Histórias do viver

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Efetivamente, vive como anunciou: - O Direito é para sobreviver, a música é para viver. Sobreviver com a música é quase impossível. Música é arte, arte é beleza, e beleza é gratuidade, epifania da transcendência. Pura necessidade de ser. Faz bem a todos. Nela todos se reencontram com sua possibilidade de ser. Nela está a infância, a adolescência, a juventude, a maturidade e a velhice de cada um. Gratuidade que não tem preço, como o pão e o ar. Por isso vale. Vale como a justiça, como a pátria, como a casa, como o caminho. E quem faz música, quem faz poesia, literatura, quem faz o essencial precisa de pão, de casa, camisa, saúde. E de que viverá o artista? De que viverão os músicos? Na azáfama febril de dominar o mundo, de construir armas, de amontoar dinheiro, os homens não tem tempo para o essencial que “é invisível aos olhos” como dizia Exupéry. Os governos dão-lhes pouca importância porque o mercado que a Europa nos trouxe e que se fez mundo zomba, ri, e proíbe estas insignificâncias ineficazes de sonhar. O sonho, a música, a arte valem então como

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