3ª edição O Futuro é Nosso

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O Futuro é Nosso Coletivo Jovem de Comunicação de Humaitá

Ano 2—Nº 3 Julho de 2017


Fotografia do Primeiro Encontro Musical. Fotografia de Thays Sofia Foto: Edson Carvalho



POLÍTICA EDITORIAL Apesar de ser uma Revista de variedades, esta edição tem como tema: Juventude e Educação e abordará a relação deste com a cultura, o esporte, o meio ambiente, a infraestrutura e os serviços públicos. Conteúdos possíveis de publicação

FICHA TÉCNICA CONSELHO EDITORIAL André Jacó Schneider Juliana Valentini Bruno Lima Patrício João Maciel de Araújo Inaê Level Franciana Bonadeu DESIGN E DIREÇÃO DE ARTE Aden Hercules André Schneider Bruno Patrício Harlesom candido REVISORES Jeferson Aparecido Lima Marcos Serafim dos Santos FOTOGRAFIAS Acervos Pessoais/Reproduções

AGRADECIMENTOS  Edson Carvalho  Ronaldi

- Crônicas - Artigo de Opinião - Reportagens - Resenhas - Biografias - Entrevistas - Poemas - Letras de Música - Contos (dependendo do tamanho será dividido em mais de uma edição) - Comunicações de resultados de atividades de estudo, pesquisa e extensão. - Agendas - Notas e avisos oficiais - Charges - História em Quadrinho/Cartoons - Fotografias Normas Editoriais Básicas Todos os conteúdos da revista devem: - Indicar expressamente o seu autor (nome e foto), admitindo-se a utilização de pseudônimos somente para conteúdos literários. - Respeitar os direitos humanos; - Não fazer promoção de conteúdos pornográficos e uso de entorpecentes; - Não beneficiar direta ou indiretamente empresas comerciais ou candidatos a cargos eletivos de qualquer natureza; - Evitar o constrangimento, expondo ou denegrindo a intimidade de quaisquer pessoas;


Desenhos digitalizados de ThaĂ­s Sofia


Estimados Leitores!

EDITORIAL

É com grande alegria que apresentamos a vocês, caros leitores, nossa terceira edição do Coletivo Jovem de Comunicação, O Futuro é Nosso. Na passagem do ano tivemos alguns percalços, mas, percebendo o bem que a continuação da revista poderia proporcionar aos estudantes de Humaitá decidimos unir esforços para continuar esse belo e importante trabalho. Aproveitamos para agradecer o apoio das escolas, dos professores, mas principalmente o esforço e a dedicação dos alunos que idealizaram e estão à frente dos trabalhos voluntariamente. O tema central dessa edição do O Futuro é Nosso é a perda de direitos social que estamos presenciando no Brasil nos últimos anos. O que nos parece é que no Brasil as classes populares conseguiram acender um pouco na qualidade de vida, e que tem um grupo majoritário com interesses econômicos, que insiste em dizer que essa classe popular não merece tanto, e que portanto precisa descer um degrau, e essa descida se dá no corte de direito básicos conquistados ao longo de um processo histórico. Nossa terceira edição do O Futuro é Nosso tem algumas novidades. Além dos textos, desenhos, artes dos alunos de Humaitá – AM, temos nessa edição a participação de alunos de outros estados do Brasil. Isso mostra que o diálogo e as discussões que procuramos desenvolver são amplas e não só envolvem a cidade onde residimos. Destacamos também algumas atividades desenvolvidas pelo Coletivo Jovem, em especial o curso de técnicas de redação e nosso belo encontro musical na praça da matriz. Ao longo da revista poderão encontrar relatos mais detalhados desses belos acontecimentos. Esperamos que as publicações dos jovens, impressos nesta revista, sejam uteis para a reflexão, conscientização de todos os leitores, para que possamos somar forças nessa difícil, mas necessária, tarefa de pensar e lutar por um Brasil cada vez mais justo e melhor para todos. Esperamos com isso contribuir para que não só o futuro seja nosso, mas também o presente.

Boa Leitura!


SUMÁRIO

“A educação atual (Presencial) está cada vez mais sendo ultrapassada pela educação digital (Online e gratuita),” Um trecho do artigo de opinião feito pelo discente Luan Henrique do IFAL— Arapiraca

Pág. 15

A entrevistada desta edição foi a Ariceneide Oliveira, docente da UFAM— Humaitá. Pág. 7 à 11

“Por que devemos seguir um padrão?...” Essa foi uma de suas perguntas inseridas em seu opinião feito pela discente Juliana Carvalho do IFB. Pág. 41

Alguns desenhos da estudante Thaís Sofia. Pág. 37 e 38

Das páginas 45 à 48 relata como ocorreu o I ENCONTRO MUSICAL DE HUMAITÁ e algumas imagens, pois o mesmo foi uma Iniciativa do Coletivo Jovem de


ENTREVISTA COLETIVO JOVEM DE COMUNICAÇÃO DE HUMAITÁ

ENTREVISTA

Nesta edição da revista temos como tema principal

as

perdas

de

direitos

sociais,

nos

preocupamos muito em como isso afetará os jovens cidadãos de nosso país e principalmente os de nosso município. Recentemente foram apresentados vários argumentos para mudanças em respeito à educação e trabalho, como por exemplo, a MP 746 que se refere a uma reforma no ensino médio das escolas da rede pública e também algumas reformas nas leis

trabalhistas.

reformas

Essas

não

foram

consideradas favoráveis pela população, de modo que foram realizadas

algumas

manifestações como forma de mostrar opressão por acusarem de que algumas dessas reformas não teriam resultados favoráveis. Outro assunto recente bastante comentado a respeito da educação se referia à privatização das universidades públicas, o que de certa forma pode ser considerado um absurdo, pois acarretaria em um colapso, e que para muitos dificultaria o acesso ao ensino superior no Brasil. Essa radicalização por grande parte prejudica a maioria de nossos jovens, se levarmos em conta vários conflitos sociais que afetam os mesmos, dentre eles estão condições financeiras, precariedade na rede de ensino pública, e até mesmo a intelectualidade desses indivíduos afetam o seu sucesso. Foi convidada a professora Ariceneide Oliveira da Silva, docente da UFAM no município de Humaitá—AM para expor sua opinião.


Há quanto tempo você trabalha na universidade? Na universidade Federal do Amazonas eu estou desde fevereiro de 2015, mas já trabalho com ensino superior desde 2005. Quais as melhores lembranças do seu período de estudante de graduação? Meu período de estudante foi magico na minha vida, eu estava realizando um sonho de entrar numa universidade, sou filha de pais analfabetos e todo sonho de filho de pais analfabetos é conquistar um lugar na vida, e entrar na universidade é um dos sonhos. Entrei na universidade, com 12 anos de experiência na educação, pois já era professora, e então a sala de aula pra mim no momento em que estava na graduação era o meu laboratório. Tive bastante dificuldades, primeiro porque eu sou de uma cidade do interior da Bahia e lá era muito difícil fazer faculdade devido as dificuldades de transporte, e além disso eu já trabalhava em diversos setores da educação, como por exemplo, escolas particulares, escolas publicas de cidades diferentes, então, eu morava em Piauí, trabalhava em escola particular (que na época era a melhor escola do sul da Bahia) e trabalhava em uma escola estadual em Itagibá e estudava a noite em Jequié que ficava à 50Km da cidade onde eu morava, e minha roda naquela época era como um triangulo, pois eu saia de uma cidade pra ir trabalhar em outra e depois ia para outra cidade estudar. Foi bastante difícil, um período bem cansativo, mas que no final me realizei e posso dizer que nem senti o cansaço. Poderia falar um pouco da sua experiência como docente? Tem sido algo bom. Eu cheguei aqui com uma missão de trazer e contribuir com a sociedade humaitaense através da minha experiência de 26 anos de educação procurei também trazer um pouco disso para cá. E além das aulas que ministro na instituição eu também desenvolvo projetos de leitura e literatura nas escolas de educação básica do município com os projetos de extensão, e então eu estou ao mesmo tempo formando profissionais e estou também me realizando porque quando eu ofereço a leitura para um aluno que diz que nunca leu um livro e que com esses projetos eles conseguem fazer isso, pra mim é mais uma conquista/realização estando próximo desse publico que precisa. 8


Há algum tempo se cogita a privatização das universidades publicas, qual a sua opinião sobre o assunto? Só tenho a lamentar, venho falando aos meus alunos que aproveitem, pois isso pode estar mais próximo do que a gente imagina, mas, é triste porque vai retirar a oportunidade de muitas pessoas que não terão como se manter e bancar uma universidade particular. Sabemos que nossos pais não precisaria passar por isso se não houvesse tanta roubalheira e tanta sujeira na nossa politica. É como tirar o doce da boca da criança. Quais as maiores dificuldades das universidades públicas hoje? As universidades estão perdendo muitas verbas e com isso também se perde muito projeto, e muitas pesquisas, e no final acaba perdendo a sua missão, porque uma universidade tem como missão melhorar a sociedade tornando as pessoas em seres humanos pensantes, críticos e mais capazes. O que estamos sentindo com essas percas e a impossibilidade de trabalhar, por exemplo, eu atuo com o PIBID de Língua Portuguesa e até 2014 esse projeto recebia cerca de R$15.000,00 por ano para que fosse adquirido materiais para apoio didático para que fosse aplicado em sala de aula, já hoje estamos trabalhando sem nenhuma verba e para eu conseguir manter o PIBID atuando nas escolas tenho que fazer projetos de extensão para receber uma verba de R$1.500,00 para o projeto de extensão e acabo tendo que dividir matérias para aplicar no PIBID, porque hoje o PIBID não possui nenhuma verba, trabalhamos apenas com disposição, coragem e boa vontade. Em sua opinião, qual a importância da formação universitária na vida de um jovem? É despertar criticidade. A universidade precisa despertar em um jovem a criticidade, para que ele aprenda a lutar pelos seus direitos e aprenda a ser cidadão, porque a universidade não possui o papel apenas de transmitir conhecimento, até porque o co9


nhecimento está em todos os lugares, porem os diálogos, debates e esse espaço que é a universidade para discutir ideias e ideologias já esta se perdendo porque as pessoas já não possuem mais tanta criticidade ou talvez já não acreditem muito nas coisas diante do que está vindo à tona na nossa sociedade em termo de questões politicas e o jovem acaba perdendo isso na universidade porque ele já não tem mais as ideologias que se tinha nas décadas de 60 à 90 que era de lutar pelos seus direitos como verdadeiros cidadãos atuantes e críticos. Com base na sua experiência docente, quais as maiores dificuldades dos jovens que acabam de ingressar na universidade? É a dificuldade de leitura, visto que estamos recebendo jovens praticamente analfabetos sancionais, e eles não estão sabendo ler os textos universitários e não estão dando conta de interpretar os textos universitários. E esse prejuízo quando eles chegam na universidade, pode ser notado que foi construído na educação básica. E eu acredito muito no poder da leitura, e é na educação básica que se deve preparar os alunos para que quando cheguem na universidade com bastante disposição, visto que a evasão na universidade ocorre devido aos alunos se sentirem como um peixe fora d’agua, ou seja, eles não estão adaptados e acabam abandonando a universidade. Qual dica você gostaria de dar aos adolescente, jovens e adultos que sonham em ingressar numa universidade? A minha dica é “sonhar”, pois sem os sonhos não chegaremos a lugar nenhum e a leitura nos ajuda a sonhar, ela é a porta de entrada para um mundo magico de sonhos e lutas, então sem os sonhos e sem a leitura os jovens acabam ficando perdidos. Até porque só chegamos na universidade para cursar o curso que queremos quando sonhamos, então, quando você pensa em entrar numa universidade ou mesmo depois que você sai de uma universidade se não tiver um alicerce e se o seu sonho não for materializado, você acaba ficando perdido e de nada vai adiantar passar uns quatro ou cinco anos na universidade. E eu espero que os jovens aprendam a sonhar e a lutar

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pelos seus sonhos para que eles se tornem realidade, não basta ficar só sonhando é preciso materializá-los. A senhora possui sonhos? Quais? Sim, com certeza. Um dos meus sonhos é fazer o doutorado e trazer para essa universidade um mestrado nas áreas de letras, letramento e linguística para ajudar os professores, que estão trabalhando na educação básica, a tornarem-se professionais melhores. Tem mais algo que a senhora gostaria de dizer aos nossos leitores? Eu gostaria de dizer aos leitores que continuem lendo, e que sejam perseverantes na leitura e que por meio da leitura eles possam encontrar a direção para suas vidas.

Fim da Entrevista


Outros desenhos de ThaĂ­s Sofia


INTERTEXTO

Primeiro levaram os negros Mas não me importei com isso Eu não era negro Em seguida levaram alguns operários Mas não me importei com isso Eu também não era operário Depois prenderam os miseráveis Mas não me importei com isso Porque eu não sou miserável Depois agarraram uns desempregados Mas como tenho meu emprego Também não me importei Agora estão me levando Mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém Ninguém se importa comigo. Bertolt Brecht 11


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O FUTURO DA EDUCAÇÃO Escrito por Luan Henrique IFAL—Campus Arapiraca O nosso atual sistema de educação tem uma longa história de desenvolvimento, mas foi (Em grande parte) elaborado durante a época do Iluminismo (Século XVIII), em especial por conta da Prússia. Em 1717 O rei Frederico Guilherme I impôs pela primeira vez um sistema compulsório de educação, seu filho, o rei prussiano Frederico II “O grande” modificou ainda mais a organização educacional, e a educação passou a ser militarizada e ainda mais compulsória. Um tempo depois, quando as tropas de Napoleão venceram o exército prussiano, o rei Frederico Guilherme III teve que melhorará a situação, por isso em 1819, ele criou pela primeira vez na história, o ensino obrigatório a nível nacional (E isso permanece até hoje). O “Sistema Prussiano de educação” foi usado como modelo depois por outras nações, esse sistema foi criado inicialmente com objetivo de desenvolvimento militar, aos poucos ele foi se expandindo até chegar no que é hoje. Felizmente esse sistema está com os dias contados. A educação atual (Presencial) está cada vez mais, sendo ultrapassada pela educação digital (Online e gratuita), livros impressos perdem para tablets, cadernos perdem para notebooks, aulas presenciais perdem para videoaulas, etc. O aluno tem uma gama de conhecimento muito maior, disponível na internet do que em livros velhos. Dentro da escola, a situação só piora, a escola acaba sendo em vários casos um ambiente chato e aterrorizante (bullying), onde os professores são muitas vezes “jurássicos” e ensinam assuntos antigos e já refutados, ou são doutrinadores e forçam os estudantes a aprender e seguir apenas uma linha de pensamento ideológico, religioso ou social. O que acaba tirando a criatividade e a vontade de estudar do aluno. É muito melhor e viável (exceto em áreas específicas como as de medicina) o estudante aprender em casa, através da internet, com seu computador, smartphone, notebook, tablet, etc. Fazendo seus próprios horários de acordo com seu ritmo e suas próprias necessidades e ambições. Criando assim uma educação livre de controle estatal, onde os professores e o governo não impõem seus interesses ao aluno, e o próprio aluno pode decidir o rumo dos seus estudos de acordo com suas ambições.


Coletivo O Futuro é Nosso articula realização de curso de técnicas de redação No período 08/05 à 17/05 ocorreu o curso "Técnicas de Redação" oferecido pelo IFAM. Uma turma animada de 80 alunos de 4 escolas de Humaitá participaram do curso e fazem uma ótima avaliação da atividade. Vale lembrar que a realização do curso foi articulada pelo Coletivo Jovem de Comunicação o Futuro é Nosso. Harleson Cândido, participante do Coletivo e um dos articuladores direto da realização do curso conta um pouco sobre como surge a iniciativa: "A proposta surgiu durante uma reunião do Coletivo, realizada no Oswaldo Cruz, no início deste ano. Chegamos a conclusão que um curso na área de produção de textos, tanto ajudaria na qualidade de nossa revista digital, como atenderia à uma demanda dos alunos de ensino médio do município, que nesta fase se preparam para ENEM e vestibulares". Realizado no período noturno, na escola Lindalva Guerra, o curso contou a colaboração de três professores de língua portuguesa, do IFAM. "Após esta reunião do Coletivo, entramos em contato com os professores Marcos Serafim e Jeferson, do IFAM, que prontamente se dispuseram a colaborar. Aí o pessoal do Coletivo divulgou nas Escolas e conseguimos realizar a atividade". Para o jovem Samuel, aluno do terceiro ano do ensino médio, o curso foi muito oportuno: "o curso funcionou como um reforço pra quem está se preparando para ingressar numa faculdade, muito bom!"

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DIREITOS DO CIDADÃO: ENTRE A CRUZ E A ESPADA Bruno Gawryszewski* É muito comum ouvirmos dos adultos e das gerações mais velhas que precisamos ser responsáveis, que temos que ter a “cabeça no lugar”, que “devemos ter juízo” e tantas outras frases similares. Todas essas estão acompanhadas de um sentido de cumprimento de deveres e obrigações muito intensas, pois seria parte daquilo que se costuma chamar de exercício da cidadania. Contudo, ao mesmo tempo em que existem os deveres que somos chamados a cumprir, também há um par que sempre o acompanha: o reconhecimento de que o cidadão é alguém que desfruta (ou deveria desfrutar) de direitos assegurados por normas e regras que atinjam a todas as pessoas de uma sociedade. Alguns estudiosos classificam os direitos em três grupos: os direitos civis (aqueles que garantem liberdade de ir e vir, de pensamento, assinar contratos); os direitos políticos (votar e ser votado); e os direitos sociais (o acesso de todos os indivíduos a níveis de bem-estar proporcionados por uma sociedade). Por exemplo, na Constituição brasileira, estão listados os seguintes direitos sociais no artigo 6º “a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados”. Ou seja, os direitos sociais são aqueles necessários para o exercício adequado dos demais direitos, pois, imaginem, sem a garantia de receber uma educação que NO MÍNIMO consiga alfabetizar as pessoas, de que maneira conseguirão assinar um contrato para compra de uma casa se não estiverem cientes dos termos de compra? Ou como vão chegar ao seu emprego se o seu bairro não dispõe de transporte público? Certamente, seria tudo muito mais difícil. Porém, não basta somente afirmar que os direitos existam em forma de leis. A cada direito corresponde um dever. E os deveres não são responsabilidade somente do indivíduo, mas daquele que o reconhece enquanto direito: o Estado. Ao Estado, enquanto esfera do poder que precisa ser público (de todos), cabe providenciar os 17


meios para que os direitos se efetivem na prática. Quando proporciona que, com verbas que conseguem pagar o salário dos professores, a construção e manutenção do prédio, a compra de materiais para as salas de aula, laboratórios, as refeições escolares e demais itens, significa que o direito social do acesso à educação está sendo garantido para os jovens matriculados na escola, ainda que possa vir a melhorar em muitos aspectos. Assegurando o direito aos cidadãos, o poder público passa pelo menos uma mensagem de que oferece uma perspectiva de apoio e segurança. Em momentos mais difíceis, como uma doença grave, desemprego por muito tempo, você, como cidadão, pode ser amparado pra receber aquela força. Em momentos melhores, tudo aquilo que usufruiu como direito, vai fazer toda a diferença pra te construir como uma pessoa melhor, com mais saúde, com mais compreensão do mundo e provavelmente mais a vida vai ter mais sentido de ser vivida, sem sofrimentos em excesso e desnecessários. E por qual motivo estou escrevendo isso tudo? Porque praticamente toda semana vem uma novidade noticiada pela imprensa de que o governo anuncia que quer fazer uma nova reforma para equilibrar o orçamento, modernizar o país e dar oportunidades a todos. São tantas medidas que somente vou relacionar um exemplo: a tal Reforma da Previdência. O governo alega que, para que as aposentadorias continuem a existir no Brasil, as pessoas precisam trabalhar por mais tempo. Trabalhando por mais tempo (até no mínimo, 65 anos), as pessoas contribuiriam com 11% do seu salário todo mês para financiar as suas próprias aposentadorias. Isso significa que, um habitante da Região Norte, que tem uma expectativa de vida média de 71 anos, poderá desfrutar de sua aposentadoria por apenas seis anos e ganhando menos do que o que recebia quando trabalhava e gastando mais com remédios e cuidados com a saúde. Enfim, a diminuição de direitos causa um impacto desastroso em qualquer sociedade que tenha ambição de ser um país que queira se reivindicar como desenvolvido, pois extermina com as expectativas das gerações mais novas de planejar um futuro com segurança. Caso as coisas ao teu redor estejam te incomodando, é essencial se juntar e fazer ações coletivas para transformar a realidade. Enquanto houver um coração pulsando e mentes que não se conformam com a injustiça, haverá esperança para uma vida melhor. * Bruno é professor da Faculdade de Educação da UFRJ

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RETIRAR DIREITOS SOCIAIS É PRO

!!!

Artigo de Opinião feito pelo professor João Maciel de Araújo.

Em assuntos jurídicos, alguns estudiosos fazem uma distribuição da totalidade dos direitos fundamentais que uma pessoa pode ter, a partir de subgrupos, ao que eles chamam de direitos de primeira dimensão (outros preferem o termo geração), segunda, terceira, quarta e até quinta dimensão. Na prática, esses direitos serão garantidos às pessoas de uma sociedade, através de uma boa quantidade de leis que um determinado país adota. Aqui no Brasil há várias leis que foram feitas visando garantir direitos em todas essas dimensões, entre elas, as dos direitos sociais que podem ser classificadas como de segunda dimensão. Entre os Direitos Sociais previstos nas leis do Brasil (inclusive na Constituição Federal) estão a educação, saúde, lazer, segurança, moradia, transporte, a assistência e proteção social e etc... É por causa dessa previsão nas leis, que temos funcionando as escolas públicas e os hospitais; que quando atinge determinada idade uma pessoa tem direito a ter uma renda como aposentadoria; que um empregado, se sofrer um acidente de trabalho, tem direito a uma renda até se recuperar; e assim por diante. Este conjunto de direitos confere aos indivíduos o que chamamos de CIDADANIA. De maneira geral, os governos são responsáveis por fazer cumprir essas leis, organizando a distribuição dos recursos que arrecada através dos impostos de cada um de nós. Dada a natureza desses direitos, numa sociedade tão desigual como a brasileira, fica claro que existem certos grupos de pessoas que necessitam muito mais deles. Vale lembrar que no Brasil sempre houve uma defasagem em níveis de qualidade e de universalidade, ou seja, os governos não garantiram que todas as pessoas usufruíssem desses direitos, embora todos paguem impostos. Não bastasse esse histórico de defasagem, nos últimos meses o que se tem visto é uma verdadeira tentativa de anulação desses direitos sociais, através do corte de investimento em serviços públicos, da alteração das regras de aposentadoria e trabalhistas. Na maioria do tempo, somos levados a não ocupar nossa mente pensando no futuro, mas no caso da retirada de direitos sociais é um exercício fundamental que façamos. Estamos acostumados com o cotidiano atual: bem ou mal, as crianças têm direito a aprender a ler e escrever em escolas públicas; bem ou mal, a gente tem direito a um atendimento e tratamento médico quando temos algum problema de saúde; bem ou mal, temos alguns locais públicos onde se pode praticar esportes; bem ou mal, os idosos recebem uma renda que os ajuda na manutenção das despesas domésticas e evita que estejam mendigando nas ruas, já que não tem mais forças para o trabalho, enfim.


OJETAR UM FUTURO MAIS INJUSTO Mas há algum tempo atrás, o cotidiano não era esse. De maneira errônea, ou mesmo hipócrita, alguns dirão que no passado era bem melhor, será? Vejamos um pequeno exemplo: em 1980, para cada 1000 crianças nascidas no Brasil, 83 morriam antes de completar 1 ano. No ano de 2012, por exemplo, essa taxa tinha sido reduzida para 16 mortes e segue reduzindo. No caso da mortalidade infantil, por exemplo, podemos afirmar que todos os pais de todas essas criancinhas que morreram em 1980 não tiveram cuidados, ou não amavam seus filhos? Claro que não! A redução da mortalidade infantil se deu pelos investimentos de recursos públicos, devido aos direitos sociais, que permitiram a criação e fortalecimento de uma rede de serviços públicos e instituições que ajudam os pais a cuidarem da saúde de seus filhos. Reduzir o investimento de recursos nesses serviços é ignorar sua importância para vida de todos. Portanto, os resultados das mudanças de leis que vêm ocorrendo de maneira autoritária desde o ano passado no Brasil, significa que no futuro esse cotidiano será alterado e provavelmente com consequências muito ruins para a maioria da população. A isto chama -se retrocesso social, ou seja, voltar a cenários lastimáveis já experimentados pela população de um país. Voltando a questão das diferentes dimensões a que me referi no início do texto, dado ao seu entrelaçamento, a retirada de direitos sociais de uma pessoa, na verdade deve ser vista como perda de sentido do próprio Estado de Direito, enquanto sistema voltado a mediação das relações entre os indivíduos de uma determinada sociedade. Ou seja, na vida real, se me é retirado um direito social, automaticamente fica comprometida a garantia e o acesso aos demais direitos. Por exemplo, de que vale o direito de votar (direito de primeira dimensão), se antes, a pessoa não teve direito a uma educação (direito de segunda dimensão) que lhe proporcionasse a compreensão para discernir sobre os reais objetivos da política? Isso significa que a retirada de direitos sociais ocasionará também retrocesso político, econômico e cultural. O que jamais devemos perder de vista é que os direitos sociais, embora haja versões discordantes quando se fala do Brasil, são frutos da conquista das históricas mobilizações da sociedade frente ao Estado. E a juventude teve papel fundamental nesses processos históricos, mas tem também nos dias atuais. Ao contrário de muitas outras parcelas da sociedade brasileira, a juventude foi quem primeiro acordou para o perigo das mudanças, logicamente porque o futuro que se desenha terá ela como principal prejudicada. Basta ter em mente as ocupações das escolas secundárias no Brasil durante o ano de 2016, que, longe de ser baderna, trata-se na realidade de manifestações legítimas num contexto democrático. É necessário buscar a compreensão elementar do que está em jogo e marcar posição frente a esta investida. Para os grupos que historicamente fizeram do Estado brasi-


leiro um balcão de negócios é importante que as mudanças propostas neste momento ocorram, porque eles não tiveram a responsabilidade de construir o país. Por exemplo, diferente da esmagadora maioria da população, eles são beneficiários de políticas tributárias que os permitem obter maiores ganhos, uma vez que são isentos de impostos, ou mesmo quando deveriam pagar, muitos dão o calote. Agora o governo vem dizer que é necessário retirar direitos sociais porque as contas públicas estão desequilibradas e, para garantia do pagamento de juros a banqueiros, joga a conta para aqueles que já pagam seus impostos?! Não tem a menor graça! O momento é de extrapolar o limitado debate da disputa partidária e fazer saber que há plena consciência do que está acontecendo, sem admitir que os novos arranjos possam penalizar ainda mais quem já é injustiçado. A propósito, populações de municípios como Humaitá devem ter em mente que o corte dos recursos para os serviços públicos contribuirá para ampliar ainda mais as desigualdades regionais. Devemos fazer o máximo para evitar que isso aconteça.

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Bertold Brecht Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural. Pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural. Nada deve parecer impossível de mudar.

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“Tempos modernos”, por Charlie Chaplin Resenha feita por Denise Moura Discente do IFAM - Campus Humaitá Com bastante humor e eloquência, o longa produzido por Charlie Chaplin demonstrou dois grandes acontecimentos ocorridos naquele período: a Revolução Industrial e a Crise de 1929. A primeira se iniciou na metade do século XIX na Inglaterra, mas logo foi globalizada; na segunda, a bolsa de valores cai em Nova Iorque e, por conseguinte, acarreta uma onda de desemprego e fome no país. É irrefutável que o impacto causado pela obra foi grande; afinal, a compreensão de fenômenos como “Força de trabalho”, “Capitalismo” e “Alienação” é alcançada com êxito. Na indústria de produção era evidente a predominância das máquinas e os homens tornam-se, em consequência disso, seres alienados: essa é a realidade que Chaplin se encontra. O operário trabalha em uma linha de montagem, onde segue uma rotina diária que consiste em ir para a fábrica, ficar horas realizando o mesmo serviço, almoçar com os colegas e voltar a fazer tudo novamente. Ou seja, ao que tudo indica, o homem torna-se um simples apêndice da máquina. Uma prova de que o trabalhador era visto apenas como um objeto utilizado para gerar lucro foi demonstrada na cena em que o dono da indústria precisa de um operário para testar um equipamento de alimentação que estava sendo desenvolvido e prometia reduzir o tempo perdido no horário de refeição dos trabalhadores. O escolhido foi Charlie. Porém, ao passar de alguns minutos como “cobaia”, a máquina começa a dar problemas e Carlitos fica “apanhando” da bugiganga até os técnicos conseguem tirá-lo da mesma. Certo dia, após realizar por tanto tempo a sua atividade, Chaplin desenvolve TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) e, por consequência disso, tem uma crise onde agiu de maneira impulsiva, atrapalhando o trabalho dos seus companheiros. Com isso, ele é mandado para uma casa de repouso e fica por lá durante um bom tempo, até que sai, mas pior do que quando entrou: desempregado e sem um tostão no bolso. No decorrer do filme, Carlitos passa por muitas situações inusitadas; dentre elas há um episódio em que o homem vai preso por ser confundido com um líder de revoltas contra o governo. Ao sair da cadeia, percebe que a vida era mais confortável atrás das grades e começa a fazer de tudo para voltar para o lugar. Em uma de suas tentativas, Charlie conhece uma moça - filha de um pobre operário; a jovem vive de furtos para matar a própria fome e a de seus irmãos mais novos. Um dia, seu pai morreu em um protesto por melhores condições de trabalho, pois foi levou um tiro de um policial, deixando seus filhos sob custódia do Estado. ϭϰ esse acontecimento a menina resolve viver aventuras com Chaplin, deixando tudo Após para trás, em busca de uma vida melhor longe de toda aquela sociedade baseada em capital e lucro. Analisando os fatos ocorridos neste clássico do século XX, é possível


notar que, nos dias atuais, a independência está mais acessível. Através de muita luta, os homens conseguiram conquistar seus direitos frente ao Estado e o papel da mulher tornou-se mais amplo, dando-lhe maior espaço para crescer intelectual e socialmente. Além do mais, frente às situações que foram vivenciadas e representadas por Chaplin, as mudanças são nítidas e é possível notar que a sociedade está evoluindo constantemente e a informação é a principal ferramenta para construir uma sociedade crítica e consciente do seu poder quando está unida.

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Juventude Camponesa e trabalho em áreas de expansão da fronteira agrícola na Amazônia brasileira: o caso do município de Humaitá – AM Discentes de Agropecuária, IFAM. Ruan Rafaely Rozana O projeto de pesquisa “Juventude Camponesa e trabalho em áreas de expansão da fronteira agrícola na Amazônia brasileira: o caso do município de Humaitá – AM, tem como principal objetivo conhecer melhor sobre o tema da inserção da juventude do campo nos processos de desenvolvimento rural, ou seja, quais são as perspectivas desses jovens quanto a sua futura inserção no mundo do trabalho. Essa pesquisa devese as transformações pelas quais passa essa região em que Humaitá está inserida, região essa de expansão do agronegócio, que transforma o cenário rural, ou seja, que força as populações rurais a mudarem seus modos de vida. A literatura sobre esses processos de mudanças, apontam para uma invisibilidade de alguns grupos sociais, entre eles os jovens. Os jovens são os principais afetados com os problemas das diversas comunidades rurais situadas relativamente próximas ao município de Humaitá; e muitos desses problemas, ou podemos dizer dificuldades, podem e já deveriam ser resolvidos pelo governo estadual e federal. Porém, nem todas as

dificuldades

são

evidenciadas

por

eles,

isso

justamente

por

falta

de

acompanhamento da parte deles em relação a essas comunidades. Afirmo que os jovens são os principais afetados com os problemas porque a dificuldade mais comum em comunidades de Humaitá é a falta de escolas que ofereçam o ensino fundamental e médio, tendo em vista que algumas comunidades oferecem o ensino fundamental, mas não o médio, tendo os jovens que se deslocarem da zona rural, onde moram, para a zona urbana se quiserem concluir os estudos. É importante enfatizar que a maioria dos jovens ajudam sua família nas atividades agropecuárias e isso impede a saída deles de próximo delas, o que ocasiona na não conclusão dos estudos.


Por outro lado, a falta de políticas públicas voltadas para a juventude camponesa colabora para a exclusão deles nesse processo de mudanças que ocorrem no cenário rural. Com base na pesquisa que fizemos, em 2016, com alguns jovens estudantes de uma escola agrícola situada em Humaitá, apesar das precariedades das comunidades nas quais vivem, grande parte dos jovens pensam em continuar vivendo no meio rural, mas esperam que ocorram algumas mudanças, tais como melhoria em infraestrutura de acesso à comunidade e oferta de séries escolares mais elevadas, como já foi dito.

Fotografias dos alunos em suas apresentações

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Can't Help Falling In Love

By Elvis Presley

Wise men say, only fools rush in But I can't help, falling in love with you Shall I stay? Would it be a sin If I can't help, falling in love with you?

Não consigo evitar de me apaixonar por você Interpretação: Prof. Elen Araújo Homens sábios dizem que só os tolos se entregam Mas eu não consigo evitar de me apaixonar por você Devo ficar com medo de me apaixonar? Seria um pecado se eu não consigo evitar de me apaixonar por você Como um rio que corre certamente para o mar Querido, assim algumas coisas estão destinadas a acontecer, Pegue minha mão, pegue minha vida inteira também, Pois eu não consigo evitar de me apaixonar por você If I can't help, falling in love with you? 27


Paixão Inevitável Mario Quintana

Que se apaixonar é inevitável, e que as melhores provas de amor são as mais simples. Um dia percebemos que o comum não nos atrai, e que ser classificado como bonzinho não é bom. Um dia percebemos que a pessoa que nunca te liga é a que mais pensa em você. Um dia saberemos a importância da frase: "Você se torna eternamente responsável por aquilo que cativa". Um dia percebemos que somos muito importante para alguém, e que não damos valor a isso! Que homem de verdade não é aquele que tem mil mulheres, mas aquele que consegue fazer uma única mulher feliz! Enfim... um dia descobrimos que apesar de viver quase um século, esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para beijarmos todas as bocas que nos atraem, para dizer tudo o que tem de ser dito. O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras!

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DESITIR NÃO É A MELHOR ESCOLHA Tomé Fernandes Caitano Para se ter um futuro brilhante é necessário, que se estabeleça metas em nossas vidas, é necessário também criar sonhos, mas apenas sonhar não basta, é preciso lutar para transformar esse sonho em realidade, e a educação é uma das principais aliadas que devem ser dado o valor necessário para se atingir os nossos objetivos. A minha vida estudantil não foi as das melhores, pois foi marcada por vários fatores que prejudicaram o meu desenvolvimento, uma vez que o local onde eu morava e conclui o ensino médio é de difícil acesso, por ser situado no interior, em uma comunidade ribeirinha chamada Descanso, que está situada à margem direita do Rio Madeira, e fica muito distante da cidade de Humaitá. Passei por várias barreiras nos meus estudos desde as series iniciais, pois o ensino não é de qualidade, a maioria dos professores não são qualificados para o cargo, e a estrutura dessa escola também não é das melhores. O Ensino Médio, nesse local, é por mediação tecnológica, onde os professores dão aula à distância e a sala é monitorada pelo professor local, mas ainda assim, o ensino é precário, não pelo fato das aulas serem ruins, mas sim, pelo fato do sistema não funcionar adequadamente, como por exemplo, a falta de transporte escolar, problemas técnicos nos aparelhos em que as aulas são assistidas, e vários outros fatores que prejudicam funcionamento das aulas. Outro fator prejudicial que também pode ser citado, é o fato da aula ser no turno da noite, muitos alunos acabam desistindo, pois, muitos dos pais não acham seguro, até porque o transporte é aquático, e com isso a embarcação está sempre sujeita e exposta a qualquer fenômeno da natureza, como por exemplo, tempestades, banzeiros fortes entre vários outros. Apesar de todas essas dificuldades que prejudicaram meu desempenho escolar, nunca desanimei, pois o sonho de chegar a uma universidade era maior que qualquer outro obstáculo. Sempre fui a escola com a convicção de que aquilo seria melhor para mim, e para a minha família. Aproveitei o máximo que pude das poucas aulas ensi-

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nadas, sempre complementando com alguns livros didáticos que eu possuía, já que esse, era o único recurso no qual eu poderia recorrer para enriquecer meu conhecimento, já que não havia internet em casa, apenas na escola, mas ainda assim o uso era restrito. No terceiro ano do ensino médio, me preparei incansavelmente para prestar vestibular (ENEM), pois seria umas das etapas mais difíceis a serem cumpridas para que eu realizasse o grande sonho de ingressar na faculdade. Quando chegou a data do vestibular, me desloquei da minha comunidade para a cidade de Humaitá, a fim de realizar a prova. Depois que saiu o resultado, foi uma das melhores sensações que já tive em toda a minha vida, pois descobri que eu havia sido aprovado. Manter-me na cidade, seria a próxima etapa mais difícil a ser cumprida, já que a minha família possui uma baixa renda mensal e não temos parentes que possuem casa própria situada na cidade. Mas, nem por isso desistir de realizar meu objetivo, então resolvi morar sozinho e de aluguel, mas sempre contando com a ajuda dos meus pais. A adaptação foi muito difícil para mim, pois a diferença da cidade para o interior é notável logo nos primeiros dias, mas com o tempo fui me acostumando ao novo lar. Agora, estou estudando o curso que sempre quis, ainda continuo recebendo ajuda dos meus pais, e estou sendo amparado por projetos que a universidade disponibiliza. Diante de toda essa situação, hoje posso dizer que: focar nos estudos é uma das melhores formas de garantir um futuro promissor a todos os jovens, independente da raça, cor, religião e muito menos da classe social, pois com luta e muita dedicação podemos sim, realizar sonhos que muitas vezes parecem impossíveis.

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Fotografia referente ao texto do TomĂŠ Fernandes


COMBAT MMA HUMAITÁ O

Humaitá

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Humaitaense, o evento que é realizado pelo Professor de Muay Thai Robson Alves da academia Chute Boxe, dessa vez foi realizado na Casa de Show Circuito musical, que lotou para ver os gladiadores da era moderna. O público deu um show e dentro do Octógono os lutadores fizeram o máximo para proporcionar um espetáculo e conseguiram. Teve algumas novidades, a primeira delas foi uma luta entre dois lutadores de 12 anos, seguindo uma luta de mulheres que terminou com nocaute técnico, mostraram que técnica, vontade, não tem idade e nem sexo. E ainda teve mais novidade luta de jiu-jitsu. Os organizadores pensaram em tudo para proporcionar para os humaitaenses um show de MMA e conseguiram, agora ficamos aguardando o III Humaitá Combat MMA que já tem previsão para ser realizado no mês de Agosto de 2017 e que com certeza será melhor.

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SOMETHING ABOUT HAPPINESS

Muitos dizem que a felicidade é algo que não existe, ou algo que até existi porém, inalcançável. Já eu acho que não há coisa melhor do que encontrar em si mesmo uma fonte de felicidade; que o caminho mais curto para a felicidade é ter ela viva em nosso ser e em nossos pensamentos. As coisas mais simples são o que realmente nos fazem felizes, coisas simples que só existem em nossas mentes, como as lembranças de momentos alegres, lembranças de nós mesmos ou de outros, lembranças antigas e recentes. A beleza acaba com o tempo, as prioridades mudam, os gostos e opiniões também. Então, encontrar uma fonte de prazer em outra pessoa, não é bem o caminho certo da felicidade. Se apaixonar, amar, são coisas maravilhosas, no entanto, momentâneas. Ninguém vem com garantia. Todos e tudo que achamos que nos dá prazer hoje, pode ser drasticamente mudado pelo tempo. O erro então é esse: insistir em se apegar a coisas passageiras, tais como pessoas, riquezas, lugares, sentimentos. Tudo está em constante mudança. Então digo que o caminho da felicidade não existe, mas ela sim existe, existe viva dentro de nós. Não há outra maneira de a encontrar se não nos encontrando, deixando coisas boas acontecerem naturalmente. Happiness is freedom Escrito por Maele Oliveira. Discente do IFAM—Campus Humaitá 35


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Alguns dos desenhos digitalizados de ThaĂ­s Sofia

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A CAUSA

Crônica escrita por Aden Hercules IFAM –Campus Humaitá

“Tornar-se notável e compreendido.” Isso era o que um jovem imerso saindo da adolescência e entrando na fase das incumbências desejava ainda mais. É algo muito árduo de entender e exige um esforço intelectual super mega hiperbólico pela parte dos pais por essa delicada compreensão. Às vezes, nem os pais entendem, ou até mesmo ninguém. Só eles próprio. E eu nem sei o porquê que estou aqui em terceira pessoa narrando e tentando explicar, quiçá eu seja um desses outros numerosos jovens “perdidos” com amarguras e desgostos incubados dentro de si e não havendo nenhum aparvalhado para desabafar, a não ser o papel. O papel! Esse sim era o seu melhor amigo e companheiro do jovem mencionado no início, pois ele a escutava palavra por palavra, lágrimas por lágrimas, e não a usavas sem seu nome para dizer que são suas.

Esse sim estava em todas as suas noites de insônia,

noitadas, agonias, temor, angústias. O motivo dessas suas noites mal dormidas eram problemas em que em sua perspectiva era inútil para os demais da sua idade, como por exemplo: corrupção na sua escola, na família, doutrinação abusiva dos professores, violência, abuso de meninas do bairro, supremacia machista. Ele se preocupava com a dominação e o controle que a imprensa e determinados políticos tinham sobre os pensamentos dos adolescentes da sua cidade. Ele ficava em um mundo desguarnecido onde não era preciso ter competições de quem tinha mais complicações e problemas, pois era só ele que existia, ele sempre ganhava. Na verdade, na visão dele, ele era as complicações em si. As dificuldades e contrariedades em que nele existia, só ele sabia, só ele entendia, e quando esse jovem pensava no Brasil... Ah!! Quando ele pensava nesse “Brasil” vinha em sua cabeça de como era difícil ser jovem nesse país, visto que, uma nação corrupta é capaz de destruir a vida de um jovem crítico quando a depressão a possui e, se a família ou os amigos não a interromperem, poderá ser muito mais demasiada e prolongada. Ele fingia está tudo bem, ele não mostrava para as pessoas que ele possuía aquilo, mas esse disfarce só agravava ainda mais aquele abatimento.


A alegria e o sorriso chegavam a ponto de não se encaixar mais nele. O Sol já fazia bastante tempo que não nascia. Pensamentos ele tinha, mas ninguém o usufruía. Não tinha como não pensar, era tão notável para ele e pouco visível para os demais. E dá-lhe a mídia mostrando assassinatos e imprudência no trânsito. E dá-lhe os demais fazendo memes da própria desgraça. Ele estava cansado de ser o único da sua idade que se preocupava com essa coisas. Ele já não brincava, não se divertia, não conversava. E era sempre a mesma coisa, e como dizia Renato: “É sempre mais do mesmo”. O jeito para tentar burlar essas dores emocionais era usando entorpecentes e se automutilando, se automutilando mesmo. Ele trocava a sua dor emocional pela dor física. Ele trocava seu pensamento crítico por um alienado. Ele trocava os seus livros de grandes autores e poetas pela mídia manipuladora. Ele tentava trocar a sua loucura pelo odiado senso-comum, mas nada dava certo.

Ele não conseguia

encontrar uma solução, não conseguia deixar de esquecer e se livrar da dor em que só ele sabia, o que levou ele de uma forma péssima ao suicídio, cortando seus pulsos. Não deixou recado, o porquê, o motivo, nem nada. Deixou somente o “ele vai para o inferno” na boca das pessoas sem saberem o motivo, sem entenderem, sem compreenderem. Isso resolveu? Não! Aumentou ainda mais a ignorância humana. Foi um susto para quem a conhecia ele na cidade, pois ele era aquela pessoa calma, não demostrava nada. Isso aconteceu no ano de 2017, faz bastante tempo não é mesmo? Quem que com essa idade, 16 anos, já possuía todas essas confusões e preocupações que ele tinha? Quem que com essa idade lacrimeja todas as noites por conta da estupidez humana, corrupções e a hegemonia da maldade? Será que ele era singular no que diz respeito a esse mesmo pensamento e conhecimento? Ele queria saber uma coisa: o qual era o segredo que os demais adolescentes possuíam guardado, de uma forma muito abstruso, de não mostrar para ninguém o mesmo que ele sentia? De não ir a protestos contra alguma reforma ou lei do estado, manifestações, e de não obedecer severamente greves e paralisações. Os direitos sociais já perdidos conquistados duramente por batalhas penosas de trabalhadores foi o seu principal afligimento. O Plano de fundo dessa página e da anterior é um desenho digitalizado da Thais Sofia. 40


PADRÃO IMPOSTO PELA SOCIEDADE Escrito por Júlia Carvalho Discente do Instituto Federal da Bahia

Por que devemos seguir um padrão? Por que não posso ser quem sou? Por que tenho que fingir ser alguém que não sou? E quem impôs esse padrão? Indivíduos componentes de uma massa, na qual chamamos de sociedade. Mas porque tenho que ser igual a massa? Alguns até dizem: “ser diferente é bom”. Um bando de hipócritas que não sabem o que falam ou o que fazem. Talvez pra eles “o diferente bom” também seja um padrão. Maldita sociedade! Machucam os seres “diferentes”. Mas…alguns dizem que todos somos iguais, então, o que é ser diferente?

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Escrito por Júlia Carvalho Discente do Instituto Federal da Bahia

O VALOR DA FAMÍLA

Vários contatos na agenda. Vários amigos conectados no Facebook. TODOS VIRTUAIS. As pessoas se iludem, acho que sentem prazer em fazer isso. Se prendem a amizades, amores conjugais e esquecem dos mais importantes, os pais. Você só sente falta, de verdade, daquilo que você ama, a questão é que quando amamos, principalmente nossa família, esse amor nos machuca. A partir da biografia inserida em meu currículo, aprendi que as piores dores não são daqueles relacionamentos de um ano, dos supostos amigos que te abandonam e sim da SUA FAMÍLIA. A família é um conjunto de pessoas EXTREMAMENTE complicado, que brigam e discutem tanto que no fundo até se amam, o problema é quando esse "amor" ultrapassa limites, como o respeito, respeito deve ser recíproco. Percebi também que no fundo, bem lá no fundo, somos todos egoístas, acabamos pensando tanto em nós mesmos que ultrapassamos os limites daquele suposto amor, mas será que quando ultrapassamos certos limites, é amor de verdade? 42


MUITOS FAZEM POR IGNORÂNCIA Artigo de opinião escrito pela discente Maria Erlene IFAM—Campus Humaitá

Nosso país está passando por sérias consequências, a política do país está arruinada, mas será que alguém poderia explicar tal fato? Teria alguma solução? O fator principal é a escolha feita pelos eleitores, a política de todo jeito, mas para maioria dos eleitores bom é aquele que beneficia antes mesmo de ganhar as eleições. Então seguindo a linha de raciocínio, este não é um bom candidato pois ele está manipulando o eleitor dando benefícios. Segundo pesquisas feitas por alguns telejornais, é grande a ocorrência de políticos sendo caçados por compra de votos. Esses dados aumentam a cada período eleitoral. Políticos mentem prometendo coisas sem cabimentos, por ignorância do eleitor, muitos acabam acreditando. Muitos não sabem que tais “projetos” só serão aceitos se todos da câmara aprovar. Diante disso, a situação do país só piora e a população de modo geral sofre, escolhas mal feitas pelos eleitores, políticos prometem não cumprem e continuam no poder. A solução seria que cada eleitor se conscientizasse e não deixar ser manipulado por certos benefícios pré-eleições, pois depois que tudo passar eles não terão compromisso nenhum pois se darão por livres, afinal já “Beneficiaram” o eleitor.

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I ENCONTRO MUSICAL DE HUMAITÁ REALIZADO PELO COLETIVO JOVEM DE COMUNICAÇÃO ESCRITO POR GABRIEL FELIPE GM3

No dia 02/05 (sexta-feira) ocorreu no município de Humaitá o primeiro encontro musical organizado pelo Coletivo Jovem de Comunicação, que tomou essa iniciativa com o objetivo de criar um espaço de interatividade e lazer entre toda a comunidade, mas, em especial entre os jovens estudantes secundaristas do município. Nesse evento, os próprios alunos das escolas de ensino médio (IFAM, Álvaro Maia, Oswaldo Cruz e Plínio Ramos Coelho) foram os protagonistas, pois eram os mesmos que davam conta de todas as apresentações e por conta disso vários talentos foram desvelados. No total foram 15 atrações musicais de gêneros diversificados, como por exemplo, MPB, Rock, Toada, e entre outros. E entre as apresentações dos alunos contamos também com a presença da banda E.L.V.E.A, que marca presença assiduamente em todos os eventos já organizados pelo Coletivo. O Coletivo Jovem de Comunicação visa melhorar a interação dos jovens em nosso município através de eventos como esse que permite de uma maneira dinâmica expor os talentos que há nessa cidade e também permite que os jovens conheçam pessoas com os mesmos interesses gerando uma mobilização social que é de grande importância para a convivência desses determinados grupos. Além desses eventos O Coletivo também coordena uma revista de variedades digital que pode ser acessada por qualquer pessoa com acesso a internet. Na página seguinte existe sequência de fotografias do dia do evento.


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Fotos: Edson Carvalho


CARTA DE PRINCÍPIOS DO COLETIVO JOVEM DE COMUNICAÇÃO DE HUMAITÁ 1. A proposta de trabalho deste Coletivo visa a formação de uma rede de atores sociais. Uma rede que possibilite a articulação e o intercâmbio acadêmico entre os alunos das escolas de ensino médio do município de Humaitá, tomando como ponto de partida a criação e edição de mídias eletrônicas que valorizem as iniciativas não somente nas escolas – por via de atividades de ensino, pesquisa e extensão – , mas também fora delas, de modo a refletir, debater e promover ações relativas a questões de interesse coletivo. 2. Mediante o rápido crescimento dos núcleos urbanos, sobretudo dos situados na parte sul da região amazônica, enxergamos a necessidade de criação de ações alternativas e de combates às situações de vulnerabilidade social, nas quais se encontra grande parcela da população. E um dos grupos de maior destaque frente a esta realidade é o público jovem, que, apesar do quantitativo expressivo em relação à população geral, não possui um fórum permanente que se dedique a tratar das questões sociais que as atinge. Frente às contradições e antagonismos deste panorama, o Coletivo tem o propósito de dar voz aos jovens de ensino médio, de maneira em que possam se expressar segundo suas próprias perspectivas, sejam elas de origem endógenas ao ambiente escolar, sejam sobre elementos comuns à população humaitaense em geral. 3. As publicações do Coletivo almejam incentivar o debate público, o olhar crítico sobre a realidade, bem como a reflexão sobre a sociedade na qual vivemos, primando pela pluralidade de pontos de vista. 4. O Coletivo é aberto à divulgação e valorização das manifestações culturais locais, sejam elas tradicionais, atuais e/ou alternativas. Com isso, buscamos ampliar as possibilidades de interlocução das diferentes expressões – sobretudo as mais marginalizadas socialmente – em contraponto aos grandes meios de comunicação e à cultura de massa. 5. O Coletivo tem por premissa a valorização da coisa pública. Consideramos que as instituições, assim como os demais espaços que conformam o âmbito da vida coletiva, são um profícuo espaço de reflexões e trocas de experiências que nos permite, a partir de diferentes olhares e vivências, ter maior clareza da realidade e de suas contradições. 6. As publicações de nosso canal de comunicação buscará sempre a valorização da transparência de ideias e do debate público. Busca-se desvencilhar a ideia de uma juventude passiva em meio às questões sociais, vislumbrando, assim, estimular o potencial dos jovens na figura de sujeitos críticos e formadores de opinião. 7. O Coletivo, sempre que possível, estimulará a troca de ideia e experiências, que, em meio a atividades coletivas, se possa refletir sobre as mais variadas temáticas de interesse público, em especial àquelas que tangem os problemas de exclusão, as minorias sociais e a desigualdade social. 8. O Coletivo, em todas as suas atividades, buscará assegurar o compromisso com a democracia, visando alcançar o máximo de indivíduos, para que, desta maneira, seja possível cativar nos jovens uma mentalidade aberta à diversidade e a diferenças de opinião, e, com a mesma importância, reconhecendo a figura do jovem como um potencial formulador/formador de opiniões e crítico social. 9. O Coletivo tem um compromisso inalienável para com uma educação pública, gratuita e de qualidade.


Fotografia do Primeiro Encontro Musical. Foto: Edson Carvalho


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redacaofuturoenosso@gmail.com

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