ILUSTRAÇÃO DIGITAL:
História e papel no design
Uma breve história sobre a ilustração digital e foco direcionado a um pequeno recorte sobre a influência da ilustração infantil e da pixel art no meio digital.



Já parou para pensar no poder imenso da visualização? O mundo é cheio de elementos visuais e eles têm um impacto muito particular em cada indivíduo, moldam boa parte do entendimento humano e estão diretamente relacionados ao contexto em que estão inseridos.

Como surgiu a ilustração digital:

A arte digital surgiu após a segunda guerra mundial ganhando seu auge nos anos 60, quando se iniciavam pesquisas relacionadas a algoritmos e computadores. Uma das primeiras pessoas que experimentaram criar imagens digitais em computadores foi Michael Noll em 1962. Ele criou imagens com padrões através de algoritmos matemáticos. A ilustração ganhou força no início dos anos 80 com o surgimento da Adobe (grande responsável pelos softwares mais
utilizados no mundo do design atualmente) que desenvolveu os primeiros softwares de manipulação de imagens e desenhos digitais. Logo em seguida foram surgindo o Corel DRaw e o paint (que foi um facilitador do acesso a ilustração digital, pois sempre estava disponível em todos os computadores gratuitamente). E desde então a ilustração digital foi crescendo e se tornando famosa e muito utilizada até os dias de hoje onde 99% de todo o material digital utiliza material ilustrativo. Plataformas como o instagram são repletas de material voltado ao marketing onde elementos gráficos como cards, stories e reels oferecem diversos formatos para que o design ilustrativo se propague e chegue aos olhos e ouvidos de diversas pessoas pelo mundo. E não para por aí, as ilustrações digitais têm sido amplamente utilizadas em produtos impressos, tanto pela sua praticidade quanto pela precisão, além da vetorização de imagens, que permite manipulação sem perda de qualidade.


Direcionada para o público infantil, esse tipo de ilustração dá vida a uma história e requer cuidado redobrado, já que fará parte da formação básica do repertório dos leitores. Dentre as diversas possibilidades que essa área permite, transformar formas não tão complexas com luz e sombra, texturas e uma paleta cromática muito bem escolhida parecem mágica!

Como fazer?

Primeiramente, é preciso destacar a importância de conhecer e dominar o software utilizado. O Illustrator, da Adobe, é uma excelente pedida para criar vetores, digitalizar imagens, por outro lado o InDesign é ótimo para a diagramação.
E, diferente do sistema de cores utilizado em arquivos com finalidade digital, para impressos, deve-se utilizar o sistema CMYK (ciano, magenta, amarelo e preto, em inglês).

Softwares recomendados




O que é CMYK?


Ciano, magenta, amarelo e preto compõem o sistema de cores-pigmento denominado CMYK, ideal para produções impressas, como livros, revistas, panfletos, e outros!
Por meio da sobreposição das primeiras três colorações, são formadas uma infinidade de outras e, quanto mais sobreposições, mais escura tonalidade produzida.

Nesse universo, os ilustradores devem estar atentos à faixa etária, já que abrange desde recém-nascidos até pré-adolescentes.


Dos 0 aos 3 anos, por exemplo, características interativas são muito bem vindas, já que a leitura não será feita pela criança, que estará em fase de desenvolvimento motor, sensorial e cognitivo.


Dos 3 aos 6, é interessante que as ilustrações tenham efeito de storytelling, pois é o momento em que as crianças começarão a ter autonomia na leitura.


Enquanto isso, na faixa dos 7 aos 10 anos, lida-se com leitores independentes, capazes de consumir maior conteúdo textual, de modo a possibilitar uma redução no destaque das ilustrações mas, ao mesmo tempo, aumentar sua complexidade.





O que é pixel art?

É um estilo ilustrativo feito com o menor ponto de uma imagem digital utilizando um formato geométrico quadrado (o pixel). A pixel art é mais utilizada no desenvolvimento de games, concept art e, recentemente, na produção de NFT’s (que são símbolos eletrônicos que representam um bem considerado único). A pixel art ficou famosa em meados dos anos 70 e se consagrou nos anos 80. Na época, foram desenvolvidos jogos que na contemporaneidade são clássicos como pac man, toda a linha de jogos do super mario, sonic, entre outros.

Como funciona?

Mas como funciona a pixel art nas telas? Cada pixel é composto por um conjunto de três pontos, sendo eles verde, vermelho e azul (o famoso RGB) onde cada um deles é capaz de reproduzir 256 tonalidades de cores diferentes no monitor (que equivale a 8 bits) e combinando tonalidades dos três pontos é então possível exibir pouco mais de 16.7 milhões de cores diferentes (exatamente 16.777.216). Em resolução de 640 x 480 temos 307.200 pixels, a 800 x 600 temos 480.000 pixels, a 1024 x 768 temos 786.432 pixels e assim por diante
O que é RGB?


O sistema de cores RGB é usado nos objetos que emitem luz como, monitores de computador e televisão, as câmeras digitais, o scanner, entre outros.
As cores são obtidas através das misturas das três cores primárias, em quantidades determinadas. Cada uma das cores obtidas estão numa escala que varia de 0 a 255. Quando a mistura das três cores está no valor mínimo (0, 0, 0), o resultado é a cor preta. Quanto está no máximo (255, 255, 255), resulta na cor branca.








Pixel no mercado

Recentemente, a busca pela pixel art em projetos de games, elementos gráficos e até ilustrativos vem crescendo. Não somente pelo custo benefício em relação à outros meios (arte 3D e ilustração digital) mas também pelo seu estilo bem característico. Muitos programadores buscam pelo toque nostálgico dos games antigos. Os games pokémon yellow, super mario world e street fighter são algumas das principais referências quando se trata de clássicos. Cada um deles tem características muito marcantes. O Pokémon yellow, por exemplo, apresenta um design de pixel minimalista, onde a densidade de pixels é baixa porém objetiva. Já o super mario world apresenta uma densidade maior e cores extremamente vibrantes tornando mais nítida a identificação de seus elementos. O street fighter é famoso por ser o game mais elaborado para sua época pois carrega uma densidade de pixels muito pesada onde os detalhes realistas são muito valorizados tornando a animação e ambientação do game mais fluida.


Pixel na atualidade

Mas não é apenas de games que se desenvolve o mercado de pixel art, os NFT’s surgidos recentemente carregam fortemente em seu comércio o material pixelizado. Desde animações à ilustrações simples ou elaboradas, o NFT carrega uma diversidade de pixels em seu acervo.
Um dos exemplos mais famosos é o de um garoto de 12 anos morador de Londres que ganhou em torno de dois milhões em NFT’s com uma coleção de baleias pixeladas chamada weird whales.
A pixel art também se encontra no mercado de design gráfico pois, atualmente, a ela anda de mãos dadas com o desenho (ou ilustração digital), pois ambos percorrem os mesmos mesmos caminhos nos sentidos gráficos do design. Ambos ilustram, ambos ornamentam, ambos conceituam, ambos se materializam em objetos fixos e até mesmo em produtos industriais.











O amor a cultura japonesa tem ganhado cada vez mais espaço no Brasil e se tornou uma influência para muitos ilustradores e autores.

Influência dos mangás e animes no Brasil

A popularidade dos animes (Animações japonesas) e mangás (HQ’s japonesas) no Brasil, se iniciou nos anos 90, com a exibição de séries como “Cavaleiros do Zodíaco”, “Dragon Ball” e “Sailor Moon” n televisão brasileira.
Essa devoção aos quadrinhos japoneses fez com que surgisse um grupo de ilustradores e autores, que passaram a produzir seus trabalhos no estilo mangá.
O que é Mangá?

“Mangá” significa originalmente “desenhos irresponsáveis” e foi popularizado pelo artista Hokusai Katsushika. São histórias em quadrinhos japonesas que possui características marcantes que o difere das demais, como a forma de leitura, publicação, diagramação e traços nos desenhos dos personagens.



Características dos mangás

Uma das principais características do estilo mangá são os olhos grandes e expressivos, podendo ser largos, estreitos ou amendoados e com cores variadas. Os formatos mais arredondados e grandes, podem expressar certa ingenuidade, pureza ou jovialidade, enquanto os mais estreitos expressão seriedade e gênio forte.

Outras características predominantes são o queixo pontudo e arredondado, e o cabelo estilizado com formas variadas e cores vibrantes. Os mangás contam também com elementos metalinguísticos como linhas de velocidade, grandes onomatopeias, enquadramentos dinâmicos e impactantes, entre outros.



O mangá que conhecemos hoje, foi influenciado e popularizado a partir do grande Ozamu Ezuka (1928-1989), desenhista responsável por criar histórias como Astro boy e A princesa e o cavaleiro.

Mangás no Brasil

Atualmente é possível encontrar diversos mangás e até mesmo animes criados em solo brasileiro. A influência da cultura pop japonesa é tanta que alcançou a mais aclamada obra brasileira, a Turma da Mônica. Em 2008, a Maurício de Sousa produções começou a produzir a Turma da Mônica Jovem com estilo de publicação baseado em mangás.

Animes brasileiros


“Holy Avenger” que é uma saga épica de fantasia, com roteiro de Marcelo Cassaro e arte de Erica Awano é um dos maiores quadrinhos brasileiros de todos os tempos.



“Crianças, pirulitos, ping pong… e um pouquinho de drama, só para finalizar.” É assim que Fabricio define o seu mangá. Escrito e desenhado por Fabricio Pereira, comhecido pelo nome artístico Hataoh.



O mangá Lampião, tem arte de Heitor Amatsu e roteiro de Carlo Eduardo. O quadrinho conta a “verdadeira história” do rei do cangaço, misturando as lendas com horror sobrenatural. Criada por dois nordestinos, a obra ficou entre os mais vendidos e superou mangás populares como Demon Slayer.


‘Magma’ é uma animação 100% brasileira criada pelo conhecido Robson Menezes dos Santos. Sendo desenvolvido desde 2015, mas ainda sem data para lançamento.
No game No Life é uma adaptação da light novel do brasileiro Thiago Furukawa Lucas (conhecido no exterior como Yuu Kamiya) que estreou em 2014.






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Nikita
Pixel artista europeia, costuma trabalhar com uma grande quantidade de pixels seguindo um aspecto minimalista e utiliza paletas de cor não muito saturadas confortáveis aos olhos.

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Ilustradora brasileira especializada em livros e estampas infantis.

Bruno Darwich
33 anos, ilustrador de Belém/PA. Cria ilustrações no estilo chibi e está produzindo a webcomic “O Caminho das Flores”.