Jornal de Matosinhos nº1617

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16 DE DEZEMBRO DE 2011

31 ANOS - AO SERVIÇO DA INFORMAÇÃO E DA LIBERDADE

Assembleia de Freguesia de S. Mamede de Infesta

Orçamento e Plano de Actividades aprovados PSD questiona legitimidade para PS reunir na sede da Junta

O

s deputados da Assembleia de Freguesia de S. Mamede de Infesta reuniram, na passada terça-feira, para discutir o Orçamento e Plano de actividades para 2012. A suspensão da linha de metro, entre outros projectos, também foi alvo de análise numa sessão marcada, por fim, pela despedida de Joaquim Ferreira, da ANMMS. Depois de algumas reuniões de assembleia conturbadas, com a demissão do vogal Joaquim Ferreira (eleito pelo movimento de Independentes afecto a Narciso Miranda), por incompatibilidades com o secretário (PS) Victor Meirinho, e a eleição de Leonardo Fernandes (PS) para o cargo ter sido colocada em causa pelo próprio Partido rosa, terem estado em destaque, eis uma sessão mais amena… O Plano de Actividades e Orçamento para o próximo ano foi aprovado com os votos favoráveis do PS, quatro abstenções (duas da ANMMS e dois deputados Independentes) e três votos contra do PSD. Em resposta a Bruno Pereira do PSD que questionou a diminuição dos valores destinados a Acção Social – cerca de menos 22 milhões de euros, segundo o social-democrata – o presidente da Junta de Freguesia mamedense, Moutinho Mendes, lembrou que esta é uma “rubrica aberta” que poderá ser alvo de revisões orçamentais e falou na escassez de verbas da autarquia. “Este é o orçamento mais baixo dos meus mandatos. Não temos receitas”, lamentou. Sobre o cemitério, em resposta a Joaquim Ferreira (ANMMS), Moutinho Mendes

JORNAL DE MATOSINHOS

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Festa de Natal no Jardim-Escola João de Deus Realiza-se hoje, sexta-feira, a Festa de Natal do Jardim-Escola João de Deus de Matosinhos, sendo a manhã dedicada às crianças do ensino pré-escolar e a tarde às do ensino básico.

Feira do Livro Municipal no Museu da Quinta de Santiago Abriu ao público, no Museu da Quinta de Santiago, a Feira do Livro Municipal, um espaço onde poderá encontrar as várias publicações da autarquia que estará aberto de segunda a sexta-feira feira das 10 às 13 horas e das 15 às 18 e aos sábados, domingos e feriados, das 15 às 18 horas, até ao próximo dia 22.

Natal solidário em Matosinhos

esclareceu que as taxas não foram ainda todas pagas. Ainda no ponto de discussão do orçamento, o edil local defendeu que apesar de algumas obras não serem da responsabilidade da Junta de Freguesia, nomeadamente o Complexo Desportivo Nascente e a linha de Metro, “estas devem ser mantidas no Plano para que não fiquem esquecidas”. “O executivo manterá uma atitude reivindicativa”, concluiu. Esta sessão ficou, ainda, marcada pelo anúncio de Joaquim Ferreira de que irá sair da assembleia por motivos profissionais. O deputado decidiu abraçar uma oportunidade de trabalho em Angola. “Usem as ideias e objectivos com respeito”, foi o apelo deixado.

Nota para a discussão que antecedeu a ordem de trabalhos: Bruno Pereira (PSD) considerou pouco correcto que a bancada socialista reúna na Junta de Freguesia para preparar as assembleias, considerando que existem sedes próprias. “Qualquer Partido tem toda a liberdade para pedir o salão à Junta e ser-lhe-á facultado”, respondeu Carlos Fernandes (PS). Este tema gerou, ainda, troca de palavras entre os socialistas e Joaquim Ferreira com o PS a lembrar que as reuniões da ANMMS se faziam na Associação de Socorros Mútuos, “uma instituição com associados e de carácter social de toda a Freguesia”. Paula Teixeira

Um Natal Solidário é o que vai acontecer no próximo domingo em Matosinhos, numa acção promovida por António Parada, presidente da Junta de Freguesia. Trata-se de um desfile de motas, carros e cavalos na marginal matosinhense, a decorrer entre as 9 e as 12,30 horas, contando com a presença de Rosa Mota, campeã olímpica de Atletismo, e Armindo Araújo, bicampeão mundial de Produção. Cada participante é convidado a trazer um bem alimentar em favor dos que mais precisam, sendo intenção da autarquia “criar o maior Banco Alimentar do País”, a partir desta iniciativa.

Cantares de Natal em S. Mamede de Infesta Cumprindo uma tradição antiga, o Rancho Típico de S. Mamede de Infesta leva a efeito, no salão paroquial, o XIX Encontro de Cantares do Ciclo Natalício, no sábado, às 21,30 horas. Para além do grupo anfitrião, participam o Grupo Folclórico “Os Camponeses de Navais”, Póvoa de Varzim, Grupo Típico “O Cancioneiro”, de Castelo Branco, Rancho Folclórico de Gens, Gondomar, Rancho Regional de S. Salvador de Folgosa, Maia, e Ronda Típica da Meadela, Viana do Castelo.

ARQUIVO & RECORTE

Carta inédita de Mário Carneiro que desanca Miguel Torga C

onheci Barroso da Fonte como seu Médico de Família e tive ocasião de apreciar, pessoalmente, as suas qualidades de trabalho e de lutador nos campos do ensino, da cultura, do desporto e do turismo, deixando em Chaves marcada a sua passagem, principalmente na instalação do Centro do Instituto do Emprego e da Formação Profissional. Fez parte, com os professores Miguel dos Santos e José Henriques Dias, da Comissão do estudo que fundamentou a Escola do Magistério Primário onde, mais tarde, funcionaria o pólo da Universidade de Trás-osMontes e Alto-Douro. A ele se deve a direcção do Grupo Desportivo de Chaves, na temporada de 1972/73. Depois de constituir o elenco directivo e de regulamentar a política de vencimentos, propondo que se jogasse e treinasse com a prática da «casa». Foi com essa teoria que o clube passou a treinar com jogadores da Terra (casos de Lisboa, Rendeiro, Óscar, Melo) e que acabou por subir de divisão, deixando o Desportivo sem dívidas e no escalão secundário. Deslocado para Guimarães (por transferência e a seu pedido), foram-me chegando notícias da sua progressão no Ensino Superior, até ao doutoramento; escrevendo livros em prosa e poesia, com destaque para os três volumes do Dicionário dos mais ilustres Transmontanos e AltoDurienses; organizando e/ou colaborando em congressos, nomeadamente no III de Trás-osMontes e Alto Douro (2002, em Bragança) e, em 1970, no «Colóquio para o

Desenvolvimento do Distrito de Vila Real, fundando várias associações como a Associação Nacional dos Combatentes do Ultramar e a Casa de Trás-os-Montes do Porto; criando e dirigindo revistas e jornais, como a Gil Vicente, o Poetas & Trovadores e a Voz de Guimarães. É-me grato confessar neste testemunho que Barroso da Fonte foi uma espécie de meu irmão mais novo. Deu-se sempre bem com os meus irmãos: Edgar, Francisco e Luís e também com o meu sobrinho Eduardo Guerra Carneiro. Era visita de minha casa e ele e sua mulher fizeram questão em que fosse eu a acompanhar a gravidez do filho mais velho que nasceu em 1970. Foi por essa altura que lhes apresentei o Miguel Torga. Algumas vezes, já ela andava grávida, fomos almoçar, a meu convite, ao Parador de Monterrey (Verin). Chegámos a ir os cinco no seu carro: o Torga, o Padre Augusto, o casal e eu. E foi também por volta de 1970 que os mesmos, menos o Padre Augusto, visitámos o Padre Joaquim Alves (companheiro de caça do Torga), em Serraquinhos, onde almoçámos, regressando a Chaves por Codeçoso. Aí fizemos uma visita-surpresa aos pais do Barroso da Fonte que ouviam falar no Miguel Torga e em mim, sem nunca nos conhecerem. Era o filho que certamente lhes falava destes seus amigos. Era tempo de matanças, porque nos assentámos num grande escano, à volta da lareira e as chouriças ainda «pingavam». A «Tia Ana» e «Tio António» fartaram-se de pedir desculpa pelo incómodo. Mas

o Torga, que conhecia bem os segredos do fumeiro, sempre ia dizendo que sabiam mais o lume e o aspecto dos lareiros afumados, do que as pingas da sorsa doméstica. E mais elogios fez quando a anfitriã nos surpreendeu com uma chouriçada de uma primeira matança, já pronta para o pitéu que é daqueles que nunca se pode dizer que não. Barroso da Fonte nunca mais deixou de se lamentar, sempre que recordávamos essa visita a casa de seus pais, de não ir prevenido com máquina fotográfica e gravador para recolher aqueles diálogos quase divinos, entre o intelectual de S. Martinho de Anta e os pais, que mais tarde fizeram as delícias do I Congresso de Vilar de Perdizes, já com o Padre Fontes a pôr as Terras de Barroso no mapa. É que o «o Tio António Ferreira» cortava o coxo, o ar e o sarampo, nos cruzamentos dos caminhos. A «Tia Ana Torgueda» ditara ao filho e à luz da candeia, quando ele era seminarista, os formulários das rezas e crendices que o filho e o Padre publicaram em 1972, com o título de Usos e Costumes de Barroso. O Padre Fontes tomou-lhe o gosto. E, em 1983, resolveu passar à prática esses mitos, essas rezas e essas crendices que eu, médico e director termal, nunca presenciei, mas sempre entendi, como forma pragmática de preservar um tipo de cultura popular credora dos maiores aplausos. Levarei comigo a mágoa de nunca ter convencido o Miguel Torga a dar-me um autógrafo nos livros que sempre comprava.

Nesse aspecto ele era um ingrato porque o hospedei, durante cerca de 30 anos, em minha casa, quando para aqui vinha fazer termalismo. Nunca o abandonei e ele sempre fez questão de me negar um autógrafo. Ao Barroso da Fonte – e não terá sido por simpatizar com seus pais e com a merenda que lhe deram em sua casa de Codeçoso – escreveu meia dúzia de cartões, ora assinados com Miguel Torga, ora com Adolfo Rocha. Foi muito mais feliz do que eu. E antes de morrer quero registar esta mágoa nas «minhas memórias» que espero publicar em vida. Haveria muito mais a dizer sobre Barroso da Fonte e a sua influência nesta Região do Alto Tâmega. Penso falar dele nessas «Memórias» que ele tanto insiste comigo para escrever. Desde que vim para o Hotel Trajano falta-me ambiente para escrever. Mas anda-me no pensamento. E uma vez que Miguel Torga foi por mim apresentado ao Barroso da Fonte e ele o apresentou ao Fernão de Magalhães Gonçalves, acho que devo aqui deixar este registo. Estas três figuras Transmontanas da cultura portuguesa marcaram uma época. Além de alguns mais. Se estivesse nas minhas mãos, gostaria de assinalar as suas passagens por Chaves, uma cidade Termal que sabe receber e sabe retribuir. Foi assim no passado. Que assim seja no futuro. Chaves, Hotel Trajano, 16/02/2005 Dr. Mário Gonçalves Carneiro (1º Director das Termas de Chaves)


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