FIM DE SEMANA, 5 E 6 DE FEVEREIRO DE 2022
Especial - Grupo A Hora
MOBILIZAÇÃO REGIONAL
Agricultura familiar cobra apoio contra estiagem Fetag e sindicatos promovem ato que visa conscientizar sociedade sobre os desafios na produção de alimentos. Mobilização reúne produtores na 10ª edição do Grito de Alerta FELIPE NEITZKE regional@grupoahora.net.br
Marcos Hinrichsen, coordenador regional do STR
ESTADO
A
falta de políticas públicas para minimizar as perdas em decorrência da estiagem é a principal queixa de agricultores familiares. Em busca de maior atenção por parte dos governos, a federação que representa os trabalhadores do campo promove o 10° Grito de Alerta. A atividade ocorre em 16 de fevereiro na cidade de Ijuí e reúne representantes de todo o estado. O propósito da mobilização é expor à comunidade o período desafiador na produção de alimentos. Entre as reivindicações, revisão na política de preços dos combustíveis, diminuição dos custos de produção, mais recursos para programas do governo federal, incentivo à permanência do jovem no campo e valorização da educação no meio rural. Conforme o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag/RS), Carlos Joel da Silva, o Grito de Alerta será retomado este ano diante da gravidade do cenário na agricultura. “Nas demais edições sempre se projetava demandas a médio e longo prazo. Desta vez, temos uma pauta voltada aos problemas do momento. Não adianta pensar no futuro sem resolver o agora.” De acordo com Silva, o Estado já sinalizou com algumas iniciativas que ajudam, mas ainda são insuficientes para garantir a permanência das famílias no campo. Dentre o apoio confirmado pelo Pira-
Além das perdas por estiagem, os produtores do Vale também contabilizam prejuízos por recorrentes falhas no sistema de energia da RGE. Esta é outra demanda que buscamos solução.”
Vale confirma presença
Reivindicações do setor
Além das perdas por estiagem, os produtores do Vale também contabilizam prejuízos por recorrentes falhas no sistema de energia da RGE. Esta é outra demanda que buscamos solução.” Carlos Joel da Silva, presidente da Fetag/RS
• Redução dos preços de combustíveis • Diminuição dos custos de produção • Mais recursos aos programas de aquisição de alimentos • Políticas de incentivo à juventude rural • Crédito diferenciado aos jovens do campo • Valorização do ensino no meio rural • Retorno do subsídio para energia elétrica aos agricultores • Valorização do salário mínimo
tini, a isenção no custo das sementes do Troca-Troca, liberação de recursos do Avançar para redes de água e irrigação, além da possibilidade de subsidiar juros em financiamento de até R$ 10 mil para pequenos produtores. Por outro lado, o presidente da Fetag/RS expressa preocupação com a falta de
sensibilidade do governo federal. “A ministra da Agricultura esteve no RS, mas até agora não obtivemos um apoio efetivo”, comenta. Ainda de acordo com Silva, a chuva das últimas semanas trouxe alívio momentâneo, mas não reverte as perdas e mantém um cenário de atenção na produção de grãos.
As 19 entidades que compõem a regional do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) vão disponibilizar transporte aos produtores para o Grito de Alerta. Devido às restrições da pandemia, o número de participantes é limitado. De acordo com o coordenador Marcos Hinrichsen será fretado um ônibus para levar o grupo até Ijuí. As inscrições são nos sindicatos. “A pauta para mitigar efeitos da seca é de extrema importância e precisa de resultados. Além de todas as reivindicações já apresentadas, também solicitamos ao governo federal que viabilize milho da Cohab com valor subsidiado”, reitera. O movimento busca, ainda, chamar a atenção das instituições bancárias sobre a cobrança de juros dos financiamentos de safra, onde o produtor enfrenta dificuldades em cumprir com os prazos diante das perdas de produtividade. Na avaliação de Hinrichsen, a expectativa dos produtores é que o retorno de chuva com maior frequência possa viabilizar uma segunda safra com melhores resultados. “Ficamos na torcida que a safrinha se torne uma grande colheita. Caso isso não ocorra, a situação vai agravar e comprometer outros setores.”