10 minute read

ENTREVISTA

EXPANSÃO DO PROGRAMA AEROESPACIAL E LINHAS DE FINANCIAMENTO SÃO ESTRATÉGIAS DO MCTI PARA APOIO À BIDS

Há três anos comandando o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, o Ministro Marcos Pontes tocou a gestão com um olho no presente e outro no futuro. Desenvolvimento, parceria, diversificação e oportunidades são palavras muito presentes nas explanações do Ministro, especialmente quando trata do setor aeroespacial, que também integra a Base Industrial de Defesa e Segurança (BIDS).

Advertisement

Nesta entrevista, Marcos Pontes fala das muitas possibilidades que a participação do Brasil em programas como o Artemis (missão espacial liderada pela Nasa que tem o objetivo de estabelecer uma base lunar para astronautas até 2024) abre para as empresas, projetando as necessidades que estarão no mercado para a exploração da Lua, Marte e o espaço profundo. O Ministro defende ainda a busca da independência comercial das empresas da BIDS para não depender apenas do poder de compra do Estado. tes, como inteligência artificial e materiais avançados que nós temos investido aqui no Ministério, que vão certamente favorecer o desenvolvimento de tecnologias para setores como defesa e segurança.

IA - Muitas empresas do setor aeroespacial integram a BIDS. Quais as perspectivas do MCTI de investimento neste setor para o próximo ano?

Pontes - Nesta gestão do MCTI, entre outras coisas, nós temos feito uma série de tratativas, junto com FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), para facilitar o acesso ao crédito mais barato para o desenvolvimento de produtos do setor aeroespacial e a criação de novas empresas, startups, etc. São muitos programas trabalhando em conjunto que podem e vão ajudar a BIDS. É necessário também que as empresas se adaptem à realidade atual enfrentando os desafios, com a diversificação e o desenvolvimento de novos produtos e a busca de novas tecnologias e inovações.

Informe Abimde - Quais são os projetos em curso atualmente no MCTI que têm parcerias ou podem vir a ter com a BIDS? Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes

- O MCTI tem trabalhado na melhoria do Programa Espacial Brasileiro e, com apenas dois anos e meio de gestão, demos passos de décadas. Eu vou focar um pouco aqui na área aeroespacial. Dentro deste setor, temos vários eixos. Um deles é a infraestrutura, como o Centro Espacial de Alcântara, aumento da estrutura de laboratórios e produção. Outro eixo é o desenvolvimento de sistemas espaciais do Brasil, com os satélites nacionais. A participação do Brasil no Programa Artemis também abrirá oportunidades e proporcionará a criação de novas empresas e produtos no Brasil; tanto para exploração da Lua, Marte como do espaço profundo. As dificuldades de uma exploração dessas abre perspectivas muito grandes. Além disso, há a área de foguetes. Nós desejamos ter empresas brasileiras fazendo lançamento de foguetes em Alcântara e não só empresas internacionais. Outro eixo de destaque é o desenvolvimento de aplicações do espaço, que pode participar de várias áreas, como agricultura, defesa, meio ambiente, monitoramento. Tudo isso vai permitir participação cada vez maior do setor privado no sistema e parcerias internacionais. Esse é o exemplo do setor aeroespacial, mas tem as outras áreas de utilização de tecnologias estruturan-

IA - Quais as perspectivas do MCTI quanto à construção e lançamento de satélites e, ainda, o senhor pretende investir em acordos

“A gente tem que desenvolver tecnologias bilaterais para potennacionais, principalmente tecnologias críticas, cializar a indústria que têm grande interesse de muitos países.” nacional?

Pontes - O desenvolvimento de satélites é uma das prioridades, um dos eixos do Programa Espacial Brasileiro. Em nossa gestão, temos focado bastante no fortalecimento completo do sistema, o que significa também o desenvolvimento de sistemas espaciais no Brasil. Eu estou ampliando um pouco o conceito de satélites para outros sistemas espaciais por causa da parceria internacional com o Programa Artemis, por exemplo, e com outros países, que vai exigir o desenvolvimento de sistemas que podem ser utilizados na exploração da Lua, de Marte, na construção do Projeto Lunar Gateway entre outros. Então, isso é um desafio muito grande que tem que ser encarado pelas empresas, universidades e centros de pesquisa, em conjunto. Quando se fala no desenvolvimento de novos satélites, mesmo constelações de nanosatélites como temos agora o desenvolvimento da Constelação Catarina, com o Estado de Santa Catarina, são exemplos de projetos que podem utilizar a estrutura de financiamento; e vem outras por aí para a área de agricultura, oceanos, defesa. Além disso, no CBERs, que é um programa já muito antigo, parceria do Brasil com a China, o foco que estamos dando na continuidade dele é com o desenvolvimento de um satélite de radar de abertura sintética. Utilizando para isso a Plataforma Multimissão brasileira com a experiência já adquirida no projeto de desenvolvimento e operação do Amazônia 1. Toda tecnologia vai sendo construída tijolo por tijolo e isso certamente vai ajudar o desenvolvimento do setor como um todo.

IA - O MCTI e o Governo Federal, como indutor de política pública neste cluster de empresas aeroespaciais, atraem muito investimento do exterior, certo? Como o Senhor vê esse cenário?

Pontes - Um dos eixos de desenvolvimento do programa espacial aqui pelo MCTI é justamente a parceria internacional, que cumpre várias funções. Anteriormente, em geral, as pessoas pensavam em parceria internacional para transferência de tecnologia internacional pra cá. Acho que a gente tem que ir muito além disso. Temos que desenvolver tecnologias nacionais, principalmente tecnologias críticas, que têm grande interesse de muitos países, e trocar essas experiências, desenvolver empresas em conjunto. Tem que ir, também, para o desenvolvimento e aplicação de produtos, ou seja, precisamos ter as empresas brasileiras vendendo produtos lá fora e empresas do exterior fazendo parcerias com nossas empresas. Esse trabalho em conjunto vai resultar no aumento considerável da tecnologia nacional bem como na introdução dessas tecnologias em outros países. Há uma quantidade muito grande de países que precisam disso, o que abre um mercado internacional muito interessante.

IA - O MCTI tem institutos de pesquisa que trabalham com desenvolvimento de novas tecnologias em diversas áreas; quais desses setores o senhor diria que interagem com a BIDS?

Pontes - Durante muito tempo os institutos de pesquisa e a academia trabalharam isolados do setor produtivo e isso é muito difícil. Há muito tempo a gente ouve falar de tríplice hélice (modelo de produção de inovação apoiado em três elementos inter-relacionados: empresas, universidades e governo), mas, na prática, havia um isolamento muito grande. Em nossa gestão, uma das diretrizes foi fazer uma aproximação prática e pragmática. Para isso, existe uma secretaria focada em projetos e estruturas financeiras de como tornar projetos viáveis comercialmente. Que tragam vantagens para as empresas que possam participar, que permita meios da introdução de recursos do setor privado, de outros setores para dentro de projetos públicos. Isso tem que vir associado com infraestrutura dentro do sistema, como a instalação de escritório de financiamento de projetos nas unidades de pesquisa, o que nós temos feito. Esse conjunto de ações da nossa gestão faz com que haja uma probabilidade muito maior do desenvolvimento do setor.

IA - Como o senhor vê a importância da atuação de uma entidade como a ABIMDE, à frente dos interesses da BIDS?

Pontes - A existência de uma associação que possa congregar demandas, ideias e diversas empresas do setor são extremamente importantes por vários aspectos. Um importante aspecto é que haja um ponto de interlocução mais focado, de forma que a gente possa conversar e ouvir o mercado, ouvir as demandas e discutir também as possibilidades de futuro.

19 IA - Qual é a contribuição que o senhor vê na Mostra BID para potencializar a visibilidade dos produtos das empresas do setor?

Pontes - Sem dúvida é importante mostrar os produtos, as potencialidades da BIDS. Lembrando que as tecnologias desenvolvidas nessa área têm aplicações em vários setores também. Então, mostras ou exposições, feiras e os diversos eventos que possam mostrar esses produtos, essas possibilidades e, principalmente, interagir com outros setores é extremamente importante para potencializar os negócios e, principalmente, para trazer mais robustês à carteira de produtos das empresas, para que elas não fiquem dependentes de só um produto ou mesmo reféns do poder de compra do Estado.

IA - O senhor gostaria de acrescentar outra questão a essa entrevista?

Pontes - Só gostaria de agradecer a todos da ABIMDE e a todos que têm nos ajudado a desenvolver o setor no Brasil. Nós passamos por diversas dificuldades ao longo do tempo com muitos altos e baixos, muitas vezes influenciados pela própria capacidade econômica do setor público do país. Então nossa gestão tem a ideia justamente de fazer com que o setor privado fique mais independente do público, possibilitando uma maior robustês do sistema com um todo.

MAC JEE AMPLIA PORTFÓLIO, EXPANDE INSTALAÇÕES E RECEBE SELOS DE ED E PED DO MINISTÉRIO DA DEFESA

A companhia integra grupo de empresas importantes para a garantia de autonomia tecnológica e soberania nacional.

OGrupo Mac Jee tem avançado de forma notória e significativa no mercado nacional e internacional de Defesa e Segurança. Como uma das principais empresas da BID (Base Industrial de Defesa) do Brasil, a Mac Jee apresenta ao mercado produtos de alta tecnologia e inovação, atendendo à demanda crescente no cenário mundial.

Formado por empresas brasileiras e com capital 100% nacional, o grupo foi credenciado pelo Ministério de Defesa (MD) como Empresa de Defesa (ED) e seus produtos foram classificados como Produtos Estratégicos de Defesa (PED). Essa chancela posiciona a companhia entre o seleto grupo de empresas habilitadas pelo MD como estratégicas frente aos requisitos das forças de defesa brasileira.

Em plena expansão territorial e produtiva, o Grupo está investindo mais de R$ 70 milhões em suas unidades fabris, localizadas em São José dos Campos (SP) e Paraibuna (SP), gerando diversos postos de trabalho e movimentando a Região Metropolitana do Vale do Paraíba, reconhecida como polo da indústria de defesa brasileira.

Um dos maiores diferenciais da Mac Jee é o domínio completo do processo produtivo. A empresa é responsável pela criação dos projetos desde a fase inicial, desenvolvendo ferramentas, fabricando em larga escala e avaliando a qualidade, tudo de acordo com as normas mais rígidas do mercado. Recentemente, o Grupo foi aprovado pela ABS Quality Evaluations (ABS-QE) para renovação e expansão do Certificado AS9100D:2016, o qual confere um sistema de gestão de qualidade amplamente adotado pela indústria aeroespacial, e incorpora plenamente a ISO 9001.

Produtos - Entre o portfólio de produtos da Mac Jee, destacam-se o lançador de foguetes Armadillo, o kit de guiagem DAGGER, as munições aéreas BGB (MK), e a munição anti-bunker BPB 2000.

O Armadillo está em fase avançada de testes em colaboração técnica com o CAEx (Centro de Avaliações do Exército), no Rio de Janeiro. Devido à sua tecnologia inovadora e arrojada, o lançador está preparado para atender os requisitos de diversas Forças Armadas.

O DAGGER, sistema inteligente de guiagem de munições aéreas, vai ao encontro da tendência dos Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs). Com capacidade de atuação em cenários operacionais diversos e complexos, o sistema reduz efeitos colaterais e aumenta a porcentagem de acertos no alvo.

E a Mac Jee segue investindo em produtos, serviços e tecnologias, posicionando-se no mercado de forma forte e inovadora. Novas certificações de qualidade já estão sendo buscadas, assim como o título de Empresa Estratégica de Defesa (EED). A missão da empresa é colaborar cada vez mais com a autonomia das Nações. KIT DE GUIAGEM PARA MUNIÇÃO AÉREA

DAGGER é um kit de guiamento e extensão de alcance desenvolvido para atingir alvos fixos ou móveis, em terra ou mar, com extrema precisão a grandes distâncias de maneira autônoma ou designada utilizando seus sistemas de visão computacional, navegação robusta e datalink.

+120KM

DAGGER possui um alcance de mais de 120 km e três fases de operação (navegação, detecção e abordagem final).

TECNOLOGIA BRASILEIRA

A Mac Jee é responsável pela engenharia e fabricação do kit de guiagem, incluindo a BGB 82.

PRONTO PARA QUALQUER CENÁRIO

A tecnologia do DAGGER fornece alta precisão durante o dia, noite, mau tempo e pouca visibilidade causada por fumaça ou poeira.