ComCentro 6/11/2010

Page 1

18

DIÁRIO AS BEIRAS seXTa 05|11|2010

empresas & economia opinião

empresa

Coisas simples

Proximidade é mes LT Electronic escolhe os clientes “a dedo” e bate o

Norberto Pires Presidente do CA do Coimbra iParque

inovação & desenvolvimento

comCENTRO

A

s crises são oportunidades para alterar a forma como vivemos, e é como uma grande oportunidade que devemos encarar a enorme tormenta que aí vem. No momento em que estou a escrever este artigo, os juros da dívida portuguesa a 10 anos tinham ultrapassado o valor máximo desde a adesão ao Euro e estavam pelos 6,57%. Tudo isto apesar de o famoso OE2011, negociado entre o governo e o PSD, ter sido aprovado na Assembleia da República. Deixo três comentários breves: 1. Quando se perde a independência económica, como Portugal, quem manda é quem é dono da nossa dívida. Quando essa dívida está no mercado, e não é tutelada por uma instituição com algum discernimento político, este tende a tirar o máximo proveito das nossas debilidades, aumentando taxas de juro e dificultando o acesso ao crédito. É nestas alturas que precisamos de lideranças com capacidade de influência no exterior, determinadas e fortes em convicções para contrariar a lógica dos mercados. Porque meus amigos, Portugal vai levar muitos anos (talvez 20 ou mais anos) a reorganizar-se, e isso significa um plano a longo prazo e uma série de mudanças estruturais e até políticas que demoram tempo a colocar em marcha. Até porque têm de ser feitas com a participação activa dos cidadãos. Portugal precisa muito de liderança neste momento difícil. Não só política, mas a todos os níveis da nossa organização social. Mas o que fazer se durante estes anos não nos dedicamos a formar líderes, e tendemos a abater quem se destaca e mostra capacidade? 2. Uma proposta simples para reduzir os gastos do estado seria a da diferenciação positiva. Para todos os organismos do estado deveria imperar a seguinte regra: quem realiza as suas funções dentro do respectivo orçamento, fazendo até poupança, terá no ano seguinte o mesmo orçamento, a capacidade de promover pessoas e a possibilidade de definir prémios de desempenho (de acordo com a poupança efectuada). Quem não o faz, isto é, quem gastou todo o orçamento ou até entrou em deficit, vê o orçamento reduzido no ano seguinte e fica impedido de promover pessoas. Ou seja, existiria um relação directa entre os resultados de um determinado organismo e a sua capacidade de promover os respectivos funcionários. São estas coisas simples que funcionam. 3. As famílias devem prestar atenção à poupança. Isso pode parecer complicado agora, nomeadamente para as pessoas de salários mais baixos. Mas penso que vale a pena reunir a família, alertar para os problemas que aí vêm e tentar alguma poupança. Cá em casa fizemos essa reunião. Pedi a todos que cortassem 10% nos seus gastos, especialmente numa coisa que lhes fosse muito importante (para que fosse sentida a medida). As poupanças vão ser guardadas numa conta de poupança da família, para que todos saibam o resultado do seu esforço. Isto é especialmente importante para os mais pequenos. Funciona bem, se bem explicado. Mas também para nós adultos que gastamos sem necessidade, não acautelando alguns recursos para momentos mais difíceis. É preciso mudar. Apostar na nossa capacidade, diferenciar pela qualidade e pelos resultados, manter um estado social (devidamente financiado e sustentado), reforçar a democracia, estabelecer regras de responsabilização e de ética, devolvendo assim aos portugueses a esperança de que Portugal vale a pena.

Pedro Leite: “O mais importante para nós, é perceber se o mercado já nos conhece e se nós p

. Mário Nicolau mario.nicolau@asbeiras.pt

Referência na produção de equipamentos eletrónicos em regime outsourcing, a LT Electronic conquistou o mercado através da resposta “eficaz” às solicitações dos clientes que, por questões estratégicas, não estão interessados em efetuar produção interna. Segundo Pedro Leite, direto comercial da LT Electronic, os clientes optam por uma “boa solução técnica, mas também com vantagens interessantes” do ponto de vista económico. Assim, nas instalações no Parque Industrial de Taveiro, em Coimbra, são re-

alizadas três atividades: a montagem eletromecânica do equipamento e validação; a cablagem e as placas eletrónicas. O raio de ação é abrangente – o telefone sem fios que tem em casa, por exemplo, pode ter “mão” da LT Electronic –, tendo como condição, explica Pedro Leite, “quantidades pequenas e médias, e de acordo com alguma personalização do mercado”. Na prática, a empresa garante condições, na Europa, para o fabrico de determinados equipamentos sem necessidade de recorrer à Ásia. A flexibilidade, a logística associada a cada operação e o sistema “just in time” permite à LT Elec-

tronic “uma reação rápida” às solicitações dos clientes e com “custos comparativos interessantes em relação a alguns países”. Porém, é através da integração de atividades que se estabelece a diferença. “Os nossos clientes sabem que não têm necessidade de bater a três ou quatro portas para obterem uma solução do ponto de vista produtivo”, afirma Pedro Leite. A proximidade completa “o segredo do negócio”, pois “a concorrência com melhor preço”, mas que está mais afastada, não consegue responder aos argumentos da LT Electronic em capítulos fundamentais como o prazo de entrega, a flexibilida-


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.