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JORNAL DE NOTÍCIAS
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I TEMA DE CAPA I
EXECUTIVE SEARCH OU COLOCAÇÃO DE QUADROS DE TOPO
“Caça-cabeças” à procura da pessoa certa QUADROS DE NÍVEL INTERMÉDIO OU DE TOPO PODEM SER RECRUTADOS POR ESTAS EMPRESAS. PONHA-SE NA SUA MIRA
_ ALEXANDRA FIGUEIRA _ afigueira@jn.pt
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m trabalho aliciante, numa organização profissional e com uma cultura “feita à medida”, salário e benefícios interessantes, perspectivas de evolução que permitam pensar em projectos de médio e longo prazo. É esta a promessa implícita nas empresas de “head hunting” ou “executive search” – caça-cabeças ou busca executiva, em traduções literais. Habitue-se aos termos em inglês, há pouca (ou nenhuma) tradução para português. E se este mundo não é para todos, também não é impossível um “outsider” lá entrar. A ideia é, aparentemente, simples. Uma empresa procura um gestor intermédio ou de topo. Para encontrar a pessoa certa, contrata uma das várias consultoras a operar em Portugal, multinacionais ou de capital nacional. Cabe-lhes ajudar o cliente a definir o perfil da pessoa que irá ocupar o cargo, quer do ponto de vista técnico quer de personalidade (por exemplo percebendo com que tipo de pessoas o contratado irá trabalhar). Com essa informação, sai à procura do candidato ideal: vasculha as empresas da concorrência, pede recomendações à rede de contactos, procura na base de dados, que incluem redes profissionais como o LinkedIn. Muni-
da de uma lista de candidatos, faz os contactos, selecciona dois, ou quatro, ou três, e deixa a decisão final para o cliente. Dito assim parece simples, mas o processo é mais complexo. À partida porque não basta analisar o “curriculum vitae” (CV) para escolher a pessoa. “Não procuramos máquinas. O CV é importante do ponto de vista técnico, mas só diz o que a pessoa já fez, não o que pode vir a fazer nem quais são os seus valores, o seu carácter”, explicou Pedro Brito, da portuguesa Jason Associates. “As características pessoais de
NÃO HÁ RESPOSTAS CERTAS OU ERRADAS: A PESSOA CERTA PARA UMA EMPRESA PODE SER ERRADA PARA OUTRA um candidato influem na tomada de decisão, lado a lado com o perfil e capacidades técnicas”, acrescenta Cláudia Sá, da Hays Executive. É nas entrevistas que essas características são apuradas. Pedro Brito pede às pessoas que falem sobre si mesmas, pergunta quem são os seus heróis, quais os seus medos, o que as stressa ou motiva. Cláudia Sá também põe em cima da mesa o estudo de casos, para saber como reage a pessoa em situações concretas, ou pede uma auto-análise
swot (oportunidades e ameaças, forças e fraquezas). Não há respostas certas ou erradas. “Uma pessoa pode ser a certa para a empresa A e errada para a empresa B”, explicou Nuno Fraga, da nacional Hire & Trust. Ou seja, resume, além de se certificarem que a pessoa tem a experiência e competência técnica necessária para o cargo em questão, procuram saber se “será feliz”, e portanto motivada, no novo trabalho.
É possível tomar a iniciativa Se está a pensar no seu próprio caso, saiba que qualquer pessoa competente, empenhada, dinâmica pode ficar sob a mira destas empresas. Os visados não são só, portanto, os gestores de topo, tanto que Portugal (sobretudo em crise) é demasiado pequeno para afunilar o mercado apenas à ‘crème de la crème’. “Nos últimos anos houve uma ‘democratização’ do sector”, explica, com toda a diplomacia, Nuno Fraga. Quem estiver interessado em abrir portas junto destas empresas pode enviar uma candidatura espontânea, que é vista com bons olhos e inscrita nas base de dados. Ou procurar conhecimentos comuns, que o possam apresentar a um consultor e dar referências positivas. Mas sem uma experiência e formações sólidas e um carácter dinâmico, não vale sequer a pena tentar. ■
CANDIDATOS
CONSELHOS PRÁTICOS
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Sexta-feira 20N AGOSTO 2010
Tente a sua sorte
CANDIDATURAS ESPONTÂNEAS
As empresas de “head hunting” lêem mesmo os CV enviados e fazem até uma primeira selecção de candidatos por esta via. Por isso, tenha cuidado com “pormenores” como erros ortográficos ou a estrutura do texto, que deve ser curto e conciso.