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ESCOLA SECUNDÁRIA EMÍDIO GARCIA 2ª Edição ANO LECTIVO 2010/2011

LICEU

A FESTA DO TEATRO Divinal ajuda contra a crise pg 17

Obras avançam em bom ritmo Sala modelo concluída no prazo previsto (pg. 3)

QUÍMICA PELA SEGUNDA VEZ Aluno na ESEG entre os dez melhores a nível nacional nas Olimpíadas de Química. (pg 6)

ACTIVIDADES CONCURSO NACIONAL DE LEITURA Ana Margarida Gomes, do 9º A, ficou bem classificada na sessão nacional do dia 21 de Maio, realizada em Lisboa. (pg 13)

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA O UMBIGO DA TERRA AQUI TÃO PERTO A designação que é dada à aldeia de Morais deve-se ao facto de, nesta área, ser possível observar vestígios dos antigos continentes. (pg 14)

Aspecto das novas instalações que alunos e professores passarão a utilizar no próximo inverno

DESPORTO MAIS UMA VEZ CAMPEÕES Sucesso no torneio de basquetebol/ Compal Air, onde quatro equipas da escola ficaram classificadas em 1º lugar, uma em segundo e outra em terceiro. (pg 19)

PARLAMENTO JOVEM Equipa da Emídio Gracia foi vencedora no distrito A participação da escola no concurso atingiu, este ano, o ponto mais alto com a escolha das propostas da equipa do ensino secundário (pg 25)

CRÓNICA MANUEL TEIXEIRA GOMES

1º PRÉMIO para aluna de Artes em concurso inspirado na Obra de Graça Morais

Algarvio, escritor e Presidente da República, estava farto do país e retirar-se-ia para não mais regressar, na manhã de 17 de Dezembro de 1925. (pg 27) Distribuição Gratuita


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Escola Secundária Emídio Garcia | 2ª Edição 2010 / 2011

EDITORIAL

EDITORIAL Aqui fica a segunda edição neste ano lectivo do “Liceu”, um segundo passo que poderá levar-nos à consolidação de um projecto que, reconhecidamente, tem condições para mobilizar toda a comunidade educativa da Escola Secundária Emídio Garcia, em torno de um espaço de informação, de reflexão séria, de discussão que ilumine opções, aberto à criatividade literária e plástica, mas também ao que as novas possibilidades de expressão trazem de inovador e aventuroso aos dias do resto das nossas vidas. A equipa de coordenação do jornal já conseguiu uma maior participação de alunos, mas ainda não foi desta que trouxemos, como pretendemos, abordagens de outros protagonistas, como é o caso dos encarregados de educação, dos funcionários e também dos que, na comunidade envolvente, se interessam pela instituição e lhe reconhecem um papel decisivo na vida da cidade e da região. Em tempo de grande remodelação, naturalmente quisemos trazer a informação mais substancial sobre o decurso das obras, a forma como os órgãos da escola as têm acompanhado em permanência e o funcionamento das instalações provisórias. No entanto, isso não impediu que as múltiplas actividades, realizadas desde Fevereiro, estejam em destaque, nomeadamente a participação de elevado nível em iniciativas da própria escola ou de outras instituições da cidade. Alunos da escola continuam a atingir níveis de grande sucesso no âmbito nacional e perspectivam-se novas participações de carácter internacional, nomeadamente na área da química onde, mais uma vez, poderemos ter uma aluno da escola no mais alto patamar das Olimpíadas da Disciplina. A escola está voltada para todos e a maior satisfação seria que exemplos como este se tornassem uma tradição, o que nos elevaria à condição de instituição vocacionada para a excelência no que respeita à formação dos futuros cidadãos desta terra e do mundo. Divulgação científica, reflexões sobre a arte e a literatura e análises de questões sociais continuarão a ser os elementos substancias que queremos trazer em cada nova edição. Esperamos que todos, alunos, professores, e restantes membros da comunidade escolar se empenhem numa participação de qualidade nas próximas edições, de modo a não deixarmos que a publicação se torne num monótono repositório entediante de relatórios vagos, impessoais e replicados até à exaustão, com algumas páginas onde são vertidos, sem critério nem selecção, amontoados de manchas gráficas sem real impacto em quem os vier a ler ou, simplesmente, papéis destinados a revoar até aos cantos esconsos do esquecimento. A edição on-line, já lançada em Fevereiro, terá agora continuidade, com a colaboração inestimável do professor Joaquim Paulino, empenhado coordenador das TIC que, felizmente, está recuperado “para o que der e vier”, de um sobressalto que, pelo Carnaval, o levou às mãos de médicos deste país que realizaram, também eles, obra de monta, pondo-o novinho em folha. Nunca será demais agradecer o empenhamento, a disponibilidade e a capacidade criativa da professora Ana Moreno, que concebeu e dá corpo ao grafismo do jornal, generalizadamente considerado de alta qualidade, assim como aos professores Adriano Valadar e Ana Cortinhas que, não sendo dos quadros da escola, deram ao jornal muito do seu tempo e da sua capacidade de trabalho. TEÓFILO Vaz

FICHA TÉCNICA 2ª Edição de 2010/2011 - Distribuição Gratuita Propriedade da Escola Secundária Emídio Garcia

LICEU - Jornal da Escola Secundária Emídio Garcia Morada: Rua Eng. Adelino Amaro da Costa, Bragança Número de depósito legal: 327700/11 Coordenação: Teófilo Vaz, Adriano Valadar, Ana Moreno e Ana Cortinhas | Design gráfico: Ana Moreno Colaboração: Direcção da Escola, professores, alunos, funcionários e encarregados de educação | Créditos fotográficos: Ana Moreno, Fernando Cordeiro e Stock.xchng Impressão: Casa de Trabalho | Nº de exemplares: 1000

Celebração Pascal Renovado momento de reflexão e partilha

D. António Montes Moreira, presidiu à concelebração TEÓFILO Vaz

A festa da Páscoa celebra-se na escola há várias décadas, constituindo um dos momentos de reflexão e partilha em cada ano lectivo, um sinal que relembra as fragilidades da condição humana, num tempo de generalizada soberba, alimentada pelas vertigens ilusórias da tecnologia cujos mentores teimam em querer convencer-nos que o caminho de Fausto, o lendário alquimista medieval, estará prestes a consumar-se na definitiva revelação dos segredos da matéria, da vida e da eternidade. A celebração tem contado geralmente com a presença do prelado da diocese, desde que o anterior titular, D. António Rafael, considerou de grande importância tal participação da vivência da comunidade educativa. O actual bispo, D. António Montes Moreira, que ascendeu recentemente à condição de emérito, continua a honrar com a sua presença esta

festa, contribuindo com a serenidade da sua palavra para reflexões indeléveis sobre os desígnios da humanidade, mas também da integração das inquietações de cada um dos membros desta comunidade educativa. No dia 7 de Abril, quando a escola iniciava um período de profunda renovação material, a celebração escolar da Páscoa teve por mote “enraizados em Cristo ... uma escola em construção”, procurando fortalecer a forma como a instituição vai encarar o futuro, uma proposta, afinal, de renovação de cada um, suportada num percurso de múltiplas gerações que trouxeram a escola Secundária Emídio Garcia à condição de referência fundamental para a cidade e para todo o distrito. O salão de festas está reduzido a cerca de metade enquanto decorrem as obras, o que não impediu uma participação expressiva dos membros da comunidade, dinamizada

pelo jovem professor de EMRC, Hélder Ferreira , que contou com o apoio e a boa vontade do padre Octávio Sobrinho Alves, professor jubilado deste Liceu, figura tutelar sempre requerida neste momentos de valorização da componente mais espiritual da vida da escola. A participação de alunos, professores, funcionários e restantes membros da comunidade escolar passa também pela leitura dos textos litúrgicos. Desta vez, ao ofertório, um grupo de alunos procedeu à dedicação de componentes construtivos, numa alusão feliz às obras de remodelação da escola que tinham sido lançadas no início da Quaresma. D. António Montes Moreira exortou a comunidade para a construção de um futuro que seja digno do século e meio de história da instituição e rasgue horizontes de dignidade, rectidão e solidariedade.

Escola assinalou o Dia da Europa Comemorou-se mais uma vez na nossa escola o “Dia da Europa”, que acontece anualmente a 9 de Maio. As actividades decorrentes foram dinamizadas pelo Clube da Europa da escola e contaram com diversas acções desenvolvidas pelos alunos do 7º ao 12º ano. Esta comemoração teve início no dia 5 de Maio com a realização da

“Maratona da União Europeia”, a qual teve uma grande adesão, verificada pela participação de cerca de 150 alunos. A maratona era composta por cinquenta perguntas de escolha múltipla e uma pergunta de desenvolvimento em caso de empate. No dia 9 foram entregues os prémios e diplomas de participação. Algumas turmas estiveram presen-

tes pelas 10.20 h no salão de festas, onde, para além de uma exposição de trabalhos e cartazes realizados, alusivos ao dia, assistiram ainda à apresentação de um vídeo e um power point que expuseram aspectos importantes, estatísticas, curiosidades acerca da União Europeia.


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DESTAQUE

Obras avançam em bom ritmo Corpo central, novo pavilhão de laboratórios e cantina crescem diariamente

Vista geral das obras de remodelação

Duas perspectivas da sala modelo

TEÓFILO VAZ

À medida que os dias passam, consolida-se a perspectiva de iniciarmos o ano de 2012 com a reinstalação das actividades escolares no edifício já remodelado e equipado. De facto, o ritmo de desenvolvimento dos trabalhos não parece querer abrandar, mobilizando já mais de sete dezenas de trabalhadores em permanência e com a maquinaria a ranger em pleno. A sala modelo já foi concluída, para apreciação das entidades interessadas, podendo agora sofrer aperfeiçoamentos, caso sejam detectados alguns constrangimentos. Entretanto, as instalações provisórias têm permitido um funcionamento com normalidade tendo em conta a adaptação de todos e a capacidade de encarar com boa vontade o tempo, que se espera curto, de transição para o liceu renovado.

A meio de Março tiveram oficialmente início as obras de remodelação do Liceu. Dois meses volvidos, a intensidade dos trabalhos suporta boas expectativas relativamente ao cumprimento dos parzos estabelecidos e à retoma da normalidade na generalidade das actividades escolares, no início do 2º período do ano lectivo 2011/2012, com excepção de educação física e práticas desportivas, O corpo administrativo e futura biblioteca, com os pilares em crescendo quotidiano, vai impondo o seu perfil como marca de um novo ciclo do Liceu, que está quase a completar 158 anos. O novo bloco paralelo à ala poente do edifício, facilmente observável a partir do exterior, demonstra tratarse de uma obra com condições estruturais que darão garantias de longa vida, tendo em conta as características dos materiais e as técnicas construtivas utilizadas. Ao mesmo tempo a nova cozinha/cantina/bar já atingiu a fase de cobertura do “esqueleto”, enquanto

equipas de trabalhadores formigam pelos corredores e salas dos blocos originais, preparando o espaço para as novas roupagens, as melhorias no conforto, a qualidade sonora e a prometida panóplia de meios técnico/ didácticos.

Sala modelo pronta O contrato entre parque escolar e o consórcio a que foi adjudicada a obra estabelecia que, em Maio, deveria estar disponível, para observação pela comunidade, uma sala modelo. A respectivas obras ficaram concluídas na sexta-feira dia 13 de Maio e, assim, já foi possível trazer para este jornal o aspecto que terão as novas instalações que alunos e professores passarão a utilizar no próximo inverno. O isolamento térmico deverá atingir altos níveis de eficácia, visto que todo o edifício será recoberto com placas isoladoras de 15 cm e as janelas serão estanques, com vidro duplo. As condições de comunicação bene-

ficiarão de mais tranquilidade por via da insonorização relativamente ao exterior e não será necessário que os docentes esforcem as cordas vocais tendo em conta os meios de equilíbrio sonoro que serão instalados. Quadros brancos e projectores fixos equiparão todas as salas, enquanto cerca de um terço disporá também de quadro interactivo. Para acompanhamento das obras foi constituída uma comissão que integra o director, o presidente do conselho geral, um representante dos funcionários, um representante dos alunos, o presidente da associação de pais e encarregados de educação e um técnico, indicado pelo município, que tem participado nas reuniões mensais com responsáveis da empresa Parque Escolar, representantes das empresas que constituem o consórcio e da empresa que fiscaliza as obras. As reuniões têm servido para analisar problemas detectados, para encontrar métodos adequados de solução, assim como para obter in-


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DESTAQUE formações sobre o cumprimento dos calendários, os processos construtivos e o equipamento que será instalado. A disponibilidade para a reflexão séria e a discussão leal sobre questões diversas tem caracterizado esta relação institucional, permitindo fazer chegar aos decisores expectativas legítimas relativamente a possibilidades de adaptações pontuais que se mostrem úteis ou necessárias. Por outro lado, a Parque Escolar tem mantido contactos mais intensos com a direcção da escola e o conselho geral para ter em conta outros aspectos, nomeadamente no que respeita ao mobiliário a instalar e à renovação e preservação da biblioteca clássica, principalmente da estanteria, que já foi deslocada para total recuperação. Os contactos permitiram alertar os responsáveis da empresa pública e da equipa projectista relativamente à necessidade de preservar dignamente a memória do pórtico do edifício,

uma referência marcante na cidade, nas últimas quatro décadas. Quando há cerca de um ano e meio, foram apresentadas as linhas fundamentais do projecto tentou-se que o pórtico pudesse ter uma relocalização adequada ao seu simbolismo. Para isso, responsáveis da escola avançaram propostas junto da equipa projectista. Algum tempo depois foi apresentada uma solução que passaria por rebater o pórtico, com todas as componentes, no pavimento, ao cimo da nova escadaria, prática usada com generalizada aceitação em várias situações semelhantes pelo mundo fora, nomeadamente nesta nossa Europa que constrói o futuro, sem renegar o legado de uma história milenar. Depois de um novo contacto com responsáveis da Parque Escolar, ficou a promessa de inventariação de outras possibilidades por parte da equipa projectista, nomeadamente na vertente paisagística, de modo a que se venha a garantir que a cidade

Entretanto, o pórtico foi desmontado, peça a peça, todas elas numeradas para garantir a sua utilização integral, qualquer que seja a solução decidida.

Preparação do rebaixamento do pavimento do piso térreo

Fundações do corpo central

Fundações do novo corpo de laboratórios

Nova cantina já em fase de cobertura

se reveja na solução que vier a ser encontrada. Entretanto, o pórtico foi desmontado, peça a peça, todas elas numeradas para garantir a sua utilização integral, qualquer que seja a solução decidida. Os trabalhos em desenvolvimento contam a participação de alguns subem preiteiros sedeados na cidade, o que constitui um contributo significativo para a dinamização das actividades económicas locais. As obras tem decorrido sem provocar constrangimentos de monta, revelando que a alteração do faseamento, que contou o aval da direcção da escola e do conselho geral, constituiu um opção acertada, tendo em conta a tranquilidade necessária para que as actividades lectivas e o quotidiano dos alunos e restantes membros da comunidade não fossem objecto de perturbação. Os acessos às instalações provisórias e as condições de estacionamento, por enquanto, não parecem

ter acarretado problemas especiais, embora se verifique alguma confusão às horas de entrada e saída, muitas vezes resultante de comodismos que poderiam ser menos exuberantes, num período em que o respeito democrático pelos direitos de todos e a assunção das responsabilidades de cada um deveriam ser praticados com empenho e determinação.


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DESTAQUE

A Opinião dos interessados Toda a comunidade escolar foi afectada com estas mudanças, porém a alternativa Na secretaria apertados mas diligentes

A biblioteca não sentiu a diferença

revelou-se bastante funcional. Todos estão cientes que este é um “sacrifício” que têm que aceitar e a expectativa em relação à nova escola é muita CAROLINA ALVES | JOANA BAPTISTA | 12º F

Corredor das instalações provisórias

Instalações provisórias O carnaval tardio deste ano não foi tempo de folia para alguns membros da comunidade escolar, que se fartaram de trabalhar para que, na quinta-feira, cinzas passadas, as actividades da escola pudessem ser retomadas, sem perturbação, nas instalações provisórias. A montagem dos pavilhões decorreu num tempo curto, sob a responsabilidade do consórcio que realiza as obras de remodelação. Naturalmente, nos primeiros dias foram-se detectando algumas necessidades de intervenção para corrigir opções menos adequadas, o que conduziu à substituição de escadas de acesso aos pisos superiores, garantindo melhores condições de segurança, assim como à instalação de placas de aglomerado de madeira para atenuar o ruído que as deslocações provocavam nos corredores metálicos. Deste então, a vida escolar foi retomando as suas rotinas e as actividades funcionam com a esperável normalidade. As protecções que evitam as circulações de ar nos corredores, instaladas algum tempo depois, também se

Aspecto exterior das instalações provisórias

revelaram eficazes, permitindo que os funcionários possam circular sem incómodos de maior, dando resposta adequada às solicitações e ao cumprimento das funções que lhes estão atribuídas. No que respeita aos espaços cobertos previstos, foram objecto de ponderação pelos órgãos de gestão, que decidiram não instalar a cobertura no espaço aberto entre os pavilhões de salas de aula, duplicando o espaço coberto junto ao ginásio. Assim se garantiu mais luminosidade nas salas e também um espaço aberto ao sol, ao mesmo tempo que se proporciona um espaço contínuo com sombra e protecção da chuva, com capacidade para centenas de alunos. Todos estes espaços foram concretizados em estreita cooperação com os responsáveis do consórcio, que têm demonstrado sempre disponibilidade para colaborar na procura de soluções que melhorem as condições das instalações provisórias. Isso mesmo se verificou relativamente aos efeitos do encharcamento de água, em dias de chuva, na entrada, junto à secretaria e à direcção, que foi resolvido com um pavimento de betão, proporcionando significativas

melhorias para quem trabalha ou se desloca à escola. Com Maio a mais de meio, vai-se sentindo que as salas, especialmente as mais expostas ao sol, são propensas ao calor, requerendo uma utilização intensa dos aparelhos de ar condicionado com que estão apetrechadas. De qualquer modo, no tempo em que o problema se há-de tornar mais notório, as actividades lectivas estarão interrompidas e, quanto aos exames, há soluções que passam pela utilização das salas do piso térreo, que estão protegidas do sol pela árvores. Não se perspectivam, por isso, nenhumas dificuldades para a realização dos exames nacionais. Os serviços administrativos, são provavelmente, nesta condições, os que dispõem de menos espaço, mas os funcionários têm sabido adaptar-se, continuando a garantir o funcionamento eficaz dos serviços, tanto no plano interno, como na relação com os utentes. A biblioteca/centro de recursos, instalada em parte do salão de festas e no respectivo palco, deu, com toda a naturalidade, continuação às suas múltiplas actividades.

Em meados do segundo período uma nova etapa era iniciada. O edifício de referência não só para o corpo escolar, mas para a cidade e as suas gerações foi desocupado e substituído por um aglomerado de contentores que funcionam agora como salas de aula e não só. Como primeiras impressões, teríamos a destacar o excesso de metal e grades que poderiam apresentar-se como prováveis assassinos de criatividade ou alegria. Porém, rendidos às boas condições de que dispõem, os alunos agora apenas se queixam da falta que faz um campo de futebol e da confusão que ainda sentem quando procuram as salas. É preciso ainda realçar as dificuldades que os alunos de artes sentem devido à falta de espaço ou ferramentas próprias. Quanto aos docentes, a satisfação é geral. Aqueles que se sentem mais atingidos são os da disciplina de Educação Física que dispõem agora de pouco espaço, algo vital para esta disciplina prática, e que desta forma se vêm obrigados a procurar alternativas como levar os alunos para fora da escola. Os funcionários estão contentes com a alteração. Achamos nós, que já tivemos a oportunidade de ver as suas novas instalações, que ficaram favorecidos na troca e que poderiam encarar esta situação como uma recompensa por aturar 800 adolescentes e pré-adolescentes com as hormonas aos saltos. Os pais sentiram-se inicialmente apreensivos quanto à opção de colocar contentores sobre contentores e à segurança (ou falta dela) que isso significaria. Outro dos problemas por eles levantado e ao

qual estão directamente ligados, é o trânsito caótico e a confusão que se gera nas horas de ponta – entrada e saída dos alunos. Quanto à comunidade exterior, o trânsito da cidade não foi muito afectado, já que esta não é uma zona muito movimentada. Contudo, com o fim de aumentar a segurança e funcionalidade, a Câmara ouviu o pedido da Escola e a rua em frente ao portão tem agora apenas um sentido. Também em frente ao portão fica o café Caravela que muito tem lucrado com esta alteração, ao contrário do quiosque do Sr. Camilo. Já menos contente ficou o Sr. Bispo quando viu os seus jardins invadidos por jovens e as suas agitadas hormonas. Toda a comunidade escolar foi afectada com estas mudanças, porém a alternativa revelou-se bastante funcional. Todos estão cientes que este é um “sacrifício” que têm que aceitar e a expectativa em relação à nova escola é muita. Contudo ainda existe alguma nostalgia por abandonar um edifício que era tão carismático. Para acabar, e já que estamos a falar em mudanças, gostaríamos de salientar o aumento do número de croissants no bar, que coincidiu com a chegada da nova e temporária escola. Achamos que já era hora desta transformação e, como alunas do 12º ano, lamentamos que não tenha acontecido mais cedo.


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ACTIVIDADES

Olimpíadas

Química para um mundo melhor

da Química Pela 2ª vez aluno da ESEG entre os 10 melhores

ALUNOS DO 11º ANO NO CONCURSO “SE EU FOSSE... CIENTISTA” CRISTINA FOLGADO

ADRIANO VALADAR *

Após terem vencido a fase distrital, os alunos Ricardo Rodrigues, Telma Moreno e Joana Piloto, participaram na etapa regional que se realizou, desta vez no Porto, na Faculdade de Ciências, mais propriamente no departamento de Química, no mês de Março. Os alunos realizaram, em grupo, uma prova teórica, tendo-se classificado em primeiro lugar, numa competição que reunia 40 escolas de toda a região Norte, ficando, naturalmente, apurados para a fase nacional. A etapa nacional teve lugar a 7 de Maio, na Universidade de Aveiro. A competição integrava, uma prova teórica de manhã, e outra, prática, à tarde. Os alunos concorreram de forma individual, tendo ficado apurados os 10 primeiros para uma possível participação nas Olimpíadas Internacionais de Química, que se realizarão nos Estados Unidos em 2012. O aluno Ricardo Rodrigues, com todo o mérito, faz parte desse grupo de vencedores, podendo vir a repetir a notável participação de Jorge Pedro Nogueiro que, em Agosto passado, arrebatou uma menção honrosa na competição que teve lugar no Japão.

No próximo ano lectivo deslocarse-á periodicamente à Universidade de Aveiro para receber uma preparação específica. Em Abril de 2012, realizar-se-á uma prova que escolherá o grupo de 4 representantes de Portugal com vista à posterior etapa Internacional. Todos desejamos que o nosso aluno faça parte desse grupo. Eis o testemunho que, generosamente, o nosso aluno premiado nos deixou em relação à sua última experiência: “Saímos de autocarro meia hora atrasados, mas nem isso nos estragou a boa disposição. Chegámos ao Porto três horas depois e foi aí que apanhámos o comboio para Aveiro, onde se iria realizar a final das Olimpíadas de Química. Nesse dia ainda houve tempo para um passeio pela cidade de Aveiro e uma revisão da matéria de Química à última da hora. No dia seguinte, dirigimo-nos para o Departamento de Química da Universidade de Aveiro onde realizámos a prova prática individualmente. A prova teórica era composta por matéria que abrangia, não só o 10º e 11º anos, mas também o 12º ano, o que modificou um pouco a sua resolução para os alunos em geral.

Na parte da tarde, realizou-se a prova prática, que consistia numa titulação de oxidação, redução para determinar a concentração de etanol numa amostra de sangue.” Nesta fase final das Olimpíadas de Química, participaram 27 alunos do secundário a nível nacional. No final do dia foram divulgados os nomes dos 10 melhores a concurso, tendo o aluno Ricardo Rodrigues sido seleccionado como um dos dez melhores participantes. Satisfeitos com os resultados, partiram no mesmo dia para o Porto e depois seguiram viagem até Bragança. Parabéns a toda a equipa que participou nesta actividade proveitosa e dignificante para toda a escola, especialment à docente Célia Bento, que “treinou” com afinco alunos empenhados e dispostos a dar o seu melhor na aventura da investigação científica.

A excelência dos alunos da Escola Emídio Garcia leva, mais uma vez, o seu nome além-fronteiras. * Com o aluno Ricardo Rodrigues

Equipa da escola na fase final das Olimpíadas da Química em Aveiro

“A coisa mais bela que podemos experimentar é o mistério.” O oxigénio que respiramos, o cálcio dos nossos ossos e o flúor da nossa pasta dentífrica, tiveram origem em reacções nucleares ocorridas no interior das estrelas. De facto, todos os átomos que existem no nosso corpo, bem como todos os átomos que constituem os materiais que nos rodeiam, estiveram já, algures, na imensidão do Cosmos. Por isso, a Química é a base da vida. Podemos apreciar o seu esplendor, tanto na Natureza, como nos mais diversos produtos que utilizamos como, por exemplo, os medicamentos, os detergentes, as tintas, os pesticidas, os combustíveis, etc. O ano de 2011 foi proclamado pela Organização das Nações Unidas o Ano Internacional de Química e estabeleceu como lema: “Química para um Mundo melhor”. Esta iniciativa teve como objectivos promover o ensino da Química e proporcionar uma reflexão sobre o papel que esta tem na sustentabilidade do planeta. A turma do 11º A da Escola Secundária Emídio Garcia decidiu assinalar a sua passagem participando no concurso “Se eu fosse …cientista” promovido, a nível nacional, pela Ciência Hoje e assim homenageando o químico sueco Alfred Nobel. Num desafio à capacidade de investigação e à imaginação realizaram as três provas propostas, encontrando-se neste momento na 3º fase do concurso. Nos últimos meses, esta viajem levou-os a descobrir a personagem complexa e fascinante do químico que inventou a dina-

mite e fundou os Prémios Nobel. Puderam verificar que os heróis da ciência são trabalhadores incansáveis e persistentes, já que o sucesso na investigação não acontece facilmente. A equipa dos Termodinâmicos contou a história deste químico em três momentos cruciais da sua vida. Numa primeira prova escreveram uma “Carta aos Pais”, onde o jovem Nobel explica aos seus progenitores porque quer ser cientista. Na segunda prova, a equipa gravou um vídeo, tendo como cenário a Biblioteca Clássica da nossa Escola. Nesta prova o cientista Nobel, protagonizado por um dos elementos da equipa, vivia a angústia e a incerteza dos resultados das suas pesquisas. Por fim, e porque foram apurados para a 3º fase do concurso, os Termodinâmicos realizaram um documentário em vídeo, subordinado ao tema “Momentos de Glória”. Neste, reflectiram na última fase da vida do químico, numa altura em que ele vê reconhecido o seu trabalho e o seu mérito. A prova escrita está publicada no jornal da Ciência Hoje em www.cienciahoje.pt. As duas provas em vídeo podem ser vistas na plataforma gerida pela Fundação para a Computação Científica Nacional, em www.zappiens.pt. Satisfeitos com a viagem que realizaram e com o que já alcançaram, esperam os resultados da última etapa, certos do muito que têm ainda por descobrir. Já que, e como diria Albert Einstein, “a coisa mais bela que podemos experimentar é o mistério.”


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ACTIVIDADES

Ninguém Pelos caminhos românticos de Almeida Garrett

à PROCURA DA PEGADA ECOLÓGICA DECO ESCOLHEU EMÍDIO GARCIA PARA SENSIBILIZAÇÃO AMBIENTAL

ADRIANA LIMA 11ºC

EQUIPA COORDENADORA

Não podemos evitar a nossa história, os portugueses sempre gostaram de viajar! Há séculos atrás foram em demanda de novos mundos, há algumas décadas partiram em busca de uma nova vida. Hoje são vários os motivos da partida. No dia 24 de Março do ano da graça de 2011, também oitenta alunos e seis professores partiram pelas 06:45 horas da manhã em busca de “Ninguém”. Não sendo já as caravelas apropriadas, quer para um local como Bragança quer para qualquer outro, foram usados dois autocarros onde se acomodassem todas estas criaturas à procura de conhecimento e, embora não tenhamos enfrentado “perigos e guerras esforçados”, tivemos algumas peripécias e desencontros aos quais não serão alheios despertadores, mal-entendidos e imprecisos mapas mentais. Seriam as antigas bússolas mais exactas que os GPS de agora? Por fim chegámos e, pelas 10:30, deu-se início ao objecto principal da nossa visita – uma representação da peça “Frei Luís de Sousa”, de Almeida Garrett, pela companhia de Teatro Experimental do Porto no Auditório Municipal de Vila Nova de Gaia. A sala estava repleta de alunos vindos de outros pontos do país, alguns mais encantados com este dia fora da escola do que com o conteúdo

da peça propriamente dita. É claro que houve o burburinho ocasional, a mensagem que não se pode deixar de ler ou à qual é urgente responder. Que fariam os nossos antepassados sem todos estes meios de comunicação? Bem, talvez por isso não se tenham distraído dos pedaços de terra que no horizonte iam surgindo. Creio poder afirmar que representámos dignamente a nossa escola e a cidade tendo revelado que educação não é, ainda, uma palavra em desuso por estes lados. Mas passemos à peça. Em primeiro lugar devo dizer que não me vejo como crítica de teatro, não estou suficientemente a par de técnicas de representação, cénicas ou outros. Alguns alunos mais familiarizados com estas lides falavam em falta de ritmo e numa ou outra coisa que estaria menos bem. Eu, de qualquer forma, gostei da peça e acrescentei algo mais ao resumo e à contextualização que o nosso professor Manuel Fernandes, nos tinha já feito na aula. O momento alto da peça, para mim, foi sem dúvida a entrada de D. João de Portugal após vinte anos ausente. É chocante saber que podemos desaparecer e voltarmos sem já ninguém nos conhecer, e os que nos eram próximos terem já uma nova vida e estarem inseridos num novo ambiente. E nós? O que será de nós depois?

Este é um drama romântico onde se misturam conflitos pessoais e morais (temas como o amor, a honra, o patriotismo). Apesar de ser considerado um clássico também aborda a questão da liberdade de amar, mesmo contra as convenções sociais da época. Gostei especialmente da personagem de D. João, bem como do actor que a representou, o “Ninguém” desta história, o qual embora queira dar a entender através da sua resposta que já não é ninguém pois já nada tem (casa, pátria, esposa) é, afinal, o motor principal desta história e um ser humano que, como todos nós, é desejado por uns e causa de infortúnio para outros. Após a representação da peça rumámos, desta vez sem desvios, ao Mar Shopping onde alimentámos o corpo e onde alguns cederam à tentação do consumismo. Pelas 16:00 horas regressámos a Bragança sem dar novos mundos ao mundo, mas com um outro entendimento da obra e uma maior vontade de a avaliar. A viagem valeu também pelo companheirismo entre colegas e com os professores. Esperamos ter mostrado que somos jovens responsáveis capazes de ir numa visita de estudo sem causar traumas ou aborrecimentos a quem tem a responsabilidade de a organizar.Estamos prontos para a seguinte. Venha.

A DECO, Associação para a Defesa do Consumidor, em parceria com a o Grupo de Teatro Absurdo, têm vindo a realizar o projecto “CSI: Europa – consumo sobre investigação”, deslocando-se às escolas, com o objectivo de “sensibilização dos jovens cidadãos para a necessidade de redução do impacto das nossas acções individuais no ambiente e promoção de hábitos de consumo mais sustentáveis”. Foi neste contexto que a quinze de Fevereiro de dois mil e dez, a Escola Emídio Garcia, sempre preocupada com a cidadania activa dos seus educandos e, por conseguinte, com o desenvolvimento de reflexos que permitam reduzir a nossa mácula ecológica, aceitou a representação desta peça interactiva. A simbologia da peça seduziu o público presente na medida em que o actor principal era um urso polar, símbolo da biodiversidade e vítima, pois sofre a tentativa de homicídio por parte de todos os predadores terrestres. Uma equipa de investigadores acaba

por concluir que os criminosos deverão ser culpados e sofrer as consequências dos seus actos. A peça compreendia dois actos, no primeiro, o enquadramento é a escola, espaço onde o Urso Polar sofre uma tentativa de homicídio. As suspeitas caiem sobre os jovens que revelam hábitos de vida pouco sustentáveis e potenciam as alterações climáticas e outros efeitos nocivos para o planeta. No segundo acto, depois da apresentação dos indícios criminais, seguiu-se o interrogatório. Foi aqui o momento alto da peça, devido à participação de muitos actores da escola que se viram, inesperadamente, implicados. Efectivamente, os nomes de alguns alunos eram projectados na parede, sentindo-se, desta forma em cena. Assistimos a uma peça muito interessante, onde o empenho de todos os actores reais e improvisados nos proporcionou momentos de deleitação e instrução para a cidadania. É este o papel da escola.

Interrogatório na investigação sobre as responsabilidades ambientais


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ACTIVIDADES

Viagem a Salamanca Uma cidade ibérica com grande tradição cultural e universitária

ALUNOS DE BRAGANÇA EM CONTACTO DIRECTO COM O CERN

ADRIANO VALADAR

“Fenomenal!” como diriam “nuestros hermanos”. Creio que pode ser considerada assim esta estada de um grupo de alunos da Escola Emídio Garcia, em Salamanca, durante quatro dias, conjuntamente com a Escola Secundária Miguel Torga. O programa propunha exactamente uma verdadeira imersão cultural, concebida como uma “experiência de vida internacional” (de muito curta duração, perguntem aos alunos!). “Descobri modos de vida diferentes e visitei esta linda cidade de Salamanca. A família de acolhimento acompanhou-nos e responderam a todas as nossas questões. Correu tudo muito bem!” Disse o Alexis. Os participantes, desde a chegada, foram acolhidos pelas famílias num clima de compreensão mútua, podendo partilhar o seu quotidiano, a língua, os hábitos e os valores destas famílias. Creio ter sido um dos aspectos mais importantes da viagem. Uma experiência que fazia abstracção de quaisquer preconceitos de raça, de religião ou nível social. O programa educativo que foi distribuído aos encarregados de educação dos nossos alunos, com uma vocação intercultural permitia essencialmente aos participantes: - desenvolver as suas faculdades de adaptação no seio de um ambiente diferente do seu - descobrir uma outra cultura vista

MASTERCLASSES

do interior, em imersão total - praticar e aperfeiçoar uma língua estrangeira. Para isso, o sucesso de uma tal estadia necessitava abertura de espírito, flexibilidade e a implicação pessoal do participante. Todos os alunos, apesar da tenra idade, souberam estar à altura e usufruir plenamente deste momento. “Apreciei a vida universitária que se sente nesta cidade, apetece estudar…” assim se exprimiu a Joana. A Universidade de Salamanca é uma das mais famosas e prestigiosas universidades de toda a Espanha. Foi fundada em 1218 pelo rei Afonso IX, de León. A fachada deste edifício, de estilo “plateresco” (de prata) está cheia de bonitos escudos, medalhões e pequenas figuras de heróis e personagens épicos. Na fachada pode ser destacada a medalha dos Reis Católicos e a figura da rã sobre uma caveira, cuja tradição diz que um estudante que não a encontre nunca poderá acabar o curso. Mas a ciência diz-nos que “quod natura non dat, Salamanca non praestat”, Salamanca não pode conceder o que a natureza não dá. Além disso, posso afirmar que Salamanca é uma das cidades mais bonitas que já vi: tem um charme particular, desde logo pelo lindo aspecto cor-de-rosa que reflectem, harmoniosamente, as pedras dos prédios. Há muitas coisas para visi-

tar. Culturalmente, a programação é rica, tanto musical como teatralmente, ou noutras artes; na rua, exposições, museus… Tivemos a oportunidade de visitar também o museu militar, e não poderia deixar de destacar uma réplica que aí se encontra de Guernica de Picasso, realizada inteiramente com fotos da guerra civil. Cumpriu-se o septuagésimo quarto aniversário de um crime de guerra no mês passado. Em Abril de 1937, os aviões alemães da legião Condor e aviões italianos bombardearam, durante horas, a pequena cidade do país Vasco. Cerca de trezentos civis pereceram nos escombros de suas casas. Os protagonistas eram conhecidos: Hitler, Mussolini, Franco. Picasso imortalizou a morte criando Guernica, o grande quadro que pintou para denunciar todas as guerras. Onde estão os Guernica de hoje? Na Líbia, na Síria, no Iraque onde, todas as semanas, dezenas, centenas de pessoas são assassinadas. Os engenhos mortíferos continuam a ser largados do céu e os comanditários escondem-se algures. O progresso da cobardia não pára. Mas ainda há homens bons, aproveito para agradecer à C. M. de Bragança, que nos forneceu o transporte para esta viagem.

Plaza Maior de Salamanca

MARIA INÊS 12º A

Dia 24 de Março decorreu, no IPB, a actividade “Masterclasses – cientistas por um dia” promovido pelo LIP, a nível Europeu, da Ásia, Brasil e Estados Unidos. Contou com a participação de quatro investigadores portugueses que trabalham em parceria com o centro. Os cientistas, antes de poderem trabalhar a nível prático, são formados teoricamente, ao longo de vários anos e estão em constante aprendizagem. Precisam de estar sempre um passo à frente, acompanhar as mudanças da ciência e do quotidiano. Ser cientista é um trabalho árduo, que, acima de tudo, implica gosto pela profissão, pelo conhecimento e pela ciência. Mas implica também paciência e a capacidade de resistir ao “fracasso”. A actividade, como o nome indica, permitiu-nos ser cientistas por um dia. Para tal, como verdadeiros cientistas, tivemos formação teórica, que aplicámos mais tarde. O dia foi divido em dois períodos, de manhã e à tarde. No período da manhã assistimos a duas palestras coordenadas pelos investigadores. A primeira formação incidiu sobre a Física das Partículas e o Universo e a segunda sobre Detectores e Aceleradores de partículas. No período da tarde, tivemos a oportunidade de por em prática os conhecimentos adquiridos; analisámos acontecimentos registados no CERN,

através de uma aplicação JAVA, depois realizámos a discussão e recolha de resultados, havendo uma enorme interacção com os investigadores, que monitorizaram a actividade e ajudaram a perceber como toda aquela novidade funcionava. Teve, então, inicio a videoconferência, em que estiveram ligadas várias escolas da Europa com o CERN, onde investigadores iam respondendo às perguntas propostas. Devido ao mau tempo a nossa ligação foi por pouco tempo, mas pudemos esclarecer as nossas dúvidas com os investigadores presentes. Ao final da tarde houve ainda tempo para um pequeno jogo de dez perguntas (+ duas de desempate) sobre o CERN e a informação que havíamos adquirido na palestra. Os alunos Inês Borges e Pedro Gomes do 12ºA ficaram em primeiro lugar, tendo direito a uma prémio vindo directamente do CERN. O dia foi espectacular. Para além de vivermos como verdadeiros cientistas, tivemos contacto com os próprios cientistas. Eles almoçaram connosco, responderam abertamente ás nossas perguntas chegaram mesmo a dar conselhos sobre escolhas do futuro. Foram extremamente acessíveis e ajudaram a cultivar o nosso gosto pela ciência e investigação, mais concretamente na área da física.

Alunos na sala de aula durante a viagem de estudo


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ACTIVIDADES

Uma semana de inglês prático Londres é uma metrópole gigantesca que nos enche os olhos, mas não nos asfixia InÊs vaz 9º C

Gostaria então de incentivar outras pessoas a viajar. É extremamente revigorante e regressa-se mais feliz a casa. Tem sempre pontos positivos, mesmo que passes um mau bocado.

Nunca me passou pela cabeça ir viajar para longe tão cedo. Não que seja errado, não que seja difícil, mas porque não sou uma pessoa que saia muito. No entanto, foi-me dada a oportunidade de passar umas férias em total autonomia. Bem longe de casa. Custou-me a acreditar que me deixassem ir, pelo simples facto de eu nunca antes ter saído de Portugal. Hoje, agradeço imenso por ter ido e espero nunca esquecer a semana que passei em Inglaterra. Para quem não souber, as professoras de Inglês da nossa escola organizam há já alguns anos esta viagem ao estrangeiro. E, no dia 14 de Abril, lá estávamos nós, talvez uns 20 alunos, no autocarro com destino ao aeroporto de Valladolid, seguindo depois para Londres e chegando finalmente à cidade de Peterborough. Para além de ser a minha primeira grande viagem, foi também a primeira vez que andei de avião. É fantástico, fica-se com uma perspectiva

totalmente diferente da que temos cá em baixo. Vêem-se casas, campos, lagos, pastos em áreas com múltiplas formas... É sensacional! Esta visita cumpriu todos os objectivos, entre os quais a prática do Inglês, feita no dia-a-dia e através de actividades na Peterborough Language School, a descoberta de outra cultura, outra gastronomia, fazer novas amizades e, na minha opinião, ajudar-nos a ser mais responsáveis e autónomos. Para contactarmos directamente com o que é hoje a vida britânica, ficámos hospedados em casas de host-families, ainda que a grande parte fosse de origem italiana, com as quais pudemos conversar e sentirmo-nos um pouco “em casa”. Houve algumas comidas que estranhámos, como, por exemplo, quando nos serviram um prato cheio de massa, mas lá nos fomos habituando. A cidade é um pouco diferente de cá. Há o centro, onde se concentram todas as actividades, lojas, etc e, de-

pois a grande periferia que consiste numa espécie de bairros afastados onde não há quase nada pelo caminho. Inicialmente foi estranho fazer os 15 minutos de autocarro todos os dias, mas agora até tenho saudades disso. Dia 17 fomos a Londres. É uma metrópole gigantesca, que nos enche completamente os olhos. Porém, não a achei asfixiante, apesar do grande movimento que tem. As ruas largas, arejadas, com vários monumentos, decorações e, dos postes eléctricos, pendiam vasos de flores coloridas. Visitamos Piccadilly Circus, o Green Park, vimos o gigantesco Big Ben, as Houses of Parliament, a Westminster Abbey, onde havia já pessoas acampadas para o casamento real, a London Eye, Buckingham Palace, Leicester Square. Fomos ainda ao museu Madame Tussauds, onde pudemos descontrair um pouco e tirar uma fotografia com as nossas estrelas favoritas e experimentar coisas que não há cá, como os gelados Ben & Jerry’s e os famosos batidos do Starbucks, que se encontravam um pouco por todo o lado. Dois dias depois fomos a York, uma cidade mais pacata, por comparação com a grande capital, achei-a uma cidade agradável, recordou-me um pouco Bragança, o que não lhe retira nenhuma das suas belezas. Havia também flores nos postes e música nas ruas. Foi um dia mais descontraído, onde andámos mais à vontade, sem nos preocuparmos muito em afastarmo-nos do grupo. Tivemos 3 horas livres para ver o que quiséssemos e visitámos o museu Vi-

king (Jorvik Viking Centre) e o museu dos Caminhos de Ferro, via da comunicação que os ingleses lançaram e disseminaram por todo o mundo. Passámos também pelas lojas de souvenirs e encontrámos ainda uma livraria com coisas em segunda-mão. Realtivamente aos ingleses, notei que havia, de facto, atitudes e costumes diferentes dos de cá. Uns melhores, outros menos bons. Por exemplo, penso que terei saudades de, quando entar numa loja ouvir “Good Morning” ao entrar, poder deambular por lá o tempo que quiser sem que nenhum empregado me venha aborrecer e, à saída, dizerem-me “Thank You. Have a nice/ fantastic day!”. Ou então constatar que as pessoas que vão no autocarro agradecem ao condutor no fim de cada viagem. É muito diferente nesse aspecto. Além disso, e falo por experiência própria, se te perderes na rua, a maioria das pessoas ajuda como pode, dá-

te uma série de indicações, explica-te calmamente até entenderes e diz-te para ires confirmando com outras pessoas a meio do caminho. Por outro lado, tens apenas 30 segundos para atravessar uma passadeira e se quando o semáforo muda ainda estiveres a meio... és capaz de te ver numa situação complicada. Isto porque os automobilistas NÃO param. Gostei muito da visita e não pensava duas vezes se pudesse repetir: é claro que ía! Apesar de longe, as experiências, as coisas novas que pude ver e conhecer, compensaram todas as horas de espera em filas em aeroportos e em viagens de autocarros. Gostaria então de incentivar outras pessoas a viajar. É extremamente revigorante e regressa-se mais feliz a casa. Tem sempre pontos positivos, mesmo que passes um mau bocado. E chega-se cheio de coisas para contar a amigos e familiares. Não hesitem!


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ACTIVIDADES CONCURSO ENTRE PALAVRAS

CSI - ESEG

ALUNAS DO 9ºANO VÃO A STª Mª DA FEIRA JOÃO CABRITA

Workshop de recolha de vestígios em investigação criminal CARLA PINTO

No passado dia 15 de Março, foi realizado um Workshop sobre a Recolha de Vestígios em Investigação Criminal, dinamizado pelos elementos do Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Bragança, juntamente com o Sr. Major Rui Pousa, Chefe da Secção de Investigação Criminal e Oficial de Relações Públicas e Informações da GNR de Bragança. O Workshop foi organizado em parceria criada com esta entidade e o grupo de alunos do 12º B, no âmbito do Projecto “Biojogo didáctico: Clue Hunter”, a concurso ao prémio da Fundação Ilídio Pinho - Ciência nas Escolas. O público-alvo foram as turmas de 12º ano, do Curso de Ciências e Tecnologias, que tiveram a oportunidade de aprender que a investigação da cena do crime vai desde a ocorrência da evidência física passando pela análise do local até à colheita de vestígios, entre eles as amostras biológicas forenses, como fragmentos de

pele, cabelos do agressor, manchas de sangue em roupas, garrafas, etc. Estas amostras são encaminhadas para o Laboratório da Polícia Científica, onde são processadas, de forma a auxiliar na reconstituição do acto criminal. A resolução dos casos relacionados com a análise forense por DNA, assenta na individualidade biológica de cada indivíduo fundamentandose na exclusividade, na igualdade e invariabilidade da molécula do DNA, presente em todas as células de um organismo. O DNA é único para cada ser humano! O indivíduo fica perfeitamente identificado através do estudo da sua molécula em qualquer vestígio biológico que lhe pertença. Torna-se assim fundamental que a cena do crime seja tocada o mínimo possível: para que nenhum vestígio se altere, se contamine ou se perca, a cena do crime deve ser isolada para se conservar intacta até que a equipa termine o seu trabalho. Durante esse

exame ao local os investigadores criminais documentam o local, fotografando tudo, do geral ao pormenor: o espaço, os vestígios (sinalizados com a sua correlativa e testemunho métrico), as vítimas se houver, os suspeitos e outros itens indispensáveis à análise do crime. Estes registos todos devem reflectir o aspecto do local tal como foi encontrado. Os participantes desenvolveram na prática algumas técnicas com recurso a diversos materiais correntemente utilizados pela GNR, na recolha de vestígios lofoscópicos (impressões digitais, quiroscopia desenhos das cristas nas palmas das mãos); físico-químicos (moldes de objectos, pulverização de um pó na superfície dos objectos para tornálos visíveis e luz forense) e biológicos (recolha de sangue e saliva). Esta actividade superou em muito as nossas expectativas cujo objectivo principal foi a valorização do nosso projecto, não só na partilha de conhecimentos, experiência e competências profissionais, mas também, como um excelente meio de cooperação entre a escola e a comunidade onde se integra. Gostaríamos de salientar e agradecer todo o empenho, disponibilidade e simpatia por parte da equipa do Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Bragança, que consideramos excelentes parceiros do nosso projecto. Os nossos agradecimentos à Dr.ª Cândida Pires, da Equipa de Apoio às Escolas, ao Subdirector da nossa Escola, a todos os professores e aos alunos pela vossa presença.

Elementos do Núcleo de Investigação Criminal da GNR, alunos e Equipa coordenadora

Não desistir, procura ser um dos nossos lemas. Estar ao lado dos outros pugnando pela melhoria e perfeição, numa dinâmica de aprendizagem que é timbre da escola, permite-nos medir “forças” e dizer que existimos enquanto aprendizes da vida e do muito que temos de palmilhar para fazer da existência algo de agradável e apetecível. Desta vez, no “Entre Palavras” na Escola Augusto Moreno, interrompemos o ciclo no salão de festas nas nossas instalações por estarmos em obras. Na Augusto Moreno confrontámo-nos com a equipa anfitriã, com a Escola Secundária de Mirandela e com a Escola da Torre de Moncorvo.

Abordando a temática Emprego/Desemprego, Ana Catarina Cordeiro, Ana Margarida Gomes e Sara Pais do 9º A, bem como a Ana Maria Borges do 9º B, subiram ao lugar mais alto do pódio. Comportamento meritório a colorir aquele dia de calor de 12 de Maio. Das 14 às 17:30 horas com entusiasmo, mostrámos a nossa valia. Connosco irá a Escola de Torre de Moncorvo, no próximo dia 8 de Junho. Santa Maria da Feira receberá o calor e o dinamismo de jovens de todo o país numa iniciativa prestimosa e digna dos maiores encómios. Com os sonhos da juventude, irá a claque pedir sempre mais àqueles em que acreditamos. Até lá!...

Trabalho de projecto do 12ºF

“Adolescência à Flor da pele” O dia 6 de Maio foi marcado pelo nervosismo e empenho dos actores do 12ºF, que na noite do mesmo dia brilharam no auditório Paulo Quintela. O espectáculo teve início às 21h30m e contou com uma sala cheia de público atento e divertido. Este espectáculo foi a etapa final do projecto desenvolvido pela turma ao longo do ano, em área de projecto. Dos 17 elementos da turma 15 participaram neste trabalho, dos quais 10 fa-

ziam parte do grupo de actores e 5 da equipa de organização e bastidores. A peça era centrada na adolescência, nas atitudes dos adolescentes, nas suas loucuras, nos seus exageros e no humor que as situações diárias acarretam. Noite de sorrisos e aplausos a turma F do 12º ano está contente com o sucesso e agradece a todos os presentes de corpo e espírito.

Alunos do 12º F em plena representação


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ACTIVIDADES

Isabel Mateus Escritora transmontana na senda de Torga EQUIPA DA BE / CRE

Apesar de estarmos em obras de remodelação, não parámos as nossas actividades. No espaço contíguo ao Centro de Recursos, a servir de sala de visitas, recebemos a escritora Isabel Mateus. No primeiro dia de aulas do terceiro período foram muitos os alunos que a escutaram acerca da temática sobre a emigração, abordada no seu livro “A Terra do Chiculate”. Em dois tempos lectivos, que se repartiram entre as 14h30 e as 17h00, ouvimo-la. Professores e alunos preencheram o espaço reservado para o efeito. Estudiosa de Miguel Torga, com uma tese de doutoramento defendida na Universidade de Birmingham, com o título “A Viagem de Miguel Torga”, além do livro “Outros Contos

1º FEIRA DE EDUCAÇÃO, FORMAÇÃO E SOLIDARIEDADE O STAND, A ANIMAÇÃO E OS CONCERTOS DA NOSSA ESCOLA Olinda Bragada

da Montanha”, esperava que a vida e obra do escritor fossem afloradas. A falta de tempo limitou a possibilidade de uma maior abordagem dos vários assuntos que nos tinham conduzido à prelecção. O tempo passou depressa, mas os olhos tiveram oportunidade de ver e admirar mais uma grande obra do professor que à nossa Escola tem prestado serviços inestimáveis, criando e fomentando o gosto pela arte. Com uma composição feita em arame, o emigrante com a mala de cartão e o naco de pão a evidenciarem de modo muito claro que na Escola Emídio Garcia há talento que brota da imaginação do professor Manuel Trovisco. Os olhos e os ouvidos encantados retiveram o essencial.

Decorreu em Bragança, nos dias 6 e 7 Maio, na Praça da Sé, a Iª Feira de Emprego Educação e Solidariedade, na qual a nossa escola esteve representada. Este evento foi organizado pelo Centro Social e Paroquial dos Santos Mártires, Câmara Municipal de Bragança e Associação Académica do IPB, com apoios de alguns serviços de Bragança, pretendendo com esta iniciativa divulgar e apresentar ofertas de formação, emprego, equipamentos e respostas sociais. A grande responsável pela dinamização foi a ex-aluna da escola Carla Galelo. A nossa escola como parceiro no Projecto CLDS – Contrato Lo-

cal de Desenvolvimento Social, Projecto “Inovar e Participar Para incluir”, do Centro Social e Paroquial dos Santos Mártires e em articulação com o Projecto de Voluntariado Social, participou de uma forma activa nessa feira. Há a salientar a decoração do stand, elaborada pelos alunos do Curso Profissional Técnico de Design Gráfico, bem como a dinamização do mesmo, conduzida por professores e pelos alunos do Curso Profissional Animador Sociocultural. Alguns encarregados de educação tiveram também uma participação activa neste evento. Para além de toda esta participação, alguns alunos

do Curso Profissional de Técnico Gestão Equipamentos Informáticos (Voluntários na Instituição), e do Curso Profissional de Técnico de Design Gráfico aceitaram participar como voluntários. Este grupo específico recebeu formação adequada, dada pelos Técnicos da Instituição e colaborou na organização e dinamização dos diferentes espaços da referida feira. Do programa constou ainda a redobrada participação da Banda Liceu, cuja música abrilhantou este certame, proporcionando momentos de boa disposição.

Aspecto do stand que representou a escola

A escritora Isabel Mateu junto à escultura do professor Trovisco

ACÇÃO DE SENSIBILIZAÇÃO/PREVENÇÃO ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS ANA MARGARIDA | SARA PAIS 9º A

Sala bem composta para ouvir a escritora

No dia 3 de Março de 2011, foi realizada uma acção de sensibilização às turmas de 9ºano, no âmbito do Projecto de Educação Para a Saúde e cujo objectivo principal foi alertar os jovens para os malefícios do álcool e de diversos tipos de drogas, prevenindo comportamentos de risco. Estiveram presentes dois testemunhos reais que falaram acerca da sua experiência, contaram o seu passado no mundo do alcoolismo, explicaram os motivos que

os levaram a seguir este caminho e todo o processo pelo qual passaram para se «libertarem» de todos os «fantasmas» que os acompanhavam. As Representantes/Técnicas da «Associação Reaprender a Viver», apresentaram o funcionamento da Associação, referindo algumas das suas áreas de acção/ intervenção na sociedade. Foram também apresentados alguns dos tipos de drogas mais recorrentes, bem como os seus malefícios e influências na vida de

quem as consome. Finalmente, teve lugar um pequeno momento para perguntas. Neste os testemunhos responderam a algumas dúvidas dos alunos, não só relativamente à sua experiência, mas também aos seus conhecimentos sobre estas temáticas. Esta acção foi muito útil e deixou uma máxima muito importante a todos os presentes: Entrar nestes mundos é fácil, o problema é sair deles sem graves consequências.


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ACTIVIDADES

Relato de uma viagem artística Alguns não voltarão a embarcar nesta aventura, mas outros estarão atentos a uma qualquer nova caravela NUNO VEIGA

Há anos que se fazem acções de formação nas mais variadas áreas científicas, como um modo de aperfeiçoamento e actualização do conhecimento dos docentes, não só na sua área pedagógico-científica, como noutras áreas importantes e necessárias para um melhor acompanhamento e reforço da aprendizagem dos seus alunos, concretamente frequentando acções de formação no âmbito das novas tecnologias informáticas. Apesar de tudo, raramente, pelo menos no âmbito da disciplina de história, aparecem acções direccionadas para esta área específica, pelo que quando surgiu no placard da Escola Secundária Emídio Garcia, uma acção vocacionada e dirigida á secção de história, não hesitei e, em conjunto com dois ou três colegas, decidimos inscrever-nos. Posso afirmar que gostei de a frequentar, não só pelos conhecimentos, atitude e espírito de camaradagem demonstrados quer pelo formador, quer pelos próprios colegas que frequentaram a mesma acção, bem como pelos conteúdos apresentados, qualquer um deles imbuído de um enorme interesse e forte participação de uma larga franja de formandos, sinal evidente que a acção não foi, como tantas vezes acontece, monótona, descabida, sem sentido ou até enfadonha. Fizemos, neste contexto, uma longa viagem no tempo e pelo tempo, embarcámos todos juntos na mesma “caravela” à procura e descoberta das mais belas paisagens arcádicas feitas pela mão do Homem. Fomos à região mais recôndita da Terra, ao encontro do homo sapiens sapiens, um pré-histórico já com sentido e faro artístico; passámos pelo homem pré-clássico, obediente e servil, ainda preso de movimentos artísticos, ao serviço de alguém que se diz ser o próprio Deus; visitámos a Grécia antiga onde pela primeira vez se procura criar a beleza ideal; seguimos para a Roma imperial, realista, imponente, majestosa e simultaneamente tão pragmática; entramos de seguida num “longo túnel” mesclado, de tempos a tempos, por uma luz ténue e pouco cintilante, onde o medo, o pecado, o céu e o inferno parecem concorrer em todos os momentos e nos pesados movimentos artísticos de cada mosteiro românico.

Entretanto já a idade média caminhava a passos largos para o seu fim, levando à proa toda a sua grandiosidade, verticalidade e luminosidade própria das suas grandes catedrais góticas. À sua espera estava “confortavelmente sentada” uma das mais brilhantes épocas da criatividade humana – o renascimento -, antropocentrista, inovador, individualista, crítico, classicista e simultaneamente tão perfeccionista; seguem-se as composições complexas, fluídas, sinuosas e movimentadas, com uma forte carga emocional própria de uma arte “amaneirada”. Mas é no confronto religioso do século XVII que surge a arte da cenografia, uma arte de imagens que tem por objectivo produzir espectáculo, onde “parecer” é mais importante que “ser”, onde a acção é elevada a uma tensão extrema, quer física quer psicológica – a arte barroca. Já no século XVIII depara-senos um movimento parisiense, um estilo essencialmente de decoração interior, onde os sujeitos da acção são as cenas eróticas e sensuais,

festas cortesãs e paisagens idílicas, exaltando os prazeres da vida e dos sentidos. Cansado de tanto “lirismo”, de tanta fantasia e até de um excessivo hedonismo, o Homem de meados do século XVIII, no seguimento do iluminismo, procura novos valores na antiguidade pré-clássica e clássica, regressando a uma arte onde mora a simplicidade, a austeridade, o geometrismo, onde a palavra “sublime” ocupa lugar de relevo – era o Homem neoclássico. Mas como sempre é próprio de nós nunca estarmos contentes com o dado adquirido e, sendo assim já em finais do mesmo século e início do século XIX, surge uma forte corrente anti-racionalista que valoriza os sentimentos e as emoções defendendo que a arte é uma “revelação da alma”, um produto de inspiração e da genialidade que visava a beleza como algo de divino que apenas a sensibilidade de cada um consegue atingir. Assim nasce o romantismo. Depois de deixarmos a “jangada de medusa” de Gericault decidimos

navegar por sistema de cabotagem a partir de meados do século XIX, até porque nem sempre os “instrumentos de navegação” disponíveis se encontravam nas melhores condições. Entrámos então no naturalismo de Corot e de Boudin e no realismo de Courbet, visitámos o impressionismo de Monet, de Renoir ou de Edgar Degas, captando uma dada realidade parcial, sensível e fugaz em que o tema é de somenos importância; estivemos ao lado de Seurat, Pissarro e do seu divisionismo pontilhado; falámos com os pós-impressionistas, participámos na angústia e loucura de Van Gogh e na sua pintura marcadamente expressiva; discutimos a “origem” da pintura cubista com Cezanne; procuramos a pureza das artes primitivas no simbolismo de Gauguin, onde a pintura não é a cópia da realidade mas sim a sua transposição mágica, imaginativa e alegórica. Numa noite quente e seca de Agosto bebemos um copo com Toulouse Lautrec num cabaret, do qual nem me lembro, numa rua perdida de Paris. Não avançámos mais sem antes fazer uma visita de cortesia pelos “modelados” de Rodin. Já no barulho efervescente do tecnológico século XX, entrámos em catadupa em teses, antíteses e sínteses artísticas, desde o fauvismo de Matisse e a sua exaltação das cores, passando pelo expressionismo de Kirchner e a sua atitude de denúncia, de crítica e de contestação política e social, mas também por Kandinsky que procura construir a obra de arte a partir das experiências pessoais de cada um, com um sentido global válido para todos os Homens. Do dadaísmo de Duchamp descobrimos que autêntica arte seria a anti-arte. Aprendemos com Picasso a geometrização das formas, de figuras angulares e corpos distorcidos pela perspectiva. Entrámos a toda a velocidade com Marinetti no futurismo defendendo a apologia da máquina, da velocidade e da luz. Com Piet Mondrien, o artista pensador, vimos que as suas telas com segmentos cromáticos ritmados, assinalam o domínio do Homem sobre Natureza. Numa das muitas paragens visitamos a Casa Mila de António Gaudi de volumes moldáveis e ondulantes, parecendo uma rocha marítima,

curvamo-nos perante a portentosa imaginação da sua Sagrada Família; abrimos os olhos de espanto com o organicismo da Casa da Cascata de F. L. Wright; aderimos voluntariamente á funcionalidade, racionalidade e fluidez da arquitectura de Walter Gropius. Não quisémos despedir-nos sem antes entrar no sonho, na metáfora, no inverosímil e insólito mundo de Salvador Dalí. Já no regresso a Portugal falámos do fado de José Malhoa, falámos de Columbano, de Soares dos Reis, de Amadeu de Souza Cardoso, de Almada Negreiros e de tantos outros. Decidimos que agora faríamos uma viagem fluvial pelo rio Douro até encontrarmos a foz do rio Sabor. Apesar das enormes dificuldades avançámos herculeamente até quase à nascente deste rio, tendo desembarcado na acolhedora cidade de Bragança. Amarrámos as velas lenta e silenciosamente não fosse o mostrengo acordar. Verificámos que também aqui há um “cibinho” do mundo que lá fora percorremos. Apesar dos contratempos e de nem sempre as condições de navegação serem as melhores, ninguém desembarcou extemporaneamente, ninguém enjoou, ninguém se deixou vitimizar pelo escorbuto; chegámos todos a bom porto sãos e salvos e tudo isto graças às novas tecnologias do Homem do século XXI a quem é permitido “navegar” por todo o lado sem se deslocar para lado algum. Bartolomeu Dias ou Vasco da Gama, roídos de inveja, não fariam melhor. Alguns por questões de vária ordem não voltarão a embarcar nesta grande aventura, mas muitos de nós estarão atentos no cais de embarque, percorrendo e perscrutando felinamente a linha do horizonte à espera que uma qualquer caravela, nau ou jangada volte a atracar no mesmo cais de onde já antes havíamos partido, indiferentes às ameaças ou maldições dos velhos do Restelo. Valeu a pena, foi um prazer ter viajado na vossa companhia. Até sempre!


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ACTIVIDADES

Biblioteca promove reflexão e criatividade Entre os dias 21 a 25 de Março a Biblioteca Escolar levou a cabo a 5ª edição da Semana da Leitura EQUIPA DA BE / CRE

Entre os dias 21 a 25 de Março a Biblioteca Escolar levou a cabo a 5ª edição da Semana da Leitura pretendendo, mais uma vez, dinamizar ambientes em que a leitura e os livros estejam presentes em toda a parte. Este ano a iniciativa teve em vista atingir dois objectivos complementares: - Dar visibilidade à leitura no espaço da escola e do meio envolvente e comemorar o Ano Internacional das Florestas. Servindo-nos dos nossos recursos e serviços, preparámos diversas actividades desenvolvidas com a comunidade em geral: palestras, concursos, passatempos, projectos de leitura, convívios culturais, exposições e muito mais na escola e por toda a parte. Com a temática do livro representaram-se coreografias, dramatizações, poemas, árvores literárias (Ao Encontro das Palavras) e momentos de reflexão… As “ Leituras Inter-Escolas” pro-

porcionaram-nos um novo encontro na Biblioteca Municipal, com alunos e professores de interesses comuns. Para assinalar o dia da Árvore e o dia Mundial da Poesia a BE/ CRE propôs a todos os alunos do 7º ano a participação no Estendal de Poesia, numa parceria entre a Câmara Municipal de Bragança, a Biblioteca Municipal e as Bibliotecas Escolares. Como forma de operacionalizar a actividade o Pelouro da Cultura/ Câmara Municipal solicitou a nossa Escola para o desenvolvimento de outras iniciativas relacionadas com a temática. As sugestões foram bem recebidas, quer pelos alunos do curso de Artes quer pelo professor Manuel Trovisco que, em contexto de aula, sugeriu a realização de trabalhos para uma Instalação designada de “Poesia na Cidade”. Após a selecção dos poemas os alunos ilustraram-nos de forma livre e

as telas saírem à rua no dia Árvore e da Poesia. Tendo sido escolhido o centro histórico da cidade, local privilegiado para captação dos olhares da população, a poesia e a pintura cobriram o espaço, divulgando trabalhos dos mais variados poetas. Professores e alunos usufruíram de um dia diferente proporcionando à população comentários que fizeram eco. Mais uma actividade de interacção, demonstrando que o “Liceu” colabora activamente na dinamização cultural da cidade. No dia seguinte os trabalhos foram expostos na Biblioteca da escola, alertando para a importância da leitura e das actividades a desenvolver ao longo desta semana. Podemos dizer que o grande objectivo da actividade foi alcançado uma vez que proporcionou aos alunos investigação, leitura e declamação de poesia sobre a natureza, sensibilizando para a preservação

do ambiente. Os que não participaram directamente na sua concretização tiveram a oportunidade de conviver, durante alguns dias, com vários textos e autores que elogiam esta temática. Outro grande desafio no âmbito da Semana da Leitura foi o concurso “O Cartaz da Minha Escola”lançado a todos os alunos do 8º ano. Subordinado ao tema “ Leitura, Energia e Floresta”, pretendeu não só apelar à imaginação e à criatividade, mas também a um conjunto diversificado de competências e saberes que passam pela língua portuguesa, pelas ciências, pelas artes e pela tecnologia. A Biblioteca propôs os motes e os professores de Área de Projecto escolheram alguns em função do Projecto Curricular de Turma e do Projecto Educativo. O encerramento da Semana da Leitura fez-se com “Chá Verde e Poesia”. A comunidade escolar foi convidada a partilhar momentos de

poesia, declamada por alunos, professores e funcionários, ao mesmo tempo que se deliciavam com variados docinhos e um apaladado chá. A equipa da BE/CRE, satisfeita com o trabalho desenvolvido, agradece toda a colaboração estabelecida nesta e em todas as actividades. Tendo sempre presente mais e melhor leitura, ângulos fundamentais para a melhoria das aprendizagens dos alunos, cabe à Biblioteca a dinamização de projectos que visem a dignificação de um trabalho que só é possível com uma colaboração cada vez mais alargada. O sucesso e os bons níveis de desempenho que a Biblioteca Escolar persegue, só são possíveis com a motivação e a disponibilidade de todos. E é neste trabalho de cooperação e partilha que se formam leitores e críticos m ais competentres.

Concurso nacional de leitura Ana Margarida Gomes, do 9º A, atingiu a fase nacional MARIA INÊS 12º A

O Concurso Nacional de Leitura é promovido pelo projecto LER +, do Plano Nacional de Leitura, em articulação com a RTP, com a DGLB (Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas) e com a Rede de Bibliotecas Escolares. Desenvolvese em três etapas: uma a nível de escola, outra de carácter distrital e ainda uma de âmbito nacional. Depois de apurados na primeira eliminatória, realizada em 7 de Janeiro de 2011, os representantes da Escola Emídio Garcia seguiram, no dia 1 de Abril, até Mogadouro, a fim de participar na sessão distrital. Chegados à Biblioteca Municipal de Mogadouro, teve início a prova escrita, com a duração de 50 minutos, constituída por 30 questões de verdadeiro/falso, escolha múltipla e uma questão de desenvolvimento. Após a correcção, foram anunciados os nomes dos seis apurados (em cada categoria) para a prova oral, que teve lugar no mesmo dia. Fazendo paralelo com o ano passado, a

prova escrita foi em tudo diferente e a prova oral uma novidade. Após a realização das duas provas, as qualificações foram somadas e anunciados os vencedores. A nossa escola, em ambas as categorias, fezse representar na prova oral. Mas conseguiu apenas uma representação, e com muito mérito, na fase nacional. A aluna Ana Margarida, do 9º A, trouxe para Bragança o 1º prémio na categoria do 3º ciclo. A fase nacional, este ano, sofreu, também, alterações. Em vez de realizada num único fim-de-semana, irá processar-se em dois sábados. Assim, a semi-final decorreu no próximo dia 21 de Maio e a final será no dia 28. Esta nova modalidade obriga a mais deslocações e implica, igualmente, mais livros para ler, num curto período de tempo, submetendo os alunos a mais trabalho e pressão. Os livros seleccionados este ano, foram: para a 1ª fase: 3º ciclo: Os da Minha Rua,de Ondjaki e Aldeia Nova de Manuel da Fonseca; Se-

cundário: Mar me quer, de Mia Couto e a Arte de Morrer Longe, de Mário de Carvalho. Para a 2ª fase: 3º ciclo: Os Meus Amores, de Trindade Coelho e A Menina das Estrelas, de Jorry Spinelli; Secundário: As Esquinas do Tempo, de Rosa Lobato de Faria e O Jogo Final de Orson Scott Card. Para a 3ªfase – semi-final: 3º ciclo: A Ilha do Tesouro, de R.L. Stevenson e A Vida nas Palavras de Inês Tavares, de Alice Vieira; Secundário: O Ano da Morte de Ricardo Reis, de José Saramago e Noites Brancas – Romance sentimental das memórias de um sonhador, de Fiódor Dostoiévski. Mais uma vez, o projecto LER+ continua a ser um sucesso na promoção da leitura de excelentes livros dos mais carismáticos autores.

Equipa da Emídio Garcia, (aluna vencedora segunda a contar da direita)


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DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

O umbigo da terra aqui tão perto

Património geológico de Bragança Ana Cortinhas

- Podemos imaginar o mar a cobrir a superfície de terra que todos nós (bragançanos, transmontanos) pisamos? - Podemos acreditar que a Península Ibérica esteve localizada em latitudes do hemisfério sul e, em virtude dos movimentos da superfície terrestre, veio ocupar o lugar onde se encontra hoje? - Onde se encontra a rocha mais antiga, datada, de todo o território continental? - Porque se designa a área de Morais (Macedo de Cavaleiros) o “umbigo do mundo”? Estas são apenas algumas das muitas perguntas curiosas, para as quais a magna ciência geológica procura obter respostas, mesmo tendo em conta a distância temporal que nos separa de muitos destes fenómenos. Se realizarmos uma viagem no tempo, cerca de 700 milhões de anos, podemos encontrar o “pseudo-início” desta longa história. Esta área já foi “coberta

de água”. A Península Ibérica não ocupou sempre o lugar que ocupa hoje e, no passado, esteve localizada no hemisfério sul. A rocha mais antiga de Portugal que se conhece encontra-se em Bragança (Tojal de Pereiros) e tem cerca de 1079 milhões de anos. A designação que é dada à aldeia de Morais, de “umbigo do mundo”(fig.1), geologicamente falando e, simplificando esta designação, deve-se ao facto de, nesta área, ser possível observar, num curto espaço geográfico, vestígios dos antigos continentes Laurússia e Gondwana e do Oceano Rheic. Trata-se de um fenómeno registado há 380 milhões de anos, que é, apenas visível, em cinco locais em todo o mundo.

As origens A história da actual Península Ibérica começa há mais de 510 milhões de anos, quando os seus territórios faziam parte da plataforma

continental marinha do desaparecido super continente Gondwana (América do Sul, África, Madagáscar, Índia, Austrália e Antártida, todos reunidos). Este grande continente aglomerava extensas zonas emersas e imersas por mares pouco profundos. Esta situação aconteceu antes da abertura dos actuais oceanos, que desintegraram o supercontinente Pangeia, posterior ao Gondwana e maior do que este. O nosso território de então estaria unido à Bretanha francesa, situando-se em latitudes muito próximas do Pólo Sul (paleoantárticas), permanecendo submerso por mares pouco profundos circundantes do Gondwana. Há aproximadamente 385 milhões de anos a sedimentação começou a reflectir o efeito da aproximação do Gondwana às outras placas continentais existentes: a Laurentia, a Báltica e o microcontinente Avalónia. Depois o Gondwana acaba por colidir com a Laurusia

Fig. 1 - Maciço de Morais Pereira, E., Breve História Geológica do NE de Trás-os-Montes INETI, FEUP, Universidade do Porto

(junção da Laurentia, da Báltica e da Avalónia), dobrando-se então todos os sedimentos acumulados nas plataformas marinhas de ambos os macro continentes. Como consequência destes movimentos assistiu-se à elevação e emersão dos materiais até então depositados nos fundos oceânicos. Os sedimentos mais antigos, os primeiros a depositarem-se, transformaram-se em rochas metamórficas, tais como quartzitos ou xistos. À medida que outros se foram acumulando, os mais superficiais, transformaram-se em rochas sedimentares. Algumas rochas chegaram mesmo a fundir-se formando magmas. Este conjunto de rochas antigas está bem representado, por granitos, migmatitos, quartzitos, xistos gnaisses, no mapa geológico simplificado do nordeste transmontano. Mais tarde (mesozóico e cenozóico) decorre o chamado ciclo alpino, cuja actividade tectónica persiste actualmente, como tem sido evi-

denciado pelos registos sísmicos, históricos e actuais no Norte de Portugal. No Cenozóico os limites do nosso território são muito próximos dos actuais. A movimentação decorrente ao longo de milhares de anos levou à actual configuração da superfície terrestre. O território do nordeste transmontano está, como a maioria do território português, integrado no Maciço Hespérico ou Ibérico (figura 2), resultante dos movimentos orogénicos provocados pela colisão de duas placas tectónicas continentais. A Este, no concelho de Miranda do Douro, o relevo caracteriza-se por um extenso planalto bem conservado que corresponde ao prolongamento da grande superfície da Meseta Norte ou de Castela-a-Velha. À medida que se caminha para Oeste a pene planície desaparece e o relevo acentua-se, ocorrendo grandes diferenças de altitude devido ao afundamento do principal sistema

Fig. 2 – Unidades morfo-estruturais da Península Ibérica Adaptado de Julivert et al., 1974; Ribeiro et al.,1979; Farias et al.,1987.


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DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA hidrográfico (rios Rabaçal, Tuela, Sabor, Maçãs e Angueira). Sobressaem da Meseta algumas serras de pouca altitude, como as de Montesinho, da Nogueira e da Coroa, situadas respectivamente a Noroeste, Sudoeste e Oeste de Bragança. Existem grandes depressões, como a bacia de Bragança, motivada pela deslocação da grande falha tectónica Bragança - Manteigas.

Os recursos existentes e a sua potencialização Desde sempre que se verifica uma estreita relação entre o Homem e os recursos geológicos que o rodeiam. Nos primórdios, estes recursos foram essenciais à sobrevivência humana. Mais tarde, serviram como matéria-prima e fonte de energia e, nas últimas décadas, a Geologia tornou-se essencial no ordenamento do território, preservação dos recursos, defesa do ambiente, avaliação de riscos naturais, geoturismo, ou seja, no bem-estar do Homem. As características geológicas de uma determinada área são elementos integrantes e fundamentais do Património Natural. Este património apresenta grande importância não só ao nível da dinâmica físiconatural, como também, se utilizado de uma forma racional e sustentável, poderá constituir uma forte alternativa ao turismo tradicional e de massas. O património geológico tornou-se, assim, numa arma poderosa na promoção do turismo sustentável. Este património associa-se, inevitavelmente à geodiversidade, biodiversidade e património cultural de cada região. Na região de Bragança existem locais de grande interesse geológico e geomorfológico, em simbiose perfeita com a flora e fauna autóctones (cuja presença e características estão directamente relacionadas e condicionadas pelo substrato geológico e pela geomorfologia). Esta ligação acontece ainda com o património cultural rico, com os habitantes desta área, desde o passado, os quais utilizavam os recursos geológicos para construir as suas casas e explorar os minerais existentes. Seria fundamental valorizar esta área através da criação de programas direccionados, que pudessem promover a interpretação e valorização da paisagem rural, integrando também os saberes e tradições populares. As entidades locais, através da criação de equipas multidisciplinares do âmbito das ciências geofísicas, sociais e turísticas, poderiam desenvolver roteiros de visita, que dessem ao turista a oportunidade de compreender os aspectos que ligam a sociedade, o território e a cultura.

A região de Bragança é rica em recursos geológicos, quer tenham sido explorados no passado, estando actualmente desactivados, quer aqueles que são hoje explorados, quer ainda os que constituem potencial de exploração. (figuras 3 e 4) Podem enumerar-se algumas ocorrências na área, tais como: Na Aveleda (Alto da Caroceira) existe barite, um mineral de valor económico superior a qualquer outro mineral. As rochas onde se encontra a barite formaram-se no fundo oceânico em ambiente sedimentar com argilas abissais muito finas que são impregnadas no fundo oceânico (vulcanismo submarino). É utilizado como lama para lubrificantes, tintas, fixador do branco do papel, cerâmica, indústria petrolífera, técnicas de sondagem e pedra decorativa. Em Dine existe a famosa gruta “Lorga de Dine” que é uma cavidade natural de origem cársica, onde se observam estalactites e estalagmites, bem como relevos naturais impressos nas paredes da gruta. É considerado um dos locais mais representativos da Pré - História (Neolítico) e da Pré - História recente (Calcolítico e Idade do Bronze de Portugal). Constitui um valioso conjunto arqueológico, admitindo-se que o local tenha uma longa continuidade de ocupação, desde o Calcolítico até à actualidade. Existem também em Dine os fornos de cal, cuja actividade trouxe, até à década de 60, um sem número de comerciantes e compradores de cal. Os fornos eram uma tradição de Dine, que era das poucas aldeias da região que a produziam em tanta quantidade. Pode ainda comprovar-se todo este passado histórico no Museu de Dine, onde se encontra uma parte do espólio recolhido durante as diversas intervenções arqueológicas na Lorga de Dine. Em Donai ocorrem serpentinitos, rochas metamórficas maciças. O maciço de serpentino verde de Donai extrai uma pedra rara que é única no país e até na Europa, no Nordeste Transmontano esta pedra tem sido usada essencialmente na construção e obras, podemos observá-lo na catedral de Bragança e, para além disso está ainda presente em estátuas que embelezam alguns jardins da cidade. Tal como se verifica na figura três, existem áreas de potencial geológico, com a presença de minerais tais como o ferro, chumbo, zinco, prata, entre outros. Quanto melhor conhecer-mos a Geologia de uma região, mais equilibrada poderá ser a relação Homem-Recursos Naturais, mais rapidamente caminha-

mos para o turismo/desenvolvimento sustentável, dessa mesma região. Não pode também deixar de se mencionar que, parte deste potencial geológico da região, se encontra integrado no Parque Natural de Montezinho, podendo representar uma mais-valia em termos de promoção e desenvolvimento do referido turismo sustentável.

Bibliografia - Meireles, Carlos, Recursos Geológicos e o Ordenamento do Território: o exemplo do PDM de Bragança. - Meireles, C. et all, Inventariação e caracterização do Património Geológico na área do Parque Natural de Montesinho (PNM, NE de Portugal) – contributo para o seu Plano de Ordenamento, Projecto PNAT,1999. - Pereira, P. et all, Geomorfologia do Parque Natural de Montesinho: controlo estrutural e superfícies de aplanamento, Projecto PNAT, 1999. - Pereira, E., Breve História Geológica do NE de Trás-os-Montes, INETI, FEUP, Universidade do Porto - Preto, E. et all, Arribas do Douro, um compêndio geológico, UTAD, 2009.

Fig. 3 – Ocorrências minerais do concelho de Bragança Cartografia oficial da Câmara Municipal de Bragança

Fig. 4 – Recursos Geológicos do concelho de Bragança Cartografia oficial da Câmara Municipal de Bragança


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ACTIVIDADES/REPORTAGEM

Dia da árvore e da poesia No dia 21 de Março, na cidade de Bragança, foi festejada a chegada da primavera ADRIANO VALADAR

Telas de poesia suspensas em candeeiros

Os dias bonitos anunciam-se com a primavera e a estação das flores, nos ramos das árvores mais apressadas começam a aparecer algumas flores, exibindo as suas pétalas. No trajecto até à Praça da Sé viam-se as magnólias de alguns jardins, árvores mais peneirentas que faziam brilhar com os seus botões cor - de - rosa o sorriso das raparigas que passavam, transformando-se tudo isto num suave momento que pudemos saborear com grande prazer. Deste modo, dia 21 de Março, na cidade de Bragança, foi festejada a chegada desta aprazível estação do ano e comemorado pela segunda vez consecutiva o “Dia da árvore e da poesia”. Um programa variado, organizado pelo pelouro da cultura da câmara municipal de Bragança, em colaboração com as diversas escolas da cidade, com a apresentação de um estendal de poesia, peças decorativas, desenhos e caricaturas. Este dia foi um dia de sensibilização para as artes poéticas e permitiu aos seus apaixonados festejar e usufruir deste momento. Este acontecimento deu vida a diversos lugares, com particular relevo para a Praça da Sé e principais ruas confinantes (Rua Almirante Reis, Rua Direita…), contribuindo para fazer deste dia um acontecimento de sucesso. Foi proposto um novo modo de exposição, uma espécie de “arte pas-

sageira”, no sentido de “arte que se vê ao passar”. No meu ponto de vista, esta iniciativa pretendeu também mostrar que para consumir cultura é necessário entrar dentro de um personagem, numa espécie de papel: o de espectador. Dá uma determinada estética à cidade e aos que cruzam pela Praça da Sé. É uma espécie de fractura no espaço-tempo urbano, racional, e proporciona algumas brechas para fazer emergir alguma emoção, alguma sensibilidade, para a alegoria, para a nossa imaginação sonhadora, neste acto que reunia um poema e uma peça de arte. Mas o objecto ou o texto poético não me pareceu ser o único fim da exposição; eu vi uma nova imagem da sociedade de Bragança que não via há algum tempo, fundada na transparência, na abertura, na proximidade ou na simpatia com os outros cidadãos. A temática da exposição era muito variada, deixo aqui as explicações do especialista que é o Professor Trovisco “ O Poema e ilustração foram representados numa tela com 40x30cm que posteriormente foi colocada num suporte. Este suporte, por nós realizado, com custos reduzidos, tinha a particularidade de se aplicar e retirar das colunas de iluminação facilmente (Composto por uma ripa de madeira (30cm) e um pedaço de tubo de saneamento (5cm) com sec-

Estendal de poesia na Praça da Sé

ção de 150mm). Conteúdos tratados: manifestação artística através de instalação e representação gráfica em alto contraste. A instalação, tal como o próprio nome sugere, é uma composição de elementos (objectos) projectada para ser colocada (instalada) num determinado espaço físico: numa galeria de arte ou num museu, num espaço público ou na paisagem. Estabelece-se, assim, e quase sempre, uma relação directa entre os objectos e o local. Os temas, bem como a mensagem que os autores desses projectos artísticos pretendem comunicar – significado - são os mais variados. Nesta proposta, o mais importante para o aluno é compreender que o suporte para o seu trabalho pode ser “tudo” não é, apenas, a folha de papel ou um espaço fechado. A consciencialização e a importância do papel do aluno de artes enquanto cidadão interventivo, foi também um dos objectivos a atingir com esta iniciativa. Alto-contraste é o tratamento gráfico que reduz, na representação, os valores tonais intermédios para preto e branco. Os cinzas mais claros passam a branco e os cinzas com maior percentagem de preto passam a preto. A qualidade neste trabalho verifica-se no resultado final, o referente deve manter a sua identidade. Neste processo os alunos adquirem maior sensibilidade e compreensão

da importância dos valores tonais na representação correcta dos elementos da luz”. Creio que se pode observar um esforço para mostrar também os diversos olhares sobre o nosso mundo, sobre as nossas leituras; novas, rememoradas, esquecidas ou lembram-nos simplesmente solidariedades que nos unem ou nos uniram (sensibilizou-me, por exemplo, a foto de um aluno meu, André Vilares, falecido juntamente com o Rui num acidente de viação entre Miranda do Douro e Mogadouro). Nesse momento percebi que a fotografia, outra forma de arte, também nos lembra o que não devemos esquecer, levanta-nos o véu sobre o que não podemos – ou não queremos – ver. O professor Trovisco já nos habituou à criação artística de um universo lúdico inspirado em detalhes que se encontram à sua volta, à nossa volta, nas diversas esferas do nosso quotidiano. Certas pessoas vêem o mundo de uma forma diferente dos outros. O professor Trovisco consegue transformar cenas banais e quotidianas de carácter profano ou religioso em obras de arte: presépios, actores sociais, cenas teatrais ou simples pedaços de vida. À noite, foi a vez da actriz Maria João Vicente, do Teatro da Garagem, trazer mais algum brilho a este

dia com “ Poemas com a minha idade”, num recital de poesia que reuniu cerca de 80 pessoas na Biblioteca Municipal de Bragança. Na minha óptica a cidade de Bragança está a precisar de uma pequena «perturbação» que interfira com a normalidade, com a rotina do quotidiano, que rompa com os códigos e os comportamentos habituais, um passeio interactivo com o urbano e os transeuntes. Improvisação, composições instantâneas, contacto físico com o público que pode ser alargado a tantos outros domínios da arte, da informação viva histórica, geográfica… (fotos, esculturas, descoberta de outras civilizações…), um olhar poético e recuado que questionasse o lugar e o olhar de cada um de nós nas ruas, na cidade e, mais generalizadamente, na nossa sociedade. Dar-lhe uma outra vida ou, de qualquer modo, inventar-lhe uma. Talvez que, com alguma imaginação, com alguma decoração estética, estes sentinelas urbanos fizessem recuar o cinzento de certas instalações e serviços públicos onde se respira uma certa monotonia ou a efémera alegria de um triste fado, não?! …


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TEATRO

Divinal ajuda contra a crise

Liga dos Portugueses Extraordinários ACÁCIO PRADINHOS

“ Para arrebatar uma plateia é preciso que ela veja a vida e não algo morno.” Lawrence Olivier

Foi no dia 11 de Maio pelas 21.30 que o Teatro Municipal de Bragança acolheu a “Liga dos Portugueses Extraordinários”. A peça tem como espaço cénico o CÉU, onde os ilustres portugueses, que fizeram a nossa história, acompanham o desenrolar da crise económica que assola o mundo e contagiou Portugal até uma situação de ruptura financeira. Ao ouvir, na CÉU RÁDIO/TV, prever o eminente colapso resolveram agir. Convocaram uma assembleia para decidir as medidas a tomar para salvar Portugal. Fernando Pessoa foi incumbido de entregar a convocatória a S. Pedro mas, os seus 4 heterónimos mais conhecidos fizeram o mesmo aos 4 anjos que estavam de serviço à portaria do Céu. Com a portaria do Céu sem vigilância, 4 demónios, o Rei D. Pedro, a Bruxa da Branca de Neve e o Hitler invadem o paraíso com objectivos diferentes. António Feio, D. Afonso Henriques, Amália, a Padeira de Aljubarrota, o Camões, os Anjos, o Ajudante do S. Pedro, o S. Pedro, o Fernando Pessoa, a Florbela Espanca, a Inês de Castro, com a ajuda da Maria Madalena, Carmen Miranda, Marilyn Monroe, Joana D’Arc, Madre Teresa de Calcutá e Lady Diana, resolvem o imbróglio dos condenados que invadem o

Céu. Com a chegada de um membro da Tróika EUE – FMI que faleceu com um enfarte descobrem que tudo não passou de um grande fiasco porque as notícias eram do Céu Memória e Portugal está bem e recomenda-se. A sala a abarrotar não intimidou o elenco de 30 jovens que expressaram através de acções, emoções e palavras as indicações do encenador. O sucesso foi arrebatador com o público a aplaudir de pé durante muito tempo. No dia seguinte o teste era bem mais complexo. Tratava-se da repetição para os alunos da escola que, por tradição, são “convidados” a ir ao teatro ver os seus colegas. A reacção foi ainda mais gratificante porque os jovens, ao contrário dos adultos, não conseguem disfarçar os seus impulsos perversos quando efectivamente não gostam do que vêem. Por vezes não gostam de nada e proporcionam situações constrangedoras. O meu percurso

já me propiciou experiências muito desagradáveis com públicos idênticos. Foi maravilhoso. Educadamente, os mais de 600 alunos do 7º ao 12º anos, permitiram que os seus colegas mostrassem o trabalho que prepararam para representar o Liceu na 8ª Mostra de Teatro Escolar e reagiram com entusiasmo a todos os estímulos antes durante e depois da performance. Na escola quebraram-se as barreiras da indiferença e abordaram-me exultantes, agradeceram-me pelo magnífico espectáculo que lhes proporcionámos. Os docentes e o pessoal não docente também se identificaram com o nosso trabalho e mostraram reconhecimento. A alegria dos actores é indescritível, a consciência do dever cumprido é a melhor recompensa depois de meses de trabalho complexo. Representámos o Liceu com dignidade, consolidando o papel dos âmbitos informais da escola na formação integral dos alunos. A viagem pelos sentidos onde coexistiram a formação do actor e a tripla dimensão do saber, gerou este projecto. As aulas de experimentação, a escrita teatral, a pesquisa para a construção da personagem, os ensaios (leitura, marcação e gerais) tiveram momentos únicos de prazer e exaltação que só abrandaram depois das palmas do público. A mudança de atitude do professor que, com o aproximar da estreia, deixa de ser um animador de grupos, facilitador e cúmplice para ser um encenador implacável e intransigente

foi, neste momento, apreendida e amnistiada. Sinto-me muito orgulhoso pela eficácia das estratégias adoptadas para levar a bom porto esta tarefa, pelo empenho dos alunos na consolidação do “Clube de Teatro”, pesquisa da sua personagem e no estudo do texto que a suportava, mas também pela cumplicidade dos encarregados de educação que confiam na pertinência do te-

atro na educação integral dos seus filhos, pela atitude da Direcção da Escola que cria dinâmicas geradoras de entusiasmo e satisfação no seio dos alunos e ainda pelo “público” que dá um feed-back proporcional às nossas expectativas e nos ensina o caminho para o sucesso de um projecto que é pensado à medida das susceptibilidades escolares. VIVA O TEATRO!


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DESPORTO

Alexandra silvano foi aos nacionais

MEGA SPRINTer 2011

BRUNO ALVES

O Mega Sprinter é um projecto organizado no âmbito de um protocolo estabelecido entre o Ministério da Educação e a Federação Portuguesa de Atletismo. Este projecto conta ainda com o apoio de vários organismos, mais precisamente Escolas, EAE’s, Associações Distritais de Atletismo, Escolas de Referência Desportiva, Centros de Formação e Autarquias. A localidade de Mogadouro recebeu, no dia 16 de Março, a fase Nome do aluno José Fernandes

distrital da competição, que contou com a presença de alunos da nossa Escola, entre os 280 alunos de 20 escolas do distrito de Bragança. Os nossos alunos tiveram, mais uma vez, uma participação brilhante, com a obtenção de vários lugares no pódio (ver quadro). Destacouse a aluna Alexandra Silvano que, na prova dos 40 metros do seu escalão, obteve o primeiro lugar qualificando-se para os nacionais desta competição, onde teve uma Escalão/Prova Infantil B / 40m / salto em comprimento

prestação de grande mérito. A Prova Nacional realizou-se em Vendas Novas, nos dias 1 e 2 de Abril, e contou com a participação de cerca de 900 alunos/atletas de todo o País. De salientar, que o Mega Sprinter é apadrinhado pelos atletas olímpicos Francis Obikwelo na prova de Velocidade, Naíde Gomes e Nelson Évora na prova de salto em comprimento e Rui Silva na prova do Km.

Classificação 4º lugar na 3º eliminatória 2º lugar

Ricardo Gonçalves

Infantil B / 40m

4º lugar na meia final

Alexandra Silvano

Juvenil / 40m

1º lugar

Carla Jordão

Juvenil / 40m

5º lugar meia final

João Fundo

Juvenil / 40m / salto em comprimento

4º lugar na 3º eliminatória 6º lugar

Tânia Lopes

Infantil B / Km

11º lugar

Rafael Lopes

Juvenis / Km

3º lugar

Equipa da Emídio Garcia (aluna ao centro)

3XL campeão distrital de danças urbanas

PAINT BALL NA DESPEDIDA

HELENA RAMOS

LUÍS AIRES

Grupo/equipa 3XL

Após o Iº encontro de Actividades Rítmicas e Expressivas, no âmbito do Desporto Escolar, realizado na Escola Secundária Emídio Garcia, o nosso grupo/equipa 3XL (danças urbanas) foi competir com os outros grupos participantes (Miranda do Douro; Vila Flor; Vinhais e Macedo de Cavaleiros) em Miranda do Douro no dia 16 de Março e em Macedo de Cavaleiros no dia 6 de Abril. Após os três encontros realizados, apurou-se o campeão regional que este ano foi novamente o grupo/equipa 3XL, tendo obtido a classificação final de 80,67 pontos (média dos três encontros). Com este título, o grupo/equipa da Escola Secundária Emídio Garcia conquistou o passaporte para o Campeonato

Regional de Actividades Rítmicas e Expressivas, que se realizou na Póvoa de Varzim, no dia 30 de Maio. No dia 29 de Maio, partimos rumo ao litoral, onde confraternizámos num jantar convívio, com os restantes participantes na Escola Secundária Rocha Peixoto, tendo pernoitado no Quartel Militar da cidade. O Campeonato Regional conta com a presença de grupos/equipas muito bons e o ambiente é de diversão e grandes emoções. Estão presentes amigos e familiares dos participantes, assim como professores e alunos de várias escolas. A novidade no grupo 3XL, neste ano lectivo, foi a participação de dois alunos que praticam Parkour e que fazem acrobacias espectacu-

lares! Também integraram o grupo, alunas do 7º ano que darão continuidade ao projecto das danças urbanas, visto que alguns elementos já são finalistas e para o ano estarão no ensino superior. A estas alunas desejo felicidades, muito sucesso e que nunca se esqueçam que fizeram um magnífico trabalho no grupo de dança da escola. Fica o convite para, no próximo ano lectivo, os alunos da Escola Secundária Emídio Garcia, que gostem de dançar venham participar nesta actividade desportiva, onde não falta convívio, diversão, música, dança e animação! Ao grupo/equipa 3XL os parabéns pelo esforço e dedicação!

No passado dia 13 de Março a Associação Jovens Escolhas decidiu promover uma actividade completamente diferente das que estamos habituados a assistir no espaço escolar, um jogo de paintball. Esta actividade decorreu dentro das antigas instalações da Escola Secundária Emídio Garcia. Como todos sabemos as instalações da escola entraram em obras e, foi no final de todas as mudanças para o espaço provisório, que a Associação aproveitou para dar o apito inicial ao jogo. Ao longo do dia várias equipas de entre cinco a sete elementos

Preparação do jogo de Paint ball

escutaram com atenção todas as recomendações, vestiram os fatos e todas as protecções, agarraram nas armas e debateram-se por chegar à base adversária, entre muitos tiros e tinta. Este jogo teve como principal objectivo marcar, de uma forma diferente, a despedida do espaço que viu milhares de jovens ao longo de décadas. Foi desta forma que uma média de oitenta pessoas, entre antigos alunos, professores e alunos que frequentam a escola neste momento, cumpriram com sucesso a missão deste jogo “A despedida do Liceu Nacional”.


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DESPORTO

CAMINHADA PELA LIBERDADE PASSEIO PEDESTRE ATÉ À ALDEIA DE GIMONDE CÁTIA VEIGA | PTAP 2

No dia 11 de Maio de 2011, os docentes de Educação Física em articulação com a Equipa do Projecto de Educação para a Saúde, BE/CRE e Secção de Filosofia, dinamizaram um percurso pedestre, com destino à aldeia de Gimonde. O trajecto foi o seguinte: ESEG, Pólis, Quintas da Seara e Gimonde. Antes de ter início o percurso, previsto para as 14horas, uma equipa da Unidade Móvel do Centro de Saúde esteve presente na escola para verificar a tensão arterial daqueles que solicitaram o serviço no momento da partida, e também no local de chegada. Estando todos os participantes prontos, devidamente equipados com roupa desportiva, óculos de sol, protector solar e muita água, deu-se então início à caminhada. No decorrer do percurso, todos os participantes conversavam, trocando ideias e opiniões, ao mesmo tempo que observavam e desfrutavam das magníficas paisagens que se entreviam no horizonte, e se arrebatavam os sentidos com os sons

e a aragem oriundos da natureza. Algumas pessoas seguiam em veículos para prestar auxílio aos participantes, caso fosse necessário. Houve algumas paragens durante o percurso, uma delas junto ao rio de Gimonde, e que foi aproveitada para descansar e refrescar um pouco, pois o calor era abrasador. No entanto, o momento foi bastante aprazível, pois serviu também para tirar fotografias ao local. Aquando da chegada a Gimonde, mais precisamente ao Parque de Merendas, os participantes reuniram-se e aproveitaram para descansar e recuperar energias. De seguida teve lugar um momento poético em que os alunos do PTAP2, declamaram poemas alusivos aos valores conquistados com a Revolução de Abril, enaltecendose deste modo, a liberdade e o espírito democrático, que devem ser nos nossos dias, reavivados. Posteriormente teve lugar o tão almejado lanche - convívio e, por fim, deu-se o regresso à escola em autocarro. Esta caminhada, apesar de ter

sido longa e extenuante, foi bastante enriquecedora, já que sensibilizou a comunidade educativa para problemáticas em relação às quais devemos estar mais vigilantes. O evento descrito tinha como objectivos primordiais, que foram amplamente cumpridos: promover o contacto da comunidade escolar com o meio ambiente de modo a alertar para a necessidade de estabelecer uma relação de proximidade e de respeito com a Natureza; fomentar a prática de actividades ao ar livre que possibilitem a assunção de estilos de vida saudáveis; dar a conhecer o contexto histórico - social do 25 de Abril de 1974; sensibilizar a comunidade escolar para os valores da liberdade e da democracia no sentido de incentivar os alunos para o exercício de uma cidadania activa e responsável; divulgar textos e imagens de intervenção; fortalecer as relações de convívio, espírito de grupo e de partilha.

Partida para a caminhada

Leitura de poemas em Gimonde

DESPORTO ESCOLAR / BASQUETE E MULTIACTIVIDADES

MAIS UM ANO, MAIS UMA VEZ CAMPEÕES Amílcar Pires

Campeões da Compal Air

Uma vez mais campeões… Mais um ano lectivo se aproxima do fim com a satisfação de termos dado o nosso melhor, expresso no empenho e motivação demonstrados em cada treino por todos os jovens que participaram nos núcleos de Basquetebol e de Multiactividades do Desporto Escolar. Quando o espírito desportivo, vontade de vencer e, principalmente, de melhorar, a tarefa de ensinar

Equipa feminina de basquetebol

fica facilitada e o esforço realizado compensado com mais três títulos de campeões distritais: Juvenis Masculinos e Juniores Femininos de Basquetebol e de Multiactividades. Embora, no apuramento do campeão entre CAE’S da modalidade de Basquetebol o jogo com o Colégio da Boavista não decorresse da melhor forma, tal facto irá trazer-nos, no próximo ano lectivo, uma responsabilidade acrescida de

mais e melhor trabalho para ultrapassar, futuramente, esta etapa. Com a certeza de todos os envolvidos terem dado o seu melhor, só nos resta felicitar-vos pelos resultados mais uma vez alcançados, com a promessa de continuar com o empenho que tem vindo a ser demonstrado em todas as provas que envolvem os grupos equipas do Desporto Escolar, nomeadamente no Torneio de Basquetebol 3x3 –

Aluno em Multiactividades

Compal Air, onde quatro equipas ficaram classificadas em 1.º lugar, uma em 2.º e outra em 3.º lugar, obtendo a nossa escola a maioria dos prémios em disputa a nível distrital. Assim, no sentido de melhorar a confraternização, espírito de equipa e de amizade entre todos, mais uma vez será organizado um jantar convívio com a participação de cerca de três dezenas e meia de participantes e simpatizantes,

onde decerto irá imperar a boa disposição, de forma a ajudar os jovens a libertar as energias acumuladas e a desenvolver uma relação de convívio confraternização, actualmente um pouco arredadas da vida social dos nossos jovens. A todos os atletas, árbitros, encarregados de educação e a todos que nos apoiaram, um muito obrigado dos professores dos grupos equipas do Desporto Escolar.


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OPINIÃO

Matemática... persistir ou desistir? Os maus resultados derivam habitualmente de pouco trabalho e sobretudo de maus métodos

MATEMÁTICA E BIOLOGIA EM COMPETIÇÕES NACIONAIS Professoras de Matemática e biologia

Aluna de matemática em momento de concentração ELISABETE MARGARIDO I MANUELA OLIVEIRA

A Matemática é uma das ciências mais antigas e é também uma das mais antigas disciplinas escolares, tendo sempre ocupado, ao longo dos tempos, um lugar de relevo no currículo. Não é uma ciência sobre o mundo, natural ou social, no sentido que o são algumas das outras ciências, mas sim uma ciência que lida com objectos e relações abstractas. É, além disso, uma linguagem que nos permite elaborar uma compreensão e representação do mundo, e um instrumento que proporciona formas de agir, para resolver problemas que se nos deparam, e de prever e controlar os resultados da acção que realizarmos. (Finalidades do ensino da Matemática - Programa de Matemática do Ensino Básico) Os órgãos de comunicação social alertam, com alguma frequência, para as competências matemáticas dos nossos alunos, comparando-as com as dos estudantes de outros países e interpelam a sociedade, o sistema educativo e a comunidade matemática sobre esta temática. Todo este envolvimento deve-se ao facto de a sociedade valorizar a matemática como uma ciência e dar grande importância no contexto escolar a esta disciplina. Também a nível internacional, a Matemática é usual-

mente tomada como um indicador de eficiência da escola e do ensino formal. Ainda recentemente, estudos internacionais de avaliação dos conhecimentos específicos e competências dos alunos em três domínios fundamentais (leitura, matemática e ciências) – PISA 2009, anunciaram que os alunos portugueses melhoraram significativamente o seu desempenho, situando-se agora na média dos países da OCDE. Tal é a importância destes resultados que foram usados até como instrumentos de propaganda política… Mas continuamos a falar de uma das disciplinas mais problemáticas e em que o insucesso teima em persistir… Será que a Matemática é mesmo o tal “bicho-de-sete-cabeças”, odiado por tantos alunos e temido por muitos outros? Comecemos por reconhecer que a Matemática não é difícil. Para muitos alunos é mesmo a mais fácil das disciplinas. Por uma razão simples: é bem delimitada e percebe-se bem o que se pede. Sabendo-o, têm-se bons resultados. Mas, para a maioria dos jovens, a palavra matemática provoca calafrios e traz à memória maus momentos. Desnecessariamente, pois com um pouco de método e de esforço, tudo se consegue. É

claro que o professor conta muito. Mas os alunos não se podem desculpar com o professor, bem como pela falta de motivação ou pelo facto de desconhecerem a utilidade do que estão a aprender, ou até por razões de ordem genética… Os maus resultados derivam habitualmente de pouco trabalho e, sobretudo de maus métodos. Para ter sucesso é preciso persistir… é preciso concentração em cada momento da aula e um trabalho autónomo, regular e sistemático. Em matemática, tal como em muitas coisas na vida, um dos princípios mais importantes é não desistir. Nunca desistir! E como se faz isto? Faz-se com força de vontade e com trabalho, mas faz-se sobretudo com método, estratégia e uma boa gestão do tempo. A motivação e a autoconfiança, nas doses certas, são igualmente essenciais. É fundamental querer, mas isso de pouco servirá se não se souber como. Querer e acreditar que se é capaz, ainda que isso signifique trabalho e esforço, e sobretudo não desistir perante os obstáculos ou dificuldades… PERSISTIR!

Realizaram-se nos dias 9, 10 e 11 de Maio, as Competições Nacionais de Ciência 2011, uma iniciativa a cargo do Projecto Matemática Ensino (PmatE), desenvolvido pelo Departamento de Matemática da Universidade de Aveiro desde 1990. Mais uma vez o Campus Universitário de Santiago se transformou numa sala de aula gigante para a realização das provas de Matemática, Física, Biologia e Geologia, para receber cerca de 18 mil alunos, oriundos de 1200 escolas. Os objectivos desta actividade passam por desenvolver o raciocínio aliado ao desafio e à competição, de uma forma lúdica, aplicar as tecnologias e o desenvolvimento de conteúdos ao serviço do sucesso escolar e da cultura científica e estimular o gosto e o interesse pela Ciência. O concurso consiste na realização de uma prova (com recurso ao computador) englobando os conteúdos das respectivas disciplinas e do ano de escolaridade dos alunos. Mais uma vez, a Escola ES/3 Emídio Garcia aceitou o desafio do PmatE e participou com cerca de 60 alunos. No dia 10 de Maio participaram os alunos do 3º ciclo do Ensino Básico, acompanhados pelas profes-

soras Elisabete Margarido, Manuela Oliveira e Carla Martins. Os resultados nas competições foram bons, nomeadamente, no Equamat, uma equipa de 7º ano obteve o 14º lugar entre 877 equipas e uma equipa de 9º ano obteve o 39º lugar entre 802 equipas participantes. A escola obteve o 54º lugar num total de 211 escolas participantes nesta competição. Na competição GEO@net uma equipa de 7º ano obteve o 18º lugar no total de 200 equipas, a nível de escola qualificou-se em 7ºlugar no total de 21 escolas participantes na competição. No dia seguinte foi a vez dos mais velhos entrarem “em acção”, participando nas competições Mat12, bio 10 11 12 e fis12, acompanhados pelas professoras Armandina Baptista, Cristina Branco, Célia Costa e Maria José Pinto. A salientar na competição bio 10 11 12 uma equipa qualificou-se em 10º lugar num total de 150 equipas. Todos se comportaram à altura do desafio, mostrando que afinal o conhecimento científico é acessível a qualquer um e que nem a Matemática, nem a Física nem a Biologia são, como alguns ainda acham, “monstros de sete cabeças”.

Equipa da Emídio Garcia no Equamat - Aveiro


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OPINIÃO

Há uma arte na leitura? ADRIANO VALADAR

Sim, passar horas, sentado no chão de uma FNAC, numa biblioteca, numa livraria ou à sombra de uma árvore com um livro no regaço, quem não experimentou esses momentos indescritíveis, sentindo nesse grande silêncio, absorvendo pedaços de seiva da vida de tão perto, com as suas cores e também os seus fardos?! Só a leitura pode segredar essas experiências, essas emoções. “Adoro as vacas!”. Fiquei bastante surpreendido e também entusiasmado ao folhear algumas páginas de um prefácio da Genealogia da moral de Nietzsche” para poder praticar a leitura como uma arte, antes de mais, é necessário algo que está completamente esquecido nos nossos dias, qualquer coisa que nos pediria quase para pertencer à raça bovina e não ser um homem moderno certamente, quero dizer saber ruminar”. Esta ideia faz lembrar o que é dito também sobre a escrita, processo que se pode associar ao acto de caminhar que é pedido ao leitor, uma atitude contrária à inércia. Por

conseguinte, a escrita e a leitura funcionam em conjunto embora sigam passos diferentes. Um bom leitor escreve ao mesmo tempo que lê, sublinha as palavras, põe apreciações em todos os interstícios, é isso a ruminação dos livros. O ponto comum entre a ruminação e o leitor reside no facto de se tratar de uma actividade sem fim. A leitura é ilimitada, como uma experiência interminável, à imagem de um prado que nunca se encontra completamente pascido pelas vacas que o ocupam. Além disso, pressupõe também uma indiferença em relação à finalidade, afinal a vaca ignora completamente o que faz. A ruminação não deixa de fazer eco à grande tradição monástica da “lectio divina”, da leitura da bíblia que repousa sobre o mesmo princípio. A leitura do livro deve ser também interminável, saborear infinitamente o sentido da obra, diria de algumas obras, daquelas que são portadoras de uma certa verdade. Do ponto de vista do leitor há várias razões pelas quais se lê, mas a

compreensão do mundo, do mundo comum, do mundo sensível e, por conseguinte, da compreensão de si mesmo, revela-se essencial. A literatura como lugar de representação da experiência humana, o escritor é alguém que tem o dever de restituir a verdade dessa experiência. Quantos jovens lêem Os Lusíadas ou A Odisseia? Quantos excertos da Peregrinação fazem parte dos programas de português? São lidas e aconselhadas outras versões, ou seja, histórias aproximadas como se os nossos alunos fossem mentecaptos. Claro que temos culpa. É necessário ler os clássicos, com magníficos prefácios de especialistas. É preciso abrir portas aos autores da grande literatura. O mais fascinante é o porquê de um autor, a um determinado momento, ter escrito uma tal frase. É evidente que a razão da leitura de certos autores é esta proximidade, a vontade de se aproximar do “como é feito”, querer ver de perto como as frases estão laçadas umas às outras, ver com uma lupa o ponto de junção de uma frase à outra.

A partir daqui coloca-se a questão da leitura na escola e se é ou não um factor de sucesso. Creio que se torna bastante claro que esta actividade é um excelente momento de aprendizagem e que tem bastante impacto sobre o sucesso escolar. Menos evidente é a opção ou conselho dos textos a ler pelos alunos. Mas estou convencido de que todo o livro, digno deste nome, pode ser lido por qualquer aluno, independentemente do grau de dificuldade do mesmo, se é ou não indicado para a sua idade, porque as crianças são muito inteligentes e mesmo se não compreendem tudo, isso é pouco importante. Vivemos numa sociedade em que o esforço é venerado em todo o lado; vencer na empresa, ser “capitão na indústria” nesta ou naquela área e é sobretudo no desporto que se atinge a apoteose do esforço. Mas quando se trata do esforço para ler, torna-se algo escandaloso. A literatura, o livro, quando nos é familiar converte-se num objecto de deslumbramento. Entrar num livro que não

vamos forçosamente compreender, ou compreender sem compreender, sentir uma espécie de resistência perante a espessura do mundo que não se consegue vencer (eu sinto-o com Kafka ou com Joyce por exemplo), é extraordinário do ponto de vista do conhecimento. Não querer descobrir a emoção que traz a leitura é perder o silêncio, é perder o tempo da leitura, o tempo enquanto saída do tempo, na leitura saímos do tempo contabilizado. Quando se perde a literatura, o ser humano encontra-se perante a constatação da morte e a literatura é um grito de protesto contra a morte que o vazio acaba por ganhar. O leitor está intimamente ligado a todo este processo e comunga deste protesto do qual não tem completamente consciência. O vazio vai ganhando terreno nas nossas vidas sem a literatura.

O acordo ortográfico O acordo que veio para ficar, suscitará em muitos docentes e discentes um rosário de dúvidas e incertezas João Cabrita

À medida que o cronos vai acrescentando dias à nossa existência, parece que o tempo corre de modo mais célere. Não há muito, víamos escritos, onde a botica se ortografava com “ph” tomando a forma de “pharmácia”, teatro e retórica aureolavam-se de “h” constituindo-se como “theatro” e “rethórica”. Teixeira de Pascoaes, por seu turno, tecia lágrimas pelo denominado eipsílon, escrevendo “lágryma” e “abysmo”, por razões estéticas para o líquido segregado pelas glândulas lacrimais, ou para conferir profundidade, escuridão e mistério, ao princípio a que não queremos chegar. Veio a Reforma de 1911 e o país banhado de analfabetismo arrumou o caos de que Almeida Garret na introdução ao leitor, quando, por volta de 1829, escreve o livro Educação de que vale a pena recordar a citação “É lástima ter que dar satisfação sobre ortografia: a ninguém mais sucede isto senão a nós, que tendo uma língua tornada à séculos, ainda

não podemos sair da anarquia ortográfica em que vivemos”. Libertados da anarquia através de ilustres filólogos, ainda hoje lidos e estudados por especialistas, como D. Carolina Michaëlis de Vasconcelos, Gonçalves Viana, Cândido de Figueiredo, Adolfo Coelho, Leite de Vasconcelos e José Joaquim Nunes, entre outros, a língua portuguesa limpou-se de poeiras, sem que o Brasil tivesse pedido opinião ou conselhos, ou se preocupasse com questões económicas que naquela época assolavam um país recémchegado a uma república ansiosa por se afirmar. Com uma reforma ortográfica a orientar a escrita dos portugueses, cabe à Academia Brasileira de Letras encetar um processo que acabasse com as grandes clivagens existentes entre o português do Brasil e de Portugal. O acordo será ratificado em 1931, sendo melhorado pela Convenção Ortográfica LusoBrasileira de 1945.

Entre 1971 e 1973 Portugal e Brasil promulgam lei que reduzem algumas divergências ortográficas entre os dois países, tendo sido o acento grave nas palavras derivadas de diminutivos em inho/a e advérbios de modo, como a avozinha e somente. Em 1986, a partir de um encontro realizado no Rio de Janeiro, que envolveu a presença dos cinco novos países africanos lusófonos, saídos da descolonização portuguesa, foi estabelecido novo acordo não viabilizado devido à reacção polémica movida sobretudo por Portugal. Com o “Allgarve” a querer chamar turistas e suster o país para não cair na crise, graças aos esforços denodados dos doutos economistas, era inevitável que a Assembleia da República corresse à pressa e aprovasse o Acordo Ortográfico, não obstante a recusa de muitos intelectuais portugueses. E ele aí está a mostrar-se nas legendas da Televisão do Estado ou em periódicos que se demarcaram pela inovação.

E na Escola como é? Avassalada pela promoção dos cursos das TIC, ainda não houve tempo de voltar o rosto para a língua. Eivado de inovação e de transformações, o acordo que veio para ficar, suscitará em muitos docentes e discentes um rosário de dúvidas e incertezas. Caberá, provavelmente, ao professor de português o ónus do processo fora de portas, quando o aluno chegar ao ensino superior, é fácil culpabilizar o professor anterior, o do secundário, pelas incorrecções cometidas pelo novel universitário e assim sucessivamente, em efeito dominó, será o educador de infância o culpado de tudo. Na escola, para consumo interno, é ao professor de Português que cabe ensinar a ortografia, porque os outros sabem das suas matérias e a mais não são obrigados. Quando, formação para todos? Ou será que, nesta fase, com tantas alterações operadas na língua, não teremos de ser todos aprendizes da “nossa ortografia”?

Em Setembro estaremos de volta à escola e a língua portuguesa com novas roupagens sustentadas pela nova ortografia aguarda-nos desejosa de ser bem tratada, receosa de tratos de polé como é prática corrente. Os alunos aguardar-nos-ão para que sejamos os guardiões da matéria-prima que trabalhamos todos os dias e que nos caracteriza como portugueses. Será que estamos à altura? Será que iremos satisfazer a contento quem em nós confia? É voz corrente afirmar-se que quem vai para o mar avia-se em terra. O mar iremos enfrentá-lo com profissionalismo, mas é bom que nos movamos do saber em tempo adequado para que não claudiquemos nesta missão nobre que nos atribuíram, e de que não abdicamos e que tanto nos enobrece…


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CREATIVE TEENS

It’s time the Portuguese discover new worlds again RAQUEL GONÇALVES | 12º B

Talking with the world DAVID VAZ | 12º B

Good morning, I will start my speech by introducing you to this quotation from Derek Walcott – “The English language is nobody’s special property. It is the property of the imagination: it is the property of the language itself.” When I first read this I thought “Is it? Shouldn’t it be a special property of the English people?” Well, after some research I found why Derek said that. There are between 500 million and 1.8 billion people speaking English. And that is just unbelievable. But why? Simple, there are practical reasons for having a common language. Mostly... yep, you guessed it, COMMUNICATION! But which language? I guess English is the one for a lot

of reasons; one of them is the ease of learning. Although the English language is sometimes tricky, (Let’s see: The word “good” has many meanings. For example, if a man were to shoot his grandmother at a range of five hundred yards, I should call him a good shot, but not necessarily a good man.”), but still, it is an easy language to learn. You know that what I’m saying is true. You are confronted with the English language every single day in social networks, in school, at work, on TV. English can be amazing, for instance I like the word “indolence.” It makes my laziness seem classy. I like the word amazing. I like the word joy. I like the word funny. I like the word friendship. I like the word

work. I like the word love. I like the word maniac. I like the word music. I like the word dance. I even like the word piggery. And you know why? Because I know the meaning of those words and they mean something to me. A common language should be a solution, not a problem. As you see everyone should speak English. I disagree with a Czech Proverb which says “Learn a new language and get a new soul.” I say “Learn English, and talk to the world”. Take the American people for instance, if they can speak English, everyone can!

Building a Creative Future ANA RITA PAIS | 12º B

painting, design, dance, cooking... In the second place, while we are still young, we have an open mind and a free and innovative spirit, so if the school restricts us to a few subjects, our creative ability will be wasted. Nowadays, school acts like a prison, its only concern is about students getting technical skills to put them in universities. School can’t connect talent with students and none of them are helped to express themselves as they want, because everyone knows that students rarely pick classes because they are interested in them but simply because they need them. In my opinion we should

NO. We can’t let this happen! The real voyage of discovery consists not in seeking new landscapes but in having new eyes. Marcel Proust French novelist (1871 - 1922) It’s time the Portuguese discovered new worlds again, my people. We should show everyone who we are, what we have, what we are capable of. We are more than what we seem now. If we want to go fa,r we can go far. We should change our country completely. We should go back a few years and be what we have already been. Let’s take the ships and boats (the submarines, even) and conquer our nation. Yes, first we need to conquer our nation and then we can discover new worlds, new things, new ideas, a new Portugal! As a very good friend of mine said to me: People! We should rise!

We should create

a world union ARIANA AFONSO | 12º B

School kills creativity: Creativity is something that everybody is capable of. Of course there are people who have more creative minds than others, but it is an ability that everyone should exercise and show to the others and to the world. So, I think that this training should begin at school with complementary classes that would help students express themselves. In the first place, all of us are born artists. As life continues and we go through several experiences, our personal inside changes and we keep many stories to tell. Some of these stories can be expressed in different ways of art, such as music, acting,

My people! We discovered so many countries; we did so many good things! And now? Portuguese people, what are you doing now?! NOTHING, you’re doing NOTHING! Where is our adventure spirit? Where is our team spirit? Where are our capacities? Portuguese people, where are you now?! Once, once Portugal discovered India, Brazil. Once Portugal conquered lands. Once Portugal went around the world. Ships and boats went around the oceans, poets proclaimed the Portuguese discoveries. Where is this Portugal now? Lost in the world? Did Portugal disappear? NO! Portugal is it where it was so many years ago. What is Portugal now? A country which was forgotten by people, including its own people?

have normal classes as well as artistic classes that each one of us should choose according to our preferences and talents. Lastly, most famous and important people in history are people who think differently, who are not afraid to make mistakes and through creativity they make the world more beautiful. We need to start building a more creative future for children and students because the gift of human imagination should be celebrated, not pushed aside and hidden.

Here’s to the challengers, the not resigned. The ones who see the world upside down. To all of you who, somehow, complain about the planet. To those who think something is wrong and those who fix that wrong thing. Union is what I come here today to propose to you. But not an ordinary union. I’m here to appeal to a World Union for Environmental Causes. My friends, we should all come together to fight this problem, as it affects us all. We’ve seen on Saturday a great initiative to draw attention to energy consumerism problems. And note I’ve said consumerism, not consumption. Saturday 26, Earth Hour saw lights out across the planet; unfortunately this only lasted for about an hour but this event should be repeated more times a year. The energy needs of today’s world go way beyond what the planet can stand. And that’s no good for us. It’s no good the sign

that our planet keeps sending us. Earthquakes, floods, climate changes… it’s no good what men are doing to the environment. We see more and more a planet at risk. See, for example, this recent and eminent nuclear catastrophe. Man has used nuclear power to overcome his energy needs. And see what’s happening. This is a trap, nuclear power has no emergency exit. Once we get in, there’s no way out and the shadow of disaster will always be over us. So, this world union would have the purpose to work and look for alternative solutions and more than that, implement them. Let’s have courage to get further, let’s face self-indulgence. Unity makes strength, my friends, unity always makes strength.


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JUVENTUDE CRIATIVA

Waking up later: a dream come true CAROLINA ALVES | 12º F

It’s 7 a.m. The alarm clock rings and wakes me up for a new day. But I don’t want to get up. As many other teenagers, not only in the country but in the world, my brain is still asleep. However, I get ready and walk into what seems to be a facility for teenagers with sleep deprivation, deficit of attention and a really cranky mood. Why are they like that? Because school doesn’t start later. Let me explain... First of all, it’s scientifically proved that teenagers must sleep between 8 and 9 hours a day, while adults only need 7 to 8. “Then they should go to bed at 10 p.m.” you’d say. Well, the problem is teenagers have hormones. The you-will-stay-awake-untilmidnight type. So the thing here is how can a teenager, no matter if he/ she is a good or a bad student, com-

mitted or not, how can he/she go to bed at midnight and wake up at 7 a.m.? Plus, teens need time to socialise, do homework, do their chores at home... So how are they going to multiply themselves in order to do everything? Starting classes at 10 a.m. would mean more time to sleep, for both teacher and student, more time to get ready and have breakfast (something many teenagers don’t do it), more time to work, help at home and socialise. I don’t see the problem here... In the second place, students would be much more focused in classes. It’s also proved that in schools that changed the beginning hours from 8 to 10 in the morning, students’ grades and attention levels were better. And it is still good to

have good marks, right? Lastly, if youngsters sleep more, they won’t be so stressed, so cranky and so moody. And if they’re happy and nice, their parents won’t be so stressed either. I mean, what parent doesn’t want his teenage kid to be nice and lovely? So, the thing is, if school started later, kids would be much happier and healthier. And not only because of the extra sleep but for the time they’d have to eat in the morning and finish up their homework. Plus, parents and teachers would be less stressed too as they wouldn’t need to argue or call teen’s attention as much as they do now. Starting classes at 10 a.m. is the dream; let’s wake up and make it true.

Olhares CATARINA TOLEDO PAULA | 12º B

Por entre notas musicais, excertos de músicas, citações, fotografias e lembranças, tudo ficou por dizer. O tempo ficou mudo, os dedos começaram por chorar e os olhares quietos compreenderam a perda. De início tudo se resumia a uma possível confusão onde uma amálgama de sensações se confundia com a expressão de cada segundo de vida. A honestidade fixou cada momento a um chão vibrante, ao qual nada se unia. O ruído de fundo incendiava cada palavra, cada decoração, cada promessa citada em tão áspero dia.

A data chegou para nomear os mais fortes que decerto compreendiam o motivo pelo qual tudo se designava por experiência. O cheiro, o tacto de cada lugar desapareceu, tornou-se um molde, uma inexistência superficial, uma verdade calculável. De tudo o que vivera nada se comparava aos insignificantes meses de sucessão, por mais que o tempo se demonstre ocupado este não o recusava. A despedida chegou e aquele adeus fúnebre ficou coberto do mais intenso eufemismo. Foi então que

toda a cor se renomeou, aparecendo posteriormente como que de um sinal de sorte se tratasse. Não chega arrancar trevos e descobrir a quarta folha, mas sim encontrar aquilo que cada um é para ser aquilo que nenhum consegue suportar não ser. A viagem segue sem rumo por onde os caminhos se guiam, hoje seria o dia de olhar para trás e despertar o passo da vitória, mas se assim fosse o amanhã seria a viagem de regresso.

Bem me quer, mal me quer Bem me quer Mal que quer E sem querer… Ai Rodopia alegremente E aninha-se no chão E dói dolorosamente Cada pedaço retirado minuciosamente E aninha-se no chão Conta letras de memória Rejubila o coração Olha expectante o horizonte Espera que alguém sorria E perde a esperança na fonte Passa fome da verdade E mais tarde… Deita fora a ilusão Caem lentamente E aninham-se no chão Ai Mal me quer Bem me quer Deixa-se cair saudosamente Olha-se e recorda Voa longe e longe e recorda Fita-se num único olhar Fugiu-lhe o futuro E deixa o passado a passar Deixa-se cair lentamente E aninha-se no chão Bem me quer Mal me quer Deixa-se perder Nesse mar de cores repousado Que se move por água que não há É um futuro, um passado E para sempre guardará Vazio e solidão Ai E aninha-se no chão Já não é flor Não é mais coração Foi lentamente esquecer O bem me quer Maria Inês | 12º A


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ARTES

EM CONCURSO INSPIRADO NA OBRA DE GRAÇA MORAIS

ISABEL MORAIS GANHA 1º PRÉMIO 9º Encontro nacional de professores de Expressão e Comunicação Visual realizou-se em Bragança Teófilo vaz

A aluna do 11º E, Isabel Morais, ganhou um dos dois primeiros prémios atribuídos pela Associação dos Professores de Expressão e Comunicação Visual no âmbito do concurso “À procura das nossas raízes, com Graça Morais”, iniciativa que contou com a participação de cento e quarenta escolas de todo o país. A proposta da associação consistia em partir da obra de Graça Morais, pintora bragançana, que fez o seu percurso do ensino secundário no Liceu de Bragança, na década de sessenta, para a criação de obras plásticas (pintura, escultura, vídeo, instalação…). A obra da pintora Graça Morais, que deu nome ao Centro de Arte Contemporânea concretizado pelo Município, no consulado de Jorge Nunes, constitui uma expressão notável da relação vital com as origens, tendo por horizonte o mundo. Uma colecção de obras da pintora integra, pelo menos durante uma década, a exposição permanente e tem contribuído para uma atracção crescente de visitas, integradas na programação, que conta também com participações de variados criadores contemporâneos.

1º Prémio | Isabel Morais, 11ºE

Valerá a pena lembrar que o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, uma transformação das instalações da antiga agência do Banco de Portugal em Bragança, anteriormente solar edificado no séc. XVII, é um projecto do consagrado arquitecto Souto de Moura, recentemente distinguido com o prémio Pritzker, o galardão internacional mais importante para a arquitectura. Bragança conta, assim, com uma obra arquitectónica notável, que alberga criações da internacionalmente reconhecida pintora do Vieiro, concelho bragançano de Vila Flor. Para além da participação dos alunos de artes do Liceu no concurso, o professor Manuel Trovisco liderou uma equipa que desenvolveu actividades de criação plástica e animação durante os dois dias de realização do encontro nacional da Associação de Professores de Expressão e Comunicação Visual, participando, na Praça da Sé, na realização de uma mandala. A participação foi solicitada por uma professora de artes que lecciona em Mirandela. Uma mandala é uma forma de expressão plástica colectiva, prati-

cada originalmente pelos monges tibetanos que, utilizando areias coloridas, desenvolvem uma obra em que cada participante procura atingir níveis de concentração e comunhão espiritual, que se expressam na harmonia das formas. São obras que não visam a perenidade mas, simplesmente, constituir um tempo de partilha, pelo que terminadas são destruídas, reabrindo o caminho para o recomeço. O grupo do Liceu produziu ainda a animação das ruas, alusiva à criação plástica, com a instalação de lápis coloridos que deixavam o rasto do seu traço (elaborado em fio metálico), instalados na Rua Abílio Beça, onde se localiza a entrada principal do Centro de Arte Contemporânea, assim como o Auditório Paulo Quintela, onde decorreram múltiplas actividades destinadas aos participantes do encontro. A capacidade criativa de Manuel Trovisco e a forma como consegue mobilizar os alunos para a participação nas actividades de criação plástica mereceram reconhecimento de múltiplos participantes e, especialmente, de Graça Morais, que fez questão de realçar publicamente o contributo do “seu Liceu” para

o sucesso da iniciativa. Os trabalhos de centenas de alunos de todo o país estão agora em exposição no Centro Cultural Municipal, instalado no antigo Liceu, posteriormente Escola Augusto Moreno, junto à Praça da Sé. O momento mais marcante desta participação do Liceu foi a atribuição de um dos dois primeiros prémios do concurso à aluna Isabel Morais, que viu reconhecido, a nível nacional, o seu trabalho, escolhido pelo Júri, alguns dias antes. Trata-se de uma criação plástica carregada de simbolismo que expressa a forma como a avó da Isabel, quando, de muito tenra idade, perdeu a mãe. A renda que a avó fazia quotidianamente inspirou-a na concepção do trabalho plástico: do novelo vai surgindo a obra que é, afinal, a própria Isabel, expressando uma ligação profunda às origens, que a avó representa, raízes sólidas no espaço e no tempo, mas ainda em construção, já que sobra novelo, caindo tridimensional para além do quadro. À semelhança da artista consagrada, Isabel Morais reflecte uma relação profunda com as mulheres,

Vista geral da instalação artística no Centro de Arte Contemporânea Graça Morais

a sua condição, a sua força, a capacidade de dádiva e de suporte sólido para a celebração da vida. A participação das escolas no concurso estava limitada a cinco trabalhos, individuais ou de grupo. A escola Emídio Garcia participou com trabalhos individuais de cinco alunos, seleccionados de entre toda a turma, considerados com qualidade e capazes de representar a escola com dignidade. Naturalmente, realizando-se em Bragança um encontro nacional com estas características, a escola Emídio Garcia, guardiã das expressões plásticas no distrito, não podia deixar de se empenhar na participação e mesmo, como veio a acontecer, na organização e animação do evento. A cidade conheceu um afluxo de artistas plásticos, professores e alunos de várias regiões do país que só pode ter contribuído para a prestigiar e acrescentar a sua atractividade. Papéis marcantes na realização do evento tiveram a presidente da Associação, Teresa Eça, professora em Viseu e a docente o Instituto Piaget de Macedo de Cavaleiros, Inês Bárrios.

Pormenor da instalação


Escola Secundária Emídio Garcia | 2ª Edição 2010 / 2011 |

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ACTIVIDADES

Dulce L. Branco 11º E

Parlamento jovem Equipa do secundário da Emídio Garcia foi a vencedora no distrito EQUIPA COORDENADORA *

João Fernandes 11º E

O aluno Eduardo Fernandes, do 12 F, presidiu à sessão do ensino secundário

Vitória Bráz 11º E

Ana Gonçalves 11º E

A participação da Escola Secundária Emídio Garcia no concurso “Parlamento dos Jovens “, que se realiza desde o lançamento da iniciativa, atingiu, este ano, o ponto mais alto, com a escolha das propostas da equipa do ensino secundário da escola para serem defendias pela representação do distrito na sessão nacional, que se realiza no próximo dia 30 de Maio, na Assembleia da República. Para além dos “deputados” da Emídio Garcia, a delegação irá integrar o aluno que liderou o “grupo parlamentar” da Escola Profissional de Carvalhais, em Mirandela, que foi escolhido como porta-voz por todas as delegações escolares que participaram. Uma das medidas propostas pela equipa da escola Emídio Garcia foi a reposição das aulas de cinquenta minutos, tendo em conta os resultados da aplicação, nos últimos anos, dos blocos de noventa minutos. As restantes equipas aceitaram, na generalidade, os termos da proposta, embora a versão definitiva tenha ficado por tempos lectivos de sessenta minutos. Talvez esta proposta dos alunos possa vir a contribuir para um repensar de decisões ao nível da organização e funcionamento das escolas que não têm demonstrado ser eficazes. A sessão distrital, realizada no passado dia 28 de Março, foi presidida pelo aluno do 12º F da escola, Eduardo Fernandes, seleccionado num casting realizado pelo IPJ, o que constitui mais um motivo de orgulho e prestígio para a escola. As sessões do concurso, ao nível distrital, contam com o apoio logístico dos serviços da Assembleia da República e com a presença de um deputado eleito pelo círculo eleitoral de Bragança. Desta vez, a represen-

tação coube, no que respeita ao ensino secundário, ao deputado Adão Silva que, na sua condição de professor, pertence aos quadros da Escola Secundária Emídio Garcia. A presença dos deputados tem o objectivo de contribuir para esclarecer os jovens sobre as funções e competências do Parlamento, os processos de organização das decisões legislativas e o funcionamento do sistema político. A participação dos alunos do terceiro ciclo do ensino básico desenvolve-se sob um tema diferente, mas o processo é similar. O relato da participação da escola nesse nível vai relatado a seguir por uma das jovens participantes. O Parlamento dos Jovens é uma iniciativa institucional da Assembleia da República, desenvolvida ao longo do ano lectivo com as escolas de todo o país, que culmina com a realização anual de duas Sessões Nacionais na Assembleia da República, uma para o Ensino Secundário e outra para o 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico. Neste ano lectivo o tema é “Violência em Meio Escolar”, para o 3º Ciclo do Ensino Básico, enquadrado no Projecto de Educação Para a Saúde e Educação Sexual desta escola. No passado dia 29 de Março, a Escola Secundária Emídio Garcia, foi representada na fase distrital do Programa “Parlamento dos Jovens” do 3º ciclo, pelas alunas: Ana Borges - 9ºB; Sofia Aleixo - 8ºC; Sara Barros - 8ºA e Mariana Bragada - 8ºB. Este desafio propõe aos jovens a oportunidade de serem “deputados por um dia”, educando para a cidadania, incentivando à participação dos mesmos na vida política e democrática. Promovendo o respeito pela diversidade de opiniões e pelas regras de formação de decisões, pro-

porcionando ainda a experiência de participação em processos eleitorais. Assim, após a Sessão Escolar, que contou com a participação de 30 alunos eleitos pelos colegas do Ensino Básico, dos quais foram seleccionadas as quatro representantes. Estas apresentaram-se no Governo Civil de Bragança, no dia marcado, pelas 9:30h, acompanhadas pela professora Olinda Bragada, Coordenadora do Projecto. Nos primeiros momentos da manhã, já depois dos discursos de abertura, os jovens, agora “deputados”, tiveram a oportunidade de questionar um deputado - politico activo na nossa democracia. Numa segunda instância, o porta-voz de cada escola, apresentou as respectivas medidas, que foram de seguida discutidas num período de debate. A fase seguinte passou pela votação do projecto base que, posteriormente, foi modificado pelos jovens deputados, agora reunidos em grupos de trabalho. Assim terminava a manhã. Pelas 14:30h, retomava-se então a sessão, que recomeçou com a apresentação das propostas de melhoria do projecto, respectiva explicação e posterior votação. Estava então escolhido o projecto que seria apresentado em Lisboa. Faltava apenas eleger quem representaria o distrito na fase nacional. Com grande pena minha, as nossas alunas voltaram somente com o livro “O Malhadinhas”, oferecido a todos os participantes. Mesmo assim, demonstro a minha felicidade em saber que no dia anterior a nossa escola conseguiu lugar na fase nacional do Programa“Parlamento dos Jovens” e “Euro - Escola” no Ensino Secundário. * Com colaboração de Ana Maria Borges 9º B


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JUVENTUDE CRIATIVA

Direitos Humanos sem garantias Apesar do fim da escravatura no séc. XIX

curSo de deSiGn GrÁFico EXpEriÊnCiAs EM COMUniCAÇãO VisUAL ANA MORENO

JOÃO RICARDO E LUÍS AIRES | 11º G

Nestes últimos séculos temos vindo a assistir a várias modificações na nossa história nomeadamente a nível dos Direitos Humanos. Verificamos que, no séc. XIX, em Portugal, lutava-se pelos direitos dos humanos e o apelo ao fim da escravatura. Ficando oficialmente abolida a escravatura num decretolei outorgado pelo Rei D. Luís de um governo presidido pelo Marquês de Sá da Bandeira, em Fevereiro de 1869, onde se determinou que “fica abolido o estado de escravidão em todos os territórios da monarquia portuguesa, desde o dia da publicação do presente decreto”. Na actualidade podemos ver ainda consagrados os principais direitos defendidos pelos nossos antepassados. Nos vários documentos actuais podemos ver assinalados os direitos universais do homem, como é o caso da Declaração Universal Dos Direitos Humanos. No primeiro artigo deste documento refere-se que “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para os outros em espírito de fraternidade.” No artigo quarto estabelece-se que “ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos.”

Mesmo com a ratificação dos vários documentos, assumida em todo o mundo, temos ainda inúmeros casos de violação dos direitos humanos. Temos o exemplo da exploração de crianças e o tráfico humano para a prostituição e outros trabalhos forçados. Estes casos ocorrem principalmente nos países pouco desenvolvidos, onde os governos ignoram e desprezam grosseiramente os direitos, assim como o fazem os poderes económicos e financeiros, perante a apatia geral de uma sociedade, que, no fundo, já não deposita confiança no cumprimento da declaração dos direitos humanos por parte dos líderes. Da nossa perspectiva os direitos humanos, como há séculos atrás, continuam a ser violados, principalmente em países que nós caracterizamos do terceiro mundo, onde a sociedade possui fracos conhecimentos, baixo nível cultural e social, que não dão garantias do cumprimento da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Avaliando todos os factos referidos anteriormente concluímos que a abolição da escravatura jamais se cumprirá na totalidade, visto que os direitos humanos sofreram ataques constantes no passado, no presente e muito provavelmente no futuro.

A escola apostou, para o ano lectivo 2010/2011, na criação do curso profissional de Técnico de Design Gráfico. Este curso para além de disciplinas de carácter geral, integra ainda geometria descritiva, desenho, oficina gráfica e design gráfico. Ao longos dos meses, nas disciplinas específicas, as propostas de trabalho tinham por objectivo, não só o desenvolvimento de uma cultura estética e literacia visual, como ainda a capacidade de composição gráfica. Perante estes objectivos foram propostos aos formandos trabalhos com temáticas tão variadas como: desenvolver um monograma, um logótipo para a cidade de Bragança, um cartaz alusivo às Olimpíadas do Ambiente 2011/2012, vários

exercícios sobre a cor e seu significado, origamis, captação de texturas em papel, e exercícios experimentais com tipografia. O design gráfico, para além da sua componente técnica, com recurso a programas informáticos de desenho e tratamento de imagem, como Photoshop ou Coreldraw, é uma disciplina que visa resolver problemas propostos por um cliente, mediante um bem elaborado briefing, tendo sempre em consideração o público para o qual se desenvolve determinado projecto. Nesta perspectiva, muito mais mais do que um mero técnico de computadores, um designer é o profissional que explora as múltiplas possibilidades da comunicação visual, nunca descurando o acabamento final,

Círculo cromático com recortes de revistas Cristiano Martins

tão importante para um bom resultado impresso. Eu, na qualidade de formandora deste curso, procuro e procurarei, acima de tudo, que os formandos desenvolvam a sua capacidade criativa e simbólica, na construção de narrativas visuais que explorem o conceito e a ideia, em detrimento do simples artifício imagético que, caso não apresente um conceito claro, se transforma num mero recurso, parco de significado e abundante em redundâncias ornamentais. Quanto aos alunos, estes têm respondido, regra geral, positivamente aos trabalhos propostos, tendo alguns deles obtido excelentes resultados. http://ptdg1.wordpress.com

Projecto de criação de um logótipo para Bragança - Carla Jordão

Projecto experimental em tipografia - Cristiano Martins


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CRÓNICA

Manuel Teixeira Gomes, algarvio, escritor e Presidente da República JOÃO CABRITA

N

asceu, ao tempo, em Vila Nova de Portimão, em 27 de Maio de 1860. Terceiro filho de José Libânio Gomes Xavier e Maria da Glória Teixeira, o seu nascimento vem aumentar a prole de um chefe de família que enriquecera no negócio da exportação de figos e lhe permite viver desafogadamente. Terminada a instrução primária no Colégio S. Luís Gonzaga, em Portimão, continua os seus estudos em Coimbra onde passa sete anos seguidos, dos dez aos dezassete, sendo cinco no Seminário que estava, então, na moda e era frequentado pelos filhos da melhor gente do reino, aí conhecendo muitos rapazes que viriam a ocupar posições de grande relevo na vida pública, como por exemplo, José Relvas, que ocupará o lugar de ministro das Finanças da República. Terminado o curso no Seminário, acha-se na Universidade solto e livre aos quinze anos. Não abriu mais os compêndios e o fraquíssimo interesse pelos assuntos que não lhe acendiam a imaginação, só podia ter como resultado reprovações e anos perdidos, além de conflitos com a autoridade paterna; boémia descabelada, miséria, fome e literatura a que se dedicava, tomando contacto muito cedo com, Leibniz, Kant e Schopenhauer, entre outros. Abandonados os estudos em Coimbra, foi para Lisboa, onde convive com os intelectuais da época, indo depois para o Porto, relacionando-se com artistas e políticos, aí publican-

amigos, onde chega a conviver com Manuel de Arriaga e Teófilo Braga, privando, ainda, com diplomatas e negociantes estrangeiros amigos de seu pai. Com a morte dos pais, torna-se um lavrador abastado, o que o leva a perder o fulgor pelas viagens, instalando-se em Vila Nova de Portimão, espaço de que não abdica, arquitectando e construindo textos que vai dando à estampa, nascendo, assim, Cartas sem moral nenhuma, em 1903, Agosto azul em 1904, Sabina Freire em 1905 e Gente singular em 1908. É em Portimão que se relaciona com a mulher, uma jovem substancialmente mais nova que ele, que lhe vai tolerando com estoicismo os seus devaneios amorosos. Operária no fumeiro da família de Manuel Teixeira Gomes, Belmira das Neves não chega a consumar o casamento, dada a sua origem humilde e, consequentemente, as grandes diferenças sociais. A revolução de 5 de Outubro de 1910 encontra-o em Portimão. Tinha cinquenta anos e nascera-lhe a filha mais nova poucos dias antes. Fora escolhido para ministro de Portugal em Londres, embora tivesse havido, de início, a oposição de Bernardino Machado, ministro dos Negócios Estrangeiros do governo da República. É o primeiro representante da República, depois da longa missão do Marquês de Soveral, amigo íntimo da família Real Inglesa e último representante da monarquia em Londres. Em Inglaterra, só passado um ano, após a proclamação da República, foi possível a Ma-

do o seu primeiro livro em 1899, o Inventário de Junho, ao mesmo tempo que colabora em periódicos diversos. Virando costas à vida fácil da boémia lisboeta, regressa ao Algarve, tentando o caminho da independência económica. Fez-se negociante e, durante quase vinte anos viajou pelo norte de França, Bélgica, Holanda, Costas do Mediterrâneo que visitou, segundo afirma, passo a passo vendendo os produtos do Algarve. Vivendo desafogadamente, frequentou com regularidade o S. Carlos e saraus em casa de

nuel Teixeira Gomes apresentar credenciais ao rei Jorge V. A carreira de Manuel Teixeira Gomes será interrompida de 25 de Janeiro a 11 de Fevereiro de 1918 por força da ditadura de Sidónio Pais que o tendo mandar apresentar em Lisboa, o mandou prender quando se encontrava instalado no quarto nº 153 do Hotel Avenida Palace. Em 11 de Fevereiro de 1919 é nomeado Ministro Plenipotenciário e Enviado Extraordinário em Madrid. Em 7 de Abril é considerado diplomata de carreira, numa altura em que Si-

dónio Pais já não governava e havia sido assassinado em 14 de Dezembro de 1918. Em 24 de Abril de 1919 cessa funções em Madrid e regressa a Londres onde permanecerá até à sua nomeação para a Presidência da República ocorrida em 6 de Agosto de 1923. Com grandes dificuldades face à recusa de alguns políticos de formarem governo, enfrentando sublevações, insubordinações e demissões, tendo dado posse a sete executivos, em pouco mais de dois anos de magistratura, resolve renunciar ao cargo em 24 de Abril de 1925, retirando o pedido depois do congresso lhe ter tributado uma calorosa manifestação de apoio. Em 11 de Dezembro do mesmo ano resignaria ao poder, definitivamente, abrindo caminho ao regresso de Bernardino Machado. Estava farto do país. Retirar-se-ia para não mais regressar, tendo deixado o país na manhã de 17 de Dezembro de 1925, instalando-se na cidade argelina de Bougie. O quarto nº 13 do Hotel de l’Etoile, modestíssimo, no dizer de Mário Soares, sem sequer ter uma casa de banho, será a sua morada a partir de Setembro de 1931. Saíra de Portugal com 65 anos, partira para o exílio, cortando todos os laços com o passado, conquanto transportasse dentro de si as memórias de ricas vivências e de um país que iria recordar através da escrita. Desistindo de governar Portugal e renunciando à permanência no país, Manuel Teixeira Gomes criou uma situação inédita na primeira República. Não desistiu de viver. Sublimou hábitos. Só alguns raros amigos o sabiam, recebendo toda a correspondência na Posta Restante, hábito que contraíra durante as suas viagens e que manteve até morrer. O facto de as viagens não lhe permitirem ter residência fixa, a Posta Restante era a melhor e mais segura direcção a dar à correspondência,

segundo confessa no livro Miscelânea. Gostava muito de receber cartas de amigos, mantendo correspondência seguida com sessenta pessoas, abatendo cerca de quarenta porque não podia responder a todos. Habituarase a arquivar uma cópia das cartas que enviava, ou mandava uma cópia para o seu antigo secretário Viana de Carvalho. Apesar de arquivar uma cópia do que escrevia, dera instruções a sua filha Ana Rosa para fazer desaparecer numa fogueira, todos os seus papéis anteriores à ida para Londres, que se encontravam no seu escritório, à excepção de Sabina Freire. Vivendo de memórias no isolamento da sua mundivivência em Bougie, saem da sua pena as seguintes publicações depois de um considerável interregno: Cartas a Columbano, Novelas Eróticas, Regressos, Miscelânia, Maria Adelaide, Londres Maravilhosa e Correspondência-Cartas para Políticos e Diplomatas. Em 18 de Outubro de 1941, Teixeira Gomes, quase cego, forçado à imobilidade no leito, despedia-se da vida. Pouco passava das cinco da manhã. No cemitério que Teixeira Gomes considerava lindo, o caixão ficou depositado no pequeno jazigo da família Berg, proprietária do hotel onde viveu 10 anos. Mais tarde, o governo de Salazar, com autorização de familiares, transferiu os restos mortais de Teixeira Gomes para Portimão, em 18 de Outubro de 1950. Jaz em campa rasa no cemitério de Portimão, depois de um atribulado funeral com a polícia a espreitar. Viera no Dão, navio da marinha de Guerra portuguesa, tendo a tripulação e outras forças militares da terra prestado as honras militares da praxe. Era algarvio, escritor e Presidente da República.



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