Jornal J2 | Edição 30

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XIX ASSEMBLEIA NACIONAL E FESTIVAL DA CANÇÃO

Boletim da Juventude Mariana Vicentina Portugal

SÍNODO 2021-2023 | PARA UMA IGREJA SINODAL: COMUNHÃO, PARTICIPAÇÃO E MISSÃO UMA BREVE EXPLICAÇÃO SOBRE O QUE É UM SÍNODO E AS FASES DO PROCESSO SINODAL

QUEIMA-TE ENTREVISTA AO PROJETO DE EVANGELIZAÇÃO QUE NASCEU NO INSTAGRAM

MARÇO 2022 | EDIÇÃO 30

J2

O RETOMAR DAS ATIVIDADES PRESENCIAIS A NÍVEL NACIONAL


EDITORIAL

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PONTO DE PARTIDA

Por Pe. Pedro Guimarães, CM

ATIVIDADES NACIONAIS ATIVIDADES REGIONAIS PELOS CAMINHOS DE PORTUGAL FAMÍLIA VICENTINA À CONVERSA COM... QUEIMA-TE

GOTAS DE ESPIRITUALIDADE Por Pe. João Soares, CM

FORMAÇÃO ORAÇÃO CARIDADE E MISSÃO

KIT CRISTÃO DIZ-ME PORQUÊ! ERA UMA VEZ UM SANTO...

Caros leitores,

Mafalda Guia Presidente Nacional da JMV

Bem-vindos à nova edição do Boletim J2 da Juventude Mariana Vicentina. Em pleno tempo de quaresma, tempo em que cada batizado, como membro da Igreja, procura renovar a fé, para melhor celebrar e testemunhar a presença de Jesus como o sentido da sua vida, quero partilhar convosco as novidades desta edição, a começar pela mensagem do Pe. Pedro Guimarães, CM, que nos traz uma reflexão a partir da Mensagem do Papa Francisco para esta Quaresma. Sendo também este um tempo em que somos convidados à conversão, encontram ainda uma proposta de exame de consciência, para que através das virtudes vicentinas, possamos identificar o que nos afasta de Deus, de viver a liberdade e a vida como um dom. Nesta edição vão poder encontrar também uma referência às atividades realizadas a nível nacional, nomeadamente a Assembleia Nacional, a reunião do Conselho Nacional Alargado e o Festival da Canção JMV, atividades estas que marcaram o retomar dos encontros presenciais em virtude da melhoria da situação pandémica. Partilhamos ainda neste J2 as iniciativas da Família Vicentina, com destaque para o “Graças ao 27”, iniciativa promovida pelo Seminário dos Padres Vicentinos, no Porto, que desde novembro de 2021 convida toda a Família Vicentina de Portugal para a oração mensal do terço online, sempre ao dia 27. Convido o leitor a descobrir o motivo pelo qual o dia 27 é o dia escolhido para rezar o terço. E porque os dias 27 são especiais, foi precisamente a 27 de março que duas jovens da JMV partiram para a Missão Renascer Pra Esperança, a missão ad’gentes da JMV Portugal em Moçambique. Encontram neste boletim o testemunho destas duas jovens, a Beatriz e a Tânia, que deram o seu sim e que durante 6 meses irão colaborar neste projeto além fronteiras. Por último, destaco dois conteúdos a não perder: as Gotas de Espiritualidade, pelo Pe. João Soares, CM, e a entrevista aos jovens Pedro e Bernardo, autores do ‘Queima-te’, um projeto de evangelização no Instagram que nasceu durante a pandemia e que damos a conhecer neste J2. A todos vós, desejo-vos uma Santa Quaresma!


PONTO DE PARTIDA Queridos amigos,

Pe. Pedro Guimarães, CM Assessor Nacional da JMV

Socorro-me da Mensagem do Papa Francisco para esta Quaresma a fim de introduzir a proposta de reflexão que quero fazer convosco: «a Quaresma é um tempo favorável de renovação pessoal e comunitária que nos conduz à Páscoa de Jesus Cristo morto e ressuscitado». Esta síntese do Papa sobre a Quaresma com que inicia a sua Mensagem ajuda-me a concentrar esta reflexão em 3 aspetos que me parecem essenciais para uma experiência da Quaresma, como um tempo de passagem. Como descobrir este TEMPO FAVORÁVEL, quando estamos a terminar dois anos de pandemia e se inicia uma guerra, com a invasão da Rússia à Ucrânia? Atrevo-me a afirmar que continuamos a viver no deserto. Não é um deserto em sentido geográfico, mas existencial. Ou seja, os acontecimentos que vamos vivendo ou que vão tendo repercussões na nossa e na vida do mundo, leva-nos a experimentar novas perguntas, dúvidas profundas e, em especial, a confrontar com tentações que nos “empurram” para um diálogo com o diabo (Lc 4, 1-13). Deparamo-nos com “situações limite” que nos põem à prova… Não poderá ser esta Quaresma um tempo favorável para fazer a passagem, por exemplo, da autorreferencialidade à doação? Daquilo que nos escraviza em direção à liberdade? Ou do que nos impede de caminhar com Cristo? Para isso, a RENOVAÇÃO PESSOAL E COMUNITÁRIA surge como o passo fundamental. Viver a Quaresma como um caminho que sabe reconhecer os bloqueios que impedem a escuta, a atenção e a relação, seja com Deus, seja com quem cuida da Casa Comum, surge como o desafio prioritário para iniciar um novo processo de conversão. Uma passagem necessária que pode ser fortalecida pela redescoberta da oração, do jejum e da esmola, como nos recorda o Papa na sua Mensagem para esta Quaresma: «neste tempo de conversão, procurando apoio na graça divina e na comunhão da Igreja, não nos cansemos de semear o bem. O jejum prepara o terreno, a oração rega, a caridade fecunda-o». O bem é sempre o resultado de quem venceu qualquer lógica de ditadura e que só numa experiência de se sentir amado por Deus se pode conseguir. Invariavelmente, quando experimentamos esta passagem do «eu» ao «nós», do «presente» ao «eterno» e da «terra» ao «céu», sentimos redirecionar o gps do coração para novas coordenadas que nos CONDUZEM PARA CRISTO. É este caminho que, em síntese, vem reforçar o convite da JMV à Família Vicentina para aprofundar o conhecimento e a vivência das virtudes vicentinas: aproveitar o caminho quaresmal como uma passagem que consolida a nossa identidade vicentina, dom de Deus, oferecido à Igreja e ao mundo, através de S. Vicente de Paulo. Uma identidade que, contemplando o Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, é capaz de n’Ele identificar o que significa simplicidade, humildade, mansidão, mortificação e zelo. É esta a Páscoa (passagem) que queremos viver. E é por isso que abraçamos este caminho de 40 dias de preparação para celebrar a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus como um tempo favorável. Um tempo que permita caminhar para o essencial, descobrindo e testemunhando, não só quem sou, mas também para quem sou. E isto só é possível com uma renovada experiência de encontro com Cristo, que livremente e por amor deu a vida para nos salvar. Bom caminho quaresmal e Santa Páscoa. O vosso companheiro de viagem

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ATIVIDADES NACIONAIS

XIX ASSEMBLEIA NACIONAL E REUNIÃO DO CONSELHO NACIONAL ALARGADO Mafalda Guia Presidente Nacional da JMV

Foi com uma enorme alegria que a JMV retomou no passado dia 12 de março os encontros presenciais, na Casa da Medalha Milagrosa, em Fátima, em virtude da melhoria da situação pandémica. Este dia de encontro iniciou-se com a Eucaristia de envio das jovens Beatriz Gaspar, do Centro Local do Sobreiro, e da Tânia Silva, do Centro Local de Unhão, que disseram o seu sim à Missão Renascer Pra Esperança, em Moçambique, por um período de 6 meses. Logo de seguida deu-se início à XIX Assembleia Nacional, que é, por excelência, um momento de avaliação do caminho percorrido e de reflexão sobre o caminho a trilhar no futuro, um tempo privilegiado de partilha com o objetivo de em conjunto continuar a fazer crescer a associação. Durante este fórum os jovens foram convidados a analisar, discutir e decidir sobre os assuntos descritos na ordem de trabalhos previamente distribuída pelos Centros Locais. Após a leitura e aprovação do Regulamento da XIX Assembleia Nacional e da ata da XVIII Assembleia Nacional (2021), foram apresentados, discutidos e aprovados o Relatório de Contas 2021, o Orçamento para 2022 e o valor da quota anual. No período da tarde realizou-se a reunião do Conselho Nacional Alargado, que teve três momentos muito importantes, todos eles com o objetivo de dar a conhecer as atividades desenvolvidas na Associação no ano de 2021, bem como apresentar as iniciativas a desenvolver em 2022. O primeiro momento foi a explanação dos Conselhos Regionais, onde estes fizeram um balanço do ano em relação às atividades realizadas e à situação económica, bem como apresentaram as atividades a desenvolver e o orçamento para 2022. O segundo momento consistiu na explanação do Conselho Nacional, onde foi partilhada informação estatística sobre os jovens do movimento, o ponto de situação sobre as Missões da JMV, quer em Portugal, quer em Moçambique, o processo da Consagração Mariana do jovem JMV, o ponto de situação sobre a caminhada formativa para o ano pastoral 2021/2022, o Encontro Internacional de Jovens Vicentinos e por último, informações sobre as próximas atividades. O terceiro e último momento da reunião do Conselho Nacional Alargado foi a explanação do Conselho Internacional. O ano de 2021 foi um ano de grandes mudanças para a JMV a nível internacional, pelo que a Patricia Roppa, Presidente do Conselho Internacional e a Marta Araújo, Conselheira para a Europa, falaram aos jovens da JMV Portugal sobre a nova equipa que constitui o Conselho Internacional (eleita em julho de 2021) e o Secretariado Internacional, dos objetivos/eixos de atuação que foram definidos para a Associação para os próximos 5 anos, do projeto “13 Casas” da Família Vicentina e ainda da mudança física do Secretariado Internacional da JMV de Madrid para Manila, nas Filipinas. Este foi um dia longo e cansativo, mas muito importante para o movimento: cada membro da JMV está implicado no seu crescimento e, por isso, ninguém poderá descartar a sua responsabilidade nem deixar de dar o seu contributo de forma ativa nestes espaços de decisão e reflexão.

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Marco Costa Vogal Nacional de Liturgia

No passado dia 12 de março de 2022 os jovens da JMV voltaram a (re)encontrar-se presencialmente em Fátima para o XV Festival da Canção JMV, com o tema do ano pastoral «Levanta-te! Eu te constituo testemunha do que viste (cf. At 26, 16)». Face ao ano anterior, em que o festival decorreu no formato online, foi possível ouvir ao vivo as músicas concorrentes, vivenciando este momento com enorme alegria e comunhão com todos os presentes.

ATIVIDADES NACIONAIS

XV FESTIVAL DA CANÇÃO JMV

Os vencedores dos vários prémios foram os seguintes: • 1.º Lugar: Centro Local de Refontoura • 2.º Lugar: Centro Local de Cucujães • 3.º Lugar: Centro Local de Orgens • Melhor Música: Centro Local de Cucujães • Melhor Letra: Centro Local de Orgens • Melhor Making Off: Centro Local de Cucujães Fica mais uma vez o agradecimento aos Centros Locais de Cucujães, Orgens e Refontoura pela participação com as respetivas músicas “Testemunha de Ti”, “Sou discípulo que anuncia!” e “Quero ir”, bem como ao Centro Local de Orgens pela organização e preparação desta iniciativa. “Quero ir” Letra: Rafael Duarte, Sérgio Pinto Instrumental: Rafael Duarte Às vezes a vida, não nos quer deixar seguir Estamos presos, sem conseguir sair Ofuscados, mas tu estendes a mão E’em teu nome, vamos juntos em missão Eu quero ir, pelo meu próprio pé Estou a sentir, expandiste a minha fé Ergue-me, que pelo mundo eu vou Vou gritar, Jesus me levantou! Se algum dia, meus pés ficarem sem chão Perder a vontade, de ajudar o meu irmão Só tua palavra me fará renascer E’o meu Senhor, vou dar a conhecer!

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ATIVIDADES REGIONAIS

REGIÃO NORTE Nos passados dias 19 e 20 de fevereiro realizou-se a dinâmica “Captações Juventude Mariana Vicentina (JMV)” em Moure e Jugueiros, promovida pelo Conselho Regional Norte. O principal objetivo desta dinâmica foi dar a conhecer aos jovens destes dois lugares o movimento JMV. Para isso, contou-se com a presença de 3 jovens - a Francisca, o Zé Pedro e a Catarina - que deram o seu testemunho enquanto membros dos grupos de São Miguel, Unhão e Refontoura, respetivamente. O Conselho Regional realizou ainda uma dinâmica com os jovens, colocando-os à prova num jogo amigável. Foi um momento importante para dar a conhecer a identidade JMV a outros jovens e assim despertar neles o interesse de pertencer à Associação.

REGIÃO CENTRO No passado dia 27 de fevereiro, a Região Centro reuniu-se no Centro Local de Cucujães para o Encontro Regional de Formação. Com o tema “Formar o Futuro: Passo a Passo”, este encontro teve como objetivo dar as bases necessárias para os jovens se iniciarem no mundo da formação. O dia começou com os membros dos Centros Locais de Cucujães e Orgens reunidos com a comunidade na Eucaristia. De seguida foi dinamizada uma apresentação sobre como preparar uma reunião de formação, que incluiu tópicos como qual a postura e linguagem a adotar durante a reunião, bem como o que fazer depois da reunião terminar. Durante a tarde, os participantes foram divididos em 3 comunidades para desenvolverem uma pequena apresentação com base no que aprenderam no período da manhã. Ao longo destas apresentações foram dados conselhos e sugestões sobre aspetos que os jovens poderiam melhorar. Com este encontro deram-se passos importantes para despertar e formar os jovens no sentido de desenvolverem as suas capacidades no âmbito da formação, para assim poderem vir a ser autónomos nos seus Centros Locais.

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CENTRO LOCAL DE UNHÃO

Há trinta anos, São João Paulo II instituiu o Dia Mundial do Doente para sensibilizar o povo de Deus para ‘colocar-se ao lado de quem sofre num caminho de caridade’. Impelidos pelo mote de «Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso» (Lc 6, 36), o Papa Francisco cita que ‘a misericórdia é, por excelência, o nome de Deus, que expressa a sua natureza não como um sentimento ocasional, mas como força presente em tudo o que Ele faz”, e por isso, podemos dizer que “Ele cuida de nós com a força de um pai e com a ternura de uma mãe, sempre desejoso de nos dar vida nova no Espírito Santo”. Neste sentido e por ocasião do XXX Dia Mundial do Doente, o Centro Local de Unhão celebrou a eucaristia, com uma solicitude especial pelos doentes, na paróquia de Unhão, no dia 13 de fevereiro. Porque na falta dos cuidados, ”não podemos exonerar-nos de lhes oferecer a proximidade de Deus, a sua bênção, a sua Palavra, a celebração dos Sacramentos e a proposta dum caminho de crescimento e amadurecimento na fé”. Urge a necessidade de nos aproximarmos dos enfermos, de ter como tarefa o ministério da consolação recordando as palavras de Jesus: “Estive doente e visitastes-Me” (Mt 25, 36).

PELOS CAMINHOS DE PORTUGAL!

DIA MUNDIAL DO DOENTE

PASSAGEM DOS SÍMBOLOS DA JMJ CENTRO LOCAL DE ALFERRAREDE

As Jornadas Mundiais da Juventude não se resumem apenas aos dias do encontro com o Papa. Nos meses e anos antes do maior encontro de jovens católicos do mundo há uma caminhada de preparação que, como JMV e como Igreja, todos fazemos. Um dos momentos que marca essa preparação é a passagem dos símbolos da JMJ pelas várias comunidades. Nos passados dias 12 e 13 de fevereiro, foi exatamente isso que os jovens da JMV vivenciaram na paróquia de Alferrarede. A Cruz peregrina, oferecida aos jovens pelo Santo Papa João Paulo II, e o ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani, que estavam de passagem pela diocese de Portalegre-Castelo Branco, fizeram a sua passagem pela igreja de Alferrarede, que servirá como Igreja Arciprestal para as JMJ 2023. Os símbolos foram recebidos durante a vigília que reuniu os jovens de todo o arciprestado de Abrantes, incluindo os jovens da JMV de Alferrarede e de Carvalhal. No dia seguinte, os símbolos estiveram presentes numa Eucaristia campal. O local, o parque de estacionamento do Intermarché, foi escolhido intencionalmente com o intuito de levar os símbolos à comunidade paroquial, para que a fé não se feche em quatro paredes. A partida dos símbolos nessa tarde deixou um desafio aos jovens da JMV: viver este tempo de preparação com a certeza de que somos parte de um todo a que chamamos Igreja, e que esse todo só cresce se, tal como os símbolos, soubermos praticar o dom de ir ao encontro.

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FAMÍLIA VICENTINA CAMINHA COM(O) SÃO VICENTE DE PAULO Anita Araújo Vogal da Família Vicentina

A Equipa Nacional da Família Vicentina tem como um dos seus principais objetivos reforçar a ligação entre os diferentes ramos, de modo a revitalizar o carisma vicentino em Portugal. Tendo este objetivo em mente, a Equipa Nacional decidiu dinamizar um encontro online onde cada ramo desse o seu testemunho de como vive o carisma no seu dia-a-dia. Com o tema “Caminha com(o) São Vicente de Paulo”, este encontro realizou-se no dia 22 de janeiro, tendo contado com a participação de diferentes membros dos vários ramos da Família Vicentina: Pe. César Jaime da Congregação da Missão, Ir. Agostinha Ramos das Filhas da Caridade, Manuela Salgado das Conferências de São Vicente de Paulo, Rita Correia da Juventude Mariana Vicentina, Dina da Palma da Associação da Medalha Milagrosa e Célia Rodrigues dos Colaboradores da Missão Vicentina. O encontro iniciou-se às 16 horas com uma dinâmica de perguntas&respostas rápidas para conhecer os elementos de cada ramo. Posteriormente, deu-se início ao momento de testemunhos, onde cada elemento teve cerca de dez minutos para falar sobre a sua vivência do carisma. Através destes testemunhos foi possível conhecer histórias inspiradoras de como São Vicente de Paulo entrou nas suas vidas e ainda como nos dias de hoje mantinham o carisma vicentino vivo nas suas ações, fosse na vivência paroquial/comunitária, ou na sua vida pessoal. O encontro terminou com uma oração de envio realizada pelas Filhas da Caridade. Foi uma tarde inspiradora onde se reuniram pessoas de diferentes idades e vivências, mas com o mesmo sentido de missão pelo irmão e a caminhar com e como São Vicente de Paulo no seu dia-a-dia.

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FAMÍLIA VICENTINA GRAÇAS AO 27 TERÇO ONLINE DA FAMÍLIA VICENTINA António Clemente (TóZé)

Desde o mês de novembro de 2021 que o Seminário dos Padres Vicentinos, no Porto, convida toda a Família Vicentina de Portugal para a oração mensal do terço online, sempre ao dia 27. Trata-se de uma iniciativa que pretende agregar toda a Família Vicentina do nosso país e gerar maior comunhão entre todos os filhos e filhas de S. Vicente de Paulo, através desta oração tão especial para nós que é o Rosário. Foi escolhido o dia 27 de cada mês, pois foi esse o dia em que a Virgem Maria, com o título de Senhora das Graças, escolheu para se manifestar na Rue du Bac, em Paris, a 27 de novembro de 1830, a um membro da Família Vicentina, no caso, uma Filha da Caridade – Santa Catarina Labouré –, pedindo que se cunhasse a Medalha Milagrosa. A manifestação da Santíssima Virgem, uma grande graça para todos os cristãos, é muito especial para nós e, nesse sentido, ao 27 damos graças por todas as bênçãos que recebemos de Deus por intercessão de Nossa Senhora e pedimos-lhe que continue a guiar-nos para o seu Filho, Jesus Cristo. Desde o início, em novembro, têm participado membros dos vários Ramos da Família Vicentina – Congregação da Missão, Filhas da Caridade, Associação Internacional da Caridade, Sociedade de São Vicente de Paulo, Juventude Mariana Vicentina, Associação da Medalha Milagrosa e Colaboradores da Missão Vicentina – num número sempre crescente de participação. A partir de todos os pontos do nosso país e também do estrangeiro, os dias 27 são, agora para nós, sobretudo, dias de encontro e de ação de graças, dias de nos reunirmos em família. Damos graças a Deus por tudo o que vivemos e experimentamos em Família Vicentina e também por Ele, apesar da situação de pandemia, nos inspirar com novas e criativas formas de comunhão vicentina, como esta através do recurso às novas tecnologias de comunicação.

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“Precisamos de coragem para nos “queimarmos” à frente dos outros, falar com naturalidade e liberdade da nossa fé, defender a Igreja, explicar doutrina.”

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À CONVERSA COM... QUEIMA-TE ‘Queima-te’ é um projeto de evangelização no Instagram que nasceu durante a pandemia. Pedro - natural de Lisboa e arquiteto - e Bernardo - natural de Lamego e a estudar Medicina Veterinária em Lisboa são os responsáveis pela dinamização do projeto de evangelização online ‘Queima-te’, na rede social Instagram, onde partilham temas da vida cristã pessoal diária. Como surgiu este projeto?

O Queima-te surgiu no final de 2020. Foi uma ideia do Bernardo: fazer uma conta no Instagram, com conteúdo católico, que tivesse alguma força na abordagem. Em plena pandemia, pensámos que os conteúdos online teriam aceitação. E com uma imagem apelativa talvez chegássemos a um bom número de pessoas. Assim foi, graças a Deus. Quisemos publicar posts semanais só para arrancar, mas como o feedback era positivo, acabamos por manter uma publicação todos os dias.

A vossa primeira publicação diz que “Amor paga-se com amor. A vida com a vida”. Sentem que este projeto e a forma como evangelizam é a retribuição desse amor?

Sim, por entender que toda a nossa vida tem que ser isso mesmo: uma resposta a Deus, que veio ter connosco, que quer estar connosco. O Queima-te é uma partezinha da nossa resposta, porque o principal tem que estar sempre na luta pessoal, no dia-a-dia, nas pequenas batalhas, no esforço por melhorar, amar mais Deus e os outros. Mas não é essencial! Quando já não tivermos capacidade, deixamos de publicar, ou entregamos a conta a outras pessoas!

O nome “Queima-te” é uma provocação para as pessoas crescerem e aprofundarem a fé?

Qual foi o maior desafio que tiveram desde que o projeto começou?

O nome Queima-te tem duas ideias principais por trás. A principal é a expressão de Jesus “vim trazer fogo à terra” que se entende quando se começa uma relação pessoal com Ele. Um cristão é um apaixonado (ou deve ser, se se deixa conquistar por Cristo). Por muito que nos custem as coisas da vida cristã, temos gosto em fazê-las: é uma vida boa, com sentido, desafiante. Como aquelas em que manda o Amor. Mas Queima-te também é uma provocação. É normal que os católicos encontrem à sua volta um ambiente de recusa da fé, de indiferença, algumas vezes de ataque aos cristãos. E nessas circunstâncias, é difícil assumir esse papel diante dos outros, confessar a fé, estar à vontade com a vida cristã que levamos. Precisamos de coragem para nos “queimarmos” à frente dos outros, falar com naturalidade e liberdade da nossa fé, defender a Igreja, explicar doutrina. Se por vergonha não nos queimamos, é normal que a nossa fé arrefeça e até que acabemos por nos afastar, porque não estamos dispostos a dar a cara por Jesus.

Na verdade, fizemos poucas coisas: posts diários, alguns livros, bonés, camisolas. É sempre desafiante a oportunidade de falar com grupos de jovens. Mas o maior desafio deve ser mesmo ter uma publicação pronta para todos os dias! Às vezes já é tarde e ainda não temos nada para o dia seguinte! Quando conseguimos escrever muitos de uma vez só, é mais fácil. Ultimamente não temos conseguido. É o maior desafio mas também é o maior consolo, porque acabamos sempre por ter uma inspiração (sem efeitos especiais). Parece que o Espírito Santo nos vai ajudando. O que vos falta fazer para “queimar” totalmente?

Tudo! Primeiro, nós próprios temos muito (ou tudo!) que crescer como católicos. Deixar-nos queimar por Cristo. O projeto não quer propriamente “queimar totalmente”. Se pudermos dar um empurrãozinho, como despertadores, já será muito bom. Mas depois de ler uma publicação ainda fica tudo por fazer: as decisões, os propósitos, as conversões de cada momento. E aí entra a JMV! Com o serviço à juventude, o exemplo de amor a Nossa Senhora e o testemunho de entrega aos mais pobres. Obrigado pela oportunidade e pelo vosso trabalho.

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GOTAS DE ESPIRITUALIDADE

HISTÓRIA DE UM RATO Pe. João Soares, CM

Era uma vez um rato que, enquanto esperava a hora da sua refeição num buraco acolhedor na parede da sala, a qual chamava “lar”, viu a dona da casa colocar uma ratoeira. Aflito, correu para o pátio da casa, para avisar os restantes animais, e disse muito alto: “há uma ratoeira na casa!”. A galinha respondeu: “Desculpe, rato, mas isso é um problema seu. A mim em nada me prejudica”. O rato foi até ao porco e disse: “há uma ratoeira em casa!”. “Desculpe, rato – disse o porco – mas não há nada que eu possa fazer, a não ser orar. Fique tranquilo, que lembrarei o senhor rato nas minhas orações”. O rato dirigiu-se à vaca e deu-lhe a mesma notícia, tendo ela respondido: “O quê? Uma ratoeira? Por acaso estou em perigo? Acho que não!”. O rato voltou a entrar em casa, abatido, para encarar a ratoeira… E, naquela noite, ouviu-se o barulho daquela ratoeira maldita. A dona da casa correu para ver o que tinha apanhado. No escuro, não viu que a ratoeira tinha apanhado uma cobra venenosa e esta, ainda meia viva, picou a mulher para se defender. O marido da senhora levou-a ao hospital, tendo depois ela regressado a casa apenas com febre. A primeira coisa que o marido fez, ao regressar com a esposa a casa, foi preparar-lhe uma canja de galinha. Por isso, pegou no cutelo e foi matar o seu ingrediente principal: a galinha. Como a doença continuava, os amigos e familiares visitaram a dona de casa. Para alimentá-los, o marido matou o porco. A senhora acabou por morrer e muitas pessoas foram ao funeral. Para prestigiar os que estiveram presentes a prestar uma última homenagem, o homem sacrificou a vaca, para alimentá-los a todos. Muitas vezes, na nossa vida, sucede exatamente a mesma coisa: existem pessoas que vêm ter connosco, com os seus problemas, e nós pura e simplesmente ignoramos, desviamo-nos e, na melhor das hipóteses, dizemos de forma piedosa: “vou rezar por si”. Mas o que não queremos fazer é envolver-nos. Recordemos, na nossa vida cristã, que quando alguém tem uma ratoeira na sua casa, toda a casa corre perigo. O problema não é apenas um problema de cada um, pois, como irmãos, somos chamados a ajudar-nos mutuamente para evitar picadelas maiores. Creio que este tema não nos é estranho; afinal, o mundo está em guerra e, em muitos casos, a única coisa que fazemos é como o porco: rezamos uma oração, usando-a apenas para fazer uma lavagem à nossa consciência hipócrita. Boas meditações!

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SÍNODO 2021-2023

Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão

Toda a Igreja foi convocada a participar no Sínodo dos Bispos 2021-2023 intitulado de “Por uma Igreja Sinodal”. Cada um dos cristãos tem um papel fundamental nesta caminhada, cujo objetivo é dinamizar a Igreja no aprofundamento doutrinal e prático da sinodalidade, com nota do nosso ser e missão. O que é um sínodo? A palavra tem origem no grego “synodos” e significa: caminho feito em conjunto. Foi traduzida para o latim como “concilium”, que quer dizer: assembleia. O Sínodo dos Bispos é uma instituição permanente, instituída pelo Papa Paulo VI em 1965. O Papa instituiu este organismo em consequência da doutrina do II Concílio do Vaticano a respeito da colegialidade episcopal, dando uma mais ampla e efetiva participação do episcopado no governo e condução da Igreja universal. Em 2018 o Papa Francisco renovou profundamente o Sínodo dos Bispos, incluindo a sinodalidade como dimensão constitutiva da Igreja. A realização do Sínodo acontece em três fases: a fase preparatória, em que se consulta a Igreja no seu todo a respeito de um determinado tema proposto pelo Papa. A fase celebrativa em que Bispos se reúnem em Assembleia em Roma com o Papa. A fase de atuação em que as indicações saídas da Assembleia dos Bispos e confirmadas pelo Papa são recebidas e efetivadas na vida da Igreja.

FORMAÇÃO

EQUIPA DE FORMAÇÃO NACIONAL

O porquê de uma Assembleia sinodal sobre a sinodalidade? Com esta convocação, o Papa Francisco convida a Igreja inteira a interrogar-se sobre um tema decisivo para a sua vida e a sua missão: «O caminho da sinodalidade é precisamente o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milénio» (Papa Francisco, Discurso, 17/10/2015). Este itinerário, que se insere no sulco da “atualização” da Igreja, proposta pelo II Concílio do Vaticano, constitui um dom e uma tarefa: caminhando lado a lado e refletindo em conjunto sobre o caminho percorrido, com o que for experimentando, a Igreja poderá aprender quais são os processos que a podem ajudar a viver a comunhão, a realizar a participação e a abrir-se à missão. Com efeito, o nosso “caminhar juntos” é o que mais implementa e manifesta a natureza da Igreja como Povo de Deus peregrino e missionário (Documento preparatório, n.º 1). As fases da caminhada sinodal Em vista da realização da XVI A ssembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, somos convidados a um itinerário que começa na fase diocesana (que decorre até 31 de maio de 2022), passa por um momento nacional (Conferências Episcopais) e continental, até chegar à celebração da Assembleia sinodal em Roma em 2023 e desembocar na fase de implementação e receção das indicações. O que se pretende? Este Sínodo não espera apenas respostas que possam ajudar a Assembleia do Sínodo dos Bispos, que terá lugar em Roma, em outubro de 2023, mas deseja também promover e desenvolver a prática e a experiência de ser sinodal durante o processo e depois dele, progredindo. «O Sínodo é um caminho de discernimento espiritual, de discernimento eclesial, que se faz na adoração, na oração, em contacto com a Palavra de Deus […]. A Palavra abre-nos ao discernimento e ilumina-o». (Papa Francisco, Homilia, 10/10/2021)

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Viver o Tempo de Quaresma FILIPA VIEIRA E MARCO COSTA VOGAIS NACIONAIS MARIANO E LITURGIA

ORAÇÃO

O tempo de Quaresma é o tempo mais favorável para a reconciliação, isto é, de reconhecer que só em Deus encontramos o verdadeiro sentido para a vida. O pai da Família Vicentina, São Vicente de Paulo, percebeu que era urgente apelar à reconciliação, depois do acontecimento de Folleville: “Num dia do mês de janeiro de 1617, estando no castelo de Folleville com a nobre família [Gondi], é chamado para ir urgentemente a Gannes. Alguém lhe pedia que comparecesse rapidamente ante a presença de um pobre aldeão que, apesar de ter fama de santo, perante a proximidade da morte, desejava confessar-se. Vicente de Paulo pôs-se a caminho e prontificou-se para o atender de confissão. O moribundo abriu a sua alma ao confessor. Manifestou-se arrependido pelos pecados de todas as idades (…). Depois da confissão, de consciência e cheio de alegria, teve um surpreendente desabafo aos familiares e vizinhos: «ter-me-ia condenado se não tivesse feito uma confissão geral». Este acontecimento fala da necessidade da reconciliação. Esta pode ser exigente, mas é o que possibilita ao Homem recomeçar após cada falha. Um bom exame de consciência pode levar ao real arrependimento, e este, uma vez expressado ao confessor, e em conjunto com absolvição e penitência, são o início do recomeço! Procuremos através das virtudes vicentinas identificar o que nos afasta de Deus, de viver a liberdade e a vida como um dom (as nossas faltas…): A simplicidade está em falta quando: Aparentas ser o que não és; Acumulas bens que já não precisas (ou nunca precisastes); Recorres a palavras e esquemas complexos em prol de uma comunicação simples e eficaz. A humilde está em falta quando: Não reconheço a condição de ser criado e redimido pelo amor de Deus; Não agradeço os dons que Deus me concedeu; Não me abro à evangelização, particularmente à dos pobres, «nossos mestres e senhores»; Não sou capaz de aprender com os erros e predispor-me a seguir o caminho com tudo o que isso implica. Não procuro ser manso quando: Me envolvo em situações que me despertam maus sentimentos como raiva, fúria ou irritação; Deixo que a paixão ou pressões externas afetem a minha capacidade de discernir e atuo sob o efeito destas. Em vez de pensar antes de agir e rezar antes de pensar (e/ou decidir); Recorro ao humor ou a outras formas de “descarregar” o afeto negativo. Não pratico a mortificação porque não renuncio: Ao sim (é necessário saber dizer não); Às lembranças e saudades do passado; À vida cómoda.

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Não tenho zelo apostólico quando: É o orgulho que me move; Falo sem amor e sem paixão; Me afasto de Deus por preguiça.

Após este exame de consciência, procurar a reconciliação é o passo seguinte neste tempo de preparação para a Páscoa. O que alimenta cada passo é o desejo de estar próximo de Jesus, Aquele que instituiu o sacramento da reconciliação: «Àqueles a quem perdoares os pecados ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiveres ser-lhes-ão retidos» (Jo 20, 22-23).

ORAÇÃO

Lê novamente e escreve num papel as frases que coincidem com uma das tuas falhas. A escrita ajudar-te-á no reconhecimento e arrependimento.

ORAÇÃO

ORAÇÃO

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CARIDADE E MISSÃO

MISSÃO RENASCER PRA ESPERANÇA “A Quaresma vem recordar-nos que o bem, como aliás o amor, a justiça e a solidariedade não se alcançam de uma vez para sempre; hão-de ser conquistados a cada dia”: este é o convite do Papa Francisco na sua mensagem para a Quaresma 2022, que apela a que “não nos cansemos de fazer o bem”. Neste sentido, partilhamos os testemunhos das duas missionárias, Beatriz Gaspar, do Centro Local do Sobreiro e Tânia Silva, do Centro Local de Unhão, que no passado dia 27 de março partiram para Moçambique, onde irão permanecer por um período de 6 meses com objetivo de darem continuidade à Missão Renascer Pra Esperança. Testemunho Beatriz Gaspar | Centro Local do Sobreiro

Partir para Moçambique é, na minha vida, um bonito projeto elaborado por Deus. Tudo começou há muitos anos, tenho a certeza! Quando ainda andava na catequese, tive a graça de ouvir muitos testemunhos de missionários que iam além fronteiras. As suas palavras ardiam-me no coração. Em 2016, quando no Encontro Nacional JMV em Santiago do Cacém anunciaram o arranque do projeto Renascer Pra Esperança, eu percebi que era para aquele momento que Deus preparava o meu coração. Ele chamava-me a partir em Missão para Moçambique, pela JMV, pela minha associação que tanto amo. E se Deus diz que SIM, quem sou eu para dizer NÃO? O Senhor colocou-me uma alegria imensa no coração ao ver os rostos daqueles que vou encontrar, colocou-me zelo nesta Missão, um amor enorme e a coragem e convicção de dizer SIM! Parto para Moçambique com a certeza de que Deus estará comigo em todos os momentos e que com a graça do Senhor, ajudarei na sua obra de salvação, neste “sonho missionário de chegar a todos” (Papa Francisco, Evangelli Gaudium). Testemunho da Tânia Silva | Centro Local de Unhão

Desde o início da minha caminhada na JMV que o voluntariado e o carisma missionário têm feito parte da minha vida e do meu crescimento, a nível pessoal e emocional. Foi com estas experiências de missão que cresceram em mim estes valores de ajuda ao próximo. Ao ter conhecimento desta missão, algo em mim despertou. Apesar de todas as dúvidas, incertezas e de muito pensar sobre este grande passo, quando ouvia os testemunhos dos missionários que já tinham estado em missão, sentia o verdadeiro chamamento de Deus, sendo nesse momento que tudo se clarificou e que tive a certeza de que esta missão iria fazer parte da minha vida. Algo que confesso não conseguir transpor para palavras, mas que sinto dentro de mim todos os dias a certeza e a felicidade da tomada desta decisão e a certeza de que Deus todos os dias me diz que estou no caminho certo. Não levo comigo expetativas, mas levo a certeza de que irei dar o meu melhor ao longo deste período de missão e que irei ao encontro dos que mais precisam e das suas reais necessidades.

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KIT CRISTÃO

A semana da minha

Confissões de Santo

Um grito chamado

vida

Agostinho

Isaías

Ano: 2021

Ano: 397

Pe. Duarte Rosado, sj Ano: 2021

Will Hawkins é um adolescente rebelde. Depois de mais um confronto com os tribunais, Will tem duas opções: ir para a detenção juvenil ou participar num acampamento cristão de verão. Contrariado, este acaba por escolher a segunda opção. Durante o verão, Will começa a mudar o seu comportamento, descobrindo, durante este tempo, o que é o amor.

Escritas dez anos após a sua conversão (397-400), as Confissões são, ainda hoje, modelo de narração autobiográfica. Escritura serrada, densa, nutrida de citações meditadas das Escrituras e de reflexões filosóficas são um grande espelho da alma inquieta e perturbadora de Agostinho. Revelam uma vontade intensa de encontrar a verdade definitiva, absoluta, que satisfaça a sua imensa sede de saber, de crer, de ser perdoado. As Confissões revelam os dotes, o impulso da vida, a sensibilidade aos problemas da existência humana. Referem-se à vida humana como exemplo do que é para o ser humano a procura de Deus. O título, Confissões, indica o propósito da obra. A palavra significa simultaneamente confissão dos erros, das falhas, dos pecados e louvor a Deus. As Confissões estimulam o espírito e o coração do homem para Deus.

O Pe. Duarte Rosado é um sacerdote jesuíta português. Nascido em 1985 na cidade do Porto, desde cedo foi manifestando um grande gosto pela música. Durante a adolescência aprendeu os primeiros acordes e escreveu as primeiras músicas. Após ter dado início aos estudos de Psicologia, decidiu entrar na Companhia de Jesus no ano de 2006. Desde então, durante uma larga formação até ao sacerdócio, a fé e a música foram-se conjugando de modo crescente. Neste momento, o P. Duarte Rosado vive na cidade de Coimbra, onde trabalha no Centro Universitário Manuel da Nóbrega e colabora como ajudante do Mestre de Noviços da Companhia de Jesus. Em 2021, lançou um álbum intitulado “Um grito chamado Isaías”. Uma forma diferente de escutar alguns dos cânticos de um dos livros da Bíblia, capazes de evocar a luz, o deserto florido, o fim das ruínas e a reconstrução do mundo.

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DIZ-ME PORQUÊ!

Por que razão “desfilamos tantas vezes” e interpretamos as personagens que agradam os outros e não somos fiéis a nós e a Ele? PE. CÉSAR JAIME, CM

1. Hipocrisia (falta de coerência, aparente, mentiroso) 2. Falta de identidade humana e cristã Se caminharmos consciente ou inconscientemente nestas duas vias levarnos-iam a negar «a nossa história, a nossa personalidade e a nossa vida cristã, que é gloriosa por ser vida e história de sacrifícios, de esperança, de luta diária, de vida gasta no serviço, na luta pela verdade, pela coerência e santidade. Por isso, é necessário libertarmo-nos da aparência, da mentira e da falta de identidade humana e cristã, sendo e mostrando em todos os momentos o que somos: frágeis, humanos, pecadores, limitados e que precisamos sempre da graça e misericórdia de Deus e dos irmãos. Alguns textos bíblicos para reflexão: Lc 6, 41-45 “Porque vês o argueiro que o teu irmão tem na vista e não reparas na trave que está na tua? Como podes dizer a teu irmão: ‘Irmão, deixa-me tirar o argueiro que tens na vista’, se tu não vês a trave que está na tua? Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e então verás bem para tirar o argueiro da vista do teu irmão. Não há árvore boa que dê mau fruto, nem árvore má que dê bom fruto. Cada árvore conhece-se pelo seu fruto: não se colhem figos dos espinheiros, nem se apanham uvas das sarças. O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem: e o homem mau, da sua maldade tira o mal; pois a boca fala do que transborda do coração”. Lc 18, 9-14: A parábola do Fariseu e o publicano. Nesta parábola Jesus critica a falta de autenticidade do Fariseu que pensa que é justo, religioso e bom pelo facto de cumprir a lei e julgando o publicano de pecador.

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DATA DE CELEBRAÇÃO DA IGREJA: 8 DE MARÇO LOCAL DE NASCIMENTO:MONTEMOR-O-NOVO PADROEIRO DOS HOSPITAIS

ERA UMA VEZ UM SANTO...

SÃO JOÃO DE DEUS

João Cidade, mais tarde S. João de Deus, nasceu em Montemor-o-Novo por volta de 1495 e faleceu em Granada em 1550. Saiu de Portugal para Espanha aos oito anos para uma vida de aventura, tendo sido pastor em Oropesa, por duas vezes, e outras tantas soldado. Por volta do ano de 1538 converteu-se a uma vida cristã radical ao ouvir um sermão de S. João de Ávila. Abraçou, com muita emoção, comportamentos penitenciais que alguns interpretaram como loucura, levando-o a ser internado no Hospital Real de Granada, onde foi tratado com os métodos violentos da época. A experiência de ver tratar tão mal os loucos do Hospital Real maturou o desejo de os vir a tratar com humanidade. Após a peregrinação a Guadalupe, dedicou-se a assistir pobres e doentes sem abrigo. Contra todas as práticas da época passou a assisti-los num pequeno hospital na R. Lucena, o qual acabou por se tornar pequeno para os 120 doentes e pobres, e teve que mudar para outro edifício, em que podia assistir 200 internados. Eram hospitais não apenas para assistência, mas para tratamentos. Tinham médico, farmacêutico, enfermeiros e capelães. Pelo êxito assistencial que ia ganhando forma na Andaluza foram-se agregando ao santo alguns companheiros de hábito, que formaram o núcleo fundador da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus. Esta teve a sua primeira aprovação a 1 de janeiro de 1572 por Pio V como consagração. Sisto V, a 1 de outubro de 1586, aprovou-a com o estatuto de Ordem Mendicante. Ainda no final do século XVI, os Hospitaleiros começaram rapidamente a difundir-se pelas cidades de Andaluzia chegando a Madrid. S. João de Deus foi proclamado a 27 de maio de 1886. A Ordem está hoje presente em 50 países dos cinco continentes. S. João de Deus, que a Igreja evoca a 8 de março, foi beatificado em 1630 e canonizado em 1690.

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Peregrinação Europeia de Jovens (PEJ) a Santiago de Compostela | 3 a 7 de agosto de 2022 A Peregrinação Europeia de Jovens (PEJ) a Santiago de Compostela (Espanha) irá realizar-se já em agosto do presente ano. Inicialmente programada para agosto de 2021, a peregrinação foi adiada devido à situação causada pela Covid-19 e terá lugar de 3 a 7 de agosto de 2022, em Santiago de Compostela. Neste ano Compostelano, a organização pretende unir-se a todas as dioceses portuguesas pelo caminho conjunto rumo à JMJ Lisboa 2023, e em especial com a oportunidade de ter os símbolos da JMJ em peregrinação por Espanha. O programa da PEJ22 conta com vários momentos como catequeses, atividades lúdicas, concertos e muitas outras surpresas. A participação destina-se a todos os jovens entre os 15 e os 35 anos. Falar-se em Santiago é falar-se em caminho e por isso mesmo a organização da peregrinação propõe alguns caminhos que os jovens podem percorrer a pé até Santiago, nas datas anteriores ao encontro. As inscrições estão abertas desde fevereiro. Não existem inscrições individuais ou por grupos paroquiais, sendo que devem ser feitas por dioceses, movimentos e congregações. No caso dos jovens da JMV, deverão fazer a inscrição junto do Conselho Nacional até ao dia 30 de abril. Curiosos? Querem saber mais informações sobre a Peregrinação? Enviem um email para jmvportugal@gmail.com e coloquem todas as vossas questões!

Ficha técnica J2: Excluída de registo nos termos da alínea a) do n.º1 do art.º 12º do Decreto Regulamentar n.º 8/99, 9 de junho Propriedade: Associação Juventude Mariana Vicentina; Periodicidade: Quatro edições anuais (Março, Junho, Setembro, Dezembro); Assinatura anual: 15 euros; Assinatura por edição: 3,75 euros; Tiragem: 80 exemplares; Impressão: Papiro - Comércio de Artigos de Papelaria Lda Design: Ana Araújo e Rita Correia; Revisão: Mafalda Guia

COM O APOIO DE: Papiro - Artigos de Papelaria Travessa Campo da Bola, fracção C Estrada do Aeródromo 3515-854 Viseu Tel.:232 451 582 * Tel.: 232 459 596 Telm.: 918 682 895 * email: papiroi@sapo.pt email: armazem@papelariaspapiro.pt

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