Jornal Expressão

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ano 24 |no 5 | junho/2017

Uma estrada para pedestre no meio da Serra do Mar

Jéssica Souza

Turistas ocupam lugar dos carros em rodovia desativada Jéssica Souza | js.souuza@gmail

A soma de atividade física com monumentos históricos resulta em um passeio diferente na estrada velha de Santos. A rodovia desativada desde 1985, virou opção de lazer para quem gosta de caminhas ao ar livre. Desde de 2015 o Parque Caminhos do Mar contabilizou 17.703 visitantes. Quem faz a opção de caminhar pelo trajeto, terá 9 km para conhecer um pouco sobre a história do local, construções históricas de 1922 e observar a beleza da mata atlântica. “Particularmente, eu sou sedentário não sou muito de fazer esportes. Mas quando li sobre o passeio me interessei porque não é muito comum

caminhar de uma cidade para outra. Realmente são 5 horas de caminhada, mas é bem tranquilo e o visual é incrível. Ainda dá para conhecer sobre a história de São Paulo”, menciona Fernando Henrique Silva, turista. A primeira estrada pavimentada da América Latina já despertava interesse para o turismo desde o tombamento de seus monumentos, em 1976. O projeto de tornar o espaço em um passeio turístico se tornou realidade em 2004, com o restauro de seus monumentos e a criação do parque onde está localizada a rota.É possível começar o passeio pela cidade de São Bernardo do Campo ou

Paisagem vista pelos turistas que visitam o Parque Estadual - Serra do Mar por Cubatão. Os turistas são divididos em grupos que são guiados por monitores que guiam os visitantes durantes as cinco horas de trajeto. A primeira parada é a Casa de Visitas do Alto da Serra, que era usada para hospedar visitantes que vinham conhecer as obras do Alto da Serra e da Usina de Cubatão, O Pouso de Paranapiacaba era um antigo ponto de parada de carros durante a viagem de Santos a São Paulo. Nas paredes, azulejos brasileiros e um painel com o

mapa rodoviário do estado de São Paulo. No meio do percurso, é possível ver a Rodovia dos Imigrantes e depois as cidades da Baixada Santista e Cubatão. Em sequência, aparecem as Ruínas do Pouso. São ruínas de alvenaria de pedra que abrigava funcionários durante a construção dos monumentos da serra. O belvedere circular, um mirante feito em alvenaria de pedras e tijolos de formato circular, de onde se podia avistar o litoral, mas hoje só tem olhar para mata atlântica.

Outro é o Rancho da Maioridade, que servia como ponto de descanso e reabastecimento durante a viagem entre São Paulo e Santos. No lugar do mirante havia uma estrada, por onde era feito o transporte de cargas. “O caminho ainda tem uma surpresa, caso o tempo esteja bom, o visitante também poderá conhecer o paredão do Lorena,

que é uma torre de observação que permite em dias de tempo bom, visualizar a baixada santista além de toda a paisagem que a Mata Atlântica oferece na região da Serra do mar. ”, comenta, Aline Rezende, assessora de imprensa do parque Caminhos do mar. No trajeto não há lanchonetes ou restaurantes por isso é necessário levar um lanche.

Mais informações no site: www.parqueestadualserradomar.sp.gov.br

Das periferias para as pistas: conheça o skate solidário

Programa funciona desde 2006 e atende cerca de mil crianças e adolescentes por mês nas comunidades das zonas Leste e Sul de São Paulo Beatriz Simonelli |beatriz_fernandessimonelli@hotmail.com Bruna Diniz

Vitor Diniz faz mabobras de skate ensinadas durante aulas Júlia Mirelly Almeida, 11 anos, teve a oportunidade de participar de aulas de skate gratuitas e descobrir seu amor pelo mundo do esporte. “O skate Solidário mudou minha vida! Cai muitas vezes, mas os professores

não me deixaram desistir! E desde então comecei a praticar outros esportes na escola. Hoje, eu tenho até medalhas de competição de skate!”, conta a menina que construiu grande admiração pelos seus instrutores Jhonathan Morei-

ra e Nhatan Lima da unidade Jambeiro em Guaianases. O projeto Skate Solidário, criado por Marcelo Indio, é desenvolvido em nove unidades do CEU (Centro Educacional Unificado) das Zonas Sul e Leste da Cida-

de de São Paulo e dispõem de equipamentos específicos para a prática do esporte, em que são ensinados os fundamentos do esporte, conceitos de cidadania, socialização, convivência e fortalecimento de vínculos, melhorando o convívio social com foco no respeito e na cooperação. O instrutor de skate, Edvan Nascimento, habituado com as manobras desde os 16 anos, está envolvido com o projeto a mais de quatro anos e nunca tinha conhecido um programa como este antes de ser convidado para trabalhar na unidade de Sapopemba. “Eu não imaginava o quanto um projeto podia mudar tantas vidas e ser tão importante para as periferias e comunidades carentes de São Paulo”, comenta. Edvan ainda conta que os alunos que participam do programa desenvolvem grandes mudanças com o passar

do tempo, e não apenas nas práticas de skate, mas em questão pessoais, como a disciplina. “Muitas mães da unidade de Paraisópolis, em que fiquei por três anos, me perguntavam como eram as aulas e o que fazíamos lá. Elas me contavam percebiam as mudanças dentro de casa e ficavam impressionadas. Inclusive, vários alunos que eram desse polo, hoje estão ‘andando com suas próprias pernas’ e participam de grandes campeonatos por conta do incentivo e aprendizado que tiveram dentro do programa”, diz o instrutor. Atualmente o projeto conta com um atendimento semanal para 40 alunos, composto de três turmas, cada uma com capacidade para até 14 participantes, com disponibilização de skates, equipamentos de segurança e instrutores capacitados, com

foco na democratização e acesso ao esporte e lazer cultivando valores como respeito, dignidade, solidariedade, persistência e confiança. As aulas têm duração de duas horas e acontecem de amanhã (das 9h30 às 11h30) e à tarde (das 13h às 15h e das 15h30 às 17h30 hrs). As inscrições para o projeto podem ser feitas diretamente na unidade do CEU participante. CEU’s participantes: Aricanduva; Vila Curuçá; São Rafael; São Matheus; Parque Veredas; Rosa da China; Paraisópolis; Jambeiro – Guaianazes; Meninos – São João Clímaco. Site: www.skatesolidario.org.br Telefone: (11)3412-8808

Muay Thai é para todas as idades Jornalista fala sobre beisebol Treino na fase infantil pode trazer muitos benefícios aos pequenos Núbia Lima | nubialima52@gmail.com

O Muay Thai é uma arte marcial que ajuda a criança desenvolver maior concentração, disciplina e respeito ao próximo. A luta consiste basicamente em golpes de chutes e socos. Atualmente se popularizou por ser uma atividade física muito abrangente, vem sendo procurada por todos os públicos e principalmente o infantil. Os pais que estavam preocupados com a falta de atividade física dos filhos passaram a ver a luta como uma solução. “Em 2012 criamos a ala kids, mas no início eu era contra, porém no decorrer fui aprendendo lidar com as crianças e assim também pude influenciar em estudos, respeito e disciplina. Muitas vezes eram crianças carentes que dentro das minhas condições não pude ajudar com muito, então eu tive a ideia de vender rifas, fazer arrecadações para fornecer uniformes, acessórios ou mensalidades”, relembra Márcio Abasse, professor e mestre de Muay Thai no centro de Treinamento M. Abasse. A faixa etárias das crianças que praticam a atividade é em torno dos 7 aos 13 anos, no centro de treinamento localizado do num bairro periférico da zona leste, oferece um treino desenvolvido especificamente para a idade e

organismo, sendo divididos ro para levantar doações de em duplas com peso e idade alimentos, uniformes e equiaproximados. O desenvolvi- pamentos a esses alunos. mento das aulas visa trabaO Muay Thai é um eslhar a parte de coordenação porte que desenvolve um motora, equilíbrio e discipli- alto condicionamento físico na. O treino é mesclado com e mental, aumenta a capacibrincadeiras e gincanas, uma dade de concentração e distécnica usada para manter a ciplina se encaixando perfeiatenção e foco das crianças. tamente as necessidades do A modalidade da luta in- público infantil e juvenil. As fantil impactou o dia a dia de academias de São Paulo não muitas crianças como a de perderam tempo e estão inseDanielle Freitas é uma menina rindo a modalidade também. de apenas 12 anos – se Arquivo pessoal torna um dos destaques na equipe – durante o evento de graduação do Grupo Leões com cerca de 200 pessoas ela se destaca pela desenvoltura dos movimentos. Enfrentou e superou uma internação por meningite, “a luta tem feito muito bem para a Dani, hoje temos orgulho em dobro por ela”, conta Claudene Freitas, mãe da menina. Além do esporte, competição e benefícios físicos há um serviço social prestado pelo equipe Grupo Leões – um dos maiores em São Paulo – que acolhe crianças desfavorecidas que poderiam estar na Danielle, rua promovendo eventos e sorteios pelo bairlutadora mirim

Igor Feliciano | igorjnf@hotmail.com

Arquivo pessoal

Aos 28 anos, Ubiratan Leal nasceu e cresceu na cidade de São Paulo, onde se formou em Jornalismo na PUC-SP. Profissionalmente já trabalhou nas editoras do Diário do Grande ABC, Pini, Agência Placar, site e revista Trivela, revista Nova Escola e ESPN, onde atualmente é comentarista de beisebol. Ubiratan: Expressão: Como e quando foi o seu primeiro Na verdade o beisebol cresceu contato com o beisebol? Ubiratan: Em 1992 fui em audiência passar as férias de janeiro na no último ano, Venezuela. Naquela época o grande proa LVBP (Liga Venezuelana blema — que Profissional de Beisebol) era tem sido muidisparado o esporte núme- to discutido no ro um do país, e como eu já Estados Unidos entendia um pouco as regras, — é a queda de porque aprendi jogando vide- popularidade do ogame, passava minhas ho- esporte entre os mais jovens. ras no hotel assistindo. Pouco Estima-se que em 10, 20 anos tempo depois, em 1995, a a modalidade tenha perdido ESPN começou a transmitir muito do público.Muita gente reclama da duração das partio beisebol norte-americano. Expressão: Por que o das, porém não acho que seja beisebol não tem oportuni- por isso, até porque o tempo dade na grade da TV aberta? médio de uma partida de beiseUbiratan: É um esporte bol é cinco minutos menor do muito longo, que não tem hora que uma de futebol americano, certa para acabar, igual ao tê- que hoje é o esporte mais ponis, por exemplo. Então fica pular. O problema é a falta de complicado de ser passado na “coisas” acontecendo ao decorTV aberta, onde o comprome- rer da partida. Existem muitos timento com as propagandas e intervalos, muito tempo entre um lançamento e outro, e hoje publicidades é grande. Expressão: O beisebol não em dia a garotada é muito imevem crescendo na mesma pro- diatista. Expressão: No Brasil, o porção que outras ligas como a NBA e a NFL. Como você que falta para que o esporte e enxerga o desenvolvimento e o a liga nacional cresçam e ganhem mais visibilidade? futuro da modalidade? Jornal Expressão

Ubiratan: Hoje não podemos dizer que existe uma liga nacional, mas sim alguns torneios espalhados pelo país, como a Taça Brasil. Mas liga mesmo, que preencha todo o calendário esportivo, não existe. Para mim, é preciso mudar tudo. Criar algo sério, profissional. Por que os times não tentam se relacionar diretamente com a cidade onde residem para criar um vínculo? Ai poderiam pedir ajuda da prefeitura, tentar patrocinadores locais, gerando uma boa renda. Assim, conseguiriam contratar jogadores cubanos, venezuelanos. Isso faria com que o nível técnico, a competitividade e a visibilidade aumentassem muito.


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