HYDRO BRASIL / Junho 2023

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HYDRO BRASIL

Por que o clima está se tornando mais extremo

O período de escassez que afetou o Brasil em 2021 faz parte de um ciclo climático, mas os seus picos podem ter sido amplificados pelas ações humanas

Ano 1 Junho 2023 nº 2
Energia híbrida pode ser o caminho de uma “revolução” em benefício do consumidor

CARTA AOS LEITORES

Nesta segunda edição de HYDRO BRASIL, em uma entrevista com o meteorologista Alexandre Nascimento, da Nottus, a mais nova empresa da Thymos Energia, avaliamos os fatores que estão causando mudanças rápidas no clima global e contribuindo para condições extremas, como a que levou o Brasil, em 2021, à sua pior seca dos 91 anos anteriores.

Merece destaque, igualmente, um conjunto de matérias e artigos transversais que impactam direta e fortemente os rumos de variados

HYDRO BRASIL

Circulação trimestral

Número 2 - Ano 1

Junho de 2023

Conselho Editorial

Valmor Alves

Gerson Berti

Ademar Cury

Mário Luiz Menel da Cunha

Ricardo Pigatto

Edvaldo Santana

Alessandra Torres

Publisher: Milton Wells

Planejamento Gráfico

Luiz Gustavo Van Ondheusden

Revisão

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Gráfica Capital Ltda.

Produção

Editora Matita Perê Ltda. ME

Travessa Jundiaí, 2200/608

Porto Alegre

90250-270

Solicite a revista pelo e-mail revistahydrobrasil@revistahydrobrasil.com.br

segmentos da fonte hídrica no Brasil.

Veja nesta edição:

 Os desafios que o projeto da UHE Tabajara ainda tem pela frente de vir a ser cadastrada para os leilões de energia, depois de um longo histórico iniciado ainda nos anos 1980.

 Por que acendeu a luz amarela no segmento de centrais hidrelétricas.

 Uma entrevista elucidativa sobre as perspectivas de a energia híbrida se tornar, no país, um caminho capaz de garantir suprimento e preço acessível ao consumidor.

2 CARTA AOS LEITORES

Nesta segunda edição de HYDRO BRASIL, trazemos vários temas de transversais que abordam a fonte hídrica e as energias renováveis, com destaque para as mudanças do clima, novas tecnologias e o futuro das hidrelétricas.

4 AMBIENTE

Em entrevista, o meteorologista Alexandre Nascimento, da Nottus, avalia os fatores que estão tornando o clima mais extremo

 Reportagem sobre a energia das marés, cuja tecnologia está em franco desenvolvimento entre países europeus e nos Estados Unidos, podendo alcançar 350 GW até 2050.

 O novo produto criado pela startup Eletrify capaz de garantir o uso mais eficiente de recursos hídricos e ampliar a oferta de energias renováveis.

Tenha uma ótima leitura! Até a próxima edição de HYDRO BRASIL, em setembro.

10 ENERGIAS RENOVÁVEIS

Em entrevista, o empresário Ricardo Pigatto aponta o que ficou faltando para a energia híbrida deslanchar no país depois da regulamentação da Agência Nacional de Energia Elétrica

6 HIDRELÉTRICA

Depois de longo histórico que se iniciou ainda nos anos 1980, o projeto da UHE Tabajara tem pela frente novos desafios para chegar até o leilão de energia

12 CENTRAIS HIDRELÉTRICAS Como o setor enxerga a atual conjuntura de PCHs e CGHs

8 ARTIGO

Mário Menel e Fernando Papas - O futuro das hidrelétricas

14 ARTIGO

Ademar Cury - A transição energética e a matriz elétrica brasileira

16 TECNOLOGIA

A expansão dos projetos de energia das marés melhora a confiabilidade e prova seu valor para os investidores

18 RESERVATÓRIOS

A Eletrify, de Blumenau (SC), chega ao mercado com uma solução capaz de maximizar o rendimento de recursos hídricos

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Oito das 20 turbinas geradoras de Itaipu ficaram desativadas em decorrência da estiagem que atingiu a região de Foz do Iguaçu, em julho de 2021

Por que o clima está se tornando mais extremo

O meteorologista Alexandre Nascimento, sócio-diretor da Nottus, empresa de inteligência meteorológica recém-criada com aporte da Thymos Energia, avalia que o fato de o clima ter atingido uma situação extrema como em 2021, quando o Brasil enfrentou a pior seca dos 91 anos anteriores, está associado a variáveis climáticas relativamente cíclicas. Contudo, a amplificação desses eventos é derivada da mudança

climática que torna as secas mais severas e os eventos de chuva mais intensos, afirma em entrevista à HYDRO BRASIL.

A seguir, acompanhe seus principais trechos:

Hydro Brasil - A crise hídrica recente no Brasil é efeito de alterações do clima, ou ainda existe incerteza sobre as suas causas?

Alexandre Nascimento - O conhecimento popular dos ribeiri-

nhos, depois de anos e anos convivendo com o vai e vem dos rios e represas que compõem a bacia hidrográfica do Paraná, afirma que o leito passa por um mínimo a cada 10-12 anos. Por outro lado, temos também períodos de cheias mais severas. Isso está associado a algumas variáveis climáticas relativamente cíclicas. No entanto, o papel da mudança climática nisso é amplificar esses eventos, tornando as secas mais

AMBIENTE | 4 Hydro Brasil

severas e os eventos de chuva mais intensos.

Hydro Brasil - Existem aspectos da atividade humana que podem estar afetando as chuvas no Brasil?

Nascimento - Toda atividade humana que muda o aspecto natural das coisas pode estar afetando o regime de chuvas. Mudando o microclima de várias áreas, você pode mudar o clima de uma determinada região. Vamos usar o exemplo de São Paulo. Certamente, nos séculos passados, havia muito mais mata do que prédios e asfalto. Em algum momento dos anos 1900 foi chamada de terra da garoa. E hoje em dia, é um sinônimo de má distribuição da chuva, com alguns temporais devastadores no verão e semanas de seca no inverno.

Hydro Brasil - O desmatamento na Amazônia pode estar influenciando mais amplamente as chuvas no Brasil?

Nascimento - Certamente. E não só a Amazônia, da Mata Atlântica, que ocupa um papel importante na manutenção dos recursos hídricos disponíveis dos principais estados brasileiros. A principal fonte de umidade em nosso país está associada aos ventos alísios, que no período de primavera, e principalmente durante o verão, trazem bastante umidade do oceano para o centro-norte do nosso país. Esses ventos são refletidos pela Cordilheira dos Andes e “descem” em direção ao Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Parte desta umidade, ao entrar na Amazônia, forma nuvens carregadas que precipitam sobre a floresta. Essa chuva é reabsorvida pelas árvores e plantas, que evaporam pelas folhas e formam novas fontes de umidade para o restante do país. É o que alguns pesqui-

sadores chamam de reciclagem de umidade, ou seja, a floresta recicla parte da umidade trazida pelos alísios. E essa “umidade reciclada” é a principal fonte para áreas como o sul do Mato Grosso e de Goiás, Mato Grosso do Sul, parte do Sudeste e do Sul. E aí, se você reduz a quantidade de floresta, reduz a evapotranspiração e reduz, também, a quantidade de umidade que desce pelo restante do país. Como resultado, podemos ter secas mais severas e chuvas cada vez mais irregulares.

Hydro Brasil - É possível prever condições normais de chuvas para os próximos anos?

Nascimento - Normalidade de chuva é algo bastante complexo, pois é uma média em que se unem anos extremamente secos com anos extremamente úmidos e, na média, pode ser que algo não mude muito. Mas, enfim, podemos entender que, de agora em diante, se não revermos

alguns aspectos, os eventos que já estão ocorrendo de forma extrema podem ficar cada vez mais intensos.

Hydro Brasil - Os eventos extremos de seca dos anos 20142015-2016 e chuvosos dos anos 2021-2022-2023 podem se repetir?

Nascimento - Sim, eventos extremos como esses podem e devem ser comuns nessa atual realidade. Acredito que exista e estamos dentro de um ciclo climático, mas os seus picos podem ter sido amplificados pelas ações humanas. Existem fatos irrefutáveis, como apontam os relatórios do IPCC: as atividades humanas, principalmente através de emissões de gases de efeito estufa, fizeram com que a temperatura da superfície global atingisse 1,1° C acima de 1850-1900 em 2011-2020. E o pior: as emissões globais de gases de efeito estufa continuam a aumentar.

| 5 Junho de 2023
Alexandre Nascimento: “Podemos ter secas mais severas e chuvas cada vez mais irregulares”

O que falta para o projeto da UHE Tabajara ir a leilão

A UHE Tabajara, no Rio Ji-Paraná/rio Madeira, de 400 MW de potência instalada e energia firme de 234,99 MW médios, em trecho situado no município de Machadinho D´Oeste, estado de Rondônia, está a um passo para o leilão de concessão. Pelo menos essa é a expectativa do grupo de desenvolvedores do empreendimento, após a recepção favorável nas audiências públicas promovidas pelo Ibama, ocorridas na sede do município de Machadinho do Oeste e no local do empreendimento, em abril de 2022. Falta somente a complementação dos Estudos de Componentes In-

dígenas solicitados em março pela Funai, em área não abrangente ao Termo de Referência estabelecido pela Funai.

A partir da aprovação desse novo estudo, as empresas desenvolvedoras do projeto acreditam que não haverá maior empecilho para seu cadastramento em leilão, na medida em que conta com aprovação dos Estudos de Viabilidade Técnica Econômica (EVTEA) pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) desde janeiro de 2007. “Estamos empenhados para que o projeto seja aprovado neste ano e siga para leilão”, afirmou José Eduardo

Moreira, presidente da PCE Projetos e Consultorias de Engenharia.

Os estudos de viabilidade, inicialmente, tiveram participação das empresas Construtora Queiroz Galvão S.A. e Endesa Brasil S.A. (atual Enel Brasil S.A.). Na fase atual, são responsáveis pelos estudos as empresas Eletronorte, Furnas, PCE Projetos e Consultorias de Engenharia e JGP Consultoria e Participações Ltda. Projetada com três turbinas tipo Kaplan, a obra demandará cerca de R$ 3,5 bilhões de investimentos, com a geração de 3.500 empregos diretos.

Os estudos de inventário do Rio Ji-Paraná começaram nos anos

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HIDRELÉTRICAS
O Rio Ji-Paraná ou Machado atravessa Rondônia no sentido sudeste-norte, indo desembocar no Rio Madeira

1980, inicialmente composto por três usinas, com a UHE Tabajara de 700 MW. Para mitigar os impactos ambientais, o inventário do rio foi reduzido à somente uma usina, bem como a elevação do reservatório foi rebaixada, diminuindo, com isso, a potência para 400 MW. O EVTEA, nessas condições, foi aprovado pela Aneel em janeiro de 2017.

Já os estudos ambientais (EIA/ RIMA) foram encaminhados ao Ibama no segundo semestre de 2017 e, posteriormente, apresentados esclarecimentos e estudos adicionais em 2018 e 2019.

Mais recentemente, em março deste ano, a Funai encaminhou ofício ao Ibama solicitando complementação dos Estudos de Componente Indígena para reservas situadas além dos limites fixados pela

Portaria nº 415/2011, depois revogada, e pela Portaria Interministerial nº 60/2015, atualmente em vigor.

A usina foi indicada na oferta de projetos hidrelétricos do Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica 2029 (PDE 2029), além de ter sido qualificada no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), por meio do Decreto nº 10.116, de 19 de novembro de 2019, para fins de apoio ao licenciamento ambiental e de outras medidas necessárias à sua viabilização.

Hoje em dia, não existem usinas inauguradas ou em construção de porte acima de 200 MW no Brasil. As últimas foram Cachoeira Caldeirão, no Amapá, com potência de 219 MW, em 2016, e São Manoel, entre Mato Grosso e Paraná, com 700 MW, em 2018.

AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO EMPREENDIMENTO SÃO RELACIONADAS A SEGUIR:

 N.A. máximo normal de operação: El. 80,00 m; (Usina a Fio d´Água).

 N.A. máximo normal de jusante: El. 55,20 m.

 Área de inundação do reservatório no N.A. máximo normal: 52,3 km².

 Vazão Média de Longo Termo: 1.553 m³/s.

 Vazão de projeto do Vertedouro (TR 10.000): 10.570 m³/s.

 Vazão de projeto de Desvio (TR 50 anos, estiagem): 2.142 m³/s.

 Energia firme local: 240,02 MW.

 Potência Instalada total: 400 MW.

 Unidades Geradoras: 03, com turbinas tipo Kaplan.

 Empregos Diretos no pico da Obra: 3.500.

www.progressul.com.br

ARTIGO

O futuro das hidrelétricas

**Fernando Pappas

É indiscutível a posição de destaque que as usinas hidrelétricas (UHEs) brasileiras tiveram no passado. A relevância da fonte se acentuou especialmente entre 1960 e 1980, quando o crescimento médio da capacidade instalada por década foi de 180% – ante os 8% médios observados em 1940 e 1950.

Até a primeira década do século XXI, a operação do sistema era quase que exclusivamente hidrelétrica – 91% da carga foi atendida por UHEs na média entre 2000 e 2010. A transição para os dias atuais foi marcada pela gradual perda de protagonismo. A partir de 2015, as eólicas e fotovoltaicas passaram a ganhar destaque na matriz brasileira: sua participação saltou de 4% para 18% entre 2015 e 2023.

Além disso, restrições hídricas, naturais e impostas, já são parte do quotidiano das UHEs. Recentemente, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) publicou várias resoluções normativas restringindo a operação de usinas hidrelétricas para compatibilizá-la com os usos múltiplos da água. Essa redução da participação no atendimento à carga traz algumas consequências.

Quando as UHEs deixam de gerar, o GSF piora (fator que mede a relação entre a geração e a “promessa” de geração hidrelétrica, denominada garantia física). Chama atenção, nesse caso, o fato de as UHEs participarem de maneira compulsória do Mecanismo de Realocação de Energia (MRE) – um “condomínio” criado para mitigar o risco hidrológi-

co. Cada usina tem direito a uma fração da energia produzida pelo MRE, o qual considera o produto entre o GSF e a própria garantia física.

Na prática, o GSF (que diminuiu de 99% em 2013 para 73% em 2021) tem impacto direto na receita dos geradores, uma vez que as obrigações contratuais são firmadas com base na garantia física, e a remuneração é apenas pela parcela de energia retirada do MRE. Além disso, quando a vazão não turbinada também não pode ser armazenada, as UHEs se veem obrigadas a vertê-la – a energia vertida turbinável média aumentou de 830 MWmed em 2013 para 2.626 MWmed em 2022, com as hidrelétricas chegando a descartar 32,7 GWmed (53% da carga) em 22/04/2023.

Interessante registrar que o presente das UHEs não reflete os louros do passado. Os geradores não possuem ingerência sobre a única fonte de receita (a produção de energia) e ainda prestam, sem

remuneração, diversos serviços. Entre eles, garantia da segurança energética do país com os reservatórios; atuação como baterias para as fontes não despacháveis; acompanhamento da curva de carga, garantindo o atendimento à ponta no tempo real; e realização do controle de tensão e frequência (serviços ancilares).

De alta relevância no passado, as hidrelétricas amargam um presente sem reconhecimento. Seu futuro depende de um novo modelo comercial que as remunere, não apenas pela produção de energia, mas também pelos recursos disponíveis para o atendimento de potência e pelos serviços prestados para garantia da segurança do sistema e confiabilidade da operação. Sempre é bom lembrar que o Brasil ainda dispõe de potencial hídrico não explorado.

*Presidente da Associação Brasileira de Investidores em Autoprodução de Energia (ABIAPE)

**Engenheiro da ABIAPE

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Mário Menel Fernando Pappas
| 9 Junho de 2023 CARTOLA

ENERGIAS RENOVÁVEIS

Em outubro de 2019, foi instalada a primeira etapa de uma usina solar flutuante fotovoltaica na Usina Hidrelétrica de Sobradinho, no Rio São Francisco, com capacidade de 1 MW-pico de energia

Energia híbrida pode ser o caminho de uma “revolução” em benefício do consumidor

Em vigência desde 30 de novembro de 2021, por meio de regulamentação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a operação de usinas híbridas e de geração associada, abrangendo usinas fotovoltaicas, eólicas, pequenas e grandes hidrelétricas e termelétricas, ainda patina no país. Capaz de oferecer alto nível de segurança em energética, entre outras vantagens, a geração híbrida carece de mecanismos regulatórios que permitam às diversas fontes, de forma complementar, firmarem contratos de suprimento de energia firme, horária e sazonal, segundo afirma nesta entrevista à Hydro Brasil o

empresário Ricardo Pigatto, que se define como um “um batalhador em defesa da isonomia das fontes”.

Acompanhe:

Hydro Brasil - O mercado vem respondendo com empreendimentos de usinas híbridas desde a regulação aprovada pela Aneel?

Ricardo Pigatto - Atualmente, não há sistemas híbridos em operação tal como se denominam tais sistemas. O que existe hoje são compartilhamentos de instalações comuns entre diferentes tipos de fontes de geração, tais como a combinação de solar+eólica, PCHs+solar, compartilhan-

do subestações, conexões ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e até mesmo infraestruturas.

Para que sistemas híbridos sejam, de fato, implantados, a regulação deve ser modificada para que a contratação de energia se dê de forma diferente, ou seja, as fontes deverão se complementar entre si, oferecendo aos consumidores uma geração mais próxima do perfil de consumo com uma combinação de fontes que permitam a complementariedade da intermitência da solar à noite e da intermitência da eólica em horários sem vento, que podem ser através de hidráulicas (limpas, renováveis e mais bara-

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tas) ou de térmicas. O poder concedente, no ambiente regulado, ou o consumidor livre passariam a adquirir sua energia em R$/ MWh, independentemente da fonte de geração, buscando com que o perfil de geração seja mais próximo da correlação = 1 ao perfil de demanda. Essa modalidade incentivará a geração híbrida e fará, naturalmente, um mix tarifário adequado, assim como gerará segurança de suprimento.

Hydro Brasil - Quais são os principais gargalos?

Pigatto - Por ora, apenas regulatórios. Não é fácil mudar conceitos históricos de uma hora para outra. A entrada maciça de geração intermitente da GD solar está fazendo com que se busquem alternativas para que haja um mix de geração que incorpore as discrepâncias de custos, que hoje são cobertas por subsídios na GD.

Hydro Brasil - Quando se fala em usinas híbridas, a complementariedade envolve sempre eólica e solar. A complementação de hidrelétrica e solar ainda é marginal?

Pigatto - Na verdade, as plantas solares e eólicas dividem infraestrutura de escoamento de energia e cada uma vende sua geração em contratos independentes. Isso não é geração híbrida tal como se planeja. Nada dificulta a geração através de hidrelétricas com solares, tanto que diversos reservatórios já passam por experiência de terem painéis flutuantes, compartilhando infraestrutura. Reitero que o que falta é uma regulação robusta que estimule a complementariedade de geração entre fontes para o melhor atendimento aos consumidores, com preços mais justos e segurança energética.

Hydro Brasil - Cite exemplos bem-sucedidos de usina híbrida

UHEs-solar.

Pigatto - Ainda que de baixa potência, mas bem-sucedidas, as instalações em Porto Primavera (SP) e Sobradinho (BA) podem ser referências. Estão em implantação em diversos reservatórios de PCHs para, futuramente, buscarem ser geração híbrida de fato, com complementariedade contratual.

Hydro Brasil - Qual seria o potencial, no Brasil, de geração de energia híbrida UHES-fotovoltaica, sem alterar a geração diária da UHE?

Pigatto - Existem diversos fatores para apurar esse volume de geração, que vão dos aspectos ambientais ao de compartilhamento de infraestrutura. A princípio, não há limitação, além dessas que prejudiquem a geração hidroenergética com plantas solares flutuantes.

Hydro Brasil - Qual seria o potencial eólico-solar?

Pigatto - Da mesma forma que o compartilhamento de infraestrutura na geração hidroenergética, a geração eólica tem

como limitadores os aspectos ambientais e fundiários, pois são necessárias extensas áreas para implantar fazendas solares e estas não podem interferir na operação normal de fazendas eólicas. Salvo essas questões, os potenciais são ilimitados.

Hydro Brasil - Como o poder concedente deveria estimular a geração híbrida?

Pigatto - Deveria criar mecanismos regulatórios que permitam que as diversas fontes possam, de forma complementar – híbridas em consórcio –, firmar contratos de suprimento de energia firme, horária, sazonal, ou seja, atendendo ao perfil do consumidor, sem levar em consideração se é energia “nova” ou existente, pois o que, de fato, importa é a garantia de suprimento e o preço acessível, isento de subsídios. Dessa forma, haverá uma verdadeira “revolução”, cujos benefícios, sejam locacionais, preços e segurança de suprimento, estarão à disposição dos consumidores, sejam livres ou cativos.

| 11 Junho de 2023
Ricardo Pigatto:
“A energia híbrida pode trazer preços e segurança de suprimento aos consumidores”

CENTRAIS HIDRELÉTRICAS

Luz amarela? O que as condições de mercado nos dizem sobre as PCHs

Ainda sem a confirmação de leilões para este ano e, mesmo diante do cenário de baixa demanda, o setor de centrais hidrelétricas continua com pedidos de licenciamento junto aos órgãos ambientais dos estados. O Instituto do Meio Ambiente (IMA), de Santa Catarina, por exemplo, é um dos mais ativos. Somente em 2022 foram emitidas 109 novas Licenças para CGH, 14 para PCH e uma para UHE, totalizando 550,6 MW.

Neste ano, o movimento de pedidos de licenças não arrefeceu, tendo sido registrada neste primeiro trimestre a emissão de seis novas licenças ambientais de PCHs e nove de CGH, totalizando 76,55 MW de energia. Isso significa que o volume de estoque de projetos tende a aumentar, mesmo que uma pequena parcela tenha alguma viabilidade tarifária diante do cenário atual, adverte Daniel Faller, diretor da Hydrofall, de Rio do Sul. Muito dessa demanda, segundo Faller, advém da expectativa de um reconhecimento dos diferenciais da fonte hídrica, especialmente quando se avalia o investimento no longo prazo.

Cristiano Tessaro, da Camerge, de Florianópolis/SC, especializada em gestão de energia, lembra que o avanço acelerado da GD acabou retirando demanda das distribuidoras, provocando um desequilíbrio no mercado com prejuízos para as PCHs. Enquanto permanecer esse quadro, conforme ele, o setor de PCHs deverá continuar estagnado, visto que a opção pelo mercado livre, que seria uma das alternativas, dados os elevados custos de produção, é inviável.

“Acredito que o mercado de PCHs no Brasil vai passar por uma

redução brutal de investimentos, até que haja uma sinalização de demanda de leilões, que hoje não existe”, acrescenta e alerta para os riscos da cadeia setorial das centrais hidrelétricas. “Daqui para frente, o setor deve trabalhar apenas com os projetos já fechados. O fato é que acendeu a luz amarela e se não for feito nada para alterar esse quadro, a luz vermelha vem em seguida.” Para Nelson Dornelas, da Estelar Engenharia, de Florianópolis/SC, claramente, a GD desvirtuou em seu conceito, que seria para atender ao consumidor médio, dispor de sua própria usina. “Na verdade, estão construindo usinas e comercializando de forma disfarçada, e isso está retirando o mercado tanto das geradoras quanto das distribuidoras. Hoje, não tem demanda porque esta está sendo absorvida pela GD.”

A regulamentação da GD, observa Dornelas, criou esse hiato e está prejudicando tanto as distribuidoras quanto os geradores. “Aparentemente, estaria beneficiando os consumidores, mas isso terá reflexo depois, porque, em médio prazo, as usinas que perderam a demanda não irão suportar e o preço deverá subir.”

A solução para esse desequilíbrio na oferta leva a dois caminhos, indica. “Regular a GD também para as PCHs, no mesmo modo de concorrência, ou abrir totalmente o mercado livre, o que teria um benefício mútuo para o consumidor. Assim, esses consumidores que hoje compram energia na GD com 15% de desconto ganharão a opção de 20% a 30% de desconto.” Dornelas argumenta, ainda, que para o consumidor, primeiro devem ser ofertadas opções mais econômicas. Essa regra acabou desvirtuada pela GD. “Abrindo o mercado livre, o preço desse mercado irá subir porque haverá mais e vai cair no da GD, que terá preços mais competitivos das PCHs, o que é melhor para o consumidor.”

O empresário do setor Ricardo Pigatto vê o quadro de maneira diferente: “A parte positiva é que as obviedades do equívoco da GD sem planejamento estão cada dia mais evidentes. Imagino que o poder concedente já percebeu e vai mudar isso com a precificação correta das fontes, onde as PCHs são mais econômicas, o que deve ser reconhecido pelo mercado livre” .

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Setor deve trabalhar apenas com projetos já fechados
PCH KOTZIAM

HIDRO

GERAÇÃO

Engenharia e Consultoria

Diferenciais

Gestão completa dos Empreendimentos

Matrizes de interface com segurança e baixo custo benefício

Civil / Eletromecânica

Desenvolvimento otimizado e enxuto Gestão de compra de equipamentos

Utilização de Softwares homologados

Histórico 2022 / 2023

23 Projetos desenvolvidos, totalizando 167,20 MW

11 Estudos de viabilidade de CGH's

19 Projetos vendidos em Leilões

Vistorias anuais em 26

Aproveitamentos existentes

Engenharia do Proprietário em 03 PCH's

Reversão de 04 projetos "inviabilizados"

Participação societária em 05 PCH's

Alguns dos nossos Clientes

NOSSOS SERVIÇOS:

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São José dos Pinhais - PR

Desenvolvimento de

$ potenciais no menor custo R$/MW

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Política Nacional de Segurança de Barragens:

- Elaboração do PAE

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Técnica

| 13 Junho de 2023

A transição energética e a matriz elétrica brasileira

Ademar Cury

A tão propalada transição energética, que vem gerando uma verdadeira corrida mundial nestes tempos de aquecimento global, precisa ser melhor qualificada e devidamente endereçada para a realidade brasileira. É necessário separar a matriz energética da matriz elétrica, tanto no Brasil como no mundo, pois as metas, os problemas e as soluções, de uma e de outra, são diferentes. A matriz energética mundial tem 15% de fontes renováveis, enquanto a brasileira atinge 48%. Já na matriz elétrica efetiva (energia gerada), o mundo apresenta 29% de renováveis e o Brasil, 83%.

A prioridade do Brasil, portanto, é a transição energética, com seus reflexos na matriz elétrica, que precisa atender à demanda futura e continuar sendo tão ou mais limpa e renovável do que é hoje.

Soluções energéticas, como hidrogênio verde, biocombustíveis, biogás, etanol (solução já consolidada no país) e até o gás do pré-sal e carvão (com a captação do carbono) e, claro, todas as fontes de geração de energia elétrica disponíveis precisam ser consideradas no ambiente de discussão da transição energética, com foco na descarbonização, segurança energética e modicidade tarifária. Exportação de energéticos também deve ser considerada no futuro de nossa matriz energética.

A principal novidade do se-

tor energético mundial é, sem dúvida, o hidrogênio verde e/ ou “limpo” (o qual admite um pequeno valor de emissão), que é altamente dependente de energia elétrica e consome água limpa.

Programas de desenvolvimento, estímulos e tecnologias ligados ao hidrogênio estão sendo objeto de discussão no setor energético brasileiro e mundial. Alguns projetos já estão saindo do papel, soluções tecnológicas sendo desenvolvidas, a custos finais ainda desconhecidos, mas certamente altos, o que demandará algum tempo para uma oferta e utilização massiva do hidrogênio.

É preciso, portanto, focar na nossa matriz elétrica. Programas de longo e médio prazo para novas formas de energia e fontes de energia elétrica precisam ser desenvolvidos, sim, mas não devem substituir e muito menos desviar a atenção da matriz elétrica brasileira, atual e futura, grandemente fragilizada, desbalanceada e abandonada à própria sorte pelo planejamento do setor.

A falta deste planejamento no passado recente, somado ao baixo crescimento da economia (média de 0,3 % ao ano na década), à priorização de solares e eólicas nos leilões (poucas PCHs), à abertura do mercado, à explosão da Geração Distribuída, majoritariamente solar intermitente (altamente subsidiada e completamente fora de controle) e, principalmente, à falta de novas

hidrelétricas com reservatórios, que teriam amenizado a crise de 2021, resultaram na sobrecontratação das distribuidoras, sobras de energia (e, ao mesmo tempo, a dependência de geração térmica caríssima) e a tarifa final de energia elétrica terceira mais cara do mundo.

Estimam-se novos 50 GW de usinas intermitentes para a próxima década (grande parte GD), apenas 4 GW de novas hidrelétricas e nada de novos reservatórios.

Hidrelétricas, principalmente as PCHs, com e sem reservató-

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ARTIGO

rios, reversíveis, sempre tão citadas como baterias que são, mas que nunca tiveram programas de desenvolvimento sérios e efetivos, como tantos outros tiveram e continuam tendo, precisam ser imediatamente reinseridas na matriz, em quantidade compatível com a real necessidade. São fundamentais para a compensação das intermitências e equilíbrio da matriz elétrica brasileira. Caso contrário, serão necessárias mais térmicas.

As perspectivas futuras re lacionadas com o hidrogênio e a mobilidade elétrica podem representar um vetor de cresci mento da demanda de energia elétrica, a ser viabilizado com o

uso compartilhado, coordenado e equilibrado de todas as fontes renováveis disponíveis: hidrelétricas, novas, antigas, modernizadas e reversíveis, PCHs (disponíveis para implantação imediata), solares e eólicas, usinas híbridas (recentemente regulamentadas), térmicas nucleares, a biocombustíveis e resíduos sólidos e, inclusive, térmicas a gás, no limite de seu espaço para prover a estabilidade do sistema, a partir de um planejamento determinístico coordenado pelo MME.

tam trazer eólicas off shore como solução associada ao hidrogênio (os dois são programas necessários e importantes, mas independentes), a fonte deve ser regulamentada para que seja inserida na matriz elétrica futura, mas subordinada à prioridade de outras fontes renováveis que estejam disponíveis (e aqui lembramos, mais uma vez, as PCHs) e ao preço final e real, ou seja, sem subsídios.

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SOLUÇÕES:
O controle da sua PCH na palma de suas mãos

A usina de Rance, pioneira em energia das marés, na França, com 24 turbinas e mais de 760 metros de largura, produz 500 GWh/ano

Mercado global da energia das marés pode chegar a 350 GW até 2050

Durante décadas, as imensas dificuldades práticas de aproveitar a energia das marés ou das ondas afastaram investidores e governos em busca de grandes fontes de energia renovável.

Mas, à medida que os custos de implantação de turbinas nas correntes de maré caem, mais e mais empresas e países estão vendo o potencial de uma fonte de energia que cria energia con-

forme as marés vazam e fluem em horários previsíveis todos os dias – energia que é renovável, mas não intermitente.

Os projetos modernos de energia das marés começaram na década de 1960, embora muito poucos estejam realmente operacionais. As turbinas são colocadas em fluxos de maré que geram eletricidade – e, devido ao fato de a água ser mais densa

que o ar e as marés serem mais confiáveis que o vento, um fluxo constante e confiável de eletricidade é produzido.

Ainda incipiente, a energia cumulativa produzida a partir de fontes de ondas e correntes de maré aumentou de menos de 5 GWh em 2009 para 45 GWh em 2019. Estima-se que a energia dos mares cresça 33% ao ano até 2030 para que sua participação no ce-

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nário das emissões dos Gases do Efeito Estufa até 2050 seja mais significativa, alcançando 4 TWh em 2025 e 15 TWh em 2030. Para tanto, segundo o professor Célio Berman, do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP), são necessárias políticas públicas que promovam a ciência, tecnologia e inovação para o mundo alcançar maiores reduções de custos para um aproveitamento em maior escala.

O custo de geração de energia a partir das correntes das marés caiu 40% desde 2018 –e um relatório publicado em outubro de 2022 por um centro de pesquisa apoiado pelo governo inglês, Offshore Renewable Energy Catapult, prevê que os preços possam cair abaixo da energia nuclear em pouco mais de uma década, em um custo de US$ 108 por MWh, tendência que pode criar uma ‘atração’ para o investimento privado em um mercado global, que pode chegar a 350 GW até 2050.

Embora a meta ambiciosa se baseie no vasto potencial das bacias marítimas da Europa, o Reino Unido, que possui cerca de 50% da energia das marés da Europa e 35% da energia das ondas, será a chave para atingir a meta. De fato, o governo do Reino Unido diz que 20% da energia elétrica poderia ser retirada do oceano, elevando a produção para mais de 30 GWh de capacidade doméstica.

Porém, essas metas ainda estão muito distantes. A energia oceânica é uma das tecnologias que deve ser ampliada para que o sistema energético atinja a descarbonização total e alcance a segurança energética. O relatório estima que a energia oceânica poderá criar 680.000 empregos diretos globalmente até 2050 e fornecer eletricidade limpa, local e previsível para comunidades em todo o mundo.

Muitos desses empregos serão locais e situados próximos ao recurso correspondente e podem

PAÍSES DE MAIOR POTENCIAL

servir para apoiar as comunidades costeiras que, historicamente, se dedicam à construção naval e às indústrias de petróleo e gás. Para atingir volumes apropriados e facilitar reduções de custos – em escala de implantação industrial –, a energia oceânica precisará desenvolver projetos em escala de utilidade conectados às principais redes elétricas.

Um caminho claro para uma rápida redução de custos, à medida que mais capacidade de ondas e marés é implantada, o custo dessa energia será reduzido por meio de economias de escala, racionalização das cadeias de abastecimento e melhorias nos dispositivos. Os modelos de negócios e tecnologias para energia oceânica são semelhantes aos da energia eólica offshore e podem alcançar reduções de custo semelhantes. A implantação em larga escala da energia oceânica proporcionará as reduções de custo mais drásticas, como foi o caso da energia eólica offshore.

Nem todos os países são capazes de produzir energia marítima e hidrelétrica, portanto, esta não é uma corrida em que todos os países possam entrar –, mas há cinco em particular que possuem excelente potencial.

 Austrália – A Austrália tem 34.218 quilômetros de litoral e é uma área identificada com um dos melhores potenciais de energia marítima do mundo em todo o litoral sul.

 América do Norte – Rica em águas costeiras e rios, a América do Norte tem um enorme potencial hidrelétrico e marítimo, que está se desenvolvendo lentamente. A energia hidrelétrica já fornece quase 7% da eletricidade do país e possui um tremendo potencial

de expansão. Somente no ano passado, os EUA concederam doações para 14 diferentes projetos hidrelétricos em todo o país.

 Coreia do Sul – A Pike Research, que fornece exames rigorosos dos mercados emergentes de tecnologia limpa, estima que a Coreia do Sul será um dos principais países produtores de energia das correntes das marés no mundo.

 Reino Unido – Juntamente

com a Coreia do Sul, o Reino Unido está sendo anunciado como um dos líderes em tecnologia de energia das ondas e marés, com algumas das melhores – e únicas – instalações de teste do mundo.

 China – Com 18.000 km de litoral e 6.500 ilhas, a China tem grande potencial de energia das marés e das ondas. Um projeto no qual está trabalhando nisso é a Blue Energy, uma ponte geradora de energia das marés de 120 km sobre o Estreito de Bohai.

| 17 Junho de 2023

Vortex, da Eletrify, determina a melhor configuração para o uso eficiente dos recursos hídricos

O despacho ótimo de uma usina hidrelétrica traz muitos benefícios. Além do melhor aproveitamento dos recursos hídricos, proporciona a mitigação da demanda crescente de energia, redução de perdas de equipamentos e aumento de sua vida útil. Foi pensando nesse resultado que a Eletrify, de Blumenau (SC), chega ao mercado com uma solução capaz de contribuir para uma das questões de importância dominante no mundo atual, ou seja, maximizar a produção de energia limpa e renovável. Comercializado por meio de

um hardware com o nome de Vortex – apresentado formalmente durante a VI Conferência Nacional da ABRAPCH, em 29 e 30 de março –, o produto dotado de algoritmo mede determinadas condições de uma usina, como do nível do reservatório, de forma a ajustá-lo para uma performance capaz de proporcionar um acréscimo na geração de MWh .

Nos testes realizados até o momento em CGHs, segundo Marcelo Rodrigues, CEO da empresa, constatou-se o ganho de até nove pontos percentuais de MWh, com o mesmo volume de

água. “Escolhemos uma usina com um grande canal de adução com comportas no início e no fim”, explica. “Vedamos a comporta do canal com ele cheio e fizemos a usina funcionar inúmeras vezes nos padrões normais e com o Vortex. No final dos testes, observou-se claramente que o Vortex propiciou uma geração maior de energia.”

Vendido ao custo de R$ 120 mil para PCHs, com dois geradores e duas turbinas, sua instalação é precedida de um diagnóstico da usina do cliente. Após esta etapa, o computador equipado com

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condições de usina de forma a ajustá-la para proporcionar um acréscimo na geração de MWh
Produto mede determinadas

software Vortex envia informações para o Centro de Operações da Eletrify, em Blumenau, que passa a emitir comandos para a otimização do reservatório, totalmente de modo remoto, sem qualquer intervenção de funcionário.

A tecnologia, conforme Rodrigues, será patenteada no PCT, no Escritório Internacional da OMPI (Organização Mundial da Propriedade Intelectual), com sede em Genebra, Suíça. “A partir da aceitação do pedido de patente, a Eletrify passa a ter o direito de explorar o produto pelo período de 24 meses nos países signatários, o que abre o mercado mundial de usinas hidrelétricas”, assinala. Na mesma linha, a Eletrify deverá assinar, em maio, um acordo de cooperação comercial e tecnológica com uma multinacional do setor hídrico que atua em mais de 60 países.

De acordo com dados da IEA,

em 2021 a geração hidrelétrica no mundo atingiu 4.327 TWh, constituindo-se na maior fonte renovável de eletricidade, gerando mais do que todas as outras tecnologias renováveis combinadas. No Brasil, a fonte hídrica é responsável por 63,4% da produção de energia, segundo dados da EPE, de 2020.

A Eletrify nasceu como uma startup em 2021, derivada da empresa-mãe, a Eletrisa, conhecida nacionalmente no segmento de operação e manutenção de centrais hidrelétricas, que incorporou em janeiro de 2022 a Opersul, de Ibirama (SC), dona de um extenso portfólio de O&M em usinas hidrelétricas.

Desenvolvido em suas instalações pela área de TI, com cerca de R$ 1 milhão de investimentos, o produto passou a ser produzido no Centro de Inovação de Blumenau com CNPJ próprio, sob a denominação Eletrify

Energy Tech, tendo como sócios Marcelo Lima Rodrigues, Chatrean Kedrovski, Marco Fernandes, Valter Torresani, Olinto Silveira e Jeancarllo Moschetta.

Além do Vortex, a empresa desenvolve outros produtos, como um aplicativo mobile para acompanhamento do desempenho e operação da usina por sócios e acionistas, e outro mobile para operador de usinas, e soluções para piezômetros autônomos para funcionamento em áreas remotas, sem energia e com operação por WiFi de alta confiabilidade. No momento, a empresa registra três pedidos em carteira, todos de PCHs: duas do Rio Grande do Sul e uma do Paraná, além de uma consulta de UHE de Rondônia. Em seu primeiro exercício, a empresa traçou a meta de R$ 1,5 milhão em faturamento, além da expansão de suas operações em países-referências em UHEs.

Marcelo Rodrigues (à esquerda), CEO da Eletrify, e Valter Torresani, empresário que detém participação majoritária na empresa

| 19 Junho de 2023
PCH CAZUZA FERREIRA

do Brasil.

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Contando com o apoio técnico e as soluções em produtos da MC-Bauchemie, multinacional alemã com mais de 60 anos de experiência e atuação em mais de 40 países, aliamos a expertise necessária pra oferecer ao setor de geração de energia o compromisso em ser um parceiro estratégico para as demandas em:

■ TRATAMENTO DE INFILTRAÇÕES

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