FIM DE SEMANA, 9 E 10 ABRIL 2022
Especial - Grupo A Hora
Alívio na estiagem indica momento para reserva de água Chuva durante o mês de março superou 180 milímetros e contribuiu na reposição dos níveis hídricos. Para ampliar o armazenamento de água, programa do governo gaúcho prevê a abertura de 350 microaçudes na região FELIPE NEITZKE felipeneitzke@grupoahora.net.br
VALE DO TAQUARI
M
aior regularidade da chuva indica uma melhora nas condições hídricas em lavouras e no armazenamento de água. O cenário torna estratégico os investimentos para reserva e sistemas de irrigação. Essas estruturas contribuem ao produtor em caso de novo episódio de estiagem. A melhora do quadro hídrico também é atestada pelos dados do Estado. O Vale do Taquari está há mais de um mês sem novos registros de situação de emergência pela seca. O último pedido de auxílio protocolado na Defesa Civil foi em 3 de março, pelo governo de Santa Clara do Sul. Ao todo, a região contabiliza mais de R$ 530 milhões em perdas no setor primário. O período seco iniciado em outubro do ano
passado comprometeu em mais de 40% a produção de soja e em média 60% as lavouras de milho, além de afetar frutíferas, pastagens e a criação de peixes. Com a precipitação acima do previsto no mês de março e indicativo de chuva regular em abril, produtores encaminham a safrinha com boas projeções de produtividade. De acordo com técnicos da Emater/Ascar-RS este também é o momento ideal de planejar e investir em sistemas de irrigação. Conforme o gerente adjunto da regional de Lajeado, Carlos Lagemann, a busca por segurança hídrica é cada vez mais essencial diante das mudanças nos padrões climáticos. “Nossas características de estrutura fundiária e topografia permitem pequenos sistemas de irrigação com baixo custo no armazenamento de água”, observa. Lagemann reitera ainda, a necessidade de fontes
DADOS DA ESTIAGEM NO VALE R$ 535 milhões em perdas 34 cidades emitiram decretos 41% de quebra na soja 58% de perdas no milho
Abertura de novos microaçudes deve iniciar antes do inverno. Estado e município formalizam convênios para liberação dos recursos
próprias aos criadores de aves e suínos. As novas estruturas preveem a perfuração de poços e aproveitamento da água da chuva coletada em calhas dos aviários ou chiqueirões. Essas medidas contribuem na manutenção das atividades mesmo em períodos prolongados sem chuva, a exemplo do que ocorreu nos últimos três anos.
Novos açudes Entre os vales do Taquari e Caí serão construídos pelo menos 350 novos microaçudes. A iniciativa faz parte de programa do governo estadual de apoio aos produtores rurais. Os conselhos municipais de agricultura participaram do processo de definição dos beneficiários. A partir de agora, o Estado e municípios formalizam os convênios para repasse dos recursos. A próxima etapa será definir a contratação do serviço e liberação da ver-
ba. A meta é agilizar essa etapa burocrática a fim de viabilizar as estruturas até o início do inverno e aproveitar o período com maior volume de chuva. O novo secretário da Agricultura, Domingos Velhos Loppes, empossado no início da semana, começa sua gestão tendo como metas o fomento à irrigação e ampliação de reservas de água no RS. Segundo Lopes, a secretaria está aberta em busca de soluções das diferentes demandas dos produtores rurais. “Vamos fazer o nosso melhor e esgotar todas as possibilidades técnicas e legais para resolver as dificuldades”, afirmou durante solenidade de posse. Lopes também afirma que dará atenção especial para resolver os entraves ambientais que envolvem a irrigação. Hoje, a área de sequeiro irrigada no estado é de cerca de 235 mil hectares, mas há grande potencial para ampliação deste número. No âmbito do Avançar na Agropecuária e
no Desenvolvimento Rural, o governo promete investir R$ 201,4 milhões para qualificação da irrigação, por meio de escavação de poços artesianos, construção de microaçudes, instalação de cisternas e subsídios a projetos de irrigação.
Nossas características de estrutura fundiária e topografia permitem pequenos sistemas de irrigação com baixo custo no armazenamento de água.” Carlos Lagemann, gerente adjunto da Emater