVENS NAS PROPRIEDADES SÃO DEMANDAS DA REGIÃO

AOS ELEITOS. INCENTIVOS

PARA AGREGAR VALOR ÀS COMMODITIES TAMBÉM

INTEGRAM EXPECTATIVAS

Setor primário do Vale em números

Responsável

por 3,6% do Valor Adicionado Bruto (VAB) da agro pecuária gaúcha, a região tem no setor primário uma das princi pais forças econômicas. Ao mesmo tempo, há gargalos que travam o desenvolvimento nesta área. Esses desafios são elencados por líderes e estão entre as reivindicações aos futuros gestores.

Para o pequeno produtor, o apoio com crédito subsidiado, programas de irrigação, incentivos à sucessão na propriedade e se gurança previdenciária são prioridades. Ao mesmo tempo em que viabilizar a produção nos diferentes segmentos, a indústria da transformação também carece de incenti vos para manter seu potencial de gerar em prego e renda.

As agroindústrias voltadas aos grãos, lác teos e carnes entendem que é preciso quali ficar e diversificar os modais logísticos para

reduzir custos de produção, além de política voltada ao incentivo do processamento da matéria-prima. Muitas empresas do Vale já atuam nesse segmento, mas ainda há uma expressiva parcela de commodities destina das para exportação e que depois retornam ao país com valor agregado.

Apoio à agricultura familiar

Incentivos à permanência dos jovens no campo, liberação de crédito com juros sub sidiado e oportunidades para compra de terra. Essas são algumas das reivindicações ligadas à agricultura familiar. Pela avaliação do coordenador regional do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), Marcos Hinri chsen, os próximos gestores precisam estar atentos a esses aspectos.

AÇÕES ESPERADAS

a Incentivar a industrialização e agregar valor às commodities;

a Reduzir custos de produção e melhorar a competitividade do setor primário a partir da integração de modais logísticos;

a Crédito com juro acessível;

a Incentivos à habitação; a Fortalecimento da previdência;

a Programas voltados à irrigação, aquisição de alimentos e incentivo à permanência dos jovens no campo..

“É preciso dar maior atenção aos peque nos produtores que por muitas vezes são deixados de lado. Isso reflete de forma direta com a renda das famílias. Hoje, até existem alguns programas, mas muito tímidos”, considera Hinrichsen. Outra área essencial

é o avanço na distribuição de internet às lo calidades do interior.

De acordo com o dirigente regional, a co nectividade é pré-requisito para incentivar a sucessão nas propriedades. “Os jovens precisam ter esse acesso seja para entrete nimento, qualificação e inovação da ativida de”, defende Hirichsen.

Além disso, ele espera dos futuros gesto res ações para controlar custos de produção, garantir a produção e importação de fertili zantes, redução no valor dos combustíveis e melhorar as relações internacionais de im portação e exportação. “O governo compro metido com uma atividade faz a diferença na vida de quem produz e consome.”

Indústria da transformação

Tanto em âmbito nacional quanto es tadual, líderes ligados às agroindústrias esperam reconhecimento da importância deste segmento econômico. De acordo com o presidente da Languiru, Dirceu Ba yer, é preciso valorizar e traçar estratégias de incentivos diante da vocação em gerar

emprego, renda e agregar valor à matéria -prima.

Ele indica expressivo potencial por meio das exportações do agronegócio. “Cabe aos agentes públicos perceberem isso, pois nosso setor contribui para o Brasil se tornar um pla yer competitivo no cenário mundial”, reitera Bayer. Para que isso se consolide, reforça a necessidade de incentivar a industrialização para agregar valor às commodities.

Outro desafio tem relação com a infraes trutura logística. “O Vale é um grande im portador de grãos e, também, um grande exportador de alimentos industrializados. Atualmente todo este transporte é por ro dovias, o que gera maior custo logístico.” Nesse sentido, Bayer defende investimentos que permitam a integração de modais, em especial com ferrovias.

CADERNO ESPECIAL/OUTUBRO 2022 5 AGRONEGÓCIO
VALE DO TAQUARI
Com 1,2 mil granjas, segmento avícola do Vale espera dos gestores eleitos incentivos com crédito subsidiado e apoio na industrialização
ARQUIVO DIRCEU BAYER PRESIDENTE DA LANGUIRU
CABE AOS AGENTES PÚBLICOS PERCEBEREM ISSO (AGREGAR VALOR ÀS COMMODITIES), POIS NOSSO SETOR CONTRIBUI PARA O BRASIL SE TORNAR UM PLAYER COMPETITIVO (...).”
MARCOS HINRICHSEN COORDENADOR REGIONAL DO STR É
PRECISO DAR MAIOR ATENÇÃO AOS PEQUENOS PRODUTORES, QUE POR MUITAS VEZES SÃO DEIXADOS
DE LADO. ISSO REFLETE DE FORMA DIRETA COM A RENDA DAS FAMÍLIAS.”
Valor da Produção Agropecuária (VAB) R$ 1,3 bilhão Fonte: DEE/RS 2019 Avicultura 1,2 mil granjas 338,5 milhões de aves abatidas no ano passado Gado leiteiro 4,5 mil produtores Suinocultura 1,9 milhão de suínos abatidos, 18,7% da produção gaúcha

REFORMA ADMINISTRATIVA, MENOS IMPOSTOS E EQUILÍBRIO FISCAL

ras estão diretamente relacionados a quanto os entes arrecadam e o quanto gastam.”

Para ela, a política econômica precisa olhar tanto para a produção, no sentido de estimular a atividade econômica, quanto às necessidades de consumo da sociedade, em especial da parcela mais carente. “Políticas que atendem a perspectiva da produção, in vestimento e a questão do consumo são ca pazes de gerar um círculo virtuoso tanto no Estado quanto na União.”

Incentivos voltados à inovação, refor mas administrativa e tributária, jun to com responsabilidade na gestão fiscal. Esses temas são considerados imprescindíveis para o crescimento eco nômico da região.

Pela avaliação do vice-presidente da Fe deração de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), Renato Schef fler, tanto no governo gaúcho quanto no fe deral, as próximas gestões precisam enxu gar a máquina pública de forma a melhorar a eficiência. Para isso, acredita que a maior prioridade será a reforma administrativa. Segundo ele, sem esse processo, uma eventual reforma tributária, fundamental para evitar a sobrecarga de impostos no se tor produtivo, perderia eficácia.

Para Scheffler, outro ponto fundamen tal para o crescimento do Vale do Taquari está na solução dos gargalos logísticos re gionais. “Tanto na questão das nossas ro

AÇÕES ESPERADAS

Esfera nacional

aReforma tributária aReforma administrativa aResponsabilidade fiscal aPolíticas de estímulo ao setor privado aInvestimento em infraestrutura logística aAtenção às necessidades de consumo da população carente

Esfera estadual

aSimplificação do ICMS aIncentivo à inovação aIncentivo ao APL Alimentos e Bebidas.

dovias, quanto na utilização das ferrovias, hoje ociosas, e do Porto de Estrela.”

Ainda de acordo com o vice-presidente da Federasul, apesar do consenso em torno da relevância do agronegócio para o futu ro do Brasil, hoje o foco do setor está mais voltado para a produção de grãos e bovi nos em larga escala, o que não favorece a região. “Nos preocupa o alto custo para a produção de proteína animal do Vale do Ta quari, devido ao preço dos grãos.”

Scheffler enfatiza o desempenho das cooperativas regionais que transformam a proteína produzida no campo em produtos de valor agregado, e que tiveram prejuízos no ano passado devido a elevação dos cus tos de produção, que não pode ser repassa do aos produtos finais.

“Se tivéssemos uma malha ferroviária capaz de trazer esses grãos do Mato Gros so até o Vale, reduziríamos o custo de lo gística e, consequentemente, da produção como um todo.”

Desenvolvimento regional

Conforme a economista e vice-presidente do Conselho de Desenvolvimento (Code vat), Cintia Agostini, as possibilidades de projetos de infraestrutura formam a base para o desenvolvimento dos negócios pri vados. Para ela, iniciativas do Estado, seja na infraestrutura de telecomunicação, mo dais de transporte, energia ou na base de conhecimento da inovação, impulsionam e dão seguranças aos investimentos privados. “Tanto o RS quanto a União devem ser efi cientes e eficazes, de forma a fazer o certo e bem-feito.”

Cintia considera ainda, que tanto em nível estadual quando nacional existem pautas econômicas que influenciam no desempe nho regional, entre elas as políticas monetá ria, fiscal e cambial.

“O atendimento da sociedade e o cumpri mento das responsabilidades nas duas esfe

Segundo Cintia, o Vale do Taquari é uma região mais dinâmica e diversa na compara ção com outras, mas, mesmo assim, depen de do cenário econômico nacional e interna cional. Por isso, reforça a importância das duas esferas nas políticas macroeconômi cas, fiscais e sociais para o desenvolvimento regional. “Precisamos avançar em qualifi cação profissional, educação, inovação, in vestimento, produtividade, geração de em prego e renda, sem deixar de lado o impacto social e ambiental.”

Competitividade

O presidente da CIC-VT, Ivandro Rosa, ressalta o papel dos governos federal e esta dual na ampliação da competitividade das empresas regionais. Ele defende a simplifica ção do ICMS e a adoção de políticas voltadas para o investimento em inovação no âmbito do Arranjo Produtivo Local (APL) Alimentos e Bebidas. “A região tem uma base forte na produção de alimentos, mas não podemos nos apegar aos modelos consagrados, pois estes precisam ser aprimorados de forma a atender as mudanças do mercado mundial.”

Na esfera federal, defende medidas como as reformas tributária e administrativa, de forma a prover mais previsibilidade à eco nomia. Além disso, destaca a necessidade de dar sequência à políticas fundamentais durante o período da pandemia, como o Pronampe e outros programas de auxílio às empresas. “Em cada esfera temos algumas lutas para tornar o Vale mais forte, indepen dente de quem ganhar.”

CADERNO ESPECIAL/OUTUBRO 20226
POLÍTICA ECONÔMICA
LÍDERES APONTAM MEDIDAS CAPAZES DE FACILITAR O DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO. ENTRE ELAS, AJUSTES NA MÁQUINA PÚBLICA PARA MELHORAR EFICIÊNCIA E REDUÇÃO DA CARGA TRIBUTÁRIA
Thiago Maurique thiagomaurique@grupoahora.net.br VALE
Líderes regionais defendem simplificação do ICMS e políticas para investimento em inovação no âmbito do Arranjo Produtivo Local (APL) dos Alimentos e Bebidas
IVANDRO ROSA CINTIA AGOSTINI PRESIDENTE DA CIC-VT ECONOMISTA E VICE-PRESIDENTE DO CODEVAT A REGIÃO TEM UMA BASE FORTE NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS, MAS NÃO PODEMOS NOS APEGAR AOS MODELOS CONSAGRADOS, POIS ESTES PRECISAM SER APRIMORADOS (...).” POLÍTICAS QUE ATENDEM A PERSPECTIVA DA PRODUÇÃO, INVESTIMENTO E A QUESTÃO DO CONSUMO SÃO CAPAZES DE GERAR UM CÍRCULO VIRTUOSO TANTO NO ESTADO QUANTO NA UNIÃO.” RENATO SCHEFFLER VICE-PRESIDENTE DA FEDERASUL NOS PREOCUPA O ALTO CUSTO PARA A PRODUÇÃO DE PROTEÍNA ANIMAL DO VALE DO TAQUARI, DEVIDO AO PREÇO DOS GRÃOS.”
DIVULGAÇÃO

EM MEIO À TRANSIÇÃO, O DESAFIO DE APROXIMAR O VALE DO PODER

VALE DO TAQUARI

Oinício de um novo mandato no Executivo estadual e federal costuma gerar apreensão. O período de transição é acom panhado com atenção pelos gestores mu nicipais, já que é quando se dá a compo sição do secretariado e dos ministérios, como das alianças partidárias.

Na sexta-feira, 28, líderes locais foram ouvidos acerca dos impactos que podem sofrer os municípios e a região com a elei ção de governador e presidente

O presidente do Conselho de Desenvol vimento do Vale do Taquari (Codevat), Luciano Moresco, espera um ambiente de diálogo, com capacidade de exercer e ter compromisso com a democracia durante o período de transição. “Ninguém espera mudanças abruptas, porque vivemos em uma economia global”, acredita.

O prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo (Progressistas), entende que ter maior ou menor facilidade no período de transição depende do alinhamento político. “Em 2018, foi muito produtivo, porque o go verno federal estava alinhado com o que se defende em Lajeado. E apesar de ter trocado o governador, teve uma sequência do programa do que vinha sendo desen volvido. Não houve prejuízo, houve uma solução de continuidade que a gente con seguiu se adaptar rapidamente. Agora, a expectativa também é de que permaneça o alinhamento, o que eu acredito que vai ser

muito produtivo para todos nós.”

O advogado, especialista em direito público, Gladimir Chiele, acredita que a composição dos governos e os primeiros meses de gestão dependem do perfil de cada presidente. “E conhecemos ambos, porque um está e o outro já foi. Quanto à questão legal, temos uma democracia só lida e toda uma legislação que precisa ser cumprida, diferente da natureza política.”

De acordo com Chiele, os governos não devem demorar a engrenar. “A Lei de Res ponsabilidade Fiscal impõe um equilíbrio econômico, inclusive no período de transi ção, que tem acompanhamento e prestação de contas aos tribunais de contas.”

O presidente da Associação dos Municí pios do Vale do Taquari (Amvat), Sandro Herrmann, não está tão otimista “A mu dança na gestão preocupa, porque certa mente vai haver uma parada nas questões administrativas, principalmente nos pri meiros seis meses, quando sempre se nota esta desaceleração. E em 2024 já vamos

Lei de Responsabilidade

Fiscal prevê regras para

dos orçamentos na transição

travar outra vez por conta das eleições municipais.”

Representação

Não ter representação do Vale no Legis lativo estadual e federal pode ser suprida de outras formas, segundo o presidente da Amvat. “Temos que buscar a participação nos governos do estado e do país dentro das pastas, seja nas secretarias ou nos ministérios. Além disso, temos entidades como a Amvat, com papel importante nes te momento de aproximação”, ressalta Herrmann.

Luciano Moresco acrescenta que a região tem entidades que podem repre sentar o Vale e fazer o papel de estreitar distâncias apresentando demandas e rei vindicando projetos.

MARCELO

EM 2018, FOI MUITO PRODUTIVO, PORQUE

FEDERAL ESTAVA ALINHADO COM O QUE SE DEFENDE

LAJEADO.

APESAR DE TROCADO

UMA

JÁ VINHA SENDO

CADERNO ESPECIAL/OUTUBRO 2022 7
GESTÃO E GOVERNANÇA
SEM DEPUTADOS ELEITOS, PREFEITOS E ENTIDADES TERÃO PAPEL IMPORTANTE PARA ASSUMIR DIÁLOGO COM BRASÍLIA E PORTO ALEGRE. LÍDERES LOCAIS DESCARTAM MUDANÇAS ABRUPTAS NAS RELAÇÕES FEDERATIVAS
Luciane Eschberger Ferreira lucianeferreira@grupoahora.net.br
continuidade
Líderes de setores produtivos e prefeitos desejam manter projetos em andamento DIVULGAÇÃO
DIVULGAÇÃO GLADIMIR CHIELE ADVOGADO, ESPECIALISTA EM DIREITO PÚBLICO A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL IMPÕE UM EQUILÍBRIO ECONÔMICO, INCLUSIVE NO PERÍODO DE TRANSIÇÃO, QUE TEM ACOMPANHAMENTO E PRESTAÇÃO DE CONTAS PELO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO E DA UNIÃO.”
CAUMO PREFEITO DE LAJEADO
O GOVERNO
EM
E
O GOVERNADOR, TEVE
SEQUÊNCIA DO PROGRAMA DO QUE
DESENVOLVIDO.” LUCIANO MORESCO PRESIDENTE DO CODEVAT NINGUÉM ESPERA MUDANÇAS ABRUPTAS, PORQUE VIVEMOS EM UMA ECONOMIA GLOBAL.” SANDRO HERRMANN PRESIDENTE DA AMVAT A MUDANÇA NA GESTÃO PREOCUPA, PORQUE CERTAMENTE VAI HAVER UMA PARADA NAS QUESTÕES ADMINISTRATIVAS”

TECNOLOGIA E AUMENTO DE EFETIVO SÃO EXPECTATIVAS

AÇÕES ESPERADAS

aInvestimento em Inteligência e Tecnologia aRealização de concurso para aumento de efetivo aValorização salarial de servidores aConstrução de presídios

Aumento de pessoal

O presidente da Associação Lajeadense Pró-Segurança Pública (Alsepro), Fabrício Schneider, acredita que a estrutura em ter mos de viaturas, armamento, drones e soft wares, está em boas condições, e deve se guir dessa forma. Por isso, as expectativas estão direcionadas à contratação de mão de obra e melhorias nos salários.

Para

manter estáveis os indicadores e proteger a região do avanço da criminalidade, autoridades locais e líderes comunitários frisam a im portância de reforçar a tecnologia das forças de segurança. Nesse aspecto, impõe-se a necessidade de concluir uma das principais apostas do Vale no setor: o Centro Integrado de Comando e Controle.

Projetado em 2018, o plano inicial era que a estrutura, montada ao lado do 22º Bata lhão de Polícia Militar de Lajeado, entrasse

em operação até o fim daquele ano. Quatro anos depois, segue inativo por falta de equi pamentos.

Conforme o secretário de Segurança Pú blica de Lajeado, Paulo Locatelli, a licitação para compra dos materiais estava pronta, quando o governo do Estado anunciou o repasse de material por meio do programa Avançar RS Seguro. “Para não comprarmos as mesmas coisas, esperamos que o repas se. Mas acabou entrando a eleição no meio disso.”

Conforme o projeto, o espaço reunirá equipes de diferentes órgãos de segurança, como da Brigada Militar, Polícia Civil, Bom beiros, PRF e IGP, e dar mais agilidade ao atendimento de ocorrências. A iniciativa faz parte do projeto de cercamento eletrônico por meio do Sistema de Segurança Integra da com os Municípios (SIM).

Para o secretário, é importante que o inves timento nas tecnologias de informação volta das à segurança pública seja uma das priori dades, já que o Vale tem apostado nisso.

“Para os próximos quatro anos, dese jamos que o governo contrate mais, que publique mais editais para os setores de se gurança. Assim, poderemos reduzir o pro blema de falta de efetivo que é o que mais nos preocupa no momento”, comenta.

Valorização salarial e concursos públicos para aumento e renovação das equipes, são medidas necessárias para atrair novos ser vidores, acredita Schneider. A construção de presídios para reduzir a sobrecarga no sistema penitenciário gaúcho, também exi ge atenção.

CADERNO ESPECIAL/OUTUBRO 20228 SEGURANÇA PÚBLICA
DESTRAVAR O CENTRO INTEGRADO DE COMANDO E CONTROLE E APRIMORAR ÁREA DE INTELIGÊNCIA DAS CORPORAÇÕES ESTÃO ENTRE AS PRIORIDADES REGIONAIS
Ampliação de efetivo policial é uma das prioridades defendidas do Vale do Taquari FELIPE DALLA VALLE / PALÁCIO PIRATINI

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