Infor Channel - Fev2017 #01

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Edição 01 / Fevereiro 2017

Mailing Exclusivo Editora Mais Energia

DA SALA DE JOGOS PARA A DE REUNIÃO

Junto com a realidade virtual, a gamificação desponta como grande oportunidade de vendas Cloud

Aumento de oferta de serviços incentiva canal a se estruturar para a área

Panorama

Projetos consultivos ampliam atuação do mercado de vendas indiretas

Tributos

Especialistas apontam soluções para a guerra fiscal no setor de tecnologia


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Edição 01 / Fevereiro 2017

Editorial Um novo olhar O mercado brasileiro de TI já está entre os 10 mais significativos (e lucrativos) do mundo. Embora tenha sofrido queda de investimento nos últimos anos, 2017 desponta com novas oportunidades e boas perspectivas. É nesse cenário que chega a Infor Channel, uma publicação impressa e online voltada exclusivamente para o canal de distribuição de tecnologia. Um novo olhar, uma nova maneira de entregar conteúdo relevante e imprescindível para esse setor. Na primeira edição, mostramos o panorama de revendas no País e tratamos de um mercado em plena expansão e com previsão de trazer bons ganhos ao canal neste ano: gamificação e o uso de jogos no ambiente corporativo. Conversamos com Fabiano Ornelas, diretor de canais da Dell EMC, que nos adiantou os planos da companhia para integração dos parceiros das duas empresas, que se uniram na maior negociação do mercado de TI. Tratamos também de cloud, tendência que não tem volta mais no mercado corporativo e, por fim, discutimos as soluções para a guerra fiscal e o impacto no setor.

Bem-vindo à Infor Channel Boa leitura! Flávia D’Angelo flavia.dangelo@inforchannel.com.br

Expediente Diretor: Cláudio Miranda Editorial redacao@inforchannel.com.br Editora: Flávia D’Angelo Repórter: Paola Brescianini Colaboradores: Roberta Prescott (texto), Alexia Raine (revisão), Glicério Rocha (arte), Cristina Negreiros (foto) Diagramação: Lindomar Lopes Projeto Editorial:

Comercial comercial@inforchannel.com.br Gerente Comercial: Pedro Brescianini

Atendimento ao leitor contato@inforchannel.com.br Tel: 11 2272-0942 Infor Channel é uma publicação da Editora Mais Energia. Site: www.inforchannel.com.br Facebook: facebook.com/InforChannelOficial Instagram: @inforchannel LinkedIn: linkedin.com/inforchannel Twitter: @inforchannel Impressão:

‘No que posso ajudar?’ Levantamento aponta que, em tempos de transformação digital, a pequena e média revenda brasileira descobriu o poder da venda consultiva 2016 foi um ano difícil para vários setores. Muitos orçamentos foram enxugados para evitar danos maiores e isso impactou toda a economia. A crise, no entanto, também tem o seu potencial transformador. Em tempos difíceis, empresas buscam aumentar rendimentos através de inovações e melhorias e, nesse sentido, a tecnologia é fator chave e estratégico para o sucesso da empreitada. Até por isso, TI foi o setor menos prejudicado pelo caos econômico e político que vivemos no ano passado no Brasil. Segundo o Gartner, o setor de TI teve o pior resultado financeiro desde 1999 no segundo trimestre de 2016. Já a IT4CIO, em levantamento feito no departameento de TI de empresas de médio e grande porte, identificou que os investimentos na área cresceram apenas 0,4% no ano passado, abaixo da inflação de 6,3%. Mas 2016 deve ficar mesmo no passado. Para este ano, projeções apontam para um cenário melhor. O Gartner, por exemplo, projeta um crescimento de 2,9% dos gastos nesse setor, acompanhando a tendência global. Essa taxa de aumento está um pouco acima da projeção feita para a América Latina, de 2,5%. O levantamento da IT Data mostrou que as empresas já estão mais otimistas: 45% delas esperam crescimento dos investimentos. O otimismo tem como pano de fundo uma mudança, que não é de hoje, mas vem se consolidando nos últimos anos no canal de distribuição brasileiro de TI. A venda consultiva com atendimento personalizado ganha cada vez mais espaço no portfólio de pequenas e médias revendas. Com o crescimento – e consolidação – de conceitos

como Cloud, Big Data e Internet das Coisas, a entrega de produtos específicos deu lugar à oferta de serviço prestado pelo consultor. Esse é um caminho sem volta e deve crescer ainda mais em 2017.

Serviço em alta Crise também é oportunidade de crescer. No ano passado, para cortar custos, muitas empresas migraram para cloud e esse movimento gerou – e ainda vai gerar - uma grande demanda de serviços para o canal. O Gartner projeta que, somente em projetos da tecnologia, sejam empregados US$ 4,5 bilhões somente no Brasil. Além disso, com o reaquecimento da economia brasileira, as corporações podem voltar a crescer e investir e isso alimenta as opções para áreas como TI, por exemplo. A revenda brasileira de TI que descobriu na venda de serviços uma forma de impulsionar seus ganhos tem claro que ações voltadas ao suporte contínuo, com ofertas moldadas às demandas do cliente, certamente continuarão a ter relevância no cenário de distribuição. Além de cloud, BI, mobilidade, segurança, integração de sistemas e projetos relacionados a IoT terão mais procura.

Segundo a 12ª pesquisa sobre tendências de investimentos em TI, realizada pela IT4CIO, 27% das empresas pesquisadas consideram avaliar o emprego dessas tecnologias.

O lado positivo para os fornecedores é o aumento da terceirização das atividades pelas empresas em 2016, inclusive de toda a área de TI Ivair Rodrigues, diretor de Pesquisas da IT4CIO


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Novo perfil A venda de hardware passou a não ser tão interessante para a revenda brasileira. Produtos que até então carregavam boa parte do faturamento dessas empresas - como computador, servidor ou impressora - começaram

a apresentar margem cada vez mais apertada. A revenda começou a perceber que, com isso, teria que fechar as portas. “Cada vez mais, a revenda brasileira está com característica de um VAR porque passou a vender basicamente serviço e, se o cliente precisar de algo a mais, ele pode oferecer. Mas o produto não é mais a principal oferta”, explica Rodrigues, da IT4CIO, lembrando que a tendência é mundial.

Solução em nuvem tem tudo a ver com esse novo perfil. Venda de hardware não é assim. Tem que ser mais otimizado de acordo com o tamanho. Já no cloud é possível otimizar e trabalhar com o tamanho que o cliente tem. O produto se adapta ao cliente Fernando Kimura

Apesar de chegarem a 6 milhões, 99% das empresas no Brasil são de micro e pequeno porte. Nesse sentido, a oferta de full outsourcing também é uma oportunidade para o canal brasileiro. “A pequena e média empresa precisa de alguém para tomar conta da TI. A revenda pode ser o prestador de serviço, ser o terceirizado que gerencia o departamento para as empresas. Pode, por exemplo, colocar um técnico indo diariamente no cliente”, pontua Rodrigues. Outra tendência que já está acontecendo lá fora e deve migrar em breve para o Brasil é a uberização dos serviços de TI. “Trata-se de conseguir identificar um fornecedor de serviço por geolocalização”, explica. Fernando Kimura, especialista em neuromarketing e com passagem em importantes fabricantes de TI, vê muito potencial de venda em comércios de pequeno e médio porte para esse novo perfil de canal de distribuição. “Eles podem oferecer mini ERP, por exemplo. Enquanto os fabricantes não olham para esses nichos, o canal pode olhar. Ele pode dar um start nesse sentido. O revendedor que despontar nisso pode virar especialista de um produto e, dessa forma, se destacar como revendedor diferenciado. Isso dá mais trabalho para ele, mas pode dar mais dinheiro também”, afirma ele, que classifica o cloud como ponto de ruptura dessa oferta de serviços, hoje mais comum em uma revenda de pequeno porte.

Raio-x da revenda brasileira NÚMERO DE REVENDAS (*)

NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS Apenas 1 funcionário

28,7%

1,000

De 2 a 3 funcionários

22,7%

800

De 4 a 5 funcionários

15,2%

De 6 a 10 funcionários

15,8%

De 11 a 20 funcionários

8,2%

De 21 a 50 funcionários

6,5%

De 51 a 100 funcionários

1,7%

1,200

42

116

100

200

490

400

1,064

600

0 SUDESTE

SUL

CENTROOESTE

NORDESTE

NORTE

De 101 a 300 funcionários

0,7%

Mais de 300 funcionários

0,6%

www.

70% têm site

90% não usam Market place

têm 74% não e-commerce

56%

têm mais de 75% das vendas provenientes do mercado corporativo

NORTE NORDESTE CENTRO-OESTE SUL SUDESTE

14%

VENDAS

POR REGIÃO

Receitas oriundas da prestação de serviços já representam 40,5% do faturamento das revendas

40,5%

das revendas comercializam consoles de games

QUEDA DE HARDWARE

2,3% 6,4% 5,5%

58,7% 27%

AUMENTO DE OFERTA DE SERVIÇO

40,5%

do faturamento em

2016

31,4%

do total de vendas em

2014

26,9% em

2015

Fonte: 5º Censo das Revendas no Brasil (ABRADISTI/IT Data) – Nov/2015 * Quantidade consultada pela pesquisa


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Cloud

A hora da nuvem Com o aumento da adoção de cloud computing, canais devem estruturar suas ofertas e atuar neste mercado na venda de serviço Por Redação substituição da TI tradicional pela computação em nuvem avança em um ritmo cada vez mais acelerado. Nos próximos cinco anos, mais de US$ 1 trilhão dos gastos das empresas com tecnologia da informação serão, direta ou indiretamente, afetados pela troca do modelo, de acordo com o Gartner. Isto, aponta a consultoria, fará da computação em nuvem a força mais disruptiva no direcionamento dos investimentos com tecnologia desde o começo da era digital. O mercado para serviços em nuvem cresceu tanto que já responde por um porcentual importante dentro dos orçamentos corporativos. Segundo um estudo da 451 Research, as empresas gastavam, em 2016, 28% do seu orçamento total de TI com serviços de hospedagem e de nuvem, índice que deve subir para 34% em 2017. Em 2016, a computação em nuvem abocanhou investimentos da ordem de US$ 111 bilhões dos US$ 734 bilhões do mercado total de TI. Para 2020, o Gartner projeta que chegue a US$ 216 bilhões. Ao mesmo tempo em que este cenário tem levado à criação de uma geração de startups e provedores com negócios baseados na computação em nuvem, ele mostra a necessidade de as empresas atuantes no mercado de tecnologia da informação se transformarem para atender à nova demanda. Há um vasto universo a ser explorado. O estudo da 451 Research apontou que, embora os fornecedores de hospedagem e de nuvem se posicionem como os principais provedores de infraestrutura, apenas 31% dos gastos das empresas são destinados a este tipo de serviço. Quase 70% do orçamento provisionado para hospedagem e nuvem estão sendo direcionados para outros serviços, tais como aplicativos (42%), serviços gerenciados (14%), segurança (9%) e capacitação em nuvem (5%). Passar a atuar com computação em nuvem exige que o próprio canal se transforme. Tipicamente a maior parte do que se chama canal é formada por revendas, que funcionam como um agente do distribuidor para a venda dos produtos. Quando se fala em nuvem, o comprador não é o dono de nenhum ativo, mas adquire infraestrutura, plataforma e aplicações como serviço. Pietro Delai, gerente responsável pelo segmento empresarial da IDC Brasil, aposta que a porta de entrada para a atuação do canal com computação em nuvem está no fornecimento de componentes para nuvem privada. Indo além, a empresa pode atuar como provedor de serviço — neste caso, deve ter acesso à infraestrutura. “Um provedor de nuvem pública ou privada não precisa necessariamente ter datacenter próprio. Ele pode contratar o datacenter na modalidade Colocation para montar seu ambiente e comercializar o serviço. Inclusive, uma boa parte dos provedores de cloud que estão no Brasil e são puramente cloud não necessariamente construíram seus próprios datacenters”, diz ele, que ressalta: “o canal pode fazer a gestão dos recursos comprados na modalidade como serviço para garantir que tudo está integrado e em operação”. Para isto, os canais terão de falar mais a linguagem da gestão e menos a técnica. Ao conversar com fornecedores, as empresas passaram a apresentar

seus problemas de negócios para saber como a tecnologia poderia resolvê-los, em vez de sair em busca de determinado software. “O que tende a crescer mais intensamente é software como serviço, ou seja, vender uma função de negócio para o cliente em vez de infraestrutura ou plataforma”, diz Delai. Nesta jornada, Sid Nag, diretor de pesquisas do Gartner, destaca que os canais não podem

descuidar da segurança, que segue como uma das preocupações principais das empresas ao decidirem adotar computação em nuvem, ao lado de maturidade da tecnologia, assuntos regulatórios e de conformidade com as leis. “Especialmente quando dados estão envolvidos, questões de regulação e compliance ganham mais importância”, ressalta.

Preparação é o caminho Na busca pelo conhecimento para atuar com computação em nuvem, os canais podem contar com o suporte das empresas fornecedoras. A Oracle, por exemplo, dispõe de programas específicos e vem trabalhando para converter seus parceiros tradicionais para nuvem. A multinacional criou dentro do Oracle Partner Network (OPN) uma especialização para cloud, chamada de Oracle Cloud Managed Service Provider (MSP).

Queremos mostrar para o mercado que o nosso canal está preparado. O programa é parecido com o OPN. Tem um registro anual e, dentro disto, o parceiro tem direito a capacitações, treinamento e são divididos em categorias que deixam claro ao mercado a qualificação e a preparação dos canais Fernando Lemos, VP de tecnologia para a Oracle América Latina

Segundo ele, houve aceleração para adoção de soluções A porta de entrada para a atuacloud nos últimos cinco anos. Em sua jornada para a nuvem, ção do canal com computação em a empresa apostou em dois caminhos: acelerar os canais e investir em consultoria própria para ajudar os clientes a fazer a nuvem está no fornecimento de transformação para computação em nuvem. “A tendência para componentes para nuvem privada médio e longo prazos é tudo mudar para cloud. O mercado está Pietro Delai, gerente da IDC buscando pagamento como serviço”, acredita Lemos, que prevê um ponto de inflexão importante em 2020 e o auge em 2025. Ele indica que os canais devem se centrar em fazer projetos que levem os clientes para nuvem, com automação de processos de negócios, por exemplo. Para Nuno Ribas, vice-presidente de vendas da Alcatel-Lucent Enterprise (ALE) na América Latina, o atual momento gera oportunidades para todos os canais. “Seja buscando redução de custos ou novas tecnologias, as empresas tendem a revisitar sua infraestrutura visando a adequarem-se às novas tendências. Os canais precisam estar bem preparados para conhecer as necessidades das empresas, seus objetivos principais e adequar suas ofertas de maneira inteligente e que realmente agreguem valor, independentemente de qual seja a plataforma ofertada”, diz. Com o advento da computação em nuvem, o canal precisa se preparar para atuar no modelo de negócio como serviço. Fábio Costa, presidente da VMware Brasil, diz que uma parte dos canais já está caminhando nesse sentido. “Toda a migração para cloud vai demandar serviços e os canais precisam estar preparados para fazer a migração e operá-la”, ressalta. A companhia, que conta com portfólio de software para nuvem privada, estima um crescimento de 20% em volume de clientes de nuvem para 2017. O maior desafio neste momento é demonstrar o benefício do ponto de vista econômico e técnico das soluções. A VMware tem investido na qualificação da parte técnica dos parceiros para que eles dominem as soluções em todos os três pilares da companhia: virtualização e armazenamento; end-user-computing e virtualização de redes. No entanto, o maior desafio hoje é o de ajudar o parceiro a enfrentar a mudança de seu modelo comercial para vender e prestar serviços.

Nuno Ribas,

VP de vendas da ALE


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De olho na segurança Uma das principais preocupações das empresas ao adotar a computação em nuvem é com relação à segurança. Nuno Ribas, da Alcatel-Lucent Enterprise (ALE) pontua que a segurança precisa ser tratada como conceito e não como uma “solução-fim”; e isto vale tanto para oferta nuvem como tradicional. “Obviamente que, quando falamos que as aplicações e, principalmente, informações estarão ‘em algum lugar na nuvem’, a segurança se torna ainda mais importante”, destaca. Deve-se, por exemplo, fazer uma minuciosa avaliação do datacenter onde ficam os servidores e gateways de comunicação para saber se as políticas da empresa estão alinhadas com as normas internacionais de segurança da informação. A VMware vem apostando na microssegmentação para mitigar ataques. “Acreditamos que tratase de um problema global, pois as empresas investiram muito em proteção do perímetro do data center. Desta forma, uma vez que ofensor passava a barreira de proteção, não tinha mais problemas. Com a microssegmentação, construímos barreiras de proteção em volta de cada aplicação, dificultando a invasão e aumentando significativamente a segurança tanto no data center particular como no público.”, diz Fábio Costa, presidente da VMware Brasil. Ele explica que, antes, as empresas precisariam comprar muita solução de hardware para viabilizar essa estratégia. Com a virtualização de redes, isso pode ser feito com software e de forma bem mais barata.

Fernando Lemos,

Nuno Ribas, vice-presidente de

“A tendência para médio e longo prazos é tudo mudar para cloud. O mercado está buscando pagamento como serviço”

“Seja buscando redução de custos ou novas tecnologias, as empresas tendem a revisitar sua infraestrutura visando a adequarem-se às novas tendências”

vice-presidente de tecnologia para a Oracle América Latina

Gastos das empresas em nuvem

vendas da Alcatel-Lucent Enterprise (ALE) na América Latina

Gasto total em TI

2016

Gasto em nuvem

2016

2016

2017

28% do orçamento total de TI

Previsão de crescimento de 34%

US$

734

bilhões

US$

111

bilhões

Projeção para 2020 - US$ 216 bilhões. Fonte: 451 Research

Fonte: Gartner


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Entrevista

Foco na transformação da TI Fabiano Ornelas, diretor de canais, da Dell EMC

A transformação digital está aí e tem desafiado o cenário corporativo. Mais do que nunca, empresas de todos os portes se veem diante da necessidade de modernizar os seus parques de TI. Capaz de atender à essa demanda, a nova Dell EMC parte para a segunda fase da integração das operações – que até então funcionavam simultaneamente -, uma vez concretizado o negócio. Antecipado pela empresa em outubro, passa a funcionar a partir deste mês o Dell EMC Partner Program. A princípio em caráter experimental (em fevereiro de 2018 haverá uma revisão), o programa unificado é parte da estratégia da Dell EMC de ser o provedor mais completo de soluções para que as organizações de todos os setores construam seu futuro digital, transformem a TI e protejam seu ativo mais importante: a informação. Em entrevista à Infor Channel, o diretor de canais, Fabiano Ornelas, fala sobre as novidades e dá detalhes de como funcionarão os benefícios preparados para o novo canal de distribuição da companhia. Por Flávia D’Angelo

Como está o processo de junção dos canais de distribuição da Dell e da EMC?

Fizemos várias round tables com os canais para saber como é que eles achavam que deveria ser o programa. Não foi um negócio imposto pela Dell EMC. Foi compartilhado com os canais e eu posso dizer que, neste universo, a integração está sendo muito tranquila. A grande vantagem é que os principais canais da EMC no Brasil já eram parceiros da Dell. Até então eles eram concorrentes no segmento de storage, mas na parte de infraestrutura muitos vendiam Dell. A partir deste mês, todos eles trabalharão conforme novas categorias do novo programa. Antes as classificações nos dois mundos eram distintas. Agora serão realocados de acordo com potencial de negócios e competências.

Queremos entender como podemos ajudar o atual canal que vai absorver esse portfólio a se posicionar neste novo momento. Nessa travessia, o esforço estará focado em estar ao lado dele O que muda com a nova operação?

O processo de integração, chamado de Status Match, vai distribuir o parceiro em quatro categorias: Titanium – categoria mais alta –, Platinum, Gold e Authorized. Existe uma categoria que a gente vai chamar de Titanium Black, mas na América Latina ainda não terá ninguém. Vamos fazer um cruzamento, uma equivalência das categorias e realoca-los no novo programa. Canais que atuavam nos dois mundos vão preservar a maior categoria. Porém, esse ano será de preparação para que o canal esteja pronto para a oferta completa. Ou seja, fazer as certificações novas e se atualizar com o nosso novo portfólio. Com essas certificações que iremos oferecer ele pode aumentar o padrão de faturamento para que sua posição no programa seja revista no ano seguinte. A expectativa é que já no mês de fevereiro sejam anunciadas não só a questão do revenue como a questão da certificação para fevereiro de 2018.

E em relação à política de premiação e rebates?

Continuam com as mesmas características gerais. Temos alguns modelos de rebate, como o rebate base, orientado à categoria desse canal no programa; o rebate por crescimento (growth), rebates para novos negócios (NBI), rebates para serviços (attach) e por segmento de clientes (greenfield). Então temos uma série de rebates que podem ser somados. Além dos canais de atendimentos integrados também, temos o Partner Advant Edge, que premia as vendas com pontos que podem ser trocados por produtos, desde viagem até eletroeletrônicos.

Haas adiantou que no programa unificado haverá registro de oportunidades para proteger as contas e acordos de parceria. Como funcionará isso?

Existia uma preocupação do canal Legacy EMC, que atua muito num universo de contas bem mais high end do que o canal tradicional da Dell. E a partir daí surgiu a dúvida de como se daria a venda em um local onde o canal EMC vendia e a Dell atendia via força de venda direta. Para assegurar a esse canal que a conta seria protegida e evitar conflito, foi criado esse programa que se chama Storage Incumbency. Nele, protegemos todas as vendas de storage feitas por canal no universo de contas, independente se é Enterprise ou Commercial, e a Dell não pode enviar uma proposta para esses clientes para venda de storage. O objetivo é mostrar ao canal que estamos protegendo o seu trabalho. Outro benefício que já vai estar integrado no primeiro dia do programa é a plataforma de registros de oportunidade e um portal integrado.

Como pretende fidelizar o seu canal?

A transformação digital, que é a bola da vez permite que o canal consiga vender uma solução de valor agregado, que seja escalável e que

proteja o investimento do cliente. Como eu tenho toda essa oferta disponível para o meu canal, tenho condição de fidelizar esse time. Somando a isso a possibilidade de ter rebates, a confiabilidade e preservação do trabalho do canal, como o registro e oportunidade, esperamos que isso tenha um reflexo na questão da fidelização.

A empresa registra forte crescimento no mercado de soluções hiperconvergentes. Que estratégia desenvolveu para o canal nessa área?

Se a primeira palavra da vez é transformação digital, hiperconvergência é a segunda. Os clientes passaram a não querer discutir mais simplesmente o servidor, o networking ou o storage. Eles passam a discutir a integração disso tudo. Hoje, eu diria que é a tecnologia da vez. A EMC é líder no mercado de hiperconvergência e tem um portfólio de entrada e também high end para esse universo e a Dell oferece um suporte para isso na parte de infraestrutura. Então somos o player ideal para a oferta.

Pretende aumentar o número de canais?

Não. Nesse momento vamos fazer um movimento inverso. Queremos entender como podemos ajudar os atuais canais que estarão absorvendo esse portfólio completo a se posicionar. O esforço estará focado em estar ao lado dele nesse momento de travessia. Atualmente trabalhamos com 170 canais Dell EMC. O que vamos fazer é apoiar o crescimento da distribuição que é um mercado onde tínhamos a menor penetração no segmento de venda indireta. Nesse sentido estamos oficializando os distribuidores que eram EMC a trabalharem como Dell. Mas essa movimentação será orientada a valor e volume. Hoje trabalhamos com Network 1 e Ingram no universo Dell Legacy. No lado EMC passam a integrar Arrow e Avnet.


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O admirável (e promissor) mundo novo Fomos convidados pela Infor Channel a escrever esse artigo para a sua primeira edição, o que nos deixou muito satisfeitos. Para a ABRADISTI é sempre relevante ocupar um espaço na mídia e poder divulgar suas opiniões e perspectivas sobre o mercado de tecnologia da informação, principalmente sob a ótica da distribuição.

Navegando pela Internet, li uma análise do Gartner que identificava as 10 principais tendências do mundo de tecnologia da informação que irão alterar a maneira como usamos tecnologia e a forma como faremos negócios daqui para a frente. Achei interessante compartilhar essa visão com os distribuidores e seus canais, já que, em maior ou menor grau, essas tendências terão impacto imediato em suas estratégias de negócio e na forma como atendem seus clientes. E, quais são elas? • A Inteligência Artificial (AI) e o Aprendizado Avançado das Máquinas (ALM), incluindo a aprendizagem profunda, as redes neurais e o processamento de linguagem natural. Essas tecnologias irão criar sistemas que compreendam, aprendam, prevejam, se adaptem e possam operar autonomamente. • Os apps inteligentes, como as Assistentes Pessoais Virtuais (VPA), tipo SIRI, CORTANA e ALEXA têm o potencial de transformar a natureza do trabalho, tornando as tarefas diárias mais fáceis e mais eficientes. • As Coisas Inteligentes, como drones, veículos autônomos e aparelhos inteligentes, vão migrar para um modelo de coisas inteligentes colaborativas com o objetivo de oferecer comportamentos avançados e interação mais natural com o ambiente e as pessoas. • A Realidade Virtual (VR) e a Realidade Aumentada (AR) irão transformar dramaticamente a maneira como as pessoas interagem umas com as outras e com os sistemas de software. Precisaremos estar preparados para a hiperpersonalização de aplicativos e para os serviços relevantes em vários dispositivos móveis, dispositivos vestíveis (wearables), internet das coisas e nos ambientes ricos em sensores. • Gêmeos digitais (Digital Twins), que são os modelos de software dinâmico, conectando uma coisa física ou sistema, usando dados de sensores para melhorar proativamente as operações. Podemos esperar centenas de milhões de coisas conectadas dentro de três a cinco anos. • A cadeia de Blocos (blockchain) é um tipo de “Livro Razão Contábil Distribuído”, em que as transações de troca de valor (por exemplo, os bitcoins) são agrupadas sequencialmente em blocos. Atualmente, o grande “barulho mercadológico” sobre os BlockChains é em torno do setor de serviços financeiros, porém, existem muitas aplicações possíveis, incluindo distribuição de música, verificação de identidade, registro de títulos e cadeia de suprimentos. • Os sistemas conversacionais (chatbots). Pense em robôs de bate-papo e dispositivos habilitados para microfones. Irão ultrapassar os computadores desktop tradicionais para abranger toda a gama de pontos de extremidade ou contato com os quais os seres humanos podem interagir. • A Malha Digital Inteligente ou MASA (do inglês Mesh App and Service Architecture) permitirá que os usuários de aplicativos tenham uma solução otimizada para os pontos de extremidade ou contato (por exemplo smartphones, automóveis, desktops). A MASA é uma arquitetura de soluções multicanal que aproveita computação em nuvem, contêineres e microserviços, assim como APIs e eventos para fornecer soluções modulares, flexíveis e dinâmicas. • Plataformas de Tecnologia Digital (Digital Technology Plattforms) fornecem os blocos básicos que permitem negócios digitais. Cada organização terá uma mistura de cinco Plataformas de Tecnologia Digital: Sistemas de Informação, Experiência do Cliente, Analíticos e Inteligência de Negócios, IoT e Ecossistemas de Negócios. • Arquitetura de Segurança Adaptável (Adaptive Security Architecture). A malha digital inteligente e as plataformas de tecnologia digital e as arquiteturas de aplicativos criam um mundo cada vez mais complexo para a segurança. Isso significa que, além de evitar que pessoas entrem, a segurança deverá ser adaptativa e incorporada ao design dos sistemas. Mariano Gordinho é Diretor Executivo da ABRADISTI – Associação Brasileira dos Distribuidores de produtos de Tecnologia da Informação.

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GAMIFICAÇÃO

Jogo é coisa séria Os mercados de jogos e gamificação estão em alta e podem representar um nicho aquecido para o canal Por Roberta Prescott oi-se o tempo em que as palavras diversão e trabalho, compromisso e jogos eram consideradas extremamente opostas. Longe de estar nos holofotes e causar o frisson que a rodeava em 2011, a gamificação amadureceu e está de volta ao radar do mercado corporativo. Além do uso de componentes de jogos em contextos que não sejam para fins de entretenimento — definição mais comum do conceito —, o mercado de jogos para computadores, puxado, principalmente, pela diversificação e pelo aumento no número de jogadores, vive um período de alta.

Estimativas do IEEE (Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos) sugerem que, até 2020, 85% das grandes companhias terão elementos de gamificação em suas operações. Além disso, o investimento em gamificação corporativa atingirá cerca de US$ 5 bilhões mundialmente até 2018. No Brasil, a PriceWaterhouseCoopers estima que o faturamento da indústria local de games deve chegar a US$ 844 milhões em 2018 com uma taxa de crescimento de 13,5% ao ano. Em ambos os casos, a especialização é o caminho para o canal tirar proveito das oportunidades de negócios que estes nichos apresentam. Não basta apenas entender as demandas de cada um destes setores: é preciso antecipar-se a tendências e atender às expectativas dos diferentes públicos.

Agora, os casos mais populares são ações para os empregados incluindo treinamento, desempenho de vendas e serviços, colaboração, saúde e bem-estar Brian Burke, vice-presidente de pesquisas do Gartner

Na mira dos gamers O mercado de jogos é atraente não apenas para o segmento corporativo. Richard Cameron, da Nvidia no Brasil, assegura que o País está em ritmo acelerado de crescimento do consumo de jogos de computadores, o que impulsiona toda a cadeia de itens de informática. “O mundo de computadores pessoais para games está crescendo mundialmente a taxa de 9%, enquanto o Brasil é acima de 20%”, diz o executivo. Para ele, além do fato de os brasileiros terem abraçado tardiamente os jogos de computadores e estarem agora recuperando o tempo perdido, os consumidores estão amadurecendo em relação aos jogos. “Se olhar dois, três anos atrás, os jogos eram ultrapassados, velhos e tinham demanda gráfica baixa ou que rodavam em browser ou Facebook. Os brasileiros passaram a demandar

Os jogos corporativos têm sido adotados para aprimorar os processos de construção e gestão do conhecimento e de inteligência organizacional. Uma das razões do sucesso da gamificação devese ao fato de ela fornecer mecanismos capazes de aprimorar o engajamento dos funcionários e de promover um constante aprendizado. Além disso, o aumento de colaboradores da chamada geração millenium (nascidos a partir da década de 90), favorece a adoção dos jogos digitais como ferramenta de treinamento para o trabalho. Conforme explica Brian Burke, vice-presidente de pesquisas do Gartner, a gamificação tem sido adotada pelas companhias primordialmente com foco interno. Segundo ele, a gamificação é mais usada popularmente em ações de treinamento, desempenho de vendas e serviços, colaboração, saúde e bem-estar. De fato, empresas brasileiras atuantes neste mercado estão bastante otimistas. “A gamificação tem entre seus objetivos mostrar papel do funcionário na companhia. É a forma e a ferramenta pela qual se consegue implantar uma ação e obter a percepção estratégica dos colaboradores”, destaca Fernando Seacero, sócio-fundador da i9Ação Treinamento e Desenvolvimento. Por sua vez, ao participar dos jogos, os empregados se veem diante de situações nas quais são peça fundamental na estratégia do negócio e têm oportunidade de receber feedbacks dentro de um contexto mais leve. De uma maneira mais ampla, é possível dizer que a gamificação está presente em contextos tão diversos quanto o GPS — como o aplicativo Waze, que tem estrutura de pontos e ranking dos usuários — ou programas de fidelidade de empresas. “Faz parte da natureza humana competir e gostar de coisas que desafiem a nossa habilidade de estratégia, de pensar algo novo”, destaca Richard Cameron, country manager da Nvidia no Brasil. Seacero, da i9Ação, avalia que a gamificação já passou do começo da curva de adoção, mas não pode ser caracterizada como commodity. Está em processo de amadurecimento e, portanto, há espaço para fornecedores entrarem neste mercado ou incrementarem sua atuação.

jogos melhores; querem o de última geração e, por isto, precisam de equipamentos que sejam capazes de rodar os jogos.” A Nvidia não abre o faturamento por país, no entanto, Cameron revelou que a companhia registrou aumento de mais de 70% na comparação do terceiro trimestre de 2016 com o de 2015 no volume de placa de vídeo dedicada a jogos no segmento de alto desempenho (high end). Enquanto isto, o segmento low end teve retração de 40% no volume de placas de entrada comercializadas no mesmo período. Ao analisar os números, a empresa notou que além da migração de low para high end, houve principalmente a adesão de novos jogadores. Ou seja, este mercado, na visão de Cameron, cresceu. Houve também uma mudança de perfil dos jogadores, sendo agora, segundo ele, um público em sua maioria muito jovem, entre oito e 12 anos. Com 30 anos de atuação, a SND distribuidora de produtos de informática vislumbrou no fim de 2013 o potencial do mercado de jogos e estruturou uma divisão corporativa para cuidar do segmento. Hoje, ela distribui as principais marcas de mercado, como Playstation e Xbox, tem parceria com mais 15 publishers e duas fabricantes de acessórios. A aposta deu certo. A divisão de jogos, criada há três anos, responde por cerca de 30% do total do faturamento da SND, de acordo com Eduardo Ramiro, responsável pela unidade de games da distribuidora. “O mercado de videogame vem crescendo ano a ano e vimos uma oportunidade de fazer a distribuição”, diz o executivo.


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Lições para o canal Seja qual for o mercado de atuação, é fundamental conhecer a fundo quem é o comprador e o que ele deseja. A venda de jogos para o mercado corporativo se dá, de acordo com Fernando Seacero, da i9Ação, por dois caminhos diferentes. O primeiro é da extrema personalização da solução. O segundo, mais abrangente, inclui as plataformas prémoldadas e mais generalistas, segmento que, para Seacero, oferece mais oportunidades para a venda indireta. Caso o objetivo seja vender para o consumidor final, o canal precisa, antes de tudo, acompanhar o mundo dos games. “É importante entender o que as pessoas estão jogando para saber qual tipo de hardware vão precisar”, assinala Richard Cameron, da Nvidia no Brasil. Estudar sobre os jogos é fundamental para compreender a mecânica de aquisição dos clientes. “Eles compram a máquina baseado no jogo que querem jogar. É diferente da forma de pensar do cliente de informática”, diz Cameron, acrescentando que, atualmente, os principais jogos são League of Legends, Counter Strike (CS: GO), Grand Theft Auto V, Overwatch e Dota 2. Outra dica é ficar antenado nos lançamentos e acompanhar o mercado internacional para conseguir se antecipar às demandas.

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Além disto, ele ressalta que é um mercado extremamente dinâmico, exigindo mais do canal. “A SND chega a distribuir mais de 35 lançamentos de jogos. Em nenhuma outra categoria de produtos existem tantos lançamentos. Isto faz o mercado ficar mais nervoso e ter de buscar mais informações”, aponta Ramiro, acrescentando que 70% do volume dos lançamentos é vendido logo no primeiro dia. Cameron, da Nvidia, acredita que há espaço para o canal que queira se especializar em games. “Hoje, no Brasil, existem 40 milhões de jogadores de games, porém mais de 90% deles jogam em hardwares muito ultrapassados ou em equipamentos antiquados que não atendem à demanda das novas gerações de jogos.” A SND conta hoje com uma equipe de 70 vendedores, sendo que 20 deles são especializados em games e dão consultoria para as revendas que já estão neste mercado ou que querem entrar. “O principal trabalho que fazemos com revenda é para eles se programarem para os lançamentos, porque timing é o principal fator de sucesso da revenda”, destaca Eduardo Ramiro. Em 2015, a SND vendeu para cerca de 8 mil revendas em todo Brasil, sendo que 25% delas compraram algum item do segmento de games. A distribuidora calcula que 600 revendas são especializadas em games.

Eduardo Ramiro, da SND, concorda que o consumidor de jogos é diferente daquele que consome outros produtos de informática.

A gamificação está em processo de amadurecimento e, portanto, há espaço para fornecedores entrarem neste mercado ou incrementarem sua atuação Fernando Seacero, sócio-fundador da i9Ação Treinamento e Desenvolvimento

A próxima realidade O universo de games corporativos ganha mais relevância com as novidades de realidade virtual (VR, na sigla em inglês) e realidade aumentada (AR, na sigla em inglês). Para o canal de distribuição, essa intensificação pode representar novas oportunidades de negócios. Segundo projetou a IDC, a base de consumidores de aplicativos em aparelhos móveis de realidade aumentada excederá 30 milhões de usuários em 2018. Até 2020, 20% das mídias comerciais no Facebook serão vídeos de 360º e realidade virtual. Diante deste cenário, a recomendação às empresas é de considerar estes segmentos nas estratégias. Este boom no mercado é esperado pela Samsung, que lançou há cerca de um ano seus óculos Gear VR. Renato Citrini, gerente-sênior de produtos da divisão de dispositivos móveis da Samsung Brasil, acredita que ainda em 2017 haverá uma propagação ainda maior da tecnologia, com uso tanto residencial (para usuário final) como corporativo.

Para ele, os integradores exercem papel fundamental para empacotar soluções de realidade virtual, que colocam os usuários em interação com um ambiente de 360º, para o mercado corporativo. “Eles colocam valor agregado, como conteúdos para jogos ou simuladores. Tem imobiliária usando para apresentar virtualmente para os clientes vários apartamentos sem eles terem de se deslocar”, destaca. Áreas de entretenimento, cultura e aprendizado são promissoras na visão de Citrini. Atualmente, montadoras de veículos têm usado a RV em showroom ou exposições para proporcionar aos clientes a sensação de dirigir seus veículos. Escritórios de arquitetura estão usando realidade virtual para substituir as apresentações em 3D e trazer mais realismo a qualquer tipo de simulação de ambientes. O escritório Maria Lavinia Arquitetura contratou a Arch Virtual e a startup Iris VR para formatar programas de realidade virtual. De acordo com a arquiteta, a ideia é que as pessoas tenham a sensação de se transportarem para dentro do projeto e interajam com cada ambiente proposto como se vivessem nele.

Faturamento da indústria brasileira de games

Taxa de crescimento de 13,5% ao ano. Fonte: PriceWaterhouseCoopers


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Tributação

É possível simplificar?

A discussão sobre reforma tributária no Brasil se arrasta por anos. Diante do complexo sistema, especialistas têm defendido a unificação do ICMS e ISS Por Redação

A discussão sobre tributação no Brasil se arrasta por anos e a complexidade aumenta ainda mais quando, em busca de investimentos privados, Estados e municípios passam a oferecer benefícios fiscais para atrair as empresas. Esta guerra fiscal, velha conhecida das companhias de tecnologia, é pautada pela renúncia fiscal com redução de alíquotas e/ou isenções, uma política que pode levar ao desequilíbrio econômico estadual. No entanto, o que em princípio é um benefício, pode gerar muita dor de cabeça às empresas.

Foram fazendo puxadinhos, virou uma colcha de retalhos, que virou labirinto

Saída viável? A simplificação do modelo tributário e uma melhor uniformidade das regras, principalmente para as empresas que atuam em âmbito nacional, têm sido apontadas como mudanças essenciais. Uma alternativa para simplificar a estrutura de impostos no Brasil é a unificação de alguns impostos, como ICMS e ISS, e a criação do Imposto sobre o Valor Agregado (IVA), que seria nacional e gerido de forma compartilhada pelos Estados. Mas, até hoje, não vingou nenhuma das propostas para reforma tributária — é uma questão puramente política. Na avaliação de José Ricardo Ozorio, da FGV, o IVA traria de imediato a redução da complexidade da legislação do ICMS, tornando o processo de gestão tributária das empresas e de arrecadação por parte dos Estados menos custosos. “Com a criação do IVA em substituição ao atual ICMS, todos os envolvidos (Estado, Contribuinte e Sociedade) teriam ganhos significativos até na redução da própria insegurança jurídica do modelo atual”, diz.

Francisco Camargo, CLM

A guerra fiscal tem proporcionado insegurança jurídica, uma vez que vários dos benefícios podem ser considerados ilegais, pois não foram instituídos no âmbito do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária). Por ser obrigatório, pode ser considerado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) inconstitucional, conforme explica José Ricardo Ozorio, professor da FGV.

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distribuidor de valor agregado CLM conta com apenas uma pessoa em seus departamentos administrativos nas filiais de Lima (Peru) e Bogotá (Colômbia) para cuidar de tudo que envolve pagamento de impostos. No Brasil, são sete funcionários para executar a mesma função, destaca o presidente da CLM, Francisco Camargo. Para ele, ainda que o volume na operação brasileira seja maior — no País, são emitidas dez notas fiscais por dia, enquanto na Colômbia e no Peru são dez notas por semana em cada país —, há discrepância na dificuldade para gerenciar a tributação. “O que perturba não é tanto o número de transações, mas a complexidade do Brasil”, afirma. A CLM é focada nas áreas de segurança da informação, infraestrutura especializada e web analytics e possui filiais em São Paulo (Brasil), Lima (Peru), Bogotá (Colômbia) e Miami (EUA). Nos Estados Unidos, toda operação para os processos tributários é terceirizada. Camargo diz que no Brasil a maior dificuldade está em saber se o que está sendo feito contabilmente é o correto. “Além do ERP, tivemos de contratar um serviço online para verificar se o cálculo do imposto está sendo feito corretamente no Brasil.” O maior problema para o entendimento da tributação no Brasil deve-se em grande parte, na visão de Camargo, ao fato de que o arcabouço de impostos pensado há décadas ganhou diversas emendas ao longo dos anos.

O advogado da Pinheiro Neto Advogados e também diretor da Associação Brasileira de Direito da Tecnologia, da Informação e das Comunicações (ABDTIC), Luiz Roberto Peroba, ressalta que o sistema tributário é tão complicado e passou por tantas mudanças que a maioria das empresas simplesmente não consegue acompanhá-las e cumpri-las. Por isto, as companhias se veem diante da necessidade de ter times grandes para gerenciar os tributos. Como consequência, as companhias são autuadas e precisam contratar advogados para recorrer da decisão.

As empresas que atuam no Brasil aprenderam a conviver com o caos. Elas disputam tudo, umas ganham e outras aproveitam os programas de anistias que o governo vem editando com frequência nos últimos 20 anos. É tão caótico que o próprio governo sabe que, se não der anistia e Refis [Programa de Recuperação Fiscal] de tempos em tempos, as empresas não sobrevivem Luiz Roberto Peroba, ABDTIC O entendimento sobre a legalidade da isenção de tributos como incentivos fiscais por parte de algum Estado ou munícipio evidencia a complexidade do sistema. Enquanto a Súmula Vinculante 69/2012, do STF prega que qualquer isenção, incentivo, redução de alíquota ou de base de cálculo, crédito presumido, dispensa de pagamento ou outro benefício relativo ao ICMS, concedido sem prévia aprovação em convênio celebrado no âmbito do Confaz, é inconstitucional; a Proposta de Lei Complementar (PLP) 54/2015 visa a tornar legais os incentivos, prorrogando-os e estendendo-os a novos contribuintes interessados.

O gerente de consultoria BPO da Sonda IT, Edmir Teles dos Santos, defende que com o IVA tudo ficaria mais objetivo e claro. “Atualmente, o grande problema para o empresariado é apurar o imposto não cumulativo”. Para ele, a discussão para a criação do IVA passa pela definição de qual elo da cadeia pagaria o imposto: no fim, pelo consumidor final, ou na produção. “Estados produtores já estão se antecipando e criando fórmula no ICMS, que é a substituição tributária, pela qual o fabricante do produto já antecipa o recolhimento do imposto como se estivesse vendendo no consumidor final.” “Com 26 Estados, Distrito Federal e mais de 5 mil municípios, a quantidade de regras é brutal. Com um imposto único nacional, independentemente do tipo de atividade a operação é tributada, só tem de saber qual alíquota aplicar. Seria a solução mais simples e fácil, sem ter de ficar interpretando legislação”, defende Luiz Roberto Peroba, da ABDTIC.

Mudança no ISS Foi sancionado, em 29 de dezembro de 2016, o projeto de reforma do Imposto sobre Serviços de qualquer natureza (ISS), que passou a vigorar como norma jurídica. O texto fixa em 2% a alíquota mínima e é uma tentativa de acabar com a guerra fiscal entre os municípios, pois diz que o imposto não será objeto de concessão de isenções, incentivos ou benefícios tributários ou financeiros. Com a mudança, as operações podem ser tributadas pelo município em que são feitas ou segundo o domicílio do tomador da operação, e não no município sede da administradora do cartão ou da empresa financeira. O texto também acrescentou várias atividades no escopo da cobrança deste imposto — como serviços de streaming de música e vídeo, computação em nuvem e veiculação de material publicitário na internet — aumentando a segurança jurídica, uma vez que deixa claro que eles podem ser tributados pelos municípios. Até agora, tais serviços ficaram em uma zona cinzenta e as empresas tinham dúvidas de como tributar.


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3 perguntas para

Novidades

Gilberto Kassab Em entrevista exclusiva à Infor Channel, o ministro do MCTIC falou sobre o mercado de tecnologia e ações do ministério para o setor. Veja a entrevista na íntegra em inforchannel.com.br Como a pasta pode contribuir para o mercado de TI?

Cliente satisfeito

IoT mais segura

O Fujitsu Laboratories desenvolveu uma tecnologia de análise de voz que identifica automaticamente a satisfação ou insatisfação das pessoas durante as conversas realizadas com serviços de atendimento ao cliente. Dessa forma, a inovação possibilita que as áreas de qualidade, treinamento e marketing sejam aprimoradas pelas empresas. A ideia é comercializar a novidade a partir de março deste ano para call centers e, no final de 2019, para demais áreas do mercado.

A Trend Micro lançou, em parceria com a Asus, uma solução de segurança para proteger os usuários domésticos contra as ameaças maliciosas de internet das coisas (IoT, na sigla em inglês). O Trend Micro Smart Home Network vem integrado aos roteadores sem fio domésticos da fabricante e impede que os computadores se transformem em zumbis ao manter os dispositivos conectados seguros contra possíveis atividades maliciosas. Segundo a Trend Micro, 90% dos dez maiores eventos de segurança são ataques e explorações de saída de dispositivos domésticos.

Uma das prioridades do novo ministério é estreitar o diálogo com a comunidade científica, que já percebe não haver prejuízo com a fusão. Para isso, reiniciamos as reuniões do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia. Em pouco tempo já conseguimos recuperar R$ 1,4 bilhão que estavam bloqueados no orçamento de ciência, tecnologia e inovação – os R$ 400 milhões para o programa do Satélite Geoestacionário.

Quais ações efetivas têm feito para fomentar o setor? O MCTIC já tem ações efetivas que estão focadas em preparar o País para o novo momento tecnológico e oportunidades no mercado internacional, como o Brasil Mais TI, programa de atração de jovens talentos para o setor de TIC, hoje com 280 mil alunos e o Programa Start-Up Brasil, que investe em empreendedorismo de empresas nascentes e em negócios com valor para atração de investimentos e escalabilidade global. Já foram injetados mais de R$ 34 milhões com uma participação de investimentos externos de mais de R$ 103 milhões.

O que o senhor pretende fazer para acabar com a guerra fiscal do ICMS para o setor de TI?

Armazenamento em alta Em tempos de nuvem, a demanda por drives de altíssima capacidade é percebida principalmente nas empresas, além de consumidores com alto poder aquisitivo. Por conta disso, a Seagate anunciou no mercado norte-americano que está cada vez mais próxima de lançar HDs de 20TB. A marca para a fabricante é ter o produto disponível até 2020. Nos próximos 18 meses, a empresa planeja lançar drives de 14TB e de 16TB, revelaram executivos da companhia.

Gestão de energia Ajudar as empresas a diminuírem em até 40% os gastos com energia elétrica. Esse é o objetivo da solução lançada pela Ingram Micro, que integra produtos e serviços da Cisco, IBM, Intel e ONEGRID. A sensorização de dispositivos elétricos, como ar condicionado e iluminação, por exemplo, permite que o cliente defina os parâmetros de uso desses equipamentos, garantindo assim a correta aplicação das regras corporativas nas diversas localidades. Tudo online em um único painel de controle. É o conceito de IoT aplicado à redução de custo e gestão sobre o uso da energia elétrica.

Brasileiro no Facebook O brasileiro Hugo Barra vai liderar o setor de realidade virtual do Facebook. Com passagens pela divisão de Android do Google, Barra foi vice-presidente da fabricante de smartphones Xiaomi, responsável pela expansão internacional da marca. O anúncio no Facebook foi feito em conjunto por Barra e por Mark Zuckerberg. “O Hugo compartilha da minha visão de que a realidade virtual e a realidade aumentada serão as próximas grandes plataformas da computação”, disse o CEO do Facebook.

No início do ano passado entrou em vigor a nova regra do Confaz para comércio eletrônico, que permite uma melhor distribuição entre os estados produtores e consumidores. Mais recentemente, no fim de 2016, foi sancionada a Lei Complementar nº 157, que altera as regras do ISS, para acabar com a guerra fiscal daquele tributo. Além disso, foi definido que o imposto a ser cobrado sobre as atividades de data centers, streaming de áudio e vídeo e o desenvolvimento de aplicativos para qualquer plataforma, e não apenas PCs, será o ISS. Isso coloca um imposto de 5% na indústria, mas afasta o ICMS, que por vezes chega a 27%.

Comunicação colaborativa A Cisco anunciou a chegada de duas novas ferramentas de colaboração desenhadas para auxiliar a produtividade das equipes e reduzir os custos com comunicação e deslocamentos: Spark Board e Spark Meetings. O Cisco Spark Board é um hardware desenvolvido para a transformação digital das salas de reuniões. Segundo a empresa, o software foi desenhado para resolver o problema das reuniões improdutivas e projetado para a melhor experiência de comunicação em nuvem. O produto é acompanhado por um novo software, Spark Meetings, versão portátil do Spark Board, disponível em dispositivos como desktop, celular e tablet.

Crédito: Ricardo Fonseca



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