Revista idigital 7

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idigital - Revista da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia em Identificação Digital - Ano 02 - Número 07 - outubro/novembro/dezembro de 2011

PRÊMIO RECONHECE QUEM LUTA PELA CIDADANIA DIGITAL

RECADASTRAMENTO Urna biométrica chega a 200 municípios

ENTREVISTA

Rodrigo Ortiz D’Ávila Assumpção e a inclusão digital

CASOS E ARTIGOS

Seis associadas relatam histórias de sucesso



REVISTA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE TECNOLOGIA EM IDENTIFICAÇÃo DIGITAL - ABRID

16. CAPA POR RESPEITO À CIDADANIA DIGITAL: PRÊMIO RECONHECE A ATUAÇÃO DE QUEM LUTA POR UM BRASIL CIDADÃO

8 . entrevista Rodrigo Ortiz D’Ávila Assumpção, presidente da Dataprev, analisa a informatização do país

12 . ICCYBER WWW

Todos contra o crime virtual

28 . Justiça Eleitoral

40 . CASOS E artigos

TSE amplia acesso de eleitores à urna biométrica

43 . 3m Tecnologia AFIS auxilia no processo de Identificação em Los Angeles

34 . ICMEDIA

47 . Certisign Detalhando a cadeia de Certificação V2 na ICP-Brasil 53 . Datacard Como personalizar um passaporte (segunda parte) 61 . Gemalto Saúde Eletrônica

Especialistas discutem segurança e atuação forense

36 . CSI BRASILEIRO

Polícia do DF é exemplo no uso da tecnologia

65 . imprensa oficial Imprensas Oficiais da América Latina debatem soluções de governo em certificação digital 69 . Lasercard Inovação no design e na fabricação de documentos de identidade de policarbonato

78 . Pra terminar Natal é tempo de... outubro - novembro - dezembro 2011 | 3


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O fim do ano chegou e, em 2011, temos um motivo a mais para comemorar: a criação do Prêmio Cidadania Digital. A entrega aconteceu justamente no primeiro dia de dezembro, durante o Encontro Nacional por Respeito à Cidadania, em Brasília.

Ricardo Padue

PALAVRA DO PRESIDENTE

A iniciativa é da nossa Associação, em parceria com o Movimento por Respeito à Cidadania. E não podia ser diferente. Quem, além de uma entidade que reúne as principais empresas do país no ramo de tecnologia em identificação digital, poderia ter o know-how exato para homenagear os destaques do setor? A intenção aqui, porém, é dar atenção aos indivíduos, não às instituições. O foco é o ser humano, porque cidadania é assunto de gente de carne e osso, e só vale se o conjunto da população estiver envolvido. Falando em mundo digital, esse conceito de cidadania fica ainda mais evidente. Em um país tão maravilhosamente multicultural e grande como o nosso, claro que haveria diferenças regionais. Mas se elas foram formadas historicamente, não podemos simplesmente aceitá-las. É preciso, sim, combatê-las, permitir que as brasileiras e os brasileiros dos quatro cantos tenham acesso às mesmas oportunidades. Neste sentido, a tecnologia e a identificação têm papel chave. São iniciativas como o projeto do RIC que vão transformar a face desse país. Aliás, já estão transformando. Chega de falar do país do futuro. O Brasil é o país do hoje, do agora. Estamos no rumo certo! E o Prêmio Cidadania Digital vem exatamente para enfatizar o trabalho das pessoas que lutam por um Brasil social e tecnologicamente mais justo. A elas, o nosso reconhecimento e a nossa homenagem. É preciso ainda enfatizar que esta premiação é a base de um projeto maior. O Movimento por Respeito à Cidadania vai, em breve, premiar a atuação de pessoas nas áreas de Esporte, Meio Ambiente e Turismo.

EXPEDIENTE idigital é uma publicação da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia em Identificação Digital (ABRID). Presidente: Célio Ribeiro Diretor de identificação digital: Edson Rezende Reportagem: Iara Rabelo e Marcio Peixoto Editor: Marcio Peixoto MTB 4169/DF Revisão: Millena Dias Tiragem: 2.500 exemplares Periodicidade: trimestral Contato: (61) 3326 2828 Projeto gráfico e diagramação: Infólio Comunicação - www. infoliocom.com - (61) 3326 3414 (Os cases e artigos assinados não refletem o pensamento nem a linha editorial da revista e são de inteira responsabilidade de seus autores)

Aliados à Tecnologia, esses são os quatro pilares, já lançados, para colocar o Brasil definitivamente no lugar a ele destinado: a liderança mundial no respeito ao cidadão. Boa leitura e ótimas festas! Célio Ribeiro, presidente da ABRID

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entrevista

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odrigo Ortiz D’Avila Assumpção é bacharel em história, mestre em ciências da comunicação pela Universidade de São Paulo (USP) e trabalha com a temática de inclusão digital. Ao longo da carreira, atuou como educador no Instituto Cajamar, foi coordenador de Governo Eletrônico da Prefeitura de Santo André (SP) e diretor do Instituto Florestan Fernandes e ONG sampa.org, ambas na capital paulista, onde realizou projetos de inclusão digital. Em 2003, assumiu o cargo de secretário-adjunto de Logística e Tecnologia da Informação, no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, e em dezembro de 2008 foi designado para a presidência da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social. Na Dataprev, Rodrigo Assumpção trabalha para garantir a desmaterialização dos processos. Ele recebeu a idigital na sede da empresa, em Brasília, para a seguinte entrevista.

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idigital: A desmaterialização de processos já está presente em vários setores do Estado brasileiro e isso envolve um grande número de pessoas. Como, culturalmente, estas pessoas envolvidas compreendem a desmaterialização dos processos?

não a formalidade do processo. Esta é uma mudança cultural dentro da burocracia muito profunda.

RA: O Estado brasileiro entrou na tecnologia da informação muito cedo, comparativamente a vários países. Nós somos usuários bastante intensos, sofisticados e antigos de sistemas de informação. Então, geralmente o que se tem feito é a atualização de sistemas antigos. E, ao se fazer isso, perde-se a oportunidade de fazer uma revisão de processos adequados. Uma coisa que é muito importante em um Estado tão grande quanto o nosso é a gigantesca quantidade de demandas quase que idênticas e paralelas em diferentes órgãos. Temos problemas de cadastros, problemas de processos similares que são feitos apenas como pequenas variações exigidas por determinado órgão. A questão da inversão do ônus da prova, que faz com que o Estado, após receber um documento, o partilhe entre seus órgãos, e não que o cidadão tenha que ficar entregando estes documentos em diferentes órgãos.

"Convencer pessoas que estão há anos achando que em algum lugar tem uma pasta com papéis dentro é complicado. É uma mudança cultural dentro da burocracia muito profunda"

Rodrigo Assumpção: As pessoas relutam muito em aceitar estes novos procedimentos. Em muitas vezes no desenho de um sistema é importante ter uma disciplina para voltar para o que está sendo tratado e não para o desenho do processo anterior, quando se está desmaterializando este processo. Por exemplo, quando se pega o desenho de um processo de uma atualização cadastral. Antigamente todo este processo era feito no papel. A pessoa vinha até um posto de atendimento, trazia toda a documentação comprovatória de sua documentação, era aberto um processo com um número e, após a tramitação, os dados eram incorporados ao cadastro a partir de uma decisão tomada, afetando todos os direitos do cidadão, como tempo de contribuição. Agora, o cadastro é o próprio documento. O importante agora é ver se as informações estão entrando de forma fidedigna nas bases de dados, isso é relevante. No entanto, você convencer pessoas que estão há anos achando que em algum lugar tem uma pasta com papéis dentro que documentam as decisões e os processos sobre ela, explicar que não existe mais isso, é complicado. O foco é a essência da informação e

id: Na desmaterialização é importante o mapeamento de processos. Como um processo pode ser afetado por esta prática? RA: Isso faz com que frequentemente um sistema, ao tentar recriar digitalmente uma realidade material, seja extremamente ineficiente e acelere um processo que já é problemá-

"O Estado brasileiro entrou na tecnologia da informação muito cedo. Nós somos usuários bastante intensos, sofisticados e antigos de sistemas de informação" tico. Este é um momento de revisar os processos antes de organizá-los digitalmente e aproveitar todas as possibilidades que a tecnologia traz para não apenas acelerar processos ruins e defasados, mas criar processos novos e adequados a essa nova realidade. id: O Estado brasileiro está pronto para a desmaterialização dos processos?

id: O procedimento de desmaterialização e do paperless necessitariam de uma revisão mais profunda na sistemática do Estado no Brasil?

RA: Bom, eu não sei se ela exigiria uma revisão profunda disso, mesmo porque eu não acredito que haja possibilidade de se parar o Estado para se rever. É sempre um work in progress. O que eu acho é que às vezes se perde a oportunidade de aprofundar algumas questões para se ter soluções mais eficazes e duradouras, mas soluções que alterem a forma. Vejamos, por exemplo, o caso da tecnologia de votação

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entrevista : Rodrigo Ortiz D’Avila eletrônica. Há muitas tecnologias que acabam por digitalizar o papel na urna. A brasileira agregou uma camada importante, que é ter todo o processo na urna. Esse foi um trabalho que tem foco no desenho do processo, alocando número ao candidato, trabalhando a propaganda eleitoral para a sistemática do processo, do que propriamente a tecnologia da urna, que é razoavelmente simples. Quando falo de revisão de processo, é essa oportunidade que temos que ver.

"Como pessoa física, acho que privacidade já acabou. É algo que pertence ao século XX, no século XXI não existe mais privacidade" Id: Reduzir o uso do papel seria o item mais importante na desmaterialização? RA: Desmaterialização de processos é muito mais que eliminar papel. Ele é apenas a ponta do iceberg. Você elimina passos do processo que foram concebidos e têm sentido pela existência do papel e do carimbo. Passos que não têm mais sentido e necessidade quando não há o suporte material do papel. Nesse processo de desmaterialização temos um grande gargalo, que é o de telecomunicações. Esse é o grande desafio. Id: Todas estas mudanças estariam diretamente ligadas à green economy?

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RA: Sim. Mas a economia verde não é só papel. Se eu não me desloco, eu diminuo a emissão de carbono, economizo energia e diminuo a pressão em sistemas de transportes. Diminuo a pressão com a redução da poluição. Se ao invés de fazer cinco procedimentos, eu fizer apenas um, o processo sofre realocação de tempo. E se economizo tempo, eu posso investir tempo em lazer, o que contribui com outro lado da economia que está ligado ao entretenimento. A green economy é mais que a

relação simplista de papel, floresta e eliminação de papel. A tecnologia é uma aliada desse processo. id: A desmaterialização vai dar mais segurança aos processos e procedimentos? RA: Acho que nosso conceito de segurança é um conceito antigo e equivocado. Não existe por definição nenhum empreendimento humano que seja perfeito ou completo. É sempre uma busca, é sempre uma tentativa e segurança precisa ser en-


tendida dessa forma. É uma gestão de riscos, diminuição de falha. Nesse sentido, processos bem feitos, estruturados e pensados podem contribuir muito para simplificação, o que por si só aumenta a segurança. Por outro lado, nós estamos vivendo um momento onde a definição de fronteiras entre pessoas, entre organizações e o escopo de circulação de informação estão sofrendo redefinições quase que diariamente. Toda nova tecnologia, as formas de interação, as redes sociais, fazem parte de um mundo em redefinição, que redefine regras, produtos e sistemas. E com isso redefine o conceito de segurança.

id: Temos em andamento no Brasil, o projeto do Registro de Identidade Civil, que vai contribuir tanto para a identificação do cidadão e a

RA: O Brasil tem um dos processos de absorção tecnológica mais fáceis e acelerados do mundo. O brasileiro pensa que se é tecnologia é bom, nós nunca paramos para discutir os enormes perigos que estão ligados à tecnologia. Isto simplesmente não vem à mente do brasileiro, que adora tecnologia. Há países que param anos para discutir se o avanço tecnológico vai mudar a vida das pessoas. O brasileiro já pensa que se o processo é mais simples, se veio de uma maquininha, ele é bom. A adoção é aceleradíssima. Temos absorção de tecnologias sofisticadas em todas as áreas. A disposição da cultura brasileira em absorver tecnologia, não é obstáculo para os avanços tecnológicos. Os obstáculos seriam econômicos, sociais, distribuição de renda.

"Nosso conceito de segurança é antigo e equivocado. Não existe empreendimento humano que seja perfeito. É sempre uma busca, uma gestão de riscos, diminuição de falha"

id: A privacidade também estaria sendo redefinida? RA: Certamente. A privacidade também tem relação com segurança. Eu, como presidente da Dataprev, zelo pela privacidade dos dados dos meus clientes. E a Dataprev busca isso intensamente. Eu, como pessoa física, olhando o mundo da tecnologia e a sociedade moderna, acho que privacidade é algo que já acabou. É algo que pertence ao século XX, no século XXI não existe mais privacidade. E a gente está lentamente se adaptando a esta nova realidade. Se pudermos dizer que privacidade ainda existe, certamente não é a mesma fronteira do século XX. Que já não foi a mesma fronteira do século XIX. E essa perda é compensada por outros ganhos. À medida que temos a capacidade de conexão, de presença em diferentes locais, de comunicação tão intensa, você perdeu privacidade. E a mesma coisa acaba acontecendo com segurança.

segurança dos processos, quanto com a desmaterialização. Como o senhor vê o RIC? RA: O projeto do RIC mais atualizações de sistema poderiam atuar em um gargalo do INSS, que é a obtenção de benefícios e a fidedignidade da informação. Ele traria uma facilidade de cidadania se acompanhado de esforços intensos de inclusão digital para garantir que todos os cidadãos estejam incluídos no processo. Certamente, seria uma contribuição do Estado para a disseminação dos direitos de cidadania gigantesca. id: O Brasil e os brasileiros estão prontos para toda esta revolução tecnológica?

"Desmaterialização de processos é muito mais que eliminar papel. Ele é apenas a ponta do iceberg" outubro - novembro - dezembro 2011 | 11


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Juntos contra o crime cibernético Oitava edição da ICCyber discute, com especialistas de várias partes do mundo, o combate à ação dos bandidos virtuais

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»» Solenidade de abertura da VIII ICCyber

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capital catarinense foi o centro mundial do combate ao crime cibernético por três dias. É que de 5 a 7 de outubro aconteceu em Florianópolis a VIII Conferência Internacional de Perícias em Crimes Cibernéticos, ICCyber. O evento trouxe ao Brasil gente de todo o mundo para debater o combate à ação criminosa on-line. A ICCyber conta com patrocínio da ABRID – entre outras instituições, é realizada pela Associação Brasileira de Especialistas em Alta Tecnologia (Abeat) e recebe apoio da Polícia Federal e do FBI – órgão similar à PF nos Estados Unidos. Na edição 2011, a Conferência incluiu debates, entre muitos outros, sobre estratégias de governo para combate a ataques cibernéticos, segurança em certificados digitais, fraudes eletrônicas no mercado financeiro e desenvolvimento da computação forense, além de segurança/privacidade na comunicação de dados e voz. As discussões contaram com especialistas e apresentação de cases de sucesso de vários países, como Brasil, Colômbia Espanha, Estados Unidos e Holanda. Paralelamente à ICCyber, aconteceu a VI Conferência Internacional da Ciência da Computação Forense, a ICoFCS 2011. A ICoFCS é uma espécie de braço acadêmico da ICCyber, abrindo espaço para estudos realizados em diversos pontos do globo sobre a pesquisa em computação forense. Os temas dos trabalhos apresentados são variados, e incluem, por exemplo, métodos para 14 |

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periciar telefones celulares ou uso da inteligência artificial em perícias. A IcoFCS é um complemento importante aos debates feitos na conferência, porque apresenta resultados dos estudos técnicos e antecipa o que está sendo pesquisado na área. »» Crimes bilionários Um relatório produzido nos Estados Unidos mostra bem o quão alarmante é a questão dos crimes virtuais, tema central dos debates durante a ICCYber. O estudo feito pela Symantec, denominado 2011 Norton Cibercrime Report (Relatório Norton do Crime Cibernético 2011, em tradução livre), revela que no ano passado essa modalidade criminosa custou aos 24 países pesquisados, incluindo o Brasil, nada menos do que US$ 388 bilhões. Ao todo, 589 milhões de pessoas foram alvo da ação de bandidos on-line. O estudo faz duas revelações preocupantes: o mercado do crime virtual tem valor próximo ao do total do narcotráfico e supera em 100 vezes o orçamento anual do Unicef – o fundo das Nações Unidas para a infância, responsável por iniciativas voltadas à proteção e pleno desenvolvimento das crianças, especialmente nos países menos desenvolvidos. Na comparação com o tráfico, o montante do crime cibernético supera o comércio mundial de cocaína, heroína e maconha, estimado em US$ 295 bilhões, e perde por pouco – cerca de 5% – para o total movimentado anualmente pelos traficantes, calculado em US$ 411 bi. Com

seus US$ 388 bi, a criminalidade mobilizou mais de 100 vezes o total gasto pela Unicef, que foi de US$ 3,65 bilhões em 2010. A conta do crime virtual inclui duas variáveis, o custo direto e o tempo gasto pelas vítimas em decorrência da ação dos bandidos. O primeiro item, que inclui valores roubados e os investimentos para defesa dos ataques pela internet, totalizou US$ 114 bilhões no ano passado. Já o tempo perdido por quem sofreu ataques pela rede foi calculado em US$ 274 bilhões. No Brasil, o estudo mostra que a atividade criminosa envolveu US$ 15 bilhões em roubo direto e outros US$ 48 bi no tempo gasto em resposta aos ataques. São números preocupantes, mas bem menores do que os registrados nos Estados Unidos: US$ 32 bi em custo direto e US$ 108 bilhões em tempo perdido. Na análise comparativa, os custos brasileiros com os crimes cibernéticos foram equivalentes a 45% do total norte-americano. O estudo foi feito em países classificados como "mercados emergentes" – Brasil, Índia, China, Polônia, México, Emirados Árabes e África do Sul – e nos chamados "mercados desenvolvidos": Reino Unido, Estados Unidos, França, Alemanha, Itália, Austrália, Canadá, Suécia, Japão, Espanha, Nova Zelândia, Dinamarca, Holanda, Bélgica, Suíça, Cingapura e Hong Kong. Foram feitas 19.636 entrevistas em todo o mundo para elaboração do 2011 Norton Cibercrime Report.


»» Confira a Carta da ICCyber 2011, documento divulgado após a realização do evento

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os dias 5, 6 e 7 de outubro de 2011 foi realizada a VIII Conferência Internacional de Perícias em Crimes Cibernéticos (ICCyber 2011), no Centro de Convenções CentroSul, em Florianópolis (SC), pela Associação Brasileira de Especialistas em Alta Tecnologia (Abeat), com o apoio e o suporte da Polícia Federal do Brasil e do FBI (Federal Bureau of Investigation), dos Estados Unidos. Um dos temas centrais tratados nesta edição da conferência foi o combate às organizações e grupos criminosos, que fazem uso, entre outros meios, de redes de computadores infectados com códigos maliciosos, as chamadas botnets. Foram apresentados casos de sucesso em diversos países, além das estratégias de governo para prevenção e combate a ataques cibernéticos. Também foram feitas análises dos incidentes de segurança recentes nas redes governamentais brasileiras, tanto por representantes de empresas quanto do próprio governo. Quando se trata do combate aos crimes cibernéticos, o consenso geral entre os participantes, que foi repetido por diversos palestrantes da conferência, é a importância da cooperação entre instituições. Cooperação fomentada na ICCyber, tanto através das palestras, nas quais foram expostas as diferentes formas de atuação adotadas por instituições públicas e privadas, quanto em um debate e um painel, que reuniram um conjunto de instituições para tratar de assuntos de interesse comum. O evento contou com exposição das novidades em produtos voltados para perícias em informática e segurança da informação, por um conjunto de empresas apoiadoras do evento, e foi realizado treinamento em alguns dos produtos expostos. Nesta edição da conferência também foram apresentados resultados de algumas das últimas pesquisas em computação forense na trilha acadêmica do evento, a VI Conferência Internacional da Ciência da Computação Forense, a ICoFCS 2011. Os temas tratados são variados, passando pelo uso de técnicas de inteligência artificial em análises periciais, perícias em celulares, novos procedimentos para investigações e apreensões e formas de análise de diversos tipos de vestígios digitais, entre outros assuntos. Os assuntos tratados durante o evento certamente contribuirão para o avanço da ciência da computação forense e para a melhoria do trabalho das forças da lei, das instituições financeiras e das demais organizações que atuam no combate aos crimes cibernéticos.

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CAPA


Reconhecimento digital ABRID e Movimento por Respeito à Cidadania promovem a primeira edição do Prêmio Cidadania Digital


»» Célio Ribeiro, presidente da abrid, anuncia os vencedores do Prêmio Cidadania Digital

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em gente que luta pelo e empresas privadas na área digital. direito a uma identida- Tem gente que é destaque na defede civil segura e sa da inclusão de »» Célio Ribeiro, todo cidadão na confiável. Tem entrega prêmio era virtual. gente que defende o acesso para edson universal à tecnologia. Tem E tem gente rezende diretor que reconhece o gente que trabalha seriamende identificação trabalho de todas te por uma relação limpa e digital da abrid essas pessoas. transparente entre governo É por isso que a ABRID, em parceria com o Movimento por Respeito à Cidadania, lançou o Prêmio Cidadania Digital. A intenção é reconhecer a atuação de personalidades

que se destacaram no setor ao longo do ano. A solenidade de entrega da primeira edição do prêmio aconteceu durante o Encontro Nacional por Respeito à Cidadania, realizado em Brasília em 1º de dezembro. O evento reuniu profissionais de tecnologia em identificação digital do setor público e privado. Para o presidente da ABRID, Célio Ribeiro, a iniciativa de criar a homenagem é uma forma de reconhecer o trabalho desenvolvimento por instituições e empresas que se destacaram na defesa da cidadania digital. "Esse momento é importante. Essa premiação é o reconhecimento de toda a sociedade brasileira às pessoas que estão realizando, de


forma geral, as principais iniciativas de cidadania por meio do uso de tecnologias", destacou. O diretor de Identificação Digital da ABRID, Edson Rezende, destaca a importância do prêmio para todos que trabalham com identificação e certificação digital. "É o reconhecimento pelo trabalho de todos no projeto do RIC, foram muitos anos de esforços por parte de todos para que o projeto chegasse à fase atual", ressalta. Na solenidade, o presidente da ABRID e idealizador do Movimento por Respeito à Cidadania, Célio Ribeiro, anunciou os 22 premiados em 2011, pessoas dos mais diversos segmentos da sociedade que contribuíram com seu trabalho para o setor de tecnologia em identificação digital. A entrega dos troféus ficou por conta dos representantes das empresas associadas da ABRID e de instituições públicas e privadas que estiveram presentes. No Encontro Nacional por Respeito à Cidadania, Célio Ribeiro também deu o pontapé inicial ao Movimento Por Respeito à Cidadania. A iniciativa é baseada em quatro pilares: tecnologia, meio ambiente, turismo e esporte, e tem como finalidade o incentivo ao exercício da cidadania brasileira. A surpresa da noite foi a premiação de Célio Ribeiro. O troféu foi entregue pelo presidente do Conselho Diretor da Valid, Sidney Levy. Para Ribeiro, a homenagem foi uma grata surpresa. "Não esperava receber o prêmio esta noite, ainda mais das mãos do Sidney, que foi um grande parceiro na minha carreira", afirmou.

»» Célio Ribeiro, presidente da Abrid, recebe premiação surpresa das mãos de Sidney Levy

»» Premiados prestigiam o evento da Abrid


Premiados Confira os premiados e os responsáveis pela entrega dos troféus.

Da esquerda para direita: Célio Ribeiro, presidente da Abrid, Carlos Alberto Collodoro, consultor técnico do CONADI - Conselho Nacional dos Diretores dos Institutos de Identificação (premiado) e Kevin McKenna, vice-presidente de vendas para as Américas da Lasecard

Da esquerda para direita: Célio Ribeiro, presidente da Abrid, Carlos Cesar de Sousa Saraiva - presidente do CONADI - Conselho Nacional dos Diretores dos Institutos de Identificação (premiado) e Luís Carlos de Oliveira, assessor financeiro da Abrid

Da esquerda para direita: Célio Ribeiro, presidente da Abrid, Carlos Henrique dos Santos Pereira - diretor presidente do Detran do Mato Grosso do Sul (premiado) e Paulo Márcio, diretor da ICE cartões especiais

Da esquerda para direita: Célio Ribeiro, presidente da Abrid, Carlos Roberto de Oliveira - diretor vice-presidente de Tecnologia da Casa da Moeda do Brasil (premiado) e Luiz Felipe Denucci Martins, presidente da Casa da Moeda do Brasil

Da esquerda para direita: Célio Ribeiro, presidente da Abrid e Edson Rezende, diretor de identificação digital da Abrid (premiado)

Da esquerda para direita: Célio Ribeiro, presidente da Abrid, Etelvina de Lana Encarnação - diretora do Departamento de Identificação do Espírito Santo (premiada) e Afonso Siqueira, diretor da Thomas Greg & Sons

Da esquerda para direita: Célio Ribeiro, presidente da Abrid, Giuseppe Dutra Janino - secretário de tecnologia da Informação do TSE (premiado) e João Rosa da Diretoria Técnico-Científica do Departamento da Polícia Federal

Da esquerda para direita: Célio Ribeiro, presidente da Abrid, Hugo Leal Melo Da Silva - deputado federal (PSC - RJ) (premiado) e Marcos Elias de Araújo, diretor do Instituto Nacional de Identificação


Da esquerda para direita: Célio Ribeiro, presidente da Abrid, LUIZ PAULO TELES FERREIRA BARRETO - secretário Executivo do Ministério da Justiça (premiado) e Eduardo Lacerda, assessor do Diretor Presidente do ITI

Da esquerda para direita: Célio Ribeiro, presidente da Abrid, Iracilda Maria De Oliveira Santos Conceição - diretora do Instituto de Identificação Pedro Mello da Bahia (premiada) e Fernando Cassina Presidente da IAFIS do Brasil

Da esquerda para direita: Célio Ribeiro, presidente da Abrid, Mario Cesar Mantovani - diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica (premiado) e João Luiz Marques diretor da Akyama

Da esquerda para direita: Célio Ribeiro, presidente da Abrid, Narumi Pereira Lima - perita Criminal Federal do INC/DPF (premiada) e Sérgio Dawidowicz diretor da OVD Kinegram

Da esquerda para direita: Célio Ribeiro, presidente da Abrid, Mauricio Augusto Coelho - diretor de Infra-Estrutura de Chaves Públicas do ITI (premiado) e Marcio Nunes presidente da Valid Certificadora S.A.

Da esquerda para direita: Célio Ribeiro, presidente da Abrid, Paulo Ayran da Silva Bezerra - secretário executivo do Comitê Gestor do SINRIC (premiado) e Fernando Castejon, Presidente da IntelCav

Da esquerda para direita: Célio Ribeiro, presidente da Abrid, Ophir Cavalcante - presidente do Conselho Federal da OAB (premiado) e Sérgio Torres, assessor do Secretário Executivo do Ministério da Justiça

Da esquerda para direita: Célio Ribeiro, presidente da Abrid, Sidney Levy – presidente do Conselho Diretor da Valid (premiado) e Luiz Antônio, diretor da Montreal Informática

Da esquerda para direita: Célio Ribeiro, presidente da Abrid, Renato da Silveira Martini - diretor Presidente do ITI (premiado) e Newton Galpa, da Morpho Cards do Brasil


Foto Fala "Este é um momento bastante importante na minha vida e, depois de alguns anos trabalhando nesse mercado de projetos voltados à mobilização de entidades públicas na área de segurança, tenho a honra de receber uma homenagem dessa. Queria agradecer, particularmente, a iniciativa desse movimento que é muito importante para esse país." Carlos Alberto Collodoro consultor técnico do CONADI - Conselho Nacional dos Diretores dos Institutos de Identificação

"Esta é uma grande iniciativa. Acredito que nosso país atravessa um momento muito oportuno para que a gente possa unir todos os nossos esforços, fazer com que o cidadão brasileiro seja inserido neste progresso. Parabéns por essa iniciativa, Célio Ribeiro, e que realmente outras pessoas, outras empresas, toda a sociedade em conjunto abrace essa causa." Carlos Cesar de Sousa Saraiva presidente do CONADI - Conselho Nacional dos Diretores dos Institutos de Identificação

“O prêmio é o reconhecimento ao trabalho que o Governo do Estado e o Detran-MS realizam com a intenção de aumentar a qualidade dos serviços, usando tecnologia de ponta. A captura e validação biométrica aumentam a segurança do processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação em Mato Grosso do Sul resultando credibilidade ao órgão e proporcionando comodidade aos usuários." Carlos Henrique dos Santos Pereira diretor presidente do Detran do Mato Grosso do Sul 22 |

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"Gostaria de agradecer a iniciativa do Célio Ribeiro e parabenizar todos os diretores da ABRID por terem me indicado, e agradecer também a todos os parceiros. Este é um prêmio que compartilho com todos da Casa da Moeda do Brasil." Carlos Roberto de Oliveira - diretor vice-presidente de Tecnologia daCasa da Moeda do Brasil

"Todo mundo que me conhece sabe que eu não inicio nada sem acreditar de coração ou nada que realmente eu não tenha vontade de colaborar de verdade. O Movimento por Respeito à Cidadania foi uma ideia que nós tivemos para buscar em um determinado momento da nossa vida algo que pudesse fazer um pouco mais pelo nosso país." Célio Ribeiro – presidente da Abrid e idealizador do Movimento por Respeito à Cidadania

"É um reconhecimento pelo nosso trabalho e dedicação nos últimos anos, tenho estado empenhado neste projeto desde 1995. Eu divido esse prêmio com a equipe da Abrid." Edson Rezende de Oliveira - diretor de Identificação Digital da Abrid

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Foto Fala "É emocionante demais receber um prêmio como este e ser lembrada em um evento de tamanha importância para o país. Gostaria de agradecer à equipe da ABRID, que nos impulsiona a fazer deste país um país realmente com pessoas identificadas." Etelvina de Lana Encarnação diretora do Departamento de Identificação do Espírito Santo

"Gostaria de agradecer à ABRID, ao Célio Ribeiro, por esse importante reconhecimento, esse prêmio que me deixa muito honrado, mas estamos aqui representando uma instituição que é a instituição Justiça Eleitoral, que se engajou num grandioso projeto que visa mudar o cenário da identificação do cidadão brasileiro." Giuseppe Dutra Janino secretário de tecnologia da Informação do TSE

"O projeto, a proposta do Prêmio é exatamente pelas vitórias coletivas, a busca por mais vitórias coletivas por meio do trabalho de todos com objetivo na coletividade. Parabéns ao Célio, parabéns à ABRID e deixo a mensagem de mais vitórias coletivas e menos interesses pessoais." Hugo Leal Melo da Silva deputado federal (PSC - RJ)

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"Essa homenagem é o testemunho da importância dos institutos de identificação no processo de implantação do RIC. É uma contribuição para o povo brasileiro e para sua segurança. Pontuo a importância que foi o trabalho dessas pessoas, desses técnicos, para elevar o Brasil a ser um país com mais segurança para seus cidadãos e agradeço a participação nesse movimento que o Célio fez e a coragem e a força no empenho por esse movimento. Agradeço também a participação do Rezende e da sua equipe." Iracilda Maria de Oliveira Santos Conceição - diretora do Instituto de Identificação Pedro Mello da Bahia

"Gostaria de agradecer ao Célio, agradecer à ABRID por esse reconhecimento, e a todos aqueles que se empenharam nesse projeto do RIC para modernizar a identificação humana no Brasil, tornando-a mais cidadã e mais segura." Luiz Paulo Teles Ferreira Barreto - secretário Executivo do Ministério da Justiça

"Eu queria chamar a atenção de vocês para a importância que vemos hoje da comunicação digital, esse cyber espaço está fazendo uma cidadania que nós ainda não sabemos avaliar. E a cada chamada que a gente faz para a sociedade, a gente consegue hoje mobilizar gente como nós nunca imaginamos e eu espero que essa experiência da desmaterialização traga uma história diferente para que o nosso país possa ser realmente uma economia verde." Mario Cesar Mantovani - diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica outubro - novembro - dezembro 2011 | 25


Foto Fala "Queria agradecer de coração. É sempre muito bom sermos lembrados, mas não seria justo da minha parte não fazer referência e compartilhar esse Prêmio com os demais companheiros e os colegas do ITI. Se o trabalho desenvolvido chamou atenção, mereceu este Prêmio, não foi feito isoladamente, sozinho por mim, mas compartilhado com os colegas." Mauricio Augusto Coelho diretor de Infra-Estrutura de Chaves Públicas do ITI

"Obrigada. Queria agradecer, em primeiro lugar, à Polícia Federal por temos mantido essa interação com as indústrias nestes últimos anos, queria agradecer também às companhias porque sem elas nós não teríamos a informação para trabalhar, e tanto à Polícia quanto à Indústria por terem permitido ao Instituto Nacional de Criminalística fazer parte deste trabalho." Narumi Pereira Lima - perita Criminal Federal do INC/DPF

"Gostaria de agradecer ao Célio Ribeiro e também à ABRID por esse Prêmio, que eu quero dividir com toda a advocacia brasileira e explicar o porque de uma entidade de advogados estar recebendo um prêmio dessa natureza. O Prêmio já se diz Cidadania Digital, cidadania tem tudo a ver com advocacia. Cidadania está ligada ao acesso à Justiça. E quem promove o acesso à Justiça é o advogado." Ophir Cavalcante - presidente do Conselho Federal da OAB 26 |

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"Quero agradecer ao meu amigo Célio, e na pessoa dele, à ABRID e a todos os seus associados. Esse Prêmio não é meu, é de todos nós que nos empenhamos nesse grande projeto de Brasil que é o RIC." Paulo Ayran Da Silva Bezerra secretário executivo do Comitê Gestor do SINRIC

"Eu quero agradecer o reconhecimento de uma entidade parceira como a ABRID e abraçar a todos os amigos, os companheiros, especialmente do ITI, onde há vários colegas que estão aqui, que são sem dúvida nenhuma os construtores do reconhecimento que temos hoje no cenário nacional." Renato da Silveira Martini - diretor Presidente do ITI

Para mim é uma grande satisfação estar aqui. Principalmente, por ser uma pessoa muito antiga nessa área. Gostaria de agradecer a todos os parceiros e empresas aqui presentes. Esta é uma grande alegria na minha vida professional." Sidney Levy – presidente do Conselho Diretor da Valid

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Ainda melhor Recadastramento eleitoral permite o uso da urna biométrica e amplia a segurança da eleição brasileira - já considerada o maior pleito informatizado do mundo


Assessoria de imprensa da akiyama


Assessoria de imprensa da akiyama

»» registro fotográfico digital é uma das fases do recadastramento

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meta é clara: em 2018, todo eleitor brasileiro vai votar em urnas biométricas, liberadas a partir da identificação eletrônica da impressão digital do cidadão. A eleição eletrônica, implantada em 1996, é um orgulho brasileiro. Nestes 15 anos de história, o país ofereceu consultoria a oito países da América Latina e foi procurado por mais de 50 nações interessadas no grande case de sucesso que virou a eleição no país. O reconhecimento não é apenas externo. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Sensus logo depois do pleito do ano passado mostrou que 94% dos entrevistados estão satisfeitos e acreditam no processo de votação. O secretário de Tecnologia da Informação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Giuseppe Janino, 30 |

digital

credita esse altíssimo índice de aprovação ao investimento feito para assegurar dois aspectos muito caros ao processo eleitoral brasileiro: transparência e segurança. "Para que a gente consiga conquistar a credibilidade, nós focamos basicamente nesses dois pilares, transparência e segurança. Então, a segurança é um pilar extremamente importante para o retorno da credibilidade. Este total de 94% é um índice extremamente impressionante e isso graças ao investimento que se faz continuamente na melhoria destes dois pilares, que são segurança e transparência", reforça. A tecnologia, constata o secretário, é essencial para manutenção desses pilares. "Nós atuamos assim também na questão da área de Tecnologia da Informação, e considerando que hoje o processo eleitoral está totalmente suportado pela tecnologia,

na medida em que nós, a partir de 1996, tornamos o processo de votação, apuração dos votos e totalização totalmente automatizados, a tecnologia tem uma participação muito forte, influencia muito nas diretrizes de um dos negócios institucionais do TSE, que é realizar eleições", observa. E foi também com o foco nos pilares da segurança e da transparência que a Justiça Eleitoral resolveu investir na biometria. "Vejo a biometria como um grande potencializador desses dois pilares, à medida que a digital do ser humano é única. Não existem no mundo duas pessoas que tenham as mesmas minúcias das digitais. Então, esse é um ponto extremamente importante para se garantir a unicidade e que aquela pessoa que está comparecendo à seção eleitoral é a própria, sem possibilidade de fraude", constata.


território nacional como um todo", detalha. O TSE conta com mais de três mil cartórios eleitorais em todas as 27 unidades federativas. As milhares de unidades são interligadas por uma rede de comunicação e contam com pessoal capacitado e infraestrutura adequada. É exatamente esta rede que está sendo usada para fazer o recadastramento biométrico progressivo do eleitor. Neste aspecto, a Justiça conta ainda com mais um trunfo: o poder de convocação. O Tribunal Superior Eleitoral já é habilitado por lei a convocar os eleitores para se recadastrar. Quem perde o prazo fica sujeito a uma série de transtornos – já que não poderá votar, o que resulta em multa e dificuldade para acessar serviços públicos e privados. »» O recadastramento A programação do recadastramento biométrico começou já em 2008, com três municípios: São João Batista (SC), Fátima do Sul (MS) e Colorado do Oeste (RO). O projeto piloto já foi uma espécie de prova de fogo. "Foram cidades interioranas onde havia pessoas que trabalhavam na lavoura, na indústria de couro, na agricultura, justamente para se sondar ali o pior caso na questão da

Assessoria de imprensa da akiyama

»» Identificação, a o TSE e os responsáveis pelo projepalavra-chave to do RIC. "Esse acordo viabilizou Janino enfatiza que a biometria nós alinharmos o nosso projeto de é essencial para garantir a correta melhorar a identificação do eleitor identificação do eleitor. "Em tese, com o RIC. Nós sintonizamos a a identificação do eleitor, antes da metodologia do nosso processo de identificação biométrica implemen- identificação e a tecnologia adotada tada, permite que haja a possibilida- ao projeto RIC, que era exatamende de uma pessoa passar por outra, te a coleta dos dados biométricos, desde que ela esteja, por exemplo, as digitais, com as digitais roladas, com documentos falsos, o título não conforme estabeleceu o INI, e a foto tem foto, é um documento frágil, o dentro do padrão ICAO, conforme próprio documento de identidade prevê o projeto RIC", recorda. atual é um documento extremamenA parceria foi benéfica para tote frágil", pondera. dos. O TSE resolve a possibilidade Com a certeza de que era preciso de fraude na eleição com a biometria melhorar a identificação do eleitor, o e um documento plenamente seguro TSE passou a pesquisar alternativas. e o projeto RIC ganhou um trunfo: Por dois anos, a equipe técnica do o banco de dados da Justiça Eleitoral. Tribunal trabalhou no desenvolvi- "Nós tínhamos tudo aquilo que falmento de um novo modelo de título tava para o andamento ou início do de eleitor. Foi aí, recorda Giuseppe projeto RIC, começando pela base Janino, que uma novidade surgiu: de dados. Nós temos a maior base de "Quando nós assumimos a Secretaria dados do Estado, onde estão ali mais de Tecnologia da Inforde 70% dos cidadãos mação, resolvemos anali- »» O kitbio brasileiros, e princisar o escopo desse projeto adquirido pela palmente o cidadão e entendemos que havia Justiça Eleitoral acima de 16 anos, o projeto do RIC. Então, tem todos os que é o cidadão ativo paramos o nosso projeto, equipamentos socialmente. Além fomos ao Instituto Na- para fazer o disso, nós temos uma cional de Identificação e recadastramento das maiores redes de começamos a estabelecer digital dos comunicação do Esalguns entendimentos". tado, que permeia o eleitores O Registro de Identidade Civil veio complementar os planos da Justiça Eleitoral, já que o RIC tem mais de 15 itens de segurança e é o maior programa de identificação civil do mundo. Em breve, os brasileiros terão em mãos um documento praticamente impossível de ser falsificado e ainda com a garantia da certificação digital. Assim, em 2008 um termo de cooperação técnica foi firmado entre

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Assessoria de imprensa da akiyama

O recadastramento biométrico para a disputa municipal de 2012 está a pleno vapor. São cerca de 200 municípios de onze estados: Alagoas, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rondônia, São Paulo, Sergipe e Tocantins (confira infográfico na página 33). Há estados onde o procedimento está sendo feito em apenas uma cidade, como o Espírito Santo e Paraná, mas há outros em que todo o estado deve votar pela urna eletrônica ano que vem. Este é o caso de Alagoas » » a população e Sergipe. A maior parte Eleitoral conta com de curitiba atende dos municípios seleciouma forte parceria ao chamado do nados para o recadastrados Tribunais Regiotre-pr para o mento está no interior nais Eleitorais. São os recadastramento do país. Fora as capitais TREs quem apontam biométrico de Alagoas e Sergipe, os municípios onde as duas outras capitais será feito o recadasincluídas são Goiânia tramento biométrico. Na verdade, o recadastramento (GO) e Curitiba (PR). Nessas localidades, os eleitores de eleitores é periódico, e o TSE está aproveitando a chance para incluir a estão atendendo ao chamado da biometria. "É um procedimento que Justiça Eleitoral para fazer o recaa Justiça Eleitoral faz a cada dois anos, dastramento e confirmam a pesquionde se verifica a necessidade de fazer sa Sensus apontando a credibilidade um recadastramento. Geralmente é da urna eletrônica. Em Curitiba, uma análise do número de habitan- Giovana Kowaski, gerente de uma tes com o número de eleitores. Se pizzaria, acredita que a biometria esse número estiver muito próximo, é fundamental: "Significa mais seé um indicativo de que há necessi- gurança". Como Giovana, Henridade de convocar e todo eleitor deve que Berg de Oliveira, chaveiro em comparecer presencialmente ao local, Goiânia, aposta no uso da digital mostrar os seus documentos e se faz como o fim de qualquer possibiliali novamente o registro. Aqueles dade de fraude na urna. "Quero ver eleitores que não comparecem, per- alguém copiar meu dedo!", desafia. dem o direito de votar. É uma forma E de Aracajú a telefonista Ilda Nasde garantir a integridade do cadastro cimento convida quem ainda não e nós introduzimos aí a biometria", fez o procedimento a procurar logo confirma o secretário de Tecnologia um posto eleitoral: "foi rapidinho e é importante para a cidadania". da Informação do TSE.

qualidade das digitais que nós poderíamos encontrar pelo país afora", explica Janino. O resultado foi muito satisfatório e no pleito municipal de 2008 cerca de 40 mil eleitores já votaram usando a urna biométrica, liberada após o eleitor pousar o dedo em um leitor ótico. "Foi o piloto que trouxe um grande aprendizado para nós, que estávamos iniciando nessa área, inclusive com a participação do Ministério da Justiça, de papiloscopistas atuando nesse piloto e colhemos ali um bom material para a primeira etapa do processo de implementação da identificação biométrica, que começou em 2009", completa. Aprovado o piloto, o projeto ganhou corpo e na disputa eleitoral de 2010, 239 cidades fizeram recadastramento biométrico, com mais de 1,1 milhão de eleitores fazendo uso da digital para liberar a urna nos dias de votação. Agora, o TSE trabalha para permitir que 10 milhões de votantes usem a urna biométrica em 2012. Para garantir o cumprimento da meta, a Justiça 32 |

digital


Tocantins Municípios:

Onze

Eleitores recadastrados:

Pernambuco

Rondônia Municípios:

20,1%

Municípios:

Quatro

Eleitores recadastrados:

Eleitores recadastrados:

34,1%

Municípios:

Todos

Eleitores recadastrados:

Sete

Eleitores recadastrados:

Municípios:

Todos

Eleitores recadastrados:

Goiás Três

Eleitores recadastrados:

49,4%

Sergipe

47,9%

Municípios:

59,9%

Alagoas

Mato Grosso Municípios:

Seis

61%

Espírito Santo Municípios:

35%

Eleitores recadastrados:

Paraná Municípios:

Um 75%

Minas Gerais Um

Eleitores recadastrados:

Municípios:

Três

Eleitores recadastrados:

57,7%

64,3%

São Paulo Municípios:

Dois

Eleitores recadastrados:

50,9%

Dados do TSE, atualizados até novembro de 2011.

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Troca de experiências

Evento internacional reúne especialistas de todo o mundo para discutir a segurança e a atuação forense

34 |

digital


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imagens: divulgação

M

ais de 60 pesquisadores de todo o mundo participaram no Brasil do IEEE International Workshop on Information Forensics and Security (WIFS’2011). O evento, realizado em Foz do Iguaçu (PR), contou ainda com a participação de 56 peritos criminais do Departamento de Polícia Federal (DPF) e foi organizado pela Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) com o apoio da Polícia Federal. O WIFS, promovido este ano entre 29 de novembro e 2 de dezembro, é um dos mais prestigiados eventos mundiais na área de informação voltada para os temas forenses e de segurança. Na edição 2011, o seminário foi patrocinado pela ABRID e promovido pelo Comitê Técnico de Ciências Forenses e Segurança (IFS-TC) da Sociedade de Processamento de Sinais (SPS) do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE). O encontro permitiu aos peritos e pesquisadores a chance de trocar know-how e apresentar estudos em desenvolvimento. Um dos pontos altos do WIFS’2011 foi justamente a apresentação dos problemas em aberto da Criminalística pelos peritos da Polícia Federal. A intenção foi incentivar a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação nas áreas de segurança eletrônica e criminalística. Este ano, o WIFS incluiu também uma interessante interação entre pesquisadores e peritos da Polícia Federal. Os representantes do DPF apresentaram 12 casos de desafios científicos enfrentados na atuação forense e também de vigilância. O evento, realizado em inglês, incluiu ainda a apresentação de artigos aprovados em seis áreas: Biometrics; Computer and Network Forensics: In the Computer; Computer and Network Security: In the Network; Multimedia Forensics and Security: New Techniques; Signal Processing for Forensics e Foundations for Forensics.


Csi Brasileiro


O C.S.I. BRASILEIRO Instituto de Identificação da Polícia Civil do Distrito Federal é referência mundial em ciências forenses

divulgação

Por Carlos César de Sousa Saraiva, diretor do Instituto de Identificação/PCDF.


divulgação

»» Instituto de Identificação do Distrito Federal : um dos mais bem sucedidos em todo o mundo em ciência forense

N

o período entre os dias 27 e 30 de agosto de 2011, aconteceu em Las Vegas, no estado de Nevada – Estados Unidos, a conferência internacional 2011 AFIS Internet User Conference com a presença de delegações de vários países. Na oportunidade foi apresentado o "Brazilian case", onde o Instituto de Identificação da Polícia Civil do Distrito Federal pôde mostrar o trabalho desenvolvido, bem como os resultados alcançados. Para a satisfação dos brasileiros, a Direção Geral da NEC/Japão declarou que o Instituto de Identificação de Brasília é um dos órgãos mais bem sucedidos em todo o mundo na área das ciências forenses. Nesse contexto, definitivamente, o Brasil entra para a história da perícia papiloscópica mundial, passando a ser referência para vários países. Segundo o diretor-adjunto do Instituto de Identificação, Nadiel Dias da Costa, o sucesso da Polícia Civil do DF se deu não só pelo investimento feito pelo governo do 38 |

digital

Distrito Federal no órgão, mas pelos excelentes recursos humanos que dispõem. "A cada 100 perícias papiloscópicas realizadas, em 25 delas emitimos um laudo pericial papiloscópico conclusivo e positivo e entregamos à autoridade policial, o que ajuda sobremaneira na condução do inquérito", afirmou. Atualmente, o Instituto de Identificação tem descoberto em seus bancos de dados, por meio das impressões digitais, em torno de 350 casos por mês, firmando-se como um dos órgãos policiais que mais ajuda a elucidar crimes contra a vida e contra o patrimônio em todo o território brasileiro. A meta para julho de 2012 é atingir o patamar de 35%. Teoricamente se 25% dos casos geram um laudo positivo, então existem ainda 75% de casos sem solução? Essa é uma dúvida que muitos podem ter, mas isso não coaduna com a verdade. A cada 100 perícias papiloscópicas realizadas, cerca de 30% a 40% não se conseguem vestígios papiloscópicos, seja pela má preservação do local, seja pela pró-

pria qualidade do suporte onde a impressão foi depositada, e/ou pela qualidade das impressões papilares de quem toca o material. Nesse contexto, se considerarmos os fragmentos papiloscópicos recuperados em cena de crime em condições de pesquisa, a eficiência chega próximo a 50%. Quando atingirmos a nossa meta em 2012, chegaremos perto de 80% de eficácia. É bom lembrar que todas as estatísticas apresentadas pelo Instituto de Identificação têm como base a totalidade das perícias realizadas incluindo as que não produziram vestígios papilares por quaisquer dos fatores citados acima. Costa mostrou no congresso o Laboratório de Perícia Papiloscópica Forense, apontado como um dos melhores e mais bem equipados do mundo - o que deve servir de orgulho a todos os policiais comprometidos contra a criminalidade que teima assolar Brasília. Esse laboratório é utilizado na revelação de impressões digitais em objetos recuperados de cena de crimes. A experiência


dias trabalhados. uma meta, uma ambição. A operação Mãos de Ferro tra"Em muitos casos emitimos um balhou com crimes contra a vida laudo positivo em poucas horas, o e patrimônio, registrados entre que permite uma solução rápida do os meses de janeiro e fevereiro de crime", afirma Costa. "Como, por 2011, chegou-se a um resultado de exemplo, um crime de estupro, que 611 laudos em trinta dias. recentemente ocorreu em Brasília, Quanto à operação Anjo da onde a 1ª Delegacia de Polícia conGuarda o contexto foi diferente. O seguiu solucionar o crime em apeobjetivo era identificar cadáveres en- nas duas horas e 30 minutos após terrados como indigente no período a perícia papiloscópica indicar o aude 1996 a 2011. Conseguiu-se um tor das impressões digitais apostas resultado bastante expressivo com no veículo da vítima. O estuprador 17 casos solucionados. Essa operação está preso com provas materiais sufiteve dois vieses: o primeiro de resga- cientes para mantê-lo na cadeia por tar a pessoa desaparecida e entregar- muito tempo". -lhe a sua família que, a partir daí, Desde pequenos furtos a granpermitirá dar um enterro digno ao des roubos a bancos, os crimes são seu ente querido e buscar benefícios investigados e as perícias papiloscósociais, tais como: aposentadorias, picas são feitas dentro de um padrão seguros, inventários, etc. O segundo de excelência e técnica. Os casos são diz respeito à investigação policial. muitos, e a rotina do I.I. é fornecer o Nesses casos a polícia deixará de in- nome do suspeito no menor tempo vestigar um caso de simples desapa- possível, pois também entendemos recimento, visto que a experiência fazer parte da investigação policial. mostra que a maioria dos casos de O Instituto de Identificação tem cadáveres encontrados em adiantado trabalhado com afinco para ajudar estado de decomposição foram víti- a Polícia Civil do Distrito Federal a mas de algum crime – principalmen- proporcionar uma segurança pública te de homicídio. mais humana, rápida e eficaz, subA exposição das residiando Autoridades feridas operações foi o »» Nadiel Policiais, Ministério Púauge da conferência. Costa, diretorblico e Poder Judiciário Além disso, foram mos- adjunto do IIDF: com provas incontestrados também dados es- o sucesso está tes, ajudando não só a tatísticos extremamente na junção de condenar, mas também significativos quanto aos equipamento absolver quando for o resultados proporciona- e pessoal caso. dos pela modernização qualificado do Instituto de Identificação que se dá dia a dia. Ou seja, ela ainda não terminou. Muito ainda pode e deve ser feito para que melhores resultados sejam alcançados. Simplesmente parar na realidade ora alcançada, tem que ser vista como um retrocesso. Temos que ousar ainda mais. Lançar as redes em águas mais profundas (Lc 5, 4) deve ser para todos nós divulgação

mostra que os materiais processados no laboratório físico/químico do I.I. permitem que se recupere de 300% a 400% a mais de fragmentos em condições de serem analisados devido a técnicas e tecnologias utilizadas. Vale lembrar que a primeira agência a utilizar um laboratório dessa natureza foi o FBI. Foram investidos aproximadamente R$ 25 milhões (cerca de US$ 17 milhões ao câmbio da época) na modernização do Instituto de Identificação de Brasília. Dentre os equipamentos adquiridos, destaca-se a ferramenta AFIS-Automated Fingerprint Identification System que é capaz de pesquisar um fragmento de impressão digital dentre milhões de impressões digitais em um tempo muito reduzido. Essa ferramenta ajuda os peritos em papiloscopia a acelerar a descoberta de criminosos em nossos bancos de dados e atingir números fantásticos. A parceria entre o Instituto de Identificação e as Delegacias de Polícia tem produzido muitos frutos. Com isso, ganham a Polícia Civil do Distrito Federal e a sociedade. Perdem os meliantes e todos aqueles que colaboram contra a paz social. De posse dessa ferramenta, o Instituto de Identificação deflagrou várias operações para individualizar pessoas que deixaram suas impressões digitais em locais de crimes, sejam eles contra a dignidade sexual, a vida e ao patrimônio (estupro, homicídio, roubo, latrocínio e furto), bem como a identificar pessoas que foram enterradas como indigentes. Assim surgiram as operações: Hades, Katrina, Mãos de Ferro e Anjo da Guarda. A operação Hades foi desenvolvida em oito dias úteis de trabalho. O resultado foi a emissão de 111 laudos periciais papiloscópicos de casos de homicídio, estupro e latrocínio. Na operação Katrina a pesquisa foi direcionada para os crimes de roubo e furto, chegando a um resultado de 411 laudos em vinte


e arti g os

Tecnologia

CASOS

Cada empresa tem uma história que reflete a forma única encontrada por seus sócios, diretores e funcionários na busca por soluções, pela implantação de processos e desenvolvimento de tecnologias. É a soma de um conjunto de fatores que faz de cada empresa, cada grupo, cada corporação um caso de sucesso. Resumir todas essas histórias em um único texto não seria justo para quem desenvolveu tudo isso, nem para o leitor, que perderia conteúdo, a essência da história e a oportunidade de apreender informações que podem provocar mudanças, auxiliar na tomada de decisões, no planejamento do futuro. É por isso que a revista idigital abre espaço para que as associadas ABRID dividam seus casos de sucesso com você. Boa leitura.



RESUMO A tecnologia é um facilitador importante. As empresas a utilizam como uma ferramenta para criar eficiências, melhorar a produtividade e, em última análise, aumentar os rendimentos. As Agências de Perícias de Los Angeles precisavam de soluções rápidas e eficazes no reconhecimento de criminosos e nas combinações de imagem encontradas nas cenas dos crimes. Contratando a empresa 3M Cogent, líder de sistema automatizado de identificação de impressões digitais (AFIS) e soluções de biometria para impressão digital, em um ano foi implementado o Los Angeles AFIS (LAFIS), melhorando a precisão e a velocidade onde os criminosos são identificados e os crimes resolvidos. Baseado no sistema automatizado de identificação da palma da mão e de impressões digitais da 3M Cogent (CAPFIS), a 3M Cogent configurou o fluxo de trabalho, interfaces e o sistema geral para atender as necessidades específicas da LACRIS (Condado Regional de Sistema de Identificação de Los Angeles)

PALAVRAS-CHAVE 3M Cogent, AFIS, identificação de criminosos, agência de perícias, Los Angeles, impressão digital.

ABSTRACT Technology is an important facilitator. Businesses use it to create efficiencies, improve productivity and ultimately increase revenues. Los Angeles Law enforcement Agencies was looking for an accuracy and speed identified criminals and print-matching process. Hiring the company 3M Cogent, leading in automated fingerprint identification system (AFIS) and additional fingerprint biometric solutions, within one year implemented the Los Angeles AFIS (LAFIS), improving speed and accuracy where the criminals are identified and solved crime. Based on the system for identification of the palm and fingerprints of Cogent System (CAPFIS), Cogent configured th workflow, interfaces, and overall system to meet the LACRIS‘s ( Los Angeles Country Regional Identification System) specific needs.

KEYWORDS 3M Cogent, AFIS, identify criminals, law enforcement agencies, Los Angeles, Fingerprint.

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digital


CASO / ARTIGO

Tecnologia AFIS auxilia no processo de Identificação em Los Angeles por Waldyr Bevilacqua Jr.

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tecnologia é um facilitador importante. As empresas a utilizam para criar eficiências, melhorar a produtividade e, em última análise, aumentar os rendimentos. As agências de perícias também a usam para ajudar a identificar e processar indivíduos, com rapidez e precisão. Uma das principais tecnologias utilizadas nesses empreendimentos é um sistema automatizado de identificação de impressões digitais (AFIS). O AFIS ajuda a capturar e armazenar eletronicamente as impressões digitais para uma identificação mais rápida. O AFIS tornou-se uma ferramenta cada vez mais importante na identificação de suspeitos e ajuda a acelerar o processo de investigação.

As agências de perícias de Los Angeles, na Califórnia, Estados Unidos, dependem fortemente da tecnologia AFIS. Representando aproximadamente 88 agências de perícia na área de Los Angeles, o LASD e LAPD processam todos os resultados de impressões digitais correspondentes à região. Então, quando chegou a hora de atualizar o sistema AFIS central, um comitê foi montado com representantes das principais agências da região. Atualmente liderado pelo tenente Larry Bryant, do Departamento dos Xerifes de Los Angeles, o comitê identificou funcionalidades críticas em cada agência. Também foi especificado que seria bom ter uma tecnologia de ponta. Com a tecnologia mudando rapidamente,

o comitê do Condado Regional de Sistema de Identificação de Los Angeles (LACRIS) queria estar à frente e trabalhar com um fornecedor que poderia mantê-los sempre no futuro. Após um processo de RFP altamente competitivo e testes com os sistemas do fornecedor, o comitê do LACRIS decidiu que a 3M Cogent seria o fornecedor. Sediada no Sul de Pasadena, Califórnia, a 3M Cogent é o fornecedor líder de AFIS e soluções de biometria para impressão digital, atendendo governos, agências de perícias e outras organizações em todo o mundo. A 3M Cogent combina a propriedade de software de algoritmos com hardware otimizado por uma parceria com a IBM, para oferecer para as empresas líderes precisão e desempenho. Dentro de um ano, a 3M Cogent

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implementou o Los Angeles AFIS (LAFIS), melhorando a precisão e a velocidade onde os criminosos são identificados e os crimes resolvidos. O LAFIS foi baseado no sistema automatizado de identificação da palma da mão e de impressões digitais da 3M Cogent (CAPFIS). Usando o CAPFIS, a 3M Cogent configurou o fluxo de trabalho, interfaces e o sistema geral para atender a necessidades específicas do LACRIS. Talvez o maior desafio para 3M Cogent foi atender a necessidade do LACRIS, que era transferir cerca de 3,5 milhões de cartões de impressão digital para registros eletrônicos em 1000 pixels por polegada (ppi). Até aquele momento, os scanners de alta velocidade só podiam fornecer a resolução de até 500 ppi. Greg Hochstetter, gerente de Programas da 3M Cogent, explica como a empresa abordou este desafio: "nós trabalhamos com um parceiro que fornece tecnologia em digitalização, para desenvolver e testar um scanner que poderia fornecer imagens em 1000 ppi. Mas foi mais do que apenas desenvolver a tecnologia. Como os scanners usados ​no AFIS devem ser aprovados pelo FBI, nós trabalhamos com nossos parceiros para garantir que o novo modelo atendesse todas as exigências. Uma vez com a aprovação do FBI, estávamos à caminho do sucesso". Outro desafio importante foi a 44 |

digital

interface com os diversos tipos de sistemas usados ​​pelo LASD, LAPD e a justiça criminal de toda a comunidade de Los Angeles. "Nós pesquisamos uma ampla gama de sistemas desde habilitação via web até sistemas legados", explica Beatriz Calderon, supervisora de TI e coordenadora do projeto do Sistema LAFIS para a LASD. "A 3M Cogent foi capaz de garantir o novo LAFIS, e seria capaz de garantir a mesma integração entre todos eles". »» LAFIS em ação As agências de perícias utilizam o AFIS de duas maneiras. Primeiro, eles usam o sistema para identificar os criminosos. Mediante a prisão, as impressões digitais são coletadas e executadas através do sistema, oferecendo uma base importante de informações e antecedentes criminais. Para os estados com a lei "three strikes", que exigem prisão automática após três incidências criminais, o acesso imediato a estes dados é fundamental. De fato, o comitê exige que essas pesquisas não demorem mais que quatro minutos. De acordo com o tenente Larry Bryant, que agora lidera o projeto do Sistema de Identificação Regional de Los Angeles, a 3M Cogent não só encontrou resposta para sua necessidade, mas superou a necessidade da agência. "Queríamos ver uma Identificação positiva de 10 imagens em quatro minutos. O LAFIS consistentemen-

te oferece resultados com um tempo menor", diz. Na segunda forma de utilização, o AFIS é aplicado no processo de investigação da cena do crime. Imagens encontradas em itens na cena do crime (latente ou plana) são processadas, digitalizadas e enviadas para o sistema. O sistema faz então uma comparação entre as imagens encontradas e o banco de dados dos infratores. Na maioria dos casos, o AFIS procura as imagens latentes contra imagens laminadas, ou imagens tiradas durante o processo de reserva. O LAFIS, da 3M Cogent, está um passo adiante. "A 3M Cogent busca latentes nas imagens laminadas e flat", comenta Bryant. "Como resultado, nós tivemos 13% de aumento no número de visitas". Enquanto a velocidade é um problema, a precisão é muito mais importante, especialmente quando se tenta procurar um suspeito com fotos que já estão no sistema. A 3M Cogent possibilitou o LASD melhorar seus índices de precisão, o que reduz a necessidade de intervenção humana na comparação das fotos. E quanto menor a intervenção manual, menor os custos. "O padrão de precisão na maioria dos sistemas é de 94% a 95%", comenta o tenente Bryant. "A 3M Cogent foi o único fornecedor disposto a comprometer-se a uma taxa de precisão de 99% e em seu teste de aceitação atingiu 100 %". Bryant continua: "O LAFIS é o único que opera desse modo. A maioria dos sistemas usa binning e filtragem de registros para fazer as comparações. A 3M Cogent usa um tipo de comparação altamente eficaz, que é muito mais precisa na maneira de combinar fotos". Hochstetter explica: "Ao oferecer este nível de precisão, nosso sistema melhora a eficiência em todo o processo de combinar fotos. Ele nos permite oferecer operações com ‘luzes apagadas’,


ou seja, não é necessário intervenção humana para combinações com uma determinada percentagem de certeza na identificação de criminosos. No lado investigativo, a alta precisão reduz o número de candidatos que devem ser exibidos. Assim, nosso sistema aumenta a produtividade dos examinadores latentes e reduz os custos associados com o processo". O LAFIS permite excepcionalmente às agências LACRIS cadastrar as impressões não compatíveis a um arquivo latente de casos não resolvidos. Assim, a entrada de 10 fotos de um criminoso é automaticamente processada contra este arquivo, ajudando a garantir que os responsáveis​​ pelos crimes sejam identificados. O LAFIS também é capaz de armazenar cópias múltiplas para o mesmo assunto, o que ajuda aumentar as chances de encontrar uma correspondência. »» Parceria de Sucesso Como uma solução agrupada, o LAFIS oferece alta disponibilidade e utiliza fortemente o hardware e software da IBM. O sistema inclui o LAFIS software executado no hardware IBM pSeries e xSeries. Para

armazenamento de dados e gerenciamento de dados, a 3M Cogent alavancou a SAN IBM (Shark), Linear Tape- Open (LTO) tape backup and Tivoli Storage Manager e, para minimizar o tempo de inatividade, a 3M Cogent incluiu o multiprocessador Cluster IBM de Alta Disponibilidade (HACMP). A tecnologia IBM acrescenta inúmeros benefícios para o LAFIS. Hochstetter detalha: "O poder e a disponibilidade da plataforma IBM faz dela uma escolha ideal para este tipo de aplicação. E implementando um sistema IBM, o LASD foi capaz de diminuir seu datacenter de impressão para 1/8 ocupado pelo sistema anterior". Para satisfazer o hardware, software e serviços necessários da IBM, uma parceria da 3M Cogent foi feita com a Avnet Soluções. "A Avnet fornece suporte de diversas maneiras, desde facilitar compra de produtos a fornecer assistência técnica", acrescenta Hochstetter. Neste caso particular, a Avnet configurou a solução em seu centro integrado e enviados diretamente para o LASD. »» Inovações ao longo do sistema O LASD desenvolveu uma lista de características de ponta que gostaria de aproveitar, não hoje, mas em algum momento no futuro próximo. A 3M Cogent ofereceu um projeto altamente inovador e de última geração, recursos que permitiram a LASD incorporar essas características assim que a obtiverem. A funcionalidade sem fio é importante para o LASD. "Para ser capaz de executar uma impressão digital por meio do sistema em um carro de polícia e obter rapidamente uma identidade é extremamente valioso", confirma o tenente Bryant. "Agora, estamos executando vários testes de programas sem fio usando o LAFIS onde

temos sido capazes de identificar com precisão sujeitos no campo", completa. A capacidade de integrar outros sistemas biométricos no LAFIS, tais como reconhecimento facial, é outra vantagem que o LASD espera usar um dia. Além disso, eles querem ser capazes de expandir as imagens capturadas para além impressões digitais e palmas, para incluir todas as partes da mão e dedos. O LASD também planeja fazer a interface com sistemas adicionais externos, a fim de compartilhar recursos e melhorar o seu processo de identificação criminal. "A 3M Cogent é uma empresa com visão de futuro. Eles nos fornecem novas tecnologias que irão nos ajudar a fazer o nosso trabalho com mais precisão e eficiência não só hoje, mas para o futuro", concluiu o tenente Bryant.

Sobre o Autor Waldyr Bevilacqua Jr. é bacharel em Análise de Sistema e em Engenharia Química, mestre em Marketing e atuou como professor da Universidade de São Francisco. Posteriormente, foi engenheiro de Processo na empresa Alcoa. Atualmente, é gerente da área de Inteligência em Segurança da 3M, onde trabalha desde 1993.

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RESUMO Desde sua instituição, a ICP-Brasil vem ganhando notoriedade a cada ano e hoje já conta com um volume mensal de aproximadamente 100 mil certificados digitais emitidos, segundo o ITI. Além disso, diversos processos críticos são suportados atualmente pela ICP-Brasil, como o Sistema de Pagamento Brasileiro, os processos de assinatura digital de contratos de câmbio, as declarações de informações econômico-fiscais da Pessoa Jurídica, só para citar alguns exemplos. Com isso, garantir a robustez da ICP-Brasil é fundamental para todos os cidadãos e instituições, que se beneficiam da agilidade e segurança providos por essa infraestrutura.

PALAVRAS-CHAVE ICP-Brasil, certificado digital, Sistema de Pagamento Brasileiro, algoritmo criptográfico.

ABSTRACT Since its establishment, the ICP-Brazil has been gaining notoriety every year and today has approximately 100 000 digital certificates issued per month, according to the ITI. In addition, several critical processes are currently supported by the ICP-Brazil and the Brazilian Payment System, the digital signature process on exchange contracts, the statement of economic and fiscal information of Legal, to name a few. Thus, ensuring the robustness of the ICP-Brazil is very important for all Brazilians, who benefit from the convenience and security provided by this infrastructure.

KEYWORDS ICP-Brazil, digital certificate, Brazilian Payment System, cryptographic algorithm. 46 |

digital


CASO / ARTIGO

Detalhando a cadeia de Certificação V2 na ICP-Brasil

por Eder Álvares Pereira de Souza

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»» Introdução ICP-Brasil foi instituída em 2001 através da Medida Provisória 2.200-2, adotando o modelo de raiz única. Com isso, através dessa raiz, o governo brasileiro, através do Comitê Gestor da ICP-Brasil, define medidas para coordenar o funcionamento da ICP-Brasil, além de estabelecer os critérios, políticas, procedimentos e as tecnologias que serão adotadas com o objetivo de garantir a robustez dessa infraestrutura.

Sobre o ponto de vista tecnológico, uma infraestrutura de chaves públicas, como a ICP-Brasil, se beneficia da segurança dos diversos algoritmos criptográficos citados em suas resoluções e documentos normativos e esses padrões devem ser revistos frequentemente com o objetivo de garantir que a segurança se perpetue e junto com a infraestrutura de chaves públicas, todos os documentos e processos que a adotaram. Os algoritmos criptográficos são procedimentos matemáticos de co-

nhecimento público e a segurança das informações protegidas por esses procedimentos está na robustez das chaves criptográficas adotadas. O ponto principal nessa questão é o elevado ganho de processamento que os computadores têm obtido devido ao desenvolvimento de novas técnicas de construção dos processadores, ganho esse que possibilita a um simples computador doméstico testar uma grande combinação de chaves criptográficas por segundo. Com isso, se o universo de chaves criptográficas disponíveis para uso for pequeno, as informações protegidas por esses algoritmos crip-

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tográficos podem estar correndo um grande risco devido a facilidade em descobrir a chave utilizada para proteger essas informações. Com isso, rever o universo de chaves criptográficas disponíveis, através do tamanho dessas chaves e até os algoritmos utilizados atualmente é uma prática que deve ser adotada pelas entidades responsáveis pela segurança das infraestruturas de chaves públicas, papel desempenhado no Brasil pelo Comitê Gestor da ICP-Brasil. »» A Cadeia de Certificação ICP-Brasil Entre os diversos algoritmos criptográficos adotados pelo Comitê Gestor da ICP-Brasil e utilizados na cadeia de certificação atual, existem dois destinados ao processo de assinatura digital dos diversos elementos existentes na ICP-Brasil, como os Certificados Digitais, as listas de certificados revogados, os tickets OCSP, etc., são, o algoritmo criptográfico RSA e o algoritmo de hash SHA. Todos os documentos aceitos na ICP-Brasil são apresentados no DOC ICP-01.01 que foi atualizado para a versão 2.0, impondo a necessidade de se criar uma nova cadeia de certificação na ICP-Brasil, a cadeia V2. Iremos nos prender nesses dois importantes algoritmos e detalhar os motivos e as principais mudanças. »» Algoritmo assimétrico RSA O algoritmo assimétrico RSA foi criado em 1977 por Ronald Rivest, Adi Shamir e Leonard Adleman

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e apesar de ter sido patenteado, foi disponibilizado para uso público em 2000. É um algoritmo largamente utilizando nas infraestruturas de chaves públicas com o objetivo de assinar diversos elementos inerentes ao universo de chaves públicas como certificados digitais, lista de certificados revogados, documentos inerentes da operação dessas infraestruturas, etc. Atualmente as chaves públicas e privadas utilizadas pelo algoritmo RSA na ICP-Brasil estão na ordem de 1024 bits e, com isso, possuímos um universo de 21024 chaves possíveis para uso e esse tamanho de chaves protegeu os documentos assinados desde a criação dessa infraestrutura de chaves públicas. Contando com uma implementação correta dos processos de geração de chaves e criptografia, somente é possível adotar algumas técnicas com o objetivo de comprometer a segurança dos documentos protegidos por esse algoritmo e da infraestrutura de chaves públicas. Os dois ataques mais comuns atualmente são a fatoração da chave pública e a busca exaustiva pela chave utilizada no processo criptográfico. Falando sobre a fatoração das chaves, segundo o próprio site da RSA Labs, as chaves de 768 bits já foram fatoradas com sucesso por um time de pesquisadores em 2009. Ainda considerando a lei de Moore, que diz que o número de transistores em um processador dobra a cada dezoito meses, e a própria computação distribuída, que está

Ilustração 1: Cadeia ICP-Brasil contendo as Autoridades Certificadoras de 1° nível

digital

se tornando mais acessível através da internet, o poder computacional disponível para efetuar esses ataques está crescendo consideravelmente. Outra consideração feita pela própria RSA Labs é que uma chave de 1024 bits RSA tem a mesma robustez que uma chave de 80 bits utilizada em um algoritmo simétrico. Com isso, o recurso adotado para continuar protegendo as informações e a própria infraestrutura de chaves públicas é aumentar o tamanho das chaves utilizadas pelo algoritmo em questão. »» Algoritmo de hash SHA1 O algoritmo SHA1 é um algoritmo de hash desenvolvido pela NSA, publicado em 1995 através da FIPS PUB 180-1 pelo NIST e amplamente adotado com a finalidade de garantir a integridade das informações eletrônicas. Através do uso desse algoritmo, é possível gerar uma identidade, também conhecida como hash, contendo um tamanho fixo, nesse caso 20 bytes, que irá ser alterada se houver qualquer modificação no conjunto de informações eletrônicas que o originaram. Algumas vulnerabilidades já foram publicadas, entre elas um ataque apresentado em 2005 em uma conferência de segurança e criptografia, onde seria possível produzir uma colisão em apenas 263 operações. A colisão em um algoritmo de hash acontece quando outro conjunto de informações distinta e previamente tratadas produz, através do uso do algoritmo de hash, o mesmo


resultado que o conjunto de informações anterior. Com isso, seria possível alterar as informações existentes no conjunto de informações anterior, tratar essas informações e não ter seu valor de hash alterado, e com isso, não detectar essas alterações. »» A nova Cadeia de Certificação ICP-Brasil V2 Conhecendo as vulnerabilidades, os mecanismos de ataques atuais e olhando para esse novo cenário onde a computação distribuída está se tornando uma realidade, o Comitê Gestor da ICP-Brasil decidiu seguir um movimento internacional e atualizar os padrões de algoritmos criptográficos utilizados. Esse movimento já foi adotado pela Microsoft, que há algum tempo publicou o seu plano para migração de chaves e algoritmos em seus produtos. Outra importante atualização aconteceu pelo Departamento de Defesa Norte Americano que, considerando as questões apresentadas, publicou um documento conhecido como Suíte B, onde são apresentados os algoritmos reconhecidos e

inerente a operação dessa infraestrutura e cifragem de mensagens. Ainda segundo a Resolução 65 em seu anexo I, são apresentados os novos algoritmos a serem adotados na ICP-Brasil. Segundo esse anexo, as chaves assimétricas para o algoritmo RSA a serem utilizadas pelas Autoridades Certificadoras passarão a ser de 4096 bits ao invés dos 2048 bits atuais. Já as assinaturas digitais irão acontecer utilizando o novo SHA-512 ao invés do SHA-1 utilizado atualmente. Para os titulares dos exigidos pelo governo »» Ilustração 2: norte americano em Cronograma certificados digitais tamaplicações utilizadas de migração bém estão previstas mupara lidar com infor- dos algoritmos danças e, nesse caso, serão mações sensíveis desse e chaves geradas chaves assimétrigoverno. O documencriptográficas cas para o algoritmo RSA to SP 800-56A publiadotado pela de 2048 bits ao invés dos cado pelo NIST cita os Microsoft 1024 bits atuais. O algoritmo SHA-1 atualmente algoritmos SHA-256 e SHA-384 como os algoritmos exigi- utilizado no processo de assinatura dos certificados digitais também será dos nessas aplicações. Considerando esse movimen- atualizado, sendo agora solicitado to internacional, o Comitê Gestor no mínimo o algoritmo SHA-256 e da ICP-Brasil, através da Resolução permitido também o uso do SHA65, publicada em Junho de 2009 512. Além desses certificados digitais, aprova a versão 2.0 do documento contendo os padrões e algoritmos diversos outros elementos gerados criptográficos da ICP-Brasil, DOC- durante a operação dessa infraestru-ICP-01-01, e o plano para essa mi- tura de chaves públicas terão os algração teve sua última atualização goritmos de assinatura atualizados, publicada através da Resolução 68, como a lista de certificados revogadores e os tickets solicitados atrapublicada em Outubro de 2009. Este documento regulamenta os vés do protocolo OCSP, que agora padrões de hardware e os algoritmos também serão assinados utilizando criptográficos a serem empregados SHA-256 ou SHA-512. Já o anexo II dessa mesma reem todos os processos realizados no âmbito da ICP-Brasil, como geração solução apresenta o plano adotado de chaves criptográficas, geração de pela ICP-Brasil para efetuar essa misolicitações e emissões de certifica- gração. Segundo esse anexo, todas as Audos digitais, geração e verificação das assinaturas digitais dos elementos toridades Certificadoras deverão ter outubro - novembro - dezembro 2011 | 49


suas chaves de 4096 bits geradas, os novos certificados digitais utilizando chaves assimétricas de 4096 bits e SHA-512 emitidos abaixo da nova cadeia de certificação e seus sistemas habilitados para emitir certificados digitais com chave assimétricas de 2048 bits assinados com SHA-256 ou SHA-512 até 31 de Janeiro de 2011. A partir de 01 de Janeiro de 2012, nenhuma Autoridade Certificadora credenciada pelo ITI poderá emitir certificados digitais utilizando os padrões criptográficos anteriores e a cadeia de certificação antiga, e com isso, só poderão ser emitidos certificados digitais utilizando o novo padrão criptográfico e a nova cadeia de certificação. Vale lembrar que os certificados digitais emitidos utilizando o padrão criptográfico e as cadeias de certificação atuais serão válidas até atingirem a sua data de expiração.

zados atualmente para armazenar a chave privada e o certificado digital dos titulares. Diversos modelos de tokens criptográficos, SmartCards e até HSMs não estão preparados para gerar e armazenar chaves assimétricas de 2048 bits, sendo necessário a sua substituição no momento da renovação do certificado digital do titular. Com isso, no momento da solicitação de um novo certificado digital, se for o caso, o solicitante deverá verificar se o hardware criptográfico, que será utilizado para a geração e o armazenamento da nova chave privada e do novo certificado digital, está em conformidade com o novo padrão criptográfico adotado pela ICP-Brasil. Alguns fabricantes de Smartcards, por exemplo, estão inserindo uma identificação visual nesses Smartcards, alertando sobre essa compatibilidade. Provavelmente, se o SmartCard já está sendo utilizando a mais de um ano, sua substituição será necessária. Isso »» Impacto com a operação também vale para os HSMs, onde os da cadeia de certificação V2 modelos mais baratos e antigos não Diversos pontos deverão ser ava- possuem tal compatibilidade. liados em decorrência da operação Outro ponto importante a ser dessa nova cadeia de certificação. considerado são as aplicações que O primeiro ponto está relacionado fazem uso das chaves assimétricas aos hardwares criptográficos utili- e algoritmos de hash para assinar digitalmente docuAssinatura de certificados de AC mentos eletrônicos e verificar a validade Normativo DOC-ICP-01 - item 7.1.3 dessas assinaturas ICP-Brasil DOC-ICP-01 - item 7.2.3 digitais. Essas apliDOC-ICP-05 - item 7.2.3 cações deverão estar Suíte de sha1WithRSAEncryption habilitadas para utiAssinatura sha512WithRSAEncryption lizar chaves maiores sha512WithECDSAEncryption durante o processo Assinatura de certificados de usuário final

Normativo ICP-Brasil Suíte de Assinatura

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DOC-ICP-01 - item 7.1.3 sha1WithRSAEncryption sha256WithRSAEncryption sha256WithECDSAEncryption sha512WithRSAEncryption sha512WithECDSAEncryption

»» Tabela 1: Algoritmos aprovados para uso na ICP-Brasil através da Resolução 65

de assinatura digital dos documentos eletrônicos, além de estarem preparadas para validar essas assinaturas digitais, os certificados digitais que compõem essa nova cadeia de certificação e a lista de certificados revogados, que agora utilizarão chaves assimétricas de 4096 bits e algoritmos de hash SHA-256 e SHA-512. Com isso, avaliar a compatibilidade das diversas aplicações existentes para assinatura digital dos diversos documentos eletrônicos com esse novo padrão criptográfico é fundamental para garantir que nenhum processo de negócio seja interrompido inesperadamente, pois efetuando alguns testes superficiais, foi possível identificar algumas aplicações disponibilizadas publicamente que não estão habilitadas para utilizar esse novo padrão criptográfico. Está ciente dessas deficiências será importante no planejamento das correções, pois o esforço será implementar os algoritmos do novo padrão nessas aplicações ou até substituí-las. »» Conclusão A criação da cadeia de certificação V2 é uma necessidade e tem como objetivo garantir a segurança da ICP-Brasil e conhecer e estar preparado para esse novo padrão irá garantir algumas boas noites de sono para todos os envolvidos com processos de negócio que se beneficiam do uso dos certificados digitais emitidos na ICP-Brasil. Essa infraestrutura traz grandes benefícios como a desmaterialização e a agilidade dos processos de negócio, além da presunção de integridade e autenticidade. Garantir a segurança e perpetuação deste imenso avanço que é a infraestrutura de chave pública brasileira é uma atribuição do ITI e uma garantia de segurança para todos os cidadãos brasileiros.



RESUMO A primeira parte deste artigo, publicada na edição 6, concluía que os critérios essenciais de desempenho a serem considerados quando se avalia tecnologias de personalização de passaporte são qualidade, segurança, durabilidade e custos. Ao comparar o desempenho de diferentes sistemas em cada uma dessas áreas e revisar os resultados em relação a exigências prevalecentes de automação e centralização, as autoridades emissoras podem tomar decisões bem-informadas sobre a tecnologia que melhor se encaixa em suas demandas e aspirações.

PALAVRAS-CHAVE Personalização de passaporte, tecnologia inkjet e laser, segurança, transferência de corantes e pigmentos, durabilidade.

ABSTRACT The first part of this article, published in issue 6, concluded that the key performance criteria to consider when evaluating passport personalisation technologies were quality, security, durability and cost. By comparing system performance in these areas and reviewing the results against prevailing automation and centralisation requirements, issuing authorities are able to reach informed decisions about the technologies that best meet their requirements and aspirations.

KEYWORDS Passport personalization, inkjet and laser technology, security, dye and pigment transfer, durability.

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CASO / ARTIGO

Como personalizar um passaporte (segunda parte)

»» Figura 1: Os quatro critérios essenciais de desempenho para selecionar uma tecnologia de personalização de passaportes

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de desempenho: segurança, durabilidade e custos (figura 1). Também discutiremos os desafios da automação e listaremos argumentos a favor tanto da emissão centralizada quanto descentralizada de passaportes. Finalmente, e igualmente importante, vamos examinar as tendências de personalização de passaportes ao longo dos últimos sete anos, numa tentativa de prever o futuro com alguma precisão.

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Automação e Centralização

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primeira parte deste artigo examinava as preferências do mercado global por quatro tecnologias de personalização: jato de tinta, eletrofotográfica, gravação a laser e transferência térmica. Em seguida, o texto considerava o primeiro critério de seleção – a qualidade da imagem –, e concluía que cada tecnologia tem pontos fortes e fracos quando se trata da reprodução fiel e precisa de dados. A segunda parte considera outras variáveis do sistema que causam impacto sobre a qualidade da imagem, e revê os demais critérios essenciais

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Por Nick Nugent

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»» Segurança A segurança de um passaporte, ou de qualquer documento de valor, depende de duas propriedades fundamentais: ele deve ser fácil de verificar e difícil de reproduzir (ou alterar). No final das contas, a segurança de um documento sofre o impacto de diversas variáveis, e a escolha da tecnologia de personalização de impressão é apenas uma delas. Para recapitular, quatro tecnologias de impressão costumam ser usadas na personalização de passaportes: jato de tinta, eletrofotográfica, gravação a laser e transferência térmica. Laminados e revestimentos de película ultrafina têm um papel essencial na segurança e na proteção dos dados em três das quatro tecnologias de personalização. Ainda que uma película fina e de alta qualidade, um laminado ou cobertura OVD (oticamente variável) sejam projetados para satisfazer exigências contra falsificações e adulterações, um laminado ou cobertura cria uma camada adicional, e como tal está sujeito a tentativas de remoção por meios mecânicos, térmicos ou químicos. Se essa camada for rompida, a imagem e o texto protegidos por ela podem ser alterados. O uso de tecnologias de impressão com disponibilidade restrita ajuda a aumentar a segurança. Mesmo em circunstâncias nas quais é impossível proteger o processo de impressão propriamente dito, a segurança pode ser aprimorada com o uso de componentes e materiais restritos. Impressoras jato de tinta que aplicam tinta CMYK (ciano, magenta, amarelo e preto) comercial não são, por si só, seguras. Na verdade, esses sistemas são frequentemente considerados ferramentas para o falsificador. A incorporação de aditivos especiais à tinta, como materiais fluorescentes invisíveis, aumenta a

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segurança – desde que esses aditivos sejam restritos, detectáveis, duráveis e estáveis. Trata-se de uma lista desafiadora de características, mas materiais fluorescentes coloridos foram recentemente lançados no mercado. Ao mesmo tempo em que as características fluorescentes fornecem uma segurança sólida, elas são ocultas (nível 2), e não ostensivas (nível 1). Do ponto de vista dos responsáveis pela inspeção dos passaportes, uma característica ostensiva seria sem dúvida preferível. No entanto, para criar uma característica ostensiva, os sistemas jato de tinta costumam ser combinados a um laminado, ou a uma cobertura holográfica ou impressa com segurança. Já se disse que a impressão jato de tinta é mais difícil de ser adulterada do que a de toner, uma vez que ela penetra o papel. No entanto, este é apenas um dos fatores em questão, e o design e a construção da cobertura são no mínimo igualmente importantes do ponto de vista da segurança. Por exemplo: uma cobertura segura ultrafina (com menos de 10 mícrons) oferece mais segurança contra adulterações do que a escolha de jato de tinta em detrimento do toner. Sistemas eletrofotográficos de toner também estão amplamente disseminados, e seu uso não oferece desafio adicional para os falsificadores. Infelizmente, é tecnicamente muito difícil e comercialmente inviável incorporar aditivos ao toner – e por isso a atualização desses sistemas é mais complexa. Mais uma vez, laminados/coberturas OVD especiais ou impressas com técnicas seguras costumam oferecer segurança de nível 1. Os sistemas de transferência de corante e pigmento, ainda que comuns na impressão de cartões de plástico, só podem ser usados na impressão de páginas de passaporte se forem

convertidos em sistemas de re-transferência. Essa adaptação aumenta a segurança, principalmente quando se cria uma imagem ou texto de alta resolução. A incorporação de pigmentos luminescentes de segurança está se tornando padrão nesses sistemas, e laminados holográficos ultrafinos costumam ser usados para acrescentar segurança de nível 1. Esses sistemas, baseados em fitas, são adequados para a impressão de interessantes efeitos de reflexo, iridescência e outras características óticas. As partículas de pigmento que geram esse tipo de característica anti-cópia tendem a ter o formato de placas, e é virtualmente impossível imprimir esse formato de partícula de pigmento com sistemas jato de tinta ou toner. A gravação a laser oferece o mais alto grau de segurança. Ela combina menor disponibilidade comercial com efeitos que não podem ser criados utilizando as outras três tecnologias. Essa é também a única tecnologia de personalização capaz de gerar sua própria segurança de nível 1, graças à gravação de características de lente lenticular como MLI/CLI, ou ao uso de energia adicional do laser para perturbar a superfície da página e criar tatilidade. A segurança contra adulterações é especialmente parte desse processo, já que é mais difícil remover uma marca gravada do que uma impressão digital jato de tinta – que pode ser alterada por solvente. Aspectos holográficos, sejam transparentes ou metalizados, também podem ser incorporados à página de policarbonato que contém os dados, e um grau adicional de segurança é atingido com a gravação através do dispositivo transparente. Uma vez que a página de policarbonato gravada a laser não requer um laminado adicional, ela não sofre os impactos da fraqueza inerente aos


sistemas baseados em laminados. A visão de especialistas em documentos é a de que uma página de dados de policarbonato gravada a laser, quando bem projetada e bem construída, oferece o mais alto nível de resistência e segurança contra alterações, ainda que seja restrita ao modelo monocromático. Mesmo diante das características exclusivas do policarbonato, como MLI/CLI, tatilidade e gravação por hologramas transparentes, o papel seguro também tem pontos positivos. Eles incluem marcas d´água de alta segurança gravadas no molde, e fios de costura seguros. Algumas características do papel foram introduzidas às soluções dos compostos papel/policarbonato. As soluções de passaportes de policarbonato foram adotadas por três países do Oriente, e será interessante observar a reação dos falsificadores daquela região, conhecidos como os melhores do mundo, aos novos desafios impostos pela segurança da gravação a laser. Uma estratégia para se manter à frente dos fraudadores será oferecer uma combinação de tecnologias de personalização. Recentemente os governos começaram a emitir documentos personalizados por mais de uma tecnologia, criando uma combinação de características superiores. Essa tendência deve ganhar importância no futuro, e será abordada mais adiante neste artigo. Todas as tecnologias digitais aqui descritas podem ser usadas para criptografar códigos ocultos ou mensagens dentro da informação visual. Essas características secretas podem ser autenticadas com a utilização de aparelhos de nível 2. Um exemplo são as lentes usadas para revelar impressão segura do tipo "scrambled indicia". Características forenses de nível 3, escondidas em um patamar

ainda mais profundo, também são possíveis, e incluem aspectos como marcas d’água digitais. Quanto maior a precisão da tecnologia de personalização para estabelecer os elementos que formam a imagem, mais sólida será essa característica. »» Durabilidade Passaportes estão sujeitos a ambientes extremos, mesmo quando seu uso é normal. Também é importante lembrar que a maioria deles é válida por 10 anos. Em outras palavras: qualquer impressão terá de aguentar os rigores do uso por um período prolongado de tempo. Quando textos ou imagens impressas sofrem alterações com o passar dos anos, as consequências podem ser graves. Empalidecimento, amarelecimento, borrões e visualização de impressão invisível são questões que já causaram transtornos no passado. Além disso, laminados se mostraram suscetíveis a micro-rachaduras. No final das contas, qualquer tipo de deterioração complica o processo de autenticação de passaportes (quer seja manual quer automático). As primeiras soluções em cores tinham tendência a sofrer algum grau de empalidecimento. A difusão do corante e as impressões jato de tinta e toner de dez anos atrás tinham uma fixação leve, inferior à impressão segura – sendo que o amarelo era o mais afetado. Desde aquele período, fatores como reformulação, uso de materiais de melhor qualidade, substituição de pigmentos por corantes e a incorporação de absorvedores de ultravioleta aos laminados tiveram um papel importante no aprimoramento da estabilidade de luz dos sistemas de personalização em cores. Imagens gravadas a laser não sofrem deterioração, e até o momento vêm se provando duráveis em

qualquer condição de ambiente. A primeira geração de cadernetas, lançada em 1997, sofreu duramente com o problema das lombadas frágeis. As páginas de dados não aguentavam os rigores impostos pelo manuseio repetido e pelo movimento de abrir e fechar o passaporte, e acabavam se soltando. Novas tecnologias foram criadas para as lombadas das cadernetas, e atualmente os cerca de 40 milhões de passaportes de policarbonato em circulação são bem mais duráveis e oferecem um alto grau de proteção do chip. Ainda que muitas melhorias tenham sido feitas na longevidade dos passaportes ao longo da última década, é sempre prudente que os governos exijam evidências da durabilidade dos documentos, que façam uso de organizações capazes de realizar testes acelerados de envelhecimento (e ofereçam serviços objetivos de laboratório). »» Custo É difícil obter dados reais sobre o custo da compra, do uso e da manutenção das quatro tecnologias de personalização discutidas neste artigo. Não seria realista oferecer qualquer coisa além de comparações aproximadas de custos. O impacto da descentralização e da automação sobre os custos de um sistema de emissão complicam ainda mais a situação: na ausência de dados sobre custos locais de mão-de-obra, taxas de produção, padrões de turnos de trabalho, custos de transporte seguro e níveis de desperdício, as comparações de custo tornam-se ainda mais subjetivas. A complexidade das questões envolvidas e a relutância natural por parte de fornecedores e emissores em revelar dados sobre custos prejudicam os governos no momento de tomar decisões bem-informadas.

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Emissão de passaportes por país 160 140 120 100 80 60 40 20

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Observações gerais devem ser tratadas com cautela, uma vez que sempre há exceções. Tendo dito isso, vale a pena considerar os seguintes pontos: Ainda que os aparelhos de impressão jato de tinta sejam menos caros que os de outras tecnologias, esse benefício pode ser anulado por uma alta taxa de substituição, principalmente quando o equipamento não é robusto o bastante. Sistemas industriais de jato de tinta são cada vez mais usados na personalização de passaportes, especialmente em sistemas com alto volume de emissão. Ao passo em que os sistemas eletrofotográficos tendem a ser mais robustos que os aparelhos jato de tinta, os custos de substituição também são altos. Da mesma forma, toner é mais caro do que tinta. O custo dos produtos usados nos sistemas de transferência térmica e re-transferência é mais alto, já que a eficiência dos sistemas de fita é inerentemente menor que a de outras tecnologias de impressão digital. Ao contrário de outras tecnologias, a gravação a laser não requer o uso contínuo de produtos como tinta, fitas, toner ou materiais de cobertura. No entanto, de certa forma esse benefício de custos é anulado pelo valor da página de policarbonato e pelos gastos de capital, que tendem a ser mais altos. É importante ressaltar que diferenças de custo são insignificantes quando comparadas a outros custos relacionados ao sistema (como cadernetas, mão-de-obra, produção e desperdício). A introdução dos passaportes eletrônicos, que incluem um chip e componentes estéticos caros, aumentou de forma significativa os custos de produção. Em geral a diferença de custos entre os sistemas digitais de personalização representa apenas uma pequena porcentagem do custo total da emissão de um passaporte.

»» Automação e emissão em mais de um local A escolha da tecnologia de personalização pode impor limitações ao grau de automação e ao volume de produção – e, consequentemente, à eficiência do sistema em um ambiente centralizado ou descentralizado. Apenas como ilustração, a impressão eletrofotográfica – e, mais recentemente, a impressão jato de tinta – foi usada para personalização manual de baixo volume, e também para personalização semiautomática. Essas soluções são

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adequadas para sistemas descentralizados de emissão. Por oposição, soluções de gravação a laser tendem a ser usadas em ambientes maiores, centralizados e de grande volume. É claro que existem exceções: recentemente, sistemas jato de tinta de grande volume e de gravação a laser de baixo volume emergiram como reação às demandas do mercado. A emissão de passaportes a partir de um local central ou de vários locais em um país costuma envolver uma decisão política. Já foram apre-


Há uma relação direta entre o custo de uma caderneta em branco, dos laminados e até dos dados legítimos e a atração que eles exercem sobre a comunidade criminosa. A Icao recomenda um sistema centralizado de emissões, sob o argumento de que essa é a melhor maneira de "reduzir o número de locais onde documentos em branco e outros produtos de segurança são armazenados". O transporte desses produtos também aumenta os riscos de perda, principalmente quando é impossível identificá-los e rastreá-los individualmente. A Icao aconselha também que as cadernetas dos passaportes sejam perfuradas através da página, e que em algum momento seja incluída na MRZ (Zona de Leitura Mecânica) no momento da personalização. A decisão de emitir passaportes a partir de um local central não desqualifica automaticamente qualquer um dos sistemas »» Figura 2: descritos neste artigo. Tootimizar a segurança Tecnologias de das as quatro tecnologias quando o sistema é cenpersonalização tralizado. Nesse contexpodem ser utilizadas para de passaporte emitir passaportes a partir to, a segurança do local deve receber toda a ên- entre 2001 e 2008 de um único local, ainda fase possível. que aparelhos de baixo voUma quantidade lume talvez tenham de ser significativa de recursos já foi in- configurados para criar "fábricas de vestida em características e sistemas impressão". Garantir que os fluxos de segurança que protejam os pas- de trabalho resultantes sejam eficiensaportes dos falsificadores. Entre- tes e seguros já é um desafio em si. tanto, melhorias na segurança dos Por outro lado, é perigoso depender documentos andam de mãos dadas apenas de um sistema de alto volucom um aumento no "valor real" me, que pode ficar suscetível a um dos produtos legítimos utilizados. único ponto de falha.

Emissão de passaportes por volume, por ano (em milhões) 40 35 30 25 20 15 10 5

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sentados muitos argumentos a favor e contra a centralização. Eficiência, segurança, atendimento ao cliente e custos – todas essas considerações vêm sendo alardeadas como importantes. No entanto, no final das contas, não existe uma solução "tamanho único", que se encaixe em todos os casos. Cada autoridade emissora tem seu conjunto único e invariável de exigências, que reflete variáveis complexas como geografia, infraestrutura, processos de aplicação e questões políticas. É impossível negar que é mais fácil e menos caro

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É preciso lembrar que poucos governos de fato emitem todos os documentos de viagem em um único local. Na prática, embaixadas e consulados no exterior precisam ser capazes de emitir documentos, mesmo que seja apenas para uso em situações isoladas de emergência. Evidentemente, esses documentos precisam cumprir as mesmas exigências em termos de qualidade, segurança, durabilidade e custos. Tendo dito isso, a introdução de passaportes eletrônicos significa que documentos emitidos por locais remotos não precisam ser idênticos aos documentos emitidos localmente, desde que o nível de segurança seja o mesmo. O desenvolvimento contínuo de sistemas de personalização de passaportes resultou em níveis mais altos de automação. Quando grandes sistemas são usados, aspectos como Garantia de Qualidade, laminação e a ação de virar as páginas podem ser feitos in-line. Níveis mais altos de automação têm vantagens e desvantagens. Custos reduzidos de mão-de-obra, mais eficiência e uma produção mais consistente são contrabalançados por gastos mais altos de capital e sistemas mais complexos. Os sistemas modulares e escaláveis de personalização oferecidos por alguns fornecedores permitem às autoridades emissoras ajustar volumes e níveis de automação de acordo com suas necessidades. Para resumir, o volume real de emissão, o grau de automação e centralização variam de uma autoridade emissora para outra. Nem todas as tecnologias de personalização são igualmente capazes de acomodar diferentes exigências de volume e automação, e é preciso levar esses critérios em consideração na hora de selecionar a tecnologia de personalização mais adequada.

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»» O futuro Para ter uma compreensão mais clara do futuro das tecnologias de personalização de passaportes, vamos considerar o passado. Uma comparação dos dados de hoje com os de 2001 indicam a existência de uma revolução digital. Algumas tendências bastante interessantes podem ser identificadas dentro desse cenário de desenvolvimento geral. As estatísticas mostradas na figura 2 mostram como a tecnologia de personalização de passaportes mudou desde 2001: Em comparação com 2001, o número de passaportes emitidos anualmente aumentou de 80 milhões para 120 milhões (um salto de 50%). Em 2001, menos de um terço dos países emitia documentos digitais. Nesse meio-tempo, essa proporção aumentou para dois terços. A popularidade das quatro tecnologias de personalização discutidas neste artigo não cresceu de forma equilibrada desde 2001: • O uso da tecnologia jato de tinta aumentou drasticamente, em parte devido à melhoria na tecnologia dos aparelhos de impressão. • A participação de mercado dos equipamentos eletro-fotográficos caiu à proporção que as impressoras jato de tinta avançaram no segmento de preços mais baixos. • O uso da tecnologia de gravação a laser aumentou substancialmente, e ultrapassou as fronteiras europeias (onde sempre teve grande força). • Ainda que o uso de sistemas de re-transferência esteja mais disseminado, os números são distorcidos pelo fato de que a produção de passaportes nos Estados Unidos aumentou três vezes (os passaportes americanos respondem

por mais de dois terços dos passaportes a usar re-transferência de corante/pigmento no mundo). Ajustado aos 10 milhões de passaportes americanos adicionais emitidos anualmente (de um total de cerca de 17 milhões nos Estados Unidos), o crescimento dos sistemas de re-transferência térmica de corante/pigmento vem se mostrando relativamente estável desde 2001. Para ser justo, é preciso dizer que uma dúzia de conclusões diferentes e até contraditórias poderia ser tirada desses dados. A análise fica ainda mais complicada quando se considera que muitos países usam sistemas de segunda geração, baseados em tecnologias diferentes. Além disso, alguns governos utilizam uma tecnologia para a emissão dentro do país e outra para as embaixadas. Entretanto, fica evidente o crescimento acentuado das tecnologias jato de tinta e de gravação a laser. Essa tendência se explica porque ambas as tecnologias deixaram claras suas qualidades. Impressoras jatos de tinta conseguem produzir a mesma qualidade e durabilidade que os sistemas eletrofotográficos, e se transformaram na tecnologia preferida no caso de soluções de baixo custo e volume. A maioria dos sistemas de embaixadas e consulados é jato de tinta, e atualmente a maior parte dos vistos é personalizada utilizando uma impressora jato de tinta. Por oposição, os sistemas de gravação a laser tendem a ser escolhidos para aplicações de alta segurança, e também quando a emissão é centralizada. Um estudo dos sistemas de personalização de passaportes ao longo dos últimos dez anos mostra que as autoridades emissoras se afastaram dos sistemas manuais. Além de representar custos mais elevados de mão-de-obra, sistemas manuais têm


menos sucesso na produção de uma qualidade consistente e com boa relação custo-eficiência. Mas então, o que o futuro reserva? Mais do mesmo? Ou será que uma nova plataforma tecnológica vai atropelar tudo o que encontrar pelo caminho? Ainda que ao longo da última década os governos tenham abraçado a revolução da personalização digital, não há nenhuma nova tecnologia de impressão claramente identificável no horizonte. Mais do que isso: não há nenhum impulso comercial evidente para que essa tecnologia se desenvolva. No final das contas, muitos fornecedores de sistemas de personalização temem que o formato dos passaportes ID3 não vá durar muito tempo. Quais são as perspectivas do surgimento de um cartão, um celular, ou algum tipo de token com um chip que dispense qualquer contato? A tecnologia de identificação biométrica está se desenvolvendo a passos largos, e é possível que em breve os viajantes possam atravessar uma fronteira apresentado apenas o próprio rosto ou um dedo (ou seja, um resultado compatível de DNA). Enquanto isso, a tecnologia de personalização provavelmente avançará em ritmo lento e cauteloso, como reação à demanda por uma segurança que apresente boa relação custo-eficiência. Com apenas alguns segundos para verificar um documento, o oficial de fronteira está, a rigor, jogando uma espécie de "jogo dos sete erros" entre o documento apresentado e um documento genuíno. Uma vez que os passaportes estão praticamente saturados de características de segurança, esse setor terá de explorar cada vez mais uma tecnologia de personalização capaz de fornecer as características de nível 1 exigidas pelos oficiais de fronteira. Será que alguma das quatro tecnologias de personalização discuti-

das neste artigo é capaz de produzir as características ostensivas de segurança que os sistemas digitais comerciais não conseguem simular? Seria possível aprimorar o uso do laser e da segurança lenticular? Será que novos materiais podem ser aplicados por fitas térmicas ou tinta? Talvez os próximos anos testemunhem um uso mais disseminado de tecnologias combinadas – como, por exemplo, livretos personalizados com mais de uma tecnologia digital, aproveitando os pontos fortes de cada uma. A ICAO recomenda a adoção de um "conjunto equilibrado de características ou técnicas de segurança", e o uso de mais de um método de personalização certamente contribuirá para atingir esse objetivo. »» Conclusão A indústria de passaportes está vivendo uma revolução em duas frentes. Ao longo dos últimos dez anos, a personalização da impressão digital e a incorporação de chips biométricos mudaram radicalmente a produção, personalização, emissão e o uso dos passaportes. Dois fatores serviram de impulso para esses avanços: os infindáveis expedientes dos falsificadores e criminosos, e o espetacular crescimento no número de passageiros. Mas então, qual das tecnologias de personalização aqui discutidas oferece a melhor solução? No final das contas, os governos devem considerar muitas variáveis na hora de escolher um sistema de personalização de impressão. O principal objetivo é pôr em prática um sistema seguro e com boa relação custo-eficiência – um objetivo que enfrenta complicações de produção, qualidade, durabilidade, eficiência; que tem de lidar com a existência de sistemas anteriores e atingir um grau adequado de automação e centralização. Ainda que provavelmente cada governo vá selecionar apenas

um sistema para cumprir as exigências do país, existem várias tendências relevantes para qualquer autoridade emissora de passaportes. Dois movimentos importantes a serem considerados são o crescimento da automação e o aumento no uso de tecnologias combinadas. O recente surgimento de passaportes que contêm tanto dados biográficos em cores feitos por jato de tinta quanto por gravação a laser oferece um sabor do que está por vir. Soluções híbridas costumam representar uma opção segura e com boa relação custo-eficiência. Finalmente, e igualmente importante, é muito provável que os volumes de emissão cresçam. Ainda que alguns países tenham começado a emitir cartões de viagem – o que pode acabar reduzindo o número de cadernetas emitidas –, isso é contrabalançado pelo enorme crescimento no número de viajantes, especialmente na China e na Índia. Tecnologias capazes de acelerar a passagem de um país para outro sem comprometer a segurança serão o cerne das soluções do futuro, e os sistemas de personalização de impressão digital para passaportes sem dúvida terão um papel importante ao longo dos próximos anos.

Sobre o Autor Nick Nugent é formado em Química Aplicada pela Politécnica de Lanchester, da Universidade de Coventry, Inglaterra. Ele trabalhou durante 23 anos na empresa De La Rue e entrou para a Datacard em 2007. Desde então, vem usando sua vasta experiência no mercado de segurança de documentos para orientar o desenvolvimento de produtos e prestar consultoria para confecção de passaportes e cartões de identificação eficientes do ponto de vista de custos.

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Resumo Nas últimas duas décadas, os sistemas de assistência médica eletrônica (eHealthcare) o termo guarda-chuva para os sistemas de TI que armazenam e compartilham dados do paciente - tornaram-se cada vez mais sofisticados. O desafio que todos os países que os utilizam enfrentam agora é como criar um sistema integrado que seja não apenas eficiente em termos de custo, mas que, também, permita que pacientes e profissionais de saúde administrem os dados de forma segura.

Palavras-chave Saúde eletrônica, desenvolvimento, futuro, medicina, segurança,sistemas tecnológicos

Abstract Over the past two decades, eHealthcare systems – the umbrella term for IT systems that store and share patient data – have become increasingly sophisticated. The challenge now facing every country that uses them is how to create an integrated system that is not only cost-effective, but also enables both patients and healthcare professionals to manage data securely.

Keywords eHealthcare, development, future, medicine, security, Tecnological systems

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CASO / ARTIGO

Saúde Eletrônica Por Dave Howell

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as últimas duas décadas, os sistemas de assistência médica eletrônica (eHealthcare) - o termo guarda-chuva para os sistemas de TI que armazenam e compartilham dados do paciente tornaram-se cada vez mais sofisticados. O desafio que todos os países que os utilizam enfrentam agora é como criar um sistema integrado que seja não apenas eficiente em termos de custo, mas que, também, permita que ambos os pacientes e profissionais de saúde administrem os dados de forma segura. O gerenciamento e monitoramento remotos de pacientes através de smartphones, por exemplo, mostra como a assistência médica virtual pode ser aplicada praticamente até mesmo nas regiões mais remotas.

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»» O sistema de saúde SESAM-Vitale na França foi um sucesso

De fato, a evolução dos sistemas de Assistência Médica Eletrônica não é mais simplesmente uma questão de TI; é um imperativo social. Falando no Fórum Global de Saúde Eletrônica, David Galler, membro do Conselho da Comissão de Qualidade e Segurança em Assistência Médica da Nova Zelândia, disse: "A Saúde Eletrônica desempenhará um papel significativo no apoio, ativação e criação de soluções de assistência médica sustentáveis para o futuro".

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»» Altamente Confidencial O governo do Gabão, na África Ocidental, é um dos muitos a ter introduzido um esquema de cartão de saúde eletrônica, como parte de seu compromisso de ampliar a segurança social para cobrir todos os seus cidadãos. As pessoas podem usar os cartões para obter acesso à assistência em hospitais, farmácias e clínicas de saúde. O cartão de saúde eletrônica, portanto, ajuda a reduzir a fraude de benefícios, proporciona assistência médica às pessoas certas e garante que apenas profissionais médicos oficiais consigam acessar os dados dos pacientes. Para garantir que esses dados permaneçam confidenciais, o sistema usa os serviços de personalização Allynis Issuance da Gemalto e um sistema de verificação de dados da identidade, enquanto o próprio cartão é feito de policarbonato, um material que oferece um elevado nível de segurança e é resistente a condições climáticas extremas. Os requisitos do Gabão destacam o fato de que a segurança está no coração da assistência médica eletrô-

nica. "Mais do que quase qualquer outro tipo de informação, os dados do paciente são altamente confidenciais", diz Peter Langkafel, diretor da Indústria, Assistência Médica, Europa, Oriente Médio e África (Emea), na empresa fornecedora de software comercial SAP. "Portanto, a tecnologia precisa garantir que somente as pessoas com autorização possam ver esses elementos de dados que devem ver para a sua função. "A base técnica é um conceito bem pensado que define claramente as funções e os respectivos direitos de acesso". Assim, a assistência médica eletrônica e a assistência médica móvel se desenvolveram em torno de plataformas, tais como a Mobile Clinical Assistant da Intel (integrada no dispositivo tablet C5), que oferece aos médicos o acesso baseado em hardware aos registros dos pacientes, e o terminal Sealys eHealth da Gemalto, desenvolvido especialmente para o mercado alemão. Depois, há os sistemas baseados em cartões inteligentes para Registros de Saúde Pessoais (PHRs) que oferecem aos governos uma maneira de rastrear


e implementar demandas de assistência médica. Tais sistemas estão destinados a se tornarem comuns para os cidadãos em todo o mundo, que verão os benefícios práticos sob a forma de serviços mais eficientes, entregues a um custo menor e direcionados mais precisamente às suas necessidades específicas. »» Questões de Saúde Móvel Isto é particularmente verdade nos países em desenvolvimento, onde os governos estão cada vez mais aderindo às tecnologias digitais: muitos países que viram os efeitos mais amplos de transformação decorrentes da adoção da telefonia móvel estão agora expandindo o uso desta plataforma para gerenciar com segurança os dados do paciente, oferecer melhor atendimento e melhorar muito a infraestrutura de seus sistemas de saúde em geral - em outras palavras, os esquemas de saúde móvel. Este esquema de tecnologia móvel para a saúde da comunidade funciona em Gana, que utiliza mensagens de telefone móvel para fornecer informações relevantes sobre a saúde para gestantes e automatiza o processo de acompanhamento de pacientes que receberam assistência pré-natal ou pós-natal. O mesmo ocorre no ocidente, onde o uso de dispositivos móveis principalmente os smartphones mais recentes, liderados pelo iPhone da Apple - mostra como o gerenciamento remoto da assistência ao paciente pode ser realizado. Por exemplo, em novembro de 2010, a Tieto Healthcare divulgou um novo aplicativo para iPhone chamado iMi-Mobile, que fornece aos profissionais de saúde acesso imediato a informações para assim otimizar processos, reduzir tempos de espera, garantir o fluxo de informações e tomar decisões de alta qualidade.

»» A importância da interoperabilidade No relatório "Saúde Móvel para Desenvolvimento", da Fundação das Nações Unidas, Patricia Mechael, Consultora de Telemedicina e Saúde Móvel do Projeto Millenium Villages, do Earth Institute na Universidade de Columbia, escreve: "Com a saúde eletrônica e a saúde móvel, recomenda-se uma abordagem ecossistêmica. Muitos dos aplicativos básicos e dispositivos existem e estão em uso, mas, agora, precisamos fazê-los se comunicar uns com os outros de uma forma que traga benefícios estratégicos". A interoperabilidade é claramente um grande obstáculo. Peter Langkafel, da SAP, afirma: "Existem três barreiras principais, começando com as preocupações sobre a segurança dos dados e direitos individuais dos dados. "A segunda é a transparência. Nem todo mundo está interessado em ser transparente, já que todos os possíveis erros e efeitos financeiros seriam transparentes também. Embora esta seja uma enorme mudança em termos de melhoria da qualidade e aumento da eficiência, alguns participantes vêem isso mais como uma ameaça. "A terceira barreira é a padronização. Os médicos não gostam de ser ‘padronizados’ - a sua percepção da função é que eles são mais parecidos com um artista, e não um proprietário do conteúdo de uma parte específica do processo. Mas a padronização pode significar se livrar do caos e ter ainda mais liberdade e tempo para os pacientes, já que o tempo e a energia não são desperdiçados em tarefas desnecessárias".

Sobre o Autor Dave Howell é consultor para pequenas empresas e escreve sobre tecnologia e informática há mais de 15 anos. outubro - novembro - dezembro 2011 | 63


RESUMO Encontro realizado entre presidentes de Imprensas Oficiais da América Latina promoveu amplo debate sobre questões relacionadas a projetos de governo em Certificação Digital e sobre documentos eletrônicos com validade jurídica.

PALAVRAS-CHAVE Documentos eletrônicos, assinatura digital, autoridade certificadora, governo eletrônico, transparência, segurança e perenidade, Redboa.

ABSTRACT Meeting held between Presidents of Latin America’s Official Presses promoted wide debate on issues related to governmental projects in digital certificates and electronic documents with legal validity

KEYWORDS Electronic documents; digital signature; certifying authority; E-government; transparency, security, continuity, Redboa

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CASO / ARTIGO

Imprensas Oficiais da América Latina debatem soluções de governo em certificação digital por João Paulo Foini e Saulo Marques

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a primeira quinzena de novembro, presidentes das Imprensas Oficiais da América Latina estiveram reunidos na Cidade do México para a troca de experiências administrativas e tecnológicas, além do debate de temas de interesse comum. Participaram do encontro presidentes das Imprensas Oficiais da Argentina, Brasil, Chile, Guatemala, México, Paraguai e do Uruguai. A Associação Brasileira de Imprensas Oficiais (Abio) apresentou estudo elaborado por uma equipe de técnicos da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo e aprovado

pelos demais integrantes da Associação. Com enfoque nas questões relacionadas a projetos de governo em certificação digital e documentos eletrônicos com validade jurídica, o estudo traz a análise de alguns aspectos e apresenta sugestões. Entre as propostas estão ações que as Imprensas Oficiais podem adotar de forma a contribuir para a evolução da desmaterialização do documento físico para o eletrônico. »» Desmaterialização x plataformas tecnológicas A desmaterialização e a conversão do fluxo de trabalho em platafor-

mas tecnológicas vêm acelerando o processo produtivo. A mudança tem permitido agilidade na localização da informação, transparência e perenidade. A legalidade e a integridade das transações eletrônicas são garantidas com a utilização da Certificação Digital e do seu suporte jurídico. Como alicerce desta evolução está o certificado digital que funciona como uma carteira de identidade eletrônica, permitindo que transações realizadas via internet tornem-se perfeitamente seguras, já que as partes envolvidas deverão apresentar mutuamente suas credenciais, comprovando as suas identidades. A certificação digital traz inúmeros benefícios para os cidadãos e para as instituições que as adotam. É pos-

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sível utilizar a internet não só como meio de comunicação, mas também para tornar disponíveis diversos serviços com maior agilidade, facilidade de acesso e substancial redução de custos, aliada a segurança. Essa tecnologia agrega qualidade, compromisso social e modernidade em benefício de todos e traz mudanças de paradigmas: • Digital x manuscrito: a semelhança da assinatura digital e da assinatura manuscrita restringe-se ao princípio de atribuição de autoria a um documento. Na manuscrita, as assinaturas seguem um padrão, sendo semelhantes entre si e possuindo características pessoais e biométricas de cada indivíduo. Ela é feita sobre algo tangível, o papel, responsável pela vinculação da informação impressa à assinatura. A veracidade da assinatura manuscrita é feita por uma comparação visual a uma assinatura verdadeira

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tal como aquela do documento de identidade oficial; • Assinatura digital: nos documentos eletrônicos não existe um modo simples para relacionar o documento com a assinatura. Ambos são compostos apenas pela representação eletrônica de dados, ou seja, por uma sequência de bits (0s e 1s), que necessitam de um computador para a sua visualização e conferência. Na assinatura digital, a assinatura gerada é diferente para cada documento, pois está relacionada ao resumo do documento; • Autenticidade e integridade: apesar das diferenças, a técnica de assinatura digital é uma forma eficaz de garantir autoria de documentos eletrônicos. No Brasil, a medida provisória nº 2.200 garantiu a validade jurídica de documentos eletrônicos e a utilização de certificados digitais para atribuir autenticidade, integridade e validade jurídica aos docu-

mentos eletrônicos; • Validade: o certificado digital, diferentemente de alguns documentos utilizados usualmente para identificação pessoal, possui um período de validade. Só é possível assinar um documento enquanto o certificado é válido. É possível, no entanto, conferir as assinaturas realizadas mesmo após o certificado expirar. »» Portais de governo eletrônicos Compete aos governos a definição de políticas de atendimento da sociedade em portais de governo eletrônico. O princípio básico para este serviço é que os envolvidos na relação apresentem suas credenciais com toda segurança no universo eletrônico, bem como tenham a capacidade de efetuar suas assinaturas eletrônicas com todo o suporte jurídico. Isso só é possível com o uso do certificado digital.


Tais demandas abrem oportunidades de desenvolvimento de soluções eletrônicas, tanto para a estruturação de processos dentro do governo, entre governos e principalmente para a sociedade. O uso da certificação digital está seguindo um ciclo natural, que está divido em três etapas: • Primeira geração: Disseminação do uso de certificados digitais para reconhecimento de pessoas físicas e jurídicas. Mais especificamente políticas, emissão de documentos eletrônicos (cartões), crachás de funcionalismo público etc; • Segunda geração: Utilização em larga escala de documentos que deverão se perpetuar. Exemplo: escritura de imóvel que deve perdurar por várias gerações de uma mesma família ou mesmo um registro histórico arquitetônico que identifica uma época. Dessa forma, as Imprensas Oficiais poderão prestar serviços de assinatura digital, cronologia, guarda

digital e localização de documentos eletrônicos gerados não só pelo governo, mas também por instituições representativas da sociedade; • Terceira geração: Prestação de serviços eletrônicos ao cidadão – as Imprensas Oficiais poderão desenvolver sites de atendimento eletrônico baseados na utilização da Certificação Digital. As Imprensas Oficiais, responsáveis pela transparência, segurança e perenidade das informações públicas, podem assumir estas atividades e desenvolver projetos na esfera pública. Suas atuações podem abranger de um documento eletrônico até a implantação de soluções que viabilizem integralmente que todos os fluxos de um processo ocorram no universo digital. As Imprensas Oficiais podem promover a evolução do ciclo de uso de certificação digital atingindo um elevado nível de prestação de servi-

ços para a sociedade, solidificando o seu papel e assumindo um pioneirismo na prestação de serviços na era da informação.

Sobre o Autor João Paulo Foini, especialista em interatividade digital, portais corporativos, certificação digital e soluções de governo eletrônico com 25 anos de atuação no mercado de Tecnologia da Informação. Atualmente é o responsável pela gerência de produtos de tecnologia da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. Saulo Marques, especialista em certificação digital, documento eletrônico e soluções para diário oficial eletrônico com 15 anos de atuação no mercado de TI e pós-graduado em gestão de projetos. Atualmente desenvolve iniciativas para Diário Oficial do futuro e tem atuado em projetos de massificação do uso da certificação digital no Governo do Estado de São Paulo.

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RESUMO A necessidade de maior segurança nos documentos de identidade tem impulsionado uma série de mudanças significativas nos últimos anos. Documentos modernos de identidade devem suportar muitos tipos de ameaças, desde tentativas de alteração física a anos de manuseio descuidado em uma variedade de ambientes e condições climáticas. A fim de proporcionar os cartões mais seguros, duráveis e resistentes ao clima, a indústria está cada vez mais adotando o policarbonato.

PALAVRAS-CHAVE Cartões de policarbonato, segurança, durabilidade, resistência à adulteração.

ABSTRACT The need for greater security in identity credentials has driven a number of significant changes in recent years. Modern ID documents are required to stand up to many types of stress, ranging from attempts at physical alteration, to years of inconsiderate handling in a variety of environments and weather conditions. To deliver the most secure, durable and climate-resistant cards, the industry is increasingly turning to polycarbonate as the material of choice.

KEYWORDS Cards polycarbonate, safety, durability, tamper-resistance.

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CASO / ARTIGO

Inovação no design e na fabricação de documentos de identidade de policarbonato Por Ismael Dykman

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necessidade de maior segurança nos documentos de identidade tem impulsionado uma série de mudanças significativas nos últimos anos. Uma das mais significativas foi um maior nível de investimento, tanto nas próprias credenciais como nos sistemas de emissão do titular do cartão. Isso tem criado uma demanda por melhor retorno sobre o investimento, na forma de cartões mais duráveis e resistentes. Documentos modernos de identidade devem suportar muitos tipos de ameaças, desde tentativas de alteração física a anos de manuseio descuidado em uma variedade de ambientes e condições climáticas. Substituir os cartões danificados é algo caro. A fim de proporcionar os cartões mais seguros, duráveis e resistentes ao clima, a indústria está cada vez mais adotando o policarbonato.

»» Segurança, durabilidade e resistência à adulteração O policarbonato possui propriedades exclusivas. Quando usado em sua forma pura, não combinado com outros plásticos, as diferentes camadas de policarbonato que compõem o documento de identidade se fundem para formar um corpo unificado e sólido. Isso preserva a integridade do documento, evita a desmontagem e a retirada de componentes autênticos para fins de fraude e protege as características de segurança que se encontram sob a superfície do cartão, incluindo as informações personalizadas irreversíveis gravadas a laser. Além de suportar recursos de segurança tradicionais, como impressão de segurança offset, tintas opticamente variáveis ou ​​ fluorescentes, hologramas e dispositivos de imagem difrativa opticamente variável, o policarbonato também suporta

funcionalidades de segurança altamente resistentes a fraudes que são visíveis a olho nu. Estas características, que são facilmente autenticadas pelas autoridades competentes sem a necessidade de ferramentas ou leitores especiais, incluem imagens a laser inalteráveis e informações personalizadas gravadas a laser. Além disso, a natureza durável do policarbonato permite a produção de documentos de identidade com longa vida útil, podendo durar dez anos ou mais. Ele pode comportar uma ou mais tecnologias legíveis eletronicamente, incluindo chips de contato, sem contato ou de interface dupla e marcadores de radiofrequência (RFID). O policarbonato conquistou a confiança de governos em todo o mundo e é hoje cada vez mais usado na produção de programas avançados de cartões múltiplos de identidade nacional, programas nacionais de passaporte e de habilitação de condutor.

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»» Evolução no design de cartões de policarbonato Apesar de o policarbonato estar emergindo como o material preferido para identidades seguras, a LaserCard Corporation (agora parte da HID Global) foi pioneira no uso de policarbonato há mais de 25 anos, como resultado do desenvolvimento de sua tecnologia de mídia óptica de segurança em cartões de identidade. O policarbonato representa o meio ideal para suportar a mídia óptica de segurança devido à sua durabilidade e propriedades ópticas. O uso mais extenso do policarbonato tem sido impulsionado pela seleção de cartões de policarbonato com mídia óptica de segurança para o cartão de residente permanente dos Estados Unidos, o conhecido programa Green Card, no final da década de 90. Muitos governos e organizações nacionais seguiram o exemplo do Green Card, que comprovou sua durabilidade ao longo de mais de dez anos de vida útil. São muitos os desafios associados ao processamento de policarbonato, um material com o qual é muito difícil de se trabalhar. Nos últimos anos, o policarbonato também tem sido utilizado em programas multitecnológicos de identificação, como o cartão de identidade nacional da Arábia Saudita, o cra70 |

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chá de identificação dos Carabinieri (a força policial nacional da Itália) e, mais recentemente, a mais nova geração do Green Card dos Estados Unidos. Nesses casos, o processo de design e fabricação é exponencialmente mais complexo, pois deve levar em conta a durabilidade relativa, espessura, tolerância ambiental e outras qualidades de diferentes tecnologias, tais como a incorporação de marcadores de radiofrequência ou microprocessadores, garantir a integridade da estrutura do cartão, e seguir os padrões internacionais. »» Qualidades do policarbonato Com o tempo, a indústria de cartões passou de documentos em papel para uma ampla gama de materiais, incluindo policarbonato, poliéster, PETG, PVC, ABS, Teslin e compósitos. Policarbonatos são um grupo de polímeros termoplásticos que são facilmente moldados, termoformados e não delamináveis. O policarbonato tornou-se um dos principais materiais utilizados em programas de documento de identidade de alta segurança e está rapidamente se tornando mais e mais presente em uma ampla gama de aplicações. Isto acontece, em grande parte, porque o policarbonato supera outros materiais, de longe, em três

atributos principais: durabilidade, expectativa de vida e estabilidade ambiental. Como pode ser visto na ilustração, o policarbonato excede em muito a vida útil e a faixa de temperatura operacional até mesmo do material de PVC mais sofisticado ou de compósitos de PVC utilizados na fabricação de cartões. Devido às suas características de durabilidade, resistência a temperatura e a impacto, o policarbonato mantém-se extraordinariamente bem em condições meteorológicas e ambientais extremas, sendo preferível a outros plásticos ou materiais compósitos usados em cartões de identidade avançados. Em regiões com calor e umidade extremos, cartões feitos de outros materiais plásticos podem facilmente derreter ou deformar com o calor ou luz solar direta, efetivamente acabando com a vida útil do cartão bem antes de sua data designada de validade. O policarbonato, resistente ao estresse térmico, oferece uma alternativa que pode prolongar em muitas vezes a vida útil do cartão. Governos em algumas áreas que agora reemitem carteiras de motorista a cada ano podem se beneficiar econômica e administrativamente através da emissão de documentos baseados em policarbonato que duram até 10 anos. Quando comparados com o


custo de cartões mais baratos, que precisam de substituição frequente, os cartões de policarbonato podem oferecer vantagens econômicas e administrativas em longo prazo. Fabricantes de carteiras de motorista e documentos de registro de veículos tradicionalmente usavam materiais menos caros para satisfazer as prioridades econômicas de agências governamentais no mundo inteiro. No entanto, as vantagens relativas do policarbonato, bem como a sua relação custo-benefício, tornam-o um dos protagonistas do futuro nesta classe de documentos. »» Protegendo chips habilitados para marcadores de radiofrequência O policarbonato também oferece níveis mais elevados de proteção para marcadores de radiofrequência (RFID) laminados dentro da estrutura do cartão. O poliéster, embora muitas vezes utilizado em diversos

cartões de RFID, pode descamar de forma relativamente rápida, assim sujeitando a RFID incorporada a uma falha prematura. Por outro lado, técnicas especiais de incorporação de RFID em policarbonato permitem agora uma proteção eficaz e de longo prazo para marcadores RFID. A maioria das licenças compatíveis com a WHTI (Western Hemisphere Travel Initiative, ou Programa de Viagens no Hemisfério Ocidental, lei norte-americana que exige que todos os viajantes exibam um documento seguro válido em viagens aos Estados Unidos a partir do hemisfério ocidental) é construída com estruturas compostas. Uma opção melhor é soldar por calor a antena e o chip diretamente na estrutura da placa de policarbonato. O encapsulamento do chip totalmente em policarbonato evita o estresse induzido pelo uso de estruturas alternativas de encapsulamento composto, protegendo-o contra danos.

»» Desafios na fabricação de documentos em policarbonato O policarbonato, apesar de ser uma opção excelente para programas de documentos de identidade devido à sua durabilidade e resistência à temperatura, apresenta desafios significativos de engenharia e produção. A produção consistente de cartões de policarbonato é um processo difícil que requer conhecimentos especializados. As empresas que têm superado os obstáculos mais significativos e que são capazes de estender os benefícios do policarbonato a uma ampla gama de clientes e programas de documentos de identidade altamente seguros têm uma vantagem estratégica significativa. Um desses desafios é a dificuldade em se perfurar cartões de policarbonato. Outro desafio é a personalização da difusão de corantes, quando estes devem ser especialmente formulados ou o policarbonato deve

Durabilidade e resistência à variação de temperatura dos materiais de cartão 10 9 8

Policarbonato

7 6 PVC OPET

5

PETG-PVC

4

PVC High Vicat

3

A no s

PVC

1

-40 ˚C -20 -10 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220

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ser revestido com uma camada receptora de corante ou ser laminado com uma camada de PVC. Hoje em dia, apesar de a impressão de transferência de corante ainda dominar a base de cartões de identidade com emissão tradicional, a indústria está cada vez mais adotando a gravação a laser. Com a transferência de corante, as tinturas podem desaparecer e as imagens são frequentemente sujeitas a indefinição pela migração dos corantes resultante da exposição à umidade ou a plastificantes em carteiras. As informações personalizadas que residem na superfície do cartão podem ser removidas com removedor de esmalte, produtos químicos, abrasivos ou outros meios fraudulentos de modificação, mesmo quando as imagens estão protegidas por um adesivo de durabilidade. A vantagem da gravação a laser, por outro lado, é a durabilidade da imagem. A gravação a laser produz somente uma imagem em escala de cinza, mas essa imagem é criada pela carbonização do plástico e é invulnerável aos efeitos da umidade, plastificantes ou desbotamento na luz solar. Além disso, a imagem gravada a laser é queimada no corpo do cartão e não pode ser removida, proporcionando assim um maior nível de resistência à manipulação fraudulenta do cartão. 72 |

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Mais ainda, a gravura pode ser tátil, não tátil ou uma combinação, dependendo das condições de gravação e da estrutura de cartão. Em algumas aplicações, a fim de obter a resistência a fraude da gravação a laser combinada com a disponibilidade de uma imagem colorida do titular do cartão, é usada uma combinação de gravação a laser e impressão de transferência de corante. Os fabricantes devem, portanto, ser capazes de trabalhar efetivamente com policarbonato para permitir tanto a transferência de corante como a gravação a laser a fim de atenderem as demandas do mercado de forma bem-sucedida. »» Testes de durabilidade Além dos programas citados acima, vários programas de identificação em grande escala no mundo inteiro confiam na construção de policarbonato. Uma das provas mais rigorosas de durabilidade foi fornecida pelo programa do Sistema Automatizado de Manifesto (AMS, na sigla em inglês) do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. O sistema AMS de identificação seguro de carga usa documentos de policarbonato como a base de uma solução robusta e multifuncional de identificação que vem apresentando um desempenho confiável em al-

guns dos ambientes mais severos do mundo, incluindo zonas de guerra, ambientes em alto-mar e extremos de calor e frio durante um período de quase 20 anos. Os cartões sobreviveram à exposição a 77 °C, foram mergulhados em água salgada por semanas a fio, sujeitos a respingos de café forte da marinha e até atropelados por um veículo de infantaria Bradley - sem danos. Porta-vozes do Departamento de Defesa disseram: "Com uma taxa de falha de praticamente zero, este foi o meio mais durável e confiável visto em mais de 30 anos de experiência com a logística do Departamento de Defesa". Os cartões ainda estavam funcionando perfeitamente quando o programa foi encerrado em 2010 após uma migração para tecnologias de software e satélite.

Sobre o Autor Ismael Dykman, atuou, nos últimos anos, como gerente de vendas governamentais para a América Latina de uma importante fornecedora de soluções de identificação. Ele conduziu o desenvolvimento e a venda de programas de identificação nacional em larga escala na Nicarágua e Guatemala e nos sistemas de emissão de passaportes no Brasil. Dykman é vice-presidente da Smart Card Alliance Latin America.



FlashES Cidadania digital fotos: wenderson araújo e JOsé Ayres





Pra terminar...

NATAL É TEMPO DE... “Então é Natal…”. É o que diz a música. Aliás, não só esta, mas todas que tratam do tema. O Natal é em geral retratado como um período doce e feliz, com famílias calmamente reunidas e aproveitando a chance para uma boa reflexão. De onde, pelamordedeus, vem essa imagem? Quem foi o redator desse comercial? Não sei como é para você, mas o fim de ano é sempre uma correria enorme para mim. Família, trabalho, amigos, compromissos e mais compromissos.

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Sobra agenda, falta calendário. Fato é que, ao longo dos anos, adquiri uma visão quase que pessimista do período de festa do fim de ano. A origem é remota, lá da infância baiana, das brigas de seu Fernando e dona Nilma sobre onde passar a ceia. Mainha, claro, queria na casa da própria mãe; painho idem, mas com a minha avó paterna. O resultado eram discussões eternas, as mesmas todos os anos. Eles ainda tentavam negociar o almoço do dia 25, mas o ‘X’ da questão era mesmo a noite da véspera. Sobrevivi às brigas familiares natalinas, mas agora é preciso conviver com a inexistência de tempo para tanta coisa. E olha que nem estou falando de compras não, viu? Isto já está resolvido, e muito bem. Vou estocando presentes a partir da Páscoa. Em dezembro, só entro no shopping para ir ao cinema ou comprar as lembrancinhas das diversas festas que tenho de atender. Aliás, um dos momentos tensos desses dias é o tal do amigo-oculto, que na Bahia a gente chama de amigo-secreto. Secreto é modo de dizer, porque de reservado nada há. Se for celebração de trabalho, então, a possibilidade de sigilo é quase nula. É um atestado desabonador dos bons ambientes de trabalho um amigo, de fato, oculto. No grande dia, na hora da ‘revelação’, tem gente que sabe até o que o Douglas-da-contabilidade com-

prou para a Joana-da-informática. Não basta saber quem tirou quem, é preciso investigar quem comprou o quê para quem – e por quanto. Nessa guerra (divertida, admito) pela informação do amigo-coletivo – tai o verdadeiro nome da brincadeira – já tive a chance de ver o inusitado: gente oferecendo dinheiro para comprar o bilhetinho com o nome do chefe. E também o mais previsível: colegas implorando para trocar o papel com o nome do mandatário por qualquer outro. ‘Por favor, eu fico com o dedo-duro-do-almoxarifado, faço seus relatórios de janeiro e ainda te ajudo a pagar o presente do chefe...’. ‘Não, não, obrigadinha. O nome dele caiu em boas mãos, as suas!’. É claro que nem tudo é problema em dezembro. Ao contrário, é sim um tempo de festa e alegria, sou apenas eu que preciso me organizar melhor para atender a todos os convites e ainda manter o ritmo de trabalho. E Natal, na publicidade oficiosa – quase um inconsciente coletivo –, é também tempo de recomeço. E aqui dá para acreditar. O momento é, sim, para reflexão. É a hora de fechar o balanço do ano. Que a gente possa fazer uma pausa na atribulada agenda para ver com mais calma o cotidiano, valorizar quem está ao nosso lado e que, em 2012, estejamos cada vez mais conectados – e não apenas por meio de redes sociais. Marcio Peixoto é editor da revista idigital. "Pra terrninar..." é o espaço de crônicas da idigital, aberto a colaborações de funcionários das associadas ABRID. Mande seu texto para revista@abrid.org.br


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