Jornal J2 | Edição 29

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ATIVIDADES REGIONAIS

Boletim da Juventude Mariana Vicentina Portugal

CARISMA VICENTINO UMA REFLEXÃO SOBRE OS ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DA ESPIRITUALIDADE VICENTINA

BANDA FOLLOW HIM ENTREVISTA À BANDA CATÓLICA FOLLOW HIM (SEGUE-O)

DEZEMBRO 2021 | EDIÇÃO 29

J2

O TESTEMUNHO SOBRE O REENCONTRO DOS JOVENS PARA OS ENCONTROS REGIONAIS


Por Pe. Pedro Guimarães, CM

ATIVIDADES NACIONAIS GOTAS DE ESPIRITUALIDADE Por Pe. João Soares, CM

ATIVIDADES REGIONAIS PELOS CAMINHOS DE PORTUGAL! FAMÍLIA VICENTINA À CONVERSA COM... Banda Follow Him

FORMAÇÃO ORAÇÃO CARIDADE E MISSÃO KIT CRISTÃO MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO DIZ-ME PORQUÊ! ERA UMA VEZ UM SANTO...

EDITORIAL

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PONTO DE PARTIDA

Mafalda Guia Presidente Nacional da JMV

Caros leitores, Bem-vindos à edição 29.ª do boletim J2 da Associação Juventude Mariana Vicentina. Ao contrário das outras edições, em que faço deste pequeno editorial a porta de entrada para os diversos artigos que os leitores podem encontrar no J2, nesta edição optei por escrever sobre um pensamento que me tem inquietado nos últimos tempos, e mais ainda, nesta época em que celebramos as festividades do Natal e de fim de ano. E o que será? É que estamos prestes a festejar o nascimento do Deus Menino e quase a entrar num novo ano… outra vez. É fácil cair nesta “armadilha”, porque de facto a sensação (que me parece ser geral) é que o tempo passa muito rápido e, por isso, parece que foi “ontem” que celebrámos o Dia de Natal do ano de 2020. E é uma “armadilha” porque este pensamento nos pode levar a cometer o erro de passar pelos momentos e pelas situações, ano após ano, sem verdadeiramente nos determos no seu verdadeiro significado. A azáfama que caracteriza este tempo de espera até ao Natal e depois até à passagem para o novo ano, é muita, demasiada, ao ponto de nos tirar a atenção, a energia e a emoção de viver o tempo do Advento e, depois, de celebrar o verdadeiro Natal cristão. Embora hoje em dia as mensagens que nos passam, mesmo tendo um teor consumista, nos impelem a estar com os outros e a fazermo-nos presentes, ao invés de dar presentes, o verdadeiro motivo é esquecido. Aliás, está completamente fora da equação de quem nos tenta vender que o Natal está (apenas) em partilhar bons momentos com a família, trocar presentes, ter uma mesa farta, montar uma árvore e colocar iluminações. Sim, o Natal pode ser também tudo isso, mas quem é Aquele que nos leva a estar com a nossa família para celebrar o Natal? É Jesus, o Deus feito homem, que nasce para nos dar a vida eterna. Ele é o motivo da nossa celebração. Viver o Natal é fazer uma viagem de regresso às raízes da nossa fé, através de uma atitude interior de grande humildade – como o ambiente em que Cristo nasceu. No centro do Natal não está apenas uma doce e dramática história familiar, explorada pelo consumismo, de um casal que procura hospedaria para o Filho de Deus. No centro do Natal reside o mistério fundamental da Igreja, em que Deus Se veste da fragilidade humana para a salvar. E a vida humana não teria sentido se Cristo Salvador não tivesse encarnado e redimido a Humanidade. Aqui está o verdadeiro significado do Natal, que nem sempre é fácil descortinar no meio de tantos slogans natalícios tão apelativos. Com esta pequena partilha me despeço, desejando que todos os leitores apreciem os artigos, mensagens e testemunhos desta nova edição. Um Santo Natal e um Feliz Ano Novo.


PONTO DE PARTIDA Pe. Pedro Guimarães, CM Assessor Nacional da JMV

Queridos amigos, Este ano, a mensagem que vos escrevo parte da passagem do Evangelho de S. João que ouvimos na “missa do dia de Natal”. A meditação no Verbo, o Filho de Deus que encarna e se torna um de nós, para que nós possamos tomar parte na comunhão com Ele, é o ponto de partida para viver este Natal, como oportunidade para voltar a colocar no centro da nossa vida, todas aquelas palavras que comunicam vida. Esta proposta surge por causa do caminho formativo que a JMV está a fazer: conhecer para melhor viver a espiritualidade vicentina, a partir das virtudes que S. Vicente de Paulo propõe para a missão (humildade, simplicidade, mansidão, mortificação e zelo). Podemos aproveitar a narração do nascimento de Jesus para ver como é que a incarnação de Deus nos pode levar a fazer das virtudes vicentinas uma experiência de vida nova. Meditando no nascimento de Jesus, desde o momento da anunciação do Anjo a Nossa Senhora (Lc 1, 26-38), até à fuga da Sagrada Família para o Egipto (Mt 2, 13-18), reconheço sinais de HUMILDADE que despertam em mim o reconhecimento de que Deus vem ao meu encontro, como aquele que me redime e salva? Voltando-me para Nossa Senhora, por exemplo, onde identifico sinais de SIMPLICIDADE que me levem, a mim também, a procurar vivê-los no meu dia-a-dia. Penso, especialmente, no momento do nascimento de Jesus e na forma como Nossa Senhora guardava tudo no seu coração (Lc 2, 19). E se me fixar no testemunho de S. José, serei capaz de encontrar, porventura, algum sinal que me leve a identificar a MANSIDÃO na minha vida? Vem-me imediatamente à mente a forma como S. José foi “companheiro de viagem” de Nossa Senhora, sobretudo, nos momentos em que procuravam estalagem para descansar e Maria dar à luz Jesus (Lc 2, 1-7). Centrando-me, agora, na Sagrada Família, identifico algum sinal de MORTIFICAÇÃO que me inspire a saber dar mais de mim, a partir de um «sim» total a Deus? Maria e José, porque confiaram em Deus, não só acolheram Jesus, seu Filho, mas souberam “deixar tudo” para formar uma família, onde seu Filho crescia em sabedoria, em estatura e em graça (Lc 2, 52). Por fim, concentro o olhar nos restantes elementos do presépio: os anjos, os pastores, os reis magos, o rei Herodes… A notícia do nascimento de Jesus provocou diversos sentimentos. Em especial, naqueles que esperavam a vinda do Salvador, a alegria levou-os ao encontro de Jesus, deitado numa manjedoura (Lc 2, 8-14). Reconheço nesta alegria dos pastores, o ZELO pela missão que Deus me confiou (JMV, Igreja…)? Esta proposta de visitar o presépio a partir das virtudes vicentinas pretende, ainda, despertar em cada um de nós o desejo de responder ao apelo do Papa à Igreja: redescobrir a experiência de uma Igreja sinodal (caminho conjunto). Acredito que, como Família Vicentina, a encarnação destas virtudes no nosso dia-a-dia e nos nossos grupos permitir-nos-á ser testemunhas de uma Igreja que comunica vida, como «comunhão, participação e missão». Santo Natal e Feliz 2022.

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ATIVIDADES NACIONAIS

ENCONTRO DE FORMAÇÃO JMV VIRTUDES VICENTINAS Ana Rita Soares Tesoureira Nacional da JMV

No dia 16 de outubro realizou-se o Encontro de Formação da Juventude Mariana Vicentina, que teve como objetivo dar início ao novo ano pastoral ao nível da formação, tendo em consideração a proposta de caminhada formativa para este ano, cujo tema é «Levanta-te! Eu te constituo testemunha do que viste» e com o subtema «Somos discípulos para os outros», em que o objetivo da JMV é aprofundar as virtudes vicentinas como caminho para um trabalho de evangelização mais afetivo e efetivo junto dos pobres. Assim, o tema do encontro foi “Virtudes Vicentinas - O caminho para um trabalho de evangelização mais afetivo e efetivo junto dos pobres”, que foi dinamizado pelo Padre Nélio Pita, CM, Superior Provincial da Congregação da Missão em Portugal, e membro da equipa do Secretariado Internacional de Estudos Vicentinos, um órgão internacional da Congregação da Missão que se dedica ao desenvolvimento de estudos no âmbito do património da espiritualidade vicentina, com o propósito de aprofundar o carisma de São Vicente de Paulo. Apesar deste encontro ainda não ter decorrido no formato que todos desejávamos, foi possível ter os responsáveis de formação de forma presencial e os restantes jovens da JMV a acompanhar online. Além disso, participaram, no formato online, várias pessoas dos outros ramos da Família Vicentina. O encontro iniciou-se com o acolhimento dos participantes, seguido das Laudes e posteriormente do momento de formação. Depois de uma primeira introdução e abordagem ao tema por parte do Padre Nélio, CM, em que contextualizou a figura de São Vicente de Paulo, foi abordado de uma forma mais pormenorizada cada uma das cinco virtudes vicentinas: simplicidade, humildade, mansidão, mortificação e zelo. Depois de abordadas as virtudes, foi possível ainda realizar um pequeno momento de trabalho em grupo que permitiu conversar sobre como as virtudes estão presentes hoje na JMV e nas atividades que fazemos no nosso dia-a-dia. Por fim, foi apresentado o Plano de Formação para o ano pastoral 2021/2022 pelo Pe. Pedro Guimarães, CM, Assessor Nacional da JMV, por forma a sintonizar todos os jovens da JMV no caminho que desejamos que seja feito este ano ao nível da formação. Este encontro foi o mote para que todos começassem a mergulhar no carisma vicentino, tão importante para cada jovem da JMV, dando assim pistas de como se pode chegar a Jesus, através dos nossos irmãos mais frágeis, partindo de um caminho concreto baseado nas cinco virtudes vicentinas.

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Pe. João Soares, CM Assessor Regional Centro da JMV

Martin Descalzo, no seu livro de contos ortodoxos “Razones”, contanos a “Fábula russa da cebola”, sobre uma mulher que morreu. Esta mulher, durante toda a sua vida, tinha feito a vida daqueles que a rodeavam num autêntico inferno. Odiava tudo e todos. O seu anjo da guarda vivia consternado porque não tinha nada para apresentar de positivo para defender esta mulher no dia do seu juízo final. Ao olhar para a história desta mulher já sabia que as labaredas estariam preparadas para ela. O seu anjo não parava de dar voltas à sua cabeça. As perguntas repetiam-se: como salvar a sua protegida do inferno? Que argumentos apresentar para a defender? O anjo não parou de pensar e de investigar a vida da alma da sua protegida e não encontrava nada que abonasse a seu favor. Até que se lembrou que, um dia, esta mulher seca de alma tinha dado uma cebola a um pobre. Assim que se apercebeu de que poderia ter ali um argumento para a salvação, foi apresentá-lo a Deus. Quando começou o juízo, Deus disse-lhe: “encontra essa cebola e diz que se agarre a ela e assim será salva.”

GOTAS DE ESPIRITUALIDADE

Salvos por uma cebola

O anjo pegou na cebola e colocou nas mãos daquela mulher a dita da cebola, que ela agarrou com todas as suas forças. E começou a sair do buraco que era o seu mundo obscuro para o céu. O anjo puxava o talo com muita delicadeza, para que este não se rompesse e a mulher assim saía … No entanto, outras almas, que também jaziam no lago das trevas, começaram a ver a mulher a sair e agarraram-se a ela e todas saiam, saiam… Contudo, esta mulher, que nunca soube amar, começou a sentir medo e começou a abanar-se para que aquela gente a largasse. Com os seus balanços, a cebola rompeu-se e a mulher foi condenada. Olhando para esta fábula, vemos que muitos de nós nos esquecemos que temos a missão de lutar pela nossa salvação. E, por muitos ou poucos méritos que tenhamos, basta-nos muitas vezes uma mísera cebola para poder salvar a nossa alma e as almas de muitos. Quem ama, vive. Mesmo que amar seja apenas uma mísera cebola que um dia demos a alguém. Repito: basta uma cebola para salvar o mundo. Mas atenção, para não a quebrarmos pensando apenas na nossa própria salvação.

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ATIVIDADES REGIONAIS

REGIÃO NORTE Nos dias 13 e 14 de novembro, os jovens da Região Norte (re)encontraram-se para o Encontro Regional, em Santa Quitéria, para falar sobre a forma mais bonita de sentir: o amor ao próximo. Este encontro foi recheado de momentos lúdicos e animados, que permitiram aos participantes matar as saudades do contacto físico, da alegria de ser jovem e da felicidade de estarem novamente juntos. Foi embebidos neste espírito vicentino que os jovens seguiram os trilhos pelos quais podemos ser amor, porque ‘Ele é a razão!’ e a caridade é o caminho. Exploraram a beleza do alto de Santa Quitéria e foram em busca das virtudes vicentinas que impulsionam a viver o amor na sua plenitude. À chegada, na capela, os jovens foram convidados a ter um “encontro” privado com Maria, aquela que cura todas as dores e conforta todos os corações adoentados. No final da noite, em jeito de compromisso, plantaram uma árvore no jardim, e no dia seguinte, cada Centro Local foi desafiado a fazer o mesmo – levar deste encontro as sementes para o bom fruto.

REGIÃO CENTRO Foi no passado dia 4 de dezembro que decorreu em Orgens, Viseu, o Encontro Regional Centro, que contou com a presença de jovens dos Centros Locais de Cucujães, de Fornos de Algodres e de Orgens. O encontro iniciou-se com um momento de formação, onde se falou sobre o que é a virtude, bem como dos vários ramos da Família Vicentina. De seguida, os jovens foram divididos em 4 comunidades, tendo cada uma das comunidades abordado um ramo da Família Vicentina: a Juventude Mariana Vicentina, as Filhas da Caridade, a Congregação da Missão e a Sociedade de São Vicente de Paulo. Após o almoço, cada comunidade apresentou a reflexão do trabalho da manhã aos restantes jovens. Concluídas as apresentações, seguiu-se um momento de dinâmicas e jogos em equipa. Encerrou-se o encontro com a Eucaristia celebrada pelo Assessor da Região Centro, o Pe. João Soares, CM. Foi um encontro animado e cheio de alegria por voltar a viver, presencialmente, a alegria de ser jovem mariano vicentino.

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Após quase dois anos em frente a um ecrã, os jovens da JMV da Região Sul tiveram a oportunidade de se reencontrar presencialmente para mais um Encontro Regional, com o tema “O que arde cura! Deixa a tua fé arder”. Contudo, este encontro foi realizado em moldes diferentes: para que tivéssemos um encontro em segurança, fez-se uma divisão dos jovens por três locais distintos. São João Evangelista acolheu os jovens da zona de Lisboa: São Tomás de Aquino, Campo Grande, Rio de Mouro e Santiago do Cacém. Os jovens da zona Oeste estiveram reunidos na Achada, com o Sobreiro e o Catujal. Por fim, os jovens do Médio-Tejo estiveram presentes no Carvalhal, onde participaram Marinhais, Alferrarede, Paialvo e Cernache do Bonjardim, bem como jovens de Fornos de Salvaterra e Gaula. A ordem dos trabalhos variou entre as três zonas: em Lisboa e no Oeste a abertura do encontro deu-se na eucaristia, ao contrário do Médio-Tejo, em que esta decorreu à tarde. Durante a manhã iniciou-se o acolhimento, formaramse as comunidades e realizou-se um peddy-paper, no qual foram distribuídas peças, com vista a formar durante a abertura do tema a imagem de Frederico Ozanam, fundador da Sociedade São Vicente de Paulo e um grande exemplo de caridade e fé para o nosso movimento e todo o mundo.

ATIVIDADES REGIONAIS

REGIÃO SUL

À tarde, os jovens puderam escutar diferentes oradores, que foram convidados para dar o seu testemunho de fé, conversão e missão. Animados por estes testemunhos, foi tempo dos jovens se reunirem por comunidades, para partilharem não só sobre o que ouviram, mas como poderiam também deixar a sua fé arder por onde passam. Foi um dia de muita emoção por regressarmos ao encontro presencial, e mesmo em locais diferentes estiveram sempre juntos em oração.

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PELOS CAMINHOS DE PORTUGAL!

VIGÍLIA MISSIONÁRIA CENTRO LOCAL DE POMBEIRO

No passado dia 13 de outubro, a JMV Pombeiro dinamizou a vigília missionária, tendo como tema “Desejo de ser sal e luz nas nossas terras”. A vigília foi direcionada não só para a paróquia, como também para os vários grupos de jovens da região. Apesar de ser um dia de semana, foram várias as pessoas que se deslocaram até ao Mosteiro de Pombeiro, aceitando assim o desafio de reflexão proposto pelo tema da vigília: “seremos nós sal nas nossas terras?”. Foi uma atividade dinâmica, que permitiu uma enorme interação com a assembleia.

TESTEMUNHO MISSIONÁRIO

CENTRO LOCAL DE CUCUJÃES

No dia 22 de outubro, para viver o mês missionário, três jovens da JMV Cucujães foram convidados, pelo grupo missionário de Oliveira de Azeméis, a darem testemunho sobre a sua participação no projeto de missão ad gentes da JMV Portugal, a Missão Renascer Pra Esperança, em Moçambique. Esta iniciativa decorreu na Casa Museu Regional de Oliveira de Azeméis. A Ana Rita Ferreira foi a primeira jovem a dar testemunho, tendo sido, dos três, a pessoa que esteve mais recentemente em missão. De seguida, os jovens Mariana Figueiredo e Ricardo Magalhães responderam a um conjunto de perguntas que a Ana Rita preparou, tendo havido ainda tempo para as pessoas que estavam a assistir colocarem perguntas sobre as suas experiências. Durante os testemunhos, e para quem participou nesta iniciativa, teve ainda a companhia do coro de Nossa Senhora da Conceição para animar a noite.

TERÇO MISSIONÁRIO CENTRO LOCAL DE SÃO TOMÁS DE AQUINO

No dia 30 de outubro realizou-se, na paróquia de São Tomás de Aquino, o terço missionário organizado pela JMV e aberto a toda a comunidade. As intenções do terço foram pelas várias missões realizadas em todos os continentes. Em cada mistério acendeu-se uma vela e rezou-se pelas missões desse continente, sendo que cada continente tinha uma cor associada. A dinâmica de oração permitiu dar a conhecer à comunidade as missões que se realizam pelo mundo de uma forma especial e simples.

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TODOS MISSIONÁRIOS! TODOS EM MISSÃO! Cátia Pinheiro Secretária Nacional da JMV

No último dia do mês de outubro realizou-se a iniciativa “Mesa Redonda”, promovida pela Congregação da Missão, intitulada de “Todos Missionários! Todos em missão!” e orientada pelo Pe. José Alves, CM. Estando ainda a comemorar-se o mês missionário, esta mesa redonda teve por base a expressão “ser cristão missionário” da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium do Papa Francisco. O Pe. José Alves, CM, começou por recordar que a referida expressão nos remete para o nosso batismo, em que recebemos não só a fé, mas também a missão de a testemunhar, concluindo que dessa forma cada cristão é por sua natureza um missionário. Partindo desta introdução, passou à apresentação dos convidados para a mesa redonda, representantes de alguns dos ramos da Família Vicentina, e com responsabilidades muito diferentes na sociedade e na Igreja. Nesta mesa redonda esteve presente a Irmã Agostinha, Filha da Caridade, convidada a dar testemunho da sua dedicação ao ensino e ao trabalho pastoral, na catequese, visita a famílias e ainda nas missões populares. Esteve também presente a Isabel Teixeira, Assessora do Centro Local de Pombeiro, para dar o seu testemunho de matrimónio, mãe e catequista. Foi também uma das convidadas a Cátia Pinheiro, Secretária do Conselho Nacional da Juventude Mariana Vicentina, também ela missionária e enfermeira de profissão. O Pe. Pereira, sacerdote da Congregação da Missão, foi também um dos convidados a dar testemunho da sua vida dedicada à missão, desde as missões populares à missão ad gentes. O André Silva foi o convidado a dar testemunho enquanto membro ativo da Sociedade de São Vicente de Paulo.

FAMÍLIA VICENTINA

Mesa Redonda da Família Vicentina

Todos estes convidados demonstraram como são “cristãos missionários” no seu dia-a-dia, nas mais diversas ações em que se comprometem e de que forma as suas experiências de missão moldaram as suas vidas e continuam a moldar todos aqueles com quem se cruzam, enriquecendo as comunidades e a Igreja em geral. Esta mesa redonda foi ainda partilhada nas redes sociais, nomeadamente no Facebook da Congregação da Missão, encontrando-se ainda disponível para todos aqueles que a quiserem ver ou rever.

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“Os sonhos que temos para a Igreja são os mesmo que dizemos no Credo.”

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À CONVERSA COM... BANDA FOLLOW HIM (SEGUE-O) A banda Follow Him (Segue-O) é uma banda de evangelização que pretende levar Jesus e a sua mensagem salvadora, de paz e amor a todos aqueles que a acolham. Desde concertos de animação, animação eucarística, adoração, concerto de oração, catequeses, workshops, reuniões/retiros para grupos, de tudo um pouco têm feito desde que surgiram, em 2016. Com um vasto reportório, com muitas músicas originais, espalham a alegria por onde quer que passem. O que vos falta fazer enquanto grupo e enquanto cristãos?

Enquanto grupo musical falta-nos meios para gravar um CD... Enquanto grupo de evangelização e cristãos não nos falta nada porque temos Cristo, que é o nosso tudo, mas ao mesmo tempo falta-nos sempre tudo porque para Cristo tudo o que possamos fazer é sempre pouco, comparado com o que dele recebemos. Como surgiu este projeto?

O projeto já vinha a ser maturado, desejado e sonhado há muito tempo, mas em 2016 deu-se o início depois de uma semana de encontro pessoal em Medjugorje, que deu força, sentido e vida ao sonho. Acreditam que a música é a vossa melhor forma de evangelizar?

Sem dúvida que é pela música que atingimos o coração, porque acreditamos que a música que levamos é inspirada pelo Espírito Santo e que ele age a quem se deixa tocar por ela. Enquanto grupo, que sonhos têm para a Igreja?

De que forma é que grupos como o vosso podem ajudar a Igreja a crescer e a acolher mais pessoas?

Acolhimento é a palavra chave, a música quebra barreiras, derrete o gelo. Jesus, no seu tempo, para chegar às pessoas, usava histórias. Nós acreditamos e temos vivido muito isso: nos tempos de hoje, pela música, chegamos e aproximamos de Jesus muitos corações. Grupos como o nosso têm nas mãos o futuro da Igreja jovem, pois pela música e com a música chegamos onde muitas vezes é difícil chegar. Grupos que evangelizam através da música são a barca onde os jovens entram e aí se encontram com Cristo, porque pela música chegamos e atingimos os seus corações.

Os sonhos que temos para a Igreja são os mesmo que dizemos no credo: “uma Igreja Una e Santa” - una porque é o mesmo Jesus para todos, Santa porque é esse o caminho de todo o Cristão, sede Santos como o vosso Pai é Santo. Sonhamos com uma Igreja onde possamos ser os protagonistas da história, o agora de Deus, sabendo da responsabilidade da missão e do chamamento a que respondemos. Sonhamos com uma igreja que compreenda e se abra cada vez mais às novas formas de evangelização. Sonhamos com uma igreja que apoia, divulga e incentiva a nova evangelização, uma visão de Cristo eternamente jovem, pois o desafio de São João Paulo II ainda é urgente: jovens sede Santos.

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O CARISMA VICENTINO FORMAÇÃO

EQUIPA DE FORMAÇÃO NACIONAL

A Juventude Mariana Vicentina, assim como os demais ramos da Família Vicentina, têm um denominador comum: a sua identidade, visível através do carisma vicentino. Este carisma, um dom de Deus, deve renovarse em cada tempo e em cada lugar, sendo que para isso devemos estar conscientes da identidade que queremos testemunhar. É neste sentido que nesta edição do J2 queremos dar a conhecer um pouco mais sobre o carisma vicentino, através de três perguntas e respostas sobre a sua origem e as suas características. O que é o carisma vicentino? O ‘Carisma Vicentino’ trata do legado de São Vicente de Paulo. As suas experiências vivenciais a ‘partir do mundo dos pobres’, contextualizadas, históricas. As suas práticas, ensinamentos, exemplos de vida e compromisso. A sua capacidade de trabalho, empreendedora nas respostas aos desafios do mundo, no serviço e na ação junto dos pobres: “a quem devemos cuidar do corpo e da alma, com amor afetivo e efetivo”, dizia São Vicente. Como nasceu o carisma vicentino? Na pequena Folleville, no interior da França, no ano de 1617, foi quando o Padre Vicente de Paulo pregou o primeiro sermão da missão, inaugurando, então, o carisma vicentino. A partir de então passou a orientar, educar, formar (e transformar) os seus paroquianos, guiando-os no resgate da dignidade humana, na promoção do bem-estar coletivo e da convivência humanizadora, na procura da valorização da vida em todos os campos e aspetos. Em Châtillon-les Dombes foi onde se iniciou a organização dos serviços da caridade. A constatação da extrema pobreza e total carência de uma família da região, torna-se o motivo da pregação de uma das missas e estimula as pessoas de boa vontade a uma “marcha de solidariedade e partilha de bens e serviços em favor dos necessitados”. Duas experiências especiais e complementares que, a partir da descoberta do abandono espiritual de um povo inteiro e da indiferença social para com os pobres moradores do campo e das periferias, revelaram ao então Pe. Vicente, uma nova compreensão da realidade - a releitura dos factos e acontecimentos da história, a dimensão comprometida da fé professada, a razão última que se pode dar à própria existência e o sentido mais abrangente do sacerdócio ou a ‘missão de cada um’, doação e serviço. Quais são os elementos fundamentais da espiritualidade vicentina? O encontro com Cristo como fonte de sentido e a identificação com a vontade de Deus: o encontro pessoal com Cristo possibilitou a São Vicente de Paulo passar da ambição à compaixão, da obscuridade à claridade. Acima de tudo, importava-lhe amar e servir no dinamismo do espírito de Cristo: “Nem a filosofia, nem a teologia, nem os discursos operam nas almas. Jesus Cristo tem de intervir connosco, ou nós com ele; que ajamos nele, e ele em nós; que falemos como ele e em seu espírito” (SV XI, 343). União a Jesus Cristo que se revela nos pobres: evangelizar os pobres é a missão de Jesus, é a missão da Igreja. Ser cristão e ser missionário é a mesma coisa. Anunciar o Evangelho, com a palavra e, antes ainda, com a vida, é a finalidade principal da comunidade cristã e de cada membro. Evangelizar os pobres significa em primeiro lugar aproximar-nos deles, significa ter a alegria de os servir, de os libertar da opressão, e tudo isto em nome e com o Espírito de Cristo, porque é Ele o Evangelho de Deus, é Ele a Misericórdia de Deus, é Ele a libertação de Deus, é Ele quem se fez pobre para nos enriquecer com a sua pobreza. (Para Francisco)

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Vivência afetiva e efetiva do grande amor de Deus pelos homens, especialmente pelos pobres: a espiritualidade vicentina é uma espiritualidade encarnada - vai além dos grandes sentimentos e das boas intenções, atenta à inspiração do Espírito Santo, trabalha com realidades que não podemos ignorar. São Vicente de Paulo convida-nos a encarnar, na nossa ação missionária, uma atitude dinâmica de apóstolos da caridade: ver, comover-se e agir.


DE QUE COR SÃO OS NOSSOS SONHOS? “O nascimento é sempre fonte de esperança, é vida que desabrocha, é promessa de futuro. E este Menino - Jesus - «nasceu para nós»: um «nós» sem fronteiras, sem privilégios nem exclusões.” (Mensagem Urbi et Orbi, Dezembro 2020, Papa Francisco) O Natal é também tempo de sonhos: uns gostaríamos de já ter realizado, outros que desejamos e nos propomos a realizar no Ano Novo. Mas o que nos leva a sonhar? Que sonhos temos? De que cor são os nossos sonhos? Serão da mesma cor que os sonhos de Deus?

ORAÇÃO

FILIPA VIEIRA E MARCO COSTA VOGAIS NACIONAIS MARIANO E LITURGIA

O Papa Francisco na Exortação Apostólica Querida Amazónia partilha os seus sonhos connosco: Sonho Social - onde o diálogo social “não se deve limitar a privilegiar a opção preferencial pela defesa dos pobres, marginalizados e excluídos, mas há de também respeitá-los como protagonistas. Trata-se de reconhecer o outro (…). Caso contrário, o resultado será, como sempre, «um projeto de poucos para poucos» (…) Se tal acontecer, «é necessária uma voz profética» e, como cristãos, somos chamados a fazê-la ouvir.” (parágrafo 27) Sonho Cultural - onde a cultura local “tire o melhor de si mesma. Tal é o sentido da melhor obra educativa: cultivar sem desenraizar, fazer crescer sem enfraquecer a identidade, promover sem invadir.” (parágrafo 28) Sonho Ecológico - onde “cessem os maus-tratos e o extermínio da “Mãe Terra”. A terra tem sangue e está a sangrar, as multinacionais cortaram as veias da nossa “Mãe Terra”. ”(parágrafo 42) Sonho Eclesial - onde a “Igreja, com a sua longa experiência espiritual, a sua consciência renovada sobre o valor da criação, a sua preocupação com a justiça, a sua opção pelos últimos, a sua tradição educativa e a sua história de encarnação em culturas tão diferentes de todo o mundo, deseja, por sua vez, prestar a sua contribuição para o cuidado e o crescimento.” (parágrafo 60) Noutros textos, o Santo Padre destaca também os sonhos: «Se perdeste o vigor interior, os sonhos, o entusiasmo, a esperança e a generosidade, diante de ti está Jesus, como parou diante do filho morto da viúva, e o Senhor, com todo o seu poder de Ressuscitado, exorta-te: “Jovem, Eu te ordeno: Levanta-te!”» (Christus vivit, 20) “A primeira reação de uma pessoa que foi tocada e restituída à vida por Cristo é expressarse, manifestar sem medo nem complexos o que tem dentro: a sua personalidade, os seus desejos, as suas necessidades, os seus sonhos.“ (Mensagem para a XXXV Jornada Mundial da Juventude, abril de 2020) Este ano pastoral, sob o tema “Levanta-te! Eu te constituo testemunha do que viste!” (cf. At 26, 16), somos chamados, tal como Paulo, a sermos testemunhas do que vimos. Testemunhar o que vivemos enquanto cristãos é fundamental para o crescimento da Igreja, e este testemunhar implica também partilhar os sonhos de Deus, os sonhos da Igreja, os sonhos de quem foi encontrado por Jesus Cristo. E assim, conduzir a nossa vida e os nossos sonhos com Ele ao nosso lado. Sonhar e realizar! Como cantar é rezar duas vezes, ouve a música O Verbo de Deus e reza pelos sonhos a realizar, louvando o Deus Menino que habilitou (e habita) entre nós. Que a luz do Natal nos faça concretizar sonhos audazes, principalmente, os sonhos pintados por Deus! https://www.musicristo.pt/canticos/ver/o-verbo-de-deus

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CARIDADE E MISSÃO

MISSÃO MOÇAMBIQUE JMV PORTUGAL

“FAZ O TEU PRESENTE CHEGAR MAIS LONGE” Ana Luísa Lourenço e Susana Coelho Vogais Nacionais de Caridade e Missão

Caminhamos a passos largos em direção a uma das épocas festivas mais envolvente e cativante, onde somos constantemente atropelados pelas luzes nas ruas, músicas e anúncios publicitários, árvores de Natal e artigos alusivos, convites para jantares e trocas de presentes. Somos invadidos por este espírito natalício, cheio de alegria, cor, aromas tradicionais que nos fazem recuar no tempo. Mas será que é suficiente? Será que é só isso que nos preenche? Será que devemos ficar só por aqui? São Francisco de Assis convida-nos a ir mais longe, “pois é dando que se recebe”. Este é o verdadeiro sentido do Natal, onde celebramos cheios de fé e confiança o nascimento do Menino Jesus. Durante o tempo de Advento, tal como o Papa Francisco nos diz, somos convidados a vigiar e a preparar, de forma alegre, a chegada do Filho de Deus. Somos convidados a “colocar-nos espiritualmente a caminho, atraídos pela humildade d’Aquele que Se fez homem a fim de Se encontrar com todo o homem, e a descobrir que nos ama tanto, que Se uniu a nós para podermos, também nós, unir-nos a Ele”. É neste momento de união com Ele e com o coração a palpitar de alegria, que somos convidados, à semelhança dos Reis Magos, a colocar-nos a caminho, em direção aos que mais precisam de nós. “Cada um de nós torna-se portador da Boa-Nova para as pessoas que encontra, testemunhando a alegria de ter conhecido Jesus e o seu amor; e fá-lo com ações concretas de misericórdia”, diz-nos o Santo Padre. Neste sentido, a JMV Portugal lança uma campanha de angariação de fundos intitulada de “Faz o teu presente chegar mais longe”. Esta campanha tem como objetivo dar continuidade à Missão Renascer Pra Esperança, que tem lugar no Centro de Promoção Social Renascer Pra Esperança, no Chirrundzo – Chinhacanine, Província de Gaza, Moçambique. Este é um projeto de esperança, tendo até então permitido o envio de jovens missionários para Moçambique, que em colaboração com os Padres da Congregação da Missão, presentes no Chirrundzo, concretizam a missão no terreno. A Missão Renascer Pra Esperança depende inteiramente de donativos angariados através de campanhas lançadas pelas JMV, pelo que apelamos à generosidade de todos para a contribuição de donativos. A doação de dois presentes, com o valor monetário correspondente a dois euros, contribui para as refeições diárias de uma criança. O valor de dez presentes permite a doação de um kit de material escolar para uma criança. O valor de cinco presentes permite a doação de um uniforme a uma criança, sendo obrigatório para que estas possam frequentar a escola. O mesmo valor contribui para os cuidados de higiene das crianças, assegurados no Centro de Promoção Social Renascer Pra Esperança. Os donativos podem ser feitos para o IBAN PT50 0035 0309 0007 1581 9303 8 da JMV Portugal. Todos os donativos são essenciais para a continuação desta missão. Mesmo em tempos de pandemia, a Missão Renascer Pra Esperança nunca parou, tendo continuamente suprimido as necessidades das crianças que apoiamos e em breve, quando as condições o permitirem, esperamos reabrir o Centro e enviar novos missionários. Para isto, contamos com a ajuda de todos. Que todos nós sejamos “portadores da Boa Nova com ações concretas de misericórdia”, que todos nós sejamos meios de amor com um objetivo maior, o bem-estar de quem mais precisa.

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KIT CRISTÃO

Story of God

Noite Escura

Oh Senhor de

Ano: 2016

de São Joao da Cruz

Mimi Froes

Ano: 1578/79

Ano: 2016

A obra “Noite Escura” narra a jornada da alma no caminho espiritual para chegar à perfeita união com Deus, tanto quanto é possível nesta vida. A jornada acontece durante a noite, representando assim as dificuldades e amarguras que se encontram ao se desprender do mundo e alcançar a luz da união com o Criador. Há diversos passos nesta noite, relatados em sucessivas estrofes. A ideia principal do poema consiste em abordar a dolorosa experiência pela qual as pessoas passam, nas suas tentativas de amadurecer espiritualmente para se unirem a Deus. A obra ganha o seu título através da expressão que aparece no primeiro verso do poema: “Em uma noite escura”. Esta é composta por um poema de oito estrofes seguida de um longo comentário, ou declaração em prosa.

Mimi Froes, cantora natural de Lisboa, é apaixonada pelo mundo da música e por tudo o que dele advém. Aos 23 anos, Mimi recomeça a sua carreira artística, depois de uma passagem pelo programa Factor X, quando tinha apenas 16 anos. Uma experiência rica, mas tão forte que fez a cantautora lisboeta afastarse, pelo menos temporariamente, da música, seguindo vida no curso superior de Direito e, depois, em Jazz e Música Moderna. Ao longo do último ano lançou dois discos de canções originais. A canção chamada “Oh Senhor“ não é da sua autoria, no entanto, quando a Mimi a ouviu pela primeira vez arrepiou-se. A canção fala sobre uma perda e sobre o amparo que é Deus nessas situações. Ao longo da nossa vida temos muitas perdas e talvez por essa razão a Mimi se tenha sentido logo próxima da canção. Se não conhecem, são convidados a ouvir atentamente a letra. É de ordem divina.

“A História de Deus” é a exploração épica de Morgan Freeman e uma reflexão íntima sobre Deus. Uma série com 6 episódios, em que cada episódio se centra numa grande questão sobre o divino: desde o mistério da Criação, ao verdadeiro poder dos milagres até à ressurreição. Estes mistérios universais têm impacto em gente de todos os credos. Morgan mergulha nas experiências religiosas e rituais de todo o mundo, do Muro das Lamentações em Jerusalém, à Árvore Bodhi na Índia e até às mega igrejas dos Estados Unidos. Ele torna-se uma cobaia em laboratórios científicos para examinar como é que as fronteiras da neurociência e cosmologia estão a intersectar o domínio tradicional da religião. E viaja com arqueólogos para descobrir religiões há muito perdidas dos nossos ancestrais, como nas ruínas de 10.000 anos de Gobekli Tepe, na Turquia. A relação do Homem com Deus é a questão mais importante da História da Humanidade. Esta expedição ambiciosa pelas eras e pelo globo procura entender a forma como a fé moldou as nossas vidas, não importando a religião ou crença.

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PAPA FRANCISCO

MENSAGEM PARA O DIA MUNDIAL DA PAZ

DIÁLOGO ENTRE GERAÇÕES, EDUCAÇÃO E TRABALHO: INSTRUMENTOS PARA CONSTRUIR UMA PAZ DURADOURA 1. «Que formosos são sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz» (Is 52, 7)!

(...) Ainda hoje o caminho da paz – o novo nome desta, segundo São Paulo VI, é desenvolvimento integral [1] – permanece, infelizmente, arredio da vida real de tantos homens e mulheres e consequentemente da família humana, que nos aparece agora totalmente interligada. Apesar dos múltiplos esforços visando um diálogo construtivo entre as nações, aumenta o ruído ensurdecedor de guerras e conflitos, ao mesmo tempo que ganham espaço doenças de proporções pandémicas, pioram os efeitos das alterações climáticas e da degradação ambiental, agrava-se o drama da fome e da sede e continua a predominar um modelo económico mais baseado no individualismo do que na partilha solidária. Como nos tempos dos antigos profetas, continua também hoje a elevar-se o clamor dos pobres e da terra [2] para implorar justiça e paz. (...) Quero propor, aqui, três caminhos para a construção duma paz duradoura. Primeiro, o diálogo entre as gerações, como base para a realização de projetos compartilhados. Depois, a educação, como fator de liberdade, responsabilidade e desenvolvimento. E, por fim, o trabalho, para uma plena realização da dignidade humana. São três elementos imprescindíveis para tornar «possível a criação dum pacto social» [4], sem o qual se revela inconsistente todo o projeto de paz. 2. Dialogar entre gerações para construir a paz

(...) Dialogar significa ouvir-se um ao outro, confrontar posições, pôr-se de acordo e caminhar juntos. Favorecer tudo isto entre as gerações significa amanhar o terreno duro e estéril do conflito e do descarte para nele se cultivar as sementes duma paz duradoura e compartilhada. (...) Se soubermos, nas dificuldades, praticar este diálogo intergeracional, «poderemos estar bem enraizados no presente e, daqui, visitar o passado e o futuro: visitar o passado, para aprender da história e curar as feridas que às vezes nos condicionam; visitar o futuro, para alimentar o entusiasmo, fazer germinar os sonhos, suscitar profecias, fazer florescer as esperanças. Assim unidos, poderemos aprender uns com os outros» [8]. Sem as raízes, como poderiam as árvores crescer e dar fruto?

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Nos últimos anos, diminuiu sensivelmente a nível mundial o orçamento para a instrução e a educação, vistas mais como despesas do que como investimentos; e, todavia, constituem os vetores primários dum desenvolvimento humano integral: tornam a pessoa mais livre e responsável, sendo indispensáveis para a defesa e promoção da paz. Por outras palavras, instrução e educação são os alicerces duma sociedade coesa, civil, capaz de gerar esperança, riqueza e progresso. (...) É necessário, portanto, forjar um novo paradigma cultural, através de «um pacto educativo global para e com as gerações jovens, que empenhe as famílias, as comunidades, as escolas e universidades, as instituições, as religiões, os governantes, a humanidade inteira na formação de pessoas maduras» [15]. Um pacto que promova a educação para a ecologia integral, segundo um modelo cultural de paz, desenvolvimento e sustentabilidade, centrado na fraternidade e na aliança entre os seres humanos e o meio ambiente [16]. Investir na instrução e educação das novas gerações é a estrada mestra que as leva, mediante uma específica preparação, a ocupar com proveito um justo lugar no mundo do trabalho [17].

PAPA FRANCISCO

3. A instrução e a educação como motores da paz

4. Promover e assegurar o trabalho constrói a paz

A pandemia Covid-19 agravou a situação do mundo do trabalho, que já antes se defrontava com variados desafios. Faliram milhões de atividades económicas e produtivas; os trabalhadores precários estão cada vez mais vulneráveis; muitos daqueles que desempenham serviços essenciais são ainda menos visíveis à consciência pública e política; a instrução à distância gerou, em muitos casos, um retrocesso na aprendizagem e nos percursos escolásticos. Além disso, os jovens que assomam ao mercado profissional e os adultos precipitados no desemprego enfrentam hoje perspetivas dramáticas. (...) Como é urgente promover em todo o mundo condições laborais decentes e dignas, orientadas para o bem comum e a salvaguarda da criação! É necessário garantir e apoiar a liberdade das iniciativas empresariais e, ao mesmo tempo, fazer crescer uma renovada responsabilidade social para que o lucro não seja o único critério-guia. Queridos irmãos e irmãs! Enquanto procuramos unir os esforços para sair da pandemia, quero renovar os meus agradecimentos a quantos se empenharam e continuam a dedicar-se, com generosidade e responsabilidade, para garantir a instrução, a segurança e tutela dos direitos, fornecer os cuidados médicos, facilitar o encontro entre familiares e doentes, garantir apoio económico às pessoas necessitadas ou desempregadas. E asseguro, na minha oração, a lembrança de todas as vítimas e suas famílias. Vaticano, 8 de dezembro de 2021.

Francisco

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DIZ-ME PORQUÊ!

Onde encontra motivação para continuar a servir a Deus no dia-a-dia? Emília Carvalho CENTRO LOCAL DE SÃO MIGUEL

Encontro motivação para servir a Deus no meu dia-a-dia ao acordar em família com o beijinho de bom dia e “dormiste bem?”; ao cumprimentar aqueles com quem me cruzo; Ao dar o melhor de mim no meu trabalho: cuidar com amor e dando toques positivos aos colegas de equipa para haver alegria no trabalho; quando paro e por instantes medito e contemplo a natureza. Resumindo: a maior motivação - o gostar das pessoas! Em Deus encontro o discernimento e a sabedoria para relativizar e superar as atitudes e comportamentos que me levam à queda... O amor e a esperança de um ser humano melhor é a missão que o Pai me confiou. Acreditem e sejam felizes.

Como escutar a voz de Deus e saber o que Ele quer de mim? IR. Maria da Graça Pires, FC ASSESSSORA REGIONAL NORTE DA JMV

Eu escuto a voz de Deus se estiver atenta aos sinais que Ele me envia todos os dias. Ao olhar para as árvores, as flores, os passarinhos, os homens, as mulheres, os jovens, as crianças e toda a natureza e a beleza da criação de Deus. O que Ele quer de mim, que eu saiba reconhecer Deus em tudo para O louvar, amar, agradecer e servir os irmãos que precisam dos meus trabalhos. Pois só Ele é a nossa esperança, só Ele nos dá a vida eterna.

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LABOURÉ DATA DE CELEBRAÇÃO DA IGREJA: 28 DE NOVEMBRO LOCAL DE NASCIMENTO: BORGONHA, FRANÇA

A Irmã Catarina Labouré, batizada com o nome de Zoe de Labouré, nasceu em Borgonha, França, a 2 de maio de 1806. Era a nona filha de uma família que, como tantas outras, sofria com as guerras napoleónicas. Aos 9 anos de idade, com a morte da sua mãe, Catarina assumiu com empenho a maternidade e educação dos seus irmãos. Aos dezoito anos, a vocação para a vida religiosa tornou-se forte e, então, pediu ao pai para segui-la, mas ele foi relutante. Dada a insistência por anos a fio, quanto ela já estava com vinte e quatro anos, antes de consentir, preferiu mandá-la a Paris, para que testasse a sua vocação. Chegou em abril de 1830 à cidade e logo percebeu que estava certa na decisão, pois não se desviou com os encantos da vida agitada da cidade. Então, em maio, com autorização do seu pai, iniciou o noviciado no Convento das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, em Paris. Quando recebeu as vestes das vicentinas, mudou o nome para Irmã Catarina. A jovem noviça impressionava pelo fervor com que rezava na capela, diante do relicário de São Vicente de Paulo, onde tinha constantes visões. Contou ao confessor que primeiro lhe apareceu várias vezes o fundador, depois as visões foram substituídas por Jesus eucarístico e Cristo Rei, em junho do mesmo ano. Orientada pelo confessor, continuou com as orações, mas anotando tudo o que lhe acontecia nesses períodos. Assim fez, e continuou o seu trabalho num hospital de Paris. Em 1830, a sua vida entrelaçou-se mais intimamente com os mistérios de Deus, pois a Virgem Maria começou a aparecer a Santa Catarina. A primeira aparição foi na noite de 18 de

ERA UMA VEZ UM SANTO...

Santa Catarina

julho, quando veio um anjo e a conduziu à capela da CasaMãe, onde Catarina conversou mais de duas horas com Nossa Senhora, que a avisou sobre os novos encontros. Voltou a aparecer mais tarde, em novembro e dezembro. A aparição que mais chamou a atenção foi a de 27 de novembro, quando Nossa Senhora pediu para cunhar uma medalha nos moldes apresentados na visão: «Então uma voz se fez ouvir que dizia: “Manda cunhar uma Medalha por este modelo; as pessoas que a trouxerem, receberão grandes graças, mais ainda se a trouxerem ao pescoço; hão de ser abundantes as graças para as pessoas que a trouxerem com confiança”.» No final do ano de 1832, a medalha que Nossa Senhora viera a pedir foi cunhada e espalhada aos milhões por todo o mundo. Desde aquela época, passou a ser conhecida como a “Medalha Milagrosa”, pelas centenas de curas, graças e conversões que produziu por intercessão de Maria Santíssima. Catarina Labouré morreu a 31 de dezembro de 1876, em Paris, onde trabalhou no mesmo hospital designado desde o início da sua missão de irmã vicentina. Foi beatificada, em 1933, pelo papa Pio XI e canonizada pelo papa Pio XII em 1947. O seu corpo está guardado num esquife de cristal na capela onde ocorreram as aparições. Para a Família Vicentina, o Vaticano autorizou uma festa no dia 28 de novembro. A celebração universal a Santa Catarina Labouré foi marcada no dia de sua morte pela Igreja de Roma.

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A MISSÃO DO J2 O Boletim J2 é um dos meios de comunicação da JMV, que pretende levar a todos os leitores não apenas as iniciativas promovidas pelos Centros Locais e pelos Conselhos Regionais e Nacional, mas também testemunhos de fé inspiradores. Acima de tudo queremos que este seja um meio de comunicação que informe, mas também que permita refletir sobre a fé e sobre os mais variados temas da atualidade que têm implicações práticas na vivência do nosso carisma vicentino; queremos que seja um meio para cultivar a fé, a alegria e o testemunho de ser cristão. O ano de 2022 acabou de começar e, apesar de divulgarmos o J2 de forma gratuita nas redes sociais da JMV, queremos que o mesmo chegue a um maior número de leitores, pelo que temos a possibilidade de fazer chegar o boletim impresso, a quem assim o desejar. Neste sentido, para quem quiser receber o J2 em sua casa, basta enviar um e-mail para jmvportugal@gmail.com com o pedido (indicando o nome, morada e contacto telefónico) e com o comprovativo de transferência. A assinatura para o ano de 2022 (quatro edições) tem um custo de 15€. A receita com a assinatura do J2 reverterá a favor das missões realizadas pela JMV, em Portugal e em Moçambique.

Ficha técnica J2: Excluída de registo nos termos da alínea a) do n.º1 do art.º 12º do Decreto Regulamentar n.º 8/99, 9 de junho Propriedade: Associação Juventude Mariana Vicentina; Periodicidade: Quatro edições anuais (Março, Junho, Setembro, Dezembro); Assinatura anual: 15 euros; Assinatura por edição: 3,75 euros; Tiragem: 80 exemplares; Impressão: Papiro - Comércio de Artigos de Papelaria Lda Design: Ana Araújo; Revisão: Mafalda Guia e Rita Correia

COM O APOIO DE: Papiro - Artigos de Papelaria Travessa Campo da Bola, fracção C Estrada do Aeródromo 3515-854 Viseu Tel.:232 451 582 * Tel.: 232 459 596 Telm.: 918 682 895 * email: papiroi@sapo.pt email: armazem@papelariaspapiro.pt

SEGUE-NOS EM: @JMVPORTUGAL


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