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São Paulo, 25 de fevereiro de 2014.
Racismo no local de trabalho O jogador Tinga entrou no segundo tempo da derrota do Cruzeiro para o Real Garcilaso, do Peru, no último dia 12. A cada vez que tocava na bola, a torcida reproduzia sons de macacos - apesar de lamentável, o episódio não foi novidade, ele já havia sido vítima de racismo quando jogava pelo Internacional. A resposta do meio-campista foi altiva e ao mesmo tempo singela: “Eu queria, se pudesse, não ganhar nada e ganhar esse título contra o preconceito. Trocava todos os meus títulos pela igualdade em todas as áreas”. O racismo tem se manifestado em diversos momentos da história do futebol e os que mais sofrem quando um jogador é vítima da intolerância são seus familiares. Em entrevista, o jogador Tinga disse que o que realmente o abalou foi saber a reação do filho, que chorou bastante e não quis ir à escola no dia seguinte. O Ministério da Cultura peruano, em nota divulgada no dia 13 de fevereiro, condenou os atos de racismo praticados em seu país contra o jogador, renovou seu compromisso contra a luta étnicoracial e chamou a Federação Peruana de Futebol e a Associação Desportiva de Futebol Profissional a renovar seu compromisso e divulgar a campanha: Coloque-se alerta contra o racismo. O que ocorreu no Peru indignou grande parte da sociedade brasileira, onde também existe racismo, apesar da hipocrisia de alguns que insistem em negar este fato, assim como existe no Peru e em outros lugares. O Brasil concentra a maior população afrodescendente fora da África, e mesmo assim negro continua sendo o maior alvo da violência, entre elas, a desigualdade no mercado de trabalho. É lastimável que manifestações racistas ainda ocorram nos dias atuais, e não apenas no futebol. Convivemos com a desigualdade entre negros e brancos e muitos pensam que é fruto somente de um problema social, não do preconceito, o que legitima que o preconceito se mostre em nosso cotidiano. Mas esta teoria da igualdade racial em nosso país é desmentida por casos como os que ocorreram no início do mês e que foram amplamente noticiados. No primeiro caso, durante uma pane em um ônibus em Taguatinga, uma cobradora foi chamada de negra ordinária e preta safada. A passageira que a ofendeu ainda completou que não adiantava ligar para a polícia para denunciá-la porque, segundo ela, a polícia não vem para preto. Rua Caetano Pinto, 575 – Brás, São Paulo/SP - CEP 03041-000 Tel.: (11) 2108-9200 – Fax: (11) 2108-9310 – cut@cut.org.br – www.cut.org.br