v. 9, n. 1 (2016): Volume 9 • Número 1 • Fevereiro de 2016 - São Paulo

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Editorial

O momento é muito oportuno para a ampliação da discussão sobre a biodiversidade em nosso País e no planeta. Ao final da conferência do clima em Paris em 2015 (COP-21), metas para a contenção da temperatura em 2ºC foram desenhadas e acordadas, sendo que o papel da agropecuária no controle deste aumento tornou-se claro e perceptível para os interlocutores. O Brasil é uma grande potência na produção de alimentos. Desde há muitas décadas e principalmente a partir dos anos 70, tem sido inovador no uso de insumos e técnicas de cultivo que reduzem em muito a degradação das terras, além do expressivo aumento de produtividade por área cultivada. O acesso ao alimento aumentou e o preço da cesta básica caiu pela metade desde a década de 70, permitindo a melhoria de programas sociais no País e eliminando a desnutrição das classes mais pobres. A expectativa de vida cresceu mais de dez anos desde então, e a disponibilidade e o acesso ao alimento em quantidade e qualidade está entre os fatores que beneficiaram este aumento. O Código Florestal trouxe um grande avanço no esforço para a preservação das matas e florestas e na manutenção da biodiversidade. Isso não significa que não tenhamos que prosseguir com as inovações e vigiar o ambiente, com foco em sua proteção. Mas muito ainda tem que ser feito para prover alimentos em um planeta em crescimento, cuja população em 2050 pode chegar a nove bilhões de pessoas segundo estimativas. A Agricultura de Baixo Carbono, modelo utilizado no Brasil que adota o aumento da produtividade e a adoção de técnicas conservacionistas, como o plantio direto, tem sido mencionada como uma alternativa para a redução das emissões de acordo com as metas do COP-21. A expectativa é que as ações da Coalizão Brasil Clima, Agricultura e Florestas reduzam em 23% as emissões em 2030, com o aumento em oito milhões de hectares, colocando quase 80% da produção de alimentos do País nesta tecnologia. Iniciativas conjuntas dos setores governamentais e privados visando à produção de alimento, preservação da biodiversidade e redução da emissão de gases de efeito estufa tornam-se, agora, essenciais para a sobrevivência das futuras gerações. A quebra de paradigmas e preconceitos, e a necessidade de diálogo e decisões com maturidade entre gestores, cientistas e empresários devem ser os grandes movimentos para a preservação das espécies. A urgência nas ações de preservação bem como o amplo entendimento do setor privado de que temos que contribuir neste desafio de sobrevivência, alimentar as pessoas enquanto se preserva o meio ambiente, fez com que a companhia para qual trabalho, Syngenta, que faz parte de uma coalisão global de empresas com foco na _______________________________________________________________________________________________________ Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 8-188, fev. 2016


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preservação e sustentabilidade, apresentasse um compromisso publico denominado The Good Growth Plan, Plano de Agricultura Sustentável, que tem metas específicas a serem atingidas até 2020, e está baseado em três grandes pilares: 

Mais alimento, menos desperdício - Aumentar a produtividade média das principais culturas do mundo (como soja, cana, milho, tomate e café) em 20% sem usar mais terra, água ou insumos;

Mais biodiversidade, menos degradação - Melhorar a fertilidade de dez milhões de hectares de terras cultiváveis à beira da degradação. - Aumentar a biodiversidade em cinco milhões de hectares de terras cultiváveis;

Mais saúde, menos pobreza - Ajudar 20 milhões de pequenos agricultores a aumentar a produtividade em 50%. - Treinar 20 milhões de trabalhadores rurais em segurança do trabalho, especialmente em países em desenvolvimento. - Promover condições justas de trabalho em toda a cadeia de fornecedores.

Quando tratamos de sustentabilidade e da preservação do planeta, nenhuma boa ação política poder ser tomada sem apoiar-se na ciência. Esse é um tema que exige dados científicos de alta complexidade e conhecimento integrado entre diversos níveis de ecossistemas, suas inter-relações e interações de cadeia alimentar ao menos em curto e médio prazo. Ainda que esses dados sejam escassos, sempre que disponíveis são ricos e poderosos para sustentar as decisões a serem tomadas. Um exemplo oportuno é relativo ao pilar “mais biodiversidade e menos degradação” do Plano de Agricultura Sustentável da Syngenta. Nele, vários projetos de pesquisa têm sido desenvolvidos na América Latina. No Brasil, a pesquisa tem como objetivo estudar a biodiversidade por meio dos especialistas e pesquisadores no País, buscando ou desenvolvendo informações necessárias para o aumento da biodiversidade. Este número especial da revista Revinter é uma coletânea destas pesquisas e faz parte do nosso esforço conjunto. Mais do que rico, no mais amplo sentido desta palavra, este trabalho também inclui as relações humanas, apresentando resultados que já estão sendo transformados em pilotos e projetos de larga escala no ecossistema de Mata Atlântica. O Código Florestal Brasileiro pôde, por este estudo multidisciplinar, provar que é uma medida excepcional para proteção e aumento da biodiversidade, mesmo em _______________________________________________________________________________________________________ Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 8-188, fev. 2016


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áreas onde exista agricultura moderna, intensiva e conservacionista. A publicação deste número da REVINTER é vitorioso também por tratar-se da realização de vários cientistas, que hoje compartilham e trocam experiências enriquecedoras para seus trabalhos, Para mim, é um resultado que dá ainda mais ânimo para caminharmos, sabendo que as lições aqui aprendidas são válidas para atuarmos de forma colaborativa para a preservação do planeta e das futuras gerações. Sentimos que estamos deixando conhecimento e aprendizado. Tudo isso é muito belo. É um sentimento de estar criando uma obra de arte a muitas mãos. Rosemarie de S.O. Rodrigues – Eng Agr., MSc., PhD em Ecologia Diretora da área regulatória e stewardship da Syngenta Proteção de Cultivos Ltda. São Paulo, 27 de Janeiro de 2016

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ISSN 1984-3577

São Paulo, v. 9, n. 1, fev. 2016

 2016 Intertox


Periódico científico de acesso aberto, quadrimestral e arbitrado. meses: (2) fevereiro, (6) junho e (10) outubro. Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida desde que citada a fonte. As opiniões e informações veiculadas nos artigos são de inteira e exclusiva responsabilidade dos respectivos autores, não representando posturas oficiais da empresa Intertox Ltda. Seções CIÊNCIAS BIOLÓGICAS II; FARMÁCIA (ANÁLISE TOXICOLÓGICA); CIÊNCIAS AGRÁRIAS I (AGRONOMIA); MEDICINA; SAÚDE COLETIVA; BIODIVERSIDADE; INTERDISCIPLINAR Idiomas de Publicação Português e Inglês Contribuições devem ser enviadas para <m.flynn@intertox.com.br>. Disponível em: <http://www.revistarevinter.com.br>. Normalização e Produção Web site Henry Douglas Capa Henry Douglas Projeto Gráfico Henry Douglas RevInter – Revista de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade / Intertox – v. 9, n. 1, (fev. 2016).- São Paulo: Intertox 2016. Quadrimestral ISSN: 1984-3577 1. Ciências Toxicológicas. 2. Risco Químico. 3. Sustentabilidade Socioambiental. I. InterTox uma empresa do conhecimento. Biblioteca InterTox II. Título. Rua Turiassú, 390 - cj. 95 - Perdizes - 05005-000 - São Paulo - SP – Brasil Tel.: 55 (11) 3868-6970

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Expediente Editor(a) Maurea Nicoletti Flynn Doutora em Oceanografia (USP) Com Especialização Ecologia Comitê Científico (2011-2013) Irene Videira Lima Doutora em Toxicologia (USP), Perita Criminal Toxicologista do IML-SP por 22 anos. Marcus E. M. da Matta Doutor em Ciência pela Faculdade de Medicina USP. Especialista em Gestão Ambiental (USP). Engenheiro Ambiental e Turismólogo. Moysés Chasin Farmacêutico-bioquímico pela UNESP-SP especializado em Laboratório de Análises Clínicas e Toxicológicas e de Saúde Pública. Ex-Perito Criminal Toxicologista de classe especial e Diretor no Serviço Técnico de Toxicologia Forense do Instituto Médico Legal da SSP/São Paulo. Diretor executivo da InterTox desde 1999. Ricardo Baroud Farmacêutico-Bioquímico Toxicólogo, Editor Científico da PLURAIS Revista Multidisciplinar da UNEB e da TECBAHIA Revista Baiana de Tecnologia.

Conselho Editorial Científico (2011-2013) Alice A. da Matta Chasin Doutora em Toxicologia (USP) Eduardo Athayde Coordenador no Brasil do WWI - World Watch Institute Eustáquio Linhares Borges Mestre em Toxicologia (USP), ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Toxicologia, exProfessor Adjunto de Toxicologia da UFBA. Fausto Antonio de Azevedo Mestre em Toxicologia USP, ex-Diretor Geral do Centro de Recursos Ambientais do CRA-BA, ex-Presidente do CEPED-BA, ex-Subsecretário do Planejamento, Ciência e Tecnologia do Estado da Bahia. Isarita Martins Doutora e Mestre em Toxicologia e Análises Toxicológicas (USP), Pós-doutorado em Química Analítica (UNICAMP), FarmacêuticaBioquímica Universidade Federal de Alfenas MG. João S. Furtado (In Memoriam) Doutor em Ciências (USP), Pós-doutorado (Universidade da Carolina do Norte, Chapel Hill, NC, EUA). José Armando-Jr Doutor em Ciências (Biologia Vegetal) (USP), Mestre (UNICAMP), Biólogo (USF). Sylvio de Queiroz Mattoso Doutor em Engenharia (USP), ex-Presidente do CEPED-BA. Gilberto Santos Cerqueira Laboratório de Anatomia Universidade Federal do Piauí, CSHNB e Professor Adjunto do curso de Nutrição do Campus Senador Helvídio Nunes de Barros – Universidade Federal do Piauí. CSHNB Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal do Piauí.

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Sumário BIODIVERSIDADE Levantamento das áreas de floresta restaurada na Estação Experimental de Holambra da Syngenta

8

Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia

36

Levantamento da avifauna da Estação Experimental da Syngenta em Holambra

70

Levantamento da avifauna da Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia 92 Levantamento da mastofauna de médio e grande porte da Estação Experimental Syngenta de Holambra – SP 112 Mastofauna de médio e de grande porte da Estação Experimental Syngenta de Uberlândia – MG

132

Composição específica e índices estruturais da ictiofauna coletada nos lagos da Estação Experimental da Syngenta no município de Holambra-SP

150

Aplicação do índice AMBI adaptado aos dados de levantamento da avifauna de Holambra para a determinação da integridade ambiental

172

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Artigo original Levantamento das áreas de floresta restaurada na Estação Experimental de Holambra da Syngenta Herbert Serafim de Freitas Bio.Sensu Consultoria Ecológica.

Bruno Burstin Bio.Sensu Consultoria Ecológica; Faculdade de Tecnologia Universidade Estadual de Campinas, Campus Limeira.

da

Guilherme Ferreira Bio.Sensu Consultoria Ecológica; Faculdade de Tecnologia Universidade Estadual de Campinas, Campus Limeira

da

Lucas Alegretti Bio.Sensu Consultoria Ecológica; EcoAdvisor Ltda.

Maurea Flynn Bio.Sensu Consultoria Ecológica; EcoAdvisor Ltda; Faculdade de Tecnologia da Universidade Estadual de Campinas, Campus Limeira.

FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento das áreas de floresta restaurada na Estação Experimental de Holambra da Syngenta. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 08-35, fev. 2016.

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Artigo original Resumo Com o objetivo de realizar um levantamento extensivo florestal para elaboração de recomendações norteadoras de futuras ações da Syngenta que busquem a manutenção e o progresso do processo sucessional das diversas fitofisionomias da Estação Experimental de Holambra, cada fitofisionomia foi caracterizada quanto aos seus atributos ambientais (coordenada geográfica de referência, declividade, serapilheira, dossel, estratos presentes e predominantes, espécies predominantes, estado de conservação, presença de alterações antrópicas, etc.); foram quantificados os parâmetros estruturais, abundancia, riqueza especifica e diversidade; e estabelecidos os graus de sucessão ecológica com a caracterização e classificação dos plantios de reflorestamento e remanescentes nativos. Em toda área foram identificadas 105 espécies arbóreas, pertencentes a 36 famílias botânicas, porém o número de espécies real certamente é bem superior ao registrado neste estudo. Das 105 espécies catalogadas, 88 são nativas e pertencem a 31 famílias, e 17 são exóticas, representadas por 12 famílias botânicas. Concluiu-se que todos os setores investigados apresentam grande valor biológico para conservação da Natureza da região, e são responsáveis por expressiva oferta de propágulos para áreas adjacentes. Entretanto se faz necessário o controle e eliminação de alguns fatores de impacto presentes, em especial a infestação por lianas, e a presença do capim-braquiária. Palavras-chave: levantamento florestal; Holambra

Abstract An extensive forest survey was performed for the elaboration of guidance recommendations Syngenta to ensure the successional process of the various fragments in the Experimental Station of Holambra. Each fragment was characterized by environmental attributes such as geographic coordinate reference, declivity, forest canopy, state of preservation, the presence of anthropogenic changes, etc.); structural parameters such as species richness and diversity; and the degree of ecological succession was established. A total of 105 tree species, belonging to 36 botanical families, was assessed. Of the 105 species catalogued, 88 are native, belonging to 31 families, and 17 are exotic, represented by 12 botanical families. It was concluded that all fragments investigated features great biological value for regional nature conservation, and are responsible for a significant supply of propagules to adjacent areas. It is necessary, however, to control or eliminate some impact factors present, particularly the infestation by lianas, and the presence of brachiaria grass. FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento das áreas de floresta restaurada na Estação Experimental de Holambra da Syngenta. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 08-35, fev. 2016.

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Artigo original Key words: Forest assessment; Holambra

Introdução A vegetação original da Estação Experimental da Syngenta segundo o Sistema de Classificação da Vegetação mais aceito no Brasil é a Floresta Estacional Semidecidual (VELOSO et al. 1991). Segundo a classificação de Köeppen, a área compreende o tipo climático Cwa, que corresponde ao clima mesotérmico com verões quentes e invernos secos. Hoje existem na propriedade duas grandes manchas remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual, além de diversos trechos de Florestas Restauradas. As áreas de Florestas Restauradas foram plantadas em diferentes períodos, e hoje se encontram quase que formando um grande contínuo florestal. Os plantios realizados fizeram uso tanto de espécies nativas quanto de exóticas, com intuito de aumentar a superfície florestada da Estação. O primeiro grande plantio teve início em 1992, e o ultimo em 2005, de forma que as florestas plantadas têm hoje entre nove (9) e vinte e dois (22) anos de idade. Com o objetivo de realizar um levantamento extensivo florestal na área para elaboração de recomendações norteadoras de futuras ações que busquem a manutenção e o progresso do processo sucessional das diversas fitofisionomias da Estação Experimental da Syngenta, cada fitofisionomia foi caracterizada quanto aos atributos ambientais principais (coordenada geográfica de referência, declividade, serapilheira, dossel da floresta, estratos presentes e predominantes, espécies predominantes, estado de conservação, presença de alterações antrópicas, etc.); foram quantificados os parâmetros estruturais de cada, abundancia, riqueza especifica e diversidade; e estabelecidos os graus de sucessão ecológica com a caracterização e classificação dos plantios de reflorestamento e remanescentes nativos.

Material e métodos A área estudada está inserida na Estação Experimental da Syngenta localizada em Holambra, coordenadas geográficas 22°38’ 48.55” S e 47°5’ 8.46” O. A Estação foi estabelecida em 1976 e é credenciada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para realização de laudos de eficiência e praticabilidade agronômica, além de ensaios de campo para fins de estudo de resíduos de agrotóxicos e afins, de acordo com Portaria SDA nº 109, de 25/09/1997. Possui CQB – Certificado de Qualidade em Biossegurança válido expedido pela CTNBio e específico para projetos FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento das áreas de floresta restaurada na Estação Experimental de Holambra da Syngenta. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 08-35, fev. 2016.

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Artigo original solicitados pela Comissão Interna de Biossegurança – CIBio da própria Syngenta (SANTOS 2014). A avaliação botânica no local foi realizada nos dias 3 e 4 de outubro de 2014, por meio de caminhadas cobrindo toda a área. Foi feita a descrição geral da cobertura vegetal, classificação detalhada das fitofisionomias dos plantios e vegetação florestal nativa. A caracterização e setorização da vegetação considerou: • Levantamento fitofisionômico: identificação da tipologia vegetal e suas características; • Levantamento florístico extensivo, buscando ampliar a listagem de espécies arbóreas da área; • Delimitação de parcelas de 10 x 10 m (100 m²) situadas no interior de cada Plantio de Reflorestamento, ou Remanescente Florestal nativo. Nas parcelas foram levantadas as seguintes informações: • Identificação da espécie arbórea: Nome Científico, Família Botânica e nome popular; • Diâmetro à altura do peito (DAP) médio dos indivíduos arbóreos acima de 3,2 cm (10 cm de CAP); • Classificação das espécies quanto ao grupo sucessional; • Ocorrência da espécie: exótica ou nativa; • Indicação de espécie arbórea ameaçada de extinção ou objeto de especial proteção; • Altura média estimada dos indivíduos arbóreos. O levantamento nas parcelas teve o objetivo de classificar o estágio sucessional da vegetação segundo a resolução Nº 1, de 31 de janeiro de 1994 do CONAMA, que define vegetação primária e secundária nos estágios pioneiro, inicial, médio e avançado de regeneração da Mata Atlântica, a fim de orientar os procedimentos de licenciamento de exploração da vegetação nativa em São Paulo. Cada uma das parcelas foi geo-referenciada e fotografada. Quando da existência de indivíduos com troncos múltiplos, foi utilizado o valor de circunferência de cada tronco individualmente para obtenção da média da parcela. A identificação dos exemplares foi feita com o auxílio de bibliografia. Para a apresentação dos táxons, foi adotado o sistema de classificação do Angiosperm Philogeny Group III (2009). Foi elaborada uma listagem das espécies arbóreas dominantes, com os nomes científicos, família botânica, de acordo com a literatura existente. Após elaboração da lista de espécies foi verificada se alguma se encontrava em ameaça segundo a Resolução SMA 48/2004 elaborada pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo para o Estado de São Paulo, e pelo Ministério do Meio Ambiente para FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento das áreas de floresta restaurada na Estação Experimental de Holambra da Syngenta. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 08-35, fev. 2016.

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Artigo original o Brasil (Instrução Normativa nº 6 de 23/09/2008/MMA). Com a identificação das espécies foi elaborado o calendário de inflorescência. As informações sobre a categoria sucessional de cada uma das espécies, considerando-se sua exigência de luz e seu ciclo de vida, foram definidas de acordo com os critérios estabelecidos por Gandolfi (1991, 2000). Foram consideradas “pioneiras”, as espécies de ciclo de vida curto completado sob condições de pleno sol para estabelecimento e reprodução. As secundárias iniciais que necessitam de plena luz para o crescimento e reprodução, e as secundárias tardias que crescem à sombra, mas necessitam de plena luz para reprodução foram chamadas de ‘não pioneiras”. A classificação baseou-se em dados de literatura, principalmente em Lorenzi (1998 e 2000), Gandolfi (2000), Martins et al. (2002) e Catharino et al. (2006). Para as espécies não encontradas na literatura, a classificação foi baseada em observações em campo, obedecendo aos critérios de Gandolfi (2000). As parcelas dentro de cada setor foram delimitadas de acordo com a metodologia supracitada e nomeadas como apresentado na Tabela 1, com suas respectivas coordenadas geográficas. Tabela 1 - Parcelas inseridas em cada setor e suas respectivas coordenadas geográficas Setor/Parcela Remanescente de floresta estacional semidecidual (F1) Remanescente de floresta estacional ciliar (FC) Plantio 2005 (R1) Plantio 1999/2001 (R2) Plantio 1997 (R3) Plantio 1993 (R4) Plantio 1992 (R5) Pomar

Coordenadas Geográficas 22°38'59.93"S

47° 5'0.44"W

22°39'4.36"S

47° 5'2.91"W

22°38'57.78"S 22°39'3.29"S 22°39'2.98"S 22°39'0.14"S 22°38'59.85"S 22°39'1.01"S

47° 5'14.25"W 47° 4'56.43"W 47° 5'9.38"W 47° 5'14.47"W 47° 5'10.00"W 47° 5'7.70"W

A divisão dos setores onde foram delimitadas as parcelas, dentro da Estação Experimental, está apresentada na Figura 1, com as respectivas identificações.

FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento das áreas de floresta restaurada na Estação Experimental de Holambra da Syngenta. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 08-35, fev. 2016.

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Artigo original

Figura 1 – Vista da Estação Experimental de Holambra, Syngenta, com a divisão dos setores onde foram delimitadas as parcelas amostrais

Resultados Em toda área da estação foram identificadas 105 espécies arbóreas, pertencentes a 36 famílias botânicas, porém o número de espécies real certamente é muito superior ao registrado neste estudo. Das 105 espécies catalogadas, 88 são nativas e pertencem a 31 famílias, e 17 são exóticas, representadas por 12 famílias botânicas. Remanescente de Floresta Estacional Semidecidual (Fragmento F1) O remanescente de Floresta Estacional Semidecidual (F1) existente na área possui, segundo informações da empresa Syngenta, mais de 30 anos e nunca sofreu interferência antrópica desde a aquisição da área pela empresa. O remanescente encontra-se em processo de sucessão secundária em termos de dinâmica natural, possui considerável diversidade vegetal (Tabela 2), porém apresenta fatores limitantes para sua contínua evolução, descritos a seguir. Há descontinuidades no dossel no trecho da parcela delimitada e em vários outros trechos do remanescente devido à presença de clareiras formadas pela queda de árvores mortas, e quebra de galhos, decorrentes principalmente de infestação de lianas. A densidade de lianas lenhosas é particularmente elevada nas bordas do remanescente. Dentre as lianas lenhosas destacam-se as dos gêneros Banisteriopsis e Tetrapterys (Malpighiaceae), Serjania (Sapindaceae), Cissus (Vitaceae), e Adenonocalymma e Macfadyena (Bignoniaceae). Além disso, existem em meio ao remanescente grandes touceiras de Bambusa vulgaris Schrad. Ex J.C. Wendl., uma espécie exótica de bambu originária da Ásia, conhecida como Bambu-gigante-amarelo, que causam grande sombreamento em vários trechos da floresta. De acordo com os FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento das áreas de floresta restaurada na Estação Experimental de Holambra da Syngenta. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 08-35, fev. 2016.

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Artigo original parâmetros estruturais obtidos em uma parcela de 100 m² estabelecida em meio ao remanescente, este encontra-se em Estágio Médio de Regeneração segundo a resolução Nº 1 de 1994 do CONAMA. Obteve-se na parcela os valores médios de altura e diâmetro a altura do peito (DAP = medido a 1,30m do solo), de 7,94 m, e 10,3 cm (32,34 cm de CAP), respectivamente. Na parcela obteve-se 16 indivíduos dentro do perímetro de inclusão, sendo um (1) de pioneira, 13 de secundárias iniciais, e um (1) de secundária tardia. Os 16 indivíduos pertencem a 11 espécies de 10 famílias distintas. As espécies Alchornea glandulosa Poepp. & Endl (Família Euphorbiaceae), Myrcia splendens (Sw.) DC. (Myrtaceae), Zanthoxylum rhoifolium Lam. (Rutaceae), Siparuna brasiliensis (Spreng.) A.DC (Siparunaceae), e Cupania vernalis Cambess. (Sapindaceae) foram as predominantes no interior da parcela e na vistoria ao longo do remanescente. As alturas das arvores variaram entre 4 e 17 m, e os diâmetros entre 3,18 e 24,2 cm. Foram identificadas no levantamento extensivo realizado no remanescente o total de 45 espécies arbóreas pertencentes a 26 famílias botânicas (Tabela 2). Este número de espécies registrado baseou-se apenas em levantamento das espécies predominantes, de maneira que um estudo mais detalhado certamente registrará mais de 100 espécies para o remanescente. A estratificação florestal não está bem definida, dentre os fatores que explicam tal fato, estão: as muitas clareiras, os grandes bambueiros exóticos e a infestação de lianas. O estrato herbáceo-arbustivo se encontra bastante esparso. Dentre as plantas herbáceas e arbustivas nativas estão as dos gêneros Emilia (Asteraceae), Piper (Piperaceae), Sida (Malvaceae), e Lantana (Lamiaceae). Destaca-se a presença de indivíduo jovem de orquídea terrestre da espécie Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl., localizado em meio a serapilheira. A grande incidência de luz decorrente dos aspectos citados anteriormente também favorece o crescimento de herbáceas ruderais e gramíneas exóticas, além da reinfestação por lianas. Estas por sua vez competem por nutrientes com as espécies arbustivas, plântulas das espécies arbóreas, e mesmo com as árvores, também prejudicando a dinâmica natural da floresta. A serapilheira é formada por camada bem desenvolvida e contínua. As epífitas são pouco abundantes, e representadas por musgos, liquens, samambaias e bromélias do gênero Tilandsia. Dentre as espécies arbóreas presentes no banco de plântulas destacam-se a canela (Nectandra megapotamica (Spreng) Mez), o chal-chal (Allophylus edulis (A.St.-Hil.) Radlk.) e a saíra (Casearia sylvestris Sw).

Tabela 2 - Lista de indivíduos registrados em parcela de 10 x 10 m, situada no trecho de Remanescente de Floresta Estacional Semidecidual (F1), Estação Experimental da FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento das áreas de floresta restaurada na Estação Experimental de Holambra da Syngenta. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 08-35, fev. 2016.

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Artigo original Syngenta, Município de Holambra, SP. Indivíduos ordenados por número. Constam: Nome científico; Família; Nome popular; Ocorrência (Ocor.): Na = Nativa do bioma da região; E = exótica; Bra = Nativa, porém, de outro bioma do Brasil; Categoria sucessional (categ.): Pi (pioneira), Si (secundária inicial), St (secundária tardia), SC = sem classificação; Altura em metros (Altura); Circunferência a altura do peito em centímetros (CAP).

Nome científico Alchornea glandulosa Poepp. & Endl. Alchornea glandulosa Poepp. & Endl. Zanthoxylum rhoifolium Lam. Solanum argenteum Dunal Morta Alchornea glandulosa Poepp. & Endl. Siparuna brasiliensis (Spreng.) A.DC. Zanthoxylum rhoifolium Lam. Piper amalago (Jacq.) Yunker

Siparuna brasiliensis (Spreng.) A.DC. Cupania vernalis Cambess. Myrcia splendens (Sw.) DC. Gochnatia polymorpha (Less.) Cabrera Allophylus edulis (A.St.-Hil.) Radlk. Guarea kunthiana A.Juss. Miconia cinnamomifolia (DC.) Naudin

Família

Nome Popular

Ocor. / Categ.

Altura (m)

CAP (cm)

Euphorbiaceae

Tapiá

Na/Si

7

34

Euphorbiaceae

Tapiá

Na/Si

10

33

Na/Si

4

23

Na/Si -

6 7

16+10 17

Solanaceae -

Mamica-deporca Fumeiro -

Euphorbiaceae

Tapiá

Na/Si

10

34

Siparunaceae

Caputiu

Na/Si

8

38

Rutaceae

Mamica-deporca

Na/Si

7

31

Piperaceae

Falsojaborandi

Na/Si

4

16+12

Siparunaceae

Caputiu

Na/Si

5

16

Sapindaceae Myrtaceae

Canguatá Brasa-viva Cambará-domato

Na/Si Na/Si

17 6

67+76 16

Na/Pi

9

57

Rutaceae

Asteraceae Sapindaceae

Chal-chal

Na/St

6

16

Meliaceae

Canjambo

Na/Si

9

36

Melastomataceae

Jacatirão

Na/Si

12

68

Remanescente de Floresta Estacional Semidecidual Ciliar (Fragmento FC) O Remanescente de Floresta Estacional Semidecidual Ciliar (FC), é a segunda área florestal nativa, já existente quando do estabelecimento da empresa, segundo informações da Syngenta. Este remanescente possui mais de 30 anos, e sofreu expansão de sua área original desde a aquisição da área pela empresa. A situação desde remanescente se assemelha muito a encontrada no remanescente (F1), já descrito. O remanescente encontra-se em processo de sucessão secundária em termos de dinâmica natural, possui considerável diversidade vegetal (Tabela 3), porém apresenta fatores limitantes para sua contínua evolução, que serão descritos em detalhes a seguir. Apesar de em menor escala quando comparado ao que ocorreu no remanescente F1, neste remanescente também há descontinuidades no FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento das áreas de floresta restaurada na Estação Experimental de Holambra da Syngenta. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 08-35, fev. 2016.

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Artigo original dossel. Isto ocorre devido à presença de clareiras formadas pela queda de árvores mortas, e quebra de galhos, decorrentes principalmente de infestação de lianas. Dentre as lianas lenhosas destacam-se as dos gêneros Acacia (Fabaceae), Tetrapterys (Malpighiaceae), Serjania (Sapindaceae), Cissus (Vitaceae), e Adenonocalymma (Bignoniaceae). Também existem em meio ao remanescente grandes touceiras de Bambusa vulgaris Schrad. Ex J.C. Wendl., que causam grande sombreamento em vários trechos da floresta. De acordo com os parâmetros estruturais obtidos em uma parcela de 100 m² estabelecida em meio ao remanescente, este encontra-se em estágio inicial de regeneração segundo a resolução Nº 1 de 1994 do CONAMA. Este é o estágio predominante do remanescente, porém observa-se que em alguns trechos há pequenas manchas em estágio médio de sucessão. Obteve-se na parcela estabelecida em meio ao remanescente os valores médios de altura e diâmetro a altura do peito (DAP = medido a 1,30m do solo), de 6,6 m, e 6,5 cm (20,7 cm de CAP), respectivamente. Na parcela obteve-se 31 indivíduos dentro do perímetro de inclusão, sendo 15 de pioneiras, 15 de secundárias iniciais, e um (1) de secundária tardia. Os 31 indivíduos pertencem a 17 espécies de 12 famílias botânicas. As espécies Alchornea glandulosa Poepp. & Endl (Família Euphorbiaceae), Nectandra megapotamica (Spreng) Mez (Lauraceae), Myrsine coriacea (Sw.) Roem & Schult. (Myrsinaceae), e Casearia sylvestris Sw. (Salicaceae) foram as predominantes no interior da parcela e na vistoria ao longo do remanescente. Na parcela as alturas das arvores variaram entre 4 e 10 m, e os diâmetros entre 3,18 e 19,74 cm, e há uma densidade elevada de indivíduos arbóreos, se comparada a encontrada no remanescente descrito anteriormente. Foi identificado no levantamento extensivo realizado no remanescente o total de 42 espécies arbóreas pertencentes a 23 famílias botânicas. Este número de espécies registrado baseou-se apenas em levantamento das espécies predominantes, de maneira que um estudo mais detalhado certamente registrará número bastante superior. A estratificação florestal já pode ser observada, apesar de em alguns trechos não estar presente devido às muitas clareiras, aos grandes bambueiros exóticos e a infestação por lianas. O estrato herbáceo-arbustivo encontra bastante denso. Dentre as plantas herbáceas e arbustivas nativas estão as dos gêneros Commelina (Commelinaceae), Lantana (Lamiaceae), Sida (Malvaceae), Piper (Piperaceae), Asplenium e Anemia (Pteridophyta), Psychotria (Rubiaceae). A serapilheira em geral apresenta-se formada por camada bem espessa e contínua. No que tange as epífitas estas são raras, e representadas por musgos, liquens, samambaias e bromélias dos gêneros Aechmea e Tilandsia. Dentre as espécies arbóreas presentes no banco de plântulas destacam-se o falso-jaborandi (Piper amalago (Jacq.) Yunker. – Família Piperaceae), o chal-chal (Allophylus edulis (A.St.-Hil.) Radlk.) e o canguatá (Cupania FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento das áreas de floresta restaurada na Estação Experimental de Holambra da Syngenta. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 08-35, fev. 2016.

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Artigo original vernalis Cambess.) (Família Sapindaceae). Destaca-se aqui a presença de plântulas e indivíduos jovens de palmito juçara (Euterpe edulis Mart.), espécie ameaçada de extinção. Destaca-se também que existe uma área externa ao remanescente, onde existe uma fitofisionomia campestre dominada por gramíneas exóticas. Em meio a este campo há um córrego, que em função da longa estiagem já não possuía água corrente. Destaca-se que ao longo dos anos a floresta está expandido sobre este trecho campestre. Tabela 3 - Lista de indivíduos registrados em parcela de 10 x 10 m, situada no trecho de Remanescente de Floresta Estacional Semidecidual Ciliar (FC) Estação Experimental da Syngenta, Município de Holambra, SP. Indivíduos ordenados por número. Constam: Nome científico; Família; Nome popular; Ocorrência (Ocor.): Na = Nativa do bioma da região; E = exótica; Bra = Nativa, porém, de outro bioma do Brasil; Categoria sucessional (categ.): Pi (pioneira), Si (secundária inicial), St (secundária tardia), SC = sem classificação; Altura em metros (Altura); Circunferência a altura do peito em centímetros (CAP).

Nome científico Alchornea glandulosa Poepp. & Endl. Myrsine coriacea (Sw.) Roem & Schult.

Família

Nome Popular

Ocor./ Categ.

Altura (m)

CAP (cm)

Euphorbiaceae

Tapiá

Na/Si

14

62+50

Primulaceae

Capororoca

Na/Pi

7

10

Na/Si

6

13

Na/Pi Na/Pi Na/Pi

8 4 7

21 12 14

Na/Si

7

21

Na/Pi Na/Si Na/Pi Na/Pi

6 7 6 4

16,5 41 30 13

Salicaceae Fabaceae Salicaceae Myrtaceae

Falsojaborandi Guamirim Guamirim Goiabeira Canelavermelha Saíra Sapuva Saíra Guamirim

Euphorbiaceae

Tapiá

Na/Si

7

52

Lauraceae

Canelinha

Na/Si

4

15

Lauraceae

Canelinha

Na/Si

3

13

Myrtaceae

Guamirim

Na/Pi

5

11

Araliaceae

Maria-mole

Na/St

8

19+18

Salicaceae Urticaceae Salicaceae Salicaceae

Saíra Pau-pólvora Saíra Agulheiro Embaúvabranca

Na/Pi Na/Pi Na/Pi Na/Si

6 8 5 7

18 20+19 12 14

Na/Pi

7

22

Piper arboreum Aubl.

Piperaceae

Eugenia florida DC. Eugenia florida DC. Psidium guajava L. Ocotea corymbosa (Meissn.) Mez Casearia sylvestris Sw. Machaerium stipitatum Vog. Casearia sylvestris Sw. Eugenia florida DC. Alchornea glandulosa Poepp. & Endl. Nectandra megapotamica (Spreng) Mez Nectandra megapotamica (Spreng) Mez Eugenia florida DC. Dendropanax cuneatum (C.DC.) Decne.et Planch. Casearia sylvestris Sw. Trema micrantha (L.) Blume Casearia sylvestris Sw. Xylosma sp. Cecropia pachystachya Trécul

Myrtaceae Myrtaceae Myrtaceae Lauraceae

Urticaceae

FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento das áreas de floresta restaurada na Estação Experimental de Holambra da Syngenta. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 08-35, fev. 2016.

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Artigo original Nome científico

Família

Matayba guianensis Aubl.

Sapindaceae

Guarea kunthiana A.Juss. Myrcia splendens (Sw.) DC.

Meliaceae Myrtaceae

Piper arboreum Aubl.

Piperaceae

Nectandra megapotamica (Spreng) Mez Alchornea glandulosa Poepp. & Endl. Cecropia pachystachya Trécul Myrsine coriacea (Sw.) Roem & Schult. Myrsine coriacea (Sw.) Roem & Schult. Siparuna brasiliensis (Spreng.) A.DC.

Nome Popular Canguatábranco Canjambo Brasa-viva Falsojaborandi

Ocor./ Categ.

Altura (m)

CAP (cm)

Na/Si

6

15

Na/Si Na/Si

9 8

22+25 28+11

Na/Si

4

13

Lauraceae

Canelinha

Na/Si

8

25

Euphorbiaceae

Tapiá

Na/Si

10

37

Urticaceae

Embaúvabranca

Na/Pi

5

14

Primulaceae

Capororoca

Na/Pi

8

16

Primulaceae

Capororoca

Na/Pi

7

20

Siparunaceae

Caputiu

Na/Si

5

15

Plantio 2005 (Fragmento R1) O Plantio para Restauração Ecológica iniciado em 2005, que possui próximo de nove (9) anos de idade, teve um bom resultado até o momento, e está em claro processo de sucessão secundária em termos de dinâmica natural (Tabela 4). O dossel do trecho da parcela e de vários trechos do plantio encontra-se descontínuo devido à presença de clareiras decorrentes de quedas de árvores e quebra de galhos. A serapilheira é formada por camada relativamente desenvolvida, com raros espaços descontínuos, e, o solo logo abaixo é argiloso. Não se observou estratificação florestal, isso se deve em parte ao fato de existirem muitas clareiras, e da floresta estar em estágio médio inicial, não tendo havido tempo suficiente para a estratificação. Além disso, a maior incidência de luz favorece o crescimento de gramíneas, que por sua vez competem por nutrientes com as espécies arbustivas e arbóreas. Além disso, o aumento da incidência de luz favorece o crescimento de lianas lenhosas que por vezes recobrem grande parte da copa de algumas arvoretas, reduzindo a velocidade de crescimento das mesmas, e até aumentando o risco de quebra de galhos destas. De acordo com os parâmetros estruturais obtidos em uma parcela de 100 m², o plantio se encontra em estágio inicial de regeneração segundo a resolução 1/94 do CONAMA. Obteve-se na parcela os valores médios de altura e diâmetro a altura do peito (DAP = medido a 1,30m do solo), de 5,5 m, e 5,8 cm (17,4 cm de CAP), respectivamente. Na parcela obteve-se 13 indivíduos dentro do perímetro de inclusão, sendo sete (7) de pioneiras, três (3) de secundárias iniciais, e duas (2) de secundárias tardias. As espécies FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento das áreas de floresta restaurada na Estação Experimental de Holambra da Syngenta. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 08-35, fev. 2016.

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Artigo original Vernonanthura phosphorica (Vell.) H. Rob. (Família Asteraceae), e Schinus terebinthifolius Raddi (Família Anacardiaceae) foram as predominantes no interior da parcela e do plantio como um todo. As alturas das arvores variaram entre 3,5 e 10 m, e os CAPs entre dez (10) e 48 cm. Foram identificadas neste plantio 21 espécies arbóreas pertencentes a 14 famílias botânicas. Epífitas são pouco abundantes, e representadas por musgos, liquens e samambaias. O estrato herbáceo-arbustivo encontra-se pouco desenvolvido, e estão presentes principalmente gramíneas exóticas, como o capimbraquiaria (Urochloa decumbens (Stapf) R.D. Webster). Dentre as herbáceas e arbustivas nativas estão as dos gêneros Baccharis (Asteraceae), Piper (Piperaceae), Sida (Malvaceae), e Lantana (Lamiaceae). Dentre as espécies arbóreas presentes no banco de plântulas destacam-se a aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi), a goiabeira (Psidium guajava L.), a capororoca (Myrsine coriacea (Sw.) Roem & Schult.), e a embaúva-branca (Cecropia pachystachya Trécul). Dentre as lianas lenhosas destacam-se as dos gêneros Acacia (Fabaceae), Banisteriopsis (Malpighiaceae) Serjania (Sapindaceae), e Adenonocalymma, e Macfadyena (Bignoniaceae). Há presença de indivíduos exóticos de porte médio de escova-degarrafa (Callistemon viminalis (Sol. Ex. Gaertn.) G.Don – Família Myrtaceae) (Erro! Fonte de referência não encontrada.B). Destaca-se a presença de indivíduos adultos em frutificação de jenipapo (Genipa infundibuliformes Zappi & Semir – Família Rubiaceae), espécie nativa que tem seus frutos apreciados pela avifauna. Tabela 4 - Lista de indivíduos registrados em parcela de 10 x 10 m, situada no trecho de Plantio de Restauração Ecológica iniciado em 2005, Estação Experimental da Syngenta, Município de Holambra, SP. Indivíduos ordenados por número. Constam: Nome científico; Família; Nome popular; Ocorrência (Ocor.): Na = Nativa do bioma da região; E = exótica; Bra = Nativa, porém, de outro bioma do Brasil; Categoria sucessional (categ.): Pi (pioneira), Si (secundária inicial), St (secundária tardia), SC = sem classificação; Altura em metros (Altura); Circunferência a altura do peito em centímetros (CAP).

Nome científico Schinus terebinthifolius Raddi Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P.Queiroz Vernonanthura phosphorica (Vell.) H. Rob. Vernonanthura phosphorica (Vell.) H. Rob.

Família

Nome Popular

Ocor./ Categ.

Altura (m)

CAP (cm)

Anacardiaceae

Aroeira

Na/Si

4

12

Fabaceae

Pau-ferro

Bra/Si

5

19+14

Asteraceae

Cambará

Na/Pi

5

11

Asteraceae

Cambará

Na/Pi

4

20+12+11

FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento das áreas de floresta restaurada na Estação Experimental de Holambra da Syngenta. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 08-35, fev. 2016.

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Artigo original Nome científico Trema micrantha (L.) Blume Myrsine coriacea (Sw.) Roem & Schult. Malpighia glabra L. Croton urucurana Baill. Trema micrantha (L.) Blume Vernonanthura phosphorica (Vell.) H. Rob. Myrciaria cauliflora (Mart.) O. Berg. Muntingia calabura L. Myrciaria cauliflora (Mart.) O. Berg.

Família

Nome Popular

Ocor./ Categ.

Altura (m)

CAP (cm)

Urticaceae

Pau-pólvora

Na/Pi

4

10

Primulaceae

Capororoca

Na/Pi

6

11,5

Malpighiaceae

Acerola Sangrad’água

E

8

48+25+20+24,5

Na/Pi

6

18

Euphorbiaceae Urticaceae

Pau-pólvora

Na/Pi

6

11,5

Asteraceae

Cambará

Na/Pi

6

15

Myrtaceae

Jabuticabeira

Na / St

4

10+10+10+11

Myrtaceae

Calabura

Bra/Si

10

33+47,5

Myrtaceae

Jabuticabeira

Na / St

3,5

10+10+11

Plantio 1999/2001 (Fragmento R2) Neste item optou-se por reunir as informações dos plantios de 1999 e 2001 por estes terem tido início em anos próximos, e apresentarem estrutura e florística semelhantes. Estes plantios têm entre 13 e 15 anos, apresentam o estrato arbóreo bem desenvolvido, porém pouco denso, e com subosque pouco estruturado, que será descrito a seguir (Tabela 5). O dossel do trecho da parcela e do plantio como um todo se encontra bastante descontínuo devido à presença de grandes espaços decorrentes da morte de mudas, que não foram mais replantadas, ou ainda devido à quebra de galhos. A serapilheira é formada por camada descontínua, e insipiente em sua maior extensão, com raros trechos estruturados, o solo logo abaixo é argiloso. Não se observou estratificação florestal, isso se deve em parte ao fato de existirem grandes descontínuos no plantio, e da floresta estar em estágio médio inicial, a despeito de seus 15 anos de implantação. A grande incidência de luz no nível do solo tem favorecido o crescimento de gramíneas exóticas, como o capim braquiária (Urochloa decumbens (Stapf) R.D. Webster), que por sua vez compete por nutrientes com as espécies arbustivas e arbóreas, além de inibir a entrada de plântulas de espécies arbóreas no plantio. Além disso, o aumento da incidência de luz favorece o crescimento de lianas lenhosas que já recobrem parte da copa de algumas arvoretas, em especial na borda, reduzindo a velocidade de crescimento das mesmas. De acordo com os parâmetros estruturais obtidos em uma parcela de 100 m², o plantio se encontra em Estágio Inicial de Regeneração segundo a FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento das áreas de floresta restaurada na Estação Experimental de Holambra da Syngenta. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 08-35, fev. 2016.

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Artigo original resolução 1/94 do CONAMA. Obteve-se na parcela os valores médios de altura e diâmetro a altura do peito (DAP = medido a 1,30m do solo), de 5,14 m, e 9,45 cm (29,7 cm de CAP), respectivamente. Na parcela obteve-se sete (7) indivíduos dentro do perímetro de inclusão, sendo dois (2) de pioneiras, e três (3) de secundárias iniciais. As espécies Vernonanthura phosphorica (Vell.) H. Rob. (Família Asteraceae), Cecropia pachystachya Trécul (Família Urticaceae), e Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman (Família Palmae) foram as predominantes no plantio como um todo. As alturas das arvores variaram entre três (3) e nove (9) m, e os CAPs entre 12 e 61 cm. Foram identificadas neste plantio 22 espécies arbóreas pertencentes a 15 famílias botânicas. Epífitas são raras, e representadas apenas por musgos e liquens. O estrato herbáceo-arbustivo encontra-se pouco desenvolvido, e estão presentes principalmente gramíneas exóticas, como o capim-braquiaria (Urochloa decumbens (Stapf) R.D. Webster). Há trechos em que o estrato herbáceo encontra-se totalmente seco, talvez em função de uso de herbicida. Dentre os gêneros de herbáceas e arbustivas nativas observados estão: Baccharis e Emilia (Asteraceae), Lantana (Lamiaceae), Sida (Malvaceae), Setaria e Aristida (Poaceae), todas típicas de áreas abertas. Dentre as poucas espécies arbóreas presentes no banco de plântulas estão a goiabeira (Psidium guajava L.), e a embaúva-branca (Cecropia pachystachya Trécul). Dentre as lianas lenhosas destacam-se as dos gêneros Acacia (Fabaceae), e Tetrapterys (Malpighiaceae). Destaca-se a presença de indivíduos adultos em frutificação de leucena (Leucena leucocephala L. - Família Fabaceae), espécie exótica, agressiva, que tem seus frutos facilmente disseminados, e que pode se tornar uma praga nos plantios. Tabela 5 - Lista de indivíduos registrados em uma parcela de 10 x 10 m, situada no trecho de Plantio de Restauração Ecológica iniciado em 1999, Estação Experimental da Syngenta, Município de Holambra, SP. Indivíduos ordenados por número. Constam: Nome científico; Família; Nome popular; Ocorrência (Ocor.): Na = Nativa do bioma da região; E = exótica; Bra = Nativa, porém, de outro bioma do Brasil; Categoria sucessional (categ.): Pi (pioneira), Si (secundária inicial), St (secundária tardia), SC = sem classificação; Altura em metros (Altura); Circunferência a altura do peito em centímetros (CAP). Nome científico Cecropia pachystachya Trécul Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna Vernonanthura phosphorica (Vell.) H. Rob. Bixa orellana L. Morta

Família

Nome Popular

Ocor./ Categ.

Altura (m)

CAP (cm)

Urticaceae

Embaúvabranca

Na/Pi

9

46

Palmae

Jerivá

Na/Si

8

61

Malvaceae

Paineira

Na/Si

6

58

Asteraceae

Cambará

Na/Pi

3

13

Bixaceae -

Urucum -

Na/Si -

5 3

16+30+20 12

FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento das áreas de floresta restaurada na Estação Experimental de Holambra da Syngenta. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 08-35, fev. 2016.

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Artigo original Morta

-

-

-

2

11

Plantio 1997 (Fragmento R3) O plantio para restauração ecológica iniciado em 1997, que possui dezessete anos, teve um excelente resultado até o momento, e está em franco processo de sucessão secundária em termos de dinâmica natural (Tabela 6). O dossel do trecho da parcela e do plantio como um todo se encontra bastante contínuo, ocorrendo escassos pontos de falhas, estes em geral decorrentes de morte de indivíduos de grande porte, ou quebra de galhos. De acordo com os parâmetros estruturais obtidos em uma parcela de 100 m², o plantio se encontra em estágio médio de regeneração segundo a resolução nº1 de 1994 do CONAMA. Obteve-se na parcela os valores médios de altura e diâmetro a altura do peito (DAP = medido a 1,30m do solo), de 10,8 m, e 13,25 cm (41,63 cm de CAP), respectivamente. Na parcela obteve-se 14 indivíduos, pertencentes a oito (8) espécies dentro do perímetro de inclusão, sendo um (1) de pioneira, nove (9) de secundárias iniciais, e um (1) de secundária tardia. Na parcela as alturas das arvores variaram entre três (3) e 18 m, e os CAPs entre 14 a 94 cm. Foram identificadas neste plantio 40 espécies arbóreas pertencentes a 22 famílias botânicas. Este número de espécies baseou-se apenas em levantamento rápido das espécies predominantes, de maneira que um estudo mais detalhado certamente registrará o número bastante superior. Destacam-se em uma das bordas junto a estrada principal que circunda o plantio vários indivíduos adultos de juçara (Euterpe edulis Mart.), jerivá (Syagrus romanzoffiana), e palmeira-imperial (Roystonea regia O. F. Cook var. maisiana L. H. Bailey). Existe uma clara estratificação florestal, que pode ser observada analisando a riqueza e a complexidade de seu subosque. As espécies Centrolobium tomentosum Guillem. ex Benth e Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F. Macbr. (Família Fabaceae), e Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman (Família Palmae), foram as predominantes na parcela, e no plantio como um todo. Dentre as espécies arbóreas presentes no banco de plântulas destacam-se o araribá (Centrolobium tomentosum Guillem. ex Benth – Família Fabaceae), o cedro (Cedrela fissilis Vell. – Família Meliaceae), o juçara (Euterpe edulis Mart. – Família Palmae), o falsojaborandi (Piper amalago (Jacq.) Yunker. – Família Piperaceae), e o canguatá (Cupania vernalis Cambess - Família Sapindaceae). Dentre as espécies exóticas observadas estão a amoreira (Morus nigra L.), e o eucalipto (Eucalyptus sp.). No estrato arbustivo destacam-se as espécies Piper amalago (Jacq.) Yunker. – Família Piperaceae) e Siparuna brasiliensis (Spreng.) A.DC. – família Siparunaceae). O estrato herbáceo se encontra denso, dentre as espécies destacam-se as dos gêneros Commelina (Commelinaceae), Piper (Piperaceae), Asplenium e Anemia (Pteridophyta), Psychotria (Rubiaceae). A serapilheira possui camada bem espessa e FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento das áreas de floresta restaurada na Estação Experimental de Holambra da Syngenta. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 08-35, fev. 2016.

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Artigo original contínua. No que tange as epífitas estas são comuns, e representadas por musgos, liquens, samambaias e bromélias dos gêneros Aechmea e Tilandsia (Família Bromeliaceae).

Tabela 6 - Lista de indivíduos registrados em parcela de 10 x 10 m, no trecho de Plantio de Restauração Ecológica iniciado em 1997, Estação Experimental da Syngenta, Município de Holambra, SP. Indivíduos ordenados por número. Constam: Nome científico; Família; Nome popular; Ocorrência (Ocor.): Na = Nativa do bioma da região; E = exótica; Bra = Nativa, porém, de outro bioma do Brasil; Categoria sucessional (categ.): Pi (pioneira), Si (secundária inicial), St (secundária tardia), SC = sem classificação; Altura em metros (Altura); Circunferência a altura do peito em centímetros (CAP).

Nome científico

Família

Nome Popular

Ocor./ Categ.

Altura (m)

CAP (cm)

Morta Morta Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman Phytolacca dioica L. Centrolobium tomentosum Guillem. ex Benth Handroanthus chrysotrichus (Mart. ex DC.) Mattos

-

-

-

5 9

25+21 36

Palmae

Jerivá

Na/Si

10

60

Phytolaccaceae

Cebolão

Na/Si

17

80

Fabaceae

Araribá

Na/Si

16

91

Bignoniaceae

Ipêamarelo

Na/Pi

7

16,5+16

Polygonaceae

Pauformiga

Na/Si

8

17,5

Fabaceae

Pau-jacaré

Na/Si

10

22+23+41

Fabaceae

Pau-jacaré

Na/Si

12

45+39+12+23,5

Fabaceae

Pau-jacaré

Na/Si

18

48+84+45

Myrtaceae

Pitangueira

Na/Si

3 5

14,5 14+16

Fabaceae

Pau-Brasil

Na/St

14

59

Fabaceae

Pau-jacaré

Na/Si

17

40+54+65

Triplaris americana L. Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F. Macbr. Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F. Macbr. Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F. Macbr. Morta Eugenia uniflora L. Caesalpinia echinata Lam. Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F. Macbr.

FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento das áreas de floresta restaurada na Estação Experimental de Holambra da Syngenta. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 08-35, fev. 2016.

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Artigo original Plantio 1993 (Fragmento R4) O plantio para restauração ecológica iniciado em 1993, que possui 21 anos, e dentre os plantios estudados é o que apresentou os melhores resultados, está em franco processo de sucessão secundária em termos de dinâmica natural (Tabela 7). O dossel do trecho da parcela e do plantio como um todo se apresenta contínuo, ocorrendo escassos pontos de falhas, estes em geral decorrentes de morte de indivíduos de grande porte, ou, quebra de galhos. De acordo com os parâmetros estruturais obtidos em uma parcela de 100 m², o plantio se encontra em estágio médio de regeneração segundo a resolução nº1 de 1994 do CONAMA. Obteve-se na parcela os valores médios de altura e diâmetro a altura do peito (DAP = medido a 1,30m do solo), de 9,27 m, e 13,9 cm (43,73 cm de CAP), respectivamente. Na parcela obtiveram-se 17 indivíduos, pertencentes a 12 espécies, de 10 famílias. Destas, duas (2) são do grupo das pioneiras, dez (10) das secundárias iniciais, e três (3) das secundárias tardias. Na parcela as alturas das arvores variaram entre quatro (4) e 20 m, e os CAPs entre 12 e 146 cm. Foram identificadas neste plantio 37 espécies arbóreas pertencentes a 25 famílias botânicas. Do total duas (2) espécies são exóticas, e 35 nativas. Este número de espécies baseou-se apenas em levantamento rápido das espécies predominantes, de maneira que um estudo mais detalhado certamente registrará o número bastante superior. Existe uma clara estratificação florestal, que pode ser observada analisando a riqueza e complexidade do subosque do plantio. As espécies Alchornea glandulosa Poepp. & Endl. (Família Euphorbiaceae), Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan e Centrolobium tomentosum Guillem. ex Benth (Família Fabaceae), e Piper arboreum Aubl. (Família Piperaceae), foram as predominantes na parcela, e no plantio como um todo. Dentre as espécies arbóreas presentes no banco de plântulas destacam-se o araribá (Centrolobium tomentosum Guillem. ex Benth – Família Fabaceae), o falso-jaborandi (Piper amalago (Jacq.) Yunker. – Família Piperaceae), o caputiu (Siparuna brasiliensis – Família Siparunaceae), e o canguatá (Cupania vernalis Cambess - Família Sapindaceae). Dentre os indivíduos jovens destaca-se o ingresso de jovens de canela (Nectandra megapotamica (Spreng) Mez – Família Lauraceae). Dentre as espécies exóticas observadas estão a amoreira (Morus nigra L. – Família Moraceae), e a leucena (Leucena leucocephala L. – Família Fabaceae). No estrato arbustivo destacam-se as espécies Piper amalago (Jacq.) Yunker. – Família Piperaceae) e Siparuna brasiliensis (Spreng.) A.DC. – Família Siparunaceae). O estrato herbáceo se encontra relativamente denso, dentre as espécies destacam-se as dos gêneros Commelina (Commelinaceae), Piper (Piperaceae), Asplenium e Anemia (Pteridophyta), Psychotria (Rubiaceae) e gramíneas. No que tange as epífitas estas são comuns, e representadas por musgos, liquens, samambaias e bromélias dos gêneros FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento das áreas de floresta restaurada na Estação Experimental de Holambra da Syngenta. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 08-35, fev. 2016.

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Artigo original Aechmea e Tilandsia (Família Bromeliaceae). A serapilheira possui camada bem espessa e contínua. Dentre as lianas lenhosas destacam-se as dos gêneros Acacia (Fabaceae), Tetrapterys (Malpighiaceae), Serjania (Sapindaceae), e Adenonocalymma (Bignoniaceae). Ao lado do plantio existe um pequeno agrupamento de eucaliptos plantados, com altura e CAPs médios de 12m e 60 cm, respectivamente. Em meio ao plantio existe adensamento de gramíneas exóticas que atingem mais de um (1) de altura, e observou-se que há regeneração de espécies nativas. Dentre elas destacam-se as embaúbas-brancas (Cecropia pachystachya Trécul – Família Urticaceae), e os cambarás (Vernonanthura phosphorica (Vell.) H. Rob. – Família Asteraceae). Tabela 7 - Lista de indivíduos registrados em parcela de 5 x 5m, em trecho de Floresta situado na futura captação do condomínio, Município de Caraguatatuba, SP. Indivíduos ordenados por número. Constam: Nome científico; Família; Nome popular; Ocorrência (Oc.): Na = Nativa do bioma da região; E = exótica; Bra = Nativa, porém, de outro bioma do Brasil; Categoria sucessional (Cat.): Pi (pioneira), Si (secundária inicial), St (secundária tardia), SC = sem classificação; Altura em metros (altura); Circunferência a altura do peito (CAP).

Nome científico Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Psidium guajava L. Morta Gochnatia polymorpha (Less.) Cabrera Alchornea glandulosa Poepp. & Endl. Schinus terebinthifolius Raddi Allophylus edulis (A.St.-Hil.) Radlk. Triplaris americana L. Alchornea glandulosa Poepp. & Endl.

Família

Nome Popular

Oc./ Cat.

Altura (m)

CAP (cm)

Fabaceae

Angico

Na/Si

11

34

Fabaceae

Angico

Na/Si

10

15+16+49+18+14+17,5

Myrtaceae

Goiaba

Na/Pi

6

15+10

-

-

-

5

12

Asteraceae

Cambarádo-mato

Na/Pi

4

12

Euphorbiaceae

Tapiá

Na/Si

9

48

Anacardiaceae

Aroeira

Na/Si

12

66+35

Sapindaceae

Chal-chal

Na/St

5

14

Polygonaceae

Pauformiga

Na/Si

16

95

Euphorbiaceae

Tapiá

Na/Si

8

30,5

FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento das áreas de floresta restaurada na Estação Experimental de Holambra da Syngenta. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 08-35, fev. 2016.

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Artigo original Schizolobium parahyba (Vell.) Blake Morta Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Piper arboreum Aubl. Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A.Robyns Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze Cariniana legalis (Mart.) Kuntze

Fabaceae

Guapuruvu

Na/Si

20

127

-

-

-

8

38

Fabaceae

Angico

Na/Si

16

146

Piperaceae

Falsojaborandi

Na/Si

2,5

10+10

Malvaceae

Embiruçu

Na/Si

4

19

Lecythidaceae

Jequitibárei

Na/St

7

17

Lecythidaceae

Jequitibárosa

Na/St

13

55

Plantio 1992 (Fragmento R5) O plantio para Restauração Ecológica iniciado em 1992, que possui vinte e dois anos, encontra-se quase que totalmente desprovido de subosque, o que compromete a continuação do processo de sucessão secundária em termos de dinâmica natural. Existe um grande espaçamento entre as árvores existentes, que em geral apresentam valores de DAP superiores a 15 cm. O dossel do trecho da parcela e do plantio como um todo se apresenta quase que totalmente descontínuo, ocorrendo escassos pontos de contato entre as copas, o que reflete em grande entrada de luz no subosque. Em função do espaçamento grande, cerca de 4 x 3 m, optou-se por medir a CAP e a altura de 20 indivíduos aleatoriamente, pois uma parcela de 100 m² não seria representativa da estrutura do plantio. A partir destas medidas obteve-se valores médios de altura e diâmetro a altura do peito (DAP = medido a 1,30m do solo), de 13 m, e 21 cm (65,94 cm de CAP), respectivamente. De acordo com a resolução nº 1 de 1994 do CONAMA esses valores são os atingidos por florestas que se encontram em estágio avançado de regeneração. A altura das arvores variaram entre oito (8) e 24 m, e os CAPs entre 40 e 230 cm. Foram identificadas neste plantio 16 espécies arbóreas pertencentes a oito (8) famílias botânicas. Predominam em número no plantio os angicos (Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan), os araribás (Centrolobium tomentosum Guillem. ex Benth) (Família Fabaceae), os jequitibás (Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze e Cariniana legalis (Mart.) Kuntze – Família Lecythidaceae), e as paineiras (Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna – Família Malvaceae). Dentre as espécies arbóreas presentes no banco de plântulas destacam-se o araribá (Centrolobium tomentosum Guillem. ex Benth – Família Fabaceae), o angico (Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan), e a castanha-do-maranhão (Bombacopsis glabra (Pasquale) FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento das áreas de floresta restaurada na Estação Experimental de Holambra da Syngenta. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 08-35, fev. 2016.

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Artigo original Robyns). Registrou-se a presença de indivíduo adulto de pau-brasil (Caesalpinia echinata Lam.) em floração junto à beira da estrada. Apesar dos parâmetros de DAP e altura serem representativos de estágio avançado de sucessão, a quase inexistência de subosque chama a atenção para a necessidade de plantios de enriquecimento na área, a fim de garantir a perpetuação da floresta.

Pomar – Trecho de plantio de frutíferas nativas e exóticas Neste setor foram plantadas espécies frutíferas nativas e exóticas, como a mangueira (Mangifera indica L.), a jabuticabeira (Myrciaria cauliflora (Mart.) O. Berg.), o caquizeiro (Diospyros kaki Thunb.), o abacateiro (Persea americana L.), a acerola (Malpighia emarginata Sesse & Moc. ex DC.), a pitangueira (Eugenia uniflora L.), e a jaqueira (Artocarpus heterophyllus Lam.). Foram identificadas 16 espécies, pertencentes a 12 famílias. Destas dez (10) são exóticas e seis (6) nativas. As alturas das arvores variaram entre 2 e 14 m, e os CAPs entre dez (10) e 180 cm. Considerações e recomendações Dentre os fatores que vem atuando de forma negativa no processo de sucessão ecológica estão a presença abundante de lianas lenhosas e, de bambueiros e gramíneas exóticas. A presença de grandes touceiras de Bambusa vulgaris Schrad. Ex J.C. Wendl., uma espécie exótica de bambu originária da Ásia, conhecida como Bambu-gigante-amarelo, causa grande sombreamento em vários trechos da floresta. Além disso, ocupa espaço físico na floresta e a queda de colmos danifica, e até mesmo causa a quebra de indivíduos de espécies nativas. Diante do exposto a remoção das touceiras desta espécie é recomendável para o adequado processo sucessional, porém a remoção deve ser feita por pessoal habilitado para se evitar a remoção de bambus nativos. Foram registradas touceiras de Bambusa vulgaris Schrad. Ex J.C. Wendl. nos remanescentes F1 e FC, porém a sua ocorrência não está descartada para as áreas de plantio. A infestação por lianas é um problema de grande magnitude na estação Experimental, haja vista que ocorre em diversos graus, e está presente nos plantios realizados nos anos de 1993, 1999, 2001 e 2005, e nos remanescentes F1 e FC. Diversos estudos apontaram que a presença de lianas interfere tanto no recrutamento de mudas quanto no crescimento do caule das espécies arbóreas, em especial as de crescimento lento (PUTZ 1984; GRAUEL & PUTZ 2004; CAMPANELLO et al. 2007). Em relação às espécies arbóreas verifica-se que há grande competição por parte das lianas por luz, umidade e nutrientes do solo, o que contribui para a redução do FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento das áreas de floresta restaurada na Estação Experimental de Holambra da Syngenta. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 08-35, fev. 2016.

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Artigo original crescimento das árvores (TABANEZ et al. 1997; ROZZA 2003). Além disso, há estudos que mostram que as lianas causam danos à estrutura das árvores hospedeiras, ocasionando quebra ou até sua queda (LAURANCE et al. 2000; ROZZA 2003). Destaca-se que um estudo que investigou a influência do manejo de lianas em um trecho de floresta estacional do município de Campinas (SP), concluiu que após o manejo, que consistiu no corte de lianas em faixa e em área total, houve aceleração da regeneração de espécies arbustivas e arbóreas na área degradada (ROZZA 2003). Rozza (2003) sugere que em áreas que não foram fortemente degradadas, mas que se encontram com elevada densidade de lianas, seja feito manejo de menor intensidade, cortando apenas as espécies que são hiper abundantes. Estudos recentes vêm investigando a ecofisiologia das lianas tendo em vista sua utilização em projetos de ecologia da restauração (BOURLEGAT 2009). Tendo em vista o exposto acima e a situação em que se encontram diversas áreas investigadas torna-se necessária a realização de um estudo que elabore uma proposta de manejo das lianas da Estação Experimental almejando facilitar a continuação do processo sucessional das diversas fitofisionomias presentes. Outra espécie exótica que merece atenção é o capim-braquiária (Urochloa decumbens (Stapf) R.D. Webster – Família Poaceae), gramínea exótica, originária da África. Esta se encontra presente de forma infestante nos plantios 1992, 1993 e 2005, e na borda do Remanescente FC. O adequado manejo desta gramínea deve ser feito para que a espécie não comprometa a regeneração do estrato herbáceo, e ingresso de plântulas de espécies arbóreas. Observou-se ainda a presença de indivíduos esparsos de leucena (Leucena leucocephala L. – Família Fabaceae), espécie arbórea exótica que costuma ser bastante agressiva e se alastrar em ambientes alterados e de baixa riqueza. Indivíduos de leucena foram observados no remanescente FC e nos plantios 1999/2001 e 1993. A retirada dos indivíduos desta espécie é recomendável em função do exposto acima, enquanto a espécie ainda não se apresenta em disseminação. No campo, esta espécie foi registrada no plantio de 1992 e no remanescente F1, porém pode ocorrer em outras áreas. É pertinente citar que o longo período de estiagem que acometeu a região de Holambra, assim como várias outras no Estado de São Paulo e outros estados do Brasil, também interferiu de forma negativa no levantamento da biodiversidade da Estação Experimental. Este fato foi observado em campo no momento em que foram descritos os estratos herbáceos, e mesmo os arbustivos dos diversos setores. Em geral o que se observou foi uma baixa riqueza e abundância de indivíduos nos estratos herbáceo e arbustivo em todos os setores, associado provavelmente a pequena ou nula disponibilidade de água. Em geral as espécies que predominaram nestes estratos foram aquelas que possuem maior tolerância FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento das áreas de floresta restaurada na Estação Experimental de Holambra da Syngenta. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 08-35, fev. 2016.

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Artigo original a escassez de água. Apesar disto, foi possível registrar a presença de plântulas com algumas semanas de vida, de dezenas de espécies arbóreas em vários dos plantios. A evolução das florestas da Estação é essencial à recuperação do curso d’água, que se encontrava seco, e que margeia e atravessa o Remanescente de Floresta Ciliar (FC). Dentre os fatores que vêm atuando de forma positiva Fatores na sucessão ecológica estão a proximidade com outras áreas de vegetação nativa, a presença de espécies-chave e ameaçadas, e a oferta de recursos e abrigo para a fauna da região. Na área do entorno da Estação Experimental também existem remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual, o que potencializa a capacidade de manutenção da biota da região. Destaca-se ainda que na região existe uma Unidade de Conservação Federal criada em 1985, a Área de Relevante Interesse Ecológico Matão de Cosmópolis, que protege um trecho de Mata Atlântica localizado entre os municípios de Cosmópolis e Artur Nogueira (SP). A ARIE do Matão possui 173,05 hectares, e representa um dos oito maiores fragmentos da região Metropolitana de Campinas, São Paulo. Atualmente a Estação Experimental da Syngenta possui cerca de 9,41 ha de florestas protegidas, e existem trechos com grande potencial para restauração em áreas de preservação permanente junto a cursos d’água e lagos, de forma que a área de florestas pode aumentar, sem comprometer as atividades econômicas da empresa. Duas espécies ameaçadas de extinção na Mata Atlântica de acordo com a Instrução Normativa 08 de 2007 do CONAMA foram registradas na Estação Experimental, o palmito-juçara (Euterpe edulis Mart. - Família Palmae), e o pau-brasil (Caesalpinia echinata Lam. – Família Fabaceae). O palmito juçara está presente em estágio adulto no plantio realizado em 1997, e plântulas e jovens foram observados nos dois remanescentes de florestas pré existentes (F1 e FC), e no plantio de 1997. Porém, é provável que também ocorra em outros plantios, haja vista que os indivíduos adultos já estão frutificando, e existem aves que são dispersoras de suas sementes como as da família Ramphastidae (Santos, 2014). Quanto ao pau-brasil, indivíduos adultos foram registrados em floração nos plantios de 1992, 1993, 1997, 1999 e 2001. Alguns indivíduos destas espécies ameaçadas e outras que também são encontradas já em idade reprodutiva nos diversos plantios ou remanescentes nativos poderiam ser utilizados como matrizes para produção de sementes. Dada a raridade de algumas espécies, seus elevados portes, e o elevado grau de proteção a que estão sujeitas, torna-se bastante convidativo que se utilize a Estação para marcação de árvores para serem matrizes de sementes para projetos de restauração ecológica. Dentre as 105 espécies registradas neste estudo, destaca-se a presença de duas palmeiras, o coqueiro jerivá (Syagrus romanzoffiana), e o palmito-juçara (Euterpe edulis Mart.), ambas consideradas espécie-chave na FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento das áreas de floresta restaurada na Estação Experimental de Holambra da Syngenta. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 08-35, fev. 2016.

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Artigo original Mata Atlântica devido à sua importância como recurso alimentar para um grande número de vertebrados frugívoros durante o período de escassez de frutos (FONSECA 2005). Dezenas de espécies de aves, como os jacus, periquitos, sabiás, etc., e de mamíferos, como ouriços, cutias, pacas, micos, antas, esquilos, saguis, porcos-do-mato se alimentam da polpa ou da semente dos coquinhos destas palmeiras. Assim, em regiões em que existem ainda muitas destas palmeiras, seja nas matas, seja nos pastos ou nos quintais das casas, a fauna consegue obter alimento suficiente para esperar a fartura que virá com após o retorno do período chuvoso. A importância da biodiversidade vegetal descrita neste estudo também é comprovada pela elevada riqueza da avifauna registrada na Estação Experimental. Santos (2014) catalogou 173 espécies de aves, distribuídas em 21 ordens e 48 famílias, e observou um aumento da riqueza específica e diversidade na avifauna entre os anos de 2003 e 2013. A autora chamou a atenção para o aumento da frequência de aves de média sensibilidade a perturbações de meio ambiente, e reforçou a importância da manutenção e mesmo ampliação das florestas, principalmente por meio da formação de corredores ecológicos para atrair e fixar espécies mais sensíveis, aumentando assim a biodiversidade local e a integridade ambiental. A existência de uma área de pomar, onde existem diversas espécies frutíferas nativas e exóticas já em idade de produção, também contribui para a manutenção da avifauna. O objetivo central da restauração florestal é o restabelecimento de florestas que tenham a capacidade de se autoperpetuar, ou seja, florestas biologicamente viáveis e que não dependam mais de intervenções humanas (BRANCALIONI et al. 2010). Tendo em vista este objetivo, a partir do que foi observado neste estudo há uma real necessidade de realização de diversas intervenções para potencializar a regeneração de alguns plantios, ou mesmo permitir que outros evoluam. Dentro deste contexto sugere-se a consulta a resolução estadual SMA-08 – (disponível em: http://www.cetesb.sp.gov.br/licenciamentoo/legislacao/estadual/resolucoes/20 07_Res_SMA_8.pdf), que é orientadora de projetos de restauração ecológica, e esta alicerçada no conhecimento empírico e científico existente até o momento no Brasil e no exterior (BRANCALIONI et al. 2010). Afora estas orientações gerais, é certo que do que foi exposto torna-se evidente a necessidade de plantio de enriquecimento em várias áreas, fazendo uso de espécies secundárias tardias e clímaces, e em densidades adequadas a cada realidade. O enriquecimento também pode ser feito por meio de semeadura, construção de poleiros naturais ou artificiais para atrair dispersores, com a adição do banco de sementes de áreas naturais, etc. Também é importante o controle adequado de gramíneas exóticas para que os plantios em questão possam continuar sua dinâmica natural de sucessão, no que se refere ao ingresso de espécies de todas as formas de vida via propágulos. Na prática alguns dos plantios, como o de 1992, talvez não tenha se convertido em uma FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento das áreas de floresta restaurada na Estação Experimental de Holambra da Syngenta. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 08-35, fev. 2016.

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Artigo original floresta na concepção da palavra, em parte pelo pequeno número de espécies que devem ter sido empregadas, e, em parte por uma falta de manutenção adequada. Em suma, há necessidade de intervenção por meio de técnicas de restauração florestal, com o intuito de promover o enriquecimento de espécies em alguns setores.

Conclusões Foram identificadas 105 espécies arbóreas, dentre nativas e exóticas, pertencentes a 36 famílias botânicas; Todos os setores investigados apresentam grande valor biológico para conservação da Natureza da região, e são responsáveis por expressiva oferta de propágulos para áreas adjacentes; Foi registrada a presença de duas espécies ameaçada de extinção, o palmito juçara (Euterpe edulis Mart.), e o pau-brasil (Caesalpinia echinata Lam.); A presença de curso d’água e de lago (APPs), ambos cercados por trechos em processo de recuperação florestal acresce grande valor e importância para a Estação Experimental em termos de manutenção da fauna da região; Em função da elevada diversidade e grande porte das árvores, a Estação hoje pode ser fornecedora de matrizes de sementes para projetos de restauração ecológica; Desde que sejam controlados ou eliminados os fatores de impacto presentes, em especial a infestação por lianas, e a presença do capimbraquiária, vários dos setores investigados tendem a continuar o processo de dinâmica sucessional normalmente; Há necessidade de intervenção por meio de técnicas de restauração florestal, com o intuito de promover o enriquecimento de espécies em alguns setores. Isto pode ser feito pelo plantio de mudas ou semeadura, construção de poleiros naturais ou artificiais para atrair dispersores, com a adição do banco de sementes de áreas naturais, etc. Referências bibliográficas APG III. 2009. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of the Linnean Society 161: 105-121. BOURLEGAT, J. M. G. L. 2009. Lianas da Floresta Estacional Semidecidual: Ecofisiologia e Uso em Restauração Ecológica. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo, Piracicaba.

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Artigo original BRANCALION, P.H.S.; RODRIGUES, R.R.; GANDOLFI, S. & KAGEYAMA, P.Y.; NAVE, A.G.; GANDARA, F.B; BARBOSA, L.M & TABARELLI, M. 2010. Instrumentos legais podem contribuir para a restauração de florestas tropicais biodiversas. Revista Árvore 34(3): 455-470. CAMPANELLO, P.I. 2007. Lianas in a subtropical Atlantic Forest: host preference and tree growth. Forest Ecology and management, Netherlands, 242, n. 2/3, p.250-2599. CARDOSO, F. C. G. Fenologia de Árvores da Floresta Atlântica no Litoral do Paraná: Comparações entre categorias sucessionais. Monografia, Universidade Federal do Paraná. p.19, 2006. CATHARINO, E.L.M.; BERNACCI, L.C.; FRANCO, G.A.D.; DURIGAN, G. & METZGER, J.P. 2006. Aspectos da composição e diversidade do componente arbóreo das florestas da Reserva florestal do morro Grande, Cotia, SP. Biota Neotropica 6(n2) http:www.biotaneotropica.org.br/v6n2/PT/abstract?article+bn00306022006. CNCFLORA - Centro Nacional de Conservação da Flora – Disponível em: <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/> - Acessado em novembro de 2014. FIDALGO, O & BONONI, V.L.R. 1989. Técnicas de coleta, preservação e herborização de material botânico, São Paulo: Instituto de Botânica. 62p. FONSECA, R.C.B. 2005. Espécies-chave em um fragmento de Floresta Estacional Semidecidual. Dissertação de Mestrado, Universidade de São Paulo, SP. FORZZA, R.C. et al. 2010. Catálogo de Plantas e Fungos do Brasil. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Volumes 1 e 2. GANDOLFI, S.; LEITÃO-FILHO, H.F. & BEZERRA, C.L.F. 1995. Levantamento florístico e caráter sucessional das espécies arbustivoarbóreas de uma floresta mesófila semidecídua no município de Guarulhos, SP. Revista Brasileira de Biologia 55: 735-767. GANDOLFI, S. 2000. História Natural de uma Floresta Estacional Semidecidual no Município de Campinas (São Paulo, Brasil). Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. GRAUEL, W.T.; & PUTZ, F.E. 2004. Effects of lianas on growth and regeneration of Prioria copaifera in darien, Panamá. Forest Ecology and management, Netherlands, V. 190, nº1, P. 99-108.

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Artigo original IPE – Instituto de Pesquisas Ecológicas – Disponível <http://flora.ipe.org.br/> - Acessado em novembro de 2014.

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Artigo original Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia Herbert Serafim de Freitas Bio.Sensu Consultoria Ecológica.

Bruno Burstin Bio.Sensu Consultoria Ecológica; Faculdade de Tecnologia Universidade Estadual de Campinas, Campus Limeira.

da

Guilherme Ferreira Bio.Sensu Consultoria Ecológica; Faculdade de Tecnologia Universidade Estadual de Campinas, Campus Limeira

da

Lucas Alegretti Bio.Sensu Consultoria Ecológica; EcoAdvisor Ltda.

Maurea Flynn Bio.Sensu Consultoria Ecológica; EcoAdvisor Ltda; Faculdade de Tecnologia da Universidade Estadual de Campinas, Campus Limeira.

FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

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Artigo original Resumo A região da Estação Experimental da Syngenta de Uberlândia está inserida no Triângulo Mineiro e pertence ao Domínio do Cerrado. Neste domínio fitogeográfico estão presentes os seguintes Biomas: o cerrado sensu lato, as florestas de galeria, os campos paludosos, os campos rupestres, as florestas tropicais estacionais sempre-verdes e as florestas estacionais deciduais. Foi realizada uma avaliação botânica no local em fevereiro de 2015, por meio de caminhadas e estabelecimento de parcelas cobrindo todas as áreas de mata. Foi feita a descrição geral da cobertura vegetal e classificação detalhada das fitofisionomias da vegetação florestal nativa. Foram identificadas 105 espécies arbóreas, dentre nativas e exóticas, pertencentes a 36 famílias botânicas nos biomas amostrados, incluindo quatro fitofisionomias que se misturam, formando um mosaico vegetacional, com predomínio da Floresta Estacional Semidecidual, seguida por áreas de contato entre a Floresta Estacional e o Cerradão, o Cerradão, e, por fim trechos de Mata de Brejo. Todos os setores investigados apresentam grande valor biológico para conservação da Natureza da região, e são responsáveis por expressiva oferta de propágulos para áreas adjacentes. Foi registrada a presença de duas espécies ameaçada de extinção, o palmito juçara e o pau-brasil. Em função da elevada diversidade e grande porte das árvores, a Estação hoje pode ser fornecedora de matrizes de sementes para projetos de restauração ecológica.

Palavras-chave: levantamento florestal; Uberlândia; Cerrado; Mata de Brejo; Floresta Estacional Semidecidual.

FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

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Artigo original Abstract The region of Syngenta's Experimental Station of Uberlândia in the Triângulo Mineiro belongs to the domain of the Cerrado. In this area, the following Biomes are present: cerrado sensu lato, gallery forests, wet fields, evergreen and deciduous seasonal forests. A botanical assessment at the site was performed in February 2015 covering all forest fragments. A general description of the vegetation cover and the detailed classification of native forest vegetation physiognomies were done. 105 tree species were identified, including native and exotic, belonging to 36 botanical families, including four physiognomies that blend to form a vegetation mosaic, with the predominance of semi deciduous seasonal forest, followed by areas of contact between the Semi deciduous Forest and Cerrado, Cerrado, and finally fragments of gallery forest. All sectors investigated feature great biological value for regional nature conservation. The presence of two endangered species was registered, the juçara palm heart and the pau-brasil. In the light of the high diversity and large-sized trees, the experimental station can be considered a supplier of seeds for ecological restoration projects. Key words: Forest Assessment; Uberlândia; Cerrado; Gallery Forest; Semi Deciduous Seasonal Forest.

Introdução A região onde se encontra a Estação Experimental da Syngenta está inserida no Triângulo Mineiro e pertence ao Domínio do Cerrado (OliveiraFilho, 2006, Velloso et al., 1991). Neste domínio fitogeográfico estão presentes os seguintes Biomas: o cerrado sensu lato (um bioma de savana do piro-peinobioma); as florestas de galeria (um bioma de floresta tropical estacional, sempre verde, paludosa, do hidro-helobioma); os campos paludosos (um bioma campestre tropical do helobioma); os campos rupestres (um bioma savânico do lito-piro-peinobioma); e as florestas tropicais estacionais sempre-verdes e as florestas estacionais deciduais (Coutinho, 2006). O levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia teve como objetivos: • Realização de levantamento qualitativo das espécies arbóreas por avistamento e em trilhas pré-definidas abrangendo cada área de remanescente florestal para confecção de listagem de espécies e quantificação dos parâmetros estruturais, abundância, riqueza especifica e diversidade. • Estabelecimento do grau de sucessão ecológica com a caracterização e classificação dos remanescentes florestais nativos. FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

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Artigo original • Elaboração de recomendações para nortear as futuras ações que busquem a manutenção e progresso do processo sucessional das diversas fitofisionomias da Estação Experimental da Syngenta.

Material e métodos A área estudada está inserida na Estação Experimental da Syngenta como apresentada na Figura 1, localizada no município de Uberlândia, estado de Minas Gerais, coordenadas geográficas 18°56'15.12"S e 48°10'27.88"O.

Figura 1 - Vista da Estação Experimental de Uberlândia, Syngenta, com a indicação das edificações da sede, o campo e a área da reserva, onde foram delimitadas as parcelas amostrais.

A avaliação botânica no local foi realizada nos dias 13, 14 e 15 de fevereiro de 2015, por meio de caminhadas e estabelecimento de parcelas cobrindo todas as áreas de mata. Foi feita a descrição geral da cobertura vegetal e classificação detalhada das fitofisionomias da vegetação florestal nativa. A caracterização e setorização da vegetação considerou: • Levantamento fitofisionômico: identificação da tipologia vegetal e suas características; • Levantamento florístico extensivo, buscando ampliar a listagem de espécies arbóreas da área; • Delimitação de parcelas de 10 por 10 m (100 m²) situadas no interior de cada remanescente florestal nativo, afim de amostrar a heterogeneidade destes. Nas parcelas foram levantadas as seguintes informações: • Identificação da espécie arbórea: Nome Científico, Família Botânica e nome popular; • Diâmetro à altura do peito (DAP) médio dos indivíduos arbóreos acima de 4,77 cm (15 cm de CAP – Circunferência à altura do peito); • Classificação das espécies quanto ao grupo sucessional; FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

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Artigo original • Ocorrência da espécie: exótica ou nativa; • Indicação de espécie arbórea ameaçada de extinção ou objeto de especial proteção; • Altura média estimada dos indivíduos arbóreos; O levantamento nas parcelas teve o objetivo de classificar o estágio sucessional da vegetação segundo a resolução Nº 1, de 31 de janeiro de 1994 do CONAMA, que define vegetação primária e secundária nos estágios pioneiro, inicial, médio e avançado de regeneração da Mata Atlântica, a fim de orientar os procedimentos de licenciamento de exploração da vegetação nativa em São Paulo. Cada uma das parcelas foi georreferenciada e fotografada. Quando da existência de indivíduos com troncos múltiplos, foi utilizado o valor do CAP de cada tronco individualmente para obtenção da média de CAP do indivíduo. A identificação dos exemplares foi feita com o auxílio de bibliografia. Para a apresentação dos táxons, foi adotado o sistema de classificação do Angiosperma Philogeny Group III (2009). Foi elaborada uma listagem das espécies arbóreas dominantes, com os nomes científicos, família botânica, de acordo com a literatura existente. Após elaboração da lista de espécies foi verificada se alguma se encontrava em ameaça segundo a Resolução SMA 48/2004 elaborada pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo para o Estado de São Paulo, e pelo Ministério do Meio Ambiente para o Brasil (Instrução Normativa nº 6 de 23/09/2008/MMA). As informações sobre a categoria sucessional de cada uma das espécies, considerando-se sua exigência de luz e seu ciclo de vida, foram definidas de acordo com os critérios estabelecidos por Gandolfi (1991, 2000). Foram consideradas “pioneiras”, as espécies de ciclo de vida curto completado sob condições de pleno sol para estabelecimento e reprodução. As secundárias iniciais que necessitam de plena luz para o crescimento e reprodução, e as secundárias tardias que crescem à sombra, mas necessitam de plena luz para reprodução foram chamadas de “não pioneiras”. A classificação baseou-se em dados de literatura, principalmente em Lorenzi (1998 e 2000), Gandolfi (2000), Martins et al. (2002) e Catharino et al. (2006). Para as espécies não encontradas na literatura, a classificação foi baseada em observações em campo, obedecendo aos critérios de Gandolfi (2000). As parcelas foram delimitadas de acordo com a metodologia supracitada e nomeadas como apresentado na Tabela 1, com suas respectivas coordenadas geográficas.

FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

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Artigo original Tabela 1 - Parcelas inseridas em cada setor e suas respectivas coordenadas geográficas Setor/Parcela

Coordenadas Geográficas

Parcela 1 – Mata de Brejo

18°55'53.13"S

48° 8'59.66"O

Parcela 2 – Mata de Brejo

18°55'51.48"S

48° 8'57.32"O

Parcela 3 – Trecho de Floresta Estacional Semidecidual

18°55'21.40"S

48° 9'22.28"O

Parcela 4 – Trecho de Floresta Estacional Semidecidual

18°55'20.99"S

48° 9'28.18"O

Parcela 5 – Trecho de Floresta Estacional Semidecidual

18°55'20.72"S

48° 9'26.49"O

Parcela 6 – Transição Floresta Estacional Semidecidual e Cerradão

18°55'31.81"S

48° 9'24.31"O

Parcela 7 - Transição Floresta Estacional Semidecidual e Cerradão

18°55'38.98"S

48° 9'18.00"O

Parcela 8 - Transição Floresta Estacional Semidecidual e Mata de Brejo

18°55'50.36"S

48° 9'12.28"O

Parcela 9 – Mata de Brejo

18°55'50.43"S

48° 8'58.25"O

Parcela 10 – Cerradão

18°55'30.45"S

48° 9'14.40"O

Parcela 11 - Cerradão

48° 9'4.65"O

48° 9'4.65"O

A distribuição das parcelas na área Experimental está apresentada na Figura 2.

vegetada

da

Estação

Figura 2 – Localização georreferenciada das parcelas de amostragem do levantamento florístico na área de remanescente florestal na Estação Experimental de Uberlândia, MG.

Resultados Existe hoje na propriedade da Syngenta uma grande remanescente de fitofisionomia florestal, que inclui quatro fitofisionomias que se misturam, formando um mosaico vegetacional. Em função deste encontro tem-se uma área chamada Ecotonal, ou de transição vegetacional. Há predomínio da Floresta Estacional Semidecidual, seguida por áreas de contato entre a Floresta Estacional e o Cerradão, Cerradão, e, por fim trechos de Mata de Brejo. Cada fitofisionomia da Estação experimental foi caracterizada quanto FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

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Artigo original aos aspectos ambientais principais (Coordenada geográfica de referência, serapilheira, dossel da floresta, estratos presentes e predominantes, espécies predominantes, estado de conservação, presença de alterações antrópicas, etc.). Mata de Brejo (Parcelas 1 e 2) O trecho de Mata de Brejo investigado encontra-se bastante conservado e é atravessado por um pequeno riacho de cerca de 60 cm de largura. O trecho referente a parcela 1 encontra-se em processo de sucessão secundária em termos de dinâmica natural, como se pode notar pela expressiva diversidade e estrutura vegetal e a variedade de plântulas de espécies arbóreas vegetando no subosque (Tabela 2). Predominam os indivíduos de Bulandi (Richeria grandis), árvore que atinge grande porte. O estrato herbáceo-arbustivo encontra-se desenvolvido. Dentre as herbáceas destacam-se o lírio-do-brejo (Hedychium coronarianum), samambaias diversas, e a cana-do-brejo (Costus spiralis). Dentre as plântulas predominam as das espécies Xylopia emarginata, Piper arboreum e Inga laurina. Há raras descontinuidades no dossel do trecho. Nesta parcela amostraram-se alguns indivíduos adultos da palmeira Buriti (Mauritia flexuosa), espécie típica das Veredas. A densidade de lianas lenhosas é baixa, e predomina nas bordas do remanescente. Dentre as lianas lenhosas destacam-se as dos gêneros Forsteronia, Cuspidaria e Fridericia, e a espécie Pyrostegia venusta, Banisteriopsis (Família Malpighiaceae), Serjania (Família Sapindaceae). Dentre as espécies adultas observadas, predominam: a embaúva (Cecropia pachystachya), o saco-de-gamba (Guarea guidonia), a capororoca (Myrsine umbellata), e o samambaiaçu (Cyathea delgadii). Os valores médios obtidos de altura e diâmetro a altura do peito foram, 8,59 m, e 15,39 cm, respectivamente. Dos 22 indivíduos dentro do perímetro de inclusão, 19 pertencem ao grupo das secundárias iniciais, e três (3) ao das secundárias tardias. Os 16 indivíduos pertencem a oito (8) espécies de oito (8) famílias distintas (Tabela 2). A serapilheira é formada por camada bem desenvolvida e contínua. A estratificação florestal já é evidente, porém existem clareiras com infestação de lianas em alguns trechos. As epífitas são pouco abundantes, e representadas por musgos, liquens, samambaias e bromélias do gênero Tilandsia. A partir da vista externa do trecho de mata de brejo amostrado no levantamento botânico, nota-se que os buritis (Mauritia flexuosa) encontram-se no estrato emergente da mata. Tabela 2 - Lista de indivíduos registrados em uma parcela de 10 x 10 m, situada no trecho onde existe um trecho de Mata de Brejo, tratado neste estudo como P1, Estação Experimental da Syngenta, Município de Uberlândia, MG. Indivíduos ordenados por número. Constam: Nome científico; Família; Nome popular; Ocorrência (Ocor.): Na = Nativa do bioma da região; E = exótica; Bra = Nativa, porém, de outro bioma do Brasil; Categoria FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

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Artigo original sucessional (categ.): Pi (pioneira), Si (secundária inicial), St (secundária tardia), SC = sem classificação; Altura em metros (Altura); Circunferência a altura do peito em centímetros (CAP). Nome científico

Família

Nome Popular

Ocor. / Categ.

Altura (m)

CAP (cm)

Xylopia aromatica

Annonaceae

Pindaíba-do- brejo

Na/Si

7

17,5

Richeria grandis

Phyllanthaceae

Bulandi

Na/Si

8

44

Xylopia emarginata

Annonaceae

Pindaíba-do- brejo

Na/Si

7

15

Protium heptaphyllum

Burseraceae

Almelcega

Na/St

6

17

Richeria grandis

Phyllanthaceae

Bulandi

Na/Si

6,5

21

Guarea macrophylla

Meliaceae

Canjaraninha

Na/Si

9

41

Mauritia flexuosa

Palmae

Buriti

Na/Si

13

127

Mauritia flexuosa

Palmae

Buriti

Na/Si

11

134

Richeria grandis

Phyllanthaceae

Bulandi

Na/Si

8

65+52

Scheflera morototoni

Araliaceae

Mandiocão

Na/Si

8

33

Ilex brasiliensis

Aquifoliaceae

Congonha

Na/St

8

20

Protium heptaphyllum

Burseraceae

Almelcega

Na/St

10

57

Siparuna guianensis

Siparunaceae

Caputiu

Na/Si

6

17

Richeria grandis

Phyllanthaceae

Bulandi

Na/Si

10

31

Protium heptaphyllum

Burseraceae

Almelcega

Na/St

12

77

Richeria grandis

Phyllanthaceae

Bulandi

Na/Si

8,5

28

Richeria grandis

Phyllanthaceae

Bulandi

Na/Si

5

16

Richeria grandis

Phyllanthaceae

Bulandi

Na/Si

9

23

Richeria grandis

Phyllanthaceae

Bulandi

Na/Si

9

19+34,5

Mauritia flexuosa

Palmae

Buriti

Na/Si

14

149

Richeria grandis

Phyllanthaceae

Bulandi

Na/Si

10

51

Richeria grandis

Phyllanthaceae

Bulandi

Na/Si

4

15+10

O trecho de Mata de Brejo referente a parcela 2 encontra-se melhor conservado que o da parcela 1, e também é atravessado por um pequeno riacho de cerca de 60 cm de largura. O trecho de Mata de Brejo encontra-se em processo de sucessão secundária em termos de dinâmica natural, e possui maior densidade arbórea que a parcela 1 (Tabela 3). No trecho predominam os indivíduos de Bulandi (Richeria grandis), espécie que atinge o maior porte na mata. FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

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Artigo original Neste trecho se observa adensamento das diferentes formas de vida, em especial o lírio-do-brejo (Hedychium coronarianum), samambaias diversas, e cana-do-brejo (Costus spiralis). Neste trecho da mata há extensa área com árvores apresentando raízes expostas e terra nua devido ao fluxo de água intermitente. Dentre as plântulas predominam as das espécies Xylopia emarginata, Cecropia pachystachya, Guarea guidonia, Myrsine umbellata, e Cyathea delgadii. Há poucas descontinuidades no dossel do trecho da parcela e no remanescente em geral, que resultam em pouca entrada de luz no subosque. A densidade de lianas lenhosas é baixa, dentre elas destacam-se as dos gêneros Forsteronia, Cuspidaria, Banisteriopsis e Serjania. Dentre as espécies adultas observadas nas áreas externas da parcela estão: a embaúva (Cecropia pachystachya), a maria-mole (Dendropanax cuneatus), e o samambaiaçu (Cyathea delgadii). Os valores médios de altura e diâmetro a altura do peito obtidos foram 12,6 m, e 11,78 cm, respectivamente. Na parcela obteve-se 36 indivíduos dentro do perímetro de inclusão, destes, um (1) pertence ao grupo das pioneiras, 31 pertencem ao grupo das secundárias iniciais, e quatro (4) ao das secundárias tardias (Tabela 3). Os 36 indivíduos pertencem a seis (6) espécies de seis (6) famílias distintas. As espécies Richeria grandis, Myrcia splendens e Xylopia emarginata dominam a estrutura florestal. A serapilheira é formada por camada desenvolvida e contínua, a exceção de trechos que são lixiviados pelas correntezas durante o período de precipitação forte. A estratificação florestal já é evidente, e são raras as clareiras e a presença de lianas sobre as árvores adultas. As epífitas são pouco abundantes, e representadas por musgos, liquens, samambaias e bromélias dos gêneros Aechmea e Tilandsia. A partir da vista externa do trecho de mata de brejo amostrado no levantamento botânico, nota-se que as espécies Richeria grandis e Xylopia emarginata dominam o estrato emergente da mata. A borda do trecho de Mata de brejo tem contato com área de campo sujo, que apresenta condições de solo semelhantes à da Mata de brejo. Tabela 3 - Lista de indivíduos registrados em uma parcela de 10 x 10 m, situada no trecho onde existe um trecho de Mata de Brejo, tratado neste estudo como P2, Estação Experimental da Syngenta, Município de Uberlândia, MG. Indivíduos ordenados por número. Constam: Nome científico; Família; Nome popular; Ocorrência (Ocor.): Na = Nativa do bioma da região; E = exótica; Bra = Nativa, porém, de outro bioma do Brasil; Categoria sucessional (categ.): Pi (pioneira), Si (secundária inicial), St (secundária tardia), SC = sem classificação; Altura em metros (Altura); Circunferência a altura do peito em centímetros (CAP). Nome científico

Família

Nome Popular

Ocor. / Categ.

Altura (m)

CAP

Calophyllum brasiliense

Clusiaceae

Guanandi

Na/St

16

54+48+13

Bulandi

Na/Si

15

67,5

Bulandi

Na/Si

14

33,5

Richeria grandis Richeria grandis

Phyllanthace ae Phyllanthace

FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

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Artigo original Nome científico

Richeria grandis Myrsine umbellata Richeria grandis Richeria grandis

Família ae Phyllanthace ae Primulaceae Phyllanthace ae Phyllanthace ae

Dendropanax cuneatus

Araliaceae

Xylopia emarginata

Annonaceae

Xylopia emarginata

Annonaceae

Amaioua guianensis

Rubiaceae Phyllanthace ae Phyllanthace ae

Richeria grandis Richeria grandis Xylopia emarginata Richeria grandis Richeria grandis Richeria grandis Richeria grandis Richeria grandis

Annonaceae Phyllanthace ae Phyllanthace ae Phyllanthace ae Phyllanthace ae Phyllanthace ae

Xylopia emarginata

Annonaceae

Xylopia emarginata

Annonaceae

Xylopia emarginata

Annonaceae

Richeria grandis Richeria grandis Xylopia emarginata Richeria grandis Richeria grandis Richeria grandis Amaioua guianensis Richeria grandis

Phyllanthace ae Phyllanthace ae Annonaceae Phyllanthace ae Phyllanthace ae Phyllanthace ae Rubiaceae Phyllanthace ae

Nome Popular

Ocor. / Categ.

Altura (m)

CAP

Bulandi

Na/Si

9

33

Capororoca

Na/Si

9

43

Bulandi

Na/Si

6

21+12+9

Bulandi

Na/Si

13

43+10

Maria-mole

Na/St

5

18+12+13

Na/Si

13

31,5+15

Na/Si

11

23

Na/Si

7

17

Bulandi

Na/Si

14

37

Bulandi

Na/Pi

17

85+71

Pindaíba-dobrejo

Na/Si

18

59

Bulandi

Na/St

7

25

Bulandi

Na/Si

15

58+47

Bulandi

Na/Si

16

45+13,5

Bulandi

Na/Si

18

69

Bulandi

Na/Si

12

29

Na/Si

16

32

Na/Si

16

35+11+25+13 +25,5

Na/Si

16

39+24

Bulandi

Na/Si

15

55

Bulandi

Na/Si

16

45

Pindaíba-dobrejo

Na/Si

14

29+19,5

Bulandi

Na/Si

17

45

Bulandi

Na/Si

7

17

Bulandi

Na/Si

9

28+19

Carvãozinho

Na/Si

5

20

Bulandi

Na/Si

16

49

Pindaíba-dobrejo Pindaíba-dobrejo Carvãozinho

Pindaíba-dobrejo Pindaíba-dobrejo Pindaíba-dobrejo

FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

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Artigo original Nome científico

Família

Nome Popular

Ocor. / Categ.

Altura (m)

CAP

Richeria grandis

Phyllanthace ae

Bulandi

Na/Si

12

28

Xylopia emarginata

Annonaceae

Pindaíba-dobrejo

Na/Si

9

15

Richeria grandis

Phyllanthace ae

Bulandi

Na/Si

10

23

Xylopia emarginata

Annonaceae

Pindaíba-dobrejo

Na/Si

15

46+22

Richeria grandis

Phyllanthace ae

Bulandi

Na/Si

8

25

Calophyllum brasiliense

Clusiaceae

Guanandi

Na/St

16

73

Trecho de Floresta Estacional Semidecidual (Parcelas 3, 4 e 5) A parcela 3 foi estabelecida em trecho de Floresta Estacional Semidecidual, seus parâmetros estruturais e a variedade de plântulas de espécies arbóreas vegetando no subosque, indicam que se encontra em processo de sucessão secundária em termos de dinâmica natural, apesar da baixa riqueza e densidade arbórea (Tabela 4). As espécies Casearia grandiflora, Myracrodruon urundeuva, Tapirira marchandi e Tapirira guianensis dominam a estrutura florestal. Existe grande amplitude de circunferências dos troncos no interior da parcela. Os estratos herbáceo e arbustivo são insipientes, e representados principalmente por plântulas das espécies Xylopia aromatica, Zeyheria tuberculosa, Miconia albicans e Cecropia pachystachya (Tabela 4). Dentre as espécies adultas observadas nas áreas externas da parcela estão: Myrcia splendens, Zanthoxylum rhoifolium, Cupania vernalis, Styrax sp. Há muitas descontinuidades no dossel do trecho da parcela e no remanescente em geral, que resultam na formação de clareiras com elevada entrada de luz no subosque. A densidade de lianas lenhosas é mediana, dentre elas destacamse as dos gêneros Cuspidaria e Serjania. Os valores médios de altura e diâmetro a altura do peito obtidos foram de 8,59 m, e 11,11 cm (34,9 cm de CAP), respectivamente. Na parcela obteve-se 23 indivíduos dentro do perímetro de inclusão, destes, dois (2) pertencem ao grupo das pioneiras, 13 pertencem ao grupo das secundárias iniciais, e dois (2) ao das secundárias tardias, sendo que seis (6) árvores estavam mortas em pé. Os 23 indivíduos pertencem a dez (10) espécies de oito (8) famílias distintas (Tabela 4). A serapilheira é formada por camada pouco espessa, porém contínua. A estratificação florestal já é evidente, porém existem muitos indivíduos mortos em pé ou caídos, e mesmo grandes galhos espalhados pelo trecho florestal. As epífitas são pouco abundantes, e representadas por musgos, liquens, samambaias e bromélias dos gêneros Tilandsia. A partir da vista externa do trecho de mata inventariado nota-se que existem indivíduos arbóreos emergentes esparsos ao longo da floresta. FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

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Artigo original Tabela 4 - Lista de indivíduos registrados em uma parcela de 10 x 10 m, situada no trecho onde existe um trecho de Floresta Estacional Semidecidual, tratado neste estudo como P3, Estação Experimental da Syngenta, Município de Uberlândia, MG. Indivíduos ordenados por número. Constam: Nome científico; Família; Nome popular; Ocorrência (Ocor.): Na = Nativa do bioma da região; E = exótica; Bra = Nativa, porém, de outro bioma do Brasil; Categoria sucessional (categ.): Pi (pioneira), Si (secundária inicial), St (secundária tardia), SC = sem classificação; Altura em metros (Altura); Circunferência a altura do peito em centímetros (CAP). Nome científico Campomanesia velutina Virola sebifera Casearia grandiflora Casearia grandiflora Virola sebifera Campomanesia velutina Myracrodruon urundeuva Guazuma ulmifolia Morta Morta

Família

Nome Popular

Ocor. / Categ.

Altura (m)

CAP (cm)

Myrtaceae

Guabiroba

Na/St

6

32

Myristicaceae Salicaceae Salicaceae Myristicaceae

Pau-de-sebo Guaçatonga Guaçatonga Pau-de-sebo

Na/Pi Na/Si Na/Si Na/Pi

7 8 9 9

27 16 19 34

Myrtaceae

Guabiroba

Na/ST

6

24

Anacardiaceae

Urundeuva

Na/Si

11

36

Malvaceae -

Mutambo Canguatábranco Guaçatonga Pau-pombo Pimenteirabranca Tapiriri Mandiocão Tapiriri Guaçatonga Guaçatonga

Na/Si -

11 7 11

60 17 23

Na/Si

7

18,5

Na/Si Na/Si

7 8 8 2,5 16

81+63 64 55 18 76+19

Na/Si

7

16

Na/Si Na/Si Na/Si Na/Si Na/Si

8 4 14 8 11 12

17 18 48,5 81 25,5+19 38,5

Matayba guianensis

Sapindaceae

Morta Morta Casearia grandiflora Morta Tapirira marchandi

Salicaceae Anacardiaceae

Xylopia sericea

Annonaceae

Tapirira guianensis Schefflera morototoni Tapirira guianensis Morta Casearia grandiflora Casearia grandiflora

Anacardiaceae Araliaceae Anacardiaceae Salicaceae Salicaceae

A parcela 4 foi estabelecida em trecho de Floresta Estacional Semidecidual, seus parâmetros estruturais e a variedade de plântulas de espécies arbóreas vegetando no subosque, indicam que se encontra em processo de sucessão secundária em termos de dinâmica natural, apesar da baixa riqueza e densidade arbórea. As espécies Myracrodruon urundeuva e Tapirira guianensis, Maprounea guianensis, e Casearia grandiflora FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

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Artigo original dominam a estrutura florestal. Existe grande amplitude de circunferências dos troncos no interior da parcela. Os estratos herbáceo e arbustivo estão presentes e representados principalmente por plântulas das espécies Tapirira guianensis, Xylopia aromatica, Ocotea corymbosa, Miconia albicans, Amaioua guianensis e Siparuna guianensis (Tabela 5). Dentre as espécies adultas observadas nas áreas externas da parcela estão: Xylopia sericea, Dalbergia miscolobium, Ocotea corymbosa, Campomanesia velutina, Myrcia splendens e Virola sebifera. Há muitas descontinuidades no dossel do trecho da parcela e no remanescente em geral, que resultam na formação de clareiras com elevada entrada de luz no subosque. A densidade de lianas lenhosas é mediana, dentre elas destacam-se as dos gêneros Forsteronia, Cuspidaria e Banisteriopsis. Os valores médios de altura e diâmetro a altura do peito obtidos na parcela foram de 9,29 m, e 14 cm, respectivamente. Na parcela obteve-se 12 indivíduos dentro do perímetro de inclusão, destes, oito (8) pertencem ao grupo das secundárias iniciais, sendo que quatro (4) árvores estavam mortas em pé. Os 12 indivíduos pertencem a três (3) espécies de três (3) famílias distintas. A serapilheira é formada por camada pouco espessa, porém contínua. A estratificação florestal já é evidente, porém existem muito indivíduos mortos em pé ou caídos. As epífitas são pouco abundantes, e representadas por musgos, liquens, samambaias e bromélias dos gêneros Tilandsia. Tabela 4 - Lista de indivíduos registrados em uma parcela de 10 x 10 m, situada no trecho onde existe um trecho de Floresta Estacional Semidecidual, tratado neste estudo como P4, Estação Experimental da Syngenta, Município de Uberlândia, MG. Indivíduos ordenados por número. Constam: Nome científico; Família; Nome popular; Ocorrência (Ocor.): Na = Nativa do bioma da região; E = exótica; Bra = Nativa, porém, de outro bioma do Brasil; Categoria sucessional (categ.): Pi (pioneira), Si (secundária inicial), St (secundária tardia), SC = sem classificação; Altura em metros (Altura); Circunferência a altura do peito em centímetros (CAP). Nome científico Tapirira guianensis Casearia grandiflora Maprounea guianensis Tapirira guianensis Morta Maprounea guianensis Morta Myracrodruon urundeuva Maprounea guianensis

Família Anacardiaceae Salicaceae Euphorbiaceae Anacardiaceae Euphorbiaceae Anacardiaceae Euphorbiaceae

Nome Popular Ocor. / Categ. Altura (m) CAP (cm) Tapiriri Na/Si 16 116+88+15 Guaçatonga Na/Si 7 26+13,5 Marmelinho Na/Si 5 15,5 Tapiriri Na/Si 17 88,5 5,5 68 Marmelinho Na/Si 12 35 3,5 26 Urundeuva Na/Si 17 83,5 Marmelinho Na/Si 8 16,5

FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

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Artigo original Nome científico Casearia grandiflora Morta Morta

Família Salicaceae -

Nome Popular Ocor. / Categ. Altura (m) Guaçatonga Na/Si 14 4 2,5

CAP (cm) 41 20+20 19

A parcela 5 foi estabelecida em trecho de Floresta Estacional Semidecidual, seus parâmetros estruturais e a variedade de plântulas de espécies arbóreas vegetando no subosque, indicam que se encontra em processo de sucessão secundária em termos de dinâmica natural, apesar da baixa riqueza e densidade arbórea (Tabela 6). As espécies Casearia grandiflora, Myracrodruon urundeuva e Tapirira guianensis dominam a estrutura florestal. Existe grande amplitude de circunferências dos troncos no interior da parcela. Os estratos herbáceo e arbustivo estão presentes, e representados principalmente por plântulas das espécies Xylopia aromatica, Myrcia splendens e Virola sebifera. Dentre as espécies adultas observadas nas áreas externas à parcela estão: Myrcia splendens, Roupala montana, Zanthoxylum riedelianum e Cupania vernalis. A serapilheira é formada por camada pouco espessa, porém contínua. Há inúmeras descontinuidades no dossel do trecho da parcela e no remanescente em geral, que resultam na formação de clareiras com elevada entrada de luz no subosque. A densidade de lianas lenhosas é mediana, dentre elas destacam-se as dos gêneros Smilax e Cissus. Os valores médios de altura e diâmetro a altura do peito obtidos foram de 12,22 m, e 14,56 cm, respectivamente. Na parcela obteve-se 22 indivíduos dentro do perímetro de inclusão, destes, 17 pertencem ao grupo das secundárias iniciais, um (1) ao das secundárias tardias, sendo que quatro (4) árvores estavam mortas em pé. Os 22 indivíduos pertencem a cinco (5) espécies de quatro (4) famílias distintas (Tabela 6). A estratificação florestal é evidente, porém existem muito indivíduos mortos em pé ou caídos, e mesmo grandes galhos espalhados pelo trecho florestal. As epífitas são pouco abundantes, e representadas por musgos, liquens, samambaias e bromélias dos gêneros Tilandsia. Há trechos das bordas da floresta, em que existem clareiras antrópicas, dominadas por gramíneas exóticas. Tabela 5 - Lista de indivíduos registrados em uma parcela de 10 x 10 m, situada no trecho onde existe um trecho de Floresta Estacional Semidecidual, tratado neste estudo como P5, Estação Experimental da Syngenta, Município de Uberlândia, MG. Indivíduos ordenados por número. Constam: Nome científico; Família; Nome popular; Ocorrência (Ocor.): Na = Nativa do bioma da região; E = exótica; Bra = Nativa, porém, de outro bioma do Brasil; Categoria sucessional (categ.): Pi (pioneira), Si (secundária inicial), St (secundária tardia), FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

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Artigo original SC = sem classificação; Altura em metros (Altura); Circunferência a altura do peito em centímetros (CAP). Nome científico Myracrodruon urundeuva Casearia grandiflora Tapirira guianensis Morta Myracrodruon urundeuva Myracrodruon urundeuva Ixora brevifolia Myracrodruon urundeuva Myracrodruon urundeuva Myracrodruon urundeuva Myracrodruon urundeuva Morta Tapirira guianensis Myracrodruon urundeuva Myracrodruon urundeuva Morta Casearia grandiflora Casearia grandiflora Tapirira guianensis Qualea grandiflora Myracrodruon urundeuva Morta

Família

Nome Popular

Ocor. / Categ.

Altura (m)

CAP

Anacardiaceae

Urundeuva

Na/Si

16

60

Salicaceae Anacardiaceae -

Guaçatonga Tapiriri -

Na/Si Na/Si -

10 12 5

39,5+2+1 29,5 19,5

Anacardiaceae

Urundeuva

Na/Si

15

46

Anacardiaceae

Urundeuva

Na/Si

16

56

Rubiaceae

Ixora-da- mata

Na/St

5

16,5

Anacardiaceae

Urundeuva

Na/Si

17

45

Anacardiaceae

Urundeuva

Na/Si

17

86

Anacardiaceae

Urundeuva

Na/Si

17

70

Anacardiaceae

Urundeuva

Na/Si

16

61

Anacardiaceae

Tapiriri

Na/Si

15 6

49 15

Anacardiaceae

Urundeuva

Na/Si

19

77+50,5

Anacardiaceae

Urundeuva

Na/Si

19

79

Salicaceae Salicaceae Anacardiaceae Vochysiaceae

Guaçatonga Guaçatonga Tapiriri Pau-terra

Na/Si Na/Si Na/Si Na/Si

11 6 9 8 8

41,5 16 22+13+13,5 51 51

Anacardiaceae

Urundeuva

Na/Si

16

54

-

-

-

6

50

Transição entre Floresta Estacional Semidecidual e Cerradão (Parcela 6 e 7) A parcela 6 foi estabelecida em trecho Estacional Semidecidual e Cerradão, seus variedade de plântulas de espécies arbóreas elevada riqueza indicam que se encontra

de Transição entre Floresta parâmetros estruturais, a vegetando no sobosque, e a em processo de sucessão

FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

50


Artigo original secundária em termos de dinâmica natural (Tabela 7). As espécies Erythroxylum daphnites, Miconia albicans, Casearia grandiflora, e Tapirira guianensis dominam a estrutura florestal. Existe grande amplitude de circunferências dos troncos no interior da parcela, e há muitos indivíduos com troncos bastante tortuosos, característicos de áreas de cerradão. Os estratos herbáceo e arbustivo são descontínuos, e dominados por gramíneas. Dentre as plântulas destacam-se as espécies Jacaranda caroba, Siparuna guianensis e Qualea dichotoma. Dentre as espécies adultas observadas nas áreas externas à parcela estão: Psidium guineense, Siparuna guianensis, Trichilia, Ocotea spixiana, Roupala montana, Zanthoxylum riedelianum e Stryphnodendron adstringens. A serapilheira é formada por camada fina e descontínua. Há poucas descontinuidades no dossel do trecho da parcela e no remanescente em geral. A densidade de lianas lenhosas é mediana, dentre elas destacam-se as do gênero Cissus. Os valores médios de altura e diâmetro a altura do peito obtidos na parcela foram de 6,49 m, e 7,6 cm, respectivamente. Na parcela obteve-se 39 indivíduos dentro do perímetro de inclusão, destes, nove (9) pertencem ao grupo das pioneiras, 25 pertencem ao grupo das secundárias iniciais, um (1) ao das secundárias tardias, sendo que quatro (4) árvores estavam mortas em pé. Os 39 indivíduos pertencem a 15 espécies de 11 famílias distintas (Tabela 7). As epífitas são pouco abundantes, e representadas por musgos e liquens. Observando-se o trecho florestal de fora, nota-se que há um dossel contínuo, sem árvores emergentes evidentes. Tabela 6 - Lista de indivíduos registrados em uma parcela de 10 x 10 m, situada no trecho onde existe um trecho de Transição entre Floresta Estacional Semidecidual e Cerradão, tratado neste estudo como P6, Estação Experimental da Syngenta, Município de Uberlândia, MG. Indivíduos ordenados por número. Constam: Nome científico; Família; Nome popular; Ocorrência (Ocor.): Na = Nativa do bioma da região; E = exótica; Bra = Nativa, porém, de outro bioma do Brasil; Categoria sucessional (categ.): Pi (pioneira), Si (secundária inicial), St (secundária tardia), SC = sem classificação; Altura em metros (Altura); Circunferência a altura do peito em centímetros (CAP). Nome científico

Família

Nome Popular

Casearia grandiflora Matayba guianensis Miconia albicans Morta Casearia grandiflora Erytroxylum daphnites Casearia grandiflora

Salicaceae Sapindaceae Melastomataceae Salicaceae Erythroxylaceae Salicaceae

Guaçatonga Canguatá- branco Maria-preta Guaçatonga Muxiba Guaçatonga

Ocor. / Categ. Na/Si Na/Si Na/Pi Na/Si Na/Si Na/Si

Altura (m)

CAP

7 6,5 5 3 6,5 4 8

15,5 18 16,5 21 18 23 15

FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

51


Artigo original Nome científico

Família

Nome Popular

Roupala montana Casearia grandiflora Morta Casearia grandiflora Casearia grandiflora Tapirira guianensis Casearia grandiflora Qualea grandiflora Casearia grandiflora Byrsonima basiloba Vochysia tucanorum Myrcia laruottena Roupala montana Qualea dichotoma Pterodon emarginatus Casearia grandiflora Siparuna guianensis Dalbergia miscolobium Morta Erythroxylum daphnites Miconia albicans Erythroxylum daphnites Siparuna guianensis Roupala montana Qualea dichotoma Qualea dichotoma Morta Casearia grandiflora Machaerium acutifolium Casearia grandiflora Miconia albicans Qualea grandiflora

Proteaceae Salicaceae Salicaceae Salicaceae Anacardiaceae Salicaceae Vochysiaceae Salicaceae Malpighiaceae Vochysiaceae Myrtaceae Proteaceae Vochysiaceae Leguminosae Salicaceae Siparunaceae Leguminosae Erythroxylaceae Melastomataceae Erythroxylaceae Siparunaceae Proteaceae Vochysiaceae Vochysiaceae Salicaceae Leguminosae Salicaceae Melastomataceae Vochysiaceae

Carvalho- brasileiro Guaçatonga Guaçatonga Guaçatonga Tapiriri Guaçatonga Pau-terra Guaçatonga Murici Pau-cinzeiro Guamirim Carvalho- brasileiro Cascudo Sucupira Guaçatonga Caputiu Caviuna-do- cerrado Muxiba Maria-preta Muxiba Caputiu Carvalho- brasileiro Cascudo Cascudo Guaçatonga Sapuva Guaçatonga Maria-preta Pau-terra

Ocor. / Categ. Na/Si Na/Si Na/Si Na/Si Na/Si Na/Si Na/Pi Na/Si Na/Si Na/Si Na/St Na/Si Na/Pi Na/Si Na/Si Na/Si Na/Pi Na/Si Na/Pi Na/Si Na/Si Na/Si Na/Pi Na/Pi Na/Si Na/Si Na/Si Na/Pi Na-Pi

Altura (m)

CAP

7 7 7 8 8 10 8 8 9 3 6 7 4 5 9 9 6 6 5 8 6 8 8 4 7 6 4 8 4 7 4 7

43 15 17 18,5 19 72 18 31 19 16 30 19,5 16 20 45 29 16+11 28 21 30 18+17 34 17 15,5 32 40,5 18 16,5 28 23,5 15 26,5

FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

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Artigo original A parcela 7 foi estabelecida em trecho de Transição entre Floresta Estacional Semidecidual e Cerradão, seus parâmetros estruturais, a variedade de plântulas de espécies arbóreas vegetando no subosque, e a alta riqueza indicam que se encontra em processo de sucessão secundária em termos de dinâmica natural (Tabela 8). As espécies Xylopia aromatica, Byrsonima pachyphylla, Siparuna guianensis e Qualea dichotoma dominam a estrutura florestal. O trecho apresenta grande amplitude de circunferência dos troncos e há muitos indivíduos arbóreos com troncos bastante tortuosos, característicos de áreas de cerradão. O estrato herbáceo encontra-se dominando pelo mixirico (gênero Clidemia), capim-navalha (gênero Cladium), e o capim-gordura (Melinis minutiflora). Dentre as plântulas destacam-se as espécies: Bauhinia rufa, Jacaranda caroba e Siparuna guianensis. Dentre as espécies adultas observadas nas áreas externas à parcela estão: Eriotheca gracilipes, Piptocapha macropoda, Miconia albicans, Dalbergia miscolobium e Stryphnodendron adstringens. A serapilheira é formada por camada mediana e contínua. Há poucas descontinuidades no dossel do trecho da parcela e no remanescente em geral. A densidade de lianas lenhosas é baixa, predominam trepadeiras volúveis. Os valores médios de altura e diâmetro a altura do peito obtidos na parcela foram de 6,77 m, e 8,73 cm, respectivamente. Na parcela obteve-se 35 indivíduos dentro do perímetro de inclusão, destes, 11 pertencem ao grupo das pioneiras, 18 pertencem ao grupo das secundárias iniciais, dois (2) ao das secundárias tardias, sendo que quatro (4) árvores estavam mortas em pé. Os 35 indivíduos pertencem a dez (10) espécies de dez (10) famílias distintas (Tabela 8). As epífitas são pouco abundantes, e representadas por musgos e liquens. Observando-se o trecho florestal de fora, nota-se que há um dossel contínuo, sem árvores emergentes evidentes e há forte presença de capim-braquiária (Urochloa decunbens) nas bordas. Tabela 8 - Lista de indivíduos registrados em uma parcela de 10 x 10 m, situada no trecho onde existe um trecho de Transição entre Floresta Estacional Semidecidual e Cerradão, tratado neste estudo como P7, Estação Experimental da Syngenta, Município de Uberlândia, MG. Indivíduos ordenados por número. Constam: Nome científico; Família; Nome popular; Ocorrência (Ocor.): Na = Nativa do bioma da região; E = exótica; Bra = Nativa, porém, de outro bioma do Brasil; Categoria sucessional (categ.): Pi (pioneira), Si (secundária inicial), St (secundária tardia), SC = sem classificação; Altura em metros (Altura); Circunferência a altura do peito em centímetros (CAP). Nome científico

Família

Nome Popular

Tapirira marchandi

Anacardiaceae

Pau-pombo

Ocor. Altura / (m) Categ. Na/Si 8

CAP (cm) 44,5

FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

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Artigo original Ocor. Altura CAP / (m) (cm) Categ. Byrsonima pachyphylla Malpighiaceae Murici Na/Si 4 16+6 Eriotheca gracilipes Malvaceae Catuaba Na/Si 4 16+16 Siparuna guianensis Siparunaceae Caputiu Na/Si 7 25+23 Qualea dichotoma Vochysiaceae Cascudo Na/Pi 5 17,5 Morta 2 31 Siparuna guianensis Siparunaceae Caputiu Na/Si 6 22 Qualea dichotoma Vochysiaceae Cascudo Na/Pi 6 22,5 Qualea dichotoma Vochysiaceae Cascudo Na/Pi 6 23 Ocotea corymbosa Vochysiaceae Cascudo Na/Pi 9 47 Morta 6 30 Qualea dichotoma Vochysiaceae Cascudo Na/Pi 6 17 Qualea dichotoma Vochysiaceae Cascudo Na/Pi 5 15 Miconia albicans Melastomataceae Maria-preta Na/Pi 6 15,5 Morta 5 44 Xylopia aromatica Annonaceae Pindaíba Na/Si 9 29 Siparuna guianensis Siparunaceae Caputiu Na-Si 6 15 Byrsonima pachyphylla Malpighiaceae Murici Na/Si 7 25+28,5 Qualea dichotoma Vochysiaceae Cascudo Na/Pi 5 19 Miconia albicans Melastomataceae Maria-preta Na/Pi 6 16 Xylopia aromatica Annonaceae Pindaíba Na/Si 8 30,5 Hymenaea stigonocarpa Leguminosae Jatobá-do- cerrado Na/Si 7 40 Xylopia aromatica Annonaceae Pindaíba Na/Si 7 25 Pseudolmedia laevigata Moraceae Muiratinga Na/St 10 68 Pterodon emarginatus Leguminosae Sucupira Na/Si 10 30 Ocotea corymbosa Lauraceae Canela- parda Na/St 10 30 Qualea dichotoma Vochysiaceae Cascudo Na/Pi 7 30 Qualea dichotoma Vochysiaceae Cascudo Na/Pi 8 24 Ocotea spixiana Lauraceae Canelão Na/Si 7 19 Myracrodruon urundeuva Anacardiaceae Urundeuva Na/Si 9 24 Ocotea spixiana Lauraceae Canelão Na/Si 9 24 Byrsonima pachyphylla Malpighiaceae Murici Na/Si 8 47+23 Byrsonima pachyphylla Malpighiaceae Murici Na/Si 8 44 Morta 6 27 Ocotea spixiana Lauraceae Canelão Na/Si 5 24 Nome científico

Família

Nome Popular

Transição Floresta Estacional Semidecidual - Mata de Brejo (Parcela 8) A parcela investigada situa-se em área de transição entre Floresta Estacional Semidecidual e Mata de Brejo e em sua cota mais baixa há afloramento do lençol freático (Tabela 9). O trecho da parcela encontra-se em processo de sucessão secundária em termos de dinâmica natural, tem grande amplitude de circunferência dos troncos, e possui considerável

FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

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Artigo original riqueza e variedade de plântulas de espécies arbóreas vegetando no sobosque. No trecho predominam os indivíduos de Bulandi (Richeria grandis), espécie que atinge o maior porte na mata, e de samambaiaçu (Cyathea delgadii). Neste trecho se observa adensamento das diferentes formas de vida, em especial o lírio-do-brejo (Hedychium coronarianum), samambaias diversas, e cana-do-brejo (Costus spiralis). Esta parcela foi a única área a registrar a presença de Hedyosmum brasiliense, espécie arbórea típica de áreas brejosas. Dentre as plântulas predominam as das espécies Xylopia emarginata, Cyathea delgadii, Myrsine umbellata, Piper aduncum, e Siparuna guianensis. Há poucas descontinuidades no dossel do trecho da parcela e no remanescente em geral, que resultam em pouca entrada de luz no subosque. Há indivíduos de grande porte de buriti (Mauritia flexuosa). A densidade de lianas lenhosas é baixa, dentre elas destacam-se as dos gêneros Forsteronia e Banisteriopsis. Dentre as espécies adultas observadas nas áreas externas à parcela estão: a guaçatonga (Casearia grandiflora), a maria-mole (Dendropanax cuneatus) e o pau-de-sebo (Virola sebifera). Obtiveram-se na parcela os valores médios de altura e diâmetro a altura do peito de 7,83 m, e 11,31 cm, respectivamente. Na parcela registrou-se 30 indivíduos dentro do perímetro de inclusão, destes, um (1) pertence ao grupo das pioneiras, 24 pertencem ao grupo das secundárias iniciais, quatro (4) ao das secundárias tardias. Os 30 indivíduos pertencem a dez (10) espécies de dez (10) famílias distintas. As espécies Richeria grandis e Cyathea delgadii dominam a estrutura florestal. A serapilheira é formada por camada espessa e contínua. Lianas são pouco representativas na parcela. As epífitas são pouco abundantes, e representadas por musgos, liquens, samambaias e bromélias dos gêneros Aechmea e Tilandsia. Tabela 9 - Lista de indivíduos registrados em uma parcela de 10 x 10 m, situada no trecho onde existe um trecho de transição entre Floresta Estacional Semidecidual e Mata de Brejo, tratado neste estudo como P8, Estação Experimental da Syngenta, Município de Uberlândia, MG. Indivíduos ordenados por número. Constam: Nome científico; Família; Nome popular; Ocorrência (Ocor.): Na = Nativa do bioma da região; E = exótica; Bra = Nativa, porém, de outro bioma do Brasil; Categoria sucessional (categ.): Pi (pioneira), Si (secundária inicial), St (secundária tardia), SC = sem classificação; Altura em metros (Altura); Circunferência a altura do peito em centímetros (CAP). Nome científico Morta Hedyosmum brasiliense Tapirira guianensis

Ocor. / Categ. -

Altura (m) 8

28,5+22+26

Chloranthaceae Chá-de-bugre

Na/St

6

36+22

Anacardiaceae

Na/Si

12

37,5

Família -

Nome Popular -

Tapiriri

CAP (cm)

FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

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Artigo original Nome científico Tapirira guianensis Cyathea delgadii Cyathea delgadii Cyathea delgadii Richeria grandis Cyathea delgadii Richeria grandis Mauritia flexuosa Tapirira guianensis Cecropia pachystachya Richeria grandis Richeria grandis Richeria grandis Richeria grandis Tapirira guianensis Cyathea delgadii Richeria grandis Maprounea guianensis Protium heptaphyllum Protium heptaphyllum Protium heptaphyllum Siparuna guianensis Inga laurina Cyathea delgadii

Família

Nome Popular

Ocor. / Categ.

Altura (m)

CAP (cm)

Anacardiaceae

Tapiriri

Na/Si

12

100

Cyatheaceae

Samambaiaçu

Na/Si

2

20

Cyatheaceae

Samambaiaçu

Na/Si

1,5

20

Cyatheaceae

Samambaiaçu

Na/Si

2,5

31

Phyllanthaceae

Bulandi

Na/Si

11

35

Cyatheaceae

Samambaiaçu

Na/Si

3,5

30

Phyllanthaceae

Bulandi

Na/Si

7

31+31+29+30+26+26

Palmae

Buriti

Na/Si

19

110

Anacardiaceae

Tapiriri

Na/Si

10

29,5+29

Urticaceae

Embaúva

Na/Pi

8

17

Phyllanthaceae

Bulandi

Na/Si

11

62

Phyllanthaceae

Bulandi

Na/Si

11

46

Phyllanthaceae

Bulandi

Na/Si

11

31

Phyllanthaceae

Bulandi

Na/Si

5

23

Anacardiaceae

Tapiriri

Na/Si

7

10

Cyatheaceae

Samambaiaçu

Na/Si

3

32

Phyllanthaceae

Bulandi

Na/Si

10

36

Euphorbiaceae

Marmelinho

Na/Si

10

36

Burseraceae

Almecega

Na/St

7

23,5

Cyatheaceae

Samambaiaçu

Na/Si

8

41

Burseraceae

Almecega

Na/St

8

21

Siparunaceae

Caputiu

Na/Si

9

18

Leguminosae

Ingá

Na/St

17

64

Cyatheaceae

Samambaiaçu

Na/Si

2,5

26

FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

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Artigo original Nome científico Cyathea delgadii Cyathea delgadii Cyathea delgadii

Família

Nome Popular

Ocor. / Categ.

Altura (m)

CAP (cm)

Cyatheaceae

Samambaiaçu

Na/Si

6

35

Cyatheaceae

Samambaiaçu

Na/Si

4

30

Cyatheaceae

Samambaiaçu

Na/Si

3

26

Parcela 9 – Mata de Brejo O trecho de Mata de Brejo investigado encontra-se melhor conservado que todos os demais. Encontra-se em processo de sucessão secundária em termos de dinâmica natural, como pode ser constatado pelos parâmetros estruturais, variedade de plântulas de espécies arbóreas vegetando no subosque, riqueza e elevada densidade arbórea (Tabela 10). Predominam os indivíduos de pindaíba-do-brejo (Xylopia emarginata) e Bulandi (Richeria grandis), espécies que atingem o maior porte na mata. No estrato herbáceo e arbustivo encontram-se dispersos indivíduos de lírio-do-brejo (Hedychium coronarianum), samambaias diversas, cana-do-brejo (Costus spiralis), taquaras (Olyra latifolia) e jaborandi (Piper arboreum). Neste trecho da mata há extensa área com árvores apresentando raízes expostas e terra nua devido ao fluxo de água intermitente. Dentre as plântulas predominam as das espécies Xylopia emarginata, Cecropia pachystachya, Myrsine umbellata e Alchornea glandulosa. Há poucas descontinuidades no dossel do trecho da parcela e no remanescente em geral, que resultam em pouca entrada de luz no subosque. A densidade de lianas lenhosas é baixa, dentre elas destacam-se as dos gêneros Forsteronia, e Serjania. Dentre as espécies adultas observadas nas áreas externas à parcela estão: o samambaiaçu (Cyathea delgadii), o tapiá (Alchornea glandulosa), e o saco-de-gamba (Guarea guidonia). Obtiveram-se os valores médios de altura e diâmetro a altura do peito de 9,51 m e 9,68 cm, respectivamente. Registrou-se 40 indivíduos dentro do perímetro de inclusão, destes, cinco (5) pertencem ao grupo das pioneiras, 23 pertencem ao grupo das secundárias iniciais, e dez (10) ao das secundárias tardias. Os 40 indivíduos pertencem a oito (8) espécies de oito (8) famílias distintas. As espécies Richeria grandis, Myrcia splendens e Xylopia emarginata dominam a estrutura florestal. A serapilheira é formada por camada mediana e contínua, a exceção de trechos que são lixiviados pelas correntezas durante o período de precipitação forte. A estratificação florestal já é evidente, e são raras as clareiras e a presença de lianas sobre as árvores adultas. Há considerável variedade de epífitas, destacam-se os musgos,

FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

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Artigo original liquens, samambaias, bromélias dos gêneros Aechmea e Tilandsia, aráceas e a orquídea baunilha (Gênero Vanilla). Tabela 10 - Lista de indivíduos registrados em uma parcela de 10 x 10 m, situada no trecho onde existe um trecho de Mata de Brejo, tratado neste estudo como P9, Estação Experimental da Syngenta, Município de Uberlândia, MG. Indivíduos ordenados por número. Constam: Nome científico; Família; Nome popular; Ocorrência (Ocor.): Na = Nativa do bioma da região; E = exótica; Bra = Nativa, porém, de outro bioma do Brasil; Categoria sucessional (categ.): Pi (pioneira), Si (secundária inicial), St (secundária tardia), SC = sem classificação; Altura em metros (Altura); Circunferência a altura do peito em centímetros (CAP). Nome Popular Xylopia Pindaíba- doAnnonaceae emarginata brejo Xylopia Pindaíba- doAnnonaceae emarginata brejo Richeria grandis Phyllanthaceae Bulandi Xylopia Pindaíba- doAnnonaceae emarginata brejo Xylopia Pindaíba- doAnnonaceae emarginata brejo Xylopia Pindaíba- doAnnonaceae emarginata brejo Morta Xylopia Pindaíba- doAnnonaceae emarginata brejo Myrsine umbellata Primulaceae Capororoca Protium Burseraceae Almelcega heptaphyllum Calophyllum Clusiaceae Guanandi brasiliense Xylopia Pindaíba- doAnnonaceae emarginata brejo Richeria grandis Phyllanthaceae Bulandi Dendropanax Annonaceae Maria-mole cuneatus Xylopia Pindaíba- doAnnonaceae emarginata brejo Xylopia Pindaíba- doAnnonaceae emarginata brejo Protium Burseraceae Almelcega heptaphyllum Richeria grandis Phyllanthaceae Bulandi Richeria grandis Phyllanthaceae Bulandi Xylopia Pindaíba- doAnnonaceae emarginata brejo Nome científico

Família

Ocor. / Categ.

Altura (m)

CAP

Na/Si

12

24

Na/Si

11

29

Na/Si

15

79,5+18

Na/Si

9

24

Na/Si

10

27,5

Na/Si

10

40+40+25+15

-

2

26

Na/Si

12

28+40

Na/Si

7

18+17

Na/St

7

18+18

Na/St

10

24+24

Na/Si

13

45,5

Na/Pi

11

32,5

Na/St

4

26

Na/Si

7

25+11

Na/Si

14

48+42+35+25+28

Na/St

9

34+21

Na/Pi Na/Pi

7 10

16 31

Na/Si

17

67

FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

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Artigo original Nome científico Morta Richeria grandis Xylopia emarginata Xylopia emarginata Dendropanax cuneatus Protium heptaphyllum Protium heptaphyllum Cecropia pachystachya Protium heptaphyllum Xylopia emarginata Richeria grandis Richeria grandis Richeria grandis Richeria grandis Richeria grandis Magnolia ovata Xylopia emarginata Xylopia emarginata

Nome Popular Phyllanthaceae Bulandi Pindaíba- doAnnonaceae brejo Pindaíba- doAnnonaceae brejo Família

Ocor. / Categ. Na/Pi

Altura (m) 6 10

Na/Si

15

60

Na/Si

14

41,5

CAP 16 22

Araliaceae

Maria-mole

Na/St

2,5

16

Burseraceae

Almelcega

Na/St

10

23

Burseraceae

Almelcega

Na/St

9

27

Urticaceae

Embaúva

Na/Pi

8

31

Burseraceae

Almelcega

Na/St

7

30

Na/Si

18

58

Na/Si Na/Si Na/Si Na/Si Na/Si

8 5 9 11 7

24 32 22 28+23 23

Na/St

10

48

Na/Si

7

25+50+35+10

Na/Si

8

30,5+10

Na/St

11

22

Na/Si

9

31+19,5

Annonaceae Phyllanthaceae Phyllanthaceae Phyllanthaceae Phyllanthaceae Phyllanthaceae Magnoliaceae Annonaceae Annonaceae

Magnolia ovata

Magnoliaceae

Richeria grandis

Phyllanthaceae

Pindaíba- dobrejo Bulandi Bulandi Bulandi Bulandi Bulandi Pinha-dobrejo Pindaíba- dobrejo Pindaíba- dobrejo Pinha-dobrejo Bulandi

Cerradão (Parcelas 10 e 11) A parcela 10 foi estabelecida em trecho de Cerradão, seus parâmetros estruturais, a variedade de plântulas de espécies arbóreas vegetando no subosque, e a expressiva riqueza indicam que está em processo de sucessão secundária em termos de dinâmica natural (Tabela 11). As espécies Xylopia aromatica, Byrsonima pachyphylla, Miconia albicans e Qualea dichotoma dominam a estrutura florestal. O trecho apresenta baixa amplitude de circunferência dos troncos, e há muitos indivíduos arbóreos com troncos bastante tortuosos, característicos de áreas de cerradão.

FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

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Artigo original O estrato herbáceo encontra-se dominando pelo milho-de-grilo (gênero Lantana), mixirico (gênero Clidemia), capim-navalha (gênero Cladium), capim-gordura (Melinis minutiflora), e capim-braquiária (Urochloa decunbens). Dentre as plântulas destacam-se as espécies: Jacaranda caroba, Miconia albicans e Siparuna guianensis. Dentre as espécies adultas observadas nas áreas externas à parcela estão: Cybistax antisiphilitica, Solanun lycocarpum, Miconia albicans, Dalbergia miscolobium e Machaerium acutifolium. A serapilheira é formada por camada fina e descontínua. Há poucas descontinuidades no dossel do trecho da parcela e no remanescente em geral, porém há grande entrada de luz devido a deciduidade natural das espécies. A densidade de lianas lenhosas é baixa, predominam trepadeiras volúveis dos gêneros Smilax e Serjania. Os valores médios de altura e diâmetro a altura do peito obtidos foram de 5,48 m, e 8,14 cm, respectivamente. Obteve-se 29 indivíduos dentro do perímetro de inclusão, destes, 16 pertencem ao grupo das pioneiras, 11 pertencem ao grupo das secundárias iniciais, sendo que duas (2) árvores estavam mortas em pé. Os 29 indivíduos pertencem a 16 espécies de 16 famílias distintas. As epífitas são pouco abundantes, e representadas por musgos e liquens. Observando-se o trecho florestal de fora, nota-se que há um dossel contínuo, sem árvores emergentes evidentes, e há forte presença de capim-braquiária (Urochloa decunbens) nas bordas. Tabela 11 - Lista de indivíduos registrados em uma parcela de 10 x 10 m, situada no trecho onde existe um trecho de Cerradão, tratado neste estudo como P10, Estação Experimental da Syngenta, Município de Uberlândia, MG. Indivíduos ordenados por número. Constam: Nome científico; Família; Nome popular; Ocorrência (Ocor.): Na = Nativa do bioma da região; E = exótica; Bra = Nativa, porém, de outro bioma do Brasil; Categoria sucessional (categ.): Pi (pioneira), Si (secundária inicial), St (secundária tardia), SC = sem classificação; Altura em metros (Altura); Circunferência a altura do peito em centímetros (CAP).

Pau-terra Pau-terra

Ocor. / Categ. Na/Pi Na/Pi

Altura (m) 4,5 2,5

Erythroxylaceae

Muxiba

Na/Si

4

25

Lauraceae Melastomataceae Vochysiaceae

Canelão Maria-preta Pau-terra Pindaíba-dobrejo Pau-terra Maria-preta Maria-preta

Na/Si Na/Pi Na/Pi

6 6 7

20 19 36

Na/Si

3

17

Na/Pi Na/Pi Na/Pi

7 3 7

17 19 28

Nome científico

Família

Nome Popular

Qualea dichotoma Qualea dichotoma Erythroxylum daphnites Ocotea spixiana Miconia albicans Qualea dichotoma

Vochysiaceae Vochysiaceae

Xylopia aromatica

Annonaceae

Qualea dichotoma Miconia albicans Miconia albicans

Vochysiaceae Melastomataceae Melastomataceae

CAP 19 16

FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

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Artigo original Nome científico

Família

Nome Popular

Morta Eriotheca gracilipes Morta Piptocarpha macropoda Miconia albicans

Malvaceae -

Catuaba -

Ocor. / Categ. Na/Si -

Asteraceae

Vassoura

Na/Pi

2,5

18

Melastomataceae

Na/Pi

8

22

Terminalia argentea

Combretaceae

Maria-preta Capitão-domato Erva-de- lagarto Murici

Na/Pi

7

34

Na/Si Na/Si

9 6,5

87 20

Peroba

Na/Si

3

15

Caqui-do- mato Dedaleiro Maria-preta Pau-terra Pau-terra Carvalhobrasileiro Pau-terra Pau-terra Maria-preta Tapiriri

Na/Si Na/Si Na/Pi Na/Pi Na/Pi

5 5 7 6 5,5

32 17 22 25 28

Na/Si

5

21

Na/Pi Na/Pi Na/Pi Na/Si

5,5 6 5 8

45,5 21+22,5 16 36

Casearia sylvestris Salicaceae Byrsonima laxyflora Malpighiaceae Aspidosperma Apocynaceae discolor Diospyros hispida Ebenaceae Lafoensia pacari Chrysobalanaceae Miconia albicans Melastomataceae Qualea dichotoma Vochysiaceae Qualea dichotoma Vochysiaceae Roupala montana

Proteaceae

Qualea dichotoma Qualea dichotoma Miconia albicans Tapirira guianensis

Vochysiaceae Vochysiaceae Melastomataceae Anacardiaceae

Altura CAP (m) 8 29+30+16 5,5 30 2 17

A parcela 11 foi estabelecida no trecho de Cerradão, seus parâmetros estruturais, a variedade de plântulas de espécies arbóreas vegetando no subosque, e a alta riqueza indicam que está em processo de sucessão secundária em termos de dinâmica natural (Tabela 12). As espécies Xylopia aromatica, Dimorphandra mollis, Eriotheca gracilipes, Miconia albicans, Matayba guianensis e Qualea dichotoma dominam a estrutura florestal. O trecho apresenta baixa amplitude de circunferência dos troncos, e há muitos indivíduos arbóreos com troncos bastante tortuosos, característicos de áreas de cerradão. O estrato herbáceo-arbustivo encontra-se dominando pelo milho-degrilo (gênero Lantana), capim-navalha (gênero Cladium), e os capim-gordura (Melinis minutiflora), e capim-braquiária (Urochloa decunbens). Dentre as plântulas destacam-se as espécies: Xylopia aromatica, Maprounea guianensis, Miconia albicans, Ouratea sp., Roupala montana, Zanthoxylum riedelianum, e Siparuna guianensis. Dentre as espécies adultas observadas nas áreas externas à parcela estão: Cybistax antisiphilitica, Solanun lycocarpum, Cordiera sessilis. A serapilheira é formada por camada fina e descontínua. Há poucas descontinuidades no dossel do trecho da parcela e FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

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Artigo original no remanescente em geral, porém há grande entrada de luz devido a deciduidade natural das espécies. A densidade de lianas lenhosas é baixa, predominam trepadeiras volúveis dos gêneros Smilax e Serjania. Os valores médios de altura e diâmetro a altura do peito obtidos na parcela foram de 6,86 m, e 7,11 cm, respectivamente. Na parcela obteve-se 34 indivíduos dentro do perímetro de inclusão, destes, oito (8) pertencem ao grupo das pioneiras, 25 pertencem ao grupo das secundárias iniciais, um (1) ao das secundárias tardias. Os 34 indivíduos pertencem a 16 espécies de 11 famílias distintas. As epífitas são pouco abundantes, e representadas por musgos e liquens. Observando-se o trecho florestal de fora, nota-se que há um dossel contínuo, sem árvores emergentes evidentes e há forte presença de capim-braquiária (Urochloa decunbens) nas bordas.

Tabela 12 - Lista de indivíduos registrados em uma parcela de 10 x 10 m, situada no trecho onde existe um trecho de Cerradão, tratado neste estudo como P11, Estação Experimental da Syngenta, Município de Uberlândia, MG. Indivíduos ordenados por número. Constam: Nome científico; Família; Nome popular; Ocorrência (Ocor.): Na = Nativa do bioma da região; E = exótica; Bra = Nativa, porém, de outro bioma do Brasil; Categoria sucessional (categ.): Pi (pioneira), Si (secundária inicial), St (secundária tardia), SC = sem classificação; Altura em metros (Altura); Circunferência a altura do peito em centímetros (CAP). Nome científico

Família

Qualea dichotoma Eriotheca gracilipes Ocotea corymbosa Dimorphandra mollis Eriotheca gracilipes Eriotheca gracilipes Terminalia brasiliensis

Vochysiaceae Malvaceae Lauraceae Leguminosae Malvaceae Malvaceae

Miconia albicans Dimorphandra mollis Eriotheca gracilipes Myrcia tomentosa Pterodon emarginatus Hirtella gracilipes Hirtella gracilipes Qualea dichotoma Maprounea guianensis Pterodon emarginatus Machaerium

Combretaceae Melastomatace ae Leguminosae Malvaceae Myrtaceae Leguminosae Chrysobalanace ae Chrysobalanace ae Vochysiaceae Euphorbiaceae Leguminosae Leguminosae

Nome Popular Pau-terra Catuaba Canela- parda Faveira Catuaba Catuaba Capitão-docampo

Ocor. / Categ. Na/Pi Na/Si Na/St Na/Si Na/Si Na/Si

Altura (m) 4,5 2,5 4 6 6 7

Na/Si

3

17

Maria-preta

Na/Pi

7

17

Faveira Catuaba Guamirim Sucupira Azeitona-domato Azeitona-domato Pau-terra Marmelinho Sucupira Sapuva

Na/Si Na/Si Na/Si Na/Si

3 7 8 21

19 28 29+30+16 6

Na/Si

17

4

Na/Si

15

5

Na/Pi Na/Si Na/Si Na/Si

22+17,5 19+33,5 34 25

6 9 10 8

CAP 19 16 25 20 19 36

FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

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Artigo original Família

Nome Popular

Ocor. / Categ.

Altura (m)

CAP

Miconia albicans

Melastomatace ae

Maria-preta

Na/Pi

25+18

7

Matayba guianensis

Sapindaceae

Na/Si

30

10

Matayba guianensis

Sapindaceae

Na/Si

18

9

Nome científico acutifolium

Canguatábranco Canguatábranco

Cardiopetalum calophyllum Dimorphandra mollis

Annonaceae

Pimenta

Na/Si

32

9

Leguminosae

Na/Si

6

15+18

Matayba guianensis

Sapindaceae

Na/Si

7

22

Xylopia aromatica

Na/Si

8

17,5

Maria-preta

Na/Pi

9

25,5

Dimorphandra mollis

Annonaceae Melastomatace ae Leguminosae

Faveira Canguatábranco Pindaíba

Na/Si

8

28

Matayba guianensis

Sapindaceae

Na/Si

8

25

Apuleia leiocarpa Apuleia leiocarpa Qualea dichotoma Dalbergia miscolobium Pterodon emarginatus Dalbergia miscolobium

Leguminosae Leguminosae Vochysiaceae

Faveira Canguatábranco Garapa Garapa Pau-terra Caviúna-docerrado Sucupira Caviúna-docerrado

Na/Si Na/Si Na/Pi

11 9 6

23 16,5 17,5+20+10

Na/Pi

6

23

Na/Si

8

21+21

Na/Pi

6

30+22

Miconia albicans

Leguminosae Leguminosae Leguminosae

Discussão e Considerações Tendo em vista as descrições dos parâmetros qualitativos e quantitativos expostos nos itens anteriores para as parcelas investigadas, a seguir pretende-se discutir pormenores que são importantes para as futuras ações, que busquem a manutenção e progresso do processo sucessional das diversas fitofisionomias da Estação Experimental da Syngenta. Foram inventariados 322 indivíduos no levantamento por meio das parcelas, que resultou em uma riqueza de 57 espécies. O inventário total registrou por sua vez 103 espécies. As famílias mais ricas foram Leguminosae com 14 espécies, e Anacardiaceae, Annonaceae e Myrtaceae com cinco (5) cada. Fatores limitantes a sucessão ecológica Vários aspectos registrados durante o trabalho de campo botânico vêm atuando de forma benéfica à dinâmica vegetal natural das fitofisionomias da Estação Experimental da Syngenta. Dentre os fatores que FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

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Artigo original atuam de forma negativa observou-se a presença de gramíneas exóticas. São duas as espécies invasoras mais abundantes e que merecem controle adequado, o capim-braquiária (Urochloa decunbens), e o capim-gordura (Melinis minutiflora). Estas gramíneas são exóticas, originárias da África. Estas se encontram presentes de forma infestante nas parcelas 7, 10 e 11. O adequado manejo desta gramínea deve ser feito para que a espécie não comprometa a regeneração do estrato herbáceo, e ingresso de plântulas de espécies arbóreas. E ainda para que não se alastre para outros pontos do remanescente. Entretanto é pertinente citar que o longo período de estiagem que acometeu a região de Uberlândia no período, assim como várias outras no Estado de Minas Gerais, e de outros estados do País, também interferiu de forma negativa no levantamento da biodiversidade da Estação Experimental. Este fato foi observado em campo no momento em que foram descritos os estratos herbáceos, e mesmo os arbustivos dos diversos setores, assim como o banco de plântulas. Em geral o que se observou foi uma baixa riqueza e abundância de indivíduos nos estratos herbáceo e arbustivo em todos as parcelas, associado provavelmente a pequena ou nula disponibilidade de água. Em geral as espécies que predominaram nestes estratos foram aquelas que possuem maior tolerância à escassez de água. A manutenção e evolução das florestas da Estação são essenciais à manutenção e aumento do volume do curso d’água, que margeia e atravessa o Remanescente nas áreas de Mata de Brejo da Estação Experimental da Syngenta. Fatores que favorecem a sucessão ecológica Os aspectos registrados em campo que atuam ao encontro do bom andamento da dinâmica vegetal das fitofisionomias são a proximidade com outras áreas de vegetação nativa, e a oferta de recursos e abrigo para a fauna da região. Na área do entorno da Estação Experimental também existem remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual, o que potencializa a capacidade de manutenção da biota da região. Destaca-se ainda a existência, na região, de uma Unidade de Conservação Municipal criada em 1982, o Parque Municipal do Sabiá, que protege um trecho de Vegetação do domínio do Cerrado localizado no também no município de Uberlândia (MG). O Parque possui 185 hectares, sendo 35 ocupados por vegetação nativa (Guilherme et al. 1998). Atualmente a Estação experimental da Syngenta possui cerca de 49 ha de Florestas protegidas e existem trechos com grande potencial para restauração em áreas de preservação permanente junto a cursos d’água ou em áreas vizinhas a

FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

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Artigo original Matas de Brejo, de forma que a área de florestas pode aumentar, sem comprometer as atividades econômicas da empresa. Dada à elevada riqueza, ao grande porte da vegetação florestal, e o elevado grau de proteção a que estão sujeitas, torna-se bastante convidativo que se utilize a estação para marcação de árvores para serem matrizes de sementes para projetos de restauração ecológica. Dentre as 103 espécies registradas neste estudo, 69 são consumidas pela fauna (Tabela 13), em especial por vertebrados frugívoros (Kuhlmann, 2012; Lorenzi 1992, 2002, 2010). Dentre estes animais estão dezenas de espécies de aves, como os jacus, periquitos, sabiás, etc., e de mamíferos, como ouriços, cutias, pacas, micos, antas, esquilos, saguis, porcos-do-mato. A fauna por sua vez é também responsável pela manutenção da flora local e dispersão para áreas vizinhas. Conclusões Foram identificadas 103 espécies arbóreas, todas nativas, pertencentes a 45 famílias botânicas, o que ressalta o elevado valor biológico para conservação da Natureza da região; O remanescente florestal abrange 3 diferentes fitofisionomias, a saber: Cerradão, Floresta Estacional Semidecidual e Mata de Brejo, além das áreas de transição entre estas (Ecótonos); A presença de um curso d’água (Área de Preservação Permanente), quase que completamente inserido em Mancha Florestal acresce grande valor para a Estação Experimental em termos de manutenção da bacia hidrográfica e fauna da região; Em função da elevada riqueza e grande porte das árvores, a Estação hoje pode ser fornecedora de matrizes de sementes para projetos de restauração ecológica; Desde que sejam controlados ou eliminados os fatores de impactos presentes, em especial a infestação do capim-braquiária, vários dos setores investigados tendem a continuar o processo de dinâmica sucessional normalmente; A grande extensão das Matas de Brejo presentes na propriedade é de fundamental importância para a manutenção do fluxo de água do riacho, que cruza a propriedade hoje.

FREITAS, Herbert Serafim de; BURSTIN, Bruno; FERREIRA, Guilherme; ALEGRETTI, Lucas; FLYNN, Maurea. Levantamento florístico na Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 3669, fev. 2016.

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Artigo original LORENZI, H., BACHER, L., LACERDA, M. & SARTORI, S. 2006. Brazilian fruits & cultivated exotics. 1ª edição. Nova Odessa, Editora Plantarum. LORENZI, H. & SOUZA, H.M. 2008. Plantas ornamentais no Brasil: arbustivas, herbáceas e trepadeiras. 4ª edição. Nova Odessa, Editora Plantarum. LORENZI, H. 2010. Árvores Brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil. Vol. 3. Nova Odessa, Editora Plantarum. NOGUEIRA, M.F. & SCHIAVINI, I. 2003. Composição florística e estrutura da comunidade arbórea de uma Mata de Galeria inundável em Uberlândia, MG, Brasil. Bioscience Journal 19(2): 89-98. OLIVEIRA-FILHO, A.T. 2006. Catálogo das árvores nativas de Minas Gerais: mapeamento e inventário da flora nativa e dos reflorestamentos de Minas Gerais. Ed. UFLA, Lavras. PUTZ, F.E. 1984. The natural history of lianas on Barro Colorado Island, Panama. Ecology, Tucson, Vol. 65, n.6, p. 1713-1724. RODRIGUES, V.H.P.; LOPES, S.F.; ARAÚJO, G.M. & SCHIAVINI 2010. Composição, estrutura e aspectos ecológicos da floresta ciliar do rio Araguari no Triângulo Mineiro. Hoehnea 37(1): 87-105. 67 ROZZA, A. F. 2003. Manejo e regeneração de trecho degradado de Floresta Estacional Semidecidual: reserva municipal de Santa Genebra, Campinas, SP. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 140p. SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO 2004. Recuperação Florestal: da muda à floresta. Instituto de Botânica, São Paulo. SANTOS, N.E. 2014. Contribuição da avifauna como indicador da integridade ambiental na Estação Experimental de Holambra-SP. Dissertação Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, SP. SANTOS, K. 2003. Caracterização florística e estrutural de onze fragmentos de mata estacional semidecidual da área de proteção ambiental do município de Campinas – SP. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

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Artigo original Levantamento da Avifauna da Estação Experimental da Syngenta de Holambra Rodrigo Santiago Synallaxis Ambiental Ltda.

SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da Avifauna da Estação Experimental da Syngenta de Holambra. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 70-91, fev. 2016.

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Artigo original Resumo A Estação Experimental Syngenta de Holambra possui uma área de cerca de 46ha na qual desde 1991 tem se desenvolvido projetos de recuperação ambiental, especialmente reflorestamentos. O projeto de monitoramento da avifauna na área da Estação, tem sido desenvolvido desde 2002 com o objetivo de relacionar a composição da avifauna à efetividade das medidas de recuperação ambiental e às atividades que a empresa desenvolve no local. Ao longo de todo o projeto foram identificadas 173 espécies pertencentes a 19 ordens e 45 famílias. A riqueza e a diversidade de espécies aumentaram ao longo do tempo. A proporção de espécies de média sensibilidade a alterações ambientais sobre as espécies de baixa sensibilidade também aumentou sensivelmente. Atribuímos tais incrementos quantitativos e qualitativos à sucessão florestal e aos projetos de recuperação florestal. Por outro lado espécies estritamente florestais de alta sensibilidade a alterações antrópicas, inclusive importantes dispersoras de sementes, permanecem ausentes

e

é

possível

que

estejam localmente

extintas devido

à

fragmentação florestal da macrorregião. Palavras-chave:

levantamento,

monitoramento,

avifauna,

riqueza,

diversidade, fragmentação Abstract Syngenta’s Experimental Station of Holambra covers an area of about 46ha, where environmental recovery projects have been developed since 1991. The present bird-monitoring project was developed from 2002 to 2015 with the aim of relating the composition of bird species to the efficiency of the efforts to recover the local ecosystems as well as an indicator of potential environmental impacts related to the company’s activities in the area. A number of 173 species were registered, belonging to 19 different orders and 45 families. Species richness and diversity increased over time. The proportion of species showing medium sensitivity to environmental SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da Avifauna da Estação Experimental da Syngenta de Holambra. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 70-91, fev. 2016.

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Artigo original disturbance in relation to species with low sensitivity also increased. We believe that the improvement both in quantitative and qualitative parameters of bird composition was due to the ecological succession, which took place in the area throughout the study period. Nevertheless, environmentally sensitive, forest-specific species remain absent in the area. It is probable that some of these species, including some key seed dispersers, might have become extinct in the whole region due to habitat loss and fragmentation. Key words: bird, survey, monitoring, richness, diversity, fragmentation Introdução Levantamentos de avifauna são as ferramentas mais comumente usadas para trabalhos de avaliação ambiental em ambientes terrestres (Straube et al em Von Matter et al, 2011). Alguns dos principais fatores para o emprego das aves em estudos ambientais são seus hábitos conspícuos, a possibilidade de registro sonoro, a disponibilidade de conhecimento e bibliografia relacionada, além do apelo popular exercido por estes animais. O monitoramento da avifauna da Estação Experimental Syngenta de Holambra foi iniciado com o objetivo de acompanhar a efetividade das medidas de recuperação ambiental, especialmente os reflorestamentos, implementados na área desde 1991. A área foi monitorada em cinco campanhas: 2002, 2005, 2010, 2013 e 2014; totalizando cerca de 370 horas de observações em campo. Esta iniciativa também pretende monitorar possíveis impactos ambientais nas dependências da Estação Experimental de Holambra através

do

inventário

qualitativo-quantitativo

da

avifauna

feito

comparativamente a longo prazo.

SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da Avifauna da Estação Experimental da Syngenta de Holambra. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 70-91, fev. 2016.

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Artigo original Metodologia Área de Estudo A Estação Experimental Syngenta localiza-se na zona rural do município de Holambra – SP nas coordenadas 22°38’S 47°05’O, a cerca de 600 metros de altitude. A vegetação típica é a floresta estacional semidecidual. A região de Holambra apresenta clima Cwa, segundo classificação pelo sistema KOEPPEN. O clima Cwa caracteriza-se por clima quente, inverno seco, temperatura média acima de 22°C no mês mais quente e abaixo de 18°C no mês mais frio, além de menos de 30mm de chuva no mês mais seco. É importante mencionar que 2014 foi um dos anos mais quentes e secos desde

que

os

dados

meteorológicos

começaram

a

ser

registrados

sistematicamente (IAG-USP, 2015). A seca e o calor anormais causaram racionamento de água e perdas agrícolas por toda a região sudeste do país. A estação ocupa uma área de aproximadamente 46ha aos quais agregam-se áreas vizinhas conforme as necessidades de cultivo. Há grande diversidade de culturas, todas ocupando parcelas relativamente reduzidas e em caráter de ensaio. Essas culturas são tanto permanentes (café, laranja e uva) quanto anuais (soja, milho, girassol, arroz, etc.). Há dois pequenos riachos intermitentes correndo nos limites norte e sul da propriedade e ambos foram represados para fins de irrigação. Seguimos neste estudo a divisão das sub-regiões (Figuras 1 e 2) conforme proposto anteriormente pela empresa Bio.Sensu Consultoria Ecológica em seu levantamento florístico concluído neste mesmo ano. Pretendemos desta forma relacionar o diagnóstico florístico à diversidade de avifauna e mastofauna.

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Artigo original

Figura 1: Divisão das áreas de preservação de acordo com o levantamento florístico realizado pela empresa Bio.Sensu em 2015. A área R6 foi adicionada por nós. R1: Plantio 2005; R2: Plantio 1999/2001; R3: Plantio 1997; R4: Plantio 1993; R5: Plantio 1992; R6: Plantio 2010; P: Pomar; F1: Remanescente de floresta estacional semidecidual; FC: Remanescente de floresta estacional ciliar.

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Artigo original

Figura 2: Fotografias representativas de cada divisão da área.

Campanhas do monitoramento Ao longo do tempo as campanhas do monitoramento amadureceram e ganharam refinamento metodológico. As particularidades de cada campanha estão descritas abaixo. O monitoramento de 2002-2003 foi o mais longo e abrangente de todos, incluindo todos os grupos de vertebrados ao longo de um ano inteiro. Por outro lado, as metodologias empregadas careciam de padronização. O monitoramento de 2005 foi o mais curto de todos. A partir deste foi decidido restringir o estudo à avifauna e à mastofauna. Neste período foi SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da Avifauna da Estação Experimental da Syngenta de Holambra. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 70-91, fev. 2016.

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Artigo original realizada a tentativa de correlacionar a composição de espécies aos tipos de cultivo então presentes. Entretanto, esta metodologia foi descartada devido à alta rotatividade da maioria dos plantios da estação. A partir de 2010 (e em seguida em 2013 e 2014-2015) os inventários passaram a ser mais comparáveis quanto à duração, à metodologia de registro e ao esforço amostral. O último estudo teve início no dia 27 de janeiro de 2014 e foi concluído no dia 7 de fevereiro de 2015, compreendendo tanto a estação seca (setembro e outubro de 2014 foram excepcionalmente secos) à estação chuvosa. Durante este período foram feitas 10 visitas ao local. Amostragem da Avifauna Considerando os objetivos deste estudo e as características da área em questão optamos pelo método de inventário por busca ativa ao longo de transecções como descrito por Ribon (cap.1) e Straube et al (cap.9) em Von Matter et al (2011). Os registros foram feitos visualmente enquanto os observadores caminhavam pelos transectos lineares. Além da identificação foram anotados para cada espécie o número de indivíduos e a atividade principal destes. Os registros foram feitos por fotografia quando possível. A vocalização

das

aves

foi

utilizada

somente

como

confirmação

da

identificação. Foram utilizados binóculos Nikon 16X50; câmera Sony Cybershot com 25X de zoom acoplada a uma lente conversora de fator 1.7X; um gravador Panasonic RR-US551 para gravação e realização de playback e um microfone Yoga HT-81 para o registro das vocalizações.

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Artigo original Anålise estatística Quanto à abundância relativa, foram consideradas incomuns (I) as espÊcies observadas uma única vez ao longo do estudo; relativamente comuns (RC) espÊcies observadas uma ou duas vezes (inclusive bandos) ao longo do estudo e comuns (C) as espÊcies observadas três ou mais vezes ao longo do estudo. Quanto à classificação de sensibilidade a alteraçþes antrópicas segue a lista sugerida por Stotz et al (1996), que descreve o nível de dependência das espÊcies que ocorrem no domínio da Mata Atlântica aos ambientes florestais. O número de espÊcies de aves registrados ao longo de cada visita estå demonstrado como curvas cumulativas por coletor. Estes dados permitem estimar a tendência de registro de novas espÊcies ao longo do tempo. A riqueza e a abundância relativa das espÊcies foram estimadas a partir das anotaçþes das ocorrências por hora x observador. A anålise de diversidade de espÊcies foi calculada de acordo com o índice de Shannon - Wiener:

đ??ťâ€˛ = âˆ’ÎŁđ?‘?đ?‘– (log đ?‘?đ?‘– ) Onde: pi = proporção da espĂŠcie em relação ao nĂşmero total de espĂŠcimes encontradas nos levantamentos. A diversidade ĂŠ adimensional. Para a anĂĄlise de dominância foi utilizado o Ă­ndice de Simpson, que reflete a probabilidade de dois indivĂ­duos escolhidos ao acaso na comunidade pertencerem Ă mesma espĂŠcie. Varia de 0 a 1 e quanto mais alto for, maior a probabilidade de os indivĂ­duos serem da mesma espĂŠcie, ou seja, maior a dominância e menor a diversidade. É calculado como:

đ?œ† = ÎŁ1đ?‘ đ?‘?đ?‘–2 Onde: SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da Avifauna da Estação Experimental da Syngenta de Holambra. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 70-91, fev. 2016.

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Artigo original pi = proporção de cada espécie, para i variando de 1 a S (Riqueza), e pi = frequência da espécie i. Como dito anteriormente, seguimos a divisão de subáreas dentro da Estação proposta no início deste ano pela empresa Bio.Sensu para estudos florísticos. A similaridade na abundância de espécies entre os ambientes foi comparada através da análise de agrupamento de Cluster, utilizando-se a distância Euclidiana e apresentada em forma de dendrogramas. Resultados e Discussão Foram registradas um total de 173 espécies de aves ao longo dos 12 anos de estudo. Tais espécies pertencem a 19 ordens e 45 famílias, representando a maioria dos grupos de aves que ocorrem tanto na Mata Atlântica quanto no Cerrado. Na campanha de 2014-15 foram encontradas 163 espécies. Esta diversidade é 2.9% inferior à registrada no levantamento realizado em 2013; 3,1% superior à diversidade de 2010; 27,2% superior à de 2005 e 17,1% superior ao de 2003. Somente uma nova espécie foi registrada, o gaviãocaracoleiro (Condrohierax uncinatus). Trata-se de um registro significativo por se tratar de um predador de grande porte, raro na região. Por outro lado, seis espécies presentes em estudos passados estiveram ausentes na última campanha. Foram estas: cabeça-seca (Mycteria americana), espécie de grande porte típica de áreas alagadas; socó-boi (Tigrisoma lineatum), espécie piscívora rara na região; papa-lagarta (Coccyzus euleri), espécie migratória rara na região; baiano (Sporophila nigricolis) espécie migratória na região; saí-andorinha (Tersina viridis) espécie gregária migratória; e a codorna (Nothura maculosa) espécie campestre residente comprovadamente sensível à caça e à presença de cães e gatos ferais. É importante notar que 2 das 6 espécies ausentes estão relacionadas à água e que 3 são migratórias. Acreditamos que a ausência destas aves possa SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da Avifauna da Estação Experimental da Syngenta de Holambra. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 70-91, fev. 2016.

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Artigo original estar relacionada à crise hídrica e às condições climáticas atípicas do último ano. Já a ausência da codorna pode estar relacionada à predação pelos cães e gatos ferais, muito abundantes neste ano. A Figura 3 apresenta o gráfico comparativo do índice de riqueza calculado para a avifauna em todos os anos de monitoramento. Riqueza Específica comparativa da avifauna 200 150 100 50 0 2003

2005

2010

2013

2015

Figura 3: Comparação da riqueza total de espécies de aves entre os levantamentos de 2003, 2005, 2010, 2013 e 2015.

Já a Figura 4 apresenta os índices de diversidade de Shannon. Comparação do índice de Shannon da avifauna 5,1 5 4,9 4,8 4,7 4,6 4,5 4,4 2003

2005

2010

2013

2015

Figura 4: Comparação dos índices de diversidade de Shannon da avifauna entre 2003 e 2015. SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da Avifauna da Estação Experimental da Syngenta de Holambra. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 70-91, fev. 2016.

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Artigo original Apesar da pequena queda na diversidade específica e no índice de diversidade de Shannon em relação a 2013, a tendência de aumento tem sido mantida quando comparamos o período total de 2002 a 2015. A composição relativa de espécies conforme seus ambientes estão apresentados no Figura 5. Composição relativa da avifauna conforme o hábitat Aquáticas 18

26

61 62 6

Essencialmente campestres Exclusivamente campestres Essencialmente florestais Exclusivamente florestais

Figura 5: Composição relativa das espécies da avifauna conforme seus habitats típicos.

Não foi verificada a presença de nenhuma ave oficialmente listada em alguma categoria de ameaça de extinção de acordo com as listas estaduais e nacionais. Por outro lado foram registradas algumas espécies localmente raras como o papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), o carão (Aramus guarauna), o gavião-de-cabeça-cinza (Leptodon cayannensis), o tiê-de-topete (Lanio melanops), o cabeçudinho (Leptopogon amaurocephalus), o gaviãocaracoleiro (Chondrohierax uncinatus) e o trinca-ferro-verdadeiro (Saltator similis). Percebemos também que a área da Estação serve de refúgio alimentar e reprodutivo para diversas espécies que seriam caçadas ou aprisionadas em gaiolas em outras áreas, como é o caso do inhambu-chintã (Crypturellus tataupa) e de aves canoras como o canário-da-terra (Sicalis flaveola), o trinca-ferro (Saltator similis) e várias espécies granívoras do gênero Sporophila.

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Artigo original Não foram encontrados vestígios de espécies intoxicadas por nenhum tipo de produto utilizado na área da Estação. A composição das espécies de acordo com hábitos alimentares (Figura 6) reforça o fato do ecossistema local não estar afetado pelas atividades da Syngenta na área. Há grande diversidade de espécies dos mais altos níveis tróficos como os gaviões, falcões e corujas, que poderiam acumular toxinas a níveis letais, se estas estivessem presentes. É grande também a diversidade e a abundância de espécies granívoras alimentando-se diretamente das culturas estudadas na Estação Experimental. Distribuição das espécies conforme os hábitos alimentares

17

7

Granívoras

26

15

18

Piscívoras Onívoras

43

Insetívoras

45

Frugívoras/nectarívoras Carnívoras/carniceiras Nectarívoras

Figura 6: Distribuição percentual das espécies conforme o hábito alimentar.

A ocorrência de grandes grupos de espécies granívoras caracterizando pragas agrícolas como no caso do pombão (Patagioenas picazuro) e do irerê (Dendrocygna viduata) foi maior em 2010. A tendência de registro de novas espécies ao longo do tempo está apresentada na curva do coletor na Figura 7. Como podemos perceber, esta curva aproxima-se de uma assíntota horizontal, indicando que a diversidade total de espécies na área está próxima de seu máximo.

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Artigo original

N° de espécies

Curva cumulativa de espécies por horas 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0

Figura 7: Curva cumulativa de espécies de aves registradas ao longo de 100 horas de registro.

A comparação da riqueza e da diversidade das subáreas (Tabela 1) aponta o Plantio de 1997 (R3) como a mais rica em espécies, enquanto o Plantio 1999/2001 possui a maior abundância. Por outro lado, a menor riqueza e diversidade, foram encontradas no Plantio de 1995. Uma provável explicação para tais índices é a combinação do ambiente aquático juntamente à mata ciliar no Plantio de 1997 (R3), atraindo assim ampla gama de espécies e a presença de inúmeras árvores frutíferas e nectaríferas atrativas a bandos de aves no Plantio de 1999/2001 (R2). É importante interpretar cuidadosamente os baixos índices de diversidade e riqueza encontrados no Plantio de 1992 (R5), justamente o mais antigo e íntegro segundo a caracterização florística. Um dado importante, não revelado por tais números é o fato desta subárea (juntamente com o Plantio de 1997) apresentar a maior concentração de espécies sensíveis a alterações ambientais.

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Artigo original Tabela 1. Comparação da riqueza total de espécies, abundância de indivíduos, índice de dominância de Simpson e índice de Shannon para avifauna. R1: Plantio 2005; R2: Plantio 1999/2001; R3: Plantio 1997; R4: Plantio 1993; R5: Plantio 1992; R6: Plantio 2010; P: Pomar; F1: Remanescente de floresta estacional semidecidual; FC: Remanescente de floresta estacional ciliar. R1

R2

R3

R4

R5

R6

P

F1

FC

Espécies

42

69

75

25

22

47

43

44

40

Indivíduos

74

201

149

41

31

97

73

62

61

I. Simpson

0,031

0,023

0,017

0,054

0,055

0,028

0,027

0,026

0,028

Shannon_H

3,604

3,976

4,167

3,073

2,998

3,704

3,672

3,716

3,616

A análise de agrupamento das áreas conforme a similaridade das abundancias (Análise de Cluster) está apresentada na Figura 8. Como esperado, de forma geral as maiores similaridades são encontradas entre as áreas geograficamente mais próximas.

Figura 8: Dendrograma da análise de Cluster entre as subáreas da Estação Experimental. R1: Plantio 2005, R2: Plantio 1999/2001, R3: Plantio 1997, R4: Plantio 1993, R5: Plantio 1992, R6: Plantio 2010, P: Pomar, F1: Remanescente de floresta estacional semidecidual, FC: Remanescente de floresta estacional ciliar.

A lista completa das espécies de aves, com suas formas de registro e a abundância relativa nos levantamentos de 2003, 2005, 2010, 2013 e 2015 está apresentada no Anexo 1. SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da Avifauna da Estação Experimental da Syngenta de Holambra. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 70-91, fev. 2016.

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Artigo original Conclusão A avifauna da Estação Experimental Syngenta de Holambra apresentou um aumento na riqueza e na diversidade de espécies entre 2002 e 2015. Além do aumento quantitativo, ao longo dos anos aumentou a proporções de espécies mais sensíveis a alterações ambientais. Atribuímos este incremento na avifauna principalmente à sucessão florestal e aos projetos de reflorestamento empregados desde 1991. O pequeno declínio em riqueza e diversidade encontrado em 20142015 em relação a 2013 está provavelmente relacionado à estiagem atípica que acometeu a região no último levantamento. A ausência de caça e perseguição permite que espécies atualmente raras na região como o inhambu, a codorna, o trinca-ferro-verdadeiro e o papagaio-verdadeiro utilizem a área da Estação como um refúgio alimentar e reprodutivo. A composição da avifauna é compatível com outros estudos próximos, especialmente com o inventário da Mata de Santa Genebra (Aleixo & Vielliard, 1995), no qual foram registradas 208 espécies em 250 hectares. Apesar da alta diversidade e do aumento nas espécies de média sensibilidade ambiental, a área ainda não abriga espécies estritamente florestais de alta sensibilidade a alterações antrópicas. O estudo de Aleixo e Viellard (1995) denuncia a extinção local de espécies-chave dispersoras de grandes sementes como o jacuaçu, o tucano-de-bico-verde, o macuco, a araponga e o pavó, mesmo em uma reserva florestal preservada, como reflexo da fragmentação florestal da macrorregião. É possível que tais espécies estejam localmente extintas e que não haja conectividade com outros fragmentos florestais, os quais poderiam permitir o repovoamento na Estação.

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Artigo original Referências bibliográficas Aleixo, A.; J. M. E. Vielliard (1995) Composição e dinâmica da avifauna da mata de Santa Genebra, Campinas, São Paulo, Brasil. Rev. bras. Zool. 12:493-511. Bibby, C. J.; Jones, M.; Marsden, S. 1998. Expedition field techniques: bird survey. London: Royal Geographic Society Bressan P.M.; Kierulff M.C.M.; Sugieda A.M. (Coords). 2009. Fauna Ameaçada de Extinção do Estado de São Paulo (Vertebrados). Imprensa Oficial. 645 p. Chiarelo A.G.; Aguiar L.M.; Cerqueira R.; Melo F.R.; Rodrigues F.H.G.; Silva V.M.F. 2008. Mamíferos Ameaçados de Extinção no Brasil (Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de extinção do Brasil). 203p. Garcia P.C.A.; Sawaya R.J.; Martins I.A.; Brasileiro C.A.; Verdade V.K.; Jim J.; Segalla M.V.; Martins M.; Rossa-Feres D.C.; Haddad C.F.B.; Toledo L.F.; Prado C.P.A.; Berneck B.M.; Araújo O.G.S. 2009. Anfíbios. In: Bressan P.M.; Kierulff M.C.M; Sugieda A.M. Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo: Vertebrados. São Paulo, Fundação Parque Zoológico de São Paulo e Secretaria do Meio Ambiente. Gregory R.D.; Gibbons D.W.; Donald P.F. 2004. Bird census and survey techniques. In: Sutherland W.J., Newton I.; Green R.E. (Eds). Bird Ecology and Conservation: A Handbook of Techniques, 17-56. Oxford University Press, Oxford. Heyer W.R.; Donnely M.A.; Mc Diarmid R.W.; Hayek L.A.C.; Foster M.S. 1994. Measuring and monitoring biological diversity: standart methods for Amphibians. Washington, Smithsonian Institution Press. IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis. 2006. Anexo à Instrução Normativa n° 3 de 27 de maio de 2003, do Ministério do Machado A.B.M.; Drummond G.M.; Paglia A.P. (Eds). 2008. Livro vermelho da fauna brasileira ameaçada de extinção, Volume II, 1.ed. MMA; Fundação Biodiversitas.1420 p. Magurran A. E. 1988. Ecological Diversity and its meansurement. New Jersey, Princeton University Press. Marques O.A.V.; Nogueira C.C.; Sawaya R.J.; Bérnilsa R.S.; Martins M.; Molina F.B.; Ferrarezzi H.; Franco F.L.; Germano V.J. 2009. Répteis. In: SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da Avifauna da Estação Experimental da Syngenta de Holambra. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 70-91, fev. 2016.

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Artigo original Bressan P.M.; Kierulff M.C.M; Sugieda A.M. Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo: Vertebrados. São Paulo, Fundação Parque Zoológico de São Paulo e Secretaria do Meio Ambiente. Newton I. 2007. Migration Ecology of Birds. Cambridge. 976p. Santos, E.N.; 2014. Contribuição da avifauna como indicador da integridade ambiental na Estação Experimental de Holambra – SP. Dissertação de mestrado. FGV. Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. 2008. Anexo ao Decreto Nº 53.494, de 2 de outubro de 2008 Seixas, G.H.F.Projeto papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva): manejo e conservação no Pantanal e Cerrado de Mato Grosso do Sul, Brasil. PUBVET, Londrina, V. 1, N. 8, Ed. 8, Art. 410, 2007. Disponível em: http://www.pubvet.com.br/artigos_det.asp?artigo=410. Acesso em: 06/07/2012. Von Matter et al (organizadores) 2011. Ornitologia e Conservação: Ciência Aplicada, Técnicas de Pesquisa e Conservação. Technical Books, 516p.

Sensib.

Nome popular

Hábit

Nome científico

Dieta

Anexo 1: Lista geral da avifauna da Estação Experimental Syngenta de Holambra. Nomenclatura de acordo com CBRO (2014). Hábitat e dieta segundo Marçal Junior et al (2009): Oni= onívora; Car= carnívora; Ins = insetívora (incluindo outros invertebrados); Det = detritívora; Nec = nectarívora; Fru = frugívora; Gra = Granívora; Pis = piscívora. C1= exclusivamente campestre; C2= essencialmente campestre; F1= exclusivamente florestal; F2= essencialmente florestal; A= aquática. Espécies com alta sensibilidade a alterações ambientais estão assinaladas como “B” e as de média sensibilidade como “M”, exóticas como “E”. Quanto à abundância, as espécies são consideradas como incomuns (I), relativamente comuns (RC) ou comuns (C).

Ocorrência 20022003

2005

2010

20142015

2013

ORDEM: TINAMIFORMES FAMÍLIA: TINAMIDAE Crypturellus tataupa Inhambu-chintã Nothura maculosa Codorna-amarela ORDEM: ANSERIFORMES FAMÍLIA: ANATIDAE Amazonetta brasiliensis Marreca-pé-vermelho Cairina moschata Pato-do-mato Dendrocygna viduata Irerê ORDEM: PODICIPEDIFORMES FAMÍLIA: PODICIPEDIDAE Tachybaptus dominicus Mergulhão-pequeno ORDEM: PELICANIFORMES

ONI ONI

F2 C1

M M

RC RC

RC RC

C RC

RC I

I -

ONI ONI ONI

A A A

B M B

C C

C C

C I C

C C RC

C I C

PIS

A

M

C

-

C

C

C

SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da Avifauna da Estação Experimental da Syngenta de Holambra. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 70-91, fev. 2016.

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Artigo original FAMÍLIA: ANHINGIDAE Anhinga anhinga

Biguatinga

PIS

A

M

-

RC

RC

C

RC

PIS

A

C

C

C

RC

C

C

ONI PIS INS INS PIS PIS PIS

A A C1 C1 A A A

B B B B M B B

C C RC C C C

C C C C C C

C C RC C I RC C

RC RC RC C I RC C

RC RC RC C RC C

PIS

A

M

-

-

I

-

-

ONI

A

B

-

-

RC

C

C

ONI

C1

B

-

RC

-

RC

RC

DET DET

C2 C2

B B

C RC

C RC

C RC

C RC

C RC

CAR CAR

C2 C1

B M

C -

C -

C I

C I

C RC

CAR CAR CAR INS CAR INS CAR

C2 C2 C1 C1 F1 A F1

B B B M M M M

C C C I -

C C C -

C C C I I -

C C C I RC

C C C I RC I RC

ONI ONI ONI ONI

A A A A

B M B B

C RC RC C

C RC C

C C RC C

C C RC C

C C I C

INS

A

M

-

-

I

I

I

ONI

C1

B

C

C

C

C

C

ONI

A

B

C

C

C

C

C

GR A GR A GR A GR A GR A GR A GR A GR

C2

M

C

C

C

C

RC

C2

B

C

C

C

C

C

C2

E

C

C

C

C

C

C2

B

C

C

C

C

C

C2

B

C

C

C

C

C

C2

B

C

C

RC

I

I

F2

M

C

C

C

C

C

F2

M

C

C

C

C

C

FAMÍLIA: PHALACROCORACIDAE Phalacrocorax Biguá brasilianos ORDEM: PELICANIFORMES FAMÍLIA: ARDAEIDAE Ardea alba Garça-branca-grande Egretta thula Garça-branca-pequena Bubulcus íbis Garça-vaqueira Syrigma sibilatrix Maria-faceira Tigrisoma lineatum Socó-boi Nycticorax nycticorax Socó-dorminhoco Butorides striata Socozinho FAMÍLIA: CICONIIDAE Mycteria americana Cabeça-seca FAMÍLIA: THRESKIORNITHIDAE Mesembrinibis Coró-coró cayennensis Theristicus caudatus Curicaca ORDEM: CATHARTIFORMES FAMÍLIA: CATHARTIDAE Coragyps atratus Urubu-preto Cathartes aura Urubu-de-cabeçavermelha ORDEM: ACCIPITRIFORMES FAMÍLIA: ACCIPITRIDAE Rupornis magnirostris Gavião-carijó Heterospizias Gavião-caboclo meridionalis Geranoaetus albicaudatus Gavião-de-rabo-branco Ictinia plúmbea Sovi Elanus leucurus Gavião-peneira Chondrohierax uncinatus Gavião-caracoleiro Harpagus diodon Gavião-bombachinha Rosthramus sociabilis Gavião-caramujeiro Leptodon cayanensis Gavião-de-cabeçacinza ORDEM: GRUIFORMES FAMÍLIA: RALLIDAE Aramides cajaneus Saracura-três-potes Aramides saracura Saracura-do-mato Pardirallus nigricans Saracura-sanã Gallinula melanops Frango d’água FAMÍLIA: ARAMIDAE Aramus guaraúna Carão ORDEM: CHARADRIIFORMES FAMÍLIA: CHARADRIIDAE Vanellus chilensis Quero-quero FAMÍLIA: JACANIDAE Jacana jacana Jaçanã ORDEM: COLUMBIFORMES FAMÍLIA: COLUMBIDAE Patagioenas cayennensis Pomba-galega Patagioenas picazuro

Pombão

Columba livia

Pombo-doméstico

Zenaida auriculata

Pomba-de-bando

Columbina talpacoti

Rolinha-roxa

Columbina squammata

Fogo-apagou

Leptotila verreauxi

Juriti-pupu

Leptotila rufaxilla

Juriti-gemedeira

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Artigo original A ORDEM: CUCULIFORMES FAMÍLIA: CUCULIDAE Crotophaga ani Anu-preto Guira guira Anu-branco Piaya cayana Alma-de-gato Tapera naevia Saci Coccyzus euleri Papa-lagarta ORDEM: STRIGIFORMES FAMÍLIA: STRIGIDAE Athene cunicularia Coruja-buraqueira Megascops choliba Corujinha-do-mato Asio clamator Coruja-orelhuda ORDEM: CAPRIMULGIFORMES FAMÍLIA: CAPRIMULGIDAE Hydropsalis albicollis Bacurau Nyctidromus albicollis Bacurau-chintã ORDEM: APODIFORMES FAMÍLIA: APODIDAE Chaetura meridionalis Andorinhão-dotemporal Streptoprocne zonaris Taperuçu-de-coleira FAMÍLIA: TROCHILIDAE Chlorostilbon lucidus Besourinho-do-bicovermelho Amazilia lactea Beija-flor-de-peitoazul Amazilia fimbriata Beija-flor-de-gargantaverde Phaethornis pretrei Rabo-brancoacanelado Eupetomena macroura Beija-flor-tesoura Heliomaster squamosus ORDEM: GALBULIFORMES FAMÍLIA: BUCCONIDAE Malacoptila striata ORDEM: CORACIFORMES FAMÍLIA: ALCEDINIDAE Chloroceryle amazona Chloroceryle americana Megaceryle torquata

INS INS INS INS INS

C2 C2 F2 F2 C2

B B B M M

C C C RC I

C C C RC I

C C C RC -

C C C C -

C C C C -

CAR CAR CAR

C2 F2 F2

B M M

C C RC

C C -

C C -

C C I

C C I

INS INS

C2 C2

B B

RC RC

RC -

RC C

RC RC

RC RC

INS

C2

B

C

C

C

C

C

INS

C2

B

C

C

C

C

C

C2

B

C

C

C

C

C

F2

B

C

C

C

C

RC

F2

B

RC

RC

RC

RC

I

F2

B

C

C

C

C

C

F2

B

C

C

C

C

C

Bico-reto-de-bandabranca

NE C NE C NE C NE C NE C NE C

C2

M

-

-

-

RC

RC

Barbudo-rajado

INS

F1

M

-

-

I

I

I

Martim-pescadorverde Martim-pescadorpequeno Martim-pescadorgrande

PIS

A

B

RC

RC

RC

RC

RC

PIS

A

M

RC

RC

RC

RC

RC

PIS

A

B

C

C

C

C

C

ONI

C2

B

RC

RC

RC

RC

RC

INS

F2

B

C

C

C

C

C

INS

F2

B

C

C

C

RC

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INS INS INS INS INS

C1 F2 F2 C2 C2

C M M B B

C I RC RC

C RC C I

C RC C RC

C I RC C RC

C I C C RC

INS

F1

M

-

-

I

RC

RC

ONI

C1

B

I

-

I

I

I

ONI CAR CAR

C2 C2 C2

B B C

C C

C C

C C

C C

C C

ORDEM: PICIFORMES FAMÍLIA: RAMPHASTIDAE Ramphastos toco Tucanuçu FAMÍLIA: PICIDAE Picumnus cirratus Pica-pau-anãobarrado Colaptes melanochloros Pica-pau-verdebarrado Colaptes campestres Pica-pau-do-campo Veniliornis passerinus Picapauzinho-anão Veniliornis spilogaster Pica-pau-carijó Melanerpes candidus Birro Dryocopus lineatus Pica-pau-de-topetevermelho Celeus flavescens Pica-pau-galego ORDEM: CARIAMIFORMES FAMÍLIA: CARIAMIDAE Cariama cristata Seriema ORDEM: FALCONIFOMES FAMÍLIA: FALCONIDAE Caracara plancus Caracará Milvago chimachima Carrapateiro Falco femoralis Falcão-de-coleira

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Artigo original Falco sparverius ORDEM: PSITTACIFORMES FAMÍLIA: PSITTACIDAE Forpus xanthopterygius

Quiriquiri

CAR

C2

C

Tuim

F2

B

C

C

C

C

C

Pionus maximiliani

Maitaca

F1

M

RC

RC

I

I

I

Psittacara leucophthalmus Brotogeris chiriri

Periquitão-maracanã

FR U FR U FR U FR U FR U

C2

B

C

C

C

C

C

C2

B

-

-

-

RC

RC

F2

M

-

-

-

RC

RC

ONI ONI

F1 F1

M M

RC -

RC -

RC I

RC I

RC I

ONI ONI

F2 F1

B M

C C

C C

C C

C C

C C

INS

F1

M

I

I

RC

RC

C

INS

F2

B

-

-

I

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C C C C I I

C C C C I I

C C C C I I

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-

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C RC

INS INS INS

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RC C C

INS INS INS INS INS INS

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RC C RC I

RC I C C RC

RC RC I C C RC

I C I C C RC

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C2 C1 F2 F2 F2

B B M B B

C C RC C C

C C RC C C

C C RC C C

C C RC C C

C C RC C C

INS INS INS INS INS

C1 C2 F1 C1 C1

B B M M M

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C C -

C C RC I RC

C C RC I RC

C C I I I

Amazona aestiva

Periquito-de-encontroamarelo Papagaio-verdadeiro

ORDEM: PASSERIFORMES FAMÍLIA: THAMNOPHILIDAE Dysithamnus mentalis Choquinha-lisa Thamnophilus Choca-de-chapeuruficapillus vermelho Thamnophilus doliatus Choca-barrada Thamnophilus Choca-da-mata caerulescens FAMÍLIA: CONOPOPHAGIDAE Conopophaga lineata Chupa-dente FAMÍLIA: DENDROCOLAPTIDAE Lepidocolaptes Arapaçu-de-cerrado angustirostris Sittasomus griseicapillus Arapaçu-verde FAMÍLIA: FURNARIIDAE Furnarius rufus João-de-barro Automolus Barranqueiro-de-olholeucophthalmus branco Cranioleuca vulpina Arredio-do-rio Lochmias nematura João-porca Synallaxis frontalis Petrim Synallaxis spixi João-teneném Synallaxis ruficapilla Pichororé Xenops rutilans Bico-virado-carijó FAMÍLIA: PIPRIDAE Antilophia galeata Soldadinho Chiroxiphia caudata

Tangará-dançarino

FAMÍLIA: RHYNCHOCYCLIDAE Todirostrum cinereum Ferreirinho-relógio Poecilotriccus Tororó plumbeiceps FAMÍLIA: TYRANNIDAE Hirundinea ferrugínea Gibão-de-couro Camptostoma obsoletum Risadinha Elaenia flavogaster Guaracava-de-barrigaamarela Elaenia chiriquensis Chibum Phyllomyias faciatus Piolhinho Serpophaga nigricans João-pobre Serpophaga subcristata Alegrinho Myiarchus ferox Maria-cavaleira Myiarchus tyrannulus Maria-cavaleira-derabo-enferrujado Pitangus sulphuratus Bem-te-vi Machetornis rixosa Suiriri-cavaleiro Empidomonus varius Peitica Megarynchus pitangua Neinei Myiozetetes similis Bentevizinho-depenacho-vermelho Tyrannus melancholicus Suiriri Tyrannus savana Tesourinha Hemitriccus nidipendulus Tachuri-campainha Pyrocephalus rubinus Príncipe Gubernetes yetapa Tesoura-do-brejo

SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da Avifauna da Estação Experimental da Syngenta de Holambra. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 70-91, fev. 2016.

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Artigo original Fluvicola nengeta Arundinicola leucocephala Knipolegus lophotes Myiodynastes maculatus Xolmis cinereus Xolmis velatus Leptopogon amaurocephalus Lathrotriccus euleri FAMÍLIA: VIREONIDAE Cyclarhis gujanensis Vireo chivi FAMÍLIA: CORVIDAE Cyanocorax cristatellus FAMÍLIA: HIDUNDINIDAE Pygochelidon cyanoleuca

Lavadeira-mascarada Freirinha

INS INS

A A

B M

C -

C -

C I

C I

C I

Maria-preta-depenacho Bem-te-vi-rajado Primavera Noivinha-branca Cabeçudinho

INS

C1

M

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RC

RC

RC

RC

INS INS INS INS

F2 C1 C1 F1

M B B M

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RC RC -

C RC -

RC RC I RC

RC C RC RC

Enferrujado

INS

F2

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-

-

-

RC

RC

Pitiguari Juruviara

ONI ONI

F2 F2

B M

C C

C C

C C

C RC

C C

Gralha-do-campo

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RC C

Pia-cobra Pula-pula Canário-do-mato Pula-pula-assobiador

INS ONI ONI ONI

F2 F2 F2 F2

M M M M

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RC C RC RC

RC C C RC

I C C RC

Chupim-do-brejo

GR A GR A FR U GR A GR A GR A

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RC

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C -

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C

F2

M

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C

C

C

Andorinha-de-casapequena Progne chalybea Andorinha-domésticagrande Stelgidopteryx ruficollis Andorinha-serradora FAMÍLIA: TROGLODYTIDAE Troglodytes musculus Corruíra FAMÍLIA: TURDIDAE Turdus amaurochalinus Sabiá-poca Turdus leucomelas Sabiá-barranco Turdus rufiventris Sabiá-laranjeira FAMÍLIA: MIMIDAE Mimus saturninus Sabiá-do-campo FAMÍLIA: MOTACILLIDAE Anthus lutescens Caminheiro-zumbidor FAMÍLIA: PASSERELLIDAE Zonotrichia capensis Tico-tico Ammodramus humeralis Tico-tico-do-campo FAMÍLIA: PARULLIDAE Geothlypis arquinoctialis Basileuterus culicivorus Myiothlypis flaveola Myiothlypis leucoblephara FAMÍLIA: ICTERIDAE Pseudoleistes guirahuro Chrysomus ruficapillus

Garibaldi

Icterus pyrrhopterus

Encontro

Gnorimopsar chopi

Graúna

Molothrus bonariensis

Vira-bosta

Sturnella superciliaris

Polícia-inglesa-do-sul

FAMÍLIA: THRAUPIDAE Coereba flaveola

Cambacica

Conirostrum speciosum Dacnis cayana

Conirostrum speciosum Saí-azul

Tersina viridis

Saí-andorinha

Lanio cucullatus Lanio melanops

Tico-tico-rei Tiê-de-topete

Nemosia pileata

Saíra-de-chapéu-preto

Ramphocelus carbo

Pipira-vermelha

SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da Avifauna da Estação Experimental da Syngenta de Holambra. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 70-91, fev. 2016.

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Artigo original Saltator similis Tachyphonus coronatus Sicalis flaveola

Trinca-ferroverdadeiro Tiê-preto

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C

F2

M

-

-

-

-

I

Sicalus luteola

Canário-da-terraverdadeiro Tipio

Sporophila nigricollis

Baiano

Sporophila caerulescens

Coleirinho

Sporophila lineola

Bigodinho

Tangara cayana

Saíra-amarela

Tangara palmarum

Sanhaçu-do-coqueiro

Tangara sayaca

Sanhaçu-cinzento

Thypopsis sordida

Saí-canário

Volatinia jacarina

Tiziu

FAMÍLIA: FRINGILLIDAE Euphonia chlorotica

Fim-fim

Euphonia violacea

Gaturamo-verdadeiro

FAMÍLIA: ESTRILDIDAE Estrilda astrild

Bico-de-lacre

GR A

C2

E

C

C

C

C

C

FAMÍLIA: PASSERIDAE Passer domesticus

Pardal

GR A

C2

E

C

C

C

C

C

SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da Avifauna da Estação Experimental da Syngenta de Holambra. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 70-91, fev. 2016.

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Artigo original Levantamento da avifauna da Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia, MG Rodrigo Santiago Synallaxis Ambiental Ltda.

SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da avifauna da Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia, MG. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 92-111, fev. 2016.

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Artigo original Resumo A avifauna da Estação Experimental de Uberlândia foi estudada em duas campanhas, sendo a primeira em fevereiro (verão) e a segunda em julho (inverno) de 2015, totalizando 160 horas de observações diretas em campo. Dos cerca de 250ha da área, aproximadamente 45ha são ocupados por Áreas de Preservação Permanente e pela Reserva Legal e estas foram subdivididas em oito parcelas representando trechos de Cerradão, Floresta Estacional Semidecidual e Mata de Brejo. Foram registradas 141 espécies de aves pertencentes a 21 ordens e 38 famílias, compreendendo a maioria dos grupos presentes no bioma do Cerrado, além de diversas espécies generalistas presentes em outros biomas, principalmente na Mata Atlântica. Quanto à dieta, as aves insetívoras e onívoras foram as mais frequentes (32,6% e 26,4% respectivamente). A classificação segundo o hábitat típico revelou a predominância

de

espécies

essencialmente

campestres

(37,6%)

e

essencialmente florestais (35,5%). A mata de brejo foi o ambiente mais rico e diverso, abrigando a maioria das espécies exclusivamente florestais, assim como as espécies mais sensíveis a alterações ambientais. As áreas de cultivo, assim como trechos florestais perturbados também apresentaram altas riquezas e diversidades, no entanto as mesmas são o reflexo da presença de diversas espécies generalistas, sinantrópicas e até mesmo exóticas ali encontradas. A integridade dos fragmentos vegetais e a ausência de caça tornam a Estação um refúgio para espécies canoras, cinegéticas e foram registradas até mesmo duas espécies oficialmente listadas como ameaçadas no Estado de Minas Gerais. Palavras-chave: avifauna, levantamento, riqueza, diversidade, cerrado, floresta semidecidual, mata de brejo.

SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da avifauna da Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia, MG. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 92-111, fev. 2016.

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Artigo original Abstract The avifauna of Syngenta’s Experimental Station in Uberlandia was studied in two sampling campaigns, the first one in February (Summer) and the second one in July (Winter), 2015. Eighty hours of field observations were carried out in each phase. The Experimental Station covers an area of about 250 hectares, 45 of which are green areas protected by law. We divided the 45ha of green areas into 8 plots representing fragments of Semi Deciduous Forest, Cerrado and Gallery Forest. 141 bird species were identified. They belong to 21 different order and 38 families, comprising most of the avian groups typical of the Cerrado Biome, as well as generalist species from other biomes, notably the Atlantic Rainforest. Regarding the feeding habits, insectivorous and omnivorous species are the most frequent ones (32.6% and 26.4%, respectively). The classification according to the species’ typical habitats points out that most species occur predominantly, but not exclusively in open areas or forests. The gallery forest was the richest and most diverse environment, where most sensitive species were registered. Crops and disturbed forest fragments also presented high richness and diversity indexes, which are influenced by the presence of generalist and opportunistic species. The integrity of the forest fragments and the absence of hunting allow species that are threatened elsewhere, including two officially endangered species, to thrive in this area, making it a relevant spot for the preservation of local birds. Key words: bird inventory, richness, diversity, cerrado, semi deciduous, gallery forest. Introdução e Objetivos A cidade de Uberlândia está localizada no Triângulo Mineiro, inserido no bioma do Cerrado, que é a maior savana americana, além de ser a mais rica e ameaçada do mundo (SILVA; BATES, 2002). Devido ao ritmo acelerado de sua devastação nas últimas décadas e ao alto grau de SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da avifauna da Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia, MG. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 92-111, fev. 2016.

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Artigo original endemismo, o Cerrado é considerado como um dos principais hotspots mundiais (MYERS et al, 2000). No Triângulo Mineiro o Cerrado encontra-se altamente fragmentado, sendo raros os fragmentos maiores que 100 hectares (ALVES, 2010). Estima-se que restam cerca de 16% da cobertura vegetal original do município de Uberlândia (SCOLFORO & CARVALHO, 2008). O Cerrado possui a terceira maior riqueza de avifauna entre os domínios fitogeográficos brasileiros, com 864 espécies (PINHEIRO & DORNAS, 2009). Os estudos de Franchin & Marçal (2004), Valadão et al (2006 a e 2006 b) e Marçal et al (2009) registraram 309 espécies no município de Uberlândia, ou seja, 35,7% da diversidade de aves de todo o bioma. O presente estudo foi realizado na Estação Experimental Syngenta de Uberlândia, onde a empresa desenvolve pesquisas de campo com os cultivares e defensivos agrícolas que produz. O objetivo deste projeto é descrever a composição, a riqueza e a distribuição da avifauna na área de estudo. Pretende-se que essas informações sirvam como parâmetros para futuras comparações que poderiam indicar potenciais impactos ambientais relacionados às atividades da empresa, assim como para nortear suas ações de recuperação e conservação das áreas prioritárias dentro da propriedade. Materiais e Métodos Área do estudo A Estação Experimental Syngenta de Uberlândia está localizada no limite leste deste município, nas coordenadas 18°56'15.12"S e 48°10'27.88"O. A área total da Estação é de 250ha, dos quais cerca de 190 são ocupados por cultivos, 15ha ocupados por edificações e 45ha ocupados pela Área de

SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da avifauna da Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia, MG. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 92-111, fev. 2016.

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Artigo original Preservação Permanente, juntamente à Reserva Legal, como mostra a Figura 1.

Figura 1: vista aérea da Estação Experimental Syngenta de Uberlândia. Fonte Google Earth, acessado em 14/02/2015.

O estudo foi dividido em duas campanhas, ambas no ano de 2015, sendo a primeira de 13 a 17 de fevereiro, representando a estação chuvosa e a segunda de 6 a 10 de julho, representando a estação seca. As observações em campo ocorreram logo após o nascer do sol, cerca de 7 horas da manhã até o pôr-do-sol, cerca de 19h30min da noite, com uma pausa na hora do almoço. Todas as visitas foram feitas por um par de biólogos e o estudo compreendeu um total de 160 horas de observações diretas, divididas igualmente entre a primeira e a segunda campanha. A área de estudo foi dividida em oito subáreas ilustradas na Figura 2. Além dessas áreas foram anotadas as espécies encontradas nos campos de cultivo e nas edificações da propriedade. As espécies avistadas sobrevoando toda a fazenda sem ocorrer em um hábitat específico foram consideradas como de distribuição “difusa”.

SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da avifauna da Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia, MG. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 92-111, fev. 2016.

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Artigo original

Figura 2: subdivisões da área de estudo utilizadas como unidades para o registro das espécies de aves.

Freitas et al (no prelo, 2016) descreveram a fitofisionomia desta área concomitantemente ao presente estudo. Segundo os autores as subdivisões por nós propostas podem ser classificadas como: Mata de brejo: compreende as áreas 1 e 8. Trata-se de um ecossistema bem conservado, em sucessão secundária, cortado por um pequeno riacho. A mata de brejo apresenta grande diversidade desde o estrato arbóreo até o herbáceo-arbustivo, incluindo grande variedade de epífitas. A árvore predominante é o bulandi (Richeria grandis) e também é notável a presença de buritis (Mauritia flexuosa). SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da avifauna da Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia, MG. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 92-111, fev. 2016.

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Artigo original Cerradão: representado pelas áreas 2 e 7, apresenta alta diversidade de espécies tanto arbóreas quanto herbáceo-arbustivas. São comuns as espécies de caule retorcido, típicas deste ecossistema. As espécies Xylopia aromatica, Dimorphandra mollis, Eriotheca gracilipes, Miconia albicans, Matayba guianensis e Qualea dichotoma dominam a estrutura florestal. Transição entre cerradão e floresta estacional semidecidual: presente nas áreas 3 e 6, este trecho combina espécies desses dois ecossistemas, apresentando tanto árvores de porte elevado, quando espécies de tronco retorcido, típicas do cerrado. Há algumas descontinuidades no dossel e o estado de conservação é intermediário. As espécies Xylopia aromatica,

Byrsonima

pachyphylla,

Siparuna

guianensis

e

Qualea

dichotoma dominam a estrutura florestal. Floresta estacional semidecidual: presente nas áreas 4 e 5, este ecossistema encontra-se menos conservado que a mata de brejo. Há descontinuidades no dossel, que formam clareiras. Os estratos herbáceo e arbustivo são ainda incipientes. A diversidade de espécies é relativamente baixa. As espécies, Casearia grandiflora, Myracrodruon urundeuva, Tapirira marchandi e Tapirira guianensis dominam a estrutura florestal. Amostragem da avifauna Empregamos o método de inventário por busca ativa ao longo de transecções como descrito por Ribon (cap.1) e Straube et al (cap.9) em Von Matter et al (2011). Os registros foram feitos visualmente enquanto os observadores caminhavam pelos transectos lineares. Além da identificação foram anotados para cada espécie o número de indivíduos e a atividade principal destes. Os registros foram feitos por fotografia quando possível. A vocalização

das

aves

foi

utilizada

somente

como

confirmação

da

identificação.

SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da avifauna da Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia, MG. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 92-111, fev. 2016.

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Artigo original Foram utilizados binóculos Nikon 16X50; câmera Sony Cybershot com 25X de zoom acoplada a uma lente conversora de fator 1.7X; um gravador Panasonic RR-US551 para gravação e realização de playback e um microfone Yoga HT-81 para o registro das vocalizações. Análise estatística Quanto à abundância relativa, foram consideradas incomuns (I) as espécies observadas uma única vez ao longo do estudo; relativamente comuns (RC) espécies observadas uma ou duas vezes (inclusive bandos) ao longo do estudo e comuns (C) as espécies observadas três ou mais vezes ao longo do estudo. O número de espécies registradas ao longo de cada visita está demonstrado em curvas cumulativas por coletor. Estes dados permitem estimar a tendência de registro de novas espécies ao longo do tempo. A riqueza e a abundância relativa das espécies foram estimadas a partir das anotações das ocorrências por hora x observador. A análise de diversidade de espécies foi calculada de acordo com o índice de Shannon - Wiener:

H’ = - ∑pi(log pi) Onde: pi = proporção da espécie em relação ao número total de espécimes encontradas nos levantamentos. Para a análise de dominância foi utilizado o índice de Simpson, que reflete a probabilidade de dois indivíduos escolhidos ao acaso na comunidade pertencerem à mesma espécie. Varia de 0 a 1 e quanto mais alto for, maior a probabilidade de os indivíduos serem da mesma espécie, ou seja, maior a dominância e menor a diversidade. É calculado como:

, SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da avifauna da Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia, MG. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 92-111, fev. 2016.

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Artigo original Onde pi : proporção de cada espécie, para i variando de 1 a S (Riqueza A similaridade na abundância de espécies entre os ambientes foi comparada através da análise de agrupamento de Cluster, utilizando-se a distância Euclidiana e apresentada em forma de dendrograma. Resultados e discussão Ao todo foram encontradas 141 espécies de aves distribuídas em 21 ordens e 38 famílias (Tabela 1). A riqueza de espécies é expressiva, dadas as dimensões da área e o tempo de estudo. Malacco et al (2013) registraram 202 espécies em um estudo entre 1999 e 2011, em uma área de 640ha e Marçal Junior et al (2009) registraram 231 espécies em um estudo entre 2006 e 2008, em uma área de 440ha, ambas no município de Uberlândia. A lista completa das espécies amostradas encontra-se em anexo. A riqueza e a diversidade de espécies foram maiores em fevereiro (n=133; Shannon=4,315) que em julho (n=118; Shannon=4,216). Tal diferença pode estar relacionada principalmente à presença de espécies migratórias que ocorrem na região principalmente durante o verão como Tyrannus savana, Sporophila lineola, Ictinia plumbea e Myiodynastes maculatus. Um fator secundário que pode ter contribuído para a maior diversidade de espécies em fevereiro é o comportamento mais conspícuo das aves em geral durante o verão. Algumas espécies difíceis de serem avistadas, como Tapera naevia e Crypturellus tataupa, só foram ouvidas em fevereiro, que corresponde à época reprodutiva na qual vocalizam. A área com maior riqueza e diversidade de espécies foi a mata de brejo (A1: n=49, Shannon= 4,362; A8: n=48, Shannon=3,398). Foi também a área com menor dominância segundo o índice de Simpson (A1=0,044; A8=0,046). Tais resultados refletem o grau de integridade vegetal e a

SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da avifauna da Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia, MG. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 92-111, fev. 2016.

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Artigo original importância da mata de brejo descritas por Freitas et al (neste mesmo volume). A segunda parcela com maior riqueza de espécies foi a área de cultivo (n=48). Por outro lado, o índice de diversidade de Shannon relativamente baixo (3,258) e o índice de dominância de Simpson relativamente alto (0,057) refletem a predominância de grandes bandos compostos por poucas espécies como Patagioenas picazuro, Columba livia e Psittacara leucophthalmus. Todas as espécies encontradas na área de cultivo são resistentes a alterações antrópicas, três delas são espécies exóticas ao menos vinte e três podem ser consideradas sinantrópicas. É curioso notar que tanto nos trechos de floresta estacional semidecidual, quanto na área de cerradão, as áreas mais perturbadas por clareiras e espécies invasivas são justamente as que apresentam maiores riqueza

e

diversidade

(A4:

n=41,

Shannon=3,410;

A7:

n=45,

Shannon=3,383). Acredita-se que tal resultado possa ser explicado pela combinação de espécies tipicamente florestais às espécies campestres e generalistas adentram a mata através das clareiras e trilhas. Os menores valores de riqueza e diversidade foram encontrados nas espécies consideradas como difusas por toda a área de estudo, assim como naquelas

que

ocorrem

nas

áreas

edificadas

(Edificações:

n=20,

Shannon=2,500; Difusas: n=16, Shannon=2,349). Tabela 1: Comparação da riqueza, abundância, índice de dominância de Simpson e índice de diversidade de Shannon entre as diferentes parcelas do estudo. A1

A2

A3

A4

A5

A6

A7

A8

Cult

Difu

Edifi

Tota

Tota

Tota

ivo

sa

c.

l fev.

l

l

julh

gera

o

l

Espécies

49

35

36

41

36

41

45

48

48

16

20

133

118

141

Indivídu

387

195

188

184

158

186

260

370

1344

1133

239

2313

2331

4694

0,044

0,052

0,051

0,044

0,049

0,044

0,048

0,046

0,057

0,115

0,117

0,018

0,020

0,019

3,462

3,228

3,231

3,41

3,257

3,345

3,383

3,398

3,258

2,500

4,315

4,216

os Dominân

3

cia Shannon

2,349

9 4,273

_H

SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da avifauna da Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia, MG. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 92-111, fev. 2016.

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Artigo original A análise de similaridade entre as áreas apresentou maior semelhança entre parcelas vizinhas (mesmo as de fitofisionomias diferentes) que entre parcelas consideradas como de um mesmo tipo fitofisionômico, no entanto fisicamente mais distantes entre si (Figura 3)

Figura 3: Dendrograma da análise de similaridade da composição da avifauna entre as subdivisões da área de estudo.

Quanto aos hábitos alimentares (segundo Marçal Junior et al, 2009), predominam as espécies insetívoras (32,65%) e onívoras (26,24%). Há, no entanto, representantes dos principais grupos tróficos encontrados em aves terrestres (Tabela 2). Tabela 2: distribuição das espécies por hábitos alimentares segundo Marçal Junior et al (2009). *Além de insetos, as espécies consideradas como insetívoras também se alimentam de outros artrópodes e invertebrados. Distribuição das espécies por habito alimentar Insetívoras*

32,65% (46)

Onívoras

26,24% (37)

Frugívoras

14,18% (20)

Granívoras

12,76% (18)

Carnívoras

8,51% (12)

SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da avifauna da Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia, MG. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 92-111, fev. 2016.

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Artigo original Nectarívoras

4,25% (6)

Detritívoras

1,41% (2)

A distribuição das espécies conforme seus hábitats típicos segundo Marçal Junior e colaboradores (2009) revela a predominância de espécies essencialmente

campestres

(37,58%)

ou

florestais

(35,46%).

Não

encontramos uma relação direta entre o tipo de hábitat e a sensibilidade das espécies a alterações ambientais uma vez que nenhuma das espécies exclusivamente campestres ou florestais é oficialmente considerada como ameaçada de extinção (Tabela 3). Tabela 3: distribuição das espécies por hábitat típico segundo Marçal Junior et al (2009). Distribuição das espécies por hábitat típico Exclusivamente campestres

15,60% (22)

Essencialmente campestres

37,58% (53)

Exclusivamente florestais

5,67% (8)

Essencialmente florestais

35,46% (50)

Aquáticas

5,67% (8)

Somente três das espécies registradas são consideradas como endêmicas do cerrado segundo Malacco et. al. (2013). Essas espécies são Antilophia galeata, Saltatricula atricollis e Basileuterus leucophrys. O baixo endemismo corrobora com a descrição fitofisionômica de Freitas et al (no prelo, 2016) segundo a qual, além do cerradão, a área de estudo apresenta trechos expressivos de floresta estacional semidecidual e mata de brejo. O cerrado stricto sensu e as formações campestres de cerrado, onde ocorre a maioria das aves endêmicas deste bioma não são encontrados atualmente na área de estudo. Foram encontradas duas espécies consideradas como ameaçadas pela lista oficial do estado de Minas Gerais (Machado et al, 2008). O mutum-depenacho (Crax fasciolata), incluída na categoria “em perigo” e a araraSANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da avifauna da Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia, MG. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 92-111, fev. 2016.

103


Artigo original canindé (Ara ararauna) na categoria “vulnerável”. Nenhuma dessas espécies consta na última lista brasileira de fauna ameaçada de extinção (IBAMA) ou na lista da 3.1. da IUCN. Quatro das espécies encontradas podem ser consideradas como cinegéticas (MARQUES, 2004): o mutum-de-penacho (Crax fasciolata), a jacupemba (Penelope superciliaris), o inhambu-xintã (Crypturellus tataupa) e a codorna-amarela (Nothura maculosa). O fato dessas espécies serem residentes e, em geral, frequentes na área de estudo denota ausência de pressão de caça. Segundo a lista de aves mais comumente apreendidas durante operações de combate ao tráfico de animais (RENCTAS, 2007), ao menos 34 espécies que ocorrem na área de estudo figuram entre as mais cobiçadas por esta atividade ilegal. O tucano; os sete psitacídeos; e ao menos 26 passeriformes como a graúna, os sanhaços, saíras, saís, canários, sabiás, coleirinha, bigodinho, tiziu, bico-de-lacre e trinca-ferro; estão entre tais espécies. Não foi possível relacionar com precisão todas as espécies da publicação referida à nossa lista de registros devido ao fato de muitas apreensões relatadas somente apresentarem nomes populares que podem designar mais de uma espécie. É possível, no entanto, afirmar que um número muito expressivo das aves encontradas na área de estudo é vítima do tráfico de animais silvestres. A diversidade e a frequência de tais espécies representam um indicador de baixa pressão de captura. Conclusões A Estação Experimental Syngenta de Uberlândia abriga uma avifauna diversa e representativa. A diversidade de hábitats e a presença de trechos significantes de floresta estacional semidecidual, cerradão e mata de brejo propiciam a ocorrência das principais famílias de aves que ocorrem no bioma do Cerrado, além de diversas espécies generalistas de outros biomas, especialmente da Mata Atlântica. A ausência de caça e perseguição torna a SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da avifauna da Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia, MG. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 92-111, fev. 2016.

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Artigo original Estação um refúgio para um grande número de aves canoras e cinegéticas. Foram ainda registradas duas espécies oficialmente classificadas como ameaçadas de extinção, fato que corrobora com a importância da área de estudo na preservação da avifauna local. Referências bibliográficas ALVES, G. B. Mamíferos de médio e grande porte em fragmentos de Cerrado na Fazenda Experimental do Glória (Uberlândia, MG). 2010. 52 f. Dissertação (Mestrado)-Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2010. BIBBY, C. J.; JONES, M.; MARSDEN, S. 1998. Expedition field techniques: bird survey. London: Royal Geographic Society CHIARELO A.G.; AGUIAR L.M.; CERQUEIRA R.; MELO F.R.; RODRIGUES F.H.G.; SILVA V.M.F. 2008. Mamíferos Ameaçados de Extinção no Brasil (Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de extinção do Brasil). 203p. CRUMP M.L.; SCOTT-JR. N.J. 1994. VISUAL ENCOUNTER SURVEYS. IN: HEYER W.R.; DONNELY M.A.; MC DIARMID R.W.; HAYEK L.A.C.; FOSTER M.S. (Eds). Standard methods for amphibians. Washington, Smithsonian Institution Press. CULLEN L.; BODMER E.R.; VALLADARES-PÁDUA C. 2001. Ecological consequences of hunting in Atlantic Forest patches, São Paulo, Brazil. Oryx, 35: 137-144. FRANCHIN, A. G.; MARÇAL JÚNIOR, O. A riqueza da avifauna do Parque do Sabiá, zona urbana de Uberlândia (MG). Biotemas, São Carlos, v. 17, n. 1, p. 179-202, 2004. GREGORY R.D.; GIBBONS D.W.; DONALD P.F. 2004. Bird census and survey techniques. In: Sutherland W.J., Newton I.; Green R.E. (Eds). Bird Ecology and Conservation: A Handbook of Techniques, 17-56. Oxford University Press, Oxford. IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis. 2006. Anexo à Instrução Normativa n° 3 de 27 de maio de 2003, do Ministério do

SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da avifauna da Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia, MG. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 92-111, fev. 2016.

105


Artigo original MACHADO, A. B. M.; FONSECA, G. A. B.; MACHADO, R. B.; AGUIAR, L. M. S.; LINS, L. V. Livro vermelho das espécies ameaçadas de extinção da fauna de Minas Gerais. Belo Horizonte, Fundação Biodiversitas. 1998. MACHADO A.B.M.; DRUMMOND G.M.; PAGLIA A.P. (Eds). 2008. Livro vermelho da fauna brasileira ameaçada de extinção, Volume II, 1.ed. MMA; Fundação Biodiversitas.1420 p. MAGURRAN A. E. 1988. Ecological Diversity and its measurement. New Jersey, Princeton University Press. MALACCO, G.B. et al. Avifauna da Reserva do Clube de caça e Pesca Itororó de Uberlândia. Atualidades Ornitológicas On-line, n. 174, p. 40-53, 2013. MARÇAL JÚNIOR, O., A.G. FRANCHIN, E.F. ALTEFF, E.L. SILVA JÚNIOR & C. MELO (2009) Levantamento da avifauna na Estação Ecológica do Panga. Bioscience Journal 25: 149-164 MARQUES, R. Diagnóstico das populações de aves e mamíferos cinegéticos do Parque Estadual da Serra do Mar, SP, Brasil. Dissertação de Mestrado – ESALQ, pp. 164, 2014. MYERS, N; MITTERMEIER, R. A; MITTERMEIER, C. G; FONSECA, C. A. B; KENT, J. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, v.403, p.853-868. 2000. NEWTON I. 2007. Migration Ecology of Birds. Cambridge. 976p. PINHEIRO, R.T. & T. DORNAS (2009) Distribuição e conservação das aves na região do Cantão, Tocantins: Ecótono Amazônia/cerrado. Biota Neotropica 9(1): 187-205 RENCTAS. 2007. Diagnóstico do tráfico de animais da Mata Atlântica. Relatório técnico. 207p. SANTOS, E.N.; 2014. Contribuição da avifauna como indicador da integridade ambiental na Estação Experimental de Holambra – SP. Dissertação de mestrado. FGV.

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Artigo original SCOLFORO, J.R. & L.M.T. CARVALHO (2008) Inventário florestal de Minas Gerais: Monitoramento da flora nativa 2005 - 2007. Lavras: Editora UFLA. SEIXAS, G.H.F. Projeto papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva): manejo e conservação no Pantanal e Cerrado de Mato Grosso do Sul, Brasil. PUBVET, Londrina, V. 1, N. 8, Ed. 8, Art. 410, 2007. Disponível em: http://www.pubvet.com.br/artigos_det.asp?artigo=410. Acesso em: 06/07/2012. SEMAD - Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (2010) Lista de espécies da fauna ameaçadas de extinção do estado de Minas Gerais. Deliberação Normativa Copam N.º 147, de 30 de abril de 2010 SILVA, J. M. C.; BATES, J. M. Biogeographic patterns and conservation in the South American Cerrado: a tropical savanna Hotspot. BioScience, Albertson, v. 52, n. 3, p. 225-233, 2002 VALADÃO, R.M., A.G. FRANCHIN & O. MARÇAL JÚNIOR (2006a) A avifauna no Parque Municipal Victório Siquierolli, zona urbana de Uberlândia (MG). Biotemas 19(1): 77-87. VALADÃO, R.M., A.G. FRANCHIN & O. MARÇAL JÚNIOR (2006b) A avifauna no Parque Municipal Santa Luzia, Zona Urbana de Uberlândia, Minas Gerais. Bioscience Journal 22: 97-108. VON MATTER et al (organizadores)2011. Ornitologia e Conservação: Ciência Aplicada, Técnicas de Pesquisa e Conservação.Technical Books, 516p.

SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da avifauna da Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia, MG. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 92-111, fev. 2016.

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Artigo original Anexo 1: Lista geral da avifauna da Estação Experimental Syngenta de Uberlândia. Nomenclatura de acordo com CBRO (2014). Hábitat e dieta segunto Marçal Junior et al (2009). Oni= onívora, Car= carnívora, Ins = insetívora (incluindo outros invertebrados), Det= detritívora, Nec = nectarívora, Fru = frugívora, Gran= Granívora. C1= exclusivamente camplestre, C2= essencialmente campestre, F1= exclusivamente florestal, F2= essencialmente florestal, A= aquática. As subdivisões da área de estudo podem ser encontradas na Figura 2.

Nome científico

Nome popular

Ordem: Tinamiformes Família: Tinamidae Crypturellus tataupa Inhambu-chintã Nothura maculosa Codorna-amarela Ordem: Anseriformes; Família: Anatidae Amazonetta brasiliensis Marreca-pé-vermelho Ordem: Galliformes Família: Cracidae Jacupemba Penelope superciliaris Crax fasciolata Mutum-de-penacho Ordem: Pelicaniformes Família: Ardaeidae Ardea alba Garça-branca-grande Bubulcus íbis Garça-vaqueira Syrigma sibilatrix Maria-faceira Família: Threskiornithidae Mesembrinibis cayennensis Coró-coró Theristicus caudatus Curicaca Ordem: Cathartiformes Família: Cathartidae Coragyps atratus Urubu-preto Cathartes aura Urubu-de-cabeça-vermelha Ordem: Accipitriformes Família: Accipitridae Gavião-carijó Rupornis magnirostris Heterospizias meridionalis Gavião-caboclo Geranoaetus albicaudatus Gavião-de-rabo-branco Ictinia plúmbea Sovi Elanus leucurus Gavião-peneira Ordem: Gruiformes Família: Rallidae Aramides cajaneus Saracura-três-potes Pardirallus nigricans Saracura-sanã Ordem: Charadriiformes Família: Charadriidae Vanellus chilensis Quero-quero Ordem: Columbiformes Família: Columbidae Patagioenas cayennensis Pomba-galega Patagioenas picazuro Pombão Columba livia Pombo-doméstico Zenaida auriculata Pomba-de-bando Rolinha-roxa Columbina talpacoti Columbina squammata Fogo-apagou Juriti-pupu Leptotila verreauxi Ordem: Cuculiformes Família: Cuculidae Crotophaga ani Anu-preto Guira guira Anu-branco Piaya cayana Alma-de-gato Tapera naevia Saci Ordem: Strigiformes

Dieta

Hábitat

Frequência

Ocorrência

oni oni

f2 C1

I RC

A1, A2, A8 Cult

oni

a

C

A6 , A8

fru fru

f2 f2

C

A1, A5, A6, A7, A8

C

A1, A4, A7, A8

oni ins ins

a c1 c1

I RC C

A8 Dif Cult

oni oni

a c1

C C

A1, A8 Cult

det det

c2 c2

C RC

Dif Dif

C carn carn carn carn carn

c2 c1 c2 c2 c1

RC RC I I

Cult, Edi, A2, A3, A6, A7 Cult Cult Cult Cult

oni oni

a a

I I

A1, A8 A1

oni

c1

C

Edi, Cult

gran gran gran gran

c2 c2 c2 c2

I C C C C

gran gran

c2 c2

gran

f2

A4 Edi, Cult Edi, Cult Edi, Cult Edi, Cult, A1, A2, A3, A7 Edi, Cult, A7 A1, A2, A3, A5, A6, A8

ins ins ins ins

c2 c2 f2 f2

C C

C C C RC

Cult Cult A2, A3, A7, A8 A1, A8

SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da avifauna da Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia, MG. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 92-111, fev. 2016.

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Artigo original Família: Strigidae Athene cunicularia Ordem: Caprimulgiformes Família: Caprimulgidae Hydropsalis albicollis Ordem: Apodiformes Família: Apodidae Chaetura meridionalis Família: Trochilidae Chlorostilbon lucidus Amazilia fimbriata Phaethornis pretrei Eupetomena macroura Ordem: Galbuliformes Família: Galbulidae Galbula ruficauda Ordem: Piciformes Família: Ramphastidae Ramphastos toco Família: Picidae Picumnus albosquamatus Colaptes melanochloros Colaptes campestres Veniliornis passerinus Melanerpes candidus Ordem: Cariamiformes Família: Cariamidae Cariama cristata Ordem: Falconifomes Família: Falconidae Caracara plancus Milvago chimachima Herpetotheres cachinnans Falco peregrinus Falco femoralis Falco sparverius Ordem: Psittaciformes Família: Psittacidae Ara ararauna Orthopsittaca manilatus Diopsittaca nobilis Psittacara leucophthalmus Eupsittula aurea Brotogeris chiriri Amazona aestiva Ordem: Passeriformes Família: Thamnophilidae Taraba major Thamnophilus pelzeni Thamnophilus doliatus Thamnophilus caerulescens Família: Dendrocolaptidae Lepidocolaptes angustirostris Família: Furnariidae Furnarius rufus Cranioleuca vulpina Lochmias nematura Synallaxis frontalis Família: Pipridae Antilophia galeata Família: Rhynchocyclidae Todirostrum cinereum Família: Tyrannidae Hirundinea ferrugínea Camptostoma obsoletum Elaenia flavogaster Elaenia chiriquensis Phyllomyias faciatus

Coruja-buraqueira

carn

c2

C

Edi, Cult

Bacurau

ins

c2

C

A7, A8, Cult

Andorinhão-do-temporal

ins

c2

RC

Dif

Besourinho-do-bico-vermelho Beija-flor-de-garganta-verde Rabo-branco-acanelado Beija-flor-tesoura

nec nec nec nec

c2 f2 f2 f2

C RC C C

Cult, A4, A5, A7 A1, A4, A8 A1, A8 Edi, A6

Ariramba-de-cauda-ruiva

ins

f2

C

A5, A6

Tucanuçu

oni

c2

C

A1, A3, A4, A8

Pica-pau-anão-escamado Pica-pau-verde-barrado Pica-pau-do-campo Picapauzinho-anão Birro

ins ins ins ins ins

f2 f2 c1 f2 c2

C RC C C RC

A1, A2, A6, A8 A1, A4 Cult A2, A6 A3, A4

Seriema

oni

c1

C

Cult

Caracará Carrapateiro Acauã Falcão-peregrino Falcão-de-coleira Quiriquiri

oni carn carn carn carn carn

c2 c2 f2 c2 c2 c2

C C I I C C

Edi, Cult, A4, A7 Dif A7 Cult Cult Cult

Arara-canindé Maracanã-do-buriti Maracanã-pequena Periquitão-maracanã Periquito-rei Periquito-de-encontroamarelo Papagaio-verdadeiro

fru frug frug frug frug

f2 f2 c2 c2 c2

RC RC C C C C

A1, A2, A8 A1, A8 Cult, A3, A5 Dif Dif Dif

frug frug

c2 f2

C

A1, A2, A3, A7, A8

Choró-boi Choca-do-planalto Choca-barrada Choca-da-mata

oni oni oni

f1 f1 f2

I C RC C

oni

f1

A8 A1, A6, A8 A6, A7, A8 A1, A2, A5, A6, A7, A8

Arapaçu-de-cerrado

ins

f2

C

A3, A4, A6

João-de-barro Arredio-do-rio João-porca Petrim

ins ins ins ins

c1 a a f2

C RC C C

Edi, Cult A1, A8 A1, A8 A1, A3, A7, A8

Soldadinho

frug

f1

C

A1, A2, A3, A6, A8

Ferreirinho-relógio

ins

f2

C

A4, A5, A7

Gibão-de-couro Risadinha Guaracava-de-barrigaamarela Chibum Piolhinho

ins ins

c1 f2

RC C C

Dif A3, A4, A6, A7 A3, A4, A7

ins ins ins

f2 c2 f2

I RC

A6 A3, A5

SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da avifauna da Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia, MG. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 92-111, fev. 2016.

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Artigo original Serpophaga nigricans Serpophaga subcristata Myiarchus ferox Myiarchus tyrannulus Pitangus sulphuratus Machetornis rixosa Empidomonus varius Megarynchus pitanguá Myiozetetes similis Tyrannus melancholicus Tyrannus savana Colonia colonus Pyrocephalus rubinus Gubernetes yetapa Knipolegus cyanirostris Knipolegus lophotes Satrapa icterophrys Xolmis cinereus Xolmis velatus Família: Vireonidae Cyclarhis gujanensis Família: Corvidae Cyanocorax cristatellus Família: Hidundinidae Pygochelidon cyanoleuca Progne chalybea Progne tapera Família: Troglodytidae Cantorchilus leucotis Troglodytes musculus Família: Polioptilidae Polioptila dumicola Família: Turdidae Turdus amaurochalinus Turdus leucomelas Família: Mimidae Mimus saturninus Família: Motacillidae Anthus lutescens Família: Passerellidae Zonotrichia capensis Ammodramus humeralis Família: Parullidae Geothlypis arquinoctialis Basileuterus culicivorus Myiothlypis flaveola Myiothlypis leucophrys Família: Icteridae Psarocolius decumanus Cacicus haemorrhous Icterus pyrrhopterus Gnorimopsar chopi Molothrus bonariensis Sturnella superciliaris Família: Thraupidae Coereba flaveola Conirostrum speciosum Dacnis cayana Hemithraupis guira Lanio cucullatus Lanio penicillatus Nemosia pileata Ramphocelus carbo Saltator maximus Saltator similis Saltatricula atricollis Sicalis flaveola Sicalus luteola

João-pobre Alegrinho Maria-cavaleira Maria-cavaleira-de-raboenferrujado Bem-te-vi Suiriri-cavaleiro Peitica Neinei Bentevizinho-de-penachovermelho Suiriri Tesourinha Viuvinha Príncipe Tesoura-do-brejo Maria-preta-de-bico-azulado Maria-preta-de-penacho Suiriri-pequeno Primavera Noivinha-branca

ins ins ins

f2 f2 c2

I RC RC C

A8 A7 A3, A4, A6, A7 A2, A3, A4

ins oni ins oni oni

c2 c2 c1 f2 f2

C C I RC C

Dif Ed, Cult A6 A5, A6, A7 A1, A4, A6, A8

oni ins ins ins ins ins ins ins ins ins ins

f2 c1 c2 f2 c1 c1 c2 c1 f1 c1 c1

C RC I I I I RC I C C

A1, A2, A7, A8 Cult A8 A3 A1 A6 A7 A6 Cult Cult

Pitiguari

oni

f2

C

A1, A3, A6, A8

Gralha-do-campo

oni

c2

C

A2, A3, A5

Andorinha-de-casa-pequena Andorinha-doméstica-grande Andorinha-do-campo

ins ins ins

c2 c2 c2

C C C

Dif Dif Dif

Garrinchão-de-barrigavermelha Corruíra

C

A1, A6, A8

ins ins

a c2

C

Edi, Cult, A4, A6

Balança-rabo-de-máscara

ins

f2

RC

A3, A4

Sabiá-poca Sabiá-barranco

oni oni

f2 f2

RC C

A1, A6 A1, A6, A8

Sabiá-do-campo

oni

c2

C

Edi, Cult

Caminheiro-zumbidor

ins

c1

C

Cult

Tico-tico Tico-tico-do-campo

oni gran

c2 c1

C C

Cult, A7 Cult

Pia-cobra Pula-pula Canário-do-mato Pula-pula-de-sobrancelha

ins oni oni oni

f2 f2 f2 f2

I I C C

A8 A1 A2, A3, A5, A6, A7 A1, A8

Japu Guaxe Encontro Graúna Vira-bosta Polícia-inglesa-do-sul

oni frug frug oni gran gran

f1 f1 f2 c1 c2 c1

RC I RC C C C

A3, A5, A6 A2 A3, A5, A6 Cult Cult Cult

Cambacica Conirostrum speciosum Saí-azul Saíra-de-papo-preto Tico-tico-rei Pipira-da-taoca Saíra-de-chapéu-preto Pipira-vermelha Tempera-viola Trinca-ferro-verdadeiro Bico-de-pimenta Canário-da-terra-verdadeiro Tipio

nec nec frug oni oni oni frug frug oni oni oni gran gran

f2 f2 f2 f2 f2 f1 f2 f2 f2 f2 c1 c2 c2

C I RC RC C I C C I C I C C

A1, A3, A5, A7, A8 A6 A2, A4 A3, A8 Cult, A5, A6, A7 A6 A3, A4, A5, A7 A1, A6, A7, A8 A1 A1, A6, A7, A8 A7 Edi, Cult, A4, A7 Cult, A7

SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da avifauna da Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia, MG. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 92-111, fev. 2016.

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Artigo original Sporophila nigricollis Sporophila caerulescens Sporophila lineola Tangara cayana Tangara sayaca Thypopsis sordida Volatinia jacarina Euphonia chlorotica Estrilda astrild Passer domesticus

Baiano Coleirinho Bigodinho Saíra-amarela Sanhaçu-cinzento Saí-canário Tiziu Fim-fim Bico-de-lacre Pardal

gran gran gran frug frug frug gran frug gran gran

c2 c2 c2 f2 f2 f2 c2 f2 c2 c2

C C RC C RC I C C RC C

Cult, A7 Cult, A4, A7 A7, A8 A1, A3, A5, A8 A1, A2, A5 A1, A8 Cult Edi, A4, A6, A7 Cult, A5, A6 Edi, Cult

SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da avifauna da Estação Experimental da Syngenta em Uberlândia, MG. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 92-111, fev. 2016.

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Artigo original Levantamento da mastofauna de médio e grande porte da Estação Experimental Syngenta de Holambra, São Paulo Rodrigo Santiago Synallaxis Ambiental Ltda.

SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da mastofauna de médio e grande porte da Estação Experimental Syngenta de Holambra, São Paulo. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 112-131, fev. 2016.

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Artigo original Resumo A mastofauna de médio e grande porte foi monitorada na Estação Experimental Syngenta de Holambra em cinco campanhas entre 2002 e 2015. Nesse período foram empregadas cerca de 570 horas de observações diretas em campo somadas a cerca de 8.000 horas/câmera. Foram encontradas 21 espécies pertencentes a 7 ordens e 15 famílias. Duas dessas espécies, a jaguatirica e a onça-parda, são oficialmente consideradas como ameaçadas de extinção. A Estação serve também de refúgio para espécies de valor cinegético como a paca, o veado-catingueiro e a cotia. Cães ferais são uma das principais ameaças às espécies locais. A comparação com outros estudos em áreas próximas, juntamente com a estabilização da curva do coletor indicam que os principais mamíferos de médio e grande porte que poderiam ocorrer na área já foram encontrados. Estão ausentes, no entanto, grandes primatas como o bugio, o macaco-prego e o sauá. O fato dos reflorestamentos mais antigos serem justamente as áreas de maior diversidade indica a efetividade dos mesmos na recuperação da fauna local. A recuperação das demais espécies depende, no entanto, da maior conectividade entre os fragmentos da macrorregião. Palavras-chave: mastofauna, recuperação ambiental, monitoramento, cães ferais, corredores ecológicos. Abstract Medium and large sized mammals from Syngenta’s Experimental Station of Holambra were monitored in five field visits from 2002 to 2015. Direct field observations were carried out for 570 hours, combined with about 8000 camera hours. Twenty-one (21) species, from 7 orders and 15 families were recorded. Puma concolor and Leopardus pardalis are officially considered as endangered.

The Station is a refuge to species hunted by poachers

elsewhere such as Dasyprocta azarae, Cuniculus paca and Mazama gouazoubira. Feral dogs are a major threat to the local species. The species accumulation curve, as well as comparison to other studies in nearby areas, SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da mastofauna de médio e grande porte da Estação Experimental Syngenta de Holambra, São Paulo. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 112-131, fev. 2016.

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Artigo original indicates that most of the medium and large sized mammal species expected to occur, have already been recorded. Large primates such as Alouatta sp., Sapajus sp. and Callicebus sp. remain absent in the area. The fact that the oldest reforested areas are the richest and most diverse ones points out the efficiency of the environmental recovery measures taken over the last two decades. The complete recovery of mammal species depends on the reestablishment of the connectivity among forest fragments, which are currently isolated. Key words: medium and large sized mammals, environmental recovery, feral dogs, monitoring, forest connectivity.

Introdução A mastofauna da Estação Experimental Syngenta de Holambra foi monitorada em cinco campanhas: 2002, 2005, 2010, 2013 e 2015, totalizando cerca de 570 horas de observações em campo. O monitoramento foi iniciado com o objetivo de acompanhar a efetividade das medidas de recuperação ambiental, especialmente os reflorestamentos implementados na área desde 1991. Esta iniciativa também pretende monitorar possíveis impactos ambientais nas dependências da Estação Experimental de Holambra através

do

inventário

qualitativo-quantitativo

da

mastofauna

feito

comparativamente ao longo prazo. Uma vez que o objetivo central deste trabalho é o de utilizar a mastofauna como indicador ambiental, empregamos metodologias rápidas, que encontrassem o maior número de espécies sensíveis sem a necessidade de armadilhas de captura que exigem a autorização prévia de órgãos ambientais (Pardini et al., 2003). Este estudo se restringe às espécies de mamíferos detectáveis através de observações diretas (visual e auditiva), SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da mastofauna de médio e grande porte da Estação Experimental Syngenta de Holambra, São Paulo. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 112-131, fev. 2016.

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Artigo original indiretas (rastros e pegadas), combinadas ao uso de armadilhas fotográficas (camera traps). Métodos Área de Estudo A estação experimental Syngenta localiza-se na zona rural do município de Holambra – SP nas coordenadas 22°38’S, 47°05’O, a cerca de 600 metros de altitude. A vegetação típica local é a floresta estacional semidecidual. A região de Holambra apresenta clima Cwa, segundo classificação pelo sistema KOEPPEN. O clima Cwa caracteriza-se por clima quente, inverno seco, temperatura média acima de 22°C no mês mais quente e abaixo de 18°C no mês mais frio, além de menos de 30mm de chuva no mês mais seco. É importante mencionar que 2014 foi um dos anos mais quentes e secos desde que os dados meteorológicos começaram a ser registrados sistematicamente. A seca e o calor anormais causaram racionamento de água e perdas agrícolas por toda a região sudeste do país. A estação ocupa uma área de aproximadamente 46 ha à qual se agregam áreas vizinhas conforme as necessidades de cultivo. Há grande diversidade de culturas, todas ocupando parcelas relativamente reduzidas e em caráter de ensaio. Essas culturas são tanto permanentes (café, laranja e uva) quanto anuais (soja, milho, girassol, arroz, etc.). Há dois pequenos riachos intermitentes correndo nos limites norte e sul da propriedade e ambos foram represados para fins de irrigação. Seguimos neste estudo a divisão das sub-regiões conforme proposto apresentado no levantamento florístico, neste mesmo volume, pela empresa Bio.Sensu (Figura 1).

SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da mastofauna de médio e grande porte da Estação Experimental Syngenta de Holambra, São Paulo. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 112-131, fev. 2016.

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Artigo original

Figura 1. Divisão das áreas de preservação de acordo com o levantamento florístico realizado pela empresa Bio.Sensu, artigo no mesmo volume. A área R6 foi adicionada pelo autor. Legenda: R1: Plantio 2005; R2: Plantio 1999/2001; R3: Plantio 1997; R4: Plantio 1993; R5: Plantio 1992; e, R6: Plantio 2010. P: Pomar; F1: Remanescente de floresta estacional semidecidual; e, RC: Remanescente de floresta estacional ciliar

Pretende-se desta forma relacionar o diagnóstico florístico à diversidade de avifauna e mastofauna (Figura 2).

SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da mastofauna de médio e grande porte da Estação Experimental Syngenta de Holambra, São Paulo. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 112-131, fev. 2016.

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Artigo original

Figura 2: fotografias representativas de cada área considerada para o levantamento faunístico.

Campanhas do monitoramento Ao longo do tempo as campanhas do monitoramento amadureceram e ganharam refinamento metodológico. As particularidades de cada campanha são descritas abaixo.

SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da mastofauna de médio e grande porte da Estação Experimental Syngenta de Holambra, São Paulo. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 112-131, fev. 2016.

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Artigo original O monitoramento de 2002-2003 foi o mais longo e abrangente de todos, incluindo todos os grupos de vertebrados ao longo de um ano inteiro. Por outro lado, as metodologias empregadas careciam de padronização. O monitoramento de 2005 foi o mais curto de todos. A partir deste foi decidido restringir o estudo à avifauna e à mastofauna. Nesse estudo foi feita uma tentativa de se correlacionar a composição de espécies aos tipos de cultivo então presentes. Tal tentativa foi falha devido à alta rotatividade da maioria dos plantios. A partir de 2010 (em seguida em 2013 e 2014) os inventários passaram a ser mais comparáveis quanto à duração, à metodologia de registro e ao esforço amostral. O último estudo teve início no dia 27 de janeiro de 2014 e foi concluído no dia 7 de fevereiro de 2015, compreendendo tanto a estação seca (setembro e outubro de 2014 foram excepcionalmente secos) à estação chuvosa. Durante este período foram feitas 10 visitas ao local. Amostragem da mastofauna Foram combinadas a amostragem por transectos lineares adaptada de Pardini et al. (2003) à utilização de armadilhas fotográficas. As poucas espécies da mastofauna avistadas durante as observações diretas foram identificadas com o auxílio do binóculo Nikon Action 12x50 mm e 16x50mm. Além disso, foram instaladas três armadilhas fotográficas revezadas a cada mês nas localidades apontadas na Figura 3. Foram utilizados como iscas pedaços de bacon, restos de peixes, pedaços de banana e linguiça calabresa, que foram repostos a cada visita. Foram usados três modelos de armadilhas fotográficas:

Bushnell TrophyCam (flash infravermelho),

Moultry Scoutguard (flash incandescente) e Primos TruthCam35 (flash infravermelho). SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da mastofauna de médio e grande porte da Estação Experimental Syngenta de Holambra, São Paulo. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 112-131, fev. 2016.

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Artigo original A grande maioria de mamíferos são animais de hábitos solitários, noturnos e crípticos, razões que tornam consideravelmente difícil a sua visualização em condições naturais e transformam o estudo de suas populações em um desafio (BECKER; DALPONTE, 1999). O advento das armadilhas fotográficas tem ajudado pesquisadores a superar tais dificuldades. O tempo total de funcionamento das armadilhas fotográficas desde 2010 foi de cerca de 8.000 horas.

SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da mastofauna de médio e grande porte da Estação Experimental Syngenta de Holambra, São Paulo. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 112-131, fev. 2016.

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Artigo original

Figura 3: Localização das armadilhas fotográficas instaladas (pontos de 1 a 10) e imagens dos modelos de câmeras utilizados (Bushnell à esquerda e Scoutguard à direita).

Análise estatística: Quanto à abundância relativa, foram consideradas incomuns (I) as espécies observadas uma única vez ao longo do estudo; relativamente comuns (RC) espécies observadas uma ou duas vezes (inclusive bandos) ao longo do estudo e comuns (C) as espécies observadas três ou mais vezes ao longo do estudo. O número de espécies de mamíferos registrados ao longo de cada visita foi utilizado para a obtenção está curvas cumulativas por coletor. Estes dados permitem estimar a tendência de registro de novas espécies ao longo do tempo. A análise de diversidade de espécies por local foi calculada de acordo com o índice de Shannon - Wiener: H’ = - ∑pi(log pi)

Onde: pi = proporção da espécie em relação ao número total de espécimes encontradas nos levantamentos. A diversidade é adimensional. Para a análise de dominância foi utilizado o índice de Simpson, que reflete a probabilidade de dois indivíduos escolhidos ao acaso na comunidade pertencerem à mesma espécie. Varia de 0 a 1 e quanto mais alto for, maior a probabilidade de os indivíduos serem da mesma espécie, ou seja, maior a dominância e menor a diversidade. É calculada como: SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da mastofauna de médio e grande porte da Estação Experimental Syngenta de Holambra, São Paulo. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 112-131, fev. 2016.

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Artigo original Onde pi é a proporção de cada espécie, para i variando de 1 a S (Riqueza). A similaridade na abundância de espécies entre as áreas consideradas foi comparada através da análise de agrupamento de cluster, utilizando-se a distância Euclidiana e apresentada em forma de dendrogramas. Resultados e discussão Foram identificadas 21 espécies de mamíferos pertencentes a 15 famílias e 7 ordens.

Número semelhante aos de mamíferos de médio e

grande porte registrados por outros estudos em áreas próximas. Monteiro Filho (1995) encontrou o mesmo número de espécies na Mata de Santa Genebra, um fragmento de cerca de 250ha a 17km de distância da Estação. Duas das espécies por nós encontradas, a onça-parda e a lebre-europeia não foram encontradas nesse estudo. Outras duas espécies, o bugio e o macaco-prego, foram encontradas na Mata de Santa Genebra, mas não em nosso estudo. Gaspar (2005) estudou a mata do Ribeirão Cachoeira, uma área de 240ha a cerca de 23km de distância da Estação Experimental de Holambra. A autora combinou armadilhas para pequenos mamíferos a observações diretas, camas de areia com iscas e armadilhas fotográficas. Todas as espécies por nós registradas também foram relatadas para a mata do Ribeirão Cachoeira. Seis espécies encontradas pela autora não foram registradas em nosso estudo, foram estas o lobo-guará, o gato-maracajá, o jaguarundi, o bugio, o macaco-prego e o sauá. Magioli (2013) compilou estudos em oito fragmentos de 30 ha a 250 ha em um raio de 20 km de distância da Estação Experimental de Holambra e encontrou entre 12 e 26 espécies de mamíferos de médio e grande porte. SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da mastofauna de médio e grande porte da Estação Experimental Syngenta de Holambra, São Paulo. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 112-131, fev. 2016.

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Artigo original Há uma tendência de aumento na riqueza e na diversidade de espécies entre 2003 e 2015, apesar dos resultados díspares entre as campanhas (Figuras 4 e 5).

Comparação da riqueza total de espécies da mastofauna 20 15 10 5 0 2003

2005

2010

2013

2015

Figura 4: Comparação do número total de espécies (eixo Y) registradas ou observadas da mastofauna nos anos de 2003, 2005, 2010, 2013 e 2015 (eixo X).

Comparação dos índices de Shannon para a mastofauna 2,9 2,8 2,7 2,6 2,5 2,4 2,3 2,2 2,1 2003

2005

2010

2013

2015

Figura 5: Comparação dos índices de diversidade de Shannon-Wiener (eixo Y) para a mastofauna nos anos de 2003, 2005, 2010, 2013 e 2015 (eixo X).

A composição relativa da mastofauna total conforme o habito alimentar

está

apresentada

na

Figura

6.

A

composição

é

predominantemente de onívoros e herbívoros.

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Artigo original Composição relativa da mastofauna conforme o hábito alimentar 9% 5% 5%

Herbívoros 38%

Onívoros Insetívoros Piscívoros Carnívoros

43%

Figura 6: Composição relativa da mastofauna conforme o hábito alimentar.

A campanha de 2005 foi a mais pobre e menos diversa, no entanto foi também a de menor duração e esforço de coleta (Tabela 1). Os motivos potenciais para a discreta queda dos valores da campanha 2015 são discutidos abaixo. Tabela 1: Comparação da riqueza total de espécies, abundância de indivíduos, índice de dominância de Simpson e índice de Shannon-Wiener para mastofauna. R1: Plantio 2005, R2: Plantio 1999/2001, R3: Plantio 1997, R4: Plantio 1993, R5: Plantio 1992, R6: Plantio 2010, P: Pomar, F1: Remanescente de floresta estacional semidecidual, RC: Remanescente de floresta estacional ciliar. R1

R2

R3

R4

R5

R6

P

F1

FC

7

9

11

9

10

11

5

11

13

51

60

71

76

69

65

49

78

75

0,652

0,521

0,544

0,502

0,513

0,736

0,849

0,501

0,527

2,187

2,293

2,390

2,319

2,288

2,054

1,990

2,377

2,418

Número de Espécies Número de Indivíduos I. Simpson I. Shannon Wiener

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Artigo original A área apresenta uma mastofauna relativamente diversa (Figura 7) considerando suas dimensões, composta predominantemente por espécies resistentes

a

antropização

de

ambientes

florestais

e

encontradas

naturalmente em áreas de borda ou fragmentadas como é o caso do cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) e o gambá (Didelphis albiventris).

Figura 7: algumas das espécies de mamíferos nativos registrados pelas câmeras.

Quatro das espécies registradas podem ser consideradas como exóticas para a área: o cão-doméstico, o ratão-do-banhado, a lebre-europeia e o gato doméstico. O ratão-do-banhado é nativo dos banhados do sul do país e não conseguimos identificar impactos negativos causados por sua presença. SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da mastofauna de médio e grande porte da Estação Experimental Syngenta de Holambra, São Paulo. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 112-131, fev. 2016.

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Artigo original A lebre-europeia é uma espécie recente na região. Foi registrada pela primeira vez em 2005 e foi relativamente comum em 2010. No entanto a mesma foi considerada como incomum nos últimos estudos, provavelmente devido à perseguição pelos cães domésticos. Os cultivos da Estação têm apresentado danos causados pela lebre-europeia. Os gatos e principalmente os cães domésticos apresentaram grande aumento de registro em 2015. Os cães foram avistados perseguindo animais como o veado-catingueiro e o tatu-galinha. A predação dos cães pode estar relacionada à ausência dos veados-catingueiros, preás e dos ouriços no último estudo. Galleti (2006) relata impactos semelhantes causados pela presença de cães ferais em um fragmento florestal da região de Campinas. A Figura 8 mostra alguns dos exemplares de cães e gatos ferais registrados pelas câmeras.

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Artigo original

Figura 8: alguns dos exemplares de cães e gatos registrados pelas câmeras.

Outro fator que pode ter contribuído para a queda relativa da diversidade em 2015 foi a grave crise hídrica que acometeu todo o estado de São Paulo neste período. A comparação dos registros de mastofauna entre os períodos levantados está apresentada na Tabela 2. Tabela 2: Comparação da diversidade de mastofauna entre os anos de 2003, 2005, 2010, 2011, 2013 e 2015. A abundância relativa foi categorizada como: incomum (I), somente um registro; relativamente comum (RC) entre 2 e 4 registros e comum (C), acima de 5 registros. Nome científico

Nome popular

Stat.

Reg.

2003

2005

2010

2013

2015

Ordem: Artiodactyla Família: Cervidae

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Artigo original Mazama

Veado-catingueiro

-

CT-P

RC

I

-

RC

-

Lupus familiaris

Cachorro-doméstico

-

CT-P-V

C

C

C

C

C

Cerdocyon thous

Cachorro-do-mato

-

CT-P-V

RC

C

C

C

C

Leopardus pardalis

Jaguatirica

En(SP)

P

-

-

I

I

I

Felis catus

Gato-doméstico

-

CT-P-V

-

-

-

RC

C

Puma concolor

Suçuarana

En

P

-

-

-

I

I

Galictis cuja

Furão

DD

P-V

I

-

-

I

I

Lontra longicaudis

Lontra

-

CT-P-V

-

I

RC

I

I

Eira barbara

Irara

-

P

-

-

I

I

I

Mão-pelada

-

CT-P-V

C

C

C

C

RC

Tatu-galinha

-

CT-P-V

C

RC

C

C

I

Didelphis

Gambá-de-orelha-

-

CT-P-V

C

C

C

C

C

albiventris

branca

gouazoubira Ordem: Carnivora Família: Canidae

Família: Felidae

Família: Mustelidae

Família: Procyonidae Procyon cancrivorus Ordem: Cingulata Família: Dasypodidae Dasypus novemcinctus Ordem: Didelphiomorpha Família: Didelphidae

Ordem: Lagomorpha Família: Leporidae Lepus europaeus

Lebre-europeia

-

CT-P-V

-

I

RC

C

I

Sylvilagus

Tapeti

DD

CT-P-V

I

I

RC

RC

I

Preá

-

V

C

RC

-

-

-

Ratão-do-banhado

-

P-V

RC

-

-

C

RC

Cutia

-

P-V

I

-

I

I

I

Paca

-

CT-P

-

-

C

C

C

Ouriço-cacheiro

DD

P-V

C

RC

-

-

-

Capivara

-

CT-P-V

C

RC

RC

RC

I

Serelepe

-

V

RC

-

-

I

I

brasiliensis Ordem: Rodentia Família: Caviidae Cavia aperae Família: Capromyidae Myocastor coypus Família: Dasyproctidae Dasyprocta azarae Família: Cuniculidae Cuniculus paca Erethizontidae Coendou prehensilis Família: Hydrochoeridae Hydrochoerus hydrochaeris Família: Sciuridae Gerlinguetus ingrami

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Artigo original Não foi possível o registro fotográfico de felinos selvagens. Tratam-se de espécies muito ariscas e de hábitos discretos. Suas pegadas foram registradas na mata ciliar próxima ao lago sul. A jaguatirica é considerada como ameaçada pela lista paulista, mas foi recentemente retirada da lista nacional. Já a onça-parda é considerada como ameaçada na lista paulista e vulnerável na lista nacional (SMA 2014). Ao menos dois indivíduos de onça-parda foram avistados pelos colaboradores

da

Estação,

um

dos

quais

carregava

um

colar

radiotransmissor. É muito provável que esse indivíduo tenha sido marcado pelo projeto Corredor das Onças, uma iniciativa do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em parceria com o Instituto de Economia da UNICAMP para melhorar a conectividade dos fragmentos florestais da região de Campinas. O fato dos rastros terem sido registrados repetidamente ao longo dos anos, no entanto em baixa abundância reforça a noção de que tais felinos utilizam a área como passagem, mas não necessariamente residem na mesma. A lontra, espécie anteriormente considerada como “quase ameaçada” na lista paulista, foi recentemente retirada da mesma. Essa espécie ocorreu tanto no lago norte quanto no lago sul ao longo de toda a duração do estudo. O tapeti, o furão e o ouriço são atualmente considerados como “insuficientemente avaliadas” na lista oficial paulista e não estão inclusas na última lista nacional de espécies ameaçadas de extinção. A persistência de rastros em áreas específicas nos faz crer que o tapeti é uma espécie residente na área. Já a ocorrência do furão é esporádica e imprevisível. O também tem a ocorrência imprevisível e por se tratar de uma espécie predominantemente arbórea, raramente deixa pegadas visíveis. Além de

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Artigo original encontros fortuitos, sua presença foi denunciada através de cães ferais que o perseguiam. A curva do coletor da última campanha aponta a tendência de estabilização dos registros (Figura 9). A comparação deste levantamento com outros estudos semelhantes em áreas próximas reforça a ideia de que as espécies mais frequentes que poderiam ocorrer na Estação Experimental de Holambra já foram identificadas. Há somente seis outras espécies de mamíferos de médio e grande porte citados para a área e que não foram encontradas por nós. Dessas, acreditamos que outros predadores como o jaguarundi, o gato-do-mato e o lobo-do-mato possam vir a utilizar a área como corredor de passagem para alimentação. Já os primatas maiores como o bugio, o macaco-prego e o sauá são importantes dispersores que provavelmente poderiam utilizar a área como parte de seu território caso tenham acesso para recolonizá-la. Curva cumulativa de espécies da mastofauna por mês Campanha de 2015 25

N° de espécies

20 15 10 5 0 1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Figura 9: Curva cumulativa de espécies ao longo dos meses da última campanha de 2015.

Os dados mostram que os esforços de recuperação ambiental empregados nas últimas décadas, especialmente os reflorestamentos, têm propiciado o aumento da riqueza e da diversidade da mastofauna, atraindo até mesmo espécies ameaçadas da fauna local e nacional. Acreditamos também que a recuperação plena da composição de espécies depende do SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da mastofauna de médio e grande porte da Estação Experimental Syngenta de Holambra, São Paulo. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 112-131, fev. 2016.

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Artigo original sucesso de iniciativas macrorregionais como o projeto Corredor das Onças. A maior conectividade das matas ciliares de toda a região permitiria a recolonização da área por espécies-chave como os grandes primatas, que atualmente se encontram isolados em pequenos fragmentos. As áreas mais ricas e diversas foram as matas nativas e os reflorestamentos mais antigos, especialmente próximos aos corpos d’água. Além das espécies associadas à água como a capivara, o mão-pelada e a lontra, outras espécies como a paca, a cutia e a irara se deslocam preferencialmente pela mata ciliar. A análise de agrupamento das áreas conforme a similaridade das abundâncias de mamíferos (Análise de Cluster) está apresentada na Figura 10. Há uma evidente separação em 2 grupos, o primeiro composto pela mastofauna registrada nas áreas de reflorestamento mais próximas de corpos hídricos , e o segundo de áreas mais afastadas da água.

Figura 10: Dendrograma da análise de Cluster entre as subáreas da Estação Experimental para mastofauna. R1: Plantio 2005, R2: Plantio 1999/2001, R3: Plantio 1997, R4: Plantio 1993, R5: Plantio 1992, R6: Plantio 2010, P: Pomar, F1: Remanescente de floresta estacional semidecidual, RC: Remanescente de floresta estacional ciliar. SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da mastofauna de médio e grande porte da Estação Experimental Syngenta de Holambra, São Paulo. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 112-131, fev. 2016.

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Artigo original Referências bibliográficas BECKER M.; DALPONTE J.C. 1999. Rastros de mamíferos silvestres brasileiros: Um guia de campo 2° ed. Universidade de Brasília. 180p. FULLER P. 2008. Myocastor coypus. USGS Nonindigenous Aquatic Species Database, Gainesville, FL. http://nas.er.usgs.gov/queries/FactSheet.asp?speciesID=1089> Revision Date: 5/19/2005 GALETTI, M; SAZIMA, I. Impacto de cães ferais em um fragmento urbano de Floresta Atlântica no sudeste do Brasil. Natureza & Conservação, n.1, p.58-63, 2006. GASPAR, D.A. Comunidade de mamíferos não-voadores de um fragmento de Floresta Atlântica semidecídua do município de Campinas/S.P. 2005. 161f. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas - Ecologia) – Departamento de Zoologia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005. MAGIOLI M. 2013. Conservação de mamíferos de médio-grande porte em paisagem agrícola: estrutura de assembleias, ecologia trófica e diversidade funcional. Dissertação Escola superior de agricultura “Luiz de Queiroz”. Piracicaba. MONTEIRO FILHO, E.L.A. Os mamíferos da Santa Genebra. In: MORELLATO, P.C.; LEITÃO FILHO, H. (Org.). Ecologia e preservação de uma floresta tropical urbana. 1.ed. Campinas: Editora da Unicamp, 1995. p.86-92. PARDINI, R.; DITT, E.H.; CULLEN JR, L.; BASSI, C.; RUDRAN, R. Levantamento rápido de mamíferos terrestres de médio e grande porte. In: CULLEN JR., L.; RUDRAN, R.; VALLADARES-PÁDUA, C. Métodos de estudos em biologia da conservação e manejo da vida silvestre. 1.ed. Curitiba: Editora da Universidade Federal do Paraná, 2003. p.181-201. RIBEIRO R.S.; EGITO G.T.B.T.; HADDAD C.F.B. 2005. Chave de identificação: anfíbios anuros da vertente de Jundiaí da Serra do Japi, estado de São Paulo. Biota Neotropical 5 (2): 1-15. RÖHE, F. Hábitos alimentares de suçuarana (Puma concolor) (Linnaeus 1771) em Mosaico de Floresta Secundária e reflorestamento de Eucaliptus saligna, em Mata Atlântica, no Município de Pilar do Sul – SP. 2002. 83p. (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2002. SMA-SP. 2014. Decreto Nº60.133, 7 de fevereiro de 2014. Lista oficial das espécies ameaçadas do Estado de São Paulo.

SANTIAGO, Rodrigo. Levantamento da mastofauna de médio e grande porte da Estação Experimental Syngenta de Holambra, São Paulo. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 112-131, fev. 2016.

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Artigo original Mastofauna de médio e de grande porte da Estação Experimental Syngenta de Uberlândia – MG Rodrigo Santiago Synallaxis Ambiental Ltda.

SANTIAGO, Rodrigo. Mastofauna de médio e de grande porte da Estação Experimental Syngenta de Uberlândia – MG. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 132-149, fev. 2016.

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Artigo original Resumo A mastofauna de médio e grande porte da Estação Experimental Syngenta de Uberlândia foi levantada por observações diretas, pegadas e armadilhas fotográficas. O estudo foi dividido em duas campanhas, uma em fevereiro e outra em julho, de 2015, cada uma com oitenta horas de observações diretas, somadas a cerca de 3000 horas/câmera. Foram registradas 17 espécies, pertencentes a 8 ordens e 12 famílias, representando a maioria dos grupos taxonômicos que ocorrem no bioma do Cerrado. Esse número é comparável ao de outros estudos semelhantes feitos no mesmo município. A Mata de Brejo da Estação foi o ambiente com maior riqueza e diversidade de espécies, seguida pela Floresta Estacional Semi-decidual, Cerradão e, por último, as áreas de cultivo. Cinco das espécies identificadas estão oficialmente classificadas em algum nível de ameaça de extinção: Chrysocyon brachyurus, Pseudalopex vetulus, Puma concolor, Myrmecophaga tridactyla e Tamandua tetradactyla. Essas espécies são aparentemente residentes na área, o que evidencia a importância da Estação para a manutenção da mastofauna local. Palavras-chave: mastofauna de médio e grande porte, pegadas, rastros, armadilhas fotográficas, amaçada de extinção.

Abstract Large and medium sized mammals from Syngenta’s Experimental Station of Uberlandia were recorded through direct observations (sightings and footprints) and camera traps. The study was divided into two 80-hour campaigns, the first one in February and the second one in July, 2015, as well as about 3000 camera/hours. A total of 17 species were recorded, belonging to 8 orders and 12 families. They represent most of the mammalian taxonomic groups which occur in the Cerrado biome. This diversity of species is compatible with other similar studies carried out in Uberlandia. The Gallery Forest was the richest and most diverse environment, followed by the Seasonal Semideciduous Forest, Cerrado Forest and crops. Five of the identified species are officially considered as endangered: Chrysocyon brachyurus, Pseudalopex vetulus, Puma concolor, Myrmecophaga tridactyla and Tamandua tetradactyla. These species were frequently recorded during the study, therefore the area of the Experimental Station is a relevant site for the maintenance of relevant mammal species. Key words: medium and large sized mammals, footprints, tracks, camera traps, endangered SANTIAGO, Rodrigo. Mastofauna de médio e de grande porte da Estação Experimental Syngenta de Uberlândia – MG. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 132-149, fev. 2016.

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Artigo original Introdução e objetivos A região de Uberlândia está inserida no bioma do Cerrado, considerado como um dos hotspots de biodiversidade mundiais. (Myers et. al, 2000) O município faz parte do Triângulo Mineiro, onde o Cerrado está reduzido a pequenas manchas que, individualmente, não excedem 100ha (Alves, 2010). Este estudo faz parte de uma iniciativa da Syngenta para identificar a fauna de mamíferos que ocorre na Estação Experimental de Uberlândia de forma a subsidiar a tomada de decisões que envolvam a saúde ambiental do ecossistema local. Uma vez que o objetivo central deste trabalho é o de utilizar a mastofauna como indicador ambiental, empregamos metodologias rápidas, que encontrassem o maior número de espécies sensíveis sem a necessidade de armadilhas que envolvam a autorização prévia de órgãos ambientais, adaptadas de Pardini, et al. (2006). Este estudo se restringe a espécies de mamíferos detectáveis através de observações diretas (visual e auditiva), indiretas (rastros e pegadas), combinadas ao uso de armadilhas fotográficas (camera traps).

Métodos Área do estudo A Estação Experimental Syngenta de Uberlândia está localizada no limite leste deste município, nas coordenadas 18°56'15.12"S e 48°10'27.88"O. A área total da Estação é de 250ha, dos quais cerca de 190ha são ocupados por cultivos, 15ha ocupados por edificações e 45ha ocupados pela Área de Preservação Permanente, juntamente à Reserva Legal, como mostra a Figura 1.

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Artigo original

Figura 1: vista aérea da Estação Experimental Syngenta de Uberlândia. Fonte Google Earth, acessado em 14/02/2015.

Agrupamos nossas observações em três categorias segundo a descrição da fitofisionomia de Freitas et al. (2016) somadas à área de cultivo. Tais formações vegetais são: Floresta Estacional Semi-decidual, Cerradão, Mata de Brejo e os campos de cultivo (Figura 2).

Amostragem da mastofauna O estudo foi dividido em duas campanhas, ambas no ano de 2015, sendo a primeira de 13 a 17 de fevereiro, representando a estação chuvosa e a segunda de 6 a 10 de julho, representando a estação seca. As observações em campo ocorreram logo após o nascer do sol, cerca de 7 horas da manhã até o pôr-do-sol, cerca de 19h30min da noite, com uma pausa na hora do almoço. Todas as visitas foram feitas por um par de biólogos e o estudo compreendeu um total de 160 horas de observações diretas, divididas igualmente entre a primeira e a segunda campanha. Foram combinadas a amostragem por transectos lineares adaptada de Pardini et al. (2006) à utilização de armadilhas fotográficas conforme Barbosa Jr. (2011). Tanto os transectos quanto os pontos das armadilhas fotográficas estão apresentados na Figura 2.

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Artigo original Foram percorridos 2510 metros de transectos duas vezes por dia ao longo dos quatro dias de cada uma das duas campanhas, totalizando 40160 metros. Utilizamos preferencialmente caminhos típicos de passagem de fauna, como as margens do riacho, adensamentos de árvores frutíferas e locais com solo arenoso ou argiloso, que favorecem a marcação de pegadas. As caminhadas eram sempre iniciadas em um ponto diferente e o tempo foi distribuído igualitariamente entre os trechos, garantindo que cada um fosse visitado no mínimo três vezes: no início da manhã, próximo à hora do almoço e no fim da tarde. Utilizamos três armadilhas fotográficas: Bushnell Trophy Cam (flash infravermelho), Moultry Scoutguard (flash incandescente) e Primos TruthCam35 (flash infravermelho). Foi feito um rodízio entre as câmeras de forma que todos os modelos fossem utilizados em cada um dos seis pontos. Durante as campanhas de fevereiro e julho foram utilizadas iscas de bacon, linguiças, banana e milho. No intervalo entre as campanhas não foram utilizadas iscas e as únicas visitas realizadas tiveram o objetivo de manter e realocar as câmeras. Cada uma das formações fitofisionômicas (Floresta Estacional Semi-decidual, Cerradão e Mata de Brejo) foi monitorada por cerca de 930 horas/câmera, totalizando quase 3000 horas/câmera em todo o estudo.

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Artigo original

Figura 2: Divisão da área de estudo mostrando as principais fitofisionomias, os transectos (linhas retas) e os números correspondentes aos pontos de instalação das câmeras trap.

Análise estatística Quanto à abundância relativa, foram consideradas incomuns (I) as espécies observadas uma única vez ao longo do estudo; relativamente comuns (RC) espécies observadas uma ou duas vezes (inclusive bandos) ao longo do estudo e comuns (C) as espécies observadas três ou mais vezes ao longo do estudo. O número de espécies de mamíferos registrados ao longo de cada visita foi demonstrado na forma de curvas cumulativas por coletor. Estes SANTIAGO, Rodrigo. Mastofauna de médio e de grande porte da Estação Experimental Syngenta de Uberlândia – MG. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 132-149, fev. 2016.

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Artigo original dados permitem estimar a tendĂŞncia de registro de novas espĂŠcies ao longo do tempo. A anĂĄlise de diversidade de espĂŠcies foi calculada de acordo com o Ă­ndice de Shannon - Wiener: đ??ť ′ = − ∑ đ?‘?đ?‘– (đ?‘™đ?‘œđ?‘”đ?‘?đ?‘– )

Onde: pi = proporção da espĂŠcie em relação ao nĂşmero total de espĂŠcimes encontradas nos levantamentos. Para a anĂĄlise de dominância foi utilizado o Ă­ndice de Simpson, que reflete a probabilidade de dois indivĂ­duos escolhidos ao acaso na comunidade pertencerem Ă mesma espĂŠcie. Varia de 0 a 1 e quanto mais alto for, maior a probabilidade de os indivĂ­duos serem da mesma espĂŠcie, ou seja, maior a dominância e menor a diversidade. É calculado como:

Îť= ∑đ?‘†1 đ?‘?đ?‘–2 Onde: pi : proporção de cada espĂŠcie, para i variando de 1 a S (Riqueza),

Resultados e discussão Foram encontradas 17 espÊcies, pertencentes a 8 ordens e 12 famílias (Figuras 3 e 4), representando assim a maioria das ordens de mamíferos de mÊdio e grande porte descritas por Reis et al (2006) como típicas do cerrado, exceto Perissodactyla (Tabela 1). Tabela 1: Lista das espÊcies registradas na Estação Experimental Syngenta de Uberlândia incluindo os nomes científicos e populares (segundo ICMBio, 2014); forma de registro: visual (V), camera trap (CT) ou pegadas (P); status de conservação; dieta: herbívoro (herb), carnívoro (car), insetívoro (ins) ou onívoro (oni); abundância relativa; incomum (I), relativamente comum (RC) ou comum (C) nas åreas de Floresta Estacional Semidecidual (Semi), Cerradão (Cerra), Mata de Brejo (Brejo) e åreas de cultivo (Cult). Nome científico

Nome popular

Ordem: Artiodactyla FamĂ­lia: Cervidae Mazama Veadogouazoubira catingueiro Ordem: Primates FamĂ­lia: Callitrichidae

Reg

Status

Dieta

Semi

Cerra

Brejo

Cult

V -CT-P

-

Herb

C

C

I

C

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Artigo original Callithrix Sagui penicillata Ordem: Carnivora Família: Canidae Chrysocyon Lobo-guará

V

-

Oni

C

C

C

-

V-CT-P

Vu (MG, BR)

Oni

RC

RC

-

C

Cerdocyon thous

Cachorro-domato Raposa-docampo

P - CT

-

Oni

C

C

RC

-

P

Vu (MG,BR)

Oni

-

RC

-

RC

Onça-parda

V – P – CT

Vu (MG, BR)

Car

RC

RC

RC

-

P

-

Oni

-

-

C

-

Oni

-

-

C

-

brachyurus

Pseudalopex vetulus Família: Felidae Puma concolor

Família: Procyonidae Procyon Mão-pelada cancrivorus Nasua nasua Quati Ordem: Cingulata Família: Dasypodidae Dasypus Tatu-galinha novemcinctus Euphractus sexcinctus

Tatu-peba

P - CT

P - CT

-

Oni

C

C

I

RC

P

-

Oni

-

RC

-

-

V-CT-P

En(MG)Vu(BR)

Ins

C

C

-

RC

P

En (MG)

Ins

-

I

-

-

CT

-

Oni

RC

RC

RC

-

P

-

Her

-

-

RC

-

V

-

Her

I

-

-

-

CT

-

Her

-

-

RC

-

CT - P

-

Her

I

RC

I

I

Ordem: Pilosa Família: Myrmecophagidae Myrmecophaga tridactyla Tamandua tetradactyla

Tamanduábandeira

Tamamduámirim Ordem: Didelphimorphia Família: Didelphidae Gambá-de-orelhaDidelphis branca albiventris Ordem: Rodentia Família: Cuniculidae Cuniculus paca Paca Família: Erethizontidae Coendou Ouriço-cacheiro prehensilis Família: Hydrochoeridae Hydrochoerus Capivara hydrochaeris

Ordem: Lagomorpha Família: Leporidae Sylvilagus Tapeti brasiliensis

Tal riqueza de espécies é compatível com os resultados de dois levantamentos de mastofauna realizados no município de Uberlândia. Em sua dissertação de mestrado, Giselle B Alves (2010) registrou 20 espécies de médio e grande porte na Fazenda Experimental da Glória, com cerca de 680ha. A autora utilizou visualizações e evidências indiretas como rastros e pegadas em um esforço de 360 horas. Bruna, E. M., juntamente com outros dez autores (2010), identificaram 26 espécies de grande e médio porte na Estação Ecológica do Panga (440ha) utilizando o método de transectos somado às armadilhas fotográficas utilizadas entre 2007 e 2009. Nossa discussão se refere somente aos mamíferos de grande e médio porte descritos no trabalho referido, SANTIAGO, Rodrigo. Mastofauna de médio e de grande porte da Estação Experimental Syngenta de Uberlândia – MG. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 132-149, fev. 2016.

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Artigo original ignorando desta forma as demais espécies como os pequenos roedores e marsupiais relatados. A comparação das dimensões da área por nós estudada intensivamente (cerca de 50ha) e a duração do estudo de 160 horas de observações diretas (somadas a cerca de 3000 horas/câmera), aos estudos anteriores, aponta a expressividade dos resultados encontrados na Estação Experimental Syngenta. Quando comparamos as espécies em comum entre os dois estudos citados acima e o presente levantamento notamos a ausência de somente duas espécies: o cateto (Pecari tajacu) e a cutia (Dasyprocta azarae). Nenhum dos colaborados da Estação entrevistados relatou a presença dessas duas espécies, reforçando a ausência das mesmas. Também não foram encontrados grandes primatas como o bugiu e macaco-prego. Os valores de riqueza, abundância, dominância e diversidade para as fitofisionomias levantadas e estações do ano estão apresentados na Tabela 2. A maior diversidade foi encontrada na mata de brejo sendo equivalentes tanto no verão como no inverno. Tabela 2: riqueza, abundância, índice de dominância de Simpson e de diversidade de Shannon. Taxa Indivíduos Simpson 1-D Shannon-H

Total verão 17 102 0,838 2,308

T. inverno 16 107 0,846 2,312

Total geral 17 209 0,843 2,319

Flor. Semi. 10 60 0,841 2,018

Cerradão 10 53 0,842 2,075

M. de brejo 12 78 0,706 2,106

Cultivos 3 18 0,648 1,765

SANTIAGO, Rodrigo. Mastofauna de médio e de grande porte da Estação Experimental Syngenta de Uberlândia – MG. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 132-149, fev. 2016.

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Artigo original

Figura 3: Algumas das espécies registradas diretamente por meio de fotografias.

SANTIAGO, Rodrigo. Mastofauna de médio e de grande porte da Estação Experimental Syngenta de Uberlândia – MG. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 132-149, fev. 2016.

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Artigo original

Figura 4: Algumas das espécies registradas por meio de armadilhas fotográficas.

A campanha de verão apresentou uma espécie a mais em relação à campanha de inverno (Coendou prehensilis), no entanto o número de registros e o índice de diversidade de Shannon foram levemente superiores nesta, provavelmente devido ao fato dos indivíduos se deslocarem mais na estação seca em busca de alimento (Alves, 2010). A fitofisionomia com maior riqueza, abundância e diversidade foi a mata de brejo, corroborando com os estudos de Alves (2010) e Bruna et al (2010), que também registraram a maior quantidade de espécies nesse ambiente. A descrição da fitofisionomia feita por Freitas et al (2016) também reconhece a importância da Mata de Brejo como o ambiente mais íntegro e diverso da Estação. O mão-pelada, o quati, a paca e a capivara foram encontrados exclusivamente neste ambiente. Os campos de cultivo foram o ambiente com menor riqueza e diversidade, com a ocorrência de apenas três espécies. O veado-catingueiro acessa o campo a partir das matas, voltando em seguida para o ambiente florestal. As pegadas de raposa-do-campo foram vistas apenas nos campos de cultivo. O lobo-guará é muito frequente nos campos de cultivo e foi observado forrageando e marcando território aparentemente sem temer a presença humana. SANTIAGO, Rodrigo. Mastofauna de médio e de grande porte da Estação Experimental Syngenta de Uberlândia – MG. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 132-149, fev. 2016.

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Artigo original Quanto à distribuição das espécies ao longo nas subdivisões da área do estudo, as áreas mais similares foram o Cerradão e a Floresta Estacional Semidecidual, que estão fisicamente contíguas (Figura 5). Os cultivos demonstraram maior semelhança às duas áreas citadas acima que à Mata de Brejo.

Figura 5: Dendrograma da similaridade entre as subdivisões da área de estudo.

Quanto aos hábitos alimentares (Figura 6), a maioria das espécies (n=9) pode ser considerada como onívora. Mesmo dentre os representantes da Ordem Carnivora, como os canídeos, o quati e o mão-pelada, tipicamente considerados predadores, têm demonstrado grande dependência de itens vegetais na dieta em estudos recentes (Massara, 2009; Veiga et al, 2009, Bruna et al 2010). O segundo hábito alimentar mais frequente foi a herbivoria (n=5). A capivara, o veado-catingueiro e o tapiti alimentam-se principalmente de folhas. O ouriço-cacheiro consome tanto brotos quanto frutos. A paca consome tanto frutos caídos ao chão quanto brotos e tubérculos (Emmons e Feer, 1997). Tanto o tamanduá-bandeira, quanto o tamanduá-mirim foram considerados como insetívoros, uma vez que são especializados em alimentar-se de formigas e cupins. No entanto há relatos do consumo esporádico de frutos pelas duas espécies (Braga, 2010).

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Artigo original A onça-parda foi a única espécie considerada como exclusivamente carnívora. Apesar de ser a maior predadora da área de estudo, alimenta-se de grande variedade de presas conforme a disponibilidade das mesmas (Magiolio et al, 2014). Tal adaptabilidade tem permitido a esta espécie a permanência mesmo em áreas com alterações antrópicas significativas. Todas as espécies encontradas apresentam ampla distribuição geográfica. A raposa-do-campo é endêmica de formações abertas do Cerrado, portando considerada como vulnerável pela perda acelerada deste hábitat. Por outro lado, esta raposa tem sido registrada em pastagens e outros ambientes antropizados (Lemos et. al., 2013). Encontramos fezes e pegadas dessa espécie nos campos de cultivo em repouso. O sagui (Callithrix penicillata) é outra espécie considerada como endêmica do Cerrado. No entanto a mesma tem aumentado sua distribuição sobre áreas de Mata Atlântica, tornando-se comum até mesmo em áreas urbanas (Chiarello et. al., 2008). O lobo-guará, o tamanduá-bandeira e o tamanduá-mirim são outras três espécies típicas do Cerrado e de outras formações combinando áreas campestres e florestais. São oficialmente consideradas vulneráveis pela perda de hábitat, pela caça, por atropelamentos e por doenças transmitidas por animais domésticos (Chiarello et. al., 2008). Apesar de seu interesse cinegético, o veado-catingueiro tem mostrado resiliência a alterações sinantrópicas por sua adaptabilidade a diferentes hábitats e à capacidade de sobreviver em áreas relativamente pequenas (Antunes, 2012). A paca é outra espécie de valor cinegético presente na Estação. Sua presença é indicadora de ausência de caça, uma vez que sua baixa fecundidade somada à perseguição pelo alto valor de sua carne a tornaram localmente extinta em diversas regiões. Trata-se também de um importante dispersora de sementes (Zucaratto et al, 2010)

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Artigo original Distribuição das espécies conforme os hábitos alimentares 6% 12%

29%

Herbívoras Onívoras

Insetívoras 53%

Carnívora

Figura 6: Distribuição percentual das espécies da mastofauna da Estação Experimental Syngenta de Uberlândia conforme o hábito alimentar predominante.

É importante notar que cinco das dezessete espécies encontradas estão inclusas na lista oficial de espécies ameaçadas de extinção do estado de Minas Gerais (Machado et al, 2010). Quase todas essas espécies foram registradas repetidamente, em diferentes pontos, em ambas as campanhas, portanto podem ser consideradas como residentes na área. Uma exceção é o tamanduá-mirim, que foi reconhecido apenas uma vez na área correspondente ao Cerradão, no entanto segundo relatos de colaboradores, tal espécie também pode ser considerada como residente na Estação. Adicionalmente, uma tamanduá-bandeira fêmea avistada carregava um filhote nas costas, mostrando que esta espécie se reproduz em local próximo a essa área. A curva cumulativa de espécies registradas por hora por registros visuais e armadilhas fotográficas esta apresentada respectivamente nas figuras 7 e 8.

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Artigo original

Figura 7: Curva cumulativa de espécies registradas ao longo das 160 horas de observações visuais em campo (80 horas em fevereiro e 80 em julho).

Espécies registradas por hora pelas armadilhas fotográficas 12 10 8 6 4 2

0 0

250

500

750 1000 1250 1500 1750 2000 2250 2500 2750 3000

Figura 8: Curva cumulativa de espécies registradas nas cerca de 3000horas/câmera das armadilhas fotográficas.

Todas as espécies registradas pelas armadilhas fotográficas (Tabela 3) haviam sido anteriormente identificadas através de pegadas ou visualizadas diretamente.

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Artigo original Tabela 3: Número de registros das espécies fotografadas pelas câmeras instaladas em cada um dos seis pontos ilustrados na Figura 2. Nome científico Mazama gouazoubira Chrysocyon brachyurus Cerdocyon thous Puma concolor Nasua nasua Dasypus novemcinctus Myrmecophaga tridactyla Didelphis albiventris Hydrochoerus hydrochaeris Sylvilagus brasiliensis

1 1 1 8 2

2

2

Armadilha fotográfica 3 4

2

5

6

2 4 1

6

1 1 2

1

1

Tanto a curva cumulativa de registro direto de espécies durante as campanhas, quanto a curva cumulativa das armadilhas fotográficas apontam para a estabilização dos registros. É provável, portanto, que a maioria das espécies de mamíferos de grande e médio porte detectáveis pelos métodos empregados tenham sido encontradas. As entrevistas com os colaboradores da empresa corroboram com essa hipótese.

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Artigo original Composição específica e índices estruturais da ictiofauna coletada nos lagos da Estação Experimental da Syngenta no município de Holambra-SP

Lucas Alegretti Biólogo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Mestre em Tecnologia Ambiental pela Faculdade de Tecnologia da Universidade Estadual de Campinas. E-mail: lucas.alegretti@gmail.com

Guilherme Lessa Ferreira Biólogo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Mestrando em Tecnologia Ambiental pela Faculdade de Tecnologia da Universidade Estadual de Campinas. E-mail: guilessa2@gmail.com

Bruno Assanuma Burstin Biólogo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Mestrando em Tecnologia Ambiental pela Faculdade de Tecnologia da Universidade Estadual de Campinas. E-mail: brunobiustin@gmail.com

Maurea Nicoletti Flynn Pesquisadora de Pós-doutorado, da Faculdade de Tecnologia da Universidade Estadual de Campinas. E-mail: maureaflynn@gmail.com

Resumo ALEGRETTI, Lucas; FERREIRA, Guilherme Lessa; BURSTIN, Bruno Assanuma; FLYNN, Maurea Nicoletti. Composição específica e índices estruturais da ictiofauna coletada nos lagos da Estação Experimental da Syngenta no município de Holambra-SP. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 150-171, fev. 2016.

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Artigo original O presente estudo tem como finalidade caracterizar a distribuição espaçotemporal da ictiofauna, determinar os atributos da comunidade (abundância, biomassa, comprimento padrão e atributos ecológicos) bem como avaliar o status atual de conservação das assembleias de peixes nos ambientes hídricos artificiais da Estação Experimental de Holambra. Foram coletados um total de 416 indivíduos pertencentes à 7 espécies/ morfotipos, em três pontos amostrais (lagos) em duas campanhas amostrais realizadas em outubro de 2014 e março de 2015 nos lagos da Estação Experimental. Dentre as três ordens coletadas, a de maior importância foi Characiformes, representada por seis diferentes espécies: Astyanax fasciatus, Astyanax bimaculatus, Hoplias malabaricus, Leporinus obtusidens, Leporinus sp e Salminus hilarii. A segunda mais importante foi Siluriformes, representada por duas espécies Hypostomus sp e Rhamdia quelen, seguida de Perciformes, representada por uma única espécie coletada Geophagus brasiliensis. A composição especifica da comunidade ictiíca de cada lago é distinta parecendo resultar dos processos de reorganização daquelas que anteriormente ocupavam os cursos barrados. Palavras chave: lagos artificiais, ictiofauna.

Abstract: This article aims to characterize the spatio-temporal distribution of the Ichthyofauna, determine the attributes of the Community (abundance, biomass, standard length and ecological attributes) as well as assess the current conservation status of the assemblies of fish in artificial water environments of Syngenta Experimental Station in Holambra. We collected a total of 416 individuals belonging to 7 species/morphotypes, in three sample points in two sampling campaigns conducted in October 2014 and March 2015 in the artificial lakes of Syngenta Experimental Station. Of the three orders collected, the most important was Characiformes, represented by six different species: Astyanax fasciatus, Astyanax bimaculatus, Hoplias malabaricus, Leporinus obtusidens, Leporinus sp and Salminus hilarii. The second most important was Siluriformes, represented by two species Hypostomus sp and Rhamdia quelen, followed by Perciformes, represented by a single species collected Geophagus brasiliensis. The ictiofauna composition of each Lake is distinct and probably the result of a ALEGRETTI, Lucas; FERREIRA, Guilherme Lessa; BURSTIN, Bruno Assanuma; FLYNN, Maurea Nicoletti. Composição específica e índices estruturais da ictiofauna coletada nos lagos da Estação Experimental da Syngenta no município de Holambra-SP. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 150-171, fev. 2016.

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Artigo original reorganization processes of the communities that previously occupied the barred courses. Key words: artificial lakes, ictiofauna Introdução As principais bacias hidrográficas brasileiras foram modificadas pela construção de reservatórios, isoladamente ou em cascata, que constituem um importante impacto quali-quantitativo nos principais ecossistemas de águas interiores (TUNDISI et al., 2002). Esses sistemas artificiais são ecologicamente heterogêneos (BARRELA & PETRERE JR., 2003), e o conjunto de espécies resultante é moldado por fatores contemporâneos que fazem da assembleia de peixes de um determinado local um subconjunto do estoque total de espécies da área (WOOTTON, 1990). A formação de um reservatório pode ser considerada como um dos mais significativos dentre estes fatores contemporâneos, sendo as assembleias de peixes que se instala, resultante dos processos de reorganização daquela que anteriormente ocupava o rio barrado (ARAUJO LIMA et al., 1995; AGOSTINHO et al., 1999). Portanto, alterações drásticas na composição e abundância das espécies naturais são perceptíveis. Espécies com características oportunistas proliferam excessivamente enquanto que outras, de equilíbrio, sofrem decréscimo populacional ou até mesmo extinção local (AGOSTINHO 1992; AGOSTINHO et al. 2003). A área estudada está inserida na Estação Experimental da Syngenta localizada em Holambra, coordenadas geográficas 22°38’ 48.55” S e 47°5’ 8.46” O. A Estação foi estabelecida em 1976 e é credenciada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para realização de laudos de eficiência e praticabilidade agronômica, além de ensaios de campo para fins de estudo de resíduos de agrotóxicos e afins, de acordo com Portaria SDA nº 109, de 25/09/1997. Possui CQB – Certificado de Qualidade em Biossegurança válido expedido pela CTNBio e específico para projetos solicitados pela Comissão Interna de Biossegurança – CIBio da própria Syngenta (SANTOS, 2014). O ambiente hidrográfico a que pertence a área de estudo é denominado de Unidade Hidrográfica de Gerenciamento de Recursos Hídricos Piracicaba/ Capivari/Jundiaí (PCJ), ou UGRHI 5. As Bacias PCJ estão inseridas em uma área de aproximadamente 15.303,67 km2, sendo ALEGRETTI, Lucas; FERREIRA, Guilherme Lessa; BURSTIN, Bruno Assanuma; FLYNN, Maurea Nicoletti. Composição específica e índices estruturais da ictiofauna coletada nos lagos da Estação Experimental da Syngenta no município de Holambra-SP. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 150-171, fev. 2016.

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Artigo original 92,6% no estado de São Paulo (área territorial de aproximadamente 13.918,71 km2 e área de drenagem de aproximadamente 14.178,00 km2) e 7,4% no estado de Minas Gerais, e localizadas entre os meridianos 46° e 49° O e Latitudes 22° e 23,5° S, abrangendo 65 (61 paulistas e 4 mineiros) municípios. A UGRHI 5 apresenta um total de aproximadamente 5.200.000 habitantes, sendo que cerca de 99% destes vivem no trecho paulista com uma taxa de urbanização média de 95,9% (CBH-PCJ, 2013). O presente artigo se refere à análise da ictiofauna coletada na Estação Experimental de Holambra e tem como finalidade caracterizar a distribuição espaço-temporal da ictiofauna, determinar os atributos da comunidade (abundância, biomassa, comprimento padrão e atributos ecológicos) bem como avaliar o status atual de conservação das assembleias de peixes nos ambientes hídricos da Estação Experimental de Holambra. Para isso foram realizadas 2 campanhas de coletas, representativas dos períodos de estiagem (outubro 2014) e chuvas (março de 2015) contemplando 3 lagos artificiais. Métodos Nas duas campanhas, referentes ao período de estiagem (outubro de 2014) e ao período chuvoso (março de 2015) foram realizadas amostragem nos três lagos represados existentes dentro da Estação Experimental da Syngenta, em Holambra. Para tanto, foram invariavelmente realizados cinco lances de tarrafa em cada local de coleta, adotando-se esse padrão como esforço de pesca uniformizado. O petrecho utilizado foi uma tarrafa padrão, que tem como malhagem 30 mm entrenós. Em complementação à operação das tarrafas, foram também utilizadas redes de espera, medindo 3m de largura e 1,5m de altura, e malhagens variando entre 15 a 60 mm entre nós. A colocação das redes de espera foi feita sempre no final da tarde e início da manhã. Retirados do aparelho de pesca, os peixes, ainda vivos, foram triados e fotografados. Durante a triagem biológica, os animais foram inicialmente separados em grupos por família/gênero e para cada um, foram obtidos o comprimento total e furcal, com o uso de uma fita métrica (com escala em mm) e a massa corpórea total (g), com a utilização de uma balança eletrônica semi-analítica com precisão de 0,1g. Após este procedimento, os exemplares foram devolvidos, ainda vivos, ao rio. A identificação taxonômica de cada exemplar foi realizada através da utilização de bibliografia ALEGRETTI, Lucas; FERREIRA, Guilherme Lessa; BURSTIN, Bruno Assanuma; FLYNN, Maurea Nicoletti. Composição específica e índices estruturais da ictiofauna coletada nos lagos da Estação Experimental da Syngenta no município de Holambra-SP. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 150-171, fev. 2016.

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Artigo original especializada e chaves de identificação especĂ­ficas (BRITSKI et al., 1988; REIS et al., 2003; NELSON, 2006; GRAÇA & PAVANELLI, 2007), alĂŠm de consultas ao Fishbase (www.fishbase.org). A composição especĂ­fica da ictiofauna foi analisada pela abundância numĂŠrica dos peixes coletados, por captura total e por lago amostrado, sendo calculada a frequĂŞncia relativa do nĂşmero de indivĂ­duos de cada espĂŠcie em relação ao nĂşmero total de indivĂ­duos coletados. As espĂŠcies identificadas foram caracterizadas quanto ao porte pelo comprimento padrĂŁo (DUKE-ENERGY, 2004). Neste mĂŠtodo as espĂŠcies sĂŁo consideradas como de pequeno porte (atĂŠ 20 cm), mĂŠdio (entre 20 e 50 cm) ou grande porte (maior que 50 cm). Para cada lago foi realizada a curva de importância de espĂŠcie segundo Whittaker (KREBS, 1989), pela ordenação decrescente das espĂŠcies coletadas (eixo X) com as abundancias transformadas em (log n+1) no eixo Y. A curva acumulativa de espĂŠcies foi plotada considerando o nĂşmero de espĂŠcies conhecidas em função do esforço amostral, ou seja, nĂşmero de coletas realizadas para cada lago (COLWELL et al., 2004). Essa anĂĄlise relaciona o esforço necessĂĄrio para obter o valor assintĂłtico da curva conforme o nĂşmero de espĂŠcies capturadas. Para permitir a comparação direta entre lagos, a abundância em nĂşmero e em biomassa foi estimada atravĂŠs da captura por unidade de esforço (CPUE), com base nos dados obtidos para as redes de espera. O cĂĄlculo foi efetuado atravĂŠs das seguintes equaçþes:

đ??śđ?‘ƒđ?‘ˆđ??¸đ?‘› = ∑

đ?‘ đ?‘š Ă— 100 đ??¸đ?‘ƒđ?‘š

đ??śđ?‘ƒđ?‘ˆđ??¸đ?‘? = ∑

đ??ľđ?‘š Ă— 100 đ??¸đ?‘ƒđ?‘š

e,

Onde, CPUEn = captura em número por unidade de esforço; CPUEb = captura em biomassa (peso corporal) por unidade de esforço; Nm = número total dos peixes capturados na malha m; Bm = biomassa total capturada na malha m; EPm = esforço de pesca, que representa a årea em m² das redes de malha m; m = tamanho da malha (1,5; 2 e 3 cm) ALEGRETTI, Lucas; FERREIRA, Guilherme Lessa; BURSTIN, Bruno Assanuma; FLYNN, Maurea Nicoletti. Composição específica e índices estruturais da ictiofauna coletada nos lagos da Estação Experimental da Syngenta no município de Holambra-SP. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 150-171, fev. 2016.

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Artigo original As espĂŠcies foram caracterizadas quanto a constância, segundo DIAS (1995), como ausentes quando nĂŁo registradas em nenhuma amostra efetuada, acidentais (quando ocorrem em menos de 25% das amostras), acessĂłrias (com ocorrĂŞncia entre 25 e 50%) e constantes (quando presentes em mais de 50% das amostras efetuadas). Para o cĂĄlculo da Constância foi usada a equação: đ?‘› đ??ś = Ă— 100 đ?‘ Onde, C = valor da Constância n = nĂşmero de vezes que a espĂŠcie foi amostrada N = NĂşmero total de amostras Para as comunidades de cada lago e a comunidade total, foram estimados os Ă­ndices ecolĂłgicos de diversidade, de equidade e de riqueza de espĂŠcies. Os valores obtidos para cada Ă­ndice foram estimados como descrito a seguir. A riqueza de espĂŠcies foi estimada como sendo o nĂşmero de espĂŠcies diferentes contabilizadas por lago. Para o cĂĄlculo da diversidade foi utilizado o Ă­ndice de Shannon (H’) (KREBS, 1999), segundo a equação: H ′ = − ∑(đ?‘?đ?‘–) Ă— (đ?‘™đ?‘› đ?‘?đ?‘–) Onde, pi = frequĂŞncia de ocorrĂŞncia da espĂŠcie i, calculada pela proporção dos indivĂ­duos de uma espĂŠcie pelo nĂşmero total dos indivĂ­duos coletados (ni/N). i: 1, 2, ... espĂŠcies Para o cĂĄlculo da equidade foi utilizado o Ă­ndice de equidade de Pielou (J’) (PIELOU, 1969), segundo a equação: H′ J′ = đ??ť đ?‘šĂĄđ?‘Ľ Onde, H’ = Ă?ndice de diversidade H mĂĄx. = diversidade mĂĄxima A similaridade entre as comunidades obtidas em cada lago foi avaliada atravĂŠs de uma anĂĄlise de “clusterâ€? utilizando o Ă­ndice de ALEGRETTI, Lucas; FERREIRA, Guilherme Lessa; BURSTIN, Bruno Assanuma; FLYNN, Maurea Nicoletti. Composição especĂ­fica e Ă­ndices estruturais da ictiofauna coletada nos lagos da Estação Experimental da Syngenta no municĂ­pio de Holambra-SP. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 150-171, fev. 2016.

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Artigo original similaridade quantitativo de Bray-Curtis. Os resultados foram apresentados em dendrogramas de similaridade amostral. Como critério, adotou-se que os valores de similaridade iguais ou superiores a 60% são considerados como iguais, a chamada igualdade biológica.

Resultados Em ambas as campanhas amostrais foram coletados um total de 416 exemplares de peixes pertencentes a quatro diferentes ordens, Characiformes, Siluriformes, Perciformes e Gymnotiformes perfazendo um total de seis diferentes espécies além de exemplares identificados até o nível de gênero (Tabela 1). Dentre as quatro ordens três apresentaram duas espécies/morfotipos cada (Characiformes, Perciformes e Siluriformes) e Gymnotiformes apresentou apenas uma. Os grupos taxonômicos identificados nas coletas são grupos de espécies popularmente conhecidas como: traíras, lambaris ou tambiú, acará, cascudos e bagres, e reconhecidamente comuns aos padrões de fauna de estreitos e rios da Bacia do Rio Paraná. Tabela 1 – Lista das espécies de peixes coletados e abundância por campanha amostral Ordem

Família

Gênero/ Espécie

Nome popular

Characidae

Astyanax altiparanae

Erythrinidae

Gymnotiformes

Gymnotidae

Perciformes

Cichlidae

Characiformes

Siluriformes Total

Total

Out/14

Mar/15

Lambari-do-rabo-amarelo

41

21

62

Hoplias malabaricus

Traíra

1

4

5

Gymnotus carapo

Tuvira

1

0

1

Geophagus brasiliensis

Acará

88

99

187

Oreochromis niloticus

Tilápia-do-Nilo

87

60

147

Caborje

2

3

5

Cascudo

6

3

9

226

190

416

Callichthyidae Callichthys callichthys Loricariidae

Abundância total

Hypostomus sp

A espécie mais abundante foi Geophagus brasiliensis (Acará) com 187 exemplares amostrados, 88 na primeira campanha e 99 na segunda campanha, sendo este último valor o maior dentre todas as espécies coletadas nas duas campanhas. A Tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus), pertencente à mesma família do Acará, Cichlidae, foi a segunda espécie, ALEGRETTI, Lucas; FERREIRA, Guilherme Lessa; BURSTIN, Bruno Assanuma; FLYNN, Maurea Nicoletti. Composição específica e índices estruturais da ictiofauna coletada nos lagos da Estação Experimental da Syngenta no município de Holambra-SP. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 150-171, fev. 2016.

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Artigo original dentre as 7 amostradas, com maior abundância. Foram coletados 87 indivíduos na primeira campanha e 60 na segunda, totalizando 147 espécimes. A terceira espécie com maior número de exemplares tanto na campanha 1 quanto na campanha 2 foi Astyanax altiparanae (Lambri-dorabo-amarelo). Foram coletados 41 indivíduos em novembro de 2014 e 21 espécimes em março de 2015. As outras quatro espécies tiveram valores de abundancia bem mais baixos nas duas campanhas. Hypostomus sp, o cascudo, foi representado por 6 e 3 exemplares, na primeira e na segunda campanha, respectivamente, totalizando 9 indivíduos. Foram amostrados 5 exemplares, tanto de Callichthys callichthys (Caborje), com 2 indivíduos na campanha 1 e 3 indivíduos na campanha 2, como de Hoplias malabaricus (Traíra), um espécime apenas na primeira campanha e 4 exemplares na segunda campanha. Gymnotus carapo, a Tuvira, foi representada por apenas um indivíduo, sendo este coletado na primeira campanha. Em relação ao número de indivíduos capturados por ordem taxonômica em cada lago (Figura 1), é possível observar que a ordem Perciformes foi a mais abundante nos três lagos, seguida pelos Characiformes também presente nos três lagos, a ordem dos Siluriformes foi encontrada em dois lagos e por último a ordem Gymnotiformes que foi encontrada em apenas um lago em uma das campanhas.

Figura 1 - Frequência relativa (%) do número de indivíduos por ordem taxonômica em cada lago amostrado ALEGRETTI, Lucas; FERREIRA, Guilherme Lessa; BURSTIN, Bruno Assanuma; FLYNN, Maurea Nicoletti. Composição específica e índices estruturais da ictiofauna coletada nos lagos da Estação Experimental da Syngenta no município de Holambra-SP. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 150-171, fev. 2016.

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Artigo original A Figura mostra a frequência relativa da abundância total de espécies por lago por campanha amostral. Evidenciando diferentes composições especificas entres lagos e períodos, mostrando a dominância dos Perciformes, Geophagus brasiliensis (Acarás) nos Lagos 1 e 2 em ambas as campanhas e Oreochromis niloticus (Tilápias) no Lago 3, também em ambas as campanhas.

Figura 2 - Frequência relativa (%) do número de indivíduos de cada espécie por lago amostrado

As espécies coletadas foram classificadas quanto a constância em cada lago em cada campanha, como apresentado na Tabela 2. A espécie constante em ambas as coletas, nos Lagos 1 e 2 foi Geophagus brasiliensis e no Lago 3, Oreochromis niloticus. Tabela 2 - Classificação da constância de cada espécie por lago amostrado por campanha amostral. Espécies Astyanax altiparanae Callichthys

Lago1 1ª Camp. 2ª Camp

Lago2 1ª Camp. 2ª Camp

Lago3 1ª Camp. 2ª Camp

Acidental

Acidental

Acessória

Acidental

Acessória

Ausente

Ausente

Ausente

Ausente

Acidental

Acessória

Ausente

ALEGRETTI, Lucas; FERREIRA, Guilherme Lessa; BURSTIN, Bruno Assanuma; FLYNN, Maurea Nicoletti. Composição específica e índices estruturais da ictiofauna coletada nos lagos da Estação Experimental da Syngenta no município de Holambra-SP. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 150-171, fev. 2016.

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Artigo original callichthys Geophagus brasiliensis Hoplias malabaricus Hypostomus sp Oreochromis niloticus Gymnotus carapo

Constante Constante Constante Constante Acidental

Acidental

Ausente

Acidental

Acidental

Ausente

Ausente

Ausente

Ausente

Ausente

Acessória

Acidental

Ausente

Ausente

Ausente

Ausente

Acessória

Acessória Constante Constante

Acidental

Ausente

Acidental

Ausente

Ausente

Ausente

A Figura 3 ilustra a frequência relativa das espécies caracterizadas quanto a constância para cada um dos lagos investigados em ambas campanhas amostrais.

Figura 3 – Frequência relativa do número total de espécies caracterizadas por constância em cada lago, nas duas campanhas amostrais.

Em relação ao total, foram amostrados representantes de quatro diferentes Ordens Taxonômicas: Characiformes, Gymnotiformes, Perciformes e Siluriformes. Considerando o total de capturas, a Figura 4 mostra o número de espécies por ordem e a frequência relativa.

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Artigo original

Figura 4 - Frequência relativa do número total de espécies por ordem

É possível notar que três das quatro ordens amostradas, apresentaram duas espécies/morfotipos diferentes, sendo, a ordem Characiformes, representada por Astyanax altiparanae (Lambari-do-raboamarelo) e Hoplias malabaricus (Traíra), a ordem Perciformes foi representada por, Geophagus brasiliensis (Acará) e Oreochromis niloticus (Tilápia), os Siluriformes foram representados por Hypostomus sp. (Cascudos) e Callichthys callichthys (Caborje) e por último a ordem dos Gymnotiformes com apenas uma espécie/morfotipo, Gymnotus carapo (Tuvira). Ainda considerando o total das coletas, quando relacionado aos totais de exemplares capturados por ordem taxonômica (Figura 5), são mais importantes os Perciformes, representados por 334 exemplares de peixes, os Characiformes apresentaram 67 exemplares, os Siluriformes 14 exemplares e apenas um exemplar representa os Gymnotiformes.

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Artigo original

Figura 5 - Frequência relativa do número total de exemplares de peixes capturados por ordens

Com relação ao nível taxonômico de família, os animais capturados pertencem, segundo Nelson (2006), a: Cichlidae (Acará e Tilápia), Characidae (Lambari), Erythrinidae (Traíra), Loricariidae (Cascudo), Callichthyidae (Caborje), Gymnotidae (Tuvira). Da mesma forma como para as ordens, foram identificadas as importâncias relativas das famílias em relação ao número de espécies (Figura 4), e em relação ao número de exemplares por família (Figura 6).

Figura 6 - Frequência relativa em porcentagem do número total de espécies por família

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Artigo original Considerando-se o total coletado, Cichlidae foi a família com maior abundância (Figura 7).

Figura 7 - Frequência relativa do número total de exemplares de peixes capturados por família

Foram estimados os valores dos índices ecológicos de diversidade e equidade para a captura de peixes provenientes de cada lago, em cada campanha, suas respectivas médias e a média geral (Tabela 3).

Tabela 3 - Valores estimados para os índices ecológicos utilizados como descritores das comunidades na coleta considerando-se a captura total de peixes para cada lago e os valores médios Índice

Lago 1

Lago 2

Campanha

1

2

Média

Shannon H' Log Base 10.

0,319

0,444

0,382

Equidade J'

0,67

0,93

0,8

1

2

0,64 0,665 9 0,92 0,951 9

Lago 3 Médi a

1

2

Médi a

Médi a

0,657

0,527 0,224

0,375

0,471

0,94

0,876 0,746

0,811

0,850

No geral, tanto na campanha 1 como na campanha 2, a diversidade estimada pelo índice de Shannon foi maior no Lago 2 do que nos outros lagos (campanha 1 = 0,649; campanha 2 = 0,665). Os valores de equidade também ALEGRETTI, Lucas; FERREIRA, Guilherme Lessa; BURSTIN, Bruno Assanuma; FLYNN, Maurea Nicoletti. Composição específica e índices estruturais da ictiofauna coletada nos lagos da Estação Experimental da Syngenta no município de Holambra-SP. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 150-171, fev. 2016.

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Artigo original foram maiores no Lagos 2 (campanha 1 = 0,929; campanha 2 = 0,951) do que nos Lagos 1 e 3. Os valores de diversidade e equidade foram, para cada lago, semelhantes entre as campanhas. Os valores de riqueza de espécies, expressa pelo número de táxons coletados em cada ponto amostral, e a abundância de exemplares em cada lago, também são dignos de comparação e estão apresentados na Tabela 4. Tabela 4 - Riqueza específica e abundância total de cada Lago nas duas campanhas amostrais Índice

Lago 1

Lago 2

Lago 3

Campanha

1

2

Total

1

2

Total

1

2

Total

Riqueza

3

3

6

5

5

10

4

2

6

Abundancia Total

65

111

176

51

19

70

110

60

170

A riqueza específica no Lago 2 foi maior, tanto na primeira campanha quanto na segunda campanha, e totaliza 5 espécies. O Lago 1 também apresentou riqueza idêntica nas duas campanhas, com 3 espécies distintas amostradas. O Lago 3 apresentou o menor valor para a riqueza especifica na segunda campanha, com apenas 2 espécies diferentes coletadas (Geophagus brasiliensis e Oreochromis niloticus), ambas pertencentes à mesma família taxonômica. Entretanto na primeira campanha, foram amostradas 4 espécies diferentes, valor este superior a riqueza de espécies amostradas no Lago 1, mas ainda inferior a riqueza encontrada no Lago 2. Com relação aos valores de abundância, no Lago 3 foram coletados 170 exemplares no total das duas campanhas, sendo 110 peixes na primeira campanha e 60 na segunda. Os números foram próximos se compararmos o Lago 3 com o Lago 1, no qual foram amostrados 176 indivíduos no total. Entretanto, a maior abundância no Lago 1 ocorreu na segunda campanha, com 111 peixes coletados, já que no primeiro período de coletas foram obtidos 65 indivíduos. Já no Lago 2, a abundância foi menor nas duas campanhas, comparado com os outros dois lagos, pois foram coletados 51 exemplares na primeira campanha e apenas 19 no segundo período, totalizando 70 peixes.

Discussão ALEGRETTI, Lucas; FERREIRA, Guilherme Lessa; BURSTIN, Bruno Assanuma; FLYNN, Maurea Nicoletti. Composição específica e índices estruturais da ictiofauna coletada nos lagos da Estação Experimental da Syngenta no município de Holambra-SP. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 150-171, fev. 2016.

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Artigo original As assembleias de peixes que se instalam em lagos provenientes de represamento artificial de rios são resultantes dos processos de reorganização da comunidade que anteriormente ocupava o rio barrado (ARAUJO LIMA et al., 1995; AGOSTINHO et al., 1999). Esses sistemas artificiais são ecologicamente heterogêneos (BARRELA & PETRERE JR., 2003), e o conjunto de espécies resultante é moldado por fatores contemporâneos que fazem da assembleia de peixes de um determinado local um subconjunto do estoque total de espécies da área (WOOTTON, 1990). Portanto, alterações drásticas na composição e abundância das espécies naturais são perceptíveis. Espécies com características oportunistas proliferam excessivamente enquanto que outras, de equilíbrio, sofrem decréscimo populacional ou até mesmo extinção local (AGOSTINHO 1992; AGOSTINHO et al. 2003). A composição da fauna de peixes dos lagos represados na estação Experimental da Syngenta maior riqueza de espécies pertencentes às ordens Perciformes e Characiformes (61 e 23%, respectivamente). A prevalência dessas ordens é um padrão geral encontrado para a ictiofauna neotropical, com a composição específica variando entre as bacias hidrográficas (LOWEMCCONNELL, 1999; AGOSTINHO et al., 2007). Characidae e Cichlidae foram as famílias mais representativas em abundância de indivíduos. Inúmeros trabalhos demonstram o predomínio de espécies da família Characidae para o Alto Paraná (FERREIRA et al., 2000; CASTRO et al., 2004; OLIVEIRA & GARAVELLO, 2003; LUIZ et al., 2005; LANGEANI et al., 2007, SOARES et al., 2009), com o principal representante Astyanax altiparanae. Os caracídeos predominam em ambientes represados, por possuírem táticas reprodutivas sedentárias, alta plasticidade trófica, baixa longevidade e pré-adaptações aos ambientes lacustres (CASTRO & ARCIFA, 1987; SMITH et al., 2003; BENEDITOCECÍLIO & AGOSTINHO, 1997; AGOSTINHO et al., 2007). A fauna de peixes dos lagos amostrados é composta predominante por espécies nativas. A espécie não-nativa capturada na primeira campanha presente estudo, Oreochromis niloticus, a Tilápia-do-Nilo, parece ser atribuída à soltura realizadas pela própria Syngenta. A espécie é oriunda do continente africano e foi introduzida no Alto Paraná a partir de pisciculturas (LANGEANI et al., 2007). Durante a década de 80, estocagens de peixes, de espécies não-nativas, como Oreochromis niloticus, Triphortheus nematurus, Schizodon borelli e Astronotus crassipinnis foram realizadas pela antiga CESP e mais recentemente, criações em tanques-rede em larga escala estão ALEGRETTI, Lucas; FERREIRA, Guilherme Lessa; BURSTIN, Bruno Assanuma; FLYNN, Maurea Nicoletti. Composição específica e índices estruturais da ictiofauna coletada nos lagos da Estação Experimental da Syngenta no município de Holambra-SP. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 150-171, fev. 2016.

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Artigo original sendo instaladas, principalmente com a espécie exótica Oreochromis niloticus, no qual está prevista uma produção de 780 toneladas ano em 288 tanques-rede (TOMAZELA, J. M., De represa a fazenda de peixes. Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,de-represa-a-fazenda-de peixes,683247, 0.htm). A composição especifica da comunidade ictiíca de cada lago é distinta parecendo resultar dos processos de reorganização daquelas que anteriormente ocupavam os cursos barrados (ARAUJO LIMA et al., 1995; AGOSTINHO et al., 1999). FERNANDO & HOLCIK (1991) assinalam que o sucesso da colonização da zona lacustre por peixes da fauna original depende da existência previa, na bacia hidrográfica, de espécies “préadaptadas” a ambientes lacustres. Observou-se em todos os lagos a ausência de espécies de grande porte. Este é o principal efeito negativo imposto pelas construções de barragens (AGOSTINHO et al., 1994; AGOSTINHO et al., 2007), visto que o recrutamento de novos indivíduos é dificultado (CARVALHO, 2009). Além do desaparecimento de espécies de grande porte, a redução no tamanho médio das espécies que constituem a assembleia ictiíca é um aspecto frequentemente notado em barramentos (AGOSTINHO et al., 1999). De acordo com AGOSTINHO et al. (1992), essas diferenças no comprimento padrão ocorre pelo oportunismo das espécies pré-adaptadas frente às mudanças na composição dos recursos disponíveis (por exemplo: alimento), predação e competição Inter/intraespecífica (MARQUES et al., 2009). Dentre os atributos ecológicos analisados, a riqueza específica apresentou valores bastante baixos em todos os lagos. A riqueza de espécies em ecossistemas artificiais tende a sofrer reduções ao longo do tempo, decorrência da perda de áreas favoráveis à reprodução e ao desenvolvimento inicial das espécies (AGOSTINHO et al., 2007; BAILEY, 1995). Entretanto, o menor valor na riqueza de espécies pode estar associado aos aparatos de capturas utilizado, já que SOARES e colaboradores (2009) admitem a maior eficiência de redes de espera nos ambientes de reservatório em contraste com uma maior diversificação nos aparatos de capturas nos trechos fluviais. A equidade e as curvas de importância de espécies, demonstraram que as abundâncias foram mal distribuídas entre as espécies, indicando uma forte dominância de poucas espécies. A análise temporal indicou a manutenção nos valores de abundância, biomassa e estrutura de comprimento padrão ao longo do ano para os lagos amostrados (MARQUES et al. 2009; AGOSTINHO et al. 2007). Pela idade ALEGRETTI, Lucas; FERREIRA, Guilherme Lessa; BURSTIN, Bruno Assanuma; FLYNN, Maurea Nicoletti. Composição específica e índices estruturais da ictiofauna coletada nos lagos da Estação Experimental da Syngenta no município de Holambra-SP. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 150-171, fev. 2016.

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Artigo original dos lagos, aproximadamente 40 anos para os Lagos 1 e 2 e 20 anos para o Lago 3, as assembleias de peixes presentes parecem estar estabilizadas. Para a complementação dos conhecimentos, seria importante a realização de analises de qualidade físico química das águas de cada lago com particular atenção às concentrações de metais e organoclorados; além da análise das concentrações destes últimos também na musculatura dos peixes de diferentes níveis tróficos já coletados. Para verificação de bioacumulação.

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Artigo original Aplicação do índice AMBI adaptado aos dados de levantamento da avifauna de Holambra para a determinação da integridade ambiental Erika Nakata dos Santos Mestre em Agronegócio pela EESP/FGV.

Rodrigo Girardi Santiago Synallaxis Ambiental Ltda.

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Artigo original Resumo Os dados de levantamento da fauna nas áreas de preservação da estação experimental de Holambra, coletados num período de mais de dez anos (entre 2002 a 2013), mostraram uma tendência de aumento de diversidade e riqueza específica da avifauna. Com o objetivo de transformar estes dados em indicador da integridade ambiental foi proposto o uso do índice AMBI, através da aplicação do software de mesmo nome desenvolvido pela AZTITecnalia. Os dados da avifauna foram tabulados, e foram atribuídos números de indivíduos, conforme a frequência avistada em cada levantamento. Todas 173 espécies avistadas foram catalogadas em grupos ecológicos, conforme seu grau de oportunismo e sensibilidade às perturbações antrópicas. Os dados obtidos nos levantamentos da avifauna foram adaptados ao programa, já que o índice AMBI foi inicialmente formulado para avaliação de impacto em ambientes costeiros, usando como indicador ambiental as espécies de macro invertebrados bentônicos. O software, a partir da proporção de indíviduos em cada grupo ecológico, fornece a classificação de integridade ambiental, podendo indicar o grau de perturbação de um habitat e sua evolução em cada período. A integridade ambiental para os quatro períodos analisados (2003, 2005, 2010 e 2013) aponta que se trata de um ambiente levemente impactado com tendência de melhoria no decorrer do tempo. Palavras Chaves: AMBI, área de preservação, aves Abstract The bird survey data on the preservation area at Holambra Field Station done for ten years (from 2003 to 2013), indicated a trend of increasing diversity and species richness over the years. To convert these data to an environmental integrity index, the AMBI software developed by AZTITecnalia was used. An excel file was created with the survey data and the number of birds per specie were attributed according to the frequency on each period. Furthermore, all 173 bird species visualized were categorized in ecological group, according to the opportunism degree and sensibility to human disturbance. All data was adapted for the software, as the AMBI index is developed to assess the impact on coastal. The environmental integrity for the periods analysed (2003, 2005, 2010 and 2013) points to the conclusion that the area is slightly affected with a tendency to improve with time. Key words: AMBI, conservation area, birds

SANTOS, Erika Nakata dos; SANTIAGO, Rodrigo Girardi; CHRISTOFFOLETI, Pedro Jacob. Aplicação do índice AMBI adaptado aos dados de levantamento da avifauna de Holambra para a determinação da integridade ambiental. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 172-188, fev. 2016.

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Artigo original Introdução A estação experimental utilizada nesta pesquisa está localizada na cidade de Holambra, estado de São Paulo. A estacao é de propriedade da empresa Syngenta, uma multinacional do ramo de agronegócios, que fabrica e comercializa agrotóxicos e sementes. Foi fundada em 2000 da fusão das empresas Zeneca e Novartis, e sua matriz está localizada em Basel – Suíça. A empresa utiliza a Estação Experimental para pesquisa e experimentação com agrotóxicos e afins, ademais, também serve como uma área de ensino e pesquisa para o aprimoramento das práticas agrícolas. Os levantamentos ambientais da estação experimental de Holambra contratados pela Syngenta tinham como objetivo o acompanhamento da dinâmica populacional da fauna local e também a melhoria das ações de proteção da vida selvagem. Estes dados muitas vezes eram apresentados aos funcionários da Syngenta através da comunicação interna ou do relatório de sustentabilidade da empresa. A escolha do levantamento da avifauna como ferramenta de estudo ambiental neste trabalho se deve ao fato desta classe apresentar a maior diversidade e abundância nos levantamentos da fauna silvestre de vertebrados realizados na Estação Experimental de Holambra. Além disso, os hábitos conspícuos da avifauna, a possibilidade de registro sonoro, a disponibilidade de bibliografia e até mesmo o apelo popular das aves também contribuiram para esta escolha (SANTIAGO, 2013). Para saber se as áreas de preservação estão cumprindo o papel de conservação da biodiversidade é importante avaliar um indicador ambiental. Avaliar as variações nas populações de espécies animais, por metodologias adequadas, é um ótimo indicador de desempenho das áreas de preservação (OLMO, 2005). O Brasil é o país com maior riqueza de espécies de vertebrados do mundo, e é o terceiro no ranking de diversidade de aves no mundo (SABINO e PRADO, 2006). SANTOS, Erika Nakata dos; SANTIAGO, Rodrigo Girardi; CHRISTOFFOLETI, Pedro Jacob. Aplicação do índice AMBI adaptado aos dados de levantamento da avifauna de Holambra para a determinação da integridade ambiental. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 172-188, fev. 2016.

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Artigo original O levantamento da avifauna é, historicamente, apontado como um eficiente indicador de qualidade ambiental, visto que as aves, em sua grande maioria, podem ser identificadas por simples observação, possuem hábitos diurnos e possuem

maior

diversidade

que

outros

vertebrados

terrestres

(BIODINÂMICA, 2006). Wiens (1989) descreve que a vasta plantação de monoculturas, como soja, cana e milho por exemplo, afeta a diversidade de espécies de aves. Alterações antrópicas têm afetado significativamente a população de aves no território nacional, sendo que algumas espécies de aves se beneficiam destas intervenções humanas e outras sofrem processos de extinção (MARINI e GARCIA, 2005). A análise da avifauna, portanto, em áreas de preservação poderia ser um bom indicador dos efeitos da agricultura e outras atividades humanas sobre a diversidade das aves. Trabalhos que mostrem levantamentos ambientais em épocas diferentes na mesma área permitem demonstrar as alterações na diversidade das aves num período de tempo e auxiliam os pesquisadores a criar hipóteses sobre as razões do aumento ou diminuição das populações das espécies encontradas. Utilizar o levantamento da fauna como indicador para avaliar contaminantes ambientais também é possível, visto que este dado pode fornecer um resultado confiável sobre a qualidade do habitat (LANDRES, VERNER, THOMAS, 1988).

Material e Métodos Os levantamentos da fauna silvestre foram feitos nas áreas de preservação nos anos de 2002/2003, 2005, 2010 e 2013 pela empresa Synallaxis Ambiental e antecessoras, cujo biólogo responsável e especialista em aves é o MSc. Rodrigo Girardi Santiago – CRBio 54431/01-D.

SANTOS, Erika Nakata dos; SANTIAGO, Rodrigo Girardi; CHRISTOFFOLETI, Pedro Jacob. Aplicação do índice AMBI adaptado aos dados de levantamento da avifauna de Holambra para a determinação da integridade ambiental. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 172-188, fev. 2016.

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Artigo original Este projeto de levantamento visou principalmente a avaliação qualitativa da fauna silvestre, visto que é extremamente difícil mensurar com exatidão a quantidade de indivíduos de uma população numa gama de centenas de espécies. O levantamento da avifauna foi feito de acordo com o método de inventário por busca ativa ao longo de transecções e está de acordo com o descrito por Ribon (2011) e Straube et al (2011). As aves encontradas foram classificadas segundo suas frequências em cada visita: 

0 (-) ausente - quando não encontrado no ano do levantamento;

1 (Ra) raro – quando registrado somente uma vez;

2 (Pf) pouco frequente – quando registrado de uma a três vezes;

3 (Fr) frequente – quando registrado mais de três vezes; e

4 (Mf) muito frequente – quando além de registrado várias vezes, também foi encontrado em grandes quantidades. O levantamento de 2002/2003 iniciou-se em agosto de 2002, foi

concluído em abril de 2003, e constou de vinte visitas à Estação Experimental de Holambra no período diurno e uma visita no período noturno, em intervalos de 20 dias. Foi explorada toda a área de conservação e até as áreas com construção. Na observação das aves foram utilizados binóculos Samsung 7-15x35 e gravador, e os registros foram feitos durante a caminhada nas áreas amostradas e em pontos de escuta (SALOMÃO e SANTIAGO, 2003). Para facilitar as citações futuras, este levantamento constará somente como levantamento de 2003. No ano de 2005, o levantamento foi feito entre janeiro de junho de 2005, englobando dez visitações diurnas e uma visitação noturna. Toda a estação experimental foi visitada. As aves foram identificadas com o auxílio SANTOS, Erika Nakata dos; SANTIAGO, Rodrigo Girardi; CHRISTOFFOLETI, Pedro Jacob. Aplicação do índice AMBI adaptado aos dados de levantamento da avifauna de Holambra para a determinação da integridade ambiental. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 172-188, fev. 2016.

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Artigo original de binóculos e sua vocalização foi eventualmente registrada durante as caminhadas (SANTIAGO, 2005). De 17 de abril de 2010 a 18 de agosto de 2010 foi realizado outro levantamento, desta vez somente nas áreas de preservação permanente, com doze visitas ao local, alternando períodos do dia, mas sempre procurando os horários de maior atividade, como o nascer e o pôr do sol. Foram usados binóculos com zoom de 10 x 25, 50 mm e uma caixa de som portátil de 110 Hz ligada a um Mp3 player para o emprego da técnica de playback, onde foram reproduzidas as vocalizações de todas as espécies oficialmente consideradas ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo (exceto as marinhas) em várias localidades da propriedade, em busca de respostas de indivíduos possivelmente presentes. O uso desta técnica aumenta consideravelmente a chance de encontrar espécies mais tímidas, tranquilas e aves noturnas (BIBBY, JONES e MARSDEN, 1998). Foram percorridos trajetos cruzados, de forma que a distância máxima entre dois pontos de observação fosse de cerca de 50m (SANTIAGO e NASCIMENTO, 2010). Em 2013, o levantamento iniciou-se no dia 27 de julho de 2013 e foi concluído em 05 de outubro de 2013; neste período foram feitas oito visitas às áreas de preservação permanente da Estação Experimental de Holambra. Os registros foram feitos visualmente, enquanto os observadores caminhavam pelos transectos lineares utilizando binóculos Nikon 16 x 50. As aves foram identificadas e para cada espécie foram anotados os números de indivíduos e a sua principal atividade. Quando possível, os registros foram feitos por fotografia, sendo utilizada a câmera Sony Cybershot com 25x de zoom acoplada a uma lente conversora de fator 1,7 x (SANTIAGO, 2013). A vocalização das aves foi utilizada somente como confirmação da identificação, utilizando-se um gravador Panasonic RR-UX551 para gravação e realização de playback e um microfone Yoga HT-81 para o SANTOS, Erika Nakata dos; SANTIAGO, Rodrigo Girardi; CHRISTOFFOLETI, Pedro Jacob. Aplicação do índice AMBI adaptado aos dados de levantamento da avifauna de Holambra para a determinação da integridade ambiental. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 172-188, fev. 2016.

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Artigo original registro das vocalizações. A reprodução das vocalizações também foi feita em diversas localidades da propriedade, da mesma forma que foi feita em 2010. A riqueza e abundância relativa de espécies foram anotadas e posteriormente tabuladas. Análise qualitativa Após a parte de campo do levantamento da avifauna na Estação Experimental e a catalogação das espécies encontradas, as espécies de aves foram identificadas de acordo com a classificação proposta por Sick (1997) e todos os dados foram organizados em planilhas. As espécies encontradas foram analisadas quanto à sensibilidade às alterações ambientais e oportunismo. A classificação de sensibilidade às alterações antrópicas segue a lista sugerida por Stotz et al (1996). Os dados de oportunismo estão de acordo com Sick (1997). Análise quantitativa A abundância das aves foi classificada em ausente (-), rara (Ra), pouco frequente (PF), frequente (Fr) e muito frequente (MF). Para a análise dos dados aplicando o índice AMBI da AZTI-Tecnalia foram imputadas as seguintes densidades para cada tipo de frequência (Tabela 1): Tabela 1: Densidades imputadas para cada tipo de frequência de ocorrência de espécies da avifauna.

Frequência MF Fr PF Ra -

Número de indivíduos 10 5 3 1 0

A diversidade de espécies foi calculada de acordo com o índice de Shannon e Weaver (1949): SANTOS, Erika Nakata dos; SANTIAGO, Rodrigo Girardi; CHRISTOFFOLETI, Pedro Jacob. Aplicação do índice AMBI adaptado aos dados de levantamento da avifauna de Holambra para a determinação da integridade ambiental. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 172-188, fev. 2016.

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Artigo original H’ = - ∑pi(ln pi) Onde: pi = proporção da espécie em relação ao número total de espécimes encontradas nos levantamentos. A diversidade é dada por nats/indivíduo. Para transformar estes dados em indicadores da integridade ambiental foi utilizado o software desenvolvido pela AZTI-Tecnalia, disponível em www.azti.es, que gera o índice AMBI (AZTI’s Marine Biotic Index). O índice AMBI permite uma análise da qualidade ambiental a partir da derivação de uma série de valores contínuos baseados nas proporções de cinco grupos ecológicos estabelecidos, de acordo com seu grau de oportunismos, apresentado por cada táxon, segundo a fórmula: AMBI =

[0 x %EG I) + (1,5 x %EG II) + (3 x %EG III) + (4,5 x %EGIV) + (6 x %EG V)]/ 100

Os grupos ecológicos foram caracterizados conforme as características de oportunismo e sensibilidade às alterações atrópicas da avifauna presente nos levantamentos, como segue: a) Grupo Ecológico I (EG I) – espécies não oportunistas e de sensibilidade média às alterações antrópicas; b) Grupo Ecológico II (EG II) – espécies não oportunistas e de sensibilidade baixa às alterações antrópicas; c) Grupo Ecológico III (EG III) – espécies oportunistas e de sensibilidade média às alterações antrópicas; SANTOS, Erika Nakata dos; SANTIAGO, Rodrigo Girardi; CHRISTOFFOLETI, Pedro Jacob. Aplicação do índice AMBI adaptado aos dados de levantamento da avifauna de Holambra para a determinação da integridade ambiental. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 172-188, fev. 2016.

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Artigo original d) Grupo Ecológico IV (EG IV) – espécies oportunistas e de sensibilidade baixa às alterações antrópicas; e) Grupo Ecológico V (EG V) – espécies oportunistas e sinantrópicas. Os dados obtidos nos levantamentos da avifauna foram adaptados, já que o índice AMBI foi inicialmente formulado para avaliação de impacto em ambientes costeiros, usando como indicador ambiental a comunidade bentônica (BORJA; FRANCO; PÉREZ, 2000). Após catalogar cada espécie de ave nos grupos ecológicos acima, os dados foram tabulados e inseridos no programa. O software a partir da proporção de indivíduos em cada grupo ecológico fornece a classificação de integridade ambiental, podendo indicar o grau de perturbação de um habitat e sua evolução em cada levantamento (Tabela 2). Tabela 2: Relação entre Índice AMBI, grupo ecológico (G.E.) dominante, e integridade ambiental.

Índice AMBI 0,0 < AMBI ≤ 1,2 1,2 < AMBI ≤ 3,3

G.E. Dominante I – II III

3,3 < AMBI ≤ 4,3 4,3 < AMBI ≤ 5,0

IV-V

5,0 < AMBI ≤ 5,5 5,5 < AMBI ≤ 6,0 6,0 < AMBI ≤ 7,0

V Ausência de vida

Integridade Ambiental Normal Levemente impactado Transicional para moderadamente impactado Moderadamente impactado Transicional para fortemente impactado Fortemente impactado Extremamente impactado

Fonte: Adaptado de Borja, Muxika e Franco, 2003, 11 p.

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Artigo original Resultados e Discussão Nos quatro levantamentos foram encontradas 173 espécies distintas de aves na estação experimental de Holambra, distribuidas em 21 ordens e 48 famílias. Abaixo a distribuição da riqueza específica da avifauna (Figura 1).

Riqueza específica da avifauna Número de espécies

200 160 120

80

Número de espécies

40 0 2003

2005

2010

2013

Anos do levantamento Figura 1. Comparação da riqueza específica da avifauna (nº. Total de espécies encontradas) nos levantamentos de 2003, 2005, 2010 e 2013.

A diversidade (Figura 2) também foi calculada nos intervalos de tempo avaliados:

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Artigo original Diversidade da Avifauna 7,3 7,2 7,1 7 6,9 Diversidade

6,8 6,7 6,6 6,5 6,4 2003

2005

2010

2013

Figura 2. Diversidade da avifauna nos levantamentos de 2003, 2005, 2010 e 2013.

De acordo com a classificação de Stoltz (1996), a maioria (cento e dezesseis espécies) das aves é considerada de baixa sensibilidade às perturbações ambientais, cinquenta e quatro espécies são de média sensibilidade e três aves são consideradas exóticas (Columba livia – pomba doméstica, Estrilda astrild – bico de lacre e Passer domesticus - pardal), porém

conhecendo seus hábitos é possível

considerá-las de baixa

sensibilidade às perturbações ambientais (Figura 3).

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Artigo original Sensibilidade a modificações do habitat

Baixa Média Exótica

Figura 3: Sensibilidade das espécies de aves encontradas na Estação Experimental de Holambra quanto a modificações de seu habitat nos levantamentos de 2003, 2005, 2010 e 2013.

Das 173 espécies de aves encontradas nos levantamentos, 61 espécies são consideradas oportunistas; isto é, aves que se adaptam em ambientes com alterações ambientais, e deste grupo 6 espécies são consideradas também sinantrópicas (Figura 4); isto é, que se adaptaram a viver próximas às habitações humanas e se beneficiar disto, e que podem até se transformar em pragas e causar danos sociais, econômicos e de saúde pública, como é o caso da pomba-doméstica.

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Artigo original Grau de oportunismo

Espécies oportunistas

Espécies oportunistas e sinantrópicas Espécies não oportunistas

Figura 4: Grau de oportunismo das aves encontradas na Estação Experimental de Holambra quanto a modificações de seu habitat nos levantamentos de 2003, 2005, 2010 e 2013.

O resultado da análise AMBI, feita através da classificação das aves conforme sua sensibilidade às perturbações, mostra um aumento, ao longo do tempo, de aves de grupos considerados mais sensíveis I e II (Figura 5).

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Artigo original 100

7 6

75

5 4

50 3

AMBI

Distribuição das espécies nos grupos ecológicos (%)

Distribuição dos grupos ecológicos

2

25

1

0

0 2003 Grupo I

Grupo II

2005 Grupo III

2010

2013

Grupo IV

Grupo V

AMBI

Figura 5: Histograma mostrando a proporção de espécies em cada grupo ecológico nos levantamentos de 2003(1), 2005(2), 2010(3) e 2013(4)

A integridade ambiental para os quatro períodos analisados (2003, 2005, 2010 e 2013) foi definida considerando os padrões especificados na Tabela 3. Tabela 3: Relação entre Índice AMBI, grupo ecológico (G.E.) dominante, e integridade ambiental.

Índice AMBI 0,0 < AMBI ≤ 1,2 1,2 < AMBI ≤ 3,3

G.E. Dominante I – II III

3,3 < AMBI ≤ 4,3 4,3 < AMBI ≤ 5,0

IV-V

5,0 < AMBI ≤ 5,5 5,5 < AMBI ≤ 6,0 6,0 < AMBI ≤ 7,0

V Ausência de vida

Integridade Ambiental Normal Levemente impactado Transicional para moderadamente impactado Moderadamente impactado Transicional para fortemente impactado Fortemente impactado Extremamente impactado

Fonte: Adaptado de Borja, Muxika e Franco, 2003, 11 p. SANTOS, Erika Nakata dos; SANTIAGO, Rodrigo Girardi; CHRISTOFFOLETI, Pedro Jacob. Aplicação do índice AMBI adaptado aos dados de levantamento da avifauna de Holambra para a determinação da integridade ambiental. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 172-188, fev. 2016.

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Artigo original A integridade ambiental para os quatro períodos analisados (2003, 2005, 2010 e 2013) indica que se trata de ambiente levemente impactado com tendência de melhoria no decorrer do tempo (Figura 6), 7

Extremamente impactado

6

Fortemente impactado

AMBI

5

Moderadamente imapctado

4 Levemente impactado

3 2

1

Normal

0 2003

2005

2010

2013

Figura 6: Distribuição das espécies nos levantamentos da avifauna de 2003, 2005, 2010 e 2013, classificadas quanto ao grau de perturbação sofrido.

Conclusão Os dados de levantamento da avifauna mostram uma evolução no perfil das aves que habitam e frequentam esta pequena área de preservação. O aumento da frequência de aves de média sensibilidade às perturbações de meio ambiente reforça a importância e a necessidade de manter esta área de conservação com o menor impacto das intervenções humanas possível. O resultado de 2005 em todos os parâmetros é menos favorável que o de 2003, o que pode ser devido ao menor esforço amostral de 2005 ou outro fator não determinado. De qualquer forma, se considerarmos os outros dois levantamentos subsequentes nota-se uma tendência de melhoria no perfil da avifauna, caminhando para o estabelecimento de uma comunidade característica de ambientes com menos perturbações. SANTOS, Erika Nakata dos; SANTIAGO, Rodrigo Girardi; CHRISTOFFOLETI, Pedro Jacob. Aplicação do índice AMBI adaptado aos dados de levantamento da avifauna de Holambra para a determinação da integridade ambiental. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 172-188, fev. 2016.

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Artigo original REFERÊNCIAS BIBBY, C. J.; MARSDEN, S.; JONES, M. Bird surveys. [S.l].: Expedition Advisory Centre, 1998. 143 p. (Expedition Field Techniques). BIODINÂMICA ENGENHARIA E MEIO AMBIENTE. Estudo de Impacto Ambiental EIA – Gasoduto Paulínia – Jacutinga. Rio de Janeiro: Petrobrás, 2006. Disponível em: <http://licenciamento.ibama.gov.br/>. Acesso em: 21 out. 2013. BORJA, A.; FRANCO, J.; PÉREZ, V. A Marine Biotic Index to establish the ecological quality of soft-bottom benthos within European estuarine and coastal environments. Marine Pollution Bulletin, London, v. 40, n. 12, p. 1100–1114, 2000. BORJA, A.; MUXIKA, I.; FRANCO, J. The application of a marine biotic index to different impact sources affecting soft-bottom benthic communities along European coasts. Marine Pollution Bulletin, London, v. 46, n. 12, p. 835–845, 2003. LANDRES, P. B.; VERNER, J.; THOMAS, J. W. Ecological uses of vertebrate indicator species: a critique. Conservation Biology, Hoboken, v. 2, n. 4, p. 316-328. 1988. MARINI, M. A.; GARCIA, F. I. Bird conservation in Brazil. Conservation Biology, Hoboken, v. 19, n. 3, p. 665-671, jun. 2005. OLMO, F. Aves ameaçadas, prioridades e políticas de conservação no Brasil. Revista Natureza e Conservação, Curitiba, v. 3, n. 1, p. 21-42, abr. 2005. RIBON, R. Amostragem de aves pelo método de listas de Mackinnon In: VON MATTER, S. et al. Ornitologia e Conservação: ciência aplicada, técnicas de pesquisa e conservação. Rio de Janeiro: Technical Book, 2011. cap. 1, p. 31-44. SABINO, J.; PRADO, PI. Síntese do conhecimento da diversidade biológica de vertebrados do Brasil. In: LEVINSOHN, T. Avaliação do estado do conhecimento da diversidade brasileira. Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente, 2006. v. 2, p. 55-143. SALOMÃO, A. T.; SANTIAGO; R. G. Projeto levantamento qualitativo da fauna de vertebrados da estação experimental Syngenta Proteção de Cultivos LTDA. Holambra: Syngenta, 2003. 21 p. Relatório final de atividades. Documento interno, de acesso restrito. SANTOS, Erika Nakata dos; SANTIAGO, Rodrigo Girardi; CHRISTOFFOLETI, Pedro Jacob. Aplicação do índice AMBI adaptado aos dados de levantamento da avifauna de Holambra para a determinação da integridade ambiental. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 1, p. 172-188, fev. 2016.

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Artigo original SANTIAGO, R. G. Projeto Fauna 2005: Syngenta – Estação Experimental de Holambra – SP. Holambra: Syngenta, 2005. 20 p. Relatório de atividades. Documento interno, de acesso restrito. SANTIAGO, R. G.; NASCIMENTO, M. C. Projeto Fauna 2010: Syngenta – Estação Experimental de Holambra – SP. Holambra: Syngenta, 2010. Relatório final. 41 p. 2010. Documento interno, de acesso restrito. SANTIAGO, R. G. Projeto Fauna 2013: Syngenta – Estação Experimental de Holambra – SP. Holambra: Syngenta, 2013. Relatório Final. 61 p. Documento interno, de acesso restrito. SHANNON, C.E; WEAVER, W. The Mathematical Theory of Communication. Urbana, Illinois: University of Illinois Press. 1949. 117 p. SICK, H. Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira S.A., 1997. 912 p. STOTZ, D. F. et al. Neotropical birds: ecology and conservation. Chicago: University of Chicago Press, 1996. 502 p. STRAUBE, F. C. Protocolo mínimo para levantamento de avifauna em Estudos de Impacto Ambiental. In: VON MATTER, S. et al. Ornitologia e conservação: ciência aplicada, técnicas de pesquisa e conservação. Rio de Janeiro: Technical Book, 2011. cap. 9, p. 237-254. WIENS, J. A. The ecology of bird communities. Cambridge: Cambridge University Press, 1989. v. 2, 336 p.

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