FIM DE SEMANA, 7 E 8 MAIO 2022
Especial - Grupo A Hora
Enchente compromete lavouras de soja e milho GABRIEL SANTOS
Produtores registram perdas em áreas alagadas pela cheia do Rio Taquari e afluentes. Municípios ainda contabilizam prejuízo FELIPE NEITZKE felipeneitzke@grupoahora.net.br
VALE DO TAQUARI
A
pós perdas pela estiagem, produtores rurais registram prejuízo por conta da enchente desta semana. Mesmo que de menor proporção comparado a outras calamidades, o impacto no Vale do Taquari ainda é avaliado pelas autoridades. Entre as cidades com mais áreas atingidas, Arroio do Meio. Na localidade de Forqueta Baixa o produtor Eduardo Schwarzer perdeu dois hectares de milho. A plantação ficou submersa por mais de um dia. Com a força da correnteza, dobrou as plantas e impede a colheita.
A enchente aconteceu em um período que não é habitual para nossa região. O período de cheia varia de julho a setembro.”
Carlos Lagemann
presidente da Fetag/RS
Essa situação ocorreu diante do aumento do nível do rio Forqueta, um dos afluentes do Taquari. “O milho estaria pronto para silagem em três semanas. É uma das áreas que garantem o alimento das 36 vacas de nossa produção leiteira”, comenta Schwarzer. Embora a chuva não tenha acontecido de forma torrencial, há relatos de danos em estradas e acessos de propriedades. “Quebrou uma ponte de acesso à lavoura e o solo encharcado impede a entrada de máquinas.” Outras duas localidades do interior de Arroio do Meio registram perdas. Lavouras em Passo do Corvo e Cascalheira foram alagadas com a elevação do Rio Taquari. Conforme o secretário de Agricultura, Élcio Roni Lutz, os danos são maiores em
áreas de milho, diante do avançado estágio de colheita da soja. “Com a perda da safra de verão pela estiagem, a grande aposta dos produtores está na safrinha. Ainda temos pelo menos 80% do milho por colher. Ainda não há dados de quantos hectares foram atingidos”, reforça Lutz. De acordo com os dados dos municípios, o acumulado de chuva nas cidades da região varia de 80 a 120 milímetros durante esta semana. Nas cabeceiras da bacia hidrográfica do Rio Taquari, a precipitação superou os 250 mm.
“Para áreas alagáveis não há seguro” Enquanto técnicos ainda fazem os laudos
das perdas pela seca, o episódio da cheia compromete os encaminhamentos de seguro agrícola. Conforme o coordenador regional adjunto da Emater/RS-Ascar, Carlos Augusto Lagemann, o Proagro não cobre áreas prejuízo em áreas alagáveis. “Para acessar os recursos de seguro agrícola vai depender de avaliação individual. No geral, a lavoura está assegurada por fenômenos climáticos adversos, não em situações previsíveis, como é o caso de áreas de várzea.” Outro aspecto que chama a atenção de Lagemann é o fato da enchente ter ocorrido num período não habitual na região. Ele reforça que as maiores tendências de cheia são para os meses de julho, agosto e setembro.
Eduardo Schwarzer, de Arroio do Meio, contabiliza perdas em lavoura de milho inundada pelas águas do rio Forqueta
Previsão para os próximos meses As projeções do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) indicam a permanência do fenômeno La Niña durante o outono e o inverno. Com este cenário, deve prevalecer a irregularidade na chuva. Mesmo assim, não é descartado algum período com precipitação em maior volume.