SEXTA-FEIRA, 19 NOVEMBRO 2021 BOQUEIRÃO DO LEÃO • CANUDOS DO VALE • GRAMADO XAVIER • PROGRESSO • SÉRIO
Especial - Grupo A Hora
Cultura do milho pode ser uma das mais impactadas com a escassez de chuva nos próximos meses
VALE DO TAQUARI
C
om chuva cada vez mais irregular, a produtividade agrícola da safra recém implantada nas lavouras pode ficar comprometida. As projeções para as próximas semanas e meses são de precipitação abaixo da média, efeitos do fenômeno La Niña que deve perdurar até o início do outono de 2022. A grande preocupação neste fim de ano é com a cultura do milho. Dados da Emater/RS-Ascar mantém as estimativas do ano passado com 35,4 mil hectares implantados. A produção esperada é de 6,5 toneladas por hectare. Neste mesmo período do ano passado, o cenário também era desafiador. “Em 2020, do fim de agosto até dezembro choveu pouco e o solo estava bastante seco. Depois até foi possível recuperar o resultado e houve safra recorde de soja”, comenta o assistente
La Niña aumenta risco de estiagem FELIPE NEITZKE
Soja
O período mais crítico para a soja no RS se dá entre a segunda metade de janeiro e o começo de março, momento de maior demanda hídrica e que pode ter irregularidade na chuva. A metade norte gaúcha pode enfrentar problemas nos próximos meses com precipitações deficientes, mas os dados de hoje indicam risco de chuva irregular e déficit hídrico será maior nas áreas ao oeste e sul do estado, em cenário benéfico para o arroz e de risco para a soja nestas regiões.
Saiba mais Baixa umidade do sol e chuva irregular colocam em risco a produtividade das lavouras de milho no Vale
técnico Alano Tonin. Em novo boletim emitido pela MetSul, a meteorologista Estael Sias alerta para dias mais quentes e perda acelerada da umidade do solo. “O risco de quebra na cultura do milho gaúcho é elevado. A chuva no mês de outubro ficou acima da média, contudo, as precipitações começaram a ficar mais irregulares e aquém
do necessário em muitas áreas”, observa. O volume de chuva nos últimos 30 dias sequer superou os 50 milímetros em muitos municípios do Vale do Taquari. Ainda de acordo com a última análise climática, o trimestre de outubro a dezembro tem 99% de probabilidade de La Niña e 1% de neutralidade.
O fenômeno foi declarado por agência americana na metade do mês passado. Para o trimestre de novembro a fevereiro, que recém começa, 97% de probabilidade de La Niña e 3% de neutralidade. Já para o trimestre de dezembro a fevereiro, a chance é de 92% de atuação do fenômeno.
A La Niña se caracteriza pelo resfriamento das águas superficiais da faixa equatorial do Oceano Pacífico com a alteração do regime de vento na região que impacta o padrão de circulação geral da atmosfera em escala global, inclusive no Brasil. Quando há um evento de La Niña há uma tendência de a Terra esfriar ou na fase atual de apresentar aquecimento menor que haveria estivesse sob El Niño.