Impulso

Impulso

AÑO PRIMAVERA

Arte/Política/Cultura

PUBLICAÇÃO DA CORRENTE: "POLÍTICA REVOLUCIONÁRIA "

-

N°1

2021

Editorial

Neste mundo de pandemia e crises, nossa Revista tem sua primeira edição virtual, nesse fim de Inverno de 2021. Tentamos com a publicação desta Revista contribuir para a elevação da consciência política da sociedade, assim como para o exercício de educação da sensibilidade. As ferramentas para isso: a nossa militância pelo socialismo e nossa visão da arte como uma força transformadora. Não é possível pensar um mundo melhor se não pensarmos, ao mesmo tempo, que a classe trabalhadora tem em suas mãos os meios de produção e se não pensarmos na construção de uma nova apreciação artística- estas coisas se conectam, falava-nos Mário Pedrosa.

Quando falamos em socialismo, não estamos pensando em algo utópico ou algo que pertença a um futuro distante. Existem ações concretas que

IMPULSO REVISTA SEPTIEMPBRE

2021

favorecem esse projeto no imediato, por exemplo: organizar as bases do movimento operário com a bandeira da independência política e do internacionalismo. Ao mesmo tempo, quando falamos numa educação da sensibilidade, falamos em inserir no cotidiano de nossos encontros: músicas, filmes, livros ou debates que possam ajudar a apreciar a arte do mundo. O propósito de nossa agrupação “Política Revolucionária” é o de criar uma corrente trotskista que, ao mesmo tempo, lute contra a burguesia e forneça uma formação que permita a luta pelo Governo dos trabalhadores e uma contraposição à cultura capitalista, que se apresenta como para poucos e que nada em águas impessoais, onde a arte é vista apenas como moeda de

Bochi DISEÑO

Y

DIAGRAMACIÓN

obtentação, passatempo ou mera mercancia.

Neste número inaugural,

apresentamos matérias sobre arte, política, causas ambientais, falamos sobre questões raciais e sobre o problema do desemprego. speremos que toda esta força seja a semente de uma grande árvore.

Índice. ·Editorial ·Índice

·Meio Ambiente ·Xilogravuras ·Desemprego ·A história do trotskismo no Brasil, a partir da vida de Mario Pedrosa e Benjamin Perét. ·Recomendações ·Epílogo

lustración Carybé

·Lançamento Nova FIARI.

LANZAMIENTO DA FIARI Federação Internacional por uma Arte Revolucionaria e Independente.

Em 1938, reuniam-se no México o poeta André Bretón, o artista plástico Diego Rivera e o líder da revolução russa Leon Trotsky, para escrever um manifesto que fosse um ponto de partida na construção de uma frente antifascista de artistas no mundo todo. A FIARI durou pouco tempo, a guerra mundial, a ascensão do fascismo e o assassinato de Trotsky foram golpes muitos fortes contra o Projeto. Oitenta e três anos depois, a FIARI está de volta reunindo artistas de várias partes do mundo no intuito de fazer renascer os princípios que inspiraram o encontro internacional. As bandeiras da Revolução envolvem desde a perspectiva trotskista até a ideia do classismo e do internacionalismo.

Oitenta e três anos depois, um grupo de artistas plásticos, poetas, músicos e intelectuais As bandeiras de uma Arte verdadeira incluem a ideia de liberdade e da independência, este é um principio claro de toda manifestação humana. A arte não pode permitir nenhuma restrição nem direcionamento para poder se realizar de diversas partes do mundo retomam esse legado lançando um Manifesto que inaugura uma luta a nível mundial a favor de ideais libertários.

O ato de lançamento contou com a presença de alguns de seus membros neo fundadores. Na ocasião, leu-se o Manifesto inaugural e deu-se a conhecer o site do projeto (este pode ser acessado no link FIARI.ART).

Aqui uma lista dos artistas que fazem parte desse grupo fundador da nova FIARI: Jorge

Antunes, Josep Manuel Berenguer, Daiara Figueroa, Luca Forcucci, Manuel Rocha Iturbide, Roberto Rutigliano, Vladimir Safatle, Gerson Valle, Gabriel Valverde e Françoise Vannhecke.

Roberto Rutigliano

Agroecologia no conceito e na prática diária.

O

tema

ambiental,

o

agronegócio , a depredação da natureza e o aquecimento global deixaram de ser um GELTON

FERNANDO

DE

MORAIS.

assunto

de

ecologistas

pessoas

sensíveis

a

ou

temas

ligados com saúde do planeta para

ser

percebidos

como

uma das formas de entender que assim como o homem se relaciona PAG

5

com

a

natureza

também ele vai se relacionar com a humanidade

Agroecologia Definir o conceito de “Agroecologia” é algo muito arriscado para se aventurar. Relembro-me das aulas de Luiz Norder no curso de Bachalerado em Agroecologia quando o professor provocava a sala sobre o conceito de “Agroecologia”: é uma ciência? uma prática agrícola? tem receita? é um estilo de vida? é uma moda? seria mais uma das diversas vertentes de agricultura alternativa, contra o modelo agrícola mega industrial? é a salvação para a agricultura familiar? Por estes questionamentos, procuro não me aventurar a definir o conceito de “Agroecologia”, mas já deixo alguns questionamentos para compor o debate. Uma coisa é certa dizer: a agroecologia é uma agricultura baseada em princípios e não em receitas. Isto se

Quando a agroecologia como prática agrícola é adotada pela agricultura familiar, evidencia-se o fato de que as tomadas de decisão são feitas com base nos princípios da agroecologia e não na “receita” de práticas agroecológicas. Muita coisa é criada e feita com o que se tem disponível e acessível no momento. Dentre os pesquisadores e estudiosos da temática da agricultura regenerativa, surge o termo “Agricultura Sintrópica”. O termo “Sintropia” é o oposto da “Entropia”, que por sua vez descreve a tendência à desordem, através do tempo, das partículas organizadas, e também da tendência à degradação natural dos organismos. Ao contrário, quando observamos a evolução da vida ao longo do tempo, utiliza-se o termo “Sintropia”

deve ao fato de que, para um sistema agrícola ser

para descrever a capacidade que os seres vivos têm

considerado agroecológico, o ser humano, assim

de vencer a tendência à “Entropia” e, através do

como as outras formas de vidas existentes no local,

crescimento, reprodução e evolução, organizar

faz parte do sistema. O ser humano é um elemento

átomos em moléculas, moléculas em organismos e

integrante do sistema, de forma que não está a

organismos em macroorganismos. Estes últimos

cima nem abaixo na hierarquia de importância

são os considerados visíveis a olho nu, como as

dentre as outras formas de vida. Trazendo esta

plantas, os animais e o planeta Terra.

ideia como um norte para a prática agrícola, todos os esforços devem ser feitos para que o planejamento e os trabalhos desenvolvidos em um agroecossistema tenham como foco aumentar a Qualidade e a Quantidade de Vida Consolidada (QQVD) do sistema, desde os micróbios, as plantas de pequeno porte, os animais (onde se inclui o ser humano) até as árvores mais altas

REVISTA

-

IMPULSO

PAG

6

Agroecologia A Terra, casa comum de todos os seres vivos, também

Segundo o ranking de desigualdade ao acesso à terra da

pode ser considerada um macroorganismo pois é um

Oxfam, o Brasil ocupa a 5ª posição no mundo. Os “donos

sistema auto-organizado, uma unidade composta pelos

do campo” são grandes grupos que possuem, juntos, 2,3

inúmeros sistemas físico-químico-biológicos. Sendo a Terra

milhões de quilômetros quadrados de terras (2.300.000

um macroorganismo integrante de um sistema agrícola,

km²), um território do tamanho da Arábia Saudita. São

esta merece bons cuidados. Raul Seixas profetizava sua

propriedades rurais nas quais o modelo de agricultura que

visão da Terra como um cachorro, um ser vivo, que quando

impera é o modelo do agronegócio, o mesmo que mata a

não aguenta mais as pulgas (seres humanos) se livra delas

vida e destrói o ambiente para plantar o lucro financeiro e

com um sacolejo. Voltando para a questão da agricultura,

o poder. As mudanças climáticas e aumento dos desastres

estes dois exemplos de agriculturas regenerativas –

naturais, já profetizados pelos cientistas, estão

“Agroecologia” e “Agricultura Sintrópica” – são muito

escancarados para qualquer um ver mundo a fora. No

parecidos na prática, a diferença está no conceito dos

Brasil, tal quantidade de área destruída para o agronegócio

termos, bem como por quem e onde são empregados, mas

está sendo responsável pelas anomalias causadas na

os fins são os mesmos. O Movimento dos/as

temperatura e no regime de chuvas do país, decorrentes

Trabalhadores/as Rurais Sem Terra (MST) atualmente

também da imagem de Fernando Alvarus sobre o Atlas do

levanta a bandeira da Agroecologia como uma agricultura

Agronegócio, lançado em 2018, demonstra que, nos 6

regenerativa orgânica que foca, também, na qualidade de

estados campeões, mais de 90% de toda a terra é privada e

vida do ser humano que cultiva a terra. Diversos

menos de 3% é área protegida. Já em relação à

assentamentos do movimento, hoje em dia, promovem e

concentração das grandes terras por um único dono

implantam a Agroecologia através dos princípios da

(maiores de 15 módulos fiscais, onde comumente se

Agricultura Sintrópica, muitas vezes conhecida como

encontram os latifúndios improdutivos, terras griladas e

“Agrofloresta”, ou floresta de alimentos.Infelizmente o

herdadas), estas são a maioria entre as terras privadas. Em

acesso à terra no Brasil é extremamente desigual, fazendo

outras palavras, sobra-se muito pouca terra para a maioria

com que um número muito reduzido de pessoas tenha

da população, pois a maioria das terras privadas são as que

alguma condição de aplicar os princípios agroecológicos

possuem maiores tamanhos de áreas. Em Minas Gerais e

em práticas agrícolas. Em maioria porque não possuem

no Rio Grande do Sul o número de pequenas e médias

acesso à terra, mas também em casos de famílias que

propriedades é maior que o número de grandes

dispõem da terra para práticas culturais mas carecem de

propriedades, são estados onde existe maior atividade da

conhecimento, experiência e recursos financeiros que

agricultura familiar rápido aumento das concentrações dos

viabilizem as ações.

gases do efeito estufa na atmosfera terrestre.

A G R O E C O L O G I A N O C O N C E I T O E N A P R Á T I C A D I Á R I A .

A

A Agroecologia está para os camponeses, assim como o feminismo está para as mulheres, a questão racial está para a raça negra, a questão de gênero está para a população LGBTQIA, etc., mas é importante que pessoas não pertencentes a estes grupos se simpatizem com as ideias e passem a apoiar a causa. Na questão da Agroecologia é comum ouvir: “Agroecologia não se faz em vasos de apartamento”. A frase, corretamente dita, incentiva a pessoa urbana a trabalhar em prol da agricultura familiar, que está em campo. Quem vive nas cidades, por exemplo, pode trocar o supermercado por cestas de alimentos em grupos de consumo, como, por exemplo, o CSA – (Comunidade que Suporta a Agricultura), o que ajuda consideravelmente a aumentar a qualidade de vida da família camponesa. Para além de tudo isso, a utopia da agroecologia é oferecer alimentos saudáveis para todos os seres humanos e também para todas as outras formas de vida que se relacionam com a nossa, bem como garantir acesso à terra para quem dela escolher tirar o sustento.

Isto tudo só é possível com trabalho em rede e com cooperação. A vida não toma posse do globo pelo combate, mas pelo trabalho em rede. Micróbios cooperam entre si, cooperam com plantas e com animais, plantas cooperam com os animais e com micróbios, e foi desta forma que a vida evoluiu, se complexificou, cresceu, se reproduziu e triunfou neste planeta. A isto damos o nome de “Sintropia”

Por fim, deixo uma lista de 8 princípios da Agricultura Sintrópica observados em campo e verbalizados por Ernst Götsch (com breves comentários entre parênteses). Estes princípios são pensados para nortear práticas agrícolas, gerar produção de forma ecologicamente correta e, tão importante quanto, desenvolver o sentimento de pertencimento, gratidão e paz para quem os põem em prática. 1- Foco na Fotossíntese (trabalho); 2- Sucessão Natural (todos juntos, cada um no seu momento); 3- Solos cobertos e plantios adensados (proteção da base que sustenta); 4- Capina seletiva e Poda (saber a hora de desconstruir); 5Concentrar Energia e Formar Biomassa (alimentação, consumo, armazenamento, crescimento); 6- Função ecofisiológica das plantas (aptidão); 7- Sincronizar Plantios (prática na hora certa); 8Tentar enxergar o que cada ser faz de bom (observação, paciência, tolerância).

A mensagem mais importante que este texto passa é que estes princípios podem ser empregados além das práticas agrícolas, mas também para nortear as tomadas de decisões diárias de cada pessoa e, com isso, despertar a necessidade latente da cooperação e trabalho em rede entre os seres humanos. Termino com um trecho de “Refloresta”, do Gilberto Gil: “Manter em pé o que resta não basta / Que alguém virá derrubar o que resta / O jeito é convencer quem devasta / A respeitar a floresta”

pag 8

XILOGRAVURA

Xilogravura A xilogravura é uma técnica manual que supõe um talento sofisticado porque envolve o desenho, depois a reprodução deste desenho numa madeira. Alem disso o artista precisa colocar a tinta na matriz e por último imprimir unidade por unidade a obra de arte. O artesão precisa conhecer uma serie de procedimentos que envolvem a construção de um molde em madeira, isto supõe o conhecimento de uma arte gráfica que nos remete ao oriente no século VIII. O resultado é algo rústico e cálido ao mesmo tempo. A imagem final, algo naif, parece carregar o passos de uma longa caminhada. No Brasil esta arte está presente magicamente na literatura de cordel e nas figuras míticas que saem dos artistas populares.

A capa da nossa revista é de J.Borges e o touro exposto na nossa página editorial é de Ciro Fernandes. Dois artistas mestres na técnica da xilogravura. Vamos a mostrar para vocês mais três trabalhos. O primeiro de Samico, o segundo de J. Borges e o terceiro de Ciro Fernande

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X I L O G R A V U R A IMPULSO - REVISTA

X I L O G R A V U R A IMPULSO - REVISTA

X I L O G R A V U R A IMPULSO - REVISTA

DESEMPREGO: CAUSAS E CONSEQUENCIAS Marcos Morais

O D E S E M P R E G O É U M P R O J E T O , U M A F O R M A D E D O M I N A Ç Ã O , U M A N O V A P R I S Ã O . O A T A Q U E À S C O N D I Ç Õ E S D E T R A B A L H O D E N O S S O P O V O C O M A T E R C E I R I Z A Ç Ã O E A P E R D A D E D I R E I T O S L A V O R A I S F A Z E M P A R T E D E U M P L A N O P O L Í T I C O Q U E T E M O S Q U E C O M B A T E R .

DESEMPREGO: CAUSAS E CONSEQUENCIAS Legalmente, a escravidão no Brasil foi extinta há 131 anos, no dia 13 de maio de 1888, quando a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea. Entretanto, de muitas formas sutis e perversas, ela ainda existe e passa despercebida para a maioria da sociedade, é a chamada escravidão moderna. Muitas são as causas da escravidão moderna, entre as quais pode-se citar o desemprego. Infelizmente, no Brasil, a classe trabalhadora nunca foi valorizada como deve ser, sempre recai sobre o trabalhador toda responsabilidade, quando se trata do mundo do trabalho. Escravidão moderna é um termo utilizado para descrever relações de trabalho, em especial na contemporaneidade, quando pessoas são forçadas a exercer uma atividade contra sua vontade, sob a ameaça de privação, detenção, violência ou mesmo morte. De acordo com a Fundação Walk Free (2019, p. 06), “a escravidão moderna é um crime complexo e muitas vezes oculto que atravessa fronteiras, setores e jurisdições”. A Fundação define que a escravidão moderna, envolve práticas como: servidão por dívida, casamento forçado, trabalho infantil, trabalho forçado e outras formas de trabalho escravo. Segundo a ONG “Escrevo Nem Pensar” (2017), o trabalho escravo não se caracteriza por infrações trabalhistas, visto que se trata de “um crime contra a dignidade humana”. A ONG, chama a atenção para alguns elementos que caracterizam um trabalho escravo, sendo eles: Trabalho Forçado: Quando o indivíduo se vê obrigado a se sujeitar a condições de trabalho onde é explorado, sendo impossibilitado de deixar o local, por causa de dívidas, por ameaça, ou por violências física ou psicológica, há casos em que o trabalhador se encontra em local de difícil acesso, às vezes até isolado geograficamente

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O desemprego é um projeto, uma forma de dominação

DESEMPREGO: ▪ Jornada Exaustiva: Quando o expediente vai além de horas extras, se tornando exaurido, colocando em risco a integridade física do trabalhador, muitas vezes o descanso semanal não é respeitado, impedindo o trabalhador de manter vida social e familiar.

▪ Servidão Por

Dívida: Quando o empregador cria dívidas ilegais, ou seja, são cobrados gastos com transporte, alimentação, aluguel e até mesmo com ferramentas de trabalho, que são cobrados de forma arbitrária, sendo descontados do salário do trabalhador, fazendo com que este permaneça preso por uma dívida ilegítima, tendo muitas vezes, todo o seu salário retido pelo empregador, em alguns casos, perde até o direito de manter consigo os documentos pessoais, que também são retidos pelo empregador.

▪ Condições Degradantes:

Formado por um conjunto de elementos irregulares que caracterizam a precariedade do trabalho e das condições de vida do trabalhador, elementos esses que na maioria das vezes atentam contra a sua dignidade.

CAUSAS E CONSEQU ENCIAS Desemprego São considerados desempregados os/as trabalhadores/as que não têm trabalho nenhum e que "tomaram alguma providência efetiva para conseguir um trabalho" no período de 30 dias. Estar desempregado significa não ter nenhum vínculo empregatício e não possuir nenhuma fonte de renda. O resultado do altíssimo desemprego é aumento da pobreza extrema, piora dos serviços públicos e paralisia econômica. Levantamentos da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD) expõem a gravidade da situação. Nada menos que 12,8 milhões de pessoas estão à procura de emprego. Outros milhões de desempregados sequer conseguem buscar uma vaga compondo 7,3% de desalentados. A desocupação não é maior pelo crescimento do bico e subemprego, 44% das pessoas ocupadas estão na informalidade, enquanto 26% são trabalhadores por contaproblema crescente da terceirização que seria basicamente entendida como uma perda do vinculo empregatício. Conclusão O Brasil está passando por grandes mudanças políticas, entre elas a reforma da previdência, trabalhista e privatizações e estes fatores contribuem para o crescente número de trabalhadores/as desempregados/as e consequentemente irá aumentando a precarização do trabalho, o número de trabalhadores/as sem carteira assinada, o trabalho informal, com a somatória de todos estes fatores é que chegamos À ESCRAVIDÃO MODERNA. A “solução” apresentada pelo governo é acabar com a taxação da folha de pagamentos das empresas e cobrar impostos dos desempregados. O desemprego altíssimo já logrou derrubar o valor dos salários, mas o governo dobra a aposta e acaba com a política de valorização do salário mínimo e sequer corrigiu o valor do “Bolsa Família”. O resultado é a explosão das desigualdades sociais. Metade da população vive com cerca de R$ 413 por mês e 52% dos lares no Brasil não dispõe de nenhuma renda proveniente do trabalho.

Diante dessa situação, temos que buscar urgentemente a unidade das centrais sindicais, dos movimentos populares e sociais, dos partidos políticos, das igrejas progressistas e demais setores em torno de uma campanha em defesa de emprego e renda envolvendo o conjunto da classe trabalhadora, em particular os/as trabalhadores/as desempregados/as que estão mais vulneráveis AO TRABALHO ESCRAVO.

A

H I S T Ó R I A D O T R O T S K I S M O N O B R A S I L A P A R T I R D A V I D A D E M A R I O P E D R O S A E B E N J A M I N P E R É T .

A

No dia 17 de junho, a corrente política "Política Revolucionária" do Brasil organizou uma palestra com a professora e pesquisadora Martha D'Angelo sobre o início do trotskismo no Brasil e sobre a vida de dois dos protagonistas dessa história: o militante e crítico de arte Mario Pedrosa e o poeta e ativista Benjamin Perét. (Este texto é uma transcrição de parte desta palestra). A professora Marta D'Angelo, autora do livro “Educação Estética e Crítica da Arte na Obra de Mario Pedrosa”, nos diz que conhecia a carreira de Pedrosa, mas que há onze anos começou a estudar a obra de Mario Pedrosa de uma forma mais sistemática.

Ela descreve que houve um ponto que foi visto de forma separada por outros autores, porque Mario Pedrosa atuou no campo da crítica, dos intelectuais, dos artistas, mas ao mesmo tempo era um militante político. Ela nos conta que, ao escrever o livro, procurou mostrar como essas coisas se conectam na trajetória de Pedrosa. Martha começa a descrever como a formação de Pedrosa se vincula ao conceito de internacionalismo. Pedrosa entre 13 e 16 anos estuda na Suíça, numa época em que poucas pessoas saíam do Brasil para estudar (isso aconteceu em 1913).

Ao retornar ao BrasiMundial, percebe as ameaças do mundo. Pedrosa decide estudar Direito (embora nunca tenha exercido) e ao mesmo tempo passa a se relacionar com o mundo da arte.

Como já viveu na Europa, recebe revistas internacionais o que o ajuda à acompanhar o surgimento da vanguarda surrealista e conhecer a obra dos poetas André Bretón e Lois Aragonl, em plena Primeira Guerra

Em 1927 ele viaja primeiro para a Europa e depois para Moscou, na Alemanha sofre uma pneumonia que atrasou sua viagem. É nesse período que ele entra em contato com ideias críticas contra o governo soviético.

Pedrosa desiste de viajar a Moscou e entra em contato com o intelectual e sociólogo francês Pierre Naville, quem já havia participado em Moscou das comemorações dos 10 anos da Revolução Russa e entrado em contato com a oposição de esquerda que aderiam as posições trotskistas. Mario Pedrosa vai à França em 1928 e se aproxima do poeta Benjamin Perét, grande amigo de André Bretón. Em Paris Pedrosa participa no casamento de Perét, um casamento que é um acontecimento dentro da vanguarda política e artística parisiense. Perét se casa com Helsie Houston, uma pesquisadora e cantora lírica brasileira que faz parte de um grupo de intelectuais (como Mário de Andrade) que tinha participado da semana de 1922 no Brasil. Esse casamento teve como padrinhos o poeta surrealista André Bretón e o compositor brasileiro Heitor Villa Lobos. Pedrosa desenvolve, naquela época em Paris até 1929, uma aproximação maior com as ideias de Trotsky , ideias que se desdobraram posteriormente na construção da corrente trotskista no Brasil e na sua participação na quarta internacional. Este ano de 1929 é o ano em que Trotsky é expulso da terceira internacional fato que obrigou as pessoas a tomar partido neste debate. Mario Pedrosa define então apoiar a oposição trotskista e ser contra a direção do Partido Comunista Soviético. Pedrosa volta ao Brasil neste período e fica até o início da ditadura do “estado novo” de Getúlio Vargas em 1937, período em que Pedrosa teve uma militância sindical muito intensa. Ele só se tornaria crítico de arte em 1933.

Pedrosa se realiza como um crítico importante, com uma identidade clara no campo intelectual. Naquele momento ele dá uma palestra no “clube de artistas modernos” do CAM de Flavio de Carvalho (1) e aquela conferência de Pedrosa mais tarde se tornaria um artigo publicado em um jornal semanal de esquerda que teve um papel muito importante na aproximação de intelectuais e militantes contra o fascismo

IMPULSO

18

A HISTÓRIA DO TROTSKISMO NO BRASIL A PARTIR DA VIDA DE MARIO PEDROSA E BENJAMIN PERÉT MARTHA D’ANGELO

Martha D’angelo menciona que aquele período de 1932 a 1937 é um período de muita polarização, após a revolução constitucionalista (levante armado ocorrido em 9 de julho de 1932 (2). Mario Pedrosa em 1934 participa das mobilizações contra os Integralistas (fascistas). Ele é ferido de bala em uma manifestação na Plaza da Zé em São Paulo. Martha agora relata algumas das faces de Mario Pedrosa como crítico de arte desde 1933 até 1945 quando define uma concepção teórica bem consistente em relação ao processo de construção do trabalho do artista. Isto ocorre quando escreve suas ideias no texto intitulado “a natureza afetiva da forma na obra de arte”. Pedrosa é marcado por certa leitura da Gestalt (3) que terá como referencial teórico. É interessante que, sendo marxista, Pedrosa não vai tomar o marxismo como principal referencial teórico para analisar o processo de construção da obra do artista. Martha conta que a mudança de Pedrosa ocorreu quando ele, morando nos Estados Unidos, teve contato com Calder. Voltando ao tema da atividade política de Mario Pedrosa, Martha D'Angelo narra o momento no qual Mario Pedrosa está em Paris para organizar a conferência da quarta internacional e nos descreve como participa da vida política e cultural. No início dos anos 30, antes de retornar ao Brasil, Pedrosa estava muito próximo dos surrealistas, quando chega ao Brasil em 1931 ele funda o partido "Liga Comunista", com Benjamin Perét e Fúlvio Abramo entre outros

Benjamin Peret é um poeta francês que ao chegar ao Brasil em 1929 provoca um acontecimento no meio cultural de São Paulo se relacionando com todo o grupo da "antropofagia" (turma da semana de 22): Oswald de Andrade e outros artistas. Perét se interessa muito pela cultura popular, escreve sobre as manifestações afro-brasileiras de umbanda e candomblé, participa, visita “terreiros” e escreve 13 artigos para o jornal “Diário da Noite” de São Paulo sobre o tema. Perét também se interessa por um fato histórico que é “A revolta da chibata” (4). Ele escreve um livro chamado "o almirante negro" narrando esse episódio. Este livro desapareceu, foram encontradas apenas 4 páginas que serviram de prova de um processo contra Mário Pedrosa quando foi julgado por ter participado em organizações políticas de esquerda com Benjamín Perét. Perét foi expulso do Brasil em 1931 em um processo no qual não teve direito de defesa. Este é o início de um período que vai culminar na ditadura do Estado Novo. A amizade de Pedrosa com Perét também está relacionada como o fato de Pedrosa é cunhado de Perét, isto porque sua esposa é irmã de Luise Houston, esposa de Perét. Assim, tivemos em 1931 a pedra inaugural do trotskismo no Brasil com a participação protagonista de Mário e Perét com a característica de uma perspectiva internacionalista, incluindo também todo aquele interesse nessa questão de classe e cultura popular.

Pedrosa regressa à Europa em 1937, ele terá a missão de organizar o congresso de fundação da quarta internacional. Essa é uma exigência do partido "Liga Leninista" a que pertencia no Brasil, que é o partido filiado à quarta internacional. O congresso da quarta ocorre em um clima conturbado porque a guerra era iminente, havia uma tensão muito grande na Europa em 1938 que fez Mário ter que deixar a França porque com o risco de ocupação a França estava numa situação ameaçadora.

Pedrosa viaja para os Estados Unidos - é nessa hora que vai participar de uma discussão da qual vai romper com o quarto internacional. A ruptura foi criada a partir do pacto de não agressão soviéticoalemão, esse pacto gerou uma grande discussão no campo da esquerda porque esse acordo entre Hitler e Stalin gerou muita desconfiança. A discussão que ocorreu no partido americano foi sobre o caráter da União Soviética, se seria ou não um estado operário distorcido. Mario Pedrosa participa dessa discussão onde enfim o que está em jogo, dependendo da caracterização, é se a União Soviética vai ser apoiada ou não. Foi uma situação com muitas incertezas. Pedrosa fazia parte do partido trotskista americano, ele era responsável pela produção de tA posição de Pedrosa se distancia deTrotsky e a forma como o debate se dá, a forma acalorada como a discussão se instaura cria um choque tão intenso que gera uma fração no partido SWP (Socialist Workers Party), partido que foi um dos maiores partidos trotskistas do mundo. extos para toda a América Latinaá uma carta histórica (5) que Pedrosa escreveu a Trotsky em março de 1940 na qual relatou as diferenças que tinha em relação à posição de Trotsky para diluir o comitê do qual Mário era membro (6). Trotsky era contra o pacto de Stalin e Hitler posição que acabou distanciando Pedrosa do trotskismo. -0-00-0-0-0- (1) Realizou-se no CAM um interessante evento denominado “Mês das Crianças e dos Loucos”, organizado por Flávio de Carvalho e Osório Cesar em 1933, onde foram expostas obras de crianças e reclusos de um hospital psiquiátrico. O objetivo do Clube de Artistas Modernos era promover o intercâmbio entre as diversas formas de artes, estimular debates entre cientistas, intelectuais e artistas que abordassem novos temas para aquele ambiente como: arte proletária (Tarsila do Amaral), marxismo e arte ( Mário Pedrosa), o desenho infantil e o seu valor pedagógico (Pedro de Alcântara), a arte do louco e da vanguarda (Osório Cesar). (2) O levante armado realmente começou em 9 de julho de 1932, precipitado pela rebelião popular ocorrida após a morte de quatro jovens por tropas getulistas, em 23 de maio de 1932, durante uma manifestação contra o Governo Federal. (3) Gestalt (forma ou configuração) é chamada de escola teórica e experimental alemã chamada psicologia da Gestalt, qu

A A

H I S T Ó R I A D O T R O T S K I S M O

He se dedica ao estudo da percepção e sua relação com a linguagem e a cultura.

(4) "A revolta da Chibata" ocorrida em 1910 foi uma rebelião de marinheiros negros que se rebelaram contra os maus tratos. A chibata é um bastão fino usado para bater nas pessoas. Os marinheiros negros se rebelaram ocupando dois navios recentemente comprados pela Marinha exigindo o fim dos castigos corporais. Uma primeira vitória foi alcançada e depois em uma segunda rebelião os amotinados foram condenados, colocados na prisão ou exilados no norte do Brasil para trabalhar em áreas rurais. (5) Aqui está uma parte da carta: "Parece-me que um bom método de preparar os quadros dirigentes da Internacional seria permitir que estas lideranças mostrassem o caminho por si mesmos”.Trotsky comentou na carta de Pedrosa - que usava o pseudônimo de Lebrun - em sua correspondência com James Cannon, principal nome da maioria do SWP, que os dissidentes exigiam liberdade para tomar decisões, em tempos de guerra, contra os princípios pelos quais foram escolhidos para representar as suas seções. (6) A questão do pacto entre Stalin e Hitler. Para evitar ter que combater em duas frentes simultaneamente, os nazistas fizeram, em agosto daquele ano, um acordo de não agressão com a URSS, o chamado pacto Hitler-Stálin, segundo o qual a Polônia seria dividida entre ambos e os soviéticos dominariam os países do Báltico. Os soviéticos também abasteceriam de petróleo, grãos e minerais as indústrias de guerra alemãs.

O caminho estava aberto para os exércitos nazistas ocuparem quase toda a Europa. Trotsky achou que não era correto ter uma aliança com Hitler e se opus à invasão russa de parta da Polônia e de Finlândia argumentando

A HISTÓRIA DO TROTSKISMO

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Hernan Diáz, dedicou os últimos 20 anos da sua vida a

No livro ele explica alguns conceitos de Saint-Simon,

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ajuda a entender as bases das teorias de Marx e Engels .

humana a semelhança das ciências da natureza, a visão da

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sociedade humana como uma totalidade, a oposição ao

de tradição galega, Geno Díaz, Hernan é um portenho

individualismo, a divisão em classes onde cada uma tem

apreciador das músicas do catalão João Manuel Serrat , do

seus interesses próprios, a concepção do Estado como

cubano Silvio Rodriguez e amante de gibis. Pesquisador

produto do resultado da luta de classes e não como uma

incansável, ele é também doutor em história pela

estrutura neutral da vida social, a historia como luta de

Universidade de Buenos Aires. Escreveu vários livros e

classes, a exploração do homem pelo homem, a divisão do

numerosos artigos sobre o anarquismo e sobre o

mundo em burguesia e proletariado, a tendência da

socialismo de princípios do século XX. Entre outros,

pequena burguesia à proletarização, a divisão da sociedade

"Alberto Ghiraldo: anarquismo y cultura", biografia

em dois polos contrapostos, a necessidade do proletariado

intelectual de um importante dirigente do anarquismo

de se constituir como classe e a ideia de que o socialismo

argentino, e "Espionaje y revolución en el Río de la Plata"

só será possível a partir da ocupação do Estado e duas

(em colaboração), onde se desnuda uma rede de

principais molas do poder. Hernán Díaz ainda ele nos

espionagem em Buenos Aires, finalizada a Primeira Guerra

apresenta uma lutadora que de alguma forma se adianta ao

Mundial. Também escreveu trabalhos sobre diferentes

movimento feminista: Flora Tritstan.

eventos revolucionários no mundo todo, como a

Enfim, todo este movimento que tentou sobre a base de

Independência cubana, de 1895 e a Revolução húngara, de

ensaio e erro criar as bases do pensamento de esquerda, a

1919. Em 2020, lançou o livro "De Saint-Simon a Marx. Los

cujos homens se conhece maliciosamente como

orígenes del socialismo en Francia", onde analisa o

“socialistas utópicos”, é o tema de este delicioso livro.

surgimento e o desenvolvimento do pensamento socialista

Recomendamo-lo Compras na editoria, pela internet, em

na França, entre a queda de Napoleão e a revolução de

“Bajalibros Brasil”.

1848, que culmina com a síntese elaborada por Marx e Engels no "Manifesto comunista".

Com uma linguagem ousada, inspirada no mundo onírico dos surrealistas, desdobrando os assuntos que foram abordados no Manifesto que escreveram Trotsky e Bretón, em 1938, no México, o filme de Rath nos apresenta um Diretor jovem que se aventura a criar um filme completamente original. O filme cite “Tempos modernos “ de Chaplin e “ Entre act” de Rene Clair, e

Recomendaciones

film

Palabras del editor

nos atrai porque, apresentando um roteiro diferente, convida-nos ainda a entrar nesse mundo dos sonhos e da fantasia. Ele Tem um enredo, mas o discurso se

seus princípios um jogo perverso, a oposição

corta,

nas

artística constitui hoje uma das forças centrais

“Matrioscas”, onde as bonecas russas aparecem uma

que podem contribuir de forma útil para o

dentro das outras. Aqui as historias estão dentro de

desprestigio e a ruína de capitalistas e burocratas

historias. Nelas aparecem cachorros atores, bonecos,

que destroem o direito da classe explorada a

desesperos e um conteúdo que mistura o político e o

aspirar a um mundo melhor e todo sentimento de

poético.

grandeza e dignidade humanas”. Vale muito a

e

as

narrações

aparecem

como

O personagem de Trotsky em um

momento tem uma fala com a qual nos identificamos

pena vê-lo.

muito: “A situação da ciência e da arte se fez

Filme “Manifiesto”. Direção: Alejandro Rath. Com

intolerável, se difundiu no mundo inteiro um profundo

Iván Moschner e Pompeyo Audivert

crepúsculo

Pode-se assisti-lo ingressando gratuitamente na

hostil

a

qualquer

espécie

de

valor

espiritual, nele fantasiados de artistas e intelectuais participam homens que fizeram do servilismo seu móvel e do abandono de

plataforma Cine Ar

EPILOGO

EPILOGO Estamos reunindo energias para organizar uma corrente política praticamente do zero. Esta Revista “Impulso” faz parte do esforço para abrir o debate sobre a necessidade de uma corrente política diferente no Brasil.

Somos um grupo de pessoas com vontade de lutar contra o sistema capitalista, desenvolvemos relações internacionais com o Partido Obrero e o FIT-U (Frente de Esquerda e dos trabalhadores -Unidade) da Argentina, temos afinidades com a Nova FIARI e parcerias com agrupações sindicais independentes como a Intersindical Vermelha.

revista - impulso

Estamos no inicio da nossa caminhada. Nossa bandeira é a independência política da classe trabalhadora.

PRIMAVERA 2021

Temos orientado nosso empenho em organizar os trabalhadores e estudantes no internacionalismo , temos também uma preocupação com a formação política e o enriquecimento da vida cultural da Sociedade.

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