Infor Channel - Ago2021 #49

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VERSÃO DIGITAL

PERIGO REAL O aumento de usuários, dispositivos, tráfego e a necessidade de altas velocidades de transmissão podem, em quatro anos, levar ao colapso das redes

Severino Sanches

Ataques cibernéticos

Era Digital exige Segurança com mais automação e inteligência contra ameaças 01_CAPA-IC49.indd 1

Sistema de Gestão 4.0

Até 2023 mais de 60% das empresas terão recursos da quarta geração de ERP

Agora Distribuidora

Reação ágil, adequação do portfólio e capacitação para oferta completa 31/07/2021 10:24:32


A ESCOLHA DO LEITOR

2021 PROFISSIONAL DE TIC, QUAL É A SUA MARCA PREFERIDA? A votação para o prêmio ‘A ESCOLHA DO LEITOR 2021’ está aberta! Indique o fabricante ou fornecedor de produtos, soluções ou serviços que melhor atendeu a você e sua empresa ao longo do ano. Com base na sua experiência vamos eleger as três melhores empresas de TI e Telecom que atuam no Brasil em cada uma das categorias ao lado. Dê sua contribuição! A votação online acontece até 31 de agosto de 2021 Acesse: https://inforchannel.com.br/ a-escolha-do-leitor-2021/

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CATEGORIAS  Aplicações de Software Corporativo

 Outsourcing

 Automação Comercial - Aplicações

 Proteção e Armazenamento de dados

 Automação Comercial - Hardware

 Proteção e Gerenciamento de Energia

 Big Data Analytics

 Realidade Aumentada/Realidade Virtual

 Blockchain (Fornecedores de Serviços)

R PA - Automação de Processos Robóticos

 Business Intelligence

 Segurança de Rede e Dados

 Certificação Digital

 Serviços e Aplicações para Web

 Cloud Privada

 Serviços Gerenciados em Cloud

 Cloud Pública

 Serviços e Sistemas

 Comunicação Unificada

 Servidores

 Conectividade (WI-FI)

 Sistemas Digitais/e-commerce

 Desktop

 Sistemas e Soluções de IoT/IIoT

 Impressora Multifuncional

 Smartphone

 Infraestrutura Convergente

 Software de Colaboração em Nuvem

 Inteligência Artificial

 Soluções de ERP

 Notebook

 Virtualização

Informações: marketing@inforchannel.com.br REALIZAÇÃO:

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APOIO:

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Editorial https://inforchannel.com.br

Acesse a versão digital da revista pelo QR Code ou baixe o App disponível nas lojas. Se preferir acesse a versão desktop em: https://revista.inforchannel.com.br/

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Irene Barella

Editor-assistente Carlos Ossamu

Fale com a redação – sugestão de pautas redacao@inforchannel.com.br Tel.: 11 3063-1563

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Design Gráfico (impresso e digital)

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Dra. Mara Louzada mara.louzada@lsladvogados.com.br Dr. José Paulo Palo Prado jp@lpsa.com.br

Impressão

Referência Gráfica Infor Channel é uma publicação da Editora Mais Energia /InforChannelOficial @inforchannel @inforchannel

PAULO UEMURA

/inforchannel

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sta edição de Infor Channel levanta pontos mais que relevantes. A questão da Infraestrutura, apesar de estar sob a ‘responsabilidade’ de alguns atores que devem promover sua modernização, afeta de forma contundente todo o mercado, já que viabiliza – ou inviabiliza, a transmissão de dados, voz, imagem... Pela apuração, o risco de um apagão é iminente. Vale o alerta para o mercado e seus expoentes. Por falar em riscos, a reportagem sobre Segurança da Informação aponta que os investimentos nessa área ultrapassarão os US$ 900 milhões no País ainda neste ano e que nos últimos 12 meses, 84% das organizações sofreram algum tipo de ataque por phishing e ransomware. Aqui, o alerta dos especialistas segue a máxima dos avós: é melhor prevenir do que remediar. A quarta era dos ERPs se consolida e recebe uma denominação mais ampla: Enterprise Business Capabilities – EBC. Esta nova geração de sistemas habilita ainda mais negócios e integra tecnologias relacionadas ao novo cenário mundial. Saiba ainda mais nas páginas seguintes, de 28 a 38. As novidades e táticas da distribuidora Agora para o mercado brasileiro são contadas pelo CEO, Severino Sanches, em entrevista exclusiva. Confira. Vale lembrar que o profissional e as empresas de TIC têm A escolha do leitor para destacar o seu fornecedor preferido. Acesse e vote. Boa leitura!

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Irene Barella

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INFRAESTRUTURA || por MARCUS RIBEIRO

PERIGO REAL E IMEDIATO: o colapso da infraestrutura de redes Em cinco anos, ou até antes, caso a base para o tráfego não se prepare para o crescimento exponencial de uso das redes, com o aumento acentuado da distribuição digital de conteúdo multimídia e de dados, o Brasil corre o risco de sofrer um apagão

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INFRAESTRUTURA

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Não existe 5G se o resto da rede não for igualmente rápida, eficiente, robusta e expansível

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DIVULGAÇÃO / CISCO

ção Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica – Abinee. E para este ano o cenário segue a mesma toada, inclusive avançando pelo segundo semestre. Mesmo com a perspectiva de perdas menores ou, de forma otimista, com um pequeno crescimento, algo comparável ao ‘voo de uma galinha’. Mesmo com a possível entrada do 5G no jogo e a demanda por serviços digitais em alta, a IDC Brasil indica um cenário tímido de recuperação dos investimentos em Telecomunicações no País para 2021 em modestos 1,9%. “A ênfase no início do 5G será B2B, não só oferecendo conectividade pura e mais banda, mas rompendo a barreira de conectividade para ser enabler de outras tecnologias”, afirma Luciano Saboia, gerente de Telecomunicações da IDC Brasil. O maior vilão deste possível apagão tem nome, sobrenome e pedigree: o vídeo. Resultante não apenas da

MYKE SENA

crescente número de usuários e de dispositivos, a cultura da ‘segunda tela’, a necessidade cada vez maior de altas velocidades de transmissão para suportar as demandas pelo consumo de dados e vídeos – antes mesmo da tecnologia de quinta geração para redes móveis e de banda larga, 5G, ganhar impulso – podem levar ao colapso das redes a médio prazo: algo como quatro ou cinco anos. E isso sem falar em outro problema correlato, a falta de profissionais qualificados. Como, então, os fornecedores de tecnologia têm trabalhado para minorar esse risco e como a infraestrutura deve, ou deveria, ser ajustada ou receber investimentos? É o que Infor Channel foi investigar. Esse cenário apocalíptico é detectado, por exemplo, a partir do recuo de 9% no mercado brasileiro de infraestrutura de Telecomunicações observado em 2020 pela Associa-

Lauria, da Huawei: A evolução das redes e as conexões inerentes ao 5G trarão taxas de transferência de dados muito mais velozes.

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mudança de hábito dos consumidores como relacionada com a chamada guerra do streaming a partir do lançamento de inúmeras marcas nos últimos dois anos que seguem o modelo Netflix. Atividade que surfou com a pandemia ao representar o entretenimento possível – para quem tem conexão, claro. Assim a quantidade e o tipo dos vídeos consumidos sofreram uma mudança radical, como o aumento na sua duração e na definição das imagens, e mesmo a sua onipresença em um número amplo de dispositivos: das smart tevês aos smartphones. O crescimento dessa carga tem sido muito rápido. “Podemos dizer que o tráfego total deve triplicar nos próximos cinco anos, o que leva à conclusão de que toda a infraestrutura já existente tem que crescer para se adequar a esse tráfego”, aponta Giuseppe Marrara, diretor de Políticas Públicas da Cisco do Brasil. Traduzindo, o crescimento da infraestrutura deve ser físico: mais fibras, mais antenas e mais equipamentos. Assim como deve ser seguido pela modernização dos devices em geral, com uma capacidade cada vez maior, na medida em que consomem mais recursos e energia – e nem vamos falar aqui do apagão elétrico iminente. O problema é que quando olhamos para o Brasil, sua dimensão

Marrara, da Cisco: O tráfego total deve triplicar nos próximos cinco anos.

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O mercado é grande o suficiente, competitivo o suficiente e carente o suficiente para que todos esses elos da cadeia prosperem continental, com profundas diversidades e desigualdades regionais, o problema ganha ares ainda mais dramáticos. “Mesmo com a adoção de fibra óptica – o que eleva as velocidades de download e upload – ela não está disponível em todos os lugares do País”, admite Carlos Lauria, diretor de Relações Governamentais e Assuntos Regulatórios da Huawei. Grandes centros urbanos que são atendidos por conexões de fibra óptica tendem a se manter, a médio prazo, com qualidade de Conexão e Banda maior, em comparação com áreas remotas ou pouco povoadas. “Precisamos, primeiramente, atender a todas as regiões para, em um segundo momento, buscar uma homogeneidade”, alerta Leandro Galante, líder de Mobile RAN na NEC.

A teoria de tudo

A ideia de homogeneidade pode não corresponder à realidade ou mesmo a aspectos práticos. “A melhor conexão é aquela com a capacidade suficiente para atender às necessidades daquele usuário com o menor preço possível, para, assim, permitir o acesso de maneira eficaz de todos à Internet. Uma conexão com parâmetros muito altos em todos os quesitos tende a ter um custo muito alto, o que criaria uma barreira de acesso econômica”, alerta Marrara, da Cisco. Veja ainda o quadro Os conteúdos e suas necessidades. No entanto, Galante, da NEC, minimiza o risco de ‘apagão’. “Os provedores do País vêm trabalhando com o intuito de modernizar as redes de transmissão e aumentar a capi-

Concentração, velocidade e eficiência A

té um milhão de aparelhos por metro quadrado a curto e a médio prazos. Essa é a promessa da quinta geração de conectividade, ou 5G. O que viabilizaria a adoção das tão propaladas, e pouco utilizadas no mundo real do Brasil, casas e cidades inteligentes, tema desenvolvido na versão digital de Infor Channel no mês de julho. Vale a leitura. A baixa latência e o amplo acesso do 5G, este último ainda utópico, permitirão que objetos comuns passem a estar conectados às redes e possam ter sistemas coordenados e a distância. As pessoas poderão controlar seus aparelhos domésticos mesmo estando no trabalho e os sistemas de tráfego e iluminação das cidades, por exemplo, poderão ser muito mais eficientes.

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Um exemplo prático é o oferecido pela Huawei em seu centro de distribuição, localizado em Sorocaba, interior de São Paulo, que já usa tecnologia 5G e teve ganhos de 25% em eficiência com a implementação do serviço, reduzindo de 17 horas para sete horas o ciclo de produção. (M.R.)

laridade das redes de fibra óptica, avalia. De acordo com o executivo, a implementação de Data Centers descentralizados coloca o Brasil em uma posição interessante. O ‘laboratório forçado’ estabelecido pela pandemia mostrou ou evidenciou ainda mais os problemas brasileiros de infraestrutura, em especial o não acesso universal à Internet, que alargou ainda mais o fosso social. A educação pública se tornou um exemplo perverso do que estamos falando. Questões sociais e de universalização à parte, ao olharmos para a arquitetura, os executivos alertam que a fibra óptica é primordial para garantir a expansão das conexões. Há que se destacar: onde ela não atende – ou não chega, é preciso utilizar satélite. A questão passa não apenas pela disponibilidade das operadoras maiores, mas também pelas pequenas e médias operadoras de caráter regional que ganham cada vez mais importância. “Já na camada de acesso, uma composição de FTTH, cabo, rádio, ou tecnologias móveis – da segunda geração à quinta geração – 2G - 5G, serão o foco”, aponta Marrara, da Cisco. Com dois focos: para dispositivos que estão em espaços abertos ou em movimentação, o 5G terá um papel fundamental, especialmente com a aceleração do OpenRan que permitirá a entrada de empresas menores ao mercado de Conectividade Móvel. Enquanto para ambientes fechados e com movimentação limitada, o Wi-Fi 6E será a tecnologia de escolha.

Parceiros e modelos

Para chegar com os equipamentos e serviços na ponta, os fornecedores trazem diferentes abordagens. A NEC, por exemplo, se posiciona não

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Empresas de todos os portes e origem podem e devem contribuir para a construção de uma infraestrutura robusta, disponível, segura e acessível para todos somente como fabricante, mas também como integrador. E, no momento, não trabalha por meio de Canais. Já a Cisco está no campo oposto e trabalha na sua totalidade de vendas com parceiros. Tendo observado inclusive um aumento exponencial nos parceiros de menor porte voltados para atendimento ao cliente final, seja pessoa física ou jurídica. Assim como aposta no trabalho de atendimento às necessidades das operadoras. “Existem muitas lacunas de cobertura de mercado que podem ser

supridas por operadoras regionais, em seus diversos tamanhos. Essa é uma tendência que deve se manter e os Canais regionais estão modernizando rapidamente sua infraestrutura”, aponta Marrara. Mas a Cisco, claro, não descarta os parceiros especializados no atendimento às grandes operadoras – veja ainda em destaque O fator operadora. Enquanto isso, a Alcatel-Lucent promoveu mudanças importantes em seu corpo diretivo para amplificar o trabalho de vendas, com Nuno Ribas assumindo como líder de Ven-

Os conteúdos e suas necessidades O Brasil, segundo o último relatório da Ookla sobre a velocidade de conexão, se encontra na 48 posição para acesso fixo e 76a para acesso móvel. Mas quais as características de tráfego interessantes para cada tipo de conteúdo? a

Streaming – exige alta velocidade de download. Conteúdo (criação) – alta velocidade de upload. Jogos e aplicações em tempo real – trabalham com latência muito baixa. Aplicações de IoT – exigem disponibilidade muito alta, porém muitas vezes baixa em outros quesitos.

Mobile Rank 76 -2 Rank 74

Download 32.82 Mbps 36

Upload 10.78 Mbps

Fixed Broadband Rank 48 +2

Latency 37 ms Rank 76

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Upload 54.73 Mbps

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das para a América Latina – Cala, regressando ao cargo que ocupava anteriormente. E com Sinclair Fidelis passando a responder pelo cargo de diretor-geral da Alcatel-Lucent Enterprise no Brasil, tendo atuado anteriormente como diretor de Vendas de Contas Estratégicas para a América Latina. O problema comum a todos os fornecedores é que o efeito colateral da alta volatilidade da variação cambial influencia diretamente nos custos e receitas dos clientes. Com preços mais altos dos equipamentos, diminuem as capacidades de investimento. O caminho é ofertar soluções com melhor custo-benefício, que tragam inovação ou (com perdão da palavra gasta) disrupção.

Antes da revolução

Uma possível solução-revolução é a tecnologia 5G – mas a velocidade e a uniformidade de adoção em todo o Brasil ainda são uma incógnita. “A evolução das redes e as conexões inerentes à tecnologia trarão taxas de transferência de dados muito mais velozes, o que permitirá que mais pessoas se conectem ao mesmo tempo (leia mais no destaque Concentração, velocidade e eficiência)”, aponta Lauria, da Huawei. É preciso lembrar, no entanto, que o 5G vai aumentar exponencialmente o tráfego móvel, mas que esse tráfego, assim que sai da torre, precisa entrar em uma rede de transporte. Então, não existe 5G se o resto da rede não for igualmente rápida, eficiente, robusta e expansível. A Nokia, por exemplo, joga suas fichas na tecnologia ReefShark, capaz de fazer com que as operadoras móveis escalem, com flexibilidade, suas capacidades. E garante ser possível fazer uma transição estável para a quinta geração de conectividade a partir das tecnologias existentes, de forma fácil e rentável.

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“O novo portfólio da Nokia permite que as operadoras ofereçam a seus clientes, consumidores e usuários corporativos, experiências 5G de ponta, com velocidades de vanguarda, capacidade e conectividade sustentadas por uma implementação ‘plugável’, simples e eficiente”, garante Tommi Uitto, presidente de Redes Móveis da Nokia. Porém, enquanto a rede de ultra velocidade não chega, a Cisco aposta em seu novo chip, que possui uma capacidade “cerca de 50 vezes maior do que qualquer outra plataforma já existente – e fizemos isso porque enxergamos claramente como esse aumento de tráfego exigirá plataformas mais eficientes”, garante Marrara. Mas como pode ser aprimorada a infraestrutura de dados no País a curto prazo? Uma possibilidade é a frequência de 6 Ghz – na qual o Brasil é pioneiro em seu uso – para o

DIVULGAÇÃO / IDC BRASIL

A médio prazo devemos ver um novo panorama competitivo. Uma nova composição entre as grandes operadoras, bem como entre estas e as regionais

Saboia, da IDC Brasil: Cenário tímido de recuperação dos investimentos em Telecomunicações no País para 2021 em modestos 1,9%. uso do Wi-Fi 6E, fundamental para garantir a disponibilidade de espectro não-licenciado – e muitas vezes gratuito, para a população, algo que constrói uma ponte importante para um mundo de consumo intenso de

dados enquanto garante acesso à todas as camadas sociais. O certo é que ainda não temos a resposta definitiva para mitigar os riscos do apagão da infraestrutura de redes a curto e a médio prazos

O fator A operadora

s operadoras de Telecomunicações são o pilar da conectividade do País e investiram enormes quantias ao longo dos últimos anos para conectar o Brasil e continuar ampliando sua infraestrutura na velocidade que o aumento do tráfego exige. Entretanto, existem modelos de negócios que são mais bem atendidos por operadoras de pequeno e médio porte. “O mercado é grande o suficiente, competitivo o suficiente e carente o suficiente para que todos esses elos da cadeia prosperem enquanto provêm conectividade para todos. Empresas de todos os portes e origem podem e devem contribuir para a construção de uma infraestrutura robusta, disponível, segura e acessível para todos”, assegura Marrara, da Cisco. A médio prazo devemos ver um novo panorama competitivo. Uma nova composição entre as grandes operadoras, bem como entre essas e as pequenas e médias operadoras regionais. Essa é a promessa que o mercado entoa cada vez mais. (M.R)

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ENTREVISTA || por IRENE BARELLA

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Diversificação Após reformulação no posicionamento, com ampliação do escopo de atuação, redesenho da logomarca e contratação de profissionais para cargos de direção, a Agora, distribuidora e fornecedora de Valor Agregado para o mercado de Tecnologia da Informação e Comunicação – TIC, abre novas frentes de atuação com base em Unidades de Negócios de Conectividade e Cloud; Enterprise e Commercial; Radiocomunicação; Segurança Eletrônica e Engenharia e Projetos. Em entrevista à Infor Channel, o CEO da Agora, Severino Sanches, fala sobre a adaptação às necessidades do mercado, destaca a recente parceria com a Huawei e a longeva relação com a Motorola Solutions. Além disso, conta a relação da empresa com as revendas e integradores parceiros de vendas. Acompanhe.

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Como avalia o mercado de Distribuição? Avalio o mercado de Distribuição em geral com vários desafios a serem enfrentados neste ano, pois a alta do dólar, as instabilidades da economia e incertezas de investimentos do governo em relação à tecnologia, tornaram nosso mercado tímido em relação a novas expansões e novos investimentos. Porém, para a Agora o cenário é bastante positivo, uma vez que soubemos mudar o rumo rapidamente indo ao encontro das necessidades atuais em relação à pandemia. Pelo terceiro ano consecutivo, a companhia cresce acima de 30% e tem a meta de concluir este ano com faturamento de cerca de meio bilhão de reais. Percebemos que as empresas que se adaptaram rapidamente às necessidades de mercado, conseguiram gerar novas oportunidades de receita e lançar serviços e produtos. No nosso caso, houve maior demanda por soluções de Infraestrutura, Conectividade, Cloud e Segurança Eletrônica e rapidamente ampliamos o portfólio para atender às demandas fim a fim. Reagimos com agilidade e adequamos nosso portfólio de acordo com as solicitações dos clientes e do mercado de Telecomunicações, Tecnologia da Informação e Segurança, com videomonitoramento, controle de acesso térmico por exemplo. Qual a estratégia de atuação da Agora? Desde 2020 estamos reforçando nosso papel como Distribuidor de Valor Agregado, VAD, e ampliando nosso portfólio de Infraestrutura e Conectividade [de Telecom] para atuar em novas frentes de mercado, como o setor

de Tecnologia da Informação, contando com o amplo leque de equipamentos e soluções Huawei e dos serviços de revendas second tier. A oferta de Cloud da Huawei traz oportunidade incremental aos parceiros de negócios com suas soluções e serviços. Também passamos a atuar no segmento de Segurança Eletrônica, após a aquisição da companhia FIT Networks e de firmar alianças com marcas relevantes como Hikvision, Vault, ISS e Digifort. Em relação à parceria com a Huawei, desde 2020 passamos a distribuir toda a linha Enterprise e Commercial, como servidores, switches, armazenamento, roteadores etc. Mais recentemente passamos a atuar com a unidade de Huawei Cloud, a qual irá impulsionar as vendas e ampliar nosso escopo de atuação com novos parceiros de negócios. A área de Radiocomunicação também será promissora, uma vez que haverá em 2021 inúmeros lançamentos de produtos para atender à Segurança pública e privada. Ainda, a nossa Unidade de Negócio de Segurança Eletrônica seguirá com boa performance neste ano com destaque para oferta de câmeras IP, câmeras termográficas, body cams e projetos de alta complexidade de controle de acesso integrados com Inteligência Artificial. Como avalia o modelo de negócios ‘como serviços’? Atualmente tudo é ofertado como serviço. Nosso modelo de Motorola Solutions é como serviço há muitos anos. Nesse sentido, as ofertas de Cloud Computing se intensificam e nosso objetivo é impulsionar os Canais a oferecerem seus portfólios como serviço, para que ampliem

suas margens e conquistem a receita recorrente. Incentivamos o uso da tecnologia de Cloud Computing por sua flexibilidade de uso e rápida escalabilidade e, principalmente, estimulamos nossos Canais a adicionarem valor às suas soluções, sendo a oferta de serviços uma modalidade fundamental. Como as tendências tecnológicas impactam os negócios da distribuidora? Nesses quase 28 anos à frente da Agora percebi a importância de ser visionário, de antecipar tendências e de entender rapidamente as demandas e as mudanças de rota do mercado. Essa previsibilidade sempre nos permitiu ter vantagens competitivas e aproveitar oportunidades de novos negócios com foco na ampliação das áreas de atuação e da oferta do portfólio de serviços e produtos. O desempenho da companhia vem melhorando ano a ano e nos últimos três anos a empresa se destacou ainda mais, crescendo dois dígitos em vendas, sendo 30% em 2019, 40% em 2020. Ainda, a expectativa para este ano é superar amplamente o resultado atingido de 2020, atingindo faturamento de cerca de 500 milhões de reais. Acredito que eu e os demais gestores da Agora estamos no caminho certo, pois nossos bons resultados comprovam isso. Qual é a estrutura organizacional? Com quase três décadas de atuação no mercado brasileiro, a Agora ocupa posição de destaque como fornecedora e distribuidora de valor agregado de soluções tecnológicas inovadoras ao mercado de Tecnologia da Informação e Comunicação

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– TIC. Atuando por meio de cinco Unidades de Negócios: Conectividade e Cloud; Enterprise e Commercial; Radiocomunicação; Segurança Eletrônica e Engenharia e Projetos, a companhia se destaca como a maior parceira Huawei para soluções de conectividade voltadas aos Provedores de Internet, ou os ISPs, além ser responsável pela comercialização da linha Enterprise desta fabricante para revendas second tier de TI. Ainda contamos com um amplo leque de fabricantes parceiros em nosso portfólio, entre eles podemos destacar a Motorola Solutions na área de Radiocomunicação, além de Hikvision, Vault, Digifort e ISS para atender às demandas de Segurança Eletrônica. Possuímos centros de distribuição estrategicamente localizados em São Paulo, Espírito Santo, Hong Kong e Miami assegurando aos seus clientes as melhores soluções, agilidade no atendimento, condições competitivas e alta capacidade de armazenamento. Quais são as ações de incentivos para as revendas? A Agora traz benefícios e incentivos às revendas por meio de seu Programa de Canal APP e estes diferenciais seguem o nível de engajamento e resultado do parceiro pelas diferentes categorias, a fim de garantir o sucesso da evolução e volume de negócios na parceria. Dentre os principais benefícios está uma robusta grade de capacitação e apoio às certificações – além de todo suporte financeiro, logístico, e da área de Engenharia da Agora. Tudo isso para que o parceiro consiga vender, desenvolver e implementar seus projetos, dos mais simples aos mais complexos. E as comerciais? Como apoio às ações comerciais, a Agora dispõe a seus parceiros um amplo suporte financeiro. A empresa trabalha com diversas modalidades de financiamento a clientes, desde condições especiais de pagamentos até linhas de financiamento de médio e longo

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prazos para apoiar a concretização das compras por parte de nossos clientes. Mantemos grandes parcerias com o Banco do Brasil, Banco Santander e fintechs. Essas parcerias nos permitem participar ativamente no desenvolvimento de oportunidades, com condições diferenciadas para atender às diferentes demandas e desenvolver projetos com produtos financeiros direcionados e customizados às necessidades dos Canais. Além disso, temos campanhas de vendas sazonais, de acordo com as tecnologias que são lançadas todos os trimestres, para reforçar o alinhamento e incentivo aos parceiros cadastrados na Agora, com foco em soluções Huawei. E em relação às qualificações para vendas? Com relação à capacitação e treinamento, a companhia transformou seu Centro de Treinamento e Show Room com o propósito de oferecer melhor infraestrutura aos parceiros de negócios, sendo extensível aos seus clientes finais. O espaço possui três televisões interativas com videoconferência baseada em Cloud, os IdeaHubs da Huawei, que permitem treinamentos presenciais além de remotos, com a gravação em Nuvem de todo o conteúdo apresentado e interação dos participantes, compatível com soluções Windows. Paralelo a isso, temos o Agora Program Partner, APP, que conta com grade de treinamentos bastante ampla que, ao longo do ano, abordará conteúdos básico e avançado de vendas e técnico, do portfólio da Agora, com cursos preparatórios ministrados pelo nosso time técnico e de engenharia. Outra novidade e parte dos investimentos da companhia destinados aos parceiros, é a Universidade Agora, plataforma de

Diversas modalidades de financiamento a clientes, desde condições especiais de pagamentos até linhas de recursos de médio e longo prazos

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Sanches: apoiar os novos parceiros em uma oferta integrada e com soluções de ponta-a-ponta para diferentes verticais e tamanhos de projetos.

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ensino a distância, com conteúdo Channels University online Campus, com a curadoria de Pedro Luiz Roccato, que traz temas dedicados a Canais Agora, além de cursos e certificações técnicas, comerciais, de marketing e gestão. Qual o número atual de revendas ativas? Pretende aumentar ou diminuir esse número? Desde 2020, temos investido fortemente no recrutamento e treinamento de parceiros, a fim de formar equipes mais capacitadas na geração de negócios de ponta a ponta. Uma vez que a Agora conta com várias verticais de negócios, nossos Canais têm tido a oportunidade de crosseling com as marcas presentes em nosso portfólio. Até o final de 2020, nossa base contava com cerca de 400 Canais ativos, e já a partir de 2021 temos notado um crescimento médio de 150 a 200 novos Canais por trimestre, muito impulsionado pelo recrutamento contínuo que temos realizado nos últimos meses em parceria com a Huawei, além do início das atividades de distribuição master com Hikvision [em abril de 2021]. Qual o perfil de revendas esperado? Temos buscado novos parceiros de diferentes perfis e tamanhos, dado à expansão de nosso portfólio e novos fabricantes que atuam em variados segmentos. Lançamos um programa de Canais para auxiliar no onboarding, evolução e sucesso dos parceiros e investimos em ferramentas que possam auxiliar neste compartilhamento. A capilaridade é sempre muito bem-vinda, pois por meio dela conseguimos enxergar oportunidades incrementais e apoiar os novos parceiros em uma oferta integrada e com soluções de ponta-a-ponta para diferentes verticais e tamanhos de projetos

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Muito além de um Sistema de Gestão A nova geração de ERPs deve ter escala, mobilidade, interatividade, estar na Nuvem, agregar Inteligência Artificial, fazer análises e auxiliar estratégias para encarar a competitividade do mercado

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que o Enterprise Resource Planning, o velho e bom programa de gestão ERP está fazendo hoje para acelerar os vários segmentos e operações da sua organização? Assim como Transformação Digital foram as duas palavras mais lembradas no mundo dos negócios durante a pandemia, esse sistema robusto de Planejamento de Recursos Empresariais, ou ERP, também evoluiu rapidamente para se adaptar às diversas demandas de um mercado conectado, móvel, interativo e competitivo e que exige agilidade na tomada de decisões. Olhar para frente e em tempo real, e não planilhas de ontem ou da semana passada. E tais mudanças consolidam a quarta era dos ERPs, segundo o Gartner. Tanto que essa nova geração de sistemas tem uma denominação mais ampla:

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SISTEMAS

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Análises e percepções

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Guiné, da Oracle: Quem já adotava um modelo de modernização financeira e com suporte de um ERP como serviço, com segurança e rastreabilidade, teve zero impacto. Enterprise Business Capabilities – EBC, que vai muito além das funções do tradicional Sistema de Gestão. O EBC habilita novos negócios, cria, gerencia e entende as informações e integra tecnologias relacionadas a esse novo cenário mundial: Inteligência Artificial, Internet das Coisas – IoT, Computação em Nuvem, mobilidade, redes sociais, experiência com cliente no Comércio Eletrônico. O Gartner estima que até 2023, mais de 60% das organizações terão incorporados em seus sistemas algum ou vários recursos da quarta geração dos ERPs. O mercado exige mais do que um software de gestão de dados para controlar fluxo de trabalho, ter governança, controle, rastreabilidade das tarefas. Essa fase já está sendo superada, dizem os especialistas, porque as organizações precisam de mais escala, interoperabilidade e garantir competividade, até por causa da grande concorrência com as startups, em geral, mais ágeis nessa Transformação Digital. Adriano Régis, líder de Plataformas de Negócios da Accenture, lembra que as startups são muito rápidas, e ter essa velocidade para operacionalizar novos negócios ou ideias é uma das vantagens dos sistemas modernos de gestão. Junte-se a isso a Automação de tarefas em processos repetitivos que dão escala e capacidade de processamento, menos trabalho operacional e foco nas atividades de maior valor agregado.

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Enterprise Business Capabilities vai muito além das funções do tradicional Sistema de Gestão

“Hoje, as empresas querem que o ERP também seja um tipo de advisor, ou seja, que faça análises métricas, auxilie nas decisões estratégicas, trazendo insights para viabilizar as operações”. Segundo Régis, “a corrida hoje é entre quem cria um negócio inovador e uma experiência diferenciada para o cliente. Ter ideias não basta, tem que colocar em operação o mais rápido possível”. “São ferramentas que precisam estar em constante evolução porque assumem responsabilidades que mudam a todo o momento, como gestão tributária, integração entre áreas, suporte de processos de negócios, identificação de falhas e geração de dados para a tomada de decisões”, avalia o especialista em Arquitetura de Software, Big Data e Data Science da T-Systems, Adriano Silva. “Todo esse dinamismo cria um mercado aquecido com alta demanda de trabalho no mundo a todo o momento, mesmo em tempos de crise quando surgem as maiores necessidades de adaptações e mudanças”, diz Silva. A T-Systems é uma das parceiras (Platinum Partner) da SAP no mundo, com mais de mil projetos por ano relacionados ao ERP da empresa, sinônimo em sistemas de gestão. A pandemia ampliou a diversidade de solicitações dos clientes. “O que, até então, eram necessidades

Krakauer, da Ramo Sistemas: A nova geração da gestão deve consolidar e ser um ponto central de organização desses dados, para que eles façam sentido.

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intrínsecas ao próprio universo dos ERPs se tornaram realidades que exigem a agregação de novas tecnologias acopladas às ferramentas já existentes”, afirma o executivo da T-Systems. Ele exemplifica essa mudança: um funcionário que cadastra um pedido de vendas em seu ERP, dispara uma série de outros processos em outras áreas – do estoque, financeiro e logística. Ao final do dia, uma cópia desses registros é transferida para um Data Warehouse onde acontecem rotinas de validação, transformação e consolidação de dados para a emissão, na manhã seguinte, de um relatório aos executivos de vendas. “Mas, nos cenários atuais, muitas empresas não podem mais esperar até o outro dia para esse relatório de vendas e, dependendo do segmento, a empresa quer a opinião do cliente assim que o pedido é fechado, mesmo que seja em uma rede social”, explica Silva. Esse novo momento exige uma abordagem

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VIRGINIA COSTA

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Até 2023, mais de 60% das organizações terão incorporados em seus sistemas algum ou vários recursos da quarta geração dos ERPs

Silva, da T-Systems: Apesar de tecnologias aplicadas à TD serem adaptadas ao modelo on-premise, é na Nuvem que elas se tornam vantajosas.

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de empresas parceiras especializadas em SAP, seja para atender a grandes organizações ou às pequenas e médias, por meio de Canais.

Crescimento em Nuvem

Salvo, da Sankhya: Ninguém mais terá sistemas centralizados como única opção, isso está em extinção. que vai além da implementação de um módulo de gestão, envolve outras variáveis como Computação em Nuvem, Big Data, Analytics e IA, por exemplo.

Evoluindo com o design

A SAP entendeu essas exigências do mercado e deu impulso à evolução nos seus produtos nos últimos anos. A inovação maior aconteceu em 2015 com a versão do S/4 Hana, explica Alexandre Pereira, vice-presidente de S/4 Hana para a América Latina da SAP. “Percebemos que tínhamos de nos reinventar e o motor dessa mudança foi a mobilidade, porque todos precisam ter acesso ao sistema de qualquer lugar, e junto com ela veio a conveniência e o sistema mais inteligente”. A empresa manteve a conformidade e a segurança de processo, mas investiu muito no desenho, para que ele fosse mais simples, com menos cliques para fazer determinada operação. “Em vez de entrar no sistema rodando relatórios para chegar à informação, o usuário recebe os dados e insights, não só os transacionais – pagou/registrou, comprou/registrou, por exemplo – mas num processo também analítico. Quando o diretor financeiro entrar no programa, a primeira coisa que virá serão os indicadores de gestão, recebimento, fluxo de caixa, com informações em tempo real. O gestor extrai os dados e joga numa

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As empresas querem que o ERP também seja um tipo de advisor, ou seja, que faça análises métricas, trazendo insights para viabilizar as operações

camada analítica, mas, quando olha para eles, não vê as informações de ontem ou de dias atrás, são análises daquele momento. “E aqui entram as tecnologias inteligentes e análises preditivas de IA que olham o passado, entendem esse comportamento, captam as informações de planejamento e fornecem insights para o CFO”, exemplifica Pereira. Nos últimos seis anos a SAP está aplicando essa modernização com o novo desenho, IA e mobilidade – tanto faz se a pessoa está num celular, tablet ou desktop do escritório, ela terá a mesma experiência. Pelo celular, o usuário pode fazer um pedido de compras e abrir processo de aprovação, analisar indicadores. “Basicamente, toda a interface do S/4 Hana é a mesma em qualquer dispositivo”, explica Pereira, que dispõe de um ecossistema

Mesmo antes da pandemia fornecedores e integradores de Softwares de Gestão mais robustos já estavam oferecendo as Aplicações como Serviço na Nuvem, ou SaaS, uma das tendências que já é dominante no mercado. E com a crise sanitária, essa migração acelerou. As soluções on-premise, ou que ficam na infraestrutura da própria empresa, estão em declínio por causa das vantagens do uso da Nuvem, não só com flexibilidade para atualização de programas, mas também pelo custo menor, dizem os especialistas. A própria SAP cresceu três dígitos em 2020 nas soluções Cloud na América Latina, bem mais que outras regiões onde a empresa atua – América do Norte, Europa, Ásia e África. “Não existe mais resistência à adoção da Nuvem”, destaca Régis, da Accenture, e estima que em quatro anos, 80% das organizações estarão operando nesse modelo. Paulo Guiné, executivo das áreas de ERP e Transformação de Negócios da Oracle, lembra que a plataforma integrada ERP Cloud da empresa está há sete anos operando na Nuvem, incluindo cadeia de suprimentos, compras, gestão de pessoas para reagir a crises e pronta para atender às competências previstas pelo Gartner. Também funciona como se fosse um aplicativo para celular, agregando mobilidade. Para o especialista da Oracle, os clientes entenderam bem antes da pandemia a importância da transformação organizacional. “Quando veio a crise sanitária, mudamos sem impacto”, informa. “Até então, era impensável que um sistema de contabilidade não estivesse fisicamente no escritório e muitos departamentos de contabilidade sequer tinham acesso à Internet por causa do medo de vazamento de dados”, lembra Guiné. “Além disso, se acreditava que fora do escritório não haveria performance e as equipes não iriam conseguir fazer o fechamento, mas do dia para noite, todos estavam em casa e quem já adotava um modelo de modernização financei-

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ra e com suporte de um ERP como serviço, com segurança e rastreabilidade, teve zero impacto”, ressalta Guiné. Com isso, alguns clientes seus, como as Lojas Renner, tiveram redução de sete para cinco dias no fechamento contábil.

Segurança é desafio

Um dos principais desafios para fornecedores e integradores de tecnologias em Nuvem, segundo Silva, da T-Systems, é a questão cultural de parte de muitos gestores de TI, especialmente quando se pensa em Segurança. Apesar de muitas tecnologias aplicadas à Transformação

Digital serem adaptadas ao modelo on-premise, é na Nuvem que elas se tornam realmente vantajosas. “A Computação em Nuvem está sendo responsável por uma das maiores revoluções na área de TI, e os impactos dessa transformação crescem na medida em que se oferece mais serviços, com segurança e a custos cada vez menores”. A Sankhya, outro fornecedor de ERP para o segmento corporativo, cresceu 20% no ano passado em relação a 2019, e no primeiro quadrimestre deste ano elevou as vendas em 95%, se comparado ao mesmo período de 2020. A migra-

ção para a Nuvem do programa de gestão da empresa, em meados do ano passado, foi importante para esse crescimento acelerado, analisa o consultor Nacional de Vendas, Marco Salvo. “Hoje, o destaque é o produto comercializado como SaaS, que não cobra direito de uso, não tem barreira de entrada, reduz custos, e isso tem ajudado para a conquista de novos clientes”. As empresas enxergam essa tendência como crucial para seus negócios, e sabem que não faz mais sentido ter um sistema centralizado em pleno século 21. Aqueles que trabalham de casa e estão sujeitos

Base para integrar dados que façam sentido Todas as inovações incorporadas aos ERPs da quarta geração facilitam a integração com as redes sociais, plataformas de vendas e serviços bancários

A

crise financeira em vários segmentos da Economia agilizou a reestruturação de empresas e também de seus Sistemas de Gestão, com recursos e aplicações que ampliam o jeito de elas operarem e atenderem a seus clientes ou consumidores. O mundo tem informações circulando por todos os lados nas redes sociais, aplicativos de localização, de bancos. E todas as inovações incorporadas aos ERPs da quarta geração facilitam a integração com as redes sociais, plataformas de vendas e serviços bancários. “O ERP moderno precisa ser a base da tecnologia e de integração do Big Data, ou seja, pegar essas informações espalhadas, incluindo Internet das Coisas e seus sensores, e conectar esse conjunto de dados para que tudo faça sentido”, destaca Décio Krakauer, presidente da Ramo Sistemas Digitais, integradora de softwares de gestão e mobile analytics, baseados em SAP Business One, para pequenas e médias empresas. A Ramo cresceu seu faturamento 22% no ano passado, em relação a 2019, e continua acelerando suas vendas graças à Transformação Digital e às startups. Segundo Krakauer, uma empresa pode, hoje, analisar como está o lançamento de um produto ou serviço no mercado, medindo as reações positivas ou negativas nas redes sociais e transportar essas análises aos ERP para ajudar uma campanha de Marketing e revisar suas ações. “Essa nova geração da gestão deve consolidar e ser um ponto central de organização desses dados, para que eles façam sentido. O bom sistema integra tudo para que a tomada de decisões seja mais rápida.”

Saúde e bancos

O consultor de tecnologia da InterSystems, Yuri Marx, diz que a empresa conseguiu ampliar a abrangência de atuação nos sistemas de seus clientes com a plataforma Iris, agregando todas as soluções que antes estavam separadas. “A solução age como um repositório que aceita

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vários formatos de dados, é operacional e analítica ao mesmo tempo”, enfatiza o consultor. Marx explica que a plataforma captura os dados no formato que eles estiverem, inclusive em IoT, os integra no ERP da empresa e carrega funcionalidades de Business Intelligence em tempo real e sem delay. Entre os clientes da InterSystems na área de Saúde estão hospitais e laboratórios (Einstein, Sírio Libanês, Beneficência Portuguesa, A.C. Camargo, Fleury) cujos programas de gestão conseguem ‘conversar’ com parceiros de negócios, fornecedores e operadoras de planos de saúde. “Colocamos tudo num só lugar e aplicamos uma camada de inteligência para que eles levantem estatísticas de atendimento, efetividade e desempenho de indicadores”, acrescenta. Um dos casos de sucesso dessa integração da InterSystems envolveu o laboratório Sabin e o Ministério da Saúde. Em julho do ano passado, o governo federal tornou obrigatória a notificação de todos os resultados de testes de Covid-19 feitos por laboratórios da rede pública e privada. “Com a nossa tecnologia, o laboratório Sabin foi o primeiro do Brasil a enviar os resultados desses exames em formatos padronizados, de forma automatizada e em tempo real para o Ministério, e fizemos tudo em duas semanas”, destaca o executivo. Novas enfermidades surgem o tempo todo e é importante ter uma plataforma preparada para, rapidamente, responder a essas demandas, diz Marx. Outra aplicação importante dessa integração de recursos em programas de gestão transformadores é no segmento Financeiro, avalia Marx. No open banking, por exemplo, os correntistas permitirão a troca de seus dados entre as instituições para conseguirem produtos mais vantajosos. “Ao terem acesso a esses cadastros, os bancos farão a interoperabilidade com seus parceiros de negócios para a entrega de serviços mais interessantes aos correntistas”, explica o consultor da InterSystems. (B.O.)

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a mais impactos de ataques hackers e não querem um processamento distribuído, ficaram mais alertas e acabaram optando pela Nuvem como contingência, analisa Salvo. “Acho que ninguém mais terá sistemas centralizados como única opção, isso está em extinção”. De uma hora para outra, o mundo precisou rever processos e essa migração também acelerou a mudança tecnológica. “A usabilidade dos ERPs foi colocada em xeque e comparada com a facilidade de uso dos aplicativos e das redes sociais”, observa o executivo, cujos clientes são de médio porte. Um dos exercícios para ampliar essa facilidade de uso no sistema da Sankhya foi a inclusão de um assistente virtual que interage com o usuário e, embora não tenha ainda recursos de IA (previstos para 2022), consegue responder, de forma objetiva e com voz humana, a demandas básicas como lucratividade do mês, evolução das vendas, e interpretação de gráficos

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O que, até então, eram necessidades intrínsecas dos ERPs se tornaram realidades que exigem a agregação de novas tecnologias

WASHINGTON FONSECA

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Pereira, da SAP: Percebemos que tínhamos de nos reinventar e o motor dessa mudança foi a mobilidade.

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Era Digital exige mais da Segurança da Informação Riscos cibernéticos aumentaram com a aceleração da Transformação Digital, o trabalho e o ensino a distância advindos com a pandemia, soprando bons ventos para o Canal especializado em serviços e soluções para a proteção das informações sensíveis dos negócios

O

s ataques cibernéticos aos negócios corporativos aumentaram e se tornaram mais potentes com a pandemia do novo Coronavírus. Entre as razões estão a aceleração obrigatória dos projetos de Transformação Digital e o deslocamento de funcionários para o ambiente doméstico. A escalada do cibercrime exige uma Segurança da Informação com mais automação e inteligência. O Canal pode ser um grande aliado nesse desafio e ajudar as organizações a reforçarem proteção contra ameaças virtuais. A necessidade de adoção de medidas para conter a disseminação da Covid 19 fez com que as companhias tomassem decisões rápidas. Diversas aplicações corporativas foram movidas às pressas para a Nuvem e outras desenvolvidas com muita velocidade para garantir a continuidade das operações.

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Engler, da IBM: Quando funcionários trabalham longe da equipe de TI e de um ambiente com precauções de segurança avançada, eles podem estar vulneráveis Passado o susto inicial, CIOs, Cisos – Chief Information Security Officer, CSOs – Chief Security Officer, e outros executivos começam a repensar a Segurança da Informação para reduzir riscos de ataques cibernéticos, com curva em ascensão mesmo antes da pandemia. As estratégias envolvem revisão de políticas internas, reforço da educação de usuários e investimentos em tecnologias mais modernas para protegerem os negócios digitais. A IDC prevê um crescimento de 12,5% dos gastos com soluções de segurança (hardware e software) da informação para o mercado brasileiro em 2021, na comparação com 2020. As estimativas da Consultoria são de que os investimentos nessa área ultrapassarão US$ 900 milhões no Brasil até dezembro deste ano. Já os Serviços Gerenciados de Segurança, ou MSS, devem alcançar US$ 615 milhões no mesmo período. “Diante do cenário atual, a maioria das organizações entendeu que seu ambiente não estava preparado para lidar com Segurança em Nuvem e com a diversidade e a dispersão de endpoints”, avalia Luciano Ramos, gerente de Pesquisa e Consultoria em Enterprise da IDC Brasil. Poucas organizações tiveram tempo para revisar políticas de acesso remoto e oferecer proteção adequada ao endpoint, ou dispositivos dos usuários finais, distribuídos em home office como notebooks, ta-

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Crescimento de 12,5% dos gastos com soluções de Segurança da Informação (hardware e software) para o mercado brasileiro em 2021

blets, smartphones e desktops. “Quando funcionários trabalham fora de seus escritórios, longe da equipe de TI e de um ambiente com precauções de segurança avançada, eles podem estar vulneráveis a atacantes”, explica Roberto Engler, líder de Segurança da Informação na IBM Brasil. “Essa superfície de ataque, cada vez maior, reforça a importância de se ter soluções que protejam as joias da coroa, por meio de ferramentas que garantam a integridade, proteção e privacidade dos dados”, reforça. Segundo Cristiano Oliveira, gerente de Canais Enterprise da Trend Micro, “os ataques cibernéticos com a pandemia cresceram 300%”. Ele relata que com os funcionários trabalhando em suas casas, a maioria com computadores pessoais, cresceu o risco de exposição de uma Virtual Private Network – VPN, que cria um caminho seguro para acesso à rede corporativa. “A rede pode ser comprometida com a invasão de ameaças quando não são utilizados os meios corretos de proteção, gerando problema no tráfego de informações”, lembra. Claudio Bannwart, diretor regional da Check Point, informa que é importante que companhias invistam em tecnologias adequadas para proteger o endpoint, já que as estratégias antigas de VPNs não funcionam mais. Sua recomendação é que os dispositivos do usuáDIVULGAÇÃO / TREND MICRO

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Oliveira, da Trend Micro: Os ataques cibernéticos nesta pandemia cresceram 300%.

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As que mais assombram

É fato que com o aumento da digitalização, companhias passaram a gerar mais dados e a receber mais ataques cibernéticos. O phishing e ransomware são as ameaças que mais desafiam as organizações. Vale lembrar que o primeiro é um golpe de engenharia social antigo, mas que continua atraindo usuários desatentos com mensagens falsas enviadas por e-mail ou dispositivos móveis a links fraudulentos. O objetivo é forçar a vítima a entrar em sites falsos e a fornecer informações confidenciais pessoais ou corporativas, que podem ser utilizadas para golpes futuros, principalmente fraudes financeiras. Para relembrar, o ransomware é um tipo de software malicioso, ou malware, sofisticado, criado para coletar e transmitir informações sensíveis da vítima. Quando conseguem o intento, anunciam o sequestro dos dados corporativos e chantageiam, solicitando resgate. Caso não recebam a quantia desejada, ameaçam

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Prejuízos para economia global com cibercrime US$ 600 bilhões

Perdas anuais com ataques às empresas, governo e consumidor final

US$ 5,2 trilhões

Previsões de perdas das empresas para o cibercrime em cinco anos (2019 a 2023) FONTE: FÓRUM ECONÔMICO MUNDIAL

Investimentos nessa área ultrapassarão US$ 900 milhões no Brasil até dezembro deste ano torná-los públicos, vendê-los para concorrência ou mercado paralelo. Uma pesquisa global, divulgada em julho último, pela Trend Micro revela que 84% das organizações sofreram algum tipo de ameaça por phishing e ransomware nos últimos 12 meses. Metade delas admitiu ser ineficaz no combate dessas duas ameaças. Estas dificuldades aparecem também no estudo State of Ransomware 2021, divulgado em julho pela Sophos. O levantamento envolveu 5,4 mil tomadores de decisão de TI de companhias de médio porte em 30 países da Europa, Américas, Ásia-Pacífico, Ásia Central, Oriente Médio e África. No mercado brasileiro, 64% das empresas abordadas disseram que vivenciaram crescimento de ataques

cibernéticos durante o ano de 2020. Entre as entrevistadas, 38% responderam que foram atingidas por algum tipo de ransomware. O Brasil se destacou como o terceiro país no mundo a observar maior expansão desse tipo de ocorrência em 2020 (78%); atrás da Turquia, primeira colocada (82%) e Suécia na segunda posição (80%). “A Transformação Digital fez com que as empresas gerassem muitos dados, considerados o novo petróleo por serem muito valiosos para o mercado”, explica Daniela DIVULGAÇÃO / GUARDICORE

rio final sejam blindados, seguindo o conceito Secure Access Service Edge – Sase, proposto pelo Gartner. De acordo com ele, as soluções baseadas nesta orientação permitem que funcionários acessem recursos corporativos remotamente com Segurança redobrada, validando os acessos efetuados. Ao analisar os desafios enfrentados pelas empresas durante a pandemia, Fernando Ceolin, diretor-regional da Guardicore para o Brasil e região Sul da América Latina, constata que o esforço para manter a operação dos negócios acabou criando pontos cegos pelos times de Infraestrutura e Segurança devido à falta de visibilidade dos acessos remotos. “É extremamente complexo e custoso tentar proteger um ambiente desconhecido. Muitas vezes a visibilidade pode indicar formas de proteção melhores do que depender apenas de ferramentas de detecção”, acredita Fernandes. Para ele, os métodos tradicionais de defesa estão falhando e exigindo metodologias como a conhecida por Zero Trust. Essa abordagem recomenda que os times de Segurança da Informação “nunca confiem e sempre verifiquem se há violações de dados para dar respostas rápidas aos incidentes”.

Ceolin, da Guardicore: É extremamente complexo e custoso tentar proteger um ambiente desconhecido.

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Os métodos tradicionais de defesa estão falhando e exigindo metodologias como a conhecida por Zero Trust

Daniela, da Arcserve: É muito mais barato fazer trabalho de prevenção do que tentar recuperar dados sequestrados. Costa, vice-presidente para a América Latina da Arcserve. Ela comenta que por serem informações sigilosas, acabam despertando a cobiça dos criminosos. Uma das medidas de segurança para evitar ficar nas mãos desses sequestradores virtuais, segundo a executiva, é fazer backups em

storages diferentes, também na Nuvem e em mídia física. É essencial ter sistema para recuperação rápida, caso os negócios sejam tirados do ar. Esse cuidado dificulta o trabalho dos cibercriminosos. “É muito mais barato fazer trabalho de prevenção do que tentar recuperar dados sequestrados”, in-

Cinco principais riscos enfrentados pelas companhias Classificação Primeiro trimestre/2021 1 2 3 4 5

Falhas de controle de cibersegurança Novo modelo de trabalho Gestão remota de talentos Degradação cultural organizacional Correções estratégicas

Risco interno ou externo? Interno Interno Interno Interno Interno FONTE: GARTNER (ABRIL DE 2021)

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forma a executiva da Arcserve, que calcula que os prejuízos financeiros com vazamento de dados são enormes. Além do risco com a interrupção das operações, a empresa pode ter impacto negativo em sua reputação, afastar investidores e clientes. Bannwart, da Check Point, constata que diariamente as companhias são alvo de ataques cibernéticos. Muitos dos casos de vazamento de dados são devido à fragilidade no uso de senhas pelos colaboradores. “Percebemos que alguns funcionários utilizam as mesmas senhas de suas redes sociais para acessar aplicações corporativas”, diz o executivo, chamando a atenção para a necessidade de mudança desse comportamento muito prejudicial principalmente em home office, quando os colaboradores interagem com parceiros do ecossistema da companhia. O executivo reforça que a indústria do cibercrime está mais sofisticada e que as empresas precisam também se atualizar, utilizando tecnologias com Inteligência Artificial, Machine Learning e outros sistemas automatizados para monitorar comportamento e antecipar medidas de prevenção.

TD com segurança

Entrar na Era Digital gera mudanças de processos, agilidade, aprimoramentos das operações, mais eficiência operacional. A busca por benefícios e o aumento de projetos de digitalização também exigem reforço da Segurança da Informação. “A Transformação Digital já é certamente tema da agenda de qualquer gestor de TI. Agora a novidade é a aceleração dessas iniciativas porque a maioria já entendeu que tem que se transformar para ser mais competitivo”, comenta Wellington Menegasso, diretor de Vendas para Soluções de Data Protection da Dell Technologies no Brasil. Porém, o executivo diz que o foco nessas iniciativas exige novas estratégias de segurança. “Hoje a Segurança da Informação também tem que passar por transformação para ganhar mais resiliência e responder aos ataques cibernéticos com mais velocidade”. É uma mudança que precisa se apoiar em quatro pilares: busca constante por padrão de Segurança da Informação para conformidade a

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KOREY HOWELL

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D’Addario, do Daryus: A Segurança da Informação tem que ser tratada como assunto estratégico dentro das organizações.

Menegasso, da Dell: Hoje a Segurança da Informação também tem que passar por transformação para ganhar mais resiliência e responder aos ataques cibernéticos com mais velocidade. normas internacionais como a ISO 27001; adoção de tecnologias modernas; processos bem alinhados; pessoas treinadas e conscientizadas quanto aos riscos cibernéticos. Com a Transformação Digital avançando, aplicações de negócios estão sendo armazenadas cada vez mais de forma distribuída, utilizando Nuvens híbridas. “As metodologias tradicionais

de segurança não foram criadas para lidar com esse nível de transformação. É necessário utilizar uma abordagem aberta, moderna e unificada que ajude as companhias a avançar essa modernização e não a atrasá-las”, defende Roberto Engler, líder de Segurança da Informação na IBM Brasil. Jeferson D’Addario, CEO do Grupo Daryus, consultoria em Gestão de

Riscos e prejuízos para economia Ciberataques serão o segundo maior risco que as empresas enfrentarão nos próximos dez anos

L

evantamento do Fórum Econômico Mundial, divulgado em 2020, revela que os ciberataques serão o segundo maior risco que as empresas enfrentarão nos próximos dez anos. Segundo o documento, os cibercriminosos roubam anualmente cerca de US$ 600 bilhões, de governos, empresas e indivíduos ao redor do mundo. A previsão é de que as companhias perderão US$ 5,2 trilhões ao longo de cinco anos (2019 a 2023) para esses golpistas. O Fórum Econômico Mundial considerou o crime cibernético uma das atividades mais perturbadoras e prejudiciais atualmente para os países. Não só causa danos financeiros substanciais como representa uma grave ameaça à sociedade e à economia global. Esses efeitos negativos, segundo o estudo, exigem cuidados redobrados com os projetos de Transformação Digital e implementação das novas tecnologias. As aflições com os riscos cibernéticos são o tema de relatório global do Gartner, divulgado em abril deste ano, chamado Emerging Risks Monitor. A pesquisa global, mostrou que as falhas de controle da cibersegurança é o que mais preocupa as companhias, item mencionado por 67% dos entrevistados. Em segundo lugar, citado por 43% dos executivos abordados aparece o risco com o novo modelo de trabalho híbrido, com parte de funcionários remotos e outra presencialmente, nas companhias. “Muitas organizações foram forçadas a implementar soluções rápidas para preencher lacunas operacionais sérias como resultado de suas respostas iniciais à pandemia”, constata Matt Shinkman, vice-presidente de Risk and Audit Practice da consultoria. Conforme o analista, “isso foi mais aparente nas políticas de Segurança cibernética que priorizaram a Segurança local em vez do acesso seguro ao trabalho remoto”. Shinkman observa que os executivos responsáveis por essas áreas estão percebendo que agora é o momento de implementar políticas mais sustentáveis e robustas. (E.S.)

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Riscos, defende que “a Segurança da Informação tem que ser tratada como assunto estratégico dentro das organizações, já que permeia todos os projetos de negócios digitais”. A área precisa ter um orçamento próprio e apoio de cima para baixo. Para o executivo, o CEO tem que patrocinar a área que opera com um time bem estruturado, sem depender de verba emergencial da TI. Ele argumenta que o fortalecimento do setor é importante, uma vez que hoje, todos os produtos precisam nascer apoiados no modelo security by design, como é o caso dos carros conectados e aplicativos que suportam operações de negócios e não podem falhar. Na visão de Daniel Kanaoka, gerente sênior de Vendas de Canal da SonicWall, “a Segurança da Informação tem que ser vista pelas empresas como investimento e não mais como simples gastos. Podemos minimizar os custos para que a companhia foque nas estratégias de negócios”. Além de destinar recursos para o setor, o executivo diz que as companhias precisam vencer os desafios de disseminar a cultura sobre esse tema, educando os usuários para que tenham mais conscientização sobre ransomware, por exemplo.

Mina para o Canal

Além das pressões do dia a dia para avançar nos projetos de Transformação Digital com Segurança da In-

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SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO

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Kanaoka, da SonicWall: Podemos minimizar os custos da Segurança da Informação nas companhias para que foquem nas estratégias de negócios.

Nos últimos 12 meses, 84% das organizações sofreram algum tipo de ameaça por phishing e ransomware

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formação, as companhias precisam entrar em conformidade com as legislações. Uma delas é a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais – LGPD, que entrou em vigor no Brasil no ano passado. As ações de fiscalização em empresas que não cumprirem as determinações estão previstas para começar em agosto. Um levantamento da BluePex, que desenvolve soluções de Segurança da Informação para o mercado corporativo, indicou que apenas 4% das pequenas e médias empresas estão totalmente preparadas para a LGPD. O estudo apontou que 55% dos gestores ainda buscam informações para adequação à legislação. Para Jefferson Penteado, CEO da BluePex, existe muita oportunidade de negócio para o Canal com conhecimento da LGPD. Segundo ele, a revenda que estiver atualizada poderá apoiar times de TI nos projetos de implementação da nova lei. As revendas podem se tornar também Provedoras de Serviços Gerenciados de Segurança da Informação e oferecer suporte com entrega de antivírus, sistemas de controle de acesso, atualização de software, entre outros para ganhar mais competitividade no mercado. Penteado recomenda que o Canal seja mais proativo. É essencial conhecer muito bem o ambiente do cliente e ter informações em tempo real sobre o que está

Gastos com Segurança da Informação no Brasil US$ 900 milhões em 2021

(hardware e software), crescimento de 12,5% em relação a 2020

US$ 615 milhões –

Serviços gerenciados de segurança (MSS)

Penteado, da BluePex: A revenda tem que se digitalizar, ter software para prover serviços remotos e operar em Nuvem.

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SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO

Renata e Fernando, da Cyberone: foco na representação de soluções de apenas três fornecedores: Palo Alto Networks, F5 Segurança e IBM

Arrojo em plena crise Revenda especializada em Segurança da Informação é aberta para atender aos mercados mineiro e carioca

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importância da Segurança da Informação dentro das companhias incentivou a abertura da revenda e consultoria Cyberone, focada inicialmente na representação de soluções de Segurança da Informação de apenas três fornecedores: Palo Alto Networks, F5 Segurança e IBM. A empresa foi fundada por Renata Melo e Fernando Freitas. Ela já vinha empreendendo na área e ele atuou como gerente de Segurança de bancos mineiros. Sediada em Belo Horizonte, a nova empresa iniciou operações em meio à pandemia, em setembro de 2020. “A empresa nasce para entregar soluções e serviços especializados aos clientes, olhando inicialmente os mercados de Minas e Rio de Janeiro”, explica Renata, diretora de Vendas de Cibersegurança. Futuramente, há intenção de chegar a São Paulo. “Mas sabemos que precisamos antes ganhar musculatura para entrar no maior mercado do Brasil e, também, o mais competitivo”, comenta. O alvo maior da Cyberone são startups e fintechs, que estão nascendo em plataformas na Nuvem. Freitas avalia que a pandemia trouxe muita demanda por projetos de Segurança da Informação. Ele analisa que essa é uma das áreas mais promissoras porque muitas empresas precisaram ir para Internet, algumas com Comércio Eletrônico, para sobreviver à crise. “Muitos foram de qualquer jeito e tiveram que aprender. Percebemos que todos estão preocupados no momento com estas questões”, afirma o executivo, que ocupa o cargo de diretor Técnico de Cibersegurança da Cyberone. As novas demandas, mais a pressão para implementação da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais – no 13.709/2018, que entrou em vigor no ano passado e iniciará em agosto as ações de fiscalização, prometem movimentar os negócios com venda de soluções para Segurança da Informação. (E.S.)

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Aplicações de negócios estão sendo armazenadas de forma distribuída, utilizando Nuvens híbridas

acontecendo na rede corporativa. Para isso, são necessárias ferramentas que indiquem respostas rápidas para solucionar problemas. “A revenda tem que se digitalizar, ter software para prover serviços remotos e operar em Nuvem. Não tem como ajudar os clientes em Segurança da Informação sem controles automatizados”, enfatiza o CEO da BluePex, fornecedora de plataforma com essas funcionalidades. Nesse sentido, o diretor da Check Point, afirma que “tem muitas oportunidades na área de Segurança da Informação para o Canal que estiver capacitado e conseguir se transformar”. Por sua vez, a Dell está incentivando os parceiros a não entregarem apenas o produto, mas a adotar uma abordagem consultiva para que atendam à necessidade e ofereçam uma solução que agregue valor ao cliente. Entre as áreas de atuação, os destaques são gestão dos serviços de Segurança cibernética; apoio à capacitação de talentos; consultoria na criação de soluções com proteção adequada. É importante que os Canais se capacitem para ter conhecimento profundo sobre Segurança da Informação e possam estar próximos dos clientes, aconselha Menegasso, informando que a Dell investe em programas com esse objetivo para que os parceiros dominem a linha de 15 produtos que a companhia entrega nessa área DIVULGAÇÃO / CHECK POINT

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Bannwart, da Check Point: Tem muitas oportunidades para parceiros de negócios capacitados em Segurança da Informação.

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FINANÇAS || por IRENE BARELLA

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Cripto: o início de uma era Viabilizada graças à evolução tecnológica e resultados de pesquisas e desenvolvimento de soluções que demandaram muito suor e fosfato de desenvolvedores, a moeda digital ao mesmo tempo em que incita curiosidade, provoca sentimento de incerteza e cautela

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tualmente – e cada vez mais, seu uso sai do imaginário e salta para os desafios concretos ainda a serem superados. Se essa evolução monetária tem um pai, com certeza é o Blockchain, que vai muito, mas muito além da criptomoeda – unidade monetária digital que não é regulamentada por quaisquer bancos ou governos. Fica o registro de que esta tecnologia [Blockchain] já foi esmiuçada, mas será colocada novamente sob os holofotes de Infor Channel, em breve. O propósito agora é dar um panorama do dinheiro virtual, que pode ser entendido como uma monetização digital protegida por criptografia, e que se caracteriza por fortes

oscilações e altos riscos. Para se ter uma ideia, em 2020 a criptomoeda alcançou 419% de valorização frente ao Real e 303% frente ao Dólar. Personalidades de diversos setores deram um belo empurrão para a popularização das moedas digitais. Elon Musk, por exemplo, quando anunciou que seus carros poderiam ser pagos com criptomoeda e, após a Tesla divulgar investimentos US$ 1,5 bilhão em Bitcoins, o volume de negócios com criptomoedas subiu 17% em fevereiro deste ano. Entre tantas outras e em curva ascendente, marcas como Wikepedia, Burger King, Calvin Klein, KFC, Subway, Starbucks, Sephora, Decathlon, além da Mastercard, Visa, Paypal; Microsoft

e AT&T, aceitam e efetuam transações comerciais com o consumidor via moedas digitais. Avaliado em US$ 78 bilhões, o Mercado Livre deu claros sinais de que participará ativamente da indústria de criptoativos, após adquirir mais de US$ 8 milhões em Bitcoin. A gigante do Comércio Eletrônico oferecerá aos seus consumidores a possibilidade de guardar e transacionar criptomoedas no Mercado Pago, seu braço financeiro, que responde por 60% do valor da empresa argentina. Mesmo incipiente, esse mercado já apresenta cifras fabulosas: em fevereiro deste ano, o volume de negócios bateu na casa dos US$ 2,7 trilhões, e no dia 23 do mesmo mês,

outro recorde: em um dia atingiu US$ 159,9 bilhões. E foi histórico, por que nesse dia o Bitcoin - BTC caiu 10%, sinalizando grande volatilidade. No segundo mês de 2021, esta moeda bateu recorde, cotada a US$ 58.354 e valor de mercado de US$ 1 trilhão. Em cinco meses, a moeda digital acumula queda de cerca de 20%.

Descentralizada e complexa

Todavia, a ideia se propaga. Em junho de 2021, a Autoridade de Conduta Financeira - FCA, reguladora de serviços financeiros, com base em pesquisa, revelou que atualmente, 2,3 milhões de pessoas no Reino Unido possuem criptomoedas, enquanto no ano pas-


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sado, o número era de 1,9 milhão. O investimento, além da curiosidade, é crescente. Porém, o ocorrido com a Poly nesta semana, no mínimo acendeu a lâmpada amarela para os investidores. Mesmo antes, algum ceticismo em relação à Segurança e mineração pairava no ar, inclusive em relação a criptomoedas mais ‘tradicionais’, como a Bitcoin. Em contrapartida, garantir a possibilidade de operar de forma independente de qualquer tipo de instituição, sem intermediários nas transações entre pessoa física e jurídica, ou entre um país e outro, são incentivos para sua adoção. Além disso, questões práticas como operação 24x7 – 24 horas por dia, sete

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dias por semana, e ter seu preço definido com base na oferta x procura também entram nessa conta. Porém, o fator ultra relevante para os atores dessa atividade é a criptografia, tecnologia que confere segurança e suporta as transações. Nesse sentido, medidas são tomadas em termos de Segurança: em cada moeda é ‘cravado’ um código e ela é identificada por um número específico. Devidamente marcada, esta moeda somente poderá ser negociada por quem deter a sua identificação. De forma análoga, é mais ou menos o que ocorre com outros meios de pagamento, quando o usuário detém uma senha ou chave para utilizar o Pix ou um cartão

de crédito, mas de maneira transparente, ágil e anônima. O atrativo no quesito Segurança, também passa pelo fato de serem descentralizadas, ou seja, cada usuário controla, intermedia, transfere e pode até produzi-las. Estes emissores de criptomoedas são os chamados mineradores.

Extrair minérios digitais

É preciso um enorme esforço de Computação para garantir a emissão e manutenção das redes de criptomoedas, incluindo a mais famosa delas, o Bitcoin. Vale registrar que em março deste 2021, a mineração chegou a gerar US$ 1,5 bilhão, conforme The Block Research. Um pa-

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ralelo pode mesmo ser estabelecido com uma mina, onde trabalhadores retiram pepitas, uma vez que a mineração de criptomoedas consome uma grande quantidade de energia elétrica, além de gerar muito calor. É preciso ser especialista para minerar e obter lucro e, dependendo do volume, adquirir equipamentos específicos para chegar a resultados de cálculos astronômicos. O sistema Bitcoin, por exemplo, utiliza o Secure Hashing Algorithm 256, ou SHA-256, algoritmo que fornece valores a partir de um conjunto alfanumérico, aplicando função matemática e criptográfica. O investimento pode passar os US$ 15 mil, além de altos custos energéticos que o processamento


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FINANÇAS

DIVULGAÇÃO / BITCOINTRADE

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Nos próximos anos esse segmento será marcado por fusões e aquisições, e novos entrantes de peso com acesso a capital

Teixeira, da BitcoinTrade: uma regulamentação oficial automaticamente trará maior confiança para investimentos no setor. exige; a máquina tem que ficar em funcionamento 24x7. Rudá Pellini, co-fundador da Wise&Trust, fintech de gestão de investimentos em ativos digitais, sugere que o Bitcoin seja visto como uma mercadoria virtual. “Sendo uma commodity, há ‘produtores’, as mineradoras. Assim, a mineração é o processo de emissão de novos bitcoins e a manutenção da rede”, detalha. De acordo com Pellini, os benefícios de ser um minerador envolvem o direito de emitir novas moedas e de receber taxas por transações, o que resulta em um lucro expressivo. Por isso, a questão energética é de suma importância. O mandatário da Tesla, mais uma vez, direciona o tema ao afirmar que a empresa poderá voltar a receber pagamento em moeda digital, desde que, comprovadamente, a mineração seja realizada com, pelo menos, metade de energia renovável. O gigantesco consumo de energia tem provocado reações pela atual escassez de recursos e por agredir o meio ambiente. É possível observar no mercado em geral, um aumento da conscientização quanto à preservação ambiental, social e de Governança – o já conhecido Environmental, Social and Governance – ESG. Uma rede pode consumir mais energia que toda a Argentina, segundo uma pesquisa da Universidade de Cambridge. Na opinião do executivo da Wise&Trust, olhar somente para o consumo total de energia da rede

do Bitcoin, ou compará-lo com um país não é efetivo. “Tenho ressalvas com tais estimativas, já que não englobam variáveis como avanço tecnológico, que torna a mineração mais sustentável, localização de mineradoras ou capacidade de processamento de hardwares”, enumera. Segundo tais cálculos, é como se todas as mineradoras fossem homogêneas, com as mesmas caraterísticas.

Como será o amanhã

Há expectativa de que a rede se mantenha operando completamente com energia sustentável e há uma tendência de profissionalização dessa indústria. Além disso, a previsão de especialistas é que nos próximos anos esse segmento seja marcado por fusões e aquisições, e novos entrantes de peso com acesso a capital. “Atualmente há sete mineradoras com ações listadas em Bolsa, além de negócios listados que já começaram a investir nesta atividade de forma direta ou indireta”, afirma Pellini, que complementa: O investimento em tecnologia é tal, que permitirá ao mercado ganhar escala. Esse comércio também segue em evolução no País. Neste ano, a CVM autorizou que o primeiro fundo de índice (ETF) de criptoativos do mundo, criado pela gestora Hashdex, fosse negociado no Brasil. Já que o tema é Tecnologia e seu futuro em questões monetárias, vale registrar a participação da Inteligên-

cia Artificial nesse campo. Carteiras e Fundos que utilizam IA para realizar suas operações se sobressaem em momentos de instabilidade de ativos, porque conseguem definir as melhores decisões estratégias. Se por um lado a moeda ainda é muito volátil, por outro tem emissão previsível e decrescente, já que é finita. Assim, possui efetivas chances de se valorizar a longo prazo. É impossível prever o futuro de criptomoeda alguma, mas é nítido que seu valor supera a questão monetária.

Recursos de proteção

Mais uma vez o fator Segurança interfere diretamente na adoção de um serviço, acentuadamente hoje, com a onda Transformação Digital. Nada mais se desenvolve sem a Segurança da Informação. Confiabilidade é tudo para o sucesso de quaisquer iniciativas. É simplesmente impossível para fabricantes, fornecedores e consumidores ter tranquilidade para usar soluções financeiras, mas poderia ser diferente, não fossem pessoas com a mentalidade de ganhos fáceis, tirando vantagens de outrem. Golpes cibernéticos podem levar à falência pessoas físicas ou corporações, como já aconteceu. O uso e a melhoria da criptografia, e por que não imaginar novas tecnologias que evitem o acesso – e o sucesso – de cibercriminosos, ajudarão na credibilidade e conseguinte massificação das transações financeiras com moedas digitais em curto prazo. Mas são contrapostos por ataques, invasões e roubos, que podem retardar o avanço desse serviço financeiro. Essa história vem de longe. Já em maio de 2019, a Binance, corretora global de criptomoedas divulgou que hackers obtiveram um grande número de chaves API de utilizador, 2FA, códigos e outras informações por meio de uma falha de Segurança. Em única transação, subtraíam sete mil BTC, equivalente a mais de US$ 40 milhões. Na última semana, precisamente em 10 de agosto de 2021, a Poly Network, uma plataforma blockchain, foi saqueada em pouco mais de US$ 600 milhões em criptomoedas. Este feito de criminosos cibernéticos pode ser considerado como o maior ataque desde o advento da moeda digital e descentralizada.


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Regulamentação

É preciso reforçar que não há um regulamento estabelecido pelo Banco Central ou pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM. “Acreditamos que uma regulamentação oficial ajude na questão de segurança jurídica e, automaticamente, traga uma maior confiança para investimentos no setor”, defende Bernardo Teixeira, CEO da BitcoinTrade, corretora brasileira de criptomoedas. A questão é controversa. Há quem defenda a normatização, mas outros agentes, a repudiam. O tempo dirá se há ou não a necessidade de disciplinar e fiscalizar o mercado de valores mobiliários frente ao aumento das opções e diversificações de moedas virtuais. Hoje, entre as mais conhecidas estão Bitcoin; Ethereum; Ripple; Litecoin; Bitcoin Cash; EOS e a Binance Coin

RICARDO PAULI

Após a divulgação do ataque pela própria Poly, a SlowMist, que atua em Segurança baseada em Blockchain, informou que identificou o IP, o endereço eletrônico e as impressões digitais do dispositivo do invasor e já estava rastreando outras pistas. Mais uma vez, a tecnologia a serviço da indústria financeira e monetária. Dias antes deste ataque, Gary Gensler, presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos - SEC, disse que as plataformas de finanças descentralizadas, ou DeFi, merecem atenção e critérios minuciosos. Ele pediu ao Congresso estadunidense que aumente sua autoridade sobre a indústria de criptomoedas, que se assemelha, segundo ele, aos tempos do Velho Oeste. No dia seguinte ao ataque, o hacker começou a fazer a devolução fracionada do montante. Via transferências na rede Ethereum, o invasor disse que devolveria os fundos roubados. No outro lado da moeda, um profissional de TI extremamente capacitado, como hacker pode exercer importante papel na identificação de vulnerabilidades. O ato de restituir os valores não o torna um ‘chapéu-branco, como são chamados os hackers que trabalham oficialmente para ajudar as empresas a resolver seus problemas de Segurança. E são muito bem pagos por isso. Um White Hat pode receber entre US$ 50 e US$ 500.000 por apenas duas horas de trabalho.

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Em fevereiro deste ano, o volume de negócios bateu na casa dos US$ 2,7 trilhões

Pellini, da Wise&Trust: O investimento em tecnologia é tal, que permitirá ao mercado ganhar escala.

O início de tudo

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s anos 1980 receberam o carimbo de década perdida, pelo menos na América Latina. Contudo, o mundo todo vivia dias difíceis. Controvérsias à parte, foi nessa época em que se vislumbrou a possibilidade de se adotar um sistema de dinheiro completamente virtual, apoiada no desenvolvimento da criptografia. Os ‘punks virtuais’ ou cyberpunks, eram desenvolvedores que, liderados por David Chaum, jogaram luz na criação do que se conhece hoje por criptomoedas. No final da década seguinte, Wei Dai, lançou o B Money, projeto que abordava um sistema eletrônico e anônimo de pagamento, com características de descentralização e de anonimato. No mesmo ano, 1998, Nicholas Szabo, Cientista da Computação especializado em criptografia, criou o Bit Gold, que propunha o modelo de estruturas; mais um elemento que viria a compor as moedas digitais de hoje. Em 3 de janeiro de 2009, nascia o Bitcoin, quando o primeiro bloco foi minerado, ou seja, transmitido à rede Blockchain, por Satoshi Nakamoto, o anônimo criador da rede. Especulações dão conta de que Nick Szabo é Satoshi Nakamoto, codinome usado pela pessoa ou pelo grupo de especialistas que desenvolveu o Bitcoin. Nesse processo, Nakamoto também estabelece a primeira base de dados de cadeia de blocos (Blockchain), do mundo. Após 2010, não se teve mais notícia da personagem Nakamoto – ou será realmente uma pessoa? Será que um dia a verdadeira identidade virá à tona e o mistério se dissipará? A proposta de Nakamoto – considerada louvável por muitos, era contornar uma das piores crises econômicas vividas até então, batendo de frente com o sistema financeiro controlador e ditador. E, com isso, um universo se abriu. Mineradores, Cientistas da Computação, Desenvolvedores, uni-vos! Assim, quem sabe o cidadão comum poderá desfrutar de um sistema monetário realmente satisfatório e efetivamente seguro. (I.B.)


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