Infor Channel - Mai2017 #04

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Edição 04 | Maio 2017 | R$ 4,70

Gestão

Riscos e oportunidades do Shadow IT

Paulo Skaf Cenário de

instabilidade prejudica avanços da indústria 4.0

Em ritmo acelarado nos EUA e Alemanha, indústria 4.0, ou Manufatura Avançada, ainda define políticas no Brasil. Fabricantes e integradores, no entanto, já investem em oportunidades da inevitável “quarta revolução industrial”

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Editorial Inovação à vista Embora o Brasil ainda não esteja no nível de uma Alemanha e também não tenha política definida, observa avanços rumo à manufatura inteligente. Paulo Skaf, presidente da Fiesp, em entrevista, avalia que o cenário de instabilidade econômica prejudica a indústria 4.0 brasileira. Otimista, o mercado aposta que investimentos represados durante a crise devem ser retomados. Mostramos as oportunidades que se abrem para integradores e fabricantes nesse sentido. A tecnologia blockchain, tema de outra matéria, ainda está longe de ser massificada, mas já tem aplicações no Brasil e no mundo. Em outra reportagem, investigamos também o impacto da Shadow IT nas empresas e mostramos que, potencializada pela nuvem, a prática não é recente. Em vez de barrar, o CIO precisa encontrar mecanismos para aliar tais soluções às suas estratégias. Boa leitura! Flávia D’Angelo flavia.dangelo@inforchannel.com.br

Expediente Diretor: Cláudio Miranda Editorial redacao@inforchannel.com.br Editora: Flávia D’Angelo Repórter: Paola Brescianini Colaboradores: Marcelo Gimenes Vieira, Patricia Santana e Roberta Prescott (texto), Alexia Raine (revisão). Projeto Editorial:

DIANTE DA NOVA

REVOL U É

um mundo digital, e cada vez mais digital. A transformação que avança sobre vários aspectos da vida humana têm potencial de mudança econômica e social poucas vezes visto. Não à toa, muitos especialistas consideram que estamos em plena Quarta Revolução Industrial. A Tecnologia da Informação e as Telecomunicações (TICs) estão mudando, ou têm potencial para mudar, nossas casas, nossas idas e vindas, a forma como produzimos alimentos e consumimos energia ou serviços de saúde, entre inumeráveis outros aspectos. Assim como nas três revoluções anteriores, a produtividade industrial também sofrerá alterações profundas, principalmente quando se considera o potencial de tecnologias como a Internet das Coisas (IoT), Big Data, Inteligência Artificial, cloud computing, robótica avançada e impressão 3D. Não é difícil imaginar um futuro com linhas de produção automatizadas e conectadas, monitoradas por inteligências capazes de analisar imensas quantidades de dados captados por sensores, alterando de modo automatizado o ritmo conforme a demanda e parametrizados à distância. Este futuro se chama Indústria 4.0, ou Manufatura Avançada, e não está tão longe em países como Alemanha, EUA e Coreia do Sul. Os ganhos não são poucos: segundo a McKinsey, até 2025 os processos relacionados à Indústria 4.0 poderão sofrer reduções de custos de manutenção de equipamentos entre 10% e 40%. O consumo de energia pode cair entre 10% e 20% e a eficiência do trabalho crescer entre 10% e 25%. “Todos os países que possuem um parque industrial relevante estão percebendo as mudanças. Quem não se posicionar pode perder posições competitivas”, pondera Luiz Egreja, responsável pela área de manufatura da francesa Dassault Systèmes para a América Latina. “Mas não adianta importar o modelo dos EUA ou da Alemanha, pois cada um tem uma particularidade”.

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Os dois países citados pelo executivo são donos de iniciativas de digitalização da indústria que recebem visibilidade midiática – ambos tratam o assunto como política de Estado.

Por Marcelo Gimenes Vieira

L UÇÃO

Indústria 4.0, ou Manufatura Avançada, acelera nos EUA e Alemanha enquanto Brasil ainda define políticas. Fabricantes e integradores, no entanto, já investem de olho em oportunidades da inevitável Quarta Revolução Industrial

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ENQUANTO ISSO, NO BRASIL... Em desenvolvimento desde 2016 pelos ministérios da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e de Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a Política Nacional de Manufatura Avançada ainda engatinha. Prevista para o segundo semestre de 2017, deve considerar aspectos como recursos humanos, cadeias produtivas, tecnologia, infraestrutura e regulação. Enquanto isso, pelo lado da indústria, as coisas andam devagar. Um estudo publicado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em agosto de 2016, revelou que o conhecimento sobre tecnologias digitais na produção é pouco difundido por aqui: 42% desconhecem a importância delas para a competitividade e mais da metade (52%) não utilizam nenhuma tecnologia digital. Foram ouvidas 2.225 empresas brasileiras, entre pequenas, médias e grandes. O grau de utilização destas tecnologias varia bastante conforme o setor. Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos lideram o uso, com 61%, seguidos por máquinas, aparelhos e materiais elétricos (60%), derivados de petróleo e biocombustíveis e máquinas e equipamentos (ambos com 53%). “O conceito de transformação digital é o de jornada, e algumas verticais de negócio estão mais avançadas. O de manufatura, discreta ou não, não tem homogeneidade neste sentido”, explica Paulo Marcelo, CEO da Resource. “No Brasil, a ideia de usar a digitalização é vista como mandatória. Há uma certa unanimidade de que a produtividade no país é baixa, mas tende de agora em diante a acelerar com a retomada do ciclo econômico mais favorável”. A Resource deve anunciar neste trimestre um reforço na parceria com a fabricante Cisco, que tem investido fortemente em conectividade para vários setores, incluindo indústrias inteligentes. “Vamos focar na nova tendência”, deixa bem claro o CEO, que promete apostar em parceiras com companhias com expertise no mundo industrial. “É preciso ter esse know-how para juntar o legado de automação com IoT. Existe um legado de ativos, e não dá para trocar tudo. Vamos fazer com que alguns deles falem com o mundo digital”. Luiz Egreja, sem disfarçar o otimismo, concorda. Para ele, existe a perspectiva de que a Indústria 4.0 ganhe velocidade no Brasil conforme os investimentos represados durante a crise econômica comecem a ser efetivamente feitos. “A situação tem mudado muito rápido”, pondera. “Ao falar com as empresas, notamos claramente uma consciência, um desejo de fazer. Já este ano, as empresas vão investir mais fortemente”.

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SE FORMOS CRIATIVOS, PODEMOS DAR UM SALTO Luiz Egreja, da Dassault Systèmes

Fábrica da thyssenkrupp

Novo mundo, velhos medos

Impactos da Indústria 4.0* $$ $

Uma questão crítica quando se trata de digitalização, em qualquer indústria, é o receio de que a necessidade de mão de obra caia drasticamente e gere desemprego em escala global. Enquanto gurus da tecnologia, como Bill Gates e Elon Musk, lançam alertas públicos sobre a necessidade de combater este efeito nocivo, no Brasil a maior preocupação é encontrar profissionais capacitados para preencher vagas altamente especializadas. “Esta nova realidade afetará o perfil de profissionais desejados pela indústria, que de modo geral precisarão ser mais engajados com novas tecnologias e preparados para lidar com aplicação no ambiente de produção”, pondera Roberval Calca, da thyssenkrupp no Brasil. Luiz Egreja, da Dassault Systèmes, concorda, embora reconheça um impacto de magnitude difícil de prever. “Podem sumir de 60 a 20% dos empregos, dependendo do estudo. Mas outras empresas vão surgir”, pondera. Um risco grande para países como o Brasil, se ficarem para trás na formação de pessoal qualificado para a Indústria 4.0, é o de ver sua mão de obra obsoleta. “Muitos serão supridos remotamente por quem tiver capacitação. Os postos de trabalho do futuro podem ser preenchidos de fora do Brasil, em fábricas brasileiras automatizadas”, pondera.

DA ALEMANHA PARA MINAS GERAIS Embora raros, já há alguns exemplos de sucesso no Brasil. Inaugurada em outubro de 2015, a fábrica da alemã thyssenkrupp em Poços de Caldas (MG) foi concebida desde o início dentro

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10% e 40%

de reduções de custos de manutenção de equipamentos

Consumo de energia pode cair entre

10% e 20% 10% e 25%

Eficiência do trabalho pode crescer entre

Fonte: McKinsey *Até 2025

do conceito de Indústria 4.0, incluindo robôs na linha de produção, sensores monitorando processos e análise de dados em tempo real (Big Data). A inauguração da planta faz parte da estratégia global da companhia. “Caminhamos para um modelo em que toda a cadeia produtiva estará interconectada, o que trará benefícios para todos os players envolvidos no processo produtivo, desde fornecedores primários ao fabricante do produto final”, explica Roberval Calca, gerente de vendas e supply Foto: Divulgação

O executivo da multinacional francesa acredita que, embora uma considerável parte do parque industrial sequer tenha aproveitado plenamente os benefícios da chamada revolução industrial passada, isso não é necessariamente um problema. “Se formos criativos, podemos dar um salto”, diz.

Entre

Paulo Marcelo,

da Resource: parcerias para investir na nova tendência

chain da unidade de camshafts da thyssenkrupp no Brasil. “A adoção do conceito de Indústria 4.0 permite à fábrica maior controle da produção, o que se traduz em máxima qualidade na entrega do produto final e maior flexibilidade do modelo de produção, tornando nossas reações ao mercado muito mais ágeis”. Todos os processos na planta são monitorados por sensores que identificam a etapa produtiva e se o processo de fabricação está adequado. Qualquer peça defeituosa é automaticamente retirada da linha de produção. Além disso, a planta de Poços de Caldas está interconectada a outras três, duas na China e uma na Alemanha, todas responsáveis pela produção do mesmo componente: eixos de comando de válvula. Isso permite que atualizações de sistema ou software possam ser rapidamente incorporadas às três operações. O projeto foi concebido e implementado pela própria thyssenkrupp, sob liderança da matriz alemã – cuja uma das frentes de negócios é justamente o desenvolvimento e a implantação de linhas de produção para o setor automotivo. No Brasil, a planta fabril de Campo Limpo Paulista (SP) também está adotando conceitos 4.0 em uma das linhas de produção.

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Pessoas e processos: a base da Indústria 4.0

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eres humanos são flexíveis, adaptáveis e têm uma capacidade de aprendizado ilimitada. Tudo indica que a inteligência artificial poderá replicar essas características, mas, por enquanto, máquinas ainda são precisas, mas pouco flexíveis. Assim, os seres humanos continuam sendo os protagonistas de todos os sistemas produtivos atuais – e isso vale também para a chamada “Indústria 4.0”. Esse conceito, desenvolvido na Alemanha, une inteligência artificial, realidade aumentada, monitoramento de energia, carro autônomo, interfaces, RFID, internet das coisas, internet aplicada a serviços e várias outras vertentes tecnológicas para criar os chamados sistemas cyber-físicos – é a chamada “quarta revolução industrial”. Ao contrário das revoluções anteriores, a Indústria 4.0 não é resultado do surgimento de uma tecnologia disruptiva com o potencial de substituir seres humanos. No fundo, muitas atividades podem ter sido transformadas ou substituídas pela tecnologia, mas uma infinidade de outras surgiram e, pelo menos por enquanto, o ser humano é a base do processo. Mais do que substituir pessoas, o que a Indústria 4.0 faz é reunir as várias tecnologias que

vinham sendo desenvolvidas em paralelo para criar uma nova maneira de fabricar produtos físicos. O mundo industrial do futuro é justamente o ponto de encontro entre a quarta revolução industrial e a terceira onda da internet. Em seu livro A terceira onda, Steve Case, o fundador da AOL (primeiro provedor de internet do mundo), explica que a primeira onda foi aquela em que a infraestrutura foi montada, exigindo grandes computadores e muito investimento em hardware. A segunda, por sua vez, foi o domínio dos aplicativos, da hospedagem na nuvem, da descoberta de todo o potencial da rede e da infraestrutura que já estava instalada. Isso permitiu a ascensão de empreendedores de garagem, os casos tão propalados de unicórnios como Facebook, Whatsapp, Google e tantas outras empresas que surgiram nesse período. Agora, com a internet das coisas e a internet aplicada a serviços, os dois mundos se unem em prol de uma produção mais inteligente, na qual as máquinas fazem o que sabem fazer melhor. O profissional que vai atuar na Indústria 4.0 precisa ter repertório e treino para tomar decisões complexas rapidamente, ser capaz de prevenir e agir na manutenção, solução de problemas de improviso

e supervisão de profissionais igualmente multitarefas, além de máquinas e softwares diferentes, conectados em rede, ou em cooperação com engenheiros de software e representantes de outras áreas integradas nas redes produtivas. Pessoas e processos são a base desse novo mundo voltado a uma maior eficiência. Nesse sentido, a mudança de mentalidade de gestão e a incorporação de novos processos, como o conceito de lean manufacturing criado por Eric Ries, por exemplo, é o que realmente vai impulsionar a mudança para a Indústria 4.0 e não uma ou outra tecnologia. Na base do profissional multitarefas que será exigido pela Indústria 4.0, o conhecimento de gestão empresarial e de pessoas é, cada vez mais, o ponto central da construção diária de habilidades que o profissional do futuro fará, ao longo de toda a vida. Aprendizado para a vida toda, em todos os lugares, é a base do conceito OMNI Learning, que a HSM Educação Executiva desenvolveu de forma inédita: educação Orgânica, Mobile, Não linear e Integrada. *Guilherme Soárez é CEO da HSM Educação Executiva

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Gestão

Por Roberta Prescott

SHADOW IT: RISCO E OPORTUNIDADE

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aquisição de soluções de tecnologia da informação pelas áreas de negócio sem o conhecimento e o consentimento do CIO não é um problema recente. Mas a popularização da computação em nuvem e da compra baseada no uso e como serviço facilitou ainda mais esta prática, batizada de shadow IT, em inglês, e por aqui chamada de TI invisível ou TI na sombra. Independentemente da nomenclatura, CIOs e especialistas em tecnologia alertam para os perigos que as empresas correm; e é fácil de entender a preocupação deles. Imagine quantas brechas de segurança podem existir em uma grande empresa com dezenas de áreas quando algumas delas decidem comprar, sem o envolvimento da TI, sistemas de tecnologia para endereçar necessidades pontuais. Ao comprar um software para fazer uma campanha comercial, por exemplo, corre-se o risco de deixar vulnerável o cadastro dos clientes porque o armazenamento das informações não foi feito de maneira correta. Se houver vazamento ou roubo de dados, além dos danos materiais, a reputação da empresa pode ser afetada. Não homologados pela TI, os sistemas que ficam na sombra podem ser a porta por onde vazam informações ou entram ataques. O ganho de agilidade tem sido a principal razão pelo crescimento desta prática “Há diversos produtos e tecnologias que estão prontos e

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podem ser usados de forma imediata. É por isto que cresce a shadow IT”, explica Claudio Neiva, vice-presidente de pesquisas do Gartner. A vasta quantidade de aplicações e serviços surgindo beneficia diretamente as áreas de negócios — e, em vez de barrar, o CIO precisa encontrar mecanismos para aliar tais soluções às suas estratégias. “As plataformas de RH na nuvem são constantemente atualizadas com a legislação local e podem ser melhor que apenas contar com o suporte da TI interna e do RH”, exemplifica o VP do Gartner. Esta nova forma de trabalhar é um problema, sentencia Paulo Avellar, líder de cibersegurança da Isban, empresa fornecedora de projetos de tecnologia da informação do Grupo Santander. “Muitas empresas têm sistemas na sombra e a maioria não tem nem noção do que está sofrendo”, diz. Diante disto, qual deve ser o papel do CIO? Para Claudio Neiva, do Gartner, se shadow IT é inevitável, a TI deve estabelecer uma abordagem para endereçá-la. No Santander, explica Avellar, foi criada uma “política rígida para lidar com qualquer coisa hospedada fora do domínio da empresa”. Nela, constam itens como políticas de guarda de dados e de acesso e requisitos para homologação e certificação dos parceiros para ficar dentro das normas do banco. “A política não é impedir, porque o mundo ficou muito ágil. Mas ser ágil é uma coisa, ser inconsequente é outra”, reflete Avellar. No Santander, tudo que se refere à tecnologia passa pelo crivo do CIO e do comitê de TI. O Gartner tem pregado que os diretores de tecnologia precisam atuar como brokers, ou seja, ajudando as outras áreas na busca por soluções. “O trabalho deve ser consultivo, definindo requisitos e olhando o aspecto de segurança para que possa fomentar compras de ferramentas e ter economia de dinheiro”, defende Neiva. A TI também tem de manter atualizado o inventário de tudo que tem dentro de casa e conversar constantemente com as áreas de negócios para saber suas novas necessidades e identificar se estão usando shadow IT e, em caso positivo, por que estão usando em vez de contar com sistemas providos pela TI interna. “A TI na sombra sempre existiu. Mesmo antes da Internet, me lembro, não tinha este nome e a realidade era outra, mas era normal ver as áreas construindo soluções caseiras que a TI não fazia. Com a internet e a nuvem, facilidade aumentou muito. Hoje

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Marcelo Ramires,

da Michelin

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Paulo Avellar,

do Santander

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você contrata algo na nuvem, mas não sabe o que está por trás”, completa Paulo Avellar, do Santander. Para ele, o principal problema da shadow IT refere-se a como as informações são armazenadas, porque, normalmente, elas estão guardadas em lugares de pouca segurança, o que gera, facilmente, uma violação. Entender o cliente interno é fundamental. A TI deve se envolver no processo de compras e encontrar meios de regularizar o uso de sistemas não providos por ela. “A questão do tratamento de shadow TI não é lutar contra, mas ter o entendimento de quais são os limites disto. Nem todos devem abraçar de forma cega, mas entender e balizar os limites. Fazer com consciência e, assim, a TI passa a ter papel consultivo e pode ajudar na administração da ferramenta”, destaca Claudio Neiva, do Gartner. Além da política que estabelece como os processos devem acontecer, o Santander instituiu que a verba para tudo que estiver relacionado à tecnologia deve sair de um único orçamento, do centro de custos do CIO. Desta maneira, as áreas não conseguem pagar de outra forma. “Se tem tecnologia envolvida, deve ter o aval do CIO.”

Novas atividades

PESSOAS DE TI COM HABILIDADES EM DIGITAL, NUVEM E MOBILIDADE PASSARAM A OFERECER PARA AS OUTRAS ÁREAS CONSULTORIA

A POLÍTICA NÃO É IMPEDIR, PORQUE O MUNDO FICOU MUITO ÁGIL. E SER ÁGIL É DIFERENTE DE SER INCONSEQUENTE

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Adaptar-se a novas realidades para não perder sua importância e seu papel dentro das organizações foi justamente o que o departamento de tecnologia da informação da Michelin América do Sul fez, quando estava sob a liderança de Marcelo Ramires — hoje o diretor está estruturando uma unidade global de serviços de negócios para atender a empresa em diversas áreas, como contabilidade, RH, compras, revendas e logística. “Para mim, a discussão está totalmente ligada com carreira do CIO. Cada vez mais, o CIO passa a ser “commoditizado”, porque o mundo de TI está virando commodity, com empresas sendo contratadas para oferecer serviços e função do CIO vem perdendo importância nos últimos anos”, diz. “Por que as áreas estão indo ao mercado e os vendors estão fazendo approach direto e oferecendo soluções que não precisam passar por TI?”. Ao fazer esta reflexão, Ramires concluiu que o departamento de TI perdia espaço para as áreas de negócios, ficando a TI com o dia a dia e apagando incêndios, e a parte mais inovadora estava indo para as áreas de negócio e saindo das mãos do CIO. Entendendo que não poderia bloquear a shadow IT, Ramires começou, há três anos, uma mudança no posicionamento da TI. Primeiramente, ofereceu serviços que as áreas buscavam fora da empresa de forma gratuita para elas, como computação em nuvem. Depois, transformou o departamento para atuar de forma bimodal, ou seja, além da TI tradicional atendendo ao dia a dia com ERP, rede, infraestrutura, entre outros, entregava novas tecnologias. Ramires destacou pessoas de TI com habilidades em digital, nuvem e mobilidade para oferecer para as outras áreas serviços de consulto-

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ria a fim de ajudá-las a contratar empresas. A cartada final foi criar internamente na TI uma equipe que montava, junto com parceiros, a solução buscada pelo negócio. “Com isto, eu tinha solução completa e fechei o ciclo. As áreas, em vez de buscar externamente, começaram a reverter para nós”, conta. Mauricio Chede, analista de indústria de transformação digital da Frost, concorda que a shadow IT pode representar uma oportunidade de mudança de comportamento para o CIO.

“O fato de as áreas pedirem mais agilidade de tecnologia pode estimular o CIO a desenvolver um papel mais estratégico nas organizações e não ficar cuidando somente de infraestrutura. Ele precisa alinhar-se ao CEO e CFO”, explica Chede. Ele reconhece que as áreas de negócios já estão passando por cima da TI ao buscar por soluções de tecnologia justamente devido ao tempo de resposta. Chede defende que as empresas e o próprio CIO terão de encontrar um meio-termo para

lidar com a shadow IT, de um lado com a TI sendo mais estratégica e do outro com as áreas de negócio reconhecendo que não possuem capacidade técnica para escolher e homologar tecnologia. A chave para o sucesso da estratégia, conta o executivo, está na criação de uma relação de confiança. “Tem de ter mais agilidade e nunca dizer não para as áreas, porque, se falar não, vão fazer por conta própria”, explica Marcelo Ramires, da Michelin.

Shadow IT – Mito ou verdade? A

o falarmos de “Shadow IT”, é preciso voltar alguns anos quando a expressão surgiu no mercado e expandiu-se rapidamente ao ser citada em eventos e palestras e tornar-se tema frequente dos painéis de debates com a participação de gestores de Tecnologia da Informação e de Telecom (TIC). Shadow IT nada mais era que a existência, em um ou mais equipamentos das organizações, de produtos (hardwares e/ou softwares), aplicativos e dados não fornecidos e não administrados pela área de TI, como se fosse realmente uma sombra a pairar sobre a infraestrutura computacional. Sendo um pouco mais específico, a que se referia “Shadow IT” naquele momento? Falando apenas das duas principais práticas que impulsionavam esse cenário podemos destacar: 1) O crescimento explosivo do acesso à Internet permeando todas as áreas das empresas, e com controle de acesso ainda muito simples e 2) A disseminação da utilização de planilhas que passaram a ter importância vital como fonte de informação para acompanhamento das operações e tomadas de decisões estratégicas para o negócio das companhias. Isso sem falar na chegada definitiva de pen-drives, discos externos, entre outros acessórios pessoais de hardware que se incorporavam à rotina diária dos usuários. Em resumo, softwares “Freeware” ou “Shareware” estavam, e continuam estando, disponíveis a uma simples sequência de toques habilitando o download dos mesmos no equipamento do solicitante. Assim como a possibilidade de gerar planilhas pessoais em computadores individuais em detrimento da utilização das bases de dados corporativas instaladas em servidores gerenciados pela equipe de TI. A evolução da gestão da TI, a disseminação da cultura de governança, a implantação de ro-

tinas e procedimentos cada vez mais complexos de Segurança de Dados e de Acesso reduziu drasticamente essas práticas singelas de “Shadow IT” e levou alguns especialistas a decretar a morte da prática dentro das organizações. Será? A resposta a essa pergunta é “Sim” e “Não”! Com certeza, é muito pequena a quantidade de situações como as citadas acima, no entanto, vimos nos últimos cinco anos crescerem as verbas e o conhecimento de TI por parte dos gestores das área de negócio das empresas que por esses e outros motivos passaram a ser abordados diretamente pelos fornecedores de produtos e soluções de TI, em muitos casos sem o conhecimento dos gestores de TI que eram avaliados como potenciais inibidores das negociações. Temos então uma nova faceta do “Shadow IT” e dessa vez patrocinado por executivos das áreas de negócio bem posicionados na hierarquia das organizações? A partir de pesquisas conduzidas junto ao mercado, vê-se que essa resposta não é tão simples: a maioria dos gestores garante que essa prática não ocorre em suas empresas, seja porque atuam cada vez mais em conjunto com

MITO OU NÃO. VERDADE OU NÃO. “SHADOW IT” AINDA ESTÁ PRESENTE E CABE AOS GESTORES DAS ORGANIZAÇÕES BUSCAR A MELHOR FORMA DE REDUZI-LA A UM PATAMAR QUE NÃO CAUSE PREJUÍZOS OU RETRABALHO PARA SUAS EMPRESAS

as demais áreas ou ainda porque definiram procedimentos junto às áreas de Compras para que não ocorram compras “indevidas”. Já os fornecedores afirmam que vem crescendo a concretização de negócios realizados diretamente com os gestores das mais diferenciadas áreas. Onde está a verdade? Existe mesmo essa verdade? O que podemos afirmar sem nenhum risco de incorrer em erros de avaliação é que nas empresas em que o executivo de TI atua em consonância com a estratégia do negócio e aliado aos demais gestores que têm a confiança em envolver a área, “Shadow IT” deixou de ter significância e não traz maiores problemas de integração com o legado existente. Por outro lado, ainda vemos muitos casos em que apesar do gestor de TI garantir que não existe mais a prática, a realidade é bem diferente; ou seja, áreas de negócios com necessidades não atendidas pela área de TI (por aspectos como prioridade de investimentos, planejamento estratégico de TI, etc.) e com disponibilidade financeira se relacionam com os fornecedores de forma mais frequente e adquirem produtos e soluções que atendem suas demandas. Mito ou não. Verdade ou não. “Shadow IT” ainda está presente e cabe aos gestores das organizações buscar a melhor forma de reduzi-la a um patamar que não cause prejuízos ou retrabalho para suas empresas. Estabelecer uma política de integração e cooperação entre a área de TI e as demais áreas da organização garantindo a presença de TI em todas as avaliações e negociações, ao mesmo tempo em que a área de TI dê a devida importância às considerações e o conhecimento dos gestores do negócio na seleção de fornecedores, produtos e soluções que se alinhem às suas necessidades é o melhor caminho para transformar “Shadow IT” em uma mera lembrança do passado da relação TI x áreas de negócio.

*Anderson Figueiredo é Analista Independente do mercado de TI

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QUANDO A

FORÇA VEM DA NUVEM Por Flávia D’Angelo

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esde agosto do ano passado, a estratégia da VMware foca em tornar a nuvem híbrida acessível ao mercado privado. Para isso, fortaleceu a oferta de modelos híbridos e públicos a partir de parceiras com gigantes da área: Amazon Web Services (AWS), Equinix e IBM, além de Dell EMC e Microsoft. Bem aceito pelo mercado, o plano impulsionou o resultado da companhia, especialmente no último trimestre de 2016. Depois de anos ruins, a VMware fechou 2016 com crescimento em receita de 8%. Em evento para parceiros, realizado em abril, em São Paulo, o vice-presidente para Américas de canais e alianças da VMware, Frank Rauch, destacou que, para este ano, a empresa determinou foco em outras vertentes complementares à oferta de nuvem: mobilidade e segurança. Com isso, anunciou o redirecionamento do programa de canal. Nessa nova fase, a VMware definiu traçou foco em crescimento regional e definiu que seus parceiros precisam ter mais poder de controle de oportunidades e de contas.

Números Parceiros • Mundo

75 mil parceiros • América Latina

7 mil

• Brasil

3 mil

destes, cerca de 550 podem comercializar (níveis Professional, Enterprise e Premier)

Distribuidores no Brasil: Arrow, Ingram Micro, WestconComstor e Network1 Scansource

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A principal força motriz é transformação digital, destaque na mensagem ao canal. “Uma estratégia de digital workspace é importante para que a TI possa gerenciar diferentes tipos de usuários, dispositivos e aplicações, e entregar aplicações e desktops Windows por meio da virtualização da estação de trabalho”, diz ele. Além de Frank, participaram da entrevista o diretor de canais da América Latina, Gustavo Rios, e do Brasil, Kleber Oliveira. QUE MENSAGEM QUER PASSAR AO CANAL NESTE MOMENTO? Frank Rauch: Nossa mensagem é muito relevante e traz diretrizes a eles sobre como modernizar Data Centers, como eles podem realmente obter ganhos no mercado de segurança, como podem atuar com digital workspace para seus clientes e, principalmente, como lidar com todo o ecossistema de cloud. O QUE MUDA NA NOVA FASE? FR: Nessa fase, os parceiros têm total controle de suas oportunidades e destino. Podem registrar contas, proteger seus negócios e ganhar mais incluindo novas tecnologias ao seu projeto. Temos várias ofertas de Cloud e queremos parceiros para isso. Também buscamos parceiros de mobilidade, habilitados a vender Samsung, Google, Apple, Microsoft. Segurança também é outra vertente da nossa estratégia. Atuamos em conjunto com os nossos parceiros Trend Micro, McAfee, CheckPoint e Palo Alto Networks. Agora os parceiros estão habilitados não só para virtualizar computadores, mas também redes, storage, segurança e tudo em plataforma Cloud. Kleber Oliveira: Os próprios canais atualizam tais oportunidades, nos dando visibilidade do que estão fazendo para proporcionar a evolução destas oportunidades no funil de vendas. Toda a condução e renovação de seus registros depende deles mesmos, ou seja, oportunidades registradas e não atualizadas não são renovadas, porém, se conduzirem os negócios e compartilharem as informações de forma colaborativa, os registros são renovados automaticamente.

Foto: Divulgação

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Entrevista

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Da esquerda para a direita: Kleber Oliveira, Frank

Rauch e Gustavo Rios

COMO A EMPRESA VAI FOMENTAR OPORTUNIDADES DE MODERNIZAÇÃO DE DATA CENTER LOCALMENTE? KO: Com um modelo 100% indireto, a atuação por canais nos suporta na entrega, portanto possuem um papel fundamental em nossa estratégia, seja para entender as novas demandas dos clientes pelas áreas de negócios e TI, seja para suportar operações existentes nos clientes atuais. Além de toda estrutura VMware dos times de vendas, canais, engenharia e serviços profissionais, estamos suportando os nossos parceiros na capacitação. HÁ ESPAÇO PARA NOVOS CANAIS NO BRASIL? QUANTOS? KO: Sim, sempre haverá espaço para novos canais, principalmente porque atuamos em diferentes nichos, o que demanda conhecimentos e competências específicas. Temos um grande mercado a explorar, seja em computação em nuvem, IoT, big data, segurança, 3ª plataforma, PaaS, IaaS, XaaS. Gustavo Rios: Esperamos que o Brasil represente 40% da receita de parceiros de negócios na AL. Isso porque a nossa base de clientes aqui no País é maior do que em qualquer outro da região.

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Inovação

Revolução

Blockchain

Entre oportunidades e desafios, a tecnologia que surgiu há 9 anos ainda está no início de uma curva de aprendizagem. Se, por um lado, o blockchain promete mais transparência, redução de custos e inovação, por outro, vivencia o tradicional desafio de deficiência de mão de obra especializada, operabilidade e flexibilidade. Por Patricia Santana

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blockchain é uma nova tecnologia aberta que apresentou um novo paradigma para a armazenagem e transferência prática e segura de recursos financeiros, ativos, direitos e dados em geral. Composto por elementos conhecidos no mundo de TI, como a criptografia e uma rede de validação descentralizada, já existem mais de 80 instituições (entre bancos e seguradoras) explorando soluções em blockchain através de um consórcio chamado R3. De acordo com pesquisa da Accenture, o uso de blockchain por bancos de investimento deve gerar uma economia de U$ 12 bilhões anualmente em custos operacionais. Mas não é somente o mercado financeiro que está surfando nesta onda. O Walmart tem um projeto que usa a tecnologia do Hyperledger, recurso colaborativo da Linux Foundation, para rastrear informações do envio de porco, incluindo detalhes de fazenda de origem, números de lote e temperaturas de armazenamento em um blockchain seguro. Mais recentemente, a IBM lançou uma plataforma tecnológica voltada para o Agronegócio que possui tecnologia de Blockchain. As tecnologias que constituem a IBM AgriTech permitem resolução de problemas históricos do agronegócio ligados a compliance, gestão de risco, análise de imagens, seleção e planejamento de culturas e transações de crédito rural. Por exemplo, as tecnologias ajudam a estimar a produção e determinar as posições de mercado. Para os varejistas, é possível monitorar a origem dos produtos e a produtividade de seu ecossistema de fornecedores. A solução consolidará informações públicas muitas vezes difíceis de serem encontradas e as deixará acessíveis para os usuários. Além disso, no âmbito privado, também há uma enormidade de dados disponíveis que, respeitando aspectos de confidencialidade, podem ser integrados aos dados públicos para criar uma visão holística de cada setor. O fato é que, independentemente do segmento, blockchain repercute em toda a cadeia de TI. A IBM, por exemplo, possui linhas de financiamento disponíveis para compradores diretos e distribuidores. Analisando o processo desse

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serviço, a companhia identificou uma dificuldade para a resolução de disputas, o que fazia com que a empresa tivesse capital alocado sem uso até resolver as questões. Em 2015, havia 35 mil delas, com um tempo médio de 40 dias para resolução. No início do ano passado, foi estruturada uma rede blockchain a fim de resolver automaticamente as disputas, o que fez cair o tempo médio de resolução para 2 dias, representando uma economia de US$ 20 milhões. Mais de 60% das disputas passaram a ser resolvidas automaticamente, por conta dos smart contracts, programação da rede blockchain para que opere sem a necessidade de soluções tecnológicas externas e sem interferência humana, o que garante mais agilidade e confiabilidade ao processo. Além disso, a IBM conta com o Blockchain Lab, garagens espalhadas pelo mundo com o intuito de acelerar o desenvolvimento de projetos usando essa tecnologia. Em São Paulo, existe uma garagem com 10 projetos em andamento. De acordo com Luiz Fernando Jeronymo, executivo para Blockchain da IBM Brasil, essa tecnologia tem um potencial de transformação dos modelos de negócios, processos e cadeia. “Mas é uma tecnologia que está amadurecendo e ainda é muito cedo ter conclusões definitivas”, pondera. No Brasil, há ainda a Blockchain Academy, que tem o propósito de ser uma rede educativa sobre bitcoin e blockchain com atuação neutra, multidisciplinar e colaborativa. Afinal, por se tratar de uma tecnologia recente, há a necessidade de capacitar as pessoas. Rosine Kadamani, sócia da entidade, acredita num cenário brasileiro favorável ao desenvolvimento e à implementação de soluções. “Agentes relevantes dos sistemas público e privado já estão começando a ficar mais familiarizados com o assunto e já temos soluções de primeira qualidade e que otimizam os esforços, como o OriginalMy, sistema criado por um brasileiro especializado em segurança da informação que se dispõe a fazer o registro de quaisquer dados na rede blockchain e permite a celebração de contratos pela própria rede”, diz.

Aplicabilidade em diferentes setores 1.

Mercado financeiro e de capitais: possibilidade de realização de microtransferências (microcréditos, micropagamentos, microdoações), o que hoje é inviável no sistema tradicional em razão dos custos envolvidos; otimização da infraestrutura de remessa de valores; otimização do processo de cadastro e transferência de valores mobiliários e ativos em geral; criação de base de dados compartilhada sobre clientes;

2.

Setor de saúde: otimização do fluxo da criação de base de dados e transferência de informações com histórico de pacientes;

3. Setor público: criação de sistemas de votação e de doação de recursos mais transparentes; possibilidade de otimização do sistema cartorário e notarial em geral;

4.

Indústria: otimização do processo produtivo mediante registros não corrompíveis das etapas da produção, agregando confiabilidade ao processo;

5. Aplicável a qualquer setor: possibilidade de assinaturas de contrato via blockchain.

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Rosine Kadamani,

da Blockchain Academy

a força das startups Foto: Divulgação

Oportunidades e desafios

O mercado avalia que as maiores oportunidades devem advir de blockchains públicos, os quais permitem, com custo reduzido, trazer novas camadas de segurança, praticidade, transparência, imutabilidade e automatização a processos industriais, financeiros e comerciais. Para Rosine, o blockchain público (do bitcoin) tem algumas restrições em relação à escalabilidade das operações. “Há uma grande corrida tecnológica com mais de 40 soluções que se propõem a fortalecer os blockchains públicos e/ou apresentar plataformas alternativas”, comenta. As deficiências do mercado envolvendo fraude e burocracia para armazenagem e transferência de recursos, ativos e dados são os principais targets para uso de blockchain. “O blockchain consegue mitigar as vulnerabilidades e os processos custosos de backoffice, mas ainda é preciso ter mais mão de obra qualificada para lidar com blockchain”, avalia Jeronymo.

Foto: Divulgação

Blockchain Lab, da IBM

Blockchains públicos tendem a ser mais buscados para segurança quanto à imutabilidade e para ações visando transparência. Blockchains privados podem fazer mais sentido em redes em que a confiança entre os agentes já esteja mais estabelecida. Público ou privado, o fato é que o blockchain tem inspirado muitos empreendedores brasileiros. Exemplo disso é o OriginalMy, lançado em julho de 2015. Hoje, com mais de 25 mil registros, a plataforma autentica documentos por meio da tecnologia blockchain. Imagine que o documento original é a chave para acessar o sistema. É através do mesmo que é possível verificar a autenticidade e atestar se você tem em mãos o mesmo documento (ou cópia) registrado previamente. A companhia agora está lançando um aplicativo para assinatura de documentos e contratos utilizando a mesma tecnologia. “O blockchain traz uma camada de confiança e uma infraestrutura à prova de fraude. É atualmente a única tecnologia capaz de trazer transparência absoluta, auditabilidade, é distribuída e descentralizada e totalmente imparável, impossível de ser derrubada ou ficar fora do ar”, disse Edilson Osorio Junior, fundador e CEO da OriginalMy

cifras e números Blockchain pode gerar economias entre

US$ 8 bilhões e US$ 12 bilhões até 2025 nos custos de infraestrutura em bancos de investimento de todo o mundo. Média de

Cerca de

30% 54%

de redução de custos de infraestrutura com blockchain.

de redução de custos associados à conformidade e operações de negócios, como suporte a negócios e operações centralizadas. Fonte: Accenture

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Automação Comercial

A EXPERIÊNCIA QUE FIDELIZA

Com advento de tecnologias inovadoras, setor de automação comercial se transforma e passa a focar na experiência do cliente Por Redação

Mobile as a Service

Tendo a mobilidade como pano de fundo, a feira trouxe inovações em soluções de tesouraria, caixa, balança inteligente, POS e tablets, que passam a vir conectados com scanners e até permitem a inclusão de cardápios e, como novidade principal, destaca o novo self checkout. Disponível em vários stands, a solução de self checkout foi demonstrada no espaço Retail Experience. O ambiente interativo reproduziu fielmente tecnologias de automação em três diferentes segmentos: loja de roupas (solução da Totvs), restaurante (Solução da Urano) e supermercado (solução da RPInfo). Segundo Eros Jantsch, vice-presidente de Micro e Pequenos Negócios da Totvs, o canal de distribuição deve se adaptar às exigências do consumidor. “A tecnologia democratiza o acesso para todos os perfis de cliente. No Brasil, há um grande índice de empreendedorismo e o mercado precisa se preparar para isso. Acredito que esse movimento incentiva uma construção de um canal conectado para a oferta de Mobi-

le as a Service. Já incentivamos os nossos parceiros para aproveitar esse momento”, pontua. Na exposição, a empresa apresentou a solução Bemacash, orientada a verticais que integra o hardware da Bematech ao software para micro e pequenas empresas da Totvs. É preciso que a revenda tradicional se reinvente para trabalhar com automação comercial, defende Diego Utge, CEO da Ingram Micro no

Brasil. A distribuidora, que participou pelo 5º ano consecutivo da feira, considera o segmento de automação comercial muito forte, tanto que, de 70 marcas que distribui, 17 são desse setor. “Os canais de TI e automação estão cada vez mais próximos”, frisa ele, ressaltando que o mercado tende a crescer nos próximos anos, tanto pelas inovações tecnológicas quanto pela necessidade de adequação às questões de caráter fiscal.

Foto: Leonardo Gali

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empoderamento do consumidor incentivou uma transformação na maneira de se executar o varejo (e-commerce ou não) no Brasil e no mundo. Mais do que nunca fica claro que a experiência do consumidor deve estar no centro da estratégia comercial das empresas e o principal motor para isso é a inovação. E, para inovar, é preciso elevar a experiência do cliente a outro patamar. Nesse sentido, a tecnologia digital é uma das grandes aliadas para transformar a experiência no varejo físico. Ciente desse momento, a 19ª edição da feira Autocom, realizada pela Afrac (Associação Brasileira de Automação para o Comércio) destaca as soluções de automação que seguem conceitos como inovação e mobilidade para ganhar cada vez mais o mercado nacional. Embora o Brasil ainda não esteja no mesmo patamar de adoção de tecnologias inovadoras no varejo como os Estados Unidos, as perspectivas são positivas e o setor caminha para uma transformação. Segundo o presidente da Afrac, Zenon Leite Neto, novos players, como empresas que vendiam computador, passam a oferecer soluções de automação. Segundo ele, o ano de 2017 deve ser positivo para o setor. “Já diminuímos a queda de crescimento. Esperamos estabilidade e progresso para o segundo semestre”, diz ele. Soluções de segurança digital e de automação comercial vão impulsionar demandas locais e de consumo, aponta um estudo realizado pela Abradisti e IT Data, apresentado na feira. Em 2016, automação comercial obteve um faturamento de R$ 3,18 bilhões e a previsão para 2017 é que cresça 4,8%, chegando a R$ 3,33 bilhões.

6º Censo de Revendas 2017 Revendas

54%

40%

40%

sem loja

vendem automação comercial

Santa Ifigênia tem somente 40% de revendas de tecnologia

Distribuidores 20%

vendem hardware e software passam a oferecer painel solar, LED, games e automação comercial

Faturamento em 2016

33%

80%

13%

54%

Todas as regiões tiveram queda de faturamento. O destaque vai para a região Norte, que obteve queda de 9,6%. 31% conseguiram crescer acima da inflação.

25%

Hardware

Oportunidades por verticais

38%

2,4%

Servidores

Agronegócios

6%

Cloud

Finanças

Automação Comercial

Utilities

Transporte & Logística *2 mil revendas consultadas Fonte: IT Data

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Novidades Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

3 perguntas para

Paulo Skaf Em entrevista exclusiva à Infor Channel, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, falou sobre avanços da indústria 4.0 no Brasil. Leia a íntegra da entrevista em www.inforchannel.com.br

Carros inteligentes

O mercado brasileiro de drones está em pleno crescimento. A principal demanda por enquanto é de aplicações nas áreas de engenharia, agropecuária e propaganda. Mas pode ser utilizado em agricultura, mapeamento, questões ambientais, segurança e defesa, transportes, mineração, infraestrutura, serviços de emergência, gestão pública e entretenimento.

A Ford tem como objetivo lançar comercialmente um carro totalmente autônomo até 2021. Para alcançar essa meta, hoje muitos modelos da marca já contam com recursos avançados de tecnologia semiautônoma e de assistência que visam detectar e evitar erros na condução. São os chamados carros inteligentes, que “julgam” as habilidades do motorista e corrigem seu comportamento para ajudá-lo a dirigir melhor e evitar acidentes.

Foto: Divulgação

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Expansão no ar

40 vezes mais potente

IA nos negócios

A 5G é a única tecnologia viável comercialmente capaz de proporcionar uma experiência de vídeo em realidade virtual verdadeiramente imersiva em locais frequentados por grandes audiências. Segundo uma análise sobre a performance do 5G em redes reais realizada pela Nokia, a 5G terá a capacidade aumentada em 40 vezes, na comparação com o 4G, e oferecerá 99,9% de confiabilidade, além de baixa latência em escala, tal como demandada por um ambiente de Indústria 4.0.

A maioria das empresas vê a Inteligência Artificial (IA) como essencial para a competitividade, a considera transformadora e importante para manter os negócios competitivos até 2020. Segundo o estudo global de tendências da Tata Consultancy Services (TCS), 84% das empresas consideram o uso da IA essencial para a competitividade, com mais 50% vendo a tecnologia como transformadora. Além disso, 68% das empresas usam IA em funções de TI, mas 70% acreditam que o maior impacto da IA até 2020 será em outras funções, tais como marketing, atendimento ao cliente, finanças e RH.

O Brasil tem condições de pôr em prática o conceito de Indústria 4.0? A chegada da Indústria 4.0 assume caráter estratégico em duas frentes importantes: a tecnologia embarcada nesse novo chão de fábrica e a formação de capital humano responsável por operar e gerenciar essa infraestrutura.

Na sua opinião, qual é o principal desafio para a sua massificação? E os entraves? Estamos dando os primeiros passos em relação ao processo de automatização. Temos muitos entraves pela frente, como o Custo Brasil e um cenário de instabilidade e desconfiança, que afugentam o investidor. É fundamental a implementação de reformas que melhorem o ambiente de negócios, devolvam a confiança aos empresários e acelerem o crescimento do País.

Qual será o impacto que essa revolução digital terá para os empregos na indústria? Todos se perguntam sobre o risco de desemprego em larga escala, mas o que de fato a indústria 4.0 traz é uma mudança de perfil do trabalhador. Menos força física, mais conhecimento intelectual. A indústria 4.0 necessita de profissionais com alto valor agregado. Onde víamos pessoas apertando parafusos, veremos profissionais trabalhando em inovação.

VOCÊ VAI LER NA PRÓXIMA EDIÇÃO BIG DATA ANALYTICS: O MERCADO EXIGE MAIS QUE DADOS ANALÍTICOS, QUER RAPIDEZ NA OBTENÇÃO E TAMBÉM NA INTERPRETAÇÃO DAS INFORMAÇÕES INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: CRESCE A ADOÇÃO DE RECURSOS DE MACHINE LEARNING AS A SERVICE (MLAAS) BASTIDORES DO CLOUD: SAIBA COMO É A AGENDA DE PREPARAÇÃO DE UMA REVENDA QUE QUER SE ESPECIALIZAR EM CLOUD

E MAIS: ENTREVISTA, GESTÃO, MARKETING

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