BDLP#2

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BDLP #2


Nelo Tumbula.............................capa Andreia Rechena.............................2 Altino Chindele.................................7 Rita Vilela..........................................7 Wander Antunes............................21 Paulo Monteiro..............................28 Tiago Abrantes ......................31 e 41 Olímpio e Lindomar Sousa..........32 Inês Freitas e Miguel Mendes......43 Zorito Chiwanga............................52 Cristina Sá.......................................62 Sai Rodrigues.................................64 O Fanzine BDLP é uma edição conjunta do Estúdio Olindomar (Angola) e do Grupo Extractus (Portugal). 2012


#2

NOTA DE ABERTURA

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riqueza, as diversidades nacionais e a sua presença nos quatro cantos do mundo, fazem da Língua Portuguesa um órgão vivo e simultaneamente Universal. Neste número 2 do BDLP, reuniram-se trabalhos de 12 autores de Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Portugal, que com as suas especificidades linguísticas emprestam um adicional colorido especial à Banda Desenhada. Temos aqui a oportunidade de ler como a Língua pode ser um veículo vivo da cultura popular urbana, tanto em Moçambique como no Brasil ou em qualquer outro país da CPLP. O projecto BDLP, nascido no Festival Luanda Cartoon 2010, continua o seu percurso através das páginas desenhadas e escritas em três continentes, tendo como denominador comum a Língua de Pepetela, Saramago, Mia Couto ou Jorge Amado. O voluntarismo e a qualidade das experiências gráficas criativas dos autores presentes nos dois primeiros números do BDLP, fazem-nos acreditar na continuidade deste Fanzine.

2012


Andreia Rechena

Nasceu em 1979. Estudou nas Escolas António Arroio, Ar.Co, e ETIC, nas áreas de Design Têxteis, Pintura, Ilustração e Design Gráfico. Publica esporadicamente Ilustração e BD, na sua maioria em fanzines e edições independentes. Em 2005 ganhou um prémio do concurso de Jovens Criadores, na categoria de BD. Desde 2007, tem feito principalmente autoedição, com o Reject_zine, cujo conceito se foi reformulando a cada número. A destacar o #3, fanzine nomeado para os Prémios Nacionais de BD da Amadora, onde publicou a sua primeira BD com mais de 6 páginas, "A Trágica Tricofobia de Zulmira", cujo segundo capítulo saiu em 2012 lançado no Festival BD de Beja, e ainda vai ter um 3º e último capítulo. Fez alguns vídeos experimentais em Stop Motion. Tem um gosto duvidoso por filmes de Terror e aberrações da .

BD

Natureza

(Portugal) http://zarzanga.blogspot.com yourejectme@gmail.com

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Bibliografia: O Ciclo, CyberExtractus #1, 2003 Antologia de Contos Populares 2007 (Projecto 3 Culturas) BDJornal#7 e #17 e (Pedra no Charco, 2005/2006) Jornal Mundo Universitário(2006/2007) AllGirlz #1 e #2 (Arga Warga, 2006/2009) Windigo (José Lopes,2009) Reject_Zine#1,#2,#2,5, #3#4(Dona Zarzanga) Futuro Primitivo (Chili com Carne, 2011)


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Altino Chindele

Altino Nobre Cawape Chindele. Nasceu no dia 22 de Outubro de 1984, na província do Bié. Desenha desde puto. Em 2004 concluiu o curso Médio de Artes Plásticas, no INFAC Instituto Nacional de Formação Artística e Cultural (actual INFA), Onde teve como professor de Desenho Artístico, Abraão Eba. Depois fez curso de Banda Desenha ministrado por Lindomar e Olímpio de Sousa. Ilustrou alguns livros de autores nacionais, participa na revista CABETULA como desenhador. Participou em varias animações publicitárias e é uma presença assídua no Festival de Banda Desenhada e Animação “LUANDA CARTOON”.

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Rita Vilela

Psicóloga, formadora, contadora... Rita Vilela é tudo isso e é também escritora, uma escritora portuguesa versátil que reparte a sua obra publicada

entre livros infantis, juvenis, fantasia/aventura, romance, fábulas e metáforas... Gosta de usar palavras para criar

sonhos, para

(Portugal)

transmitir mensagens, para provocar mudanças. Lançou em 2008 a sua primeira obra e hoje tem no seu currículo mais de duas dezenas de livros publicados... número que não pára de crescer. No BDLP 1, estreouse como autora de BD... e a versão para banda desenhada do seu livro de fantasia/aventura , As 7 Cores de Oníris, está já agendada para 2013.

http://rita-vilela.blogspot.pt http://www.7oniris.blogspot.pt/

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O

autor brasileiro editou as revistas Vôte! e Estação Leitura onde reunia banda desenhada, crónicas, poesias e contos de autores de Mato Grossos. Editou também a . revista Canalha, da editora Brainstore, na qual retomou o personagem Zózimo Barbosa, criado para a Estação Leitura, com arte de Gustavo Machado e Paulo Borges. Mais tarde, as aventuras do detective, passadas no Rio de Janeiro dos anos 1950, foram reunidas no álbum “O corno que sabia Demais” (Ediouro/Pixel, 2007). Em 2004, Antunes estreou-se no mercado da BD europeia com Gilda, primeiro volume da série Ernie Adams, publicada pela editora suíça Paquet, editora por onde também editou “Big Bill est mort” (2005) e “Un paradis distant” (2006), ambos com o argentino Walther Taborda, Vieille Amérique (2005), com o mexicano Tony Sandoval, e a aventura de piratas “L´oeil du diable”, desenhada pelo espanhol Tirso. Em 2010, a editora francesa Dupuis publicou seu álbum “ Toute la poussière du chemin”.

Wander Antunes

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Paulo Monteiro

Paulo Monteiro nasceu em Vila Nova de Gaia, no norte de Portugal, em 1967. Licenciou-se em Letras, pela Universidade de Lisboa, em 1991. Teve ocupações muito diferentes: trabalhou nas vindimas, foi professor, trabalhou no Porto Marítimo de Lisboa, participou em escavações arqueológicas, fez teatro de sombras chinesas, etc., etc. Escreveu e editou 3 fanzines de poesia: Poemas (1988), Poemas a andar de carro (2003) e Poemas Japoneses (2005). A partir de 2005 passou a fazer a direcção da

Beja

Bedeteca de e do Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja. Desde 2005 que se dedica exclusivamente à banda desenhada, como autor. Tem bandas desenhadas curtas publicadas em Portugal, Brasil, Espanha e Colômbia. Publicou o seu primeiro livro de banda desenhada em 2010: "O Amor Infinito que te tenho" (Prémio de

Melhor

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Álbum

N a c i o n a l d o Fe s t i v a l AmadoraBD2011). Neste momento encontra-se a trabalhar no seu segundo livro.


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Tiago Abrantes


Olímpio e Lindomar Sousa (Angola)

Olímpio e Lindomar de Sousa, os irmãos Criativos angolanos, discipulos do Mestre Henrique Abranches (o pai da BD Angolana) e fundadores do Olindomar Estúdio, em Luanda. Cartoonistas, Animadores, Ilustradores, Banda Desenhistas (como gostam de ser chamados), e Designers, são os directores do Festival Internacional de Banda

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Desenhada Luanda Cartoon, que criaram há quase uma década. São também coeditores do presente fanzine, que criaram juntamente com J. Mascarenhas, em 2010. Cabetula é a sua personagem mais popular em Angola, cuja revista vende cerca de 5 mil exemplares por cada número, e que também tem participado em filmes publicitários


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(Angola)

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Tiago Abrantes

iago Ramos Mena Abrantes, 19 Anos, Natural de Luanda, Residente em Lisboa. Desde cedo que gosta de desenhar, tem como influências antigas bandas desenhadas como a Turma da Mônica, Tio Patinhas, Dragonball, Homem Aranha (entre outros da Marvel), Astérix, e mais recentemente artistas de BD e Mangá como Fábio Moon e Gabriel Bá, Danilo Beyruth e Masashi Kishimoto, entre outros. Tem também como influência o mundo da street art, da qual é grande apreciador e onde deseja talvez um dia inserir-se. Actualmente frequenta o último ano de Design de Comunicação na Escola Artística António Arroio (P) enquanto faz pequenos trabalhos de Ilustração,

mantendo vários diários gráficos, e esperando poder seguir um curso superior no estrangeiro. (São suas as duas ilustrações com elefantes). 41


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Tiago Abrantes


Oneness Team

Inês Freitas Miguel Mendes (Portugal)

Inês Freitas nasceu em Beja em 1992. Sempre se interessou pela área artística, nomeadamente a banda desenhada e a animação. O seu trabalho de banda desenhada já participou em várias exposições (juntamente com o coletivo "Toupeira") e teve a sua primeira exposição individual no Festival de BD de Beja em 2011. Já publicou os seus trabalhos várias vezes no fanzine Venham+5 e duas vezes no Tertúlia BDZine. Também já ganhou prémios no Salão Moura BD e Festival Internacional de BD da Amadora.

Miguel Mendes nasceu 1990 e vive em Arruda dos Vinhos. Desde criança que sempre gostou de desenhar, onde criava histórias e novos mundos cheios de criatividade. Durante o seu percurso escolar, ganhou vários concursos artísticos na sua escola, desde escultura à banda desenhada.

Actualmente, ambos estudam no curso Design e Animação Multimédia, na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Portalegre, onde realizaram agora a sua primeira curta de Animação 2D. Ambos juntaram-se para criar uma dupla artística denominada de Oneness Team, onde irão desenvolver diversos projectos artísticos em equipa. Site: http://www.onenessteam.net Blog: http://www.onenessteam.net/blog

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Zorito

Chiwanga (Moçambique)

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ao HIV/SIDA e Promédia, utor de Banda Desenhada, designer gráfico, ilustrador deelaborando a Banda Desenhada livros escolares e infantis, Zorito “Assumir serOpositivo”, editada em 2006 em Maputo. tem participado em vários festivais de Banda Desenhada em Possuidor de um traço espontâneo e muito forte, encanta com as suas África e na Europa. Colaborou histórias do quotidiano com o Conselho Nacional de Moçambicano. Combate

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Cristina Sá

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m 2008, depois de assistir à apresentação de uma obra coletiva intitulada Murmúrios das profundezas, compreendendo contos de vários admiradores das histórias de Lovecraft, decidi passar à ação e começar a desenhar também. E assim nasceram as aventuras do gato Todobom e da sua querida Catita (que não podiam ser mais diferentes um do outro) e ainda da bicicleta Cláudia, do seu namorado Lampião (ao qual ela está literalmente presa todo o dia) e do cão Cláudio (que passa também muito tempo amarrado ao lampião). (Docente Universitária)


A

primeira vez que vi banda desenhada tinha 6 anos e o objeto dava pelo nome de “histórias aos quadradinhos”. A minha mãe deixou-me ler algumas (do Donald, Patinhas, sobrinhos, Mickey), para eu me habituar à leitura. Assim que lhe pareceu que eu estava ambientada, cortou-me o fornecimento, dizendo que não se tratava de “boa leitura”. Isso não me impedia de ler tudo o que apanhava à mão, quando era adolescente. Na altura, chamavam-lhes “histórias de cowboys” (porque havia muitas séries dessa natureza) ou “falcões” (devido à famosa revista O Falcão). Mas eu também lia as histórias do FBI, policiais, de guerra, de heróis da pré-história, medievais, de piratas, de super-heróis, etc. E gostava de tudo. Também lia a revista Tintin (em princípio, destinada ao meu irmão) e algumas séries emprestadas por amigos: sobretudo as aventuras de Tintin e de Astérix. Mais tarde, contactei a fundo com a banda desenhada franco-belga, porque me licenciei em Ensino de Francês e Português, pela Universidade de Aveiro, e os nossos professores de língua francesa (nativos) nos quiseram apresentar também essa vertente da cultura francófona. A primeira vez que me veio à cabeça a ideia de que a banda desenhada podia servir para ensinar língua (nomeadamente a portuguesa) foi quando assisti à apresentação de um trabalho feito por um grupo de colegas, numa disciplina de metodologia de ensino da língua materna, que frequentávamos no 4º ano. Aquela ideia foi-se desenvolvendo e, quando eu própria comecei a lecionar metodologia de ensino do Português na Universidade de Aveiro, em 1986, não me esqueci de inserir no programa um módulo consagrado ao recurso aos textos literários, paraliterários (a banda desenhada) e não literários (o discurso jornalístico, a publicidade) no ensino/aprendizagem da língua materna. Para aprofundar ideias sobre o assunto e, assim, melhorar o trabalho que fazia com os meus alunos eles próprios futuros professores , escolhi este tema para as provas que apresentei para passar de assistente estagiária a assistente, uma vez que não havia Mestrado em Didática do Português: só em Didática de diversas línguas estrangeiras. E, quando passei à tese de doutoramento, trabalhei sobre o recurso à banda desenhada para estudar a narrativa com alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico, combinando-a com textos literários. A inspiração para tal tema veio-me do meu orientador português, o Professor Carlos Galaricha, que terminou a sua carreira académica no Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro e que tinha desenvolvido, na Universidade de Austin (EUA), uma tese de doutoramento, em que abordava a banda

desenhada sob uma perspetiva psicolinguística e sociológica. Pude também contar com o apoio de um especialista em teoria da banda desenhada francês ele próprio autor e único dinamizador do fanzine Adamantine, em versão eletrónica desde os anos 90 do século passado que usava o pseudónimo de Harry Morgan. Este projeto permitiu-me concluir que ao contrário do que se pensava a banda desenhada não era uma leitura fácil, nem sequer para os adolescentes dessa altura. Na sequência da tese, fui apresentando alguns trabalhos sobre o uso da banda desenhada para desenvolver nos alunos do Ensino Básico competências em leitura e escrita (sendo de destacar a publicação, em 1996, da obra intitulada O uso da banda desenhada para o estudo da narrativa na aula de Língua Materna face aos novos programas, inspirada na tese de doutoramento, e, em 2000, do artigo Ler e escrever com a banda desenhada, na revista Millenium, da Escola Superior de Educação de Viseu) e fazendo conferências sobre esta temática. Também dinamizei, no ano letivo de 2004/05, com um grupo de professoras estagiárias que orientei em Português e Francês, um pequeno projeto levado a cabo com a colaboração das respetivas orientadoras da escola e os seus alunos, intitulado Ler e escrever com a banda desenhada. E o que é feito da banda desenhada no mundo atual, inclusive em Portugal? Chamam-lhe “nona arte”, há festivais, fanzines, autores consagrados e outros menos afamados, houve a Bêdêteca de Lisboa (instalada na Biblioteca Municipal dos Olivais), há o Centro Nacional da Banda Desenhada e da Imagem Impressa, a funcionar na Amadora (que ainda não tive a oportunidade de visitar)! Logo, nunca a banda desenhada “foi tão badalada” em Portugal! Mas também há muita gente que continua a não a conhecer e que vai ao cinema ver os “X Men”, “Wolverine”, “Batman”, “Superman”, “Ironman”, etc. e não sabe que essas personagens nasceram em séries de banda desenhada. As mesmas pessoas ou outras foram ver “A verdadeira história de Jack, O Estripador”, “A Liga dos Cavalheiros Extraordinários”, “V de Vingança”, “Os Guardiões” e não sabem que essas histórias provêm de “graphic novels”, escritas por Alan Moore e desenhadas por vários artistas da área. E, apesar de a banda desenhada ser recomendada nos programas de Português do 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico, muitos jovens não se interessam nada por tal leitura e a maioria das pessoas que a apreciam têm, geralmente, mais de 30 anos e são intelectuais (apesar de ela continuar a ser vista muitas vezes como uma leitura para crianças!).

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Sai Rodrigues (Cabo Verde)

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Sai vive na cidade da Praia. Desenha retratos e Banda Desenhada. Participou no primeiro fanzine Cabo-Verdiano “ Banda Poética”.


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