COSPLAY
ERA GEEK 6
ERA GEEK 11
Dez entre dez preferem RPG
A FICÇÃO QUE VIRA REALIDADE
Um teatro em forma de jogo
Conheça a história da prática que têm reunido milhares de pessoas em eventos ao redor do mundo Por Tamiris Morais
B
rincar de se fantasiar", "Disfarçar" ou "Representar" são traduções que os seguidores da prática "Cosplay" utilizam para aludirem tal atividade. A palavra "Cosplay" é a abreviação dos termos "costume" e "play" (costume de brincar), e ao contrário do que muitos pensam a história dessa prática não nos leva ao Japão, mas está intimamente ligada à história das convenções de cção cientíca nos Estados Unidos. O primeiro exemplo moderno desse exercício ocorreu em 1939, durante a 1ª World Science Fiction Convention, ou Worldcon, em Nova Iorque, quando um jovem de 22 anos chamado Forrest J. Ackerman, e sua amiga Myrtle R. Douglas foram ao evento fantasiados. A diferença foi que entre um público de 185 pessoas, somente eles estavam caracterizados. Ackerman, que se tornaria um dos nomes mais inuentes no campo da cção cientíca anos mais tarde, usava um rústico traje de piloto espacial o qual chamou de "futuricostume", e Myrtle estava caracterizada com um vestido inspirado no lme clássico de 1936 "Things to Come", baseado na obra de H.G. Wells. A agitação entre o público foi inevitável, resultando em um clima de estreitamento entre a cção e a realidade que modicou para sempre a história de outras convenções do gênero. As fantasias da dupla zeram tanto sucesso que no ano seguinte dezenas de fãs compareceram à convenção em trajes de cção cientíca. A prática cresceu ao longo do tempo, e o hobby de fãs fantasiados cou conhecido pelo termo costuming ou fan costuming, estando connado às convenções de cção cientíca, essencialmente na América do Norte, por várias décadas. Porém, tudo mudou em 1984 quando Nobuyuki Takahashi, de um estúdio japonês chamado Studio Hard, visitou a Worldcon do mesmo ano, em Los Angeles. Ele cou tão impressionado com o que foi apresentado, que publicou sobre isso frequentemente em revistas japonesas de cção cientíca, criando e difundindo um novo termo para denir o que havia presenciado: Cosplay. Nos próximos anos já era possível encontrar dezenas de fãs fantasiados nas convenções japonesas, e a prática de se caracterizar como personagens de anime e mangás tornou-se um verdadeiro fenômeno no país. Tal sucesso fez surgir lojas, publicações e prossionais especializados no hobby, criando uma verdadeira indústria do cosplay no Japão. Já na década de 90, com a explosão do anime pelo mundo, o cosplay foi reintroduzido nos Estados Unidos, dessa vez em uma escala muito maior. O termo popularizou-se rapidamente através de diversas convenções de anime que surgiram no país, levando muitos dos novos praticantes a acreditarem equivocadamente que o hobby havia sido criado no Japão, quando na verdade os EUA já possuía uma tradição de quase meio século. Por causa disso, é muito comum nos Estados Unidos o termo cosplay ser usado para se referir exclusivamente às caracterizações de animes,
games ou mangas japoneses, enquanto o termo mais tradicional "costuming" é usado em relação às fantasias de obras ocidentais. Contudo, mesmo o Japão tendo importado essa subcultura dos Estados Unidos, algumas diferenças na forma que o hobby é praticado fazem distinção entre os países. Ainda hoje, os norte-americanos seguem o modelo criado no Worldcon, onde os cosplayers criam suas próprias fantasias e competem em convenções de fãs. Já no Japão, o cosplay envolve caracterizar-se como um personagem pré-existente, mesmo que a origem não seja de anime ou mangá. Nesse modelo, o foco é parecer o mais el possível. Como se trata essencialmente de reproduzir com delidade um determinado personagem, não há nenhuma ênfase na criação de fantasias originais ou que os trajes sejam confeccionados pelos cosplayers. É importante ressaltar também que o Japão não possui os mesmos tipos de competições que os norte-americanos, e a principal atividade relacionada ao cosplay é reunir-se em grupos e fazer sessões de fotos. No Brasil, acredita-se que o cosplay chegou como hobby por volta de 1996, junto com a primeira convenção de animes do país, o Mangacon. Realizado na cidade de São Paulo pela ABRADEMI (Associação Brasileira de Desenhistas de Mangá e Ilustrações), o evento é considerado o marco inicial da difusão do cosplay no país, sendo realizado em um período de redescobrimento dos animes na televisão brasileira. Ao longo dos anos a prática do cosplay cresceu de forma exponencial, espalhando-se por todas as regiões do país. "Eu me lembro de ter 7 ou 8 anos quando assisti pela primeira vez "Star Wars" e quei apaixonado. Pensava que eles existiam de verdade, e queria ser como eles, fazer o que eles faziam. A partir de então, não parava mais de assistir e imitar" diz Rodrigo Silva, de 23 anos, praticante de cosplay desde os 15. A maneira que o cosplay é praticado no Brasil caracteriza-se por uma mistura do modelo americano e japonês. O conceito norte-americano do masquerade foi importado e adaptado tornando-se o tradicional concurso de cosplay das convenções de anime brasileiras. De inuência japonesa, podemos citar a ênfase na caracterização de personagens pré-existentes e o foco na busca pela delidade, além da predominância de fantasias inspiradas em animes, mangas e games japoneses. "É muito divertido, você entra no personagem e viaja. Ainda mais quando tem esses eventos e nós "cosplayers" temos a oportunidade de nos encontrar e compartilhar o amor por mangás e essas coisas." diz Ana Luiza de 18 anos. Atualmente existem milhares de praticantes espalhados pelo país, e os maiores eventos que reúnem fãs do hobby chegam a alcançar um público de mais de 40 mil pessoas.
Por Jessica Souza
S
e você conhece um nerd, com certeza ele joga RPG! O Role Playing Game ou RPG como é conhecido, cou famoso aqui no Brasil na década de 1990 quando versões do jogo de fantasia medieval Dungeons & Dragons que deu origem o ponta pé inicial ao famoso jogo de interpretação nos Estados Unidos chegaram aqui no país. Ele evoluiu e tem versões para livros, vídeo-game, computadores, online e até mesmo para ser jogado pelo WhatsApp. Até hoje é praticado pelos diversos grupos de geeks. O jogo simula um vídeo-game fora da tela. Os jogadores assumem os papéis de personagens e criam narrativas colaborativamente. O desenrolar da partida se dá de acordo com um sistema de regras combinado entre os participantes previamente, sendo que os jogadores podem improvisar livremente. As escolhas dos jogadores e do Mestre determinam a direção que a partida irá
tomar. Dentro do mundo geek, os nerds passam muito tempo dedicado a criar as aventuras (nome dado as histórias que são a base do jogo), criando personagem e estudando livros e lmes para incluir para melhorar as partidas e principalmente seus personagens. "Sempre fui nerd. Então jogar RPG pra mim é como andar de bicicleta. Aprendi a jogar quando tinha uns 12 anos com o meu primo que já praticava há algum tempo. Hoje eu sou mestre do meu próprio grupo. Jogamos uma vez a cada duas semanas.", declara Fernando Henrique, 22 anos praticante de RPG. Em são Paulo existem diversos lugares como a loja Terra Magic ou a Geek.etc.br (ambas localizadas na região da zona sul da cidade) que tem espaço para os RPGistas jogarem a vontade. Essas lojas oferecem todo tipo de artigos nerds desde livros, cd's, dvd's, camisetas, miniaturas até ambientes separados somente para a pratica do jogo.