— Ahn? — perguntou ele, enfiando ainda mais as mãos nos bolsos da frente. — Mas eu não quero outra pessoa, quero você! “Bon appétit!” Cleo podia se dar por satisfeita aí. Estaria saciada com essa afirmação até segunda-feira. Em vez disso, ela suspirou, tirando tudo dele, como um atendente da Starbucks enchendo o copo de café. —
Então,
tudo
bem
entre
nós?
—
perguntou
Deuce,
esquivando-se pela ponte, com uma presunção ensaiada. Cleo baixou os olhos e limpou a fina areia branca de seu vestido. Descalça, ela andou lentamente pela arcada de pedra fria. Quando chegou do outro lado, apoiou-se na grade e cruzou os braços sobre o peito. Os gatos acomodaram-se ao redor de seus tornozelos. — O que foi agora? — perguntou Deuce, andando em direção a ela segurando uma fina caixa vermelha. Estava escrito MONTBLANC em letras douradas na tampa e estava toda cheia de furinhos. Podia também estar marcada como SEGUNDA MÃO. Agora, face a face com Deuce e seu próprio reflexo, Cleo arrumou o espaço entre os fios de cabelo na franja e aceitou o presente. Mas não suas desculpas. Ainda não. — Abra — Ele sorriu. — Devagar. Cleo levantou a tampa articulada, que gemeu, protestando. Ela prendeu a respiração ao ver o que tinha lá dentro. — Legal, né? — disse Deuce, colocando o dedo indicador embaixo de uma delicada cobra iridescente levando-a até o braço de Cleo. As escamas prateadas da cobra refletiram a luz das velas em forma
de
caleidoscópios
coloridos
como
arco-íris,
cujos
raios
multicoloridos rivalizavam com as joias da tia Nefertiti. — Ela veio da minha mãe. Foi seu primeiro fio grisalho. 59