RUMOS DO MAIOR BAIRRO

Com uma população oficial de mais de 7,5 mil habitantes, segundo dados do IBGE, mas que nas estimativas extraoficiais já passa dos 10 mil, Conventos deixou de ser uma localidade pacata do interior. Embora ainda preserve caracterís-

Diretoria da Associação de Moradores pleiteia melhorias no espaço próprio para ampliar atividades comunitárias.
ticas rurais, a urbanização mudou a fotografia do agora bairro mais populoso de Lajeado e se assemelha cada vez mais a uma “minicidade”. Tamanha expansão traz desafios para o futuro, da mobilidade à saúde. PÁGINAS 6, 8 E 9
BOM PASTOR
MUNICÍPIO BUSCA
CRIAR
NOVAS
LIGAÇÕES
Com o trânsito da Benjamin Constant saturado e a demora na conclusão das obras da BR-386, governo de Lajeado projeta abertura de via a partir da rua Guido Lenhard e criar uma nova rota de

OPINIÃO | MATEUS SOUZA
Afinal, qual é a população total de Conventos em 2025?
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deslocamento dentro do bairro. Ideia é ligar o Bom Pastor de ponta a ponta, desde a avenida dos Ipês até a Hermes Jaeger. Recursos e desapropriações são desafios para viabilizar obra.
Como se formou o bairro mais populoso de Lajeado
PÁGINAS 12 E 13
O futuro mora aqui
Odebate da 29ª edição do projeto Lajeado – Um novo olhar sobre os bairros reforça uma certeza: o desenvolvimento de Lajeado passa, cada vez mais, por bairros como Conventos e Bom Pastor. Um pelo tamanho e pela densidade populacional. O outro pela vocação empresarial e pelo crescimento urbano acelerado.
Ambas as localidades revelam os desafios típicos de uma cidade em transformação. A expansão rápida, a demanda por mais infraestrutura, escolas, unidades de saúde e mobilidade exigem planejamento e ação integrada entre poder público, setor privado e comunidade.
A presença de empresas que acreditam na cidade e investem em projetos sustentáveis, como a Imojel Construtora e Incorporadora, é parte importante desse processo. Mas tão essencial quanto é a atuação de lideranças comunitárias que mantêm vivo o espírito de pertencimento e de colaboração nos bairros. O caso de Conventos é exemplar nesse aspecto. Por parte do poder público, cabe o compromisso com o planejamento estratégico e o investimento em serviços que acompanhem o ritmo da mudança. As obras precisam ser feitas, mas acima de tudo bem pensadas. Do contrário, o futuro da cidade fica em xeque. São ações que precisam de um olhar, sobretudo, a médio e longo prazo.
Projetos como este, que buscam ouvir os bairros, dar voz às suas lideranças e compreender suas realidades com profundidade, ajudam a construir uma cidade mais justa, conectada e preparada para o futuro. Porque o futuro de Lajeado não está apenas no Centro. Ele mora, cresce e se organiza também nos bairros.
O QUE TEM NO BAIRRO
O crescimento de Lajeado em direção a Santa Clara do Sul passa por Conventos e Bom Pastor, dois bairros em plena expansão, sobretudo o primeiro. No entanto, essa região ainda carece de mais espaços para lazer, como praças amplas e bem estruturadas. São pedidos recorrentes das comunidades, que precisam se deslocar até a área central para desfrutar de áreas verdes.

PARQUE DA INTEGRAÇÃO CONVENTOS

Projetado inicialmente para ser um “Parque dos Dick” de Conventos, a área de lazer conta com um bom número diário de frequentadores, mas ainda é considerado “longe do ideal” para um dos bairros mais populosos da cidade. Um dos planos de diretorias passadas da Associação de Moradores era de construir um ginásio junto aos brinquedos e quadras esportivas. Até um projeto chegou a ser executado.
Local: Bairro Conventos (acesso pela rua Romeu Armange)

PRACINHA DA JOSÉ FRANZ

PRACINHA DO BOM PASTOR
O futuro de Lajeado não está apenas no Centro. Ele mora, cresce e se organiza também nos bairros”
Uma das áreas de lazer mais antigas do bairro, ganhou maior visibilidade a partir do asfaltamento da rua de acesso principal. Conta com equipamentos, como brinquedos, e também quadras para a prática de futebol, além de ficar próxima ao posto de saúde. Contudo, carece de maiores investimentos para torná-la mais atraente ao público.
Local: Bairro Conventos (acesso pela rua José Franz)
Espaço projetado a partir da expansão no entorno daquela região. Recentemente, recebeu melhorias e conta com equipamentos em bom estado de uso. Ganhou maior importância a partir da abertura da primeira creche da localidade, a Emei Sonho de Criança, que aumentou a movimentação de famílias e de crianças nas imediações.
Local: Bairro Bom Pastor (acesso pela rua Zeno Schmatz)
SEGURANÇA E SAÚDE CONCENTRAM SOLICITAÇÕES NOS DOIS BAIRROS
Pesquisa revela prioridades a partir da percepção dos moradores de Conventos e Bom Pastor. Iluminação, policiamento e mais unidades de saúde estão entre as demandas mais citadas
Olhar para frente sem ignorar os problemas do dia a dia. Assim se desenha a percepção dos moradores dos bairros Conventos e Bom Pastor em relação às prioridades para Lajeado nos próximos anos.
Em Conventos, bairro que cresce de forma exponencial, o tema segurança pública lidera as preocupações, citado por 81,4% dos entrevistados. Logo depois aparecem demandas por meio ambiente, saneamento e sustentabilidade (58,1%) e atendimento em saúde (55,8%).
Já no Bom Pastor, outra localidade que vive um “boom” residencial e também com o surgimento de novos comércios, a saúde assume o protagonismo, com 72,7%, seguida de segurança (68,2%) e reconstrução (63,6%).
Os dados fazem parte de pesquisa feita em 2024 dentro do projeto “Lajeado – Um novo olhar sobre os Bairros”. O estudo foi

Posto






conduzido pela empresa Macrovisão. O levantamento reuniu percepções dos moradores de todos os bairros da cidade sobre as principais prioridades para a administração municipal.
Demandas mais citadas
Em Conventos, além de segurança e saúde, chama atenção a
preocupação com novas pontes, parques e praças (46,5%) – sinal de que o lazer e a mobilidade também são parte das expectativas para o futuro. Na outra ponta, o desenvolvimento econômico ainda aparece timidamente (30,2%) e a reconstrução, neste bairro, não é percebida como urgência neste momento (2,3%).
No Bom Pastor, a reconstrução tem peso maior devido aos danos recentes, mas também surgem com destaque as demandas ambientais (54,5%) e educacio-

nais (45,5%), além de pedidos por mais áreas de lazer (36,4%) e melhorias na infraestrutura do bairro.
Principais pedidos
As respostas abertas da pesquisa ajudam a entender o que está por trás desses números. Em Conventos, os moradores citam desde o alargamento da rua principal e a ampliação do acesso pela BR386, até a necessidade de mais sinalização, policiamento e posto policial no bairro. Há, ainda, forte clamor por mais áreas verdes, ensino médio público e nova escola de educação infantil.
No Bom Pastor, as sugestões apontam para obras de infraestrutura e lazer, como academias ao ar livre, mais áreas de recreação, creche noturna, melhoria na iluminação e um posto de saúde no bairro. Também surgem pedidos por projetos para crianças e jovens e melhora na coleta de lixo.
Ações prioritárias
FICHA TÉCNICA
BOM PASTOR
População: 2.549 pessoas
Área: 3 km²
Densidade: 848,63 habitantes por km²
Principais vias: Avenida dos Ipês, Avenida Benjamin Constant, BR386, Eugênia Mello de Oliveira Kirchheim, Guido Lenhard, Hermes Jaeger
CONVENTOS
População: 7.542 pessoas
Área: 16,01 km²
Densidade: 470,95 habitantes por km²
Principais vias: Arno Eckhardt, Arnoldo Alfredo Scherer, Avenida Benjamin Constant, Avenida Carlos Kronhardt, BR-386, Estrada Guilherme Armange, José Franz, Pedro Theobaldo Breidenbach

Maior presença de viaturas e patrulhamento é um dos pedidos de moradores nos dois bairros

A pesquisa também detalhou quais seriam as atividades prioritárias dentro das áreas mais citadas. Para segurança pública, a maioria em Conventos quer melhorar a iluminação pública (74,3%) e ampliar o policiamento ostensivo (57,1%).
No Bom Pastor, os pedidos seguem na mesma linha, mas com
ainda mais intensidade: 86,7% defendem melhor iluminação e mais câmeras de monitoramento nas ruas.
Na saúde, qualificar o atendimento na UPA é o principal ponto (75%), seguido da criação de novas unidades de atendimento (56,3%).
LÍDERES E GESTORES APONTAM CAMINHOS AO DESENVOLVIMENTO
Edição 29 do projeto “Lajeado – Um novo olhar sobre os Bairros” reúne moradores e especialistas para discutir os desafi os e as oportunidades de Conventos e Bom Pastor
Obairro mais populoso e um dos que mais crescem em Lajeado. Conventos, com uma estimativa populacional acima 10 mil moradores, e o Bom Pastor, com forte vocação residencial e, agora, empresarial, foram o foco da 29ª edição do projeto “Lajeado – Um novo olhar sobre os bairros”.
O debate promovido pelo Grupo A Hora e pela Imojel Construtora e Incorporadora foi feito em uma estrutura montada na entrada do Condomínio Blumen Park, símbolo da expansão do Conventos, com imponentes loteamentos.
Os convidados desta edição foram a gerente da Imojel, Amanda Pohl; o vice-presidente da Associação de Moradores de Conventos, Márcio Schmitz; e o secretário municipal de Obras e Serviços Urbanos, Fabiano Bergmann – que também é morador do Bom Pastor.
Durante o encontro, os participantes abordaram desde infraestrutura, mobilidade e serviços públicos até questões comunitá-
rias, valorização imobiliária e a transformação urbana acelerada da região oeste de Lajeado.
Da roça à urbanização
A urbanização do Conventos é um retrato da transformação que Lajeado enfrenta nos últimos anos. Márcio Schmitz, morador do bairro há mais de 20 anos, recorda de um tempo em que predominavam os acessos de chão batido e terrenos agrícolas. “A gente viveu uma virada. Hoje temos condomínios, loteamentos, empresas, comércio, escolas, UBS. Claro que os desafios cresceram junto, mas a mudança é muito positiva”, avalia.
Segundo ele, o grande desafio da comunidade é manter o espírito coletivo. “O bairro não pode perder o senso de pertencimento. As pessoas precisam continuar se ajudando, fazendo a sua parte e buscando o bem comum”, aponta.
O representante da associação de moradores também destacou a importância do diálogo

Aqui tem qualidade de vida, áreas mais calmas, natureza, boas conexões com o centro e com a BR-386. As pessoas querem estar aqui”
AMANDA POHL, GERENTE DA IMOJEL
com o poder público. “Algumas demandas são resolvidas rápido, outras demoram, mas o canal de conversa precisa estar sempre aberto.”
Vetor de desenvolvimento
A expansão acelerada do bairro Conventos – antes incomum em regiões mais afastadas do Centro da cidade – se consolidou como tendência. A Imojel, responsável por empreendimentos como o Blumen Park aposta na região como um eixo de desenvolvimento de Lajeado para os próximos anos


Conventos se expande em ritmo acelerado



e décadas.
Amanda Pohl explica que o processo de escolha do bairro para novos empreendimentos parte do desejo das próprias pessoas de viver em Conventos. “Aqui tem qualidade de vida, áreas mais calmas, natureza, boas conexões com o centro e com a BR-386. As pessoas querem estar aqui. E isso impõe a responsabilidade de entregar projetos bons, sustentáveis, bem planejados.”
Além da preocupação estética e funcional dos empreendimentos, Amanda destaca o papel da empresa na mobilidade urbana. “Sempre que possível, buscamos conectar vias, abrir acessos e facilitar o trânsito. Um exemplo é o novo projeto em implantação que vai ligar a Pedro Theobaldo Breidenbach à Alfredo Scherer, na região do Travessão. Essa integração ajuda a diluir o fluxo intenso e melhorar a circulação.”


Fachada do Blumen Park sediou o debate deste mês em Conventos
Papel do poder público
Representando o poder público e também como morador do Bom Pastor, o secretário municipal de Obras, Fabiano Bergmann, destacou o crescimento conjunto entre os dois bairros. “Essa região de Lajeado puxa o desenvolvimento da cidade. Isso exige que o poder público esteja preparado para acompanhar o ritmo, planejando e executando obras com rapidez, mas também com responsabilidade.” Bergmann citou o diálogo constante com lideranças locais e empresas, como forma de garantir que as obras públicas atendam às reais necessidades dos bairros. “A associação de moradores é um elo fundamental. São pessoas que não recebem para isso, mas se dedicam à comunidade. E esse envolvimento é essencial para que a gente consiga dar as respostas na prática.”
Sobre o futuro, ele reforçou a importância de manter o investimento público e privado nos bairros. “Se empresas continuam


investindo, a cidade toda ganha. Ganha com emprego, com renda, com novos serviços e mais qualidade de vida.”
Desafios presentes
Apesar do crescimento e das melhorias, tanto Conventos quanto Bom Pastor enfrentam desafios. No caso do Conventos, a estrutura educacional e de saúde precisa acompanhar o ritmo da população. Schmitz lembrou que há poucos anos foi construída uma nova creche, mas hoje ela já está pequena diante da crescente demanda. “Quando nasce uma creche, logo se precisa de uma escola. E depois, de uma estrutura de ensino médio. É uma escadinha.”

Hoje temos condomínios, loteamentos, empresas, comércio, escolas, UBS. Claro que os desafios cresceram junto, mas a mudança é muito positiva”
MÁRCIO SCHMITZ, VICE-PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DO BAIRRO CONVENTOS
Já no Bom Pastor, a ausência de um posto de saúde e de uma escola para crianças e adolescentes são as maiores demandas. “São questões que a população cobra, mas que a gente entende que levam tempo, demandam recursos e planejamento. Mesmo assim, precisam estar no radar”, observa um ouvinte, que mandou mensagem
Cronograma de debates
• Agosto: Carneiros, Hidráulica e Universitário
• Setembro: Centenário, Igrejinha, Imigrante e Planalto
• Outubro: Morro 25, Nações e Santo Antônio
durante o debate.
Planejamento e conexão
Ao final do debate, os três convidados reforçaram a importância
de manter o espírito comunitário como marca das duas localidades. Amanda reafirmou o compromisso da Imojel em seguir investindo e inovando nos projetos. “Enquanto houver Imojel, estaremos
Essa região de Lajeado puxa o desenvolvimento da cidade. Isso exige que o poder público esteja preparado para acompanhar o ritmo”
FABIANO BERGMANN, SECRETÁRIO MUNICIPAL DE OBRAS
Equipamentos públicos nos bairros
EDUCAÇÃO:
Bom Pastor: Emei Sonho de Criança Conventos: Colégio Sinodal Conventos, Emef São José, Emef Vida Nova, Emei Doce Infância, Projeto Vida
SAÚDE: Conventos: ESF Conventos
aqui. Queremos ajudar a construir uma cidade melhor.”
Schmitz pediu que os moradores sigam participando da vida do bairro. “Seja numa reunião, numa limpeza coletiva, num grupo de WhatsApp, o envolvimento faz a diferença.”
Bergmann, por sua vez, garantiu que a prefeitura segue aberta ao diálogo. “Nossa obrigação é atender todas as regiões com qualidade. E os bairros que mais crescem precisam de atenção especial para não deixarmos a infraestrutura para trás.”

Trânsito é uma das principais preocupações no Bom Pastor




RUA QUE MOVE CONVENTOS COMEÇA A VIRAR AVENIDA

Espinha dorsal do bairro atrai investimentos e transforma paisagem urbana
Com seis quilômetros de extensão, a rua Pedro Theobaldo Breidenbach deixou de ser apenas uma via de passagem e se consolidou como eixo vital de Conventos. É nela que o bairro pulsa. Comércio, serviços, bancos, restaurantes e cooperativas orbitam ao longo da avenida, que virou endereço cobiçado por empresários e investidores.
“A Pedro Theobaldo é a menina dos olhos, dos investidores de Conventos”, salienta o secretário de Obras, Fabiano Bergmann, o Medonho.
A virada começou em 2024, quando a administração municipal executou o segundo alargamento da via. O trecho de 900 metros, entre a rua José Franz e a avenida Franz Richter, recebeu investimentos de R$ 2,2 milhões.
A transformação logo apareceu e com a pavimentação, surgiram novos negócios: agências bancárias abriram, assim como posto de combustível, loja de móveis,
mercado e megafruteira. Ali, a marca Degasperi abre a sua loja modelo, com 550 metros quadrados, dando ênfase ao plano de expansão da rede de fruteiras.
Valorização
Para Bergmann, a valorização da rua Pedro Theobaldo é reflexo direto da infraestrutura. “O valor do aluguel de um ponto comercial de 100 metros quadrados chega a R$ 3 mil”, calcula.
O futuro da rua, no entanto, vai além do que já se vê. Estão previstas novas obras que devem consolidar ainda mais o papel da Pedro Theobaldo Breidenbach como principal eixo urbano.
A rua é hoje o endereço mais promissor de Conventos e a expectativa é que, com as melhorias previstas, ela se consolide como a espinha dorsal da região.
Municipalização
A Pedro Theobaldo Breidenbach se consolida como avenida após a municipalização da ERS421, no trecho urbano de Lajeado. A transferência de responsabilidade sobre o trecho foi oficializada

Veja o que ainda deve ser feito
Implantação de rótulas nos cruzamentos
Conclusão do alargamento da via até a entrada do bairro pela BR-386
Melhoria na iluminação pública com troca por lâmpadas de LED
Projeto de alargamento ou binário na rua Arno Eckhardt

em 2021, após aprovação de projeto na Assembleia Legislativa e sanção do texto pelo governador Eduardo Leite.
No entanto, as obras no trecho só iniciaram em 2022, quando o governo municipal iniciou o alargamento de um trecho entre as ruas José Franz e a Rodolfo Bischoff. Esta etapa foi finalizada em 2023. Já o trecho entre a José Franz e o acesso ao Urban Center

Rua teve um “estirão de crescimento” com novas lojas de móveis, banco e posto

foi executado em 2024, sendo entregue em janeiro deste ano.
A avenida municipalizada se estende desde o entroncamento com a BR-386 até as proximidades da divisa com Forquetinha. Para o futuro, também se projeta o alargamento deste trecho.
Com a pavimentação, surgem novos negócios:
• Agências bancárias
• Loja de móveis
• Posto de combustível
• Mercado
• Megafruteira

Via é a menina dos olhos, dos investidores



ABERTURA DE NOVA VIA É PRIORIDADE, MAS FALTAM RECURSOS PARA EXECUÇÃO
Extensão da Guido Lenhard é visto pela administração municipal como essencial para desafogar trânsito na Benjamin Constant e servir como acesso alternativo para moradores do Bom Pastor
Um dos maiores desafios da administração está na mobilidade urbana. Com planos que envolvem ações de curto, médio e longo prazo, o município já definiu as obras prioritárias nos bairros. No Bom Pastor, a principal intervenção prevista é a abertura de trechos na rua Guido Lenhard, que deve conectar duas das principais vias da cidade: a avenida dos Ipês e a Hermes Jaeger. O projeto, no entanto, ainda depende de desapropriações e recursos para sair do papel. A mobilidade e infraestrutura urbana é um dos três macrocompromissos assumidos no plano de governo da prefeita Gláucia Schumacher. A proposta é melhorar a fluidez do trânsito e preparar a cidade para o crescimento urbano. A definição das prioridades foi feita em conjunto com a Secretaria Municipal de Planejamento, Urbanismo e Mobilidade, com foco em obras que podem desafogar pontos críticos de tráfego.
Segundo o secretário Alex
Schmitt, a pasta apresentou um diagnóstico abrangente. “Foi mostrado um mapa com 30 anos de serviços projetados para mobilidade”, afirma. A partir disso, o governo optou por selecionar intervenções consideradas mais urgentes, respeitando os limites orçamentários do município, fortemente comprometido com a reconstrução e assistência aos atingidos pela enchente de maio de 2024.
Entre os projetos, a Guido Lenhard foi destacada como uma das principais frentes de atuação.
A proposta prevê a abertura de segmentos hoje inexistentes, que permitirão a ligação de uma ponta a outra do bairro. A integração deve facilitar o deslocamento entre os bairros e criar uma nova alternativa de tráfego, tirando parte da pressão de vias já saturadas.
Desapropriações
Apesar de estar no topo da lista de prioridades, a execução do projeto depende de questões

Temos a priorização da abertura dos segmentos faltantes que ligarão a avenida dos Ipês à rua Hermes Jaeger. Mas essa abertura depende de desapropriações e a implantação requer investimento considerável”
ALEX SCHMITT SECRETÁRIO DE PLANEJAMENTO, URBANISMO E MOBILIDADE DE LAJEADO
sensíveis. “Temos a priorização da abertura dos segmentos faltantes que ligarão a avenida dos Ipês à Hermes Jaeger. Mas essa abertura depende de desapropriações e a implantação requer um investimento considerável em infraestrutura. Ainda está em fase de estudo para estimativa”, explica Schmitt.

Atenção à Benjamin
Com 3,2 quilômetros de extensão duplicada e 24 esquinas, a avenida Benjamin Constant, uma das principais vias de Lajeado, concentra um dos maiores índices de acidentalidade da cidade. O dado é confirmado por estudos em andamento do Departamento de Trânsito e por relatos frequentes de moradores, especialmente no trecho que passa pelo bairro Bom Pastor.
A via é, hoje, um dos focos do planejamento urbano para conter abusos e melhorar a segurança viária. A Secretaria de Planejamento, Urbanismo e Mobilidade elabora um plano com base em relatórios de ocorrências da Brigada Militar e do Detran para definir os pontos estratégicos que receberão fiscalização eletrônica.
O secretário Alex Schmitt destaca que o foco é salvar vidas. “O objetivo não é multar. Um radar não serve apenas para punir, mas para educar e mudar o comportamento de quem insiste em trafegar a 80 km/h dentro da cidade” cita. Ao mesmo tempo, analisa alternativas sugeridas por moradores, como a instalação de redutores físicos.
No entanto, segundo Schmitt, essa opção esbarra em critérios técnicos e legais. “Há regras sobre inclinação, visibilidade e distância entre cruzamentos. E em avenidas como a Benjamin, com grande fluxo e perfil arterial, esse tipo de estrutura pode comprometer ainda mais a fluidez e aumentar os riscos.”
Para o arquiteto e urbanista Augusto Alves, as lombadas — sejam físicas ou eletrônicas — ainda são os recursos mais eficazes. “Controladores de velocidade não são soluções confortáveis, mas são necessárias. São o último recurso para conter abusos”, avalia. Ele também defende a reconfiguração dos cruzamentos ao longo da avenida, considerados pontos críticos no trânsito local.







Intenção do município é abrir a Guido Lenhard até o encontro com a Hermes Jaeger



CONVENTOS VIVE DELÍCIAS E DISSABORES DA EXPANSÃO MAIS VELOZ DE LAJEADO
Com crescimento explosivo de 120% em 2024, o bairro se firmou como o mais populoso de Lajeado. Na carona do progresso, surgem os desafios urbanos
De mercados a oficinas, de bazares a fábricas, de postos a bancos, Conventos virou celeiro de empreendimentos. Na última década, a expansão rumo à BR-386, estendeu a zona urbana até oito quilômetros do Centro.
Há dois anos, o Censo registrou uma população de 7,5 mil habitantes, uma estatística considerada obsoleta. Conforme a Associação do Bairro, há pelo menos 12 mil moradores, cinco vezes mais do que a cidade vizinha, Forquetinha. Com a multiplicação dos loteamentos, o bairro virou destino de quem quer recomeçar após as enchentes. Famílias se mudam, comércios abrem, terrenos valorizam. Restaurantes, lojas de roupas, farmácias, bancos, academias, oficinas e mercados criaram um novo centro. “Não precisamos mais ir ao centro. Temos tudo aqui”, resume Marlene Simsen, moradora há 20 anos e dona de um brechó.



Fortalecimento do comércio varejista é grande vantagem da expansão

Noeli viu o bairro crescer: da roça à cidade
Fortes vantagens da expansão


O bairro que atrai investidores também enche os moradores de orgulho. Hoje, é possível viver, trabalhar e consumir sem sair de Conventos. Veja o que há no bairro:
– Restaurantes
– Lojas de roupas
– Posto de gasolina
– Lojas de eletrodomésticos e móveis
– Academias
– O cinas mecânicas
– Lojas de pneus
– Imobiliárias
– Escritórios de contabilidade
– Agropecuárias
– Lojas de materiais de construção
– Bancos
- A rede de ensino também acompanha o ritmo da expansão. Conventos conta com o Colégio Sinodal Conventos, Emef São José, Emef Vida Nova, Emei Doce Infância e o Projeto Vida.
Apresentado
Aos 72 anos, Noeli Appelt caminha pela rua até o Posto de Saúde, a poucos metros de sua casa. Na memória, carrega as mudanças do bairro. “No início era só roça”, lembra. Nascida no antigo hospital do bairro, ela viu a localidade deixar de ser interior e se tornar, aos poucos, uma cidade. “ Meu sonho sempre foi morar numa cidade, e agora estou praticamente numa. Tudo é pertinho”, conta. Na juventude, Noeli precisava caminhar quatro quilômetros para ir ao mercado. Hoje, ele fica a duas quadras de casa. “Vou a pé à farmácia, ao banco e às lojas, tudo pertinho.” No posto de saúde, retira os remédios para o colesterol e reconhece avanços com a ampliação do atendimento até as 20h. Ainda assim, aponta que o agendamento continua demorado e precisa melhorar. Atravessa a rua e segue a passos largos, para pegar o posto ainda aberto, garantir a medicação e
A expansão acelerada de Conventos não trouxe apenas desafios. O crescimento torna a vida dos moradores mais prática e encurta idas aos mercados e dispensa as visitas ao Centro da cidade, oito quilômetros distante. O crescimento populacional e comercial gera transformações positivas visíveis no bairro. Entre as vantagens apontadas, está a valorização dos imóveis e terreno, fortalecimento do comércio varejista, multiplicação de sobrados, condomínios de luxo e mercados de grande porte e a chegada de empreendimentos de alto nível, que melhoram a infraestrutura da localidade.


Noeli nasceu no antigo hospital de Conventos




2
A coleta irregular do lixo gera reclamações, sujeita nas ruas e proliferação de ratos e baratas. “O lixo é um problema. Em todo o bairro, as lixeiras estão abarrotadas”, relata Bald. Ele afirma que, antes, o caminhão da coleta passava seis vezes por semana. Com a entrada da empresa Coleturb, a frequência caiu para três vezes. Como consequência, moradores notam o aumento dos insetos e cobram medidas dos líderes.
Segundo o site da administração municipal, a coleta de lixo comum em Conventos funciona de segunda a sábado, e a coleta seletiva ocorre às quintas-feiras. Mas, na prática, o cenário é outro.
Para tentar amenizar a situação, parte da comunidade vai fornecer lixeiras individuais, como forma de auxiliar na organização e coleta dos resíduos. “Vamos ter nossas próprias lixeiras”, afirma o presidente.

DESAFIO 1
Fazer a água fluir até todas as casas
O crescimento torna a vida mais prática e reduz as idas ao centro. Mas, junto com o progresso, vêm os desafios. Em Conventos, a água é um problema antigo e persistente. O presidente da Associação dos Moradores, Adilson Bald, afirma que falhas nos abastecimentos incomodam comerciantes e donas de casa. A situação se agrava há pelo menos dez anos.
O bairro conta com cinco poços artesianos e, mesmo após a instalação de uma caixa d’água de 200 mil litros em 2024, o descompasso no abastecimento continua. No dia 2 de julho, os moradores ficaram pelo menos cinco horas sem água. No dia seguinte, o problema se repetiu por mais três horas em diversos pontos do bairro. “Os canos antigos não suportam a vazão da água e o alargamento da Benjamin piorou a instabilidade”, informa Bald.
Em reuniões, moradores pressionam as lideranças para resolver a questão. As donas de casa estão entre as mais afetadas, especialmente nos fins de semana, quando a interrupção compromete a faxina. “Aos sábados, a falta de água atrapalha a limpeza”, salienta Bald, que acredita que a troca das tubulações antigas eliminaria grande parte do problema.
Além disso, a água mobiliza outra pauta importante: os moradores querem manter o abastecimento pelos poços artesianos, em vez da água da Corsan/Aegea.

Posto de saúde precisa ampliar
Além dos problemas com água e lixo, o posto de saúde de Conventos já não comporta a demanda crescente da população. “É muita gente para pouco médico e consultório. Precisamos de um posto maior e novo”, afirma o presidente.
Atualmente, a unidade conta com quatro agentes de saúde, um clínico geral e um dentista. Para tentar desafogar o atendimento, o posto funciona até as 20h. Mesmo assim, as queixas ainda existem.
Algumas reclamações são pela demora
no atendimento. Mas é o agendamento, o problema maior. O tempo de espera é de 30 dias. “ Se a pessoa só quer saber o resultado de um exame, precisa esperar um mês. É muito burocrático”, analisa Bald. O Posto de Saúde do bairro Conventos, localizado na rua Elecir José Cassuli, 209 , atende em duas frentes: de segunda a sextafeira, das 7h30min às 18h para moradores do bairro Conventos; e de segunda a sexta-feira, das 16h às 20h, para toda a população de Lajeado.




FALTA DE EMEF LEVA ALUNOS A OUTROS BAIRROS
Moradores do Bom Pastor também enfrentam carência de infraestrutura e saúde
Mesmo com o crescimento populacional e a recente conquista de uma escola de Educação Infantil, o bairro Bom Pastor, em Lajeado, ainda convive com uma realidade que compromete o acesso à educação de crianças e adolescentes: a ausência de uma escola de ensino fundamental. Sem uma instituição que atenda os anos iniciais e finais, as famílias precisam encaminhar seus filhos para instituições em bairros vizinhos, como Conventos, Centenário e São Bento.
É o caso de Marli Rochenback, 44 anos, auxiliar de limpeza e moradora do bairro há 25 anos. Seu filho Murilo Simonetti, 14, estuda na Escola Municipal de Ensino Fundamental Guido Arnoldo Lermen, no bairro Centenário. Todos os dias, o jovem precisa acordar às 5h40min para pegar o ônibus cedido pelo município.
“Uma escola de ensino fundamental no bairro iria facilitar bastante. Somos precários de muita coisa. Ruas sem asfalto, ausência de um posto de saúde, praças, um supermercado e farmácia. Precisamos ir para o centro ou para o Conventos para fazer compras”, relata Marli.
Única escola é de educação infantil
A única instituição de ensino do bairro, a Emei Sonho de Criança, foi inaugurada em junho de 2023. Atualmente, a escola atende 184 crianças com idades entre 0 e 5 anos, em dez turmas. Embora a prioridade seja atender moradores do próprio Bom Pastor, há crianças oriundas de bairros próximos, como Conventos, Moinhos D’Água e Jardim Botânico. Com uma estrutura moderna e adaptada ao público da educação

Lermen, no Centenário, é uma das escolas para onde





Investimento no bairro vizinho
infantil, o espaço cumpre um papel importante, mas não supre todas as necessidades da comunidade. “A escola veio para atender uma carência da comunidade, pois é a primeira instituição de ensino construída aqui, sendo uma necessidade do bairro que se encontra em expansão”, destaca a diretora da escola, Michele Costa. Ainda, segundo ela, o foco do trabalho é o desenvolvimento integral das crianças, sempre com atividades lúdicas e contextualizadas com o cotidiano.
Apesar da demanda, o bairro Bom Pastor não tem previsão de receber uma escola municipal de ensino fundamental. Segundo a Secretaria de Educação, a construção de uma nova Emef está prevista para o Moinhos D’Água, bairro vizinho, o que poderá aliviar parcialmente a necessidade atual. Atualmente, após deixarem a Emei, os estudantes seguem para as Emefs Vida Nova (Conventos), Guido Arnoldo Lermen (Centenário) ou São Bento (bairro São Bento).
Outras carências estruturais
Além da educação, o bairro enfrenta outras deficiências. A ausência de um posto de saúde próprio obriga os pouco mais de 2,5 mil habitantes do Bom Pastor a buscarem atendimento no Centro de Saúde do bairro Mon-






tanha, que passa por reformas. A secretária de Saúde, Giovanna Athayde, afirma que não há previsão de construção de uma unidade básica na localidade. Infraestrutura urbana e serviços básicos como asfaltamento de vias e estabelecimentos comerciais diversos estão entre as principais reivindicações da comunidade, que aguarda por ações mais efetivas do poder público para acompanhar o crescimento e as necessidades do bairro.

ASSOCIAÇÃO BUSCA APOIO PARA AMPLIAR AÇÕES NO BAIRRO
Diretoria liderada por Gerson Nyland promove melhorias na sede, mas luta para garantir mais iniciativas no esporte e lazer
Desde o início de 2024, a Associação de Moradores do Bairro Bom Pastor, em Lajeado, vive um novo momento sob a liderança do presidente Gerson Luis Nyland, conhecido como “Pestana”. Com sede própria e uma diretoria renovada, a entidade tem promovido uma série de melhorias estruturais, mesmo com desafios financeiros e uma série de demandas acumuladas.
Logo ao assumir, a gestão encontrou a associação sem recursos em caixa e com dívidas atrasadas. A saída foi apostar em rifas, eventos e no aluguel da sede para festas, a fim de arrecadar verba. “Ainda há muito o que fazer para deixar a estrutura totalmente organizada”, reconhece Nyland, que mora há 23 anos em frente ao local.
Entre as melhorias já realizadas, estão a troca do telhado, instalação de piso em porcelana-
to — doado pela prefeitura —, nova iluminação e aquisição de utensílios para a cozinha. Os próximos passos incluem a reforma dos banheiros, da churrasqueira e da própria cozinha, além da troca da tela do campo de futebol. “Recebemos tintas para pintura e buscamos mais recursos. Queremos deixar tudo bem organizado e bonito, afinal, esse espaço é de toda a comunidade do Bom Pastor”, reforça o presidente.
Além da sede, outras obras estão em andamento, como a colocação de meio-fio e a ampliação da iluminação pública até a rua de calçamento, nos fundos do campo de futebol. A associação também trabalha por melhorias viárias, já que muitas ruas do bairro ainda são de chão batido.
Esporte e lazer como prioridade
Com forte atuação no futebol amador regional, Nyland tem como uma de suas metas reestruturar o bairro com foco no esporte. Ele defende a construção de uma quadra de vôlei ao lado da academia ao ar livre já existente, além da implementação de uma quadra com gramado sintético.
“Temos uma única pracinha no bairro. Nos finais de semana, o lo-

Queremos deixar tudo bem organizado e bonito, afi nal, esse espaço é de toda a comunidade do Bom Pastor”
GERSON NYLAND, , PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE MORADORES
cal se enche de famílias, crianças brincam enquanto os pais tomam chimarrão. É o único espaço de lazer e precisa estar estruturado e seguro para todos”, afirma o presidente.
Há também a proposta de ampliar o espaço verde no entorno do campo com a criação de uma nova praça. A ideia inclui uma pista de bicicross e motocross. “Temos área de sobra. Com apoio, conseguimos transformar esse espaço em algo muito maior para a comunidade.”









Comunidade participa das decisões
A diretoria da associação tem buscado envolver os moradores nas decisões. Um exemplo foi a recente enquete sobre a manutenção ou retirada das lixeiras comunitárias. Dos 36 votos, 22 foram favoráveis à permanência. “Se o local continuar limpo e organizado, manteremos. Caso


Entorno da sede atração aos finais de semana. Famílias inteiras buscam espaço para lazer







contrário, precisaremos buscar outra alternativa para o descarte correto do lixo”, explica Nyland. Potencial habitacional
Localizado em uma área mais afastada do Centro, o bairro Bom Pastor possui terrenos disponíveis e grande potencial de crescimento. Um novo loteamento já está em execução e pode ampliar a oferta de habitação na região. Para dar continuidade aos projetos e atender as demandas da comunidade, a associação segue em busca de parcerias com a gestão municipal, empresários e moradores. “Precisamos de ajuda e contamos com todos que acreditam no potencial do Bom Pastor”, finaliza o presidente.
Estrutura passa por melhorias, com apoio da administração, empresários e comunidade



De travessão a avenida, o início de CONVENTOS
Nos mais de 160 anos de colonização de Lajeado, os antigos travessões da cidade se transformaram em importantes avenidas, como a Pedro Theobaldo Breidenbach e a Benjamin Constant. No entorno delas, iniciou a ocupação dos bairros Conventos e Bom Pastor
Acolonização alemã de Lajeado começou pelo atual bairro Conventos, quando os primeiros colonos chegaram a partir da década de 1850. Naquele tempo, para facilitar a venda dos lotes coloniais e delimitar suas dimensões, foram traçados grandes travessões no território de Lajeado. Eram linhas retas paralelas que serviam de limite entre as propriedades. Um desses travessões é a atual Avenida Benjamin Constant, que corta em linha reta dezenas de quilômetros em Lajeado. Outro travessão iniciava na atual Avenida Amazonas e seguia reto até a Avenida Pedro Theobaldo Breidenbach, hoje, a principal via de Conventos. Um terceiro traçado ficava na rua Arnoldo Alfredo Scherer, também em Conventos.
Entre os três travessões, foram divididos os lotes para os colonos, terras que formam os atuais bairros Conventos, Bom Pastor, Moinhos D’Água, Montanha, Jardim Botânico, Imigrante, Igrejinha, Centenário e Olarias.
De plantação a loteamento
“Nossas terras iam até o ‘Travessão’”, lembra o agricultor Danilo Koch, de 74 anos. Ele cresceu nos morros de Alto Conventos, assim como a esposa Lúcia Koch, 72. O casal se mudou para a parte baixa de Conventos em 1980. Na época, adquiriram terrenos da Avenida Pedro Theobaldo Breidenbach até a atual Avenida Benjamin Constant, naquele tempo, conhecida como “Travessão”. “Não tinha estrada ou trilho ali, existiam só uns postes e algumas taipas para marcar a divisa entre as terras”, explica Lúcia. A atual avenida, uma das principais de Lajeado, era aberta somente até o bairro Montanha, adiante não passava de uma linha divisória imaginária.

Já a Avenida Pedro Theobaldo Breidenbach era uma estrada movimentada nos anos 1980. “Era muito pó e inço por toda a rua”, lembra Danilo. O aposentado ainda hoje trabalha na agricultura



O primeiro prédio da Emef São José de Conventos, em frente à velha igreja e ao cemitério católico

e tem plantação até a Avenida Benjamin Constant, na sua parte final. Faz pouco menos de dez anos que a família Koch cedeu parte desse terreno para a abertura da avenida. Isso porque em 2019 o governo de Lajeado inaugurou o prolongamento final da Benjamin, desde o aterro sanitário até a rua Guilherme Armange, um trecho que ainda está com estrada de chão.
Uma obra importante


O projeto de abertura da Avenida Benjamin Constant teve início


Danilo e Lúcia Koch cederam terras para a abertura da Av. Benjamin






há mais de 20 anos. Em 2001, estava em obras o prolongamento da via desde o Montanha até o aterro sanitário, em Conventos. As obras cortaram em cheio as terras de Décio Ledur, 87. Natural de Bom Princípio, chegou em Lajeado nos anos 1960, quando comprou os primeiros terrenos em Conventos e iniciou no ramo da avicultura. Em 1976, Décio adquiriu uma faixa de terras no Montanha e, anos mais tarde, a área foi cortada pela Avenida Benjamin Constant. No início dos anos 2000, Décio, assim como outros proprietários, cedeu parte do terreno para a abertura da via. “Entendi que valorizaria a área e também seria importante para o desenvolvimento da cidade”, conta.

O projeto do governo municipal tirou 15 metros de cada lado do travessão, deixando um vão de 30 metros para fazer a avenida. “Cedi 3 mil metros na primeira faixa e outros 6 mil no fim da duplicação. Era tudo mato e plantação naquele tempo”, lembra.
Décio tinha terrenos no início da Benjamin, no Montanha, e outros em Conventos, onde a atual duplicação termina. Ali, naquela parte final, tinha uma granja avícola, com 94 aviários. “Naquele tempo era tudo área rural, hoje é cidade”, avalia. O empreendimento, que ia desde a Avenida Breidenbach até
a Benjamin, funcionou até 2012. Hoje, a maior parte dessa área foi transformada no Condomínio Residencial Blumen Park, da Imojel.
Décadas de ensino
Mais de 160 anos depois do início da colonização de Conventos, as antigas plantações dão lugar ao espaço urbano. Constantes em meio a essas transformações permanecem as escolas de Conventos, que estão entre as mais antigas de Lajeado. Inclusive, o livro mais velho do Arquivo Municipal,



lembra. Da pequena escolinha alemã iniciada no século XIX, o Colégio Sinodal de Conventos hoje atende mais de 700 alunos, desde o pré até o ensino médio.
Emef Vida Nova
A Escola Municipal Vida Nova foi criada em 1990 em Conventos, época em que era o único educandário público do bairro. A escola começou na parte mais afastada do terreno, o prédio principal, que fica às margens da Avenida Pedro Theobaldo Breidenbach, foi inaugurado em 2008.
O bom pastor

SONIA PORTO CARDOSO, COORDENADORA PEDAGÓGICA EM CONVENTOS
datado de 1877, é um caderno de matrícula da atual Escola Municipal São José de Conventos. O educandário remonta aos princípios da ocupação do bairro, quando funcionava junto à capela da comunidade católica, próximo ao cemitério da localidade, ao fim do travessão da Pedro Theobaldo Breidenbach. Em 1916, foi inaugurado o primeiro prédio da escola, em um terreno doado pelo professor Adão Aloísio Rockenbach.
A Emef se mudou para o local atual, à beira da ERS-421, em 1969. Esse terreno, que também
abriga hoje a Igreja São José de Conventos e o Esporte Clube Estudiantes, foi adquirido pela Comunidade Escolar (bancada pelos pais dos alunos) em 1925. Isso porque o educandário foi particular até 1993, quando foi municipalizado.
Pouco depois, a professora Sonia Porto Cardoso, 49, chegou à escola, em 2002. “O prédio era muito menor e tinha 39 alunos na época. A poeira era terrível, todos os papéis ficavam empoeirados se abríssemos as janelas”, lembra Sonia, hoje, coordenadora pedagógica da São José. Por 12 anos, ficou à frente da direção e acompanhou a transformação da escola e do bairro também. “A comunidade sempre foi muito engajada e lutou pela resistência da escola”.
A escola alemã
Assim como os primeiros colonos católicos de Conventos
iniciaram sua escola, a Comunidade Evangélica também se estruturou, por volta de 1862. Um pequeno educandário evangélico iniciou junto com a igreja, o Evangelische Gemeindeschule zu Conventos. A história do Colégio Sinodal de Conventos começa por aí, quando, na ausência de professores, membros da própria localidade instruíam os mais novos. Friedrich Eckhardt foi o primeiro professor contratado, em 1915, um marco na história da instituição.
A fundação oficial da escola, no entanto, se deu em 1937, quando foi criada a mantenedora do Colégio, na época, chamada de Escola José Bonifácio. Em 1973, o professor Clenio Jayr Closs, 74, chegou ao educandário. Natural de Marques de Souza, se mudou para a Casa do Professor, que pertencia à comunidade evangélica, próximo da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).
dar aulas de alemão, português e música. Naquele tempo, a escola era bem menor. “Um prédio de madeira antigo ficava no local onde hoje está o centro comunitário”, lembra, Em 1987, iniciaram as reformas de ampliação e a escola tomou a forma que tem hoje. “É completamente diferente de quando cheguei. Naquele tempo, a escola ficava aberta, somente a secretaria era trancada. Aqui era interior”,
Oficialmente criado em 1997, o bairro Bom Pastor foi nomeado em homenagem ao pastor Godwin Erdmann Cremer. Ele foi o líder religioso da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil de Conventos por 37 anos. Natural da Alemanha, o pastor Cremer nasceu em 1894 e veio a Conventos em 1921, onde ficou até 1957. O bairro Bom Pastor também tem uma rua com o nome do pastor, instituída em 1992.




“Comecei com aulas para os anos iniciais. Naquele tempo, tinha um poço de água em frente à escola e o telhado do prédio era coberto de poeira”, lembra Closs. Além de professor, foi também diretor do colégio até 2005, quando se aposentou.
No seu lugar, assumiu o atual diretor, Rui Griesang, 64. Natural de Nova Petrópolis, Rui chegou ao Colégio Sinodal em 1983, para







Clenio Closs e Rui Griesang acompanharam a evolução do Colégio Sinodal



MICROEMPREENDEDORES ATRAEM
CLIENTES E BUSCAM VIVER BEM
Bairro vira um canteiro de negócios próprios.
São mais de 1,2 mil empresas ativas, segundo dados da administração
Conventos é o maior bairro de Lajeado, tanto em área quanto em população. Tem duas escolas municipais de ensino fundamental, uma escola particular, uma Emei, um posto de saúde e um comércio consolidado.
Com 1.238 empresas ativas, concentra parte relevante da economia do município, puxada por indústrias e comércios. A Rua Pedro Theobaldo Breitenbach é o eixo onde tudo acontece, o coração que bombeia essa economia, mas os microempreendedores se espalham por diversos pontos.
Na rua Hugo José Hennemann, o pintor autônomo Adilson Bald acabou de abrir uma hamburgueria artesanal com combos, porções e bebidas. A proposta é simples: ele atende local e leva até a casa dos clientes.
Bald preside a associação de moradores e vive no bairro há 30 anos, desde quando só existia a rua principal e muita estrada de chão.
O trailer, instalado perto de casa, vai circular nos eventos da comunidade e também atender por delivery. “Temos muitos conhecidos. Vamos entregar um produto bom.”


Obras à vista
- O novo reservatório de 200 mil litros instalado no bairro, vai ter sua capacidade ampliada e passará a fornecer até 28 mil litros por hora. A medida da prefeitura deve regularizar o fornecimento de água.

A cabeleireira
Karen Sabrina Bernstein, 25 anos, se tornou sócia da mãe
- Outra intervenção prevista é a manutenção e ampliação do encanamento do sistema de reservatórios localizados na Rua José Franz.



Bald será empreendedor em dose dupla: de dia pinta casas, à noite prepara hambúrgueres. A ideia é crescer junto com o desenvolvimento do bairro e dar sabor aos investimentos.
Expansão
Conventos cresce e os salões de beleza crescem junto. Os novos loteamentos atraem moradores de

outros bairros e cidades, especialmente depois da enchente. Ideias viram negócios. E as mulheres, agora, encontram serviço de estética perto de casa, sem precisar ir ao centro.
Karen Sabrina Bernstein, 25 anos, aproveitou a oportunidade. Empreende ao lado da mãe ao mesmo tempo em que investe nas redes sociais para dar visibilidade ao negócio.
O “ Salão Cris” foi aberto pela mãe, Cristina, há 15 anos. Ela montou um espaço na garagem de
- Também há projetos de mobilidade. Uma rótula deve ser implantada no cruzamento da Rua Pedro Theobaldo Breidenbach com a Rua Pedro Beuren.
casa e foi ampliando com o tempo, acompanhando o crescimento do bairro. Hoje, o salão tem duas cadeiras para cabelo, lavatório, espaço para manicure e pedicure. “Melhoramos a experiência para o cliente”, comenta Karen, que começou fazendo unhas aos 14 anos. Aos 19, fez o curso de cabeleireira e hoje se especializou em cortes e penteados de festa. Virou sócia da mãe e toca o negócio com entusiasmo. “O bom de empreender por conta é poder escolher meus horários.” Do fogão para as araras

- Outra intervenção está em estudo para a Rua Arno Eckhardt, com possibilidade de alargamento ou implantação de binário. A esquina da Pedro Theobaldo com a Avenida Carlos Kronhardt também deve receber uma nova rótula.
Marlene Simsen mora há 20 anos em Conventos e, há quatro, decidiu investir em um mercado certeiro: roupas de segunda mão para crianças. Abriu o brechó Boa Ideia e deixou para trás o comércio de alimentos. Antes, trabalhava em cozinha de restaurante. A ideia do brechó surgiu ao perceber o número crescente de crianças e a expansão da população no bairro. A loja é variada, com araras cheias de opções. As vendas aumentaram pelo menos 10% neste inverno.
Hoje, o Boa Ideia atende uma clientela cada vez maior. Marlene nem vai mais ao Centro. “Tenho tudo aqui. Mercado, banco, farmácia, loja de roupa. Bom pra viver e pra vender.”

MATEUS SOUZA
mateus@grupoahora.net.br

Éinegável que o bairro Conventos é, hoje, o mais populoso de Lajeado. Tanto na contagem oficial quanto “no olho”. Mas a percepção de quem conhece a região e de moradores é, inclusive, superior ao número divulgado no Censo de 2022 (cerca de 7,5 mil). Uns garantem que se aproxima dos 10 mil. Outros calculam até 12 mil ou mais. O fato é que essa discrepância entre dados oficiais e “estimativas” causou até polêmica recentemente, com vereadores solicitando uma nova atualização e a agência regional do
Mais ligações

Embora esteja em uma região em expansão, o Bom Pastor, por vezes, não tem a devida visibilidade. Talvez por estar “espremido” entre bairros maiores, como Montanha, Jardim Botânico e Conventos. Mas não deixa de ter seus desafios. O principal deles é criar novas rotas de deslocamento interno para os moradores, ainda muito dependentes da avenida Benjamin Constant. Boa parte das ruas existentes hoje não têm conexões entre si. Melhorar isso resultaria até em uma integração maior para a comunidade.
IBGE (órgão responsável pelo Censo) defendendo o trabalho de coleta feito há três anos. De todo modo, há uma certeza: o bairro cresce em ritmo acelerado. O próximo Censo (em 2030) vai confirmar isso. Com um número bem expressivo de habitantes.
Futuro promissor
Ainda sobre o Bom Pastor, é interessante perceber a descentralização da região no entorno da Benjamin Constant. Nos últimos anos, recebeu a instalação de empreendimentos como uma padaria, uma agência bancária e uma casa de festas para o público infantil. Em breve, uma grande rede de farmácias também vai abrir uma unidade no bairro. Trata-se do remanejamento de uma filial que existia no Centro. Mostra que os investidores enxergam um futuro promissor por ali. Afinal, o desenvolvimento de Lajeado caminha em direção ao oeste da cidade.

27 DE JULHO
57ª FESTA DE SÃO CRISTÓVÃO
Local: Largo da Lyall (missa campal) e sede da Paróquia São Cristóvão (almoço)
13 A 19 DE AGOSTO
19ª FEIRA DO LIVRO DE LAJEADO
Local: Praça da Matriz
23 DE AGOSTO
29ª COMENDA ITALIANA
Local: Sede da Società
Taliana Tutti Fratelli, no bairro Universitário

Mais segurança
A expansão populacional de Conventos trouxe o bônus e também o ônus. O bairro passou a ser mais visado também por meliantes. Algo pouco recorrente no passado, os pequenos furtos incomodam moradores e comerciantes. Até por isso há um pedido por maior presença das forças de segurança na região. Desde reforço no patrulhamento até a instalação de um posto policial nas imediações. Por se tratar de uma “minicidade”, penso ser uma medida importante. Uma reivindicação justa da comunidade.
Próximo trecho
A Pedro Theobaldo Breidenbach caminha a passos largos para virar uma avenida. O trecho urbano da municipalizada ERS-421 foi alargada em dois trechos nos últimos anos e trouxe uma capacidade maior de escoamento no tráfego de veículos. Os planos do município são de continuar com o trabalho de ampliação da via, possivelmente em direção à BR-386. Mas, e pensando no futuro, é importante projetar um alargamento até as proximidades da divisa com Forquetinha. É uma região que também passa por um processo de urbanização e merece a devida atenção.

– A comunidade do bairro


Hidráulica pegou junto e a primeira Festa de São João promovida pela Associação de Moradores foi um ótimo “cartão de visitas” da nova diretoria. Importante momento de integração entre as pessoas, em um espaço que recentemente recebeu melhorias e cujo apelido não poderia ser mais simbólico. Falamos da Praça da Amizade;
– O governo municipal tem apostado num dispositivo, até então, pouco comum na cidade para minimizar gargalos no trânsito: as rotatórias. Primeiro, o bairro Montanha foi contemplado, nos trechos mais críticos da Benjamin Constant. Depois, foi a vez do Parque dos Dick, no cruzamento da João Abott com a Santos Filho. Agora, a execução ocorre em um ponto crítico do São Cristóvão;
– O cruzamento das ruas Guanabara, Coelho Neto e a avenida Piraí representa um gargalo no trânsito local, acentuado pela expansão daquela região. É uma forma
de trazer maior fluidez no tráfego de veículos. Mas, além de uma sinalização adequada nas rotatórias, é preciso que os motoristas também façam sua parte. E nem sempre isso acontece;
– Entra ano, sai ano, e nada da Willibaldo Eckhardt ganhar a devida atenção. A principal rua do bairro Imigrante precisa de uma solução urgente. Em períodos secos, a poeira incomoda. Quando há sequência de dias chuvosos, como ocorreu na segunda quinzena de junho, a via fica intransitável. E se engana quem pensa que o movimento de veículos ali é pequeno. Pelo contrário;
– Os investimentos em um novo sistema pluvial na avenida Décio Martins Costa são mais do que necessários. Os R$ 10 milhões garantidos via União chegam em boa hora. Não pode qualquer enxurrada um pouco mais forte sempre alagar a “Rua do Valão”. É um transtorno que pode ser minimizado, penso eu.
