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Relações intrametropolitanas Definição

Perscrutando o gráfico acima, a maior parte das comutações que têm origem ou destino a hoje, Região Metropolitana de Jundiaí, são internas; seguida numericamente da Região Metropolitana de São Paulo, e de Campinas. Isto posto, decide-se agora, explorar ainda mais este vai e vem diário, dentro da própria Região Metropolitana.

A partir do Relatório resultante da contratação da empresa Logit pela prefeitura de Jundiaí, em virtude do Plano de Mobilidade Urbana de Jundiaí, se obteve o seguinte mapa, que nos apresenta um significativo resultado. Mostrando o intenso índice de pendularidade de modo coletivo tendo como destino as cidades de Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista.

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As razões que podem explicar o aumento da conexão entre as cidades ao longo dos anos, pode ser encontrado em (FANELLI e JUNIOR. 2013), onde explica que o modo de vida contemporâneo implicou em mudanças sociais; o dinamismo das relações, deslocamentos populacionais, novas tecnologias de comunicação e transporte permitem agora que a mobilidade seja explorada ao máximo, não mais se prendendo ao local de trabalho, acabou por ajudar a dissolver fronteiras municipais e aumentar a sua conectividade.

Fator que também ajuda na interligação entre as cidades são as várias rodovias que passam pela cidade, verdadeiro polo logístico. Por elas, cresceram essas cidades, como vetores de expansão da urbanização. São elas: a Rodovia Anhanguera, Rodovia dos Bandeirantes, Rodovia Dom Gabriel Paulino Bueno Couto, Rodovia Vereador Geraldo Dias e a João Cereser. A análise realizada permite-nos dizer como as rodovias são um agente estruturante do espaço construído pelo homem, ela ao encontrar o já edificado o transforma e estrutura o seu desenvolvimento, são portanto, infraestruturas voltadas para atender e direcionar o crescimento.

Tensionando o mapa (fig. 7) já apresentado com o volume de viagens coletivas dentro da Região Metropolitana, percebe-se a intensa movimentação entre as cidades. De modo a perceber esses trajetos coletivos, se buscou junto a Prefeitura de Jundiaí os trajetos feitos pelos ônibus intermunicipais, que se seguem no mapa ao lado.

A proximidade das três cidades, Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo, justifica a sua relação tão próxima e seus fluxos diários. Vemos na cidade de Várzea Paulista, uma configuração comum a muitas outras cidades, a de cidade dormitório (FANELLI, 2013), sendo que a sua alta população concentrada em um espaço territorial tão pequeno confere a ela uma alta densidade populacional na ordem de 3600 hab/hec, conforme o quadro 2. Sua população não tendo onde trabalhar dentro da cidade, busca alternativas para o emprego fora de sua zona urbana, causando assim o aumento dos deslocamentos populacionais, o que nos mostra mais uma vez a relação intrínseca entre esses municípios.

De rodovias à avenidas:

Percebendo esses fluxos constantes graças às rodovias que interligam essas centralidades, é fácil perceber que a dependência exclusiva e excessiva do transporte rodoviário individual para esses deslocamentos, causa o que já fora observado no caso de Diadema em São Paulo. Onde a Rodovia dos Imigrantes, ao resolver o problema regional de interligação entre Capital e a Baixada Santista criou outro, ao cortar a cidade em duas porções e assim interrompendo a malha viária e urbana, dando como um obstáculo físico e visual (TAVARES, 2015); No caso de Jundiaí, para além desse fenômeno, a cidade se desenvolveu ao longo do eixo da Rodovia, o que hoje é sinônimo de uma rota alternativa para cruzar a cidade de forma rápida, o que ocasiona na sua transformação de rodovias de alta velocidade à avenidas metropolitanas de baixa velocidade. (FANELLI e JUNIOR, 2013).

Jundiaí, centralidade

Uma maior quantidade de estabelecimentos que têm o poder de atrair viagens é percebida na cidade de Jundiaí. Setores como saúde, com os dois hospitais, em especial o Hospital Regional; a educação, com as duas ETECs do município, e já na parte comercial, se destacam os Shoppings Centers e o Centro comercial. Alguns desses estabelecimentos estão localizados no mapa ao lado, juntamente com flechas de fluxo, que representam os municípios com maior índice de transporte.

Futuridades no transporte:

No artigo n°71 do Plano Diretor de Jundiaí, descrito na lei 9,321/19, há referências que devem guiar futuros projetos de infraestrutura urbana na área de transportes. Um deles é a priorização dos não motorizados sobre os meios individuais e motorizados. Porém, com a diferença de dois anos entre as leis, de criação da Região Metropolitana e a do Plano Diretor, devem existir sobreposições de interesses entre os dois textos, ou em última instância a não compatibilização entre eles. Há de se pensar novas formas de articulação entre as cidades circunvizinhas que compartilham tanto nos seus serviços, oferta de emprego e oportunidades.

Ainda no relatório feito pela empresa LOGIT, são consideradas algumas propostas, como a criação de uma rede cicloviária, criação de eixos rodoviários e ainda um futuro BRS (ou BRT- Ônibus de Trânsito Rápido), aplicado em capitais como Curitiba ou em Ottawa, Canadá. A ser implantado por fases, precisaria inicialmente de uma rede de faixas exclusivas para ônibus, onde sua necessidade seria explicada por onde a frequência de de ônibus seja alta e simultaneamente, suas condições de fluxo são ruins, a maior parte do tempo.

Considerações finais:

Ao se realizar esta monografia, buscou-se analisar e entender as características da mobilidade de pessoas na nova Região Metropolitana de Jundiaí. Para além disso, se fez a introdução histórica da formação das cidades integrantes, em especial a de Jundiaí, a entender os processos comuns que agiram e continuam a exercer pressão sobre a urbanização até o dia de hoje.

Quanto à mobilidade diária, se observa o destaque para as cidades de Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista. A proximidade de serviços e facilidades para se locomover, incentiva novos fluxos migratórios diários. E não necessariamente, Jundiaí, se mostra hoje, como a vinte, trinta anos, novas centralidades têm surgido, atenuando o conceito de Centro/ Periferia.

Assim, é clara a importância de um planejamento central metropolitano que se faça presente na discussão das atualizações dos Planos Diretores das cidades, de modo a se pensar de modo conjunto, as áreas que se devem adensar, áreas de fomento ao emprego, e áreas de preservação ambiental, em consonância com o que ocorre nessas interfaces, fronteiras e trocas entre os municípios, visando sempre, também a função dessas cidades no contexto da Macrometrópole Paulista.

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