Revista idigital 5

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idigital - revista da associação Brasileira das empresas de tecnologia em identificação digital - ano 02 - número 05 - abril/maio/junho de 2011

ENTREVISTA Sidney Levy e o universo digital

TEcNOLOGIA VERDE ABRID e SOS mata Atlântica rumo à Rio+20

HOmENAGEm

Presidente da ABRID recebe medalha da PF



REVIStA DA ASSOCIAçãO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE tECNOLOGIA EM IDENtIfICAçãO DIGItAL - ABRID

14 . cAPA NOS 10 ANOS DA ICP-BRASIL, O DESAfIO É POPULARIzAR A CERtIfICAçãO DIGItAL

08 . ENTREVISTA Sidney levy, da Valid, analisa o universo da tecnologia digital e avisa: é preciso respeitar a vontade do consumidor.

52 . casos E ARTIGOS 54. DATAcARD guatemala produz carteiras nacionais de identificação de alta segurança 58. GEmALTO deixe as máquinas se comunicar 62. ImPRENSA OFIcIAL DE SP tecnologia aplicada ao serviço público beneficia cidadão 66. LASERcARD documentos estaduais de registro de veículos da índia: sucesso na luta contra falsificação e evasão fiscal 70. NXP a arquitetura única integralsecurity protege os dados do usuário e aplicações

80 . PRA TERmINAR aH, o FaX...

ANOS

24 . SEBRAPP Perícias em debate

28 . cARDS E ID BRAZIL São Paulo recebe os maiores eventos da identificação digital

32 . cERTFORum Começa a rodada 2011, que vai visitar quatro cidades

38 . WORKSHOPS encontros regionais preparam o brasil para o Ric

42 . HOmENAGEm Presidente da abRid recebe outorga deferência Policial Federal

46 . mAIS VERDE abRid e SoS mata atlântica defendem a economia verde

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A certificação digital completa 10 anos no Brasil e a idigital faz, nesta edição, o registro dessa história em uma série de entrevistas com atores principais desse processo. A ICP-Brasil, criada em 2001, é a certidão de nascimento de um novo país. No Brasil do novo milênio a vida migra para o computador, para o virtual. É a desmaterialização.

Ricardo Padue

PALAVRA DO PRESIDENTE

A palavra, num primeiro momento, parece até complicada para o ouvido leigo, coisa de ficção científica. Na prática, porém, boa parte do empresariado já convive com a desmaterialização, seja ao emitir uma nota fiscal eletrônica, seja ao atestar com certificação digital a veracidade de um e-mail. Se para nós da ABRID temas como certificação digital e desmaterialização são, mais do que rotina, negócios, há quem desconheça os termos. E é aqui justamente que está o desafio: levar o certificado digital ao cidadão. O governo brasileiro tem tido uma atuação importantíssima nesse ciclo. Um passo essencial foi a redução de impostos sobre equipamentos de informática, medida que permitiu o acesso de percentual considerável dos brasileiros a um computador em casa. Vem aí também a internet a custo menor. Mas a grande revolução nessa área é mesmo o RIC. O Registro de Identidade Civil começa a chegar às mãos das pessoas com a chancela da certificação digital. Em poucos anos, parte considerável da população terá o seu cartão e diversas aplicações para o certificado digital vão surgir. Neste número da idigital você também vai conferir uma detalhada entrevista com o Sidney Levy, da Valid, uma das pessoas mais importantes do universo da tecnologia digital. De forma lúcida e clara, Levy olha para trás e para frente, numa análise do que já vivemos no setor e do que nos espera. Acompanhe ainda detalhes da parceria da Associação com a ONG SOS Mata Atlântica. Juntos, vamos inserir nosso seguimento nos debates internacionais da economia verde para chegar em 2012 com propostas efetivas na Conferência da ONU Rio+20.

EXPEDIENTE idigital é uma publicação da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia em Identificação Digital (ABRID). Presidente: Célio Ribeiro Diretor de identificação digital: Edson Rezende Reportagem: Iara Rabelo e Marcio Peixoto EDITOR: Marcio Peixoto MTB 4169/DF Revisão: Millena Dias Tiragem: 3.000 exemplares Periodicidade: trimestral Contato: (61) 3326 2828 Projeto gráfico e diagramação: Infólio Comunicação - www.infoliocom.com - (61) 3326 3414 (Os cases e artigos assinados não refletem o pensamento nem a linha editorial da revista e são de inteira responsabilidade de seus autores)

Boa leitura! Célio Ribeiro, presidente da ABRID

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ENtREVIStA

senhor tecnologia Sidney Levy, da Valid, é uma memória ambulante do universo da tecnologia digital. De olho em todas as novidades do setor, ele acredita que o importante é respeitar a tendência ditada pelo consumidor Se houvesse um livro a ser escrito sobre a história da tecnologia de segurança gráfica no Brasil e seus avanços nos últimos 30 anos, Sidney Levy seria um dos autores principais. Engenheiro de produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com mestrado em Engenharia pela COPPE-RJ e especialização em administração pelo Institute of Management Development, em Lausanne, Suíça, Levy atualmente é presidente do conselho da Valid, onde ocupou o cargo de diretor presidente por 17 anos. Entre as empresas em que já atuou estão a Casa da Moeda (1976 a 1981), Thomas de La Rue Brasil (1981 a 1991) e DLR Lerchundi, na Espanha (1992 a 1994). Foi ainda presidente da American Chamber (20052007) e é membro do conselho de administração das companhias Cedae, Ediouro e Ancar.



Entrevista: sidney levy

Sidney Levy recebeu a idigital em seu escritório na Valid, no Rio de Janeiro, para a entrevista que segue, quando analisou as tendências e fracassos tecnológicos e ainda ofereceu dicas para executivos de empresas. idigital: O senhor atua há 30 anos no setor de tecnologia gráfica. Neste período, qual foi a novidade tecnológica que mais o impressionou? Sidney Levy: O chip. Há 20 anos nós começamos a associar o chip aos 10 |

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materiais de impressão gráfica, como o cartão, e hoje ele está presente no dia a dia das pessoas. No início, o pessoal achou que era para usar no telefone público. Tínhamos um chip muito simples que apenas descontava os valores até acabar. Foi a primeira utilização em massa do chip. Esse processo foi evoluindo e hoje o chip está no cartão de crédito, você tem cartões com dois chips, chips com antenas e isso também está no simcard do celular. No futuro, teremos uma integração dos chips com os ce-

lulares e a internet, uma espécie de “internet das coisas” em que todas as tecnologias serão integradas. Haverá uma convergência e uma desmaterialização da vida, vários fluxos em uma highway de informação. id: E do outro lado da linha, as apostas que não vingaram, houve muita coisa que prometia ser revolucionária e acabou de outra forma? SL: Sim. Eu mesmo fui entusiasta de um tipo de CD prateado, uma


um chaveiro. Essa é uma tendência das empresas e suas tecnologias, ou se reinventam ou acabam. Há mais de 100 anos foi iniciado o índice Dow Jones, das 180 empresas, apenas a General Eletrics continua funcionando até hoje. id: O senhor já vivenciou isso na história da empresa em que trabalha? SL: Uma coisa de que tenho muito orgulho é que nossa empresa tem pouco mais de 50 anos e nós começamos fazendo cheque. No Brasil, o cheque crescia de forma impressionante no passado, vinham pessoas de vários países para nos visitar e entender como o brasileiro usava o cheque. E de repente o cheque acabou. E nós conseguimos nos reinventar, ter outros produtos e nos manter no mercado. Em questão de tecnologia sempre temos que estar atentos ao que a sociedade adota, ao que o comportamento do consumidor nos indica, ao que o usuário ganha com isso.

formação no papel. Há coisas que vêm e permanecem na vida das pessoas. Por exemplo, há 100 anos usávamos uma moeda para pagar uma pipoca na rua, e atualmente ainda fazemos o mesmo. Assim como um livro, que é prático, portátil e leve. Você pode dar para outras pessoas, pode fazer anotações no livro, sublinhar frases. É uma invenção muito útil. Agora, isso vai acabar? Será que os novos tablets e as novas telas da espessura de um papel vão durar? Eles ainda têm muita luminosidade, cansam as vistas, têm reflexo. Será que nossa sociedade viveria sem papel? Para algumas coisas isso faz sentido, mas para outras não. Quando abrimos uma revista impressa, abrimos um universo em nossas mãos.

Iara Rabelo

“Em questão de tecnologia sempre temos que estar atentos ao que a sociedade adota, ao que o comportamento do consumidor nos indica”

»» Sidney espécie de laLevy é sercard, em que se podia gravar presidente do Conselho da muitas coisas. Valid E, de repente, isso não foi para frente. Isso aconteceu também com o Zipdrive, que equivalia a mais de 100 disquetes. Hoje, o cloud computing e os outros tipos de armazenagem de dados substituíram esses sistemas antigos. Podemos, por exemplo, ter uma grande armazenagem em uma memória flash, tipo pen drive, em

id: Como o senhor resumiria as transformações na área de segurança gráfica ao longo destas três décadas? Haveria uma paper less society? SL: Eu tenho 54 anos. Quando eu comecei a trabalhar as pessoas já falavam desse conceito. No entanto, para a nossa entrevista temos perguntas impressas e eu fiz anotações em um papel. Há estudos que mostram que as pessoas têm muito mais retenção de informação quando leem a in-

id: Um novo conceito que ganha força a cada dia é o de desmaterialização da vida. Como o senhor vê esta tendência e quais são as consequências para o trabalho das empresas? SL: Esse conceito é uma realidade nos dias de hoje. Há muitas coisas que não fazem sentido, como uma caixa enorme para embalar um objeto como um iPhone. A sociedade nos últimos tempos exagerou na materialização da vida. Então, ela naturalmente vai fazer esse equilíbrio. No entanto, sabemos que o velho e bom papel funciona. Às vezes quando vou a uma reunião em que cada pessoa está com sua tela, já sei que aquele encontro não vai a lugar nenhum. Pois a pessoa está preocupada apenas com a interação com a própria abril - maio - junho 2011 | 11


Iara Rabelo

»» Do escritório do Rio de Janeiro, Sidney Levy acompanha as ações da Valid no Brasil e no mundo máquina. Às vezes temos que desconectar para conectar. Por outro lado, há cada vez mais serviços proporcionados pela tecnologia que fazem parte da vida diária das pessoas e que realmente proporcionam esta ideia de desmaterialização da vida. E paralelo a isso temos o green economy em que as empresas ganham dinheiro com as ações sustentáveis. Melhorar as ações das empresas, reduzir o desperdício e usar a tecnologia são ações que contribuem para gerir de uma forma melhor a escassez de recursos do planeta. A fábrica que fizemos em Sorocaba já é uma fábrica verde, que tem um investimento maior, mas que aca-

ba se tornando mais barata. A vida sempre se reinventa. id: De que forma a criação de uma associação repercute na atuação do setor de tecnologia

SL: Existe um livro chamado Trust (referência ao livro Confiança: as Virtudes Sociais e a Criação da Prosperidade, do norte-americano Francis Fukuyama) que diz que as sociedades mais avançadas são aquelas que se organizam em grupos. Elas têm um grande movimento de associações como forma de se organizar e lutar por seus direitos. Por mais que exista uma concorrência natural entre as empresas, alguns pontos são comuns entre todas e estes são necessários para o sucesso de todas. Então, isso é importante para as empresas e socialmente. No Brasil, ainda temos poucas associações, que são de grande importância para

“É o cara que tem um pensamento original que vale muito para uma empresa, é isso que as empresas procuram”

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de identificação digital? Que avaliação pode ser feita do trabalho desenvolvimento pela ABRID nestes primeiros trêsquatro anos de existência?


o desenvolvimento do país. As associações são positivas. É o caso, por exemplo, da Câmara Americana de Comércio (Amcham), que eu presidi. Há mais de 95 anos, algumas pessoas resolveram se reunir e fundar a associação que hoje tem grande representatividade no cenário nacional. O trabalho de uma associação é construído ao longo do tempo e perpetua ideais. id: O Brasil tem um dos projetos de documento de identidade mais modernos do mundo. O que o RIC vai trazer de cidadania para o brasileiro?

SL: Algumas nações no mundo conseguem fazer algo que chamamos de leap frog, o salto do sapo. Países como a China fizeram isso com suas estradas e aeroportos, revolucionando a questão do transporte naquele país. O Brasil tem todos os ingredientes para que se possa fazer esse grande salto no que se refere ao documento de identidade do brasileiro. Mas há um grande desafio, o de levar isso para o cidadão comum e a dificuldade de se conseguir implementar um projeto tão ambicioso. id: A nossa sociedade está pronta para isso? SL: Sim. Temos todos os ingredientes para que esta revolução aconteça, o que se precisa é coordená-los de uma maneira que se possibilite al-

cançar o sucesso do projeto. Temos tudo para conseguir nosso leap frog. O brasileiro está pronto para isso. Há uma preparação social, e há recursos financeiros para um projeto dessa magnitude. Existem empresas que têm tecnologia para poder dar suporte para este projeto. id: Em 2011 a ICP-Brasil comemora 10 anos. Que balanço pode ser feito das evoluções na área da certificação digital nesse período? SL: Na certificação digital, o Brasil já deu seu grande salto. Isso já é uma realidade. Principalmente para as empresas, com a nota fiscal eletrônica. O Brasil com este projeto já está à frente do resto do mundo. Assim como fez com o imposto de renda e com o sistema de votação eletrônico, que caminha agora para ser biométrico. O grande desafio ainda é a inclusão digital para popularizar a certificação digital. Precisa-se que todas as peças do crescimento brasileiro estejam conectadas.

“O grande desafio ainda é a inclusão digital para popularizar a certificação digital”

você não sabe o que vai acontecer com você daqui a 15 dias, o que é importante é a sua capacidade de reagir e de flexibilizar. Eu vejo que há executivos que não avançam um pouco pela dificuldade de compreender o que o mundo está dizendo para ele e o que ele acreditava antes, assim como o que ele é capaz de dizer para o mundo. No entanto, há outro oposto. Eu assisti um filme chamado Zelig (referência ao filme Zelig, do norte-americano Woody Allen), que tem um personagem que fica igual às pessoas que o cercam, concorda com tudo. Isso pode ser o lado oposto, a pessoa se torna tão flexível que não tem um core, uma série de princípios. Primeiro, defina seus princípios e objetivos, aquilo que você realmente acredita e pelos quais você vai lutar, depois saiba ser flexível em algumas situações. A frase do Darwin resume isso: ‘Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças’. Vejo muita gente que não tem core, vai com a maioria e ele vale pouco para uma empresa. É o cara que tem um pensamento original que vale muito para uma empresa, é isso que as empresas procuram.

id: O senhor tem larga experiência em cargos de gestão. Que conselhos daria para os jovens executivos? SL: Tenha sorte, pois ela ajuda muito. Bom, na verdade o que vou dizer vale para os jovens e para os mais velhos, vale para todos. Como vivemos em um mundo muito incerto,

Iara Rabelo

“Será que nossa sociedade viveria sem papel? Para algumas coisas isso faz sentido, mas para outras não”

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ANOS


a Primeira dÉcada da certiFicação digital Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira, a ICP-Brasil, completa 10 anos com transformações no mundo comercial e o desafio de popularizar o certificado digital entre os cidadãos comuns


CAPA

»

célio riBeiro, Presidente da aBrid, e renato matini, Presidente do iti

A

C Raiz, chave pública, AR, chave privada, AC, ICP-Brasil. Todos esses termos ainda são desconhecidos da grande massa da população brasileira. Há 10 anos, porém, mesmo os antenados no mundo digital não os conheciam totalmente. O vocabulário do parágrafo acima passou a ficar comum no universo tecnológico brasileiro a partir de 2001, com a criação da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira, a ICP-Brasil, um conjunto de normas que cria a plataforma para a certificação digital no país. A Medida Provisória 2.200-2, assinada em 24 de agosto de 2001, é a certidão de nascimento da certificação digital brasileira. O documento estabelece que a ICP-Brasil foi instituída para “garantir a autenticidade, a integridade e a validade jurídica de documentos em forma eletrônica, das aplicações de suporte e das aplicações habilitadas que utilizem certificados digitais, bem como a realização de transações eletrônicas seguras”. 16 |

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A MP determina que a função de autoridade gestora das políticas do setor é exercida pelo Comitê Gestor da ICP-Brasil, vinculado à Casa Civil da Presidência da República e composto por representantes governamentais, da sociedade civil e de setores interessados. Ao longo de 20 artigos, a Medida Provisória 2.200-2 normatiza ainda, por exemplo, as competências do Comitê Gestor e as delimitações da Autoridade Certificadora Raiz (AC Raiz). Também foi a 2.200-2 que transformou o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI) em autarquia federal e o definiu como AC Raiz da ICP-Brasil. O sistema adotado no Brasil gera uma rede de certificação. A partir da AC Raiz, nascem as Autoridades Certificadoras (AC) de primeiro e segundo níveis. Uma AC é uma entidade pública ou privada que emite, distribui, renova, revoga e gerencia os certificados digitais. Na hierarquia, depois das ACs vêm as ARs – Autoridades de Registro. São elas as responsáveis pela interface entre

o usuário e a AC. Vinculadas a uma Autoridade Certificadora, as ARs recebem, validam e encaminham as solicitações de emissão ou revogação de certificados digitais. Também fazem a identificação, de forma presencial, dos solicitantes. A autenticação dos certificados acontece de forma criptográfica em softwares por meio do uso de chaves públicas e privadas. O processo de implantação do certificado digital no Brasil é gradual, para garantir a segurança do sistema e evitar atropelos em um país tão grande e repleto de diferenças regionais. Hoje a certificação já é algo cotidiano para alguns seguimentos, como o empresarial e o Judiciário. Os integrantes do primeiro emitem notas fiscais eletrônicas e declaram imposto de renda de forma certificada, entre outros benefícios, enquanto na Justiça cresce a cada dia o uso do processo digital, que permite a tramitação segura de peças de forma virtual. Dentro do cronograma da digitalização certificada, a próxima fronteira é o cidadão comum. Embora


muitos usem a certificação digital de forma indireta, em sites de compra on-line ou no acesso ao banco na internet, a maioria da população não tem consciência do procedimento. Para vencer o desafio de popularizar a certificação digital já há um elemento chave: o Registro de Identidade Civil. O novo cartão RIC, além dos diversos itens de segurança física, tem a garantia do certificado digital. Com o aumento das emissões dos novos documentos de identidade, naturalmente vão surgir aplicações para o certificado digital pela população. As possibilidades são diversas: automação, acesso a serviços públicos ou relacionamento com empresas privadas, entre muitos outros. Como entidade que reúne as principais empresas envolvidas na certificação digital, a ABRID acompanha de perto todo o processo. O presidente da Associação, Célio Ribeiro, avaliou que a implantação gradativa mostra a forma responsável com que o tema é tratado no país. “Qualquer iniciativa séria na área tecnológica tem de ser feita paulatinamente, para evitar atropelos. Implantar a certificação digital é uma escadinha, um degrau de cada vez”, disse. Nesta escada, confirmou Ribeiro, o próximo passo é de fato a popularização do certificado. “Eu sempre digo que o RIC é a revolução cidadã. É ele que vai mudar, para melhor, a forma como a pessoa comum se relaciona com o governo e com o setor privado. Haverá um sem-número de usos para a nova identidade e tudo isso graças à certificação digital”, comentou. Para entender melhor o significado dos 10 anos da ICP-Brasil e os rumos da certificação, a idigital reali-

zou uma série de entrevistas. Confira nas páginas seguintes as conversas com o presidente do ITI, Renato Martini, o presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, o vice-presidente de Relações Institucionais da Certisign, Julio Cosentino, e o presidente da Unidade de Negócios Digital Identity da Serasa Experian, Igor Rocha.

RENAtO MARtINI, PRESIDENtE DO ItI idigital: Quais foram as bases para a regulamentação do certificado digital no Brasil? Renato Martini: Eu diria que os dois primeiros passos foram construir duas plataformas. Primeiro, uma plataforma tecnológica, a tecnologia – certificado digital é tecno-

operem, que elas funcionem. O segundo passo é uma infraestrutura jurídica, ou seja, o certificado digital tem validade jurídica, a assinatura digital tem validade probante. Se eu assino digitalmente, eu tenho a mesma validade da minha assinatura manuscrita. Então, essa é a infraestrutura jurídica, que é dada na lei brasileira. A assinatura de uma nota fiscal eletrônica, de um contrato de câmbio, de uma petição eletrônica, tem a mesma validade como se fosse num papel e assinasse digitalmente. Id: E como funciona na prática a aplicação dessa validade jurídica, como é a conferência de uma assinatura digital? RM: Isso ocorre em software. No mundo da vida, no mundo cotidiano quando você confia em alguém, você vai lá e aperta a mão, você abre a porta da tua casa. São sinais de confiança. No mundo criptográfico, essa mostra de confiança se dá quando eu pego a minha chave privada, que está trancada nos mais altos níveis de segurança física, porque essa chave privada não pode ser perdida em hipótese alguma, eu pego a chave pública de uma AC, levo até o meu ambiente e lá, num procedimento criptográfico técnico, eu assino e – por isso a palavra certificação – certifico a chave pública. Eu digo ‘sociedade, a chave pública desta AC é de fato desta mesma AC’. É quando eles apertam as mãos, eu estou dizendo ‘pode confiar’. Com esse certificado, a AC monta a sua cadeia de certificação. Quando você for emitir o seu certificado, você vai dentro do chip do cartão gerar um par de chaves – uma pública e uma privada – e a AC,

"VIROU CIDADãO, VOCê É CIBERCIDADãO, PORqUE NãO BAStA HOJE tER UM PEDAçO DE PAPEL COM UM NúMERO, VOCê tEM qUE tER UM EqUIPAMENtO – O RIC SERá UM EqUIPAMENtO, ELE NãO É UM PEDAçO DE PLáStICO – qUE VAI tE CONECtAR" logia. E uma segunda plataforma, que é a plataforma jurídica. Você precisa ter ACs credenciadas - esse é o nosso papel, credenciar – fiscalizar, auditar para que essas ACs obedeçam o padrão de segurança, de interoperabilidade semelhante no país. Por isso, é um sistema nacional, em que todas obedecem o mesmo padrão, é preciso que elas

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diVulgaÇão

com a chave privada dela, vai assinar a sua pública – e ela vai fazer a mesma coisa, porque ela vai fazer uma identificação presencial. Id: A certificação digital faz parte, na verdade, de uma revolução tecnológica. Muita coisa aconteceu nesta área nos 10 anos da ICP-Brasil, o país tem acompanhado esse movimento mundial, o que tem sido feito para isso? RM: Uma é o equipamento. Isso foi relativamente fácil de resolver, o preço do equipamento despencou, conjuntamente com a melhoria do padrão de vida econômico, ou seja, várias camadas sociais conseguiram chegar ao equipamento. A internet é um segundo problema, no certificado digital, no chip dele não vem um computadorzinho e nem internet. Não basta ter um computador desconectado. Quem tem um computador fora da rede, não tem porcaria nenhuma – tem uma geladeira que não gela. Tem que ter conexão, tem que ter banda larga, esse é um elemento fundamental. O Brasil está se organizando, o Ministério das Comunicações está se estruturando 18 |

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claram Imposto de Renda obrigatoriamente com certificado digital. Este ano começa o uso do Conectividade Social, que é para os direitos sociais, FGTS etc. O que muda na vida do empresário? Se você for hoje nos maiores emissores de nota fiscal eletrônica do Brasil – a nota fiscal eletrônica é um projeto da Receita Federal, e você falar assim para ele ‘você gostaria de voltar a emitir nota em papel?’, ele vai dizer ‘Deus me livre, eu precisava de um galpão para guardar papel’. Uma empresa como a Souza Cruz, que é um dos maiores emissores de nota fiscal do Brasil, ela emite mil notas fiscais por hora, quando tinha um contencioso com a Receita, com a Justiça, fisicamente levava num caminhão as notas fiscais. Hoje vai tudo num DVD, num CD. Você tem mais inteligência. Hoje no Brasil você tem superávit fiscal porque o Brasil investiu na inteligência fiscal. Você tirou o cara que ficava no balcão para atender e botou o cara no core business da Receita, que é fiscalizar, arrecadar.

ANOS

com a Telebrás para enfrentar esse desafio. Esse é um desafio da civilização brasileira, o Brasil tem que entrar na internet, porque se não estiver conectado, vai estar fora da vida. A vida civil está se transformando na vida civil eletrônica, ela está indo para a internet. É um processo inexorável e quem não se identificar nessa nova rede vai ser um cidadão sem cara, sem face. O certificado digital cumpre esse papel, e o RIC mais ainda. Quer dizer, virou cidadão, você é cibercidadão, porque não basta hoje ter um pedaço de papel com um número, você tem que ter um equipamento – o RIC será um equipamento, ele não é um pedaço de plástico – que vai te conectar, que vai te colocar nessa rede onde couber para que você se identifique. Inevitavelmente, o exercício de direito acontece com a identificação. Id: Muitos empresários brasileiros já têm a certificação digital, com este fato mudou o cotidiano deles? RM: As empresas de lucro real e de lucro presumido têm que ter certificado digital. Desde ano passado, todas as empresas chamadas de lucro real e lucro presumido já de-

Id: Qual o próximo desafio para o certificado digital? RM: Levar para o cidadão. A empresa brasileira não vive hoje sem um certificado digital. Contrato de câmbio, nota fiscal eletrônica, Receita Federal, agora o Conectividade Social, uma empresa pequena, média e grande não vive sem. Então, nós temos dois desafios, a microempresa, e essa vai ser atingida pelo Conectividade Social, e o cidadão. O cidadão, como empreendedor individual, como microempresa, é uma fronteira que nós ainda temos que chegar. Empresa, já é uma tema resolvido, temos aplicações, ela já tem certificado digital hoje, ela já entende, conhece e usa. Agora, o cidadão de carne e osso é o desafio.


Id: E como esse desafio de popularizar a certificação digital tem sido enfrentado? RM: Eu acho que a única forma de resolver isso é com o RIC, é com a identidade civil. A certificação digital para a pessoa física, ela está ainda num círculo vicioso, quer dizer, ela não tem aplicação porque não tem certificado digital, mas também não ter certificado digital porque não tem aplicação. É diferente da empresa. A empresa já tem aplicação. Esse é o desafio. Como é uma massa grande de gente e, veja bem, eu volto ao tema da nota fiscal eletrônica. Eu viro para uma grande empresa e digo ‘você não faz mais nota fiscal de papel, dane-se, vire-se, compre um certificado e se arrume’. A empresa vai comprar e isso vai se pagar rapidamente. Agora, eu não posso virar para um cidadão e falar assim ‘olha, meu filho, para você se aposentar agora é só no portal na internet e compre o certificado e vire-se, senão você não se aposenta’. Em sã consciência, ninguém vai fazer um tipo de ação agressiva dessa. São estratégias complicadas porque o Brasil é um país desigual economicamente, em termos de internet, é um país com alto nível de exclusão digital. São desafios que a civilização brasileira se coloca e ela vai resolver com o tempo. Se a gente for pensar, há cinco seis anos ter um computador, ter um notebook era negócio para rico. O impacto das políticas nos últimos anos jogou o preço do computador para baixo violentamente.

RM: O crescimento da ICP-Brasil nestes últimos anos foi escalar. Como todo bom projeto tecnológico, ele é sempre um processo escalar. Fazendo uma comparação com nosso processo eletrônico de votação, o TSE não começou com a urna eletrônica no país inteiro. Ele começou com um estado, depois ele foi para dois, depois ele ocupou uma reunião. Ele foi escalarmente dominando essa técnica até que o país foi todo coberto. E está estudando agora técnicas de biometria para a urna, fez pilotos em regiões, aí vai generalizando, recua, avança. A ICP-Brasil não é diferente de nenhum grande projeto tecnológico. Ela cresceu de forma escalar. Quando começamos, tínhamos três, quatro ACs, o Brasil hoje tem nove de primeiro nível, tem mais de 30 de segundo, temos mais de mil ARs. Isso, dez anos atrás, seria um exagero. Hoje já acompanha de forma escalar o crescimento da demanda. O

dar certificado se não tem aplicação? Esse círculo vicioso é sempre o maior problema que a gente enfrenta. Id: Em quanto tempo o senhor acredita que nós vamos ter um número bom de brasileiro vamos dizer 20% - tendo tanto o certificado digital quanto usando aplicações e serviços e-Gov? RM: Eu acho que o Brasil, em cinco anos, ele chega a esse ponto. O Brasil é um país surpreendente e tenho um elemento para sustentar minha afirmação: o gosto que o brasileiro tem por tecnologia, que é ímpar no mundo. O europeu ocidental não gosta de tecnologia, tem medo, receio, não confia no governo. O brasileiro, qualquer porcaria digital, ele quer, ele compra. Essa coisa do RIC é quase uma loucura, as pessoas querem ter, e nem sabem para quê, não sabem qual é a função, mas é uma coisa antropológica, é do brasileiro isso. Creio que venha da natureza do brasileiro de ser muito criativo, muito desenvolto, por isso que ele gosta de rede social, ele entra na internet, gosta de novidade.

"NãO BAStA tER UM COMPUtADOR DESCONECtADO. qUEM tEM UM COMPUtADOR fORA DA REDE, NãO tEM PORCARIA NENHUMA – tEM UMA GELADEIRA qUE NãO GELA"

Id: Com essa perspectiva de popularização da certificação digital, como estão os preparativos para o aumento de demanda?

RIC é um projeto de dez anos e ele é um impacto violento, estamos falando de 100, 120 milhões de identidades, de certificados digitais, que provocarão, não só a nossa capacidade de acompanhar esse volume de emissões, mas a capacidade também de prover aplicações, que aí nós vamos romper com o ovo e a galinha – não tem aplicação porque não tem certificado, ah, mas para que vou

Id: Numa análise final, essa primeira década da certificação digital apresenta saldo positivo?

RM: Eu acredito que sim, foi uma história de sucesso para a empresa brasileira. Agora, poderá e deverá ser uma história de sucesso para o cidadão comum, que isso aí nós ainda não chegamos, mas nós vamos chegar lá. Eu diria que é um sucesso esse processo de desmaterialização da vida, que nós somos uma ferramenta. Não somos pretenciosos, somos só uma ferramenta dessa revolução que a gente chama de desmaterialização abril - maio - junho 2011 | 19


da vida. Quer dizer, nós estamos trocando um documento em papel pelo documento eletrônico, onde é necessária validade jurídica desse documento. O certificado digital é só uma ferramenta desse processo, que é um processo revolucionário sem nenhum exagero, porque o hábito do papel é milenar. Nós estamos jogando ele fora, trocando esse hábito pelo uso do documento eletrônico. Uma nota fiscal eletrônica é um documento eletrônico assinado digitalmente, isso só tem vida eletrônica, não se materializa. O original é o eletrônico, você pode imprimir uma nota fiscal eletrônica, mas é cópia. O original é o eletrônico. Isso é totalmente inovador.

OPHIR CAVALCANtE, PRESIDENtE DO CONSELHO fEDERAL DA OAB

eugÊnio noVaeS/enFotoS

Idigital: Passados 10 anos da ICP-Brasil, o que mudou no funcionamento do Judiciário brasileiro com a certificação digital?

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Ophir Cavalcante: Esse é um pro- como uma engrenagem dentro desse cesso que ainda está em andamento. processo, começa a mudar a sua forEmbora já haja dez anos, é um pro- ma de atuar. Ele começa a não se descesso, primeiramente de mudança locar tanto quanto se deslocava antes, de cultura, de mudança de paradig- diminui os gastos com papel, enfim, é ma. É um processo lento e o Judiciá- um processo de crescimento por parte rio brasileiro tem procurado, de uma da advocacia neste sentido. Começa a forma bastante compreensível, traba- ficar mais rápido naquelas varas que lhar no sentido de que esse processo estão digitalizadas, naqueles tribunais que estão atunão impeça que alizados, mas as partes tenham "O ADVOGADO não adianta só acesso à Justiça, é BRASILEIRO COMEçA você ter um algo que há cervirta preocupação. A NãO SE DESLOCAR processo tual, um proEm relação ao cesso que posprocesso judicial, tANtO qUANtO SE sibilite isso, se tende a ficar mais DESLOCAVA ANtES, o ser humano célere, tende a não tiver culmelhorar a presDIMINUI OS GAStOS turalmente tação jurisdicioCOM PAPEL, ENfIM, acostumado nal porque ele com essa nova desburocratiza o É UM PROCESSO DE metodologia, dia a dia do proCRESCIMENtO POR com esse novo cesso, você deixa de ter carimbo, PARtE DA ADVOCACIA" m o m e n t o , senão vai se você deixa de ter tornar até um uma série de atos que são hoje inerentes ao processo empecilho. Por isso é necessário, e aí em papel. Então, ao fazer isso, você sim é que entra a advocacia e o papel ganha tempo, você ganha na trami- da OAB, o advogado, como também tação etc, e o processo passa a ter parte dessa engrenagem toda da Justiuma tramitação virtual. O advogado ça que está sendo afetada pelo processo tem acesso virtual ao processo, os virtual - já que o advogado é o maior ministros têm acesso virtual ao pro- cliente, vamos dizer assim, do Judicicesso, as decisões são todas tomadas ário - o advogado está começando a de uma forma virtual dentro de um mudar esta cultura, está começando ambiente seguro a partir da certifi- mais a se apropriar desses benefícios cação digital ou até de outros meca- que o processo digital lhe possibilita, nismos que possam ou venham a ser mas ainda vemos muita dificuldade desenvolvidos no sentido de conferir em todos os aspectos. Com isso, a segurança. Portanto, tende a melho- Ordem tem procurado fazer centros rar, tende as partes a ganhar cada vez de inclusão digital em todo o Brasil mais, tende a diminuir custos com para treinar o advogado nesse novo isso e abreviar tempo, que é o grande momento da Justiça brasileira. Mas, desafio que a Justiça brasileira hoje ao lado disso, tem preocupação com exclusão digital. O Judiciário não está tem. preparado para atender essa demanda Id: E para o dia a dia do da advocacia mais pobre do país no advogado, quais as alterações sentido de viabilizar centros em cada geradas pelo certificado digital? fórum onde se possa escanear procesOC: O advogado brasileiro, também sos, onde se possa começar o processo


cartão com certificação digital?

diVulgaÇão

OC: Também, também. Mas isso não me parece ser o mais importante. O mais importante nesse momento, o RIC é um grande avanço em todos os aspectos, mas o que é importante em relação à advocacia é a possibilidade de todos terem acesso a esse novo mundo virtual, seja do ponto de vista cultural, seja do ponto de vista da estrutura, e isso requer recursos que o advogado, muitas vezes, não tem. Então, é necessário que nós tenhamos essa compreensão.

virtual. Então, é necessário que haja um acomodamento a fim de que se possa chegar a esse novo momento. Eu sempre comparo muito o momento de transição que houve entre a máquina de escrever e o computador. Agora, estamos passando do computador para a era virtual. Id: Essa mudança para o virtual faz parte desse processo chamado de desmaterialização da vida... OC: Sim, mas isso só se vai ter resultado mais efetivo não em curto prazo, isso ainda vai demorar mais uns 10 anos, quero crer. Mas os passos que foram dados até hoje, foram passos que sedimentaram e estão sedimentando este caminho, mas o que a gente precisa ainda ter é a compreensão e a colaboração do Judiciário com a vinda de toda essa tecnologia de uma forma gradual, para evitar a exclusão digital. Id: O senhor falou da questão dos 10 anos, e é mais ou menos o prazo para a implantação do RIC. O RIC pode colaborar nesse processo de popularização, porque cada cidadão vai ter o seu

Id: Bom, o senhor acaba de falar no advogado, então, nós chegamos ao terceiro ponto desse triângulo, que é o cidadão. O que mudou com a certificação digital para o cidadão comum que procura a Justiça? OC: Mais transparência, ele conhece, ele tem possibilidade de ter acesso mais rápido ao seu processo no sentido de acompanhar e de cobrar do advogado providências para que esse processo tenha um andamento ainda mais célere. Com isso, se dá a possibilidade de o cidadão que tem uma demanda judicial, acompanhá-la da sua casa, sem precisar ir ao escritório do advogado e tendo, em tempo real, aquilo que acontece nessa ação. E diminuição de custos também, claro, porque o processo digital o objetivo também é de diminuir os custos da Justiça. Id: A OAB certamente aposta nesse processo, tanto que é uma Autoridade Certificadora de segundo nível dentro do organograma da ICP-Brasil. Qual o objetivo da Ordem ao se tornar uma AC? OC: É o acesso à Justiça através do advogado. O advogado é o grande elo entre a sociedade e a Justiça. A Justiça se informatizando, a Justiça se virtualizando, é necessário tam-

bém que este elo já esteja preparado para esse novo momento. Por isso, a Ordem quis se antecipar a isso, levar essa demanda, essa discussão, aos advogados brasileiros no sentido de que os advogados brasileiros se preparassem a fim de enfrentar esse novo momento. Estamos ainda trabalhando, porque é um processo que se constrói a cada dia, mas temos a certeza de que a advocacia brasileira terá muito a ganhar por isso.

JúLIO COSENtINO, VICE-PRESIDENtE DE RELAçõES INStItUCIONAIS DA CERtISIGN Idigital: A ICP-Brasil completa 10 anos agora. Neste período, o que de fato aconteceu no país no campo da certificação digital, que balanço pode ser feito? Júlio Cosentino: Ao longo desta última década, nosso país, de dimensões continentais, construiu esta infraestrutura que hoje podemos denominar de um sistema nacional de certificação digital. Hoje, o Brasil conta com mais de dois mil pontos de atendimento para emissão de certificados digitais, o que possibilita a universalização do seu uso e de novas aplicações. Id: Para as empresas, o que mudou com a adoção do certificado? JC: Com as inúmeras aplicações hoje existentes, as empresas passaram a fazer uso desta tecnologia no seu dia a dia e a perceber os ganhos em processos, agilidade, redução de custos, melhoria de eficiência, controles mais apurados e, principalmente, segurança com validade jurídica atribuída às transações efetuadas, possibilitando não só o uso em Business abril - maio - junho 2011 | 21


Id: A Certisign tem fatia considerável desse mercado. Como a empresa encara esse desafio e quais são as estratégias para crescimento? JC: A Certisign, por ser pioneira e única empresa a ter a certificação digital como seu negócio em nosso país, não só atende ao usuário final como também presta serviços de criação e hospedagem de outras Autoridades Certificadoras. Isto nos possibilita desenvolver uma rede de atendimento, equipe de serviços e de desenvolvimento de aplicações que nos diferencia nesta área de atuação. A estratégia de crescimento é simplesmente manter nossa melhora contínua e manter o mais alto padrão de serviços do mercado. Id: Embora mais popular no ramo empresarial, parte considerável da população já usa certificação digital mesmo sem perceber – em compras on-line e acesso a home banking, por exemplo. Quais as mudanças no comportamento do consumidor podem ser observadas a partir da certificação? JC: Com a popularização dos Certificados de Servidor – HTTPS praticamente todo internauta que faz algum tipo de transação segura reconhece os benefícios gerados com o uso desta ferramenta. Além disso, o selo Certisign de site seguro é sem dúvida o mais reconheci-

do por todo o mercado brasileiro segundo o mercado editorial especializado, seja em e-commerce, internet banking ou uso corporativo. Este ambiente seguro possibilita o crescimento ano a ano dos valores transacionados via Internet, o e-commerce. Id: Perspectivas para o futuro. Como o senhor vê o dia de amanhã para o setor de certificação digital no Brasil, especialmente com a adoção do RIC? JC: O RIC possibilitará que a certificação digital chegue ao cidadão de maneira rápida e transparente e não tenho a menor dúvida que uma infinidade de aplicações surgirão para que o cidadão, a partir de seu computador, possa manter diversos relacionamentos comerciais e governamentais que hoje necessitam de deslocamento, papéis, presença física e filas gerando otimização de recursos dele, cidadão, e dos envolvidos, como governo, bancos, escolas, comércio etc.

IGOR ROCHA, PRESIDENtE DA UNIDADE DE NEGÓCIOS DIGItAL IDENtIty DA SERASA EXPERIAN Idigital: A ICP-Brasil completa 10 anos agora. Neste período, o que de fato aconteceu no país no campo da certificação digital, que balanço pode ser feito? Igor Rocha: Não há como dissociar a ICP-Brasil da certificação digital e o marco inicial do uso da certificação digital no Brasil é o SPB, Sistema de Pagamentos Brasileiro, que foi, ao mesmo tempo, a estreia e a prova de fogo. A partir daí, não restou dúvi-

diVulgaÇão

to Governement como em Business to Business e Business to Consumer. Os contratos entre pessoas jurídicas passam a ser de forma eletrônica e rápida e, citando um exemplo, já foram emitidas mais de três bilhões de notas fiscais eletrônicas no Brasil, gerando uma enorme economia em impressões e arquivamento de documentos, locomoção e, sem dúvida, com impactos muito positivos ao meio ambiente.

da da eficiência e eficácia e viabilidade dessa tecnologia para garantir a segurança das transações no meio eletrônico. O sistema financeiro incorporou a tecnologia em outras aplicações, como contratos de câmbio e de derivativos, e outros setores, como o de seguradoras, da saúde, o judiciário, também foram desenvolvendo aplicações e incorporando a tecnologia. Até que, em 2007, as grandes empresas iniciam o universo da NF-e. Esse processo foi evoluindo até tornar-se outro marco, o da democratização do uso da tecnologia pelas empresas, abrangendo o SPED e aplicativos da Receita Federal. No início de 2011, a Serasa Experian atingiu a casa de um milhão de certificados padrão ICP-Brasil emitidos. É um número emblemático, que dá uma dimensão das oportunidades que os negócios envolvendo a certificação digital representam, incluindo o gerenciamento e armazenamento de documentos eletrônicos. Id: Para as empresas, o que mudou com a adoção da certificação digital?


IR: A certificação digital entrou maciçamente nas empresas com a adoção da Nota Fiscal Eletrônica. Em 2010, terminou por incorporar empresas de todos os segmentos e portes. E representou uma evolução significativa para as empresas. A NF-e foi percebida inicialmente, talvez, como uma obrigação incômoda, temos visto várias demonstrações recentes por parte das empresas de que é um processo mais eficiente, mais prático, no qual a certificação digital tem um custo irrisório ante um grande benefício. Estou certo de que essa percepção vai se tornar cada vez mais positiva, e que esse processo é o início de uma verdadeira revolução fiscal. Sem dúvida, proporciona uma economia real, desde as PME até grandes empresas. Não precisam mais armazenar fisicamente grandes quantidades de notas e outros documentos, por longos períodos, por meio de um processo burocrático e arriscado. Ganharam em agilidade, acesso a informações online, redução de custos, mais eficiência. Em suma, com essa modernização, melhoraram sua competitividade. Servirá, certamente, para as empresas consolidarem a compreensão do que a certificação digital é capaz de proporcionar em termos de simplificação de processos, segurança nas transações eletrônicas, integridade, enfim, os atributos que contém.

tro papel que, pela nossa condição de líderes de mercado, não podemos nos furtar, é o de “educadores” a respeito dessa tecnologia, que ainda tem sabor de novidade em muitos segmentos, na medida em que vão entrando em contato com a certificação digital.

Id: A Serasa tem fatia considerável desse mercado, como a empresa encara esse desafio e quais são as estratégias para crescimento?

IR: Com o certificado digital armazenado no RIC, todos poderão facilmente ter acesso, com segurança, às aplicações de mercado, posto que a certificação digital cada vez mais vem sendo utilizada por órgãos como Receita Federal, Caixa Econômica, entre outros. Essa iniciativa de combinar o certificado digital com o RIC proporcionará a massificação da tecnologia da certificação digital, com segurança e acessibilidade para as pessoas físicas. O RIC pode materializar a sensação de unificação da identidade física com a digital, já que passará a armazenar o certificado digital, documento que identifica as pessoas no mundo virtual. Com essa conscientização de documento único, o cidadão passará a proteger sua identidade digital como já faz habitualmente com a identidade física. A certificação digital, mais uma vez, trará a garantia de mais segurança no meio eletrônico.

SONA

IR: A Serasa é líder de mercado. Para manter essa liderança, estamos trabalhando para desenvolver e oferecer cada vez mais produtos e serviços agregados para complementar as ofertas de certificação digital. É preciso converter a certificação digital em soluções que tragam facilidades e maior segurança no ambiente eletrônico, no dia a dia das empresas. Para a sustentabilidade dessa liderança, também estamos fazendo investimento em SAC e Suporte para prestar o melhor atendimento do mercado, pois sabemos que quanto maior a capilaridade da certificação digital, maior a necessidade de apoio por parte de nossos clientes para melhor utilização desta tecnologia. Não posso deixar de registrar ou-

Id: Embora mais popular no ramo empresarial, parte razoável da população já usa certificação digital mesmo sem perceber – em compras on-line e acesso a home banking, por exemplo. Quais as mudanças no comportamento do consumidor podem ser observadas a partir da certificação? IR: O consumidor está ganhando cada vez mais consciência digital e com isso entende a necessidade de se identificar na rede e de proteger seus dados. Reconhece o certificado digital como fonte de segurança, principalmente os certificados de site, que são amplamente utilizados pelos comércios eletrônicos e bancos. Tem havido o crescimento das aplicações e a disseminação da tecnologia da certificação digital como meio de proporcionar segurança. E isso ajuda a convencer o cidadão. Id: Perspectivas para o futuro. Como o senhor vê o dia de amanhã para o setor de certificação digital no Brasil, especialmente com a adoção do RIC?



seBraPP mostra as novidades do mundo das Perícias Terceira edição do Seminário Brasileiro de Perícias Papiloscópicas reúne, por dois dias em Brasília, especialistas brasileiros e internacionais


Hélio Pereira - Simpol/DF

»» Mais de 400 pessoas participaram, em Brasília, do III Seminário Brasileiro de Perícias Papiloscópicas

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»» Por dois dias, a entrada do Parlamundi virou o portal da papiloscopia 26 |

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modernização do profissional. Prova disso foi o Curso de Perícia Papiloscópica em Laboratório, realizado em 3 de maio – antes da programação geral do Seminário – com 25 participantes selecionados dos mais diversos estados brasileiros. As aulas aconteceram no Instituto de Identificação da Polícia Civil do Distrito Federal. A intenção do Sebrapp foi proporcionar maior capacitação na realização de perícias criminais do segmento da identificação humana em todo o Brasil, implementando uma maior integração entre as polícias de todos os estados e do DF e a Polícia Federal. Os resultados são melhores serviços à Justiça e à sociedade brasileira. Foram apresentados artigos e trabalhos da área da papiloscopia, com demonstração de casos reais e também aplicações na necropaHélio Pereira - Simpol/DF

tualização é palavra-chave para quem trabalha com perícias. E foi exatamente esse o objetivo central do III Seminário Brasileiro de Perícias Papiloscópicas - Sebrapp, realizado em 4 e 5 de maio no Parlamundi, em Brasília. Em meio a palestras, workshops, cursos e debates, os mais de 400 participantes tiveram contato com as principais novidades do mundo da papiloscopia – ramo do conhecimento que cuida da identificação humana por meio das impressões digitais. O encontro recebeu representantes de 22 unidades da federação, entre participantes dos Serviços de Identificação das Forças Armadas, dos Serviços de Perícias da Polícia Militar, de representantes do Ministério Público, do Ministério da Justiça e das Secretarias de Segurança Pública dos Estados, bem como os diretores dos Institutos de Identificação do Brasil. Com o tema “RIC – A identidade de um povo”, a terceira edição do Sebrapp visou estimular o desenvolvimento e o aprimoramento dos peritos em papiloscopia, com forte ênfase na

piloscopia – o uso das técnicas papiloscópicas para identificar cadáveres. A necropapiloscopia é uma ferramenta comum para identificar vítimas de desastres de massa, como as chuvas do início do ano no estado do Rio de Janeiro ou mesmo acidentes aéreos. Para garantir uma visão ampla do que acontece na área das perícias, também fizeram palestras no Sebrapp três especialistas dos Estados Unidos, que debateram e trocaram experiências sobre temas como a identificação humana pela íris, a recuperação de fragmentos papiloscópicos em armas de fogo e as distorções em impressões latentes. O evento contou ainda com a I feira de Tecnologia em Perícias Papiloscópicas, que recebeu as mais renomadas empresas do país no se-


»» Premiação A programação do III Sebrapp incluiu a entrega do I Prêmio Excelência em Perícia Papiloscópica (Pepp), com o objetivo de incentivar e destacar a pesquisa na área. A premiação inaugural foi vencida pela perita paliloscopista Bruna Faria, do Distrito Federal. Ela apresentou o projeto “Caracterização de nanopartículas de prata para revelação de impressões papilares latentes: perspectivas na papiloscopia forense”. A ABRID também foi homenageada durante o Seminário. A Asso-

ciação, representada pelo diretor de Identificação Digital, Edson Rezende, recebeu o Prêmio Destaque 2011 - Expositor. “É um prazer e uma honra para a ABRID ter a chance de participar desse evento. A tecnologia é, sem dúvida, uma grande aliada da identificação, seja na área civil, seja na área criminal. São encontros como o Sebrapp que permitem a disseminação do conhecimento e nós da ABRID temos obrigação de apoiar e parabenizar iniciativas assim”, destacou Rezende. »» Data especial O III Sebrapp foi organizado pela Asbrapp – Associação Brasiliense de Peritos Papiloscopistas – e teve um tempero especial: comemorar os 20 anos da entidade. Fundada em 5 de setembro de 1991, a instituição tem histórico de luta pelo reconhecimento profissional do trabalho do perito papiloscopista e divulgação dos conhecimentos da ciência papiloscópica. Outros eventos estão

josé marchão júnior

guimento para apresentar as novas tecnologias disponíveis. Ao todo, foram 13 stands. Entre as associadas ABRID, fizeram parte da área de exposições NEC, Oberthur e Valid. A NEC apresentou o programa de identificação digital da face, enquanto a Oberthur levou cartões com termo impressão e a Valid mostrou a personalização a laser para documentos de identidade.

»» Edson Rezende, diretor de Identificação Digital, mostra a homenagem recebida pela ABRID programados ao longo do ano para marcar o aniversário da Asbrapp, como cursos, premiações e atividades sociais e esportivas.

Cenas de Hollywood no Planalto Central Um perigoso suspeito de assassinato pode ser solto se não for comprovado o envolvimento dele com o crime. A única possibilidade de mantê-lo atrás das grandes é comprovar que ele segurou o saco plástico usado para sufocar a vítima. Entra em cena, então, o time de peritos. A descrição acima cabe bem na sinopse de um dos episódios da série de TV C.S.I. (investigação da cena do crime, numa tradução livre do termo em inglês Crime Scene Investigation), que mostra o cotidiano de um grupo de peritos norte-americanos na busca de provas deixadas pelos bandidos. Mas também pode ser verdadeira para peritos papilosco-

pistas que trabalham na capital da República. Para identificar digitais em um saco plástico, por exemplo, bastaria usar o Crimescope – a polícia do DF é a única do país a possuir o equipamento. Em uma câmara conhecida como capela, objetos que podem servir de provas nos inquéritos recebem um gás químico usado para realçar as impressões digitais. Depois, o saco receberia uma luz especial que, com o auxílio do equipamento correto, permitiria a visualização das digitais. Em seguida, bastaria fotografar as impressões e fazer uma busca no banco de dados AFIS (sigla em inglês para sistema de identificação

automática pela impressão digital). Aliás, o Distrito Federal também é um dos pioneiros no Brasil no uso do AFIS, que substituiu todo o arquivo manual e em papel das impressões digitais por um moderno modelo informatizado. Em um ano, a Polícia Civil de Brasília alega que conseguiu elevar em 700% a identificação de criminosos por meio de perícias. A explicação para a acentuada elevação é o investimento em equipamentos e materiais usados nas investigações. “Não devemos nada, em muitos quesitos, aos melhores institutos do mundo”, garantiu o diretor do Instituto de Identificação da Polícia Civil do Distrito Federal, Carlos César Saraiva.

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cards 2011 e id Brazil mostram a Força do setor no País São Paulo recebeu em maio os dois eventos que contaram com a presença de cerca de cinco mil pessoas para discutir o mundo dos cartões e da identificação digital


edu feijó

»» Em palestra no ID Brazil, o presidente da ABRID, Célio Ribeiro, fez um balanço da situação do RIC, o Registro de Identidade Civil

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capital paulista recebeu, de 2 a 4 de maio, a Cards South America 2011. A feira internacional, que está na 16ª edição, promove o encontro de profissionais do setor e a troca de ideias e experiências, além da geração de negócios. O evento contou com apoio institucional da ABRID. Neste ano, os diversos seminários, fóruns, conferências e painéis garantiram o debate aprofundado dos principais componentes, evolução e tendências do business e das tecnologias de cartões. Entre os temas em pauta no encontro estiveram cartões de crédito e débito, fidelização, private labels, híbridos, pré-pagos e gift cards, cartões empresariais, cartões de benefício e de saúde, bilhetagem eletrônica, smart cards, contactless, NFC, RFID, mobile-payment, identificação digital e biometria, autenticação, certificação digital, acquiring e serviços. Em paralelo à Cards, foi realizada a ID Brazil, que expôs as novida30 |

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des na área de tecnologia da informação. A ABRID, e várias de suas associadas, participaram com stands na área de exposições do duplo evento. No total, foram mais de 130 expositores brasileiros e internacionais, que apresentaram serviços, produtos e tecnologias paras as áreas de cartões, identificação e meios eletrônicos de pagamento. Com cerca de cinco mil participantes de diversas partes do mundo, os dois encontros lotaram os dois andares do Centro de Convenções Frei Caneca durante os três dias de realização. Esta edição consagrou a Cards South America como o principal evento da indústria de cartões e identificação da América Latina, com aumento de cerca de 40% no total de participantes em relação à feira anterior. »» ABRID O presidente da Associação foi um dos palestrantes do ID Brazil. Célio Ribeiro fez um relato da situação atual do Registro de Identidade

Civil, o RIC, dentro do painel Identificação de Cidadãos e Tecnologias Combinadas. “O Brasil está na vanguarda da identificação civil, fruto de um projeto de muitos anos de luta e de intenso trabalho”, anunciou. Segundo Ribeiro, por trás do produto final do cartão do RIC está um complexo sistema de integração por meio de uma base descentralizada de informações, com certificação digital e autenticação de impressões


tecnologia, de mostrar o que está sendo usado no mundo. Enfim, interagimos com o governo brasileiro de forma a subsidiá-lo com informações técnicas para que ele tomasse a decisão”, relatou. Célio Ribeiro ainda creditou o sucesso do RIC ao fato de o processo ser nacional e coletivo. “O RIC não é um projeto político, não é um projeto partidário. Ele é um projeto de Estado, de país, de Brasil”, enfatizou. Os cartões RICs já estão sendo distribuídos dentro do projeto-piloto. Em 2011 serão entregues 11 milhões de unidades. No próximo ano, serão oito milhões de cartões e, a partir de 2013, 20 milhões de RICs serão emitidos por ano. A intenção do governo é distribuir as novas identidades a toda população até 2019. Ao concluir a palestra, Ribeiro ressaltou a importância da área de identificação no país. “O Brasil hoje realmente ocupa um local privilegiado neste setor e tem, instaladas aqui, as maiores e melhores empresas de sistemas de identificação do mundo”, concluiu.

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edu feijó

»» Célio Ribeiro e Luiz Carlos de Oliveira, assessor Financeiro da ABRID, visitam o stand da Associação

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digitais dos cidadãos, entre outros itens de segurança. O presidente fez um relato histórico da criação do novo documento dos brasileiros, que legalmente foi iniciado em 1997 com a lei federal 9.454 – responsável pela instituição do número único de Registro de Identidade Civil. “Naquela época, uma ou duas pessoas apenas tinham um determinado produto e queriam implantar aquele determinado produto. Isso não funciona em um país como o Brasil”, recordou. O presidente da ABRID avaliou que a grande vantagem do modelo implantado no Brasil – o maior projeto de identificação civil do planeta – é a diversidade, já que inclui múltiplas tecnologias que trabalham com interoperabilidade. “Temos um trabalho muito interessante de união, união entre empresas privadas e, principalmente, união entre empresas privadas e governo. Existe um trabalho conjunto de nossa parte, e participamos dele como associação de empresas privadas, de demonstrar ao governo opções de



aBrid e iti iniciam edição 2011 do certForum

Com eventos já realizados em Pernambuco e Santa Catarina, até setembro o fórum ainda vai passar pelo Rio de Janeiro e Distrito Federal


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Certforum, Fórum da Certificação Digital, chega este ano à nona edição. O evento é quase tão longevo quanto a ICP-Brasil, Infraestrutura de Chaves Públicas do Brasil, que completa 10 anos em 2011 (leia reportagem na página 15). Organizado pela ABRID, o encontro é realizado pelo Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI). A parceria entre as duas instituições para realizar o Certforum foi firmada em março. Um acordo de cooperação técnica foi assinado e publicado no Diário Oficial da União (DOU). O Certforum é o ponto máximo dos debates sobre certificação digital no Brasil. Para este ano, ganham destaque as expectativas de mercado para os setores público e privado. Cada vez mais, instituições brasileiras aproximam-se de tecnologias que oferecem segurança para as transações eletrônicas, como a 34 |

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certificação digital. A modernização dos procedimentos, que economiza tempo e dinheiro, além de recursos naturais, proporciona inúmeras facilidades ao cidadão graças ao uso de certificados digitais. Um exemplo claro das mudanças e da crescente importância da certificação digital no país é o RIC, o Registro de Identidade Civil, o novo documento pessoal de cada cidadão brasileiro. O cartão RIC contém mais de 15 itens de segurança e é atestado por certificado digital. O Registro foi lançado oficialmente em dezembro de 2010 e a expectativa do governo é emitir dois milhões de unidades até o fim deste ano. Até 2019, todo brasileiro deve ter em mãos o RIC. Claro, o RIC está na pauta do Cerforum 2011. O evento reúne especialistas, estudantes, acadêmicos, desenvolvedores, representantes do governo em níveis municipal, estadual e federal, usuários do mundo

virtual e qualquer um interessado tanto em certificação digital como em tecnologia da informação. Diversas associadas ABRID, por exemplo, têm participação ativa no encontro. Este ano, foram programadas quatro etapas do Cerforum, nos estados de Pernambuco, Santa Ca»» Fórum do Recife foi realizado no auditório do JCPM Trade Center


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UFSC ganha sala cofre

»» A capital pernambucana recebeu a primeira etapa de 2011 do Certforum, o Fórum da Certificação Digital

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tarina e Rio de Janeiro, e também no Distrito Federal. O presidente do ITI, Renato da Silveira Martini, constatou o fortalecimento do Fórum da Certificação Digital a cada edição do evento. “O Certforum cresceu junto com a plataforma de certificação digital em nosso país, a ICP-Brasil. De forma escalar e consistente, técnica e juridicamente, o Fórum foi e é um espaço dedicado ao debate e à apresentação de casos de uso, novas

A passagem do Certforum por Florianópolis contou com um evento especial: a inauguração da sala cofre da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A iniciativa é fruto de um acordo de cooperação entre a instituição de ensino e o ITI. O objetivo é incentivar o desenvolvimento de soluções de ponta para o Brasil na área de segurança da informação. Com a sala cofre, fica facilitado o processo de compartilhamento do know-how sobre certificação digital. A parceria entre ITI e UFSC, no entanto, não é nova. Há sete anos, foram os especialistas da universidade que ajudaram o ITI a enfrentar um momento crítico no suporte e manutenção do módulo criptográfico (HSM) utilizado pelo Instituto para emitir o par de chaves da Autoridade Certificadora Raiz da ICP-Brasil. O trabalho conjunto das duas entidades também tem diversos frutos na área acadêmica, com a produção de mais de 50 teses de mestrado e doutorado voltadas para os seguimentos de segurança da informação e certificação digital. A intenção do ITI ao apoiar a construção da sala cofre é ampliar o debate sobre a certificação. Assim, o processo, que passa por várias etapas como software, hardware e ambiente seguro, pode ser discutido, desenvolvido e avaliado por pesquisadores e estudantes, formando ainda profissionais altamente especializados. A capital catarinense, aliás, é reconhecida pela produção acadêmica na área de certificação digital, bem como por sediar empresas de destaque no setor. O supervisor do Laboratório de Segurança da Computação da UFSC, professor Ricardo Custódio, avaliou que Santa Catarina tem dois motivos para comemorar. “Primeiro, pela inauguração de um dos melhores ambientes de computação segura do Brasil na UFSC, a nossa sala cofre, que tem permitido o desenvolvimento de várias atividades de ensino, pesquisa e extensão com resultados concretos e com qualidade para a nossa comunidade. Segundo, pela realização do Certforum em Florianópolis no ano em que a ICP-Brasil comemora seus 10 anos”, disse. Em 2011, pela primeira vez o Certforum teve uma etapa realizada em Florianópolis. abril - maio - junho 2011 | 35


Osmar Lima

»» Certforum discutiu em Florianópolis as diversas possibilidade de uso da certificação digital

Osmar Lima

tecnologias, novas abordagens, rea- Filho, e o secretário de Fazenda de lidades diversas, que encontramos Pernambuco, Paulo Câmara, que foi nesta tecnologia”, ressaltou. representado pela gerente de TI, Ana A capital pernambucana recebeu Paula Serrano. O representante da a primeira etapa do ano. O encontro ABRID, Luiz Oliveira, fez uma avaliade Recife aconteceu em 14 de abril e ção positiva da etapa pernambucana: foi marcado pelos debates sobre o su- “muito proveitoso. O foco dessa edicesso da implantação da certificação ção foi apresentar trabalhos de sucesso digital no Brasil. A mesa de abertura no setor da identificação digital. Acrefoi composta por: Pedro Paulo Macha- dito que o interesse em ter o trabalho do, direto de Auditoria, Fiscalização e bem sucedido garantiu auditórios Normatização do ITI; Joaquim Costa cheios em todas as palestras”. Júnior, presidente da Agência EstaJá Santa Catarina recebeu o evendual de Tecnologia da Informação de to em 12 de maio. A etapa de FloPernambuco (ATI); Ricardo Dantas, rianópolis foi aberta por Pedro Paulo secretário de Administração do Esta- Machado, Álvaro Toubes Prata, reitor do de Pernambuco; Anderson da Universidade FedeGomes, secretário de Educação »» Na capital ral de Santa Catarina de Pernambuco; Paulo Câma- catarinense, (UFSC), Ricardo Felira, secretário da Fazenda de o Certforum pe Custódio, professor Pernambuco; José Fernandes aconteceu supervisor do Laborade Lemos, presidente do Tribu- no Centro de tório de Segurança da nal de Justiça de Pernambuco Convenções Computação da UFSC, (TJPE); e Demócrito Reinaldo CentroSul e José Trindade dos SanFilho, diretor do Instituto Brasileiro de Política e Direito da Informática (IBDI). Durante o Certforum Recife foram homenageados o presidente da ATI, Joaquim Costa Júnior, o secretário de Tecnologia da Informação do TJPE, Alexandre Herculano, o diretor do IBDI, Demócrito Reinaldo

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tos, presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC). A fase catarinense do Certforum homenageou a UFSC, o TJSC e o professor Ricardo Felipe Custódio. Como nas homenagens do Recife, eles receberam troféus entregues para marcar os 10 anos da ICP-Brasil e a importância dos trabalhos realizados pelos profissionais e instituições ao longo do período para desenvolver a certificação digital. As duas últimas etapas do 9º Certforum acontecem no Rio de Janeiro, em agosto, e em Brasília, em setembro. O presidente da ABRID, Célio Ribeiro, prevê: “vamos chegar ao fim das quatro edições de 2011 com um saldo bastante positivo de discussões que engrandecem o universo da certificação digital e, por conseguinte, a cidadania no Brasil, um país cada vez mais eficiente no setor digital”.


CONfIRA O qUE fOI DISCUtIDO NAS DUAS PRIMEIRAS EtAPAS DO 9º CERtfORUM. reciFe

FlorianÓPolis

14 de abril de 2011

12 de maio de 2011

ICP-Brasil em Números e o Carimbo de Tempo. » Palestrante: Luís Carlos de Oliveira Porto, coordenador

Cooperação para o Desenvolvimento do HSM da IPC-Brasil. » Moderador: Ruy Ramos, assessor do Instituto Nacional de

de Operações do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI).

Iniciativas do Governo de Pernambuco em Certificação Digital. » Palestrantes: Antônio Oliveira, gerente da Unidade de

Sistemas e Gestão da Agência Estadual de Tecnologia da Informação de Pernambuco (ATI); Carolina Freitas, analista consultora de TIC da Unidade de Processos de Negócios do Governo da ATI.

GED com Certificação Digital: Abordagem para Viabilização. » Palestrante: Stefano Kubiça, consultor especialista em GED e Certificação Digital.

As Possibilidades de Uso do Registro de Identidade Civil (RIC). » Moderador: Edson Rezende, diretor de Identificação Digital da ABRID.

» Palestrantes: Paulo Ayran, secretário executivo do

Comitê Gestor do Sistema Nacional de Registro de Identificação Civil (Sinric); Antônio Ferreira da Silva Filho, chefe do Departamento de Inovação Tecnológica da Casa da Moeda do Brasil.

Compras NET: Portal de Compras do Governo Federal. » Palestrante: Gilberto Netto, chefe do Departamento de Certificação Digital do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro).

Certificação Digital no Processo Judicial Eletrônico. » Palestrante: Ioná Leite Mota, chefe do Escritório

de Projetos do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco (TJPE).

Documentos Fiscais Digitais. » Palestrante: Robson Godoi, gerente de Projeto de Sistemas da Secretaria de Estado da Fazenda de Pernambuco (Sefaz/PE).

Tecnologia da Informação (ITI).

» Palestrantes: Ricardo Felipe Custódio, professor supervisor

do Laboratório de Segurança da Computação da UFSC; Wilson Coury, diretor de Gestão da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP); Roberto Gallo, especialista em Arquiteturas de Segurança de Sistemas Complexos da Kryptus Engenharia Criptográfica.

Processo On-line: A Prestação Judiciária no Mundo Virtual. » Palestrante: Giovanni Moresco, diretor de Tecnologia da Informação Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina (TJSC).

ICP-Brasil em Números e o Carimbo de Tempo: Normas e Usos. » Palestrantes: Pedro Paulo Machado, diretor de Auditoria, Fiscalização e Normalização do ITI; Ruy Ramos, assessor do ITI.

Panorama do Desenvolvimento de Tecnologia da Informação no Estado de Santa Catarina. » Palestrante: Rui Luiz Gonçalves, presidente da Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate).

As Possibilidades de Uso do Registro de Identidade Civil (RIC). » Palestrantes:Paulo Ayran, secretário executivo do Comitê Gestor do Sistema Nacional de Registro de Identificação Civil (Sinric); Antônio Ferreira da Silva Filho, chefe do Departamento de Inovação Tecnológica da Casa da Moeda do Brasil; Denise Direito, assessora de Comunicação do ITI.

UFSC: Processos Digitais e Sustentabilidade. » Palestrante: João Batista Furtuoso, pró-reitor de

Infraestrutura da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Telemedicina: Uso da Certificação Digital na Medicina. » Palestrante: Aldo von Wangenhein, professor da UFSC. abril - maio - junho 2011 | 37



comPartilhar É Preciso Workshops Regionais do RIC promovem troca de experiências entre representantes dos governos e do setor privado envolvidos no projeto do Registro de Identidade Civil – a maior iniciativa do tipo em todo o mundo


imagem e arte

»» Edson Rezende, diretor de Identificação Digital da ABRID, durante a etapa Sul do Workshop Regional do RIC, em Florianópolis

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RIC já é realidade para alguns brasileiros. Lançado oficialmente em solenidade em Brasília em dezembro do ano passado, com participação da cúpula do governo e diversos representantes das empresas envolvidas no projeto e da sociedade civil, o Registro de Identidade Civil começa aos poucos a ser distribuído. Na fase piloto apenas cidadãos selecionados vão ser convocados para receber a nova identidade na Bahia, Distrito Federal, Goiás, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Tocantins. As localidades foram escolhidas de acordo com critérios técnicos que levam em consideração a capacidade de diálogo entre os diversos sistemas de identificação usados nos estados – a chamada interoperabilidade. A intenção do governo é aumentar gradativamente a emissão anual de cartões para chegar em 2019 com todos os brasileiros contemplados. Tanto cuidado e planejamento fazem sentido, afinal, o RIC é o maior projeto de identificação civil do mundo. A iniciativa inclui a emissão de assombrosos 120 milhões de documentos individuais. E é justamente para garantir que essa megaoperação aconteça de forma tranquila e segura que anualmente acontecem os Workshops Regionais 40 |

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do RIC. Os eventos são realizados pelo Conselho Nacional de Diretores de Órgãos de Identificação (Conadi) e organizados pela ABRID. A intenção é reunir autoridades dos governos federal e estaduais e representantes dos Institutos de Identificação, além das empresas do setor privado, para debater soluções sobre a implantação do Registro de Identidade Civil. Os eventos são o que o nome diz: workshops, com grande troca de experiências, debates e esclarecimentos de dúvidas entre os diversos atores envolvidos no gigantesco projeto do RIC. Este ano, já foram realizadas as etapas Sul e Nordeste. O cronograma começou em maio e prossegue até setembro. Entre os sulistas, o encontro aconteceu na capital catarinense. Quem participou da reunião de Florianópolis, em maio, pôde acompanhar e interagir durante apresentações do Conadi, Instituto Nacional de Criminalística (INC), Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), Comitê Gestor do Sistema Nacional de Registro de Identificação Civil (Sinric), Instituto de Identificação do Paraná, Instituto de Identificação do Rio Grande do Sul e Instituto de Identificação de Santa Catarina. O representante do Conselho Nacional dos Diretores dos Órgãos

de Identificação, Carlos Collodoro, relatou em detalhes as possíveis dificuldades para implantação do RIC pelos Institutos de Identificação estaduais. Também apresentou os melhores caminhos para elaboração dos editais das diversas licitações necessárias à compra de equipamentos e contratação de serviços em cada unidade da federação em decorrência da nova identidade brasileira. Por sua vez, a perita do INC, Narumi Lima, explicou o papel do Instituto Nacional de Criminalística na efetivação do RIC. Ainda apresentou os diversos itens de segurança e as especificidades técnicas que garantem ao cartão do Registro de Identidade Civil o título de documento seguro. Já na região Nordeste, o Workshop RIC foi organizado em Salvador, em junho. Entre os palestrantes, pessoas do Conadi, Sinric, ITI, Instituto de Identificação de Pernambuco, INC e Instituto de Identificação da Bahia. Os temas debatidos na capital baiana foram, entre outros, o certificado digital, as vantagens do selo eletrônico, a integração dos sistemas normativos, os padrões da ICP-Brasil e do RIC e a segurança do Registro. O secretário executivo do Comitê Gestor do RIC, Paulo Ayran, apresentou as dificuldades mapeadas até o momento, e já solucionadas,


CRONOGRAMA DOS wORKSHOPS REGIONAIS DO RIC EM 2011 REGIãO NORtE Manaus/AM 8 de julho – Hotel Tropical Manaus

REGIãO NORDEStE Salvador/BA 03 de junho – Hotel Pestana Bahia

CENtRO-OEStE Brasília/DF 22 de setembro – Naoum Plaza Hotel

REGIãO SUDEStE Rio de Janeiro/RJ 11 de agosto – Hotel Pestana Rio Atlântica

REGIãO SUL Florianópolis/SC 13 de maio – Centro de Convenções Centrosul

dois primeiros Workshops do ano. Edson Rezende enfatizou que os encontros são sempre muito produtivos e ajudam todos os estados da federação a aperfeiçoar as ações para popularização do RIC. “Essas reuniões

são realmente chances excelentes para disseminar a cultura do RIC entre os principais agentes envolvidos. Aqui, as dúvidas são expostas e esclarecidas por quem está, de fato, pondo este projeto em prática”, avaliou.

» em salvador, etaPa nordeste do WorkshoP regional reuniu cerca de 60 esPecialistas imagem e aRte

para emissão dos cartões. Ele enfatizou a importância de cada Instituto de Identificação fazer um diagnóstico minucioso para garantir o sucesso da implementação do Registro. E o coordenador geral de Operações do ITI, André Caricatti, esclareceu em Salvador o funcionamento da certificação digital, um dos pilares do alto nível de segurança do novo cartão de identidade. Também enumerou as diversas utilidades do certificado digital e as vantagens do modelo adotado no Brasil. Caricatti classificou como grandes desafios a integração dos sistemas normativos e de padrões da ICP-Brasil e do RIC, além do aperfeiçoamento da validade e a renovação tanto do certificado quanto do Registro de Identidade Civil. O diretor de Identificação da ABRID conduziu os trabalhos nos

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foto wenderson araĂşjo


Presidente da ABRID recebe homenagem da Polícia Federal Célio Ribeiro é contemplado com a comenda máxima do Departamento de Polícia Federal pelos serviços prestados à sociedade brasileira


»» Da esquerda para direita: Luiz Carlos de Oliveira, Célio Ribeiro e Edson Rezende, da diretoria da ABRID

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presidente da ABRID, Célio Ribeiro, recebeu em março a Outorga Deferência Policial Federal, comenda máxima do Departamento de Polícia Federal. O evento, realizado em Brasília, foi realizado por entidades representativas dos policiais federais: Central Única Nacional Associativa dos Policiais Federais (Centrapol), Associação dos Servidores da Polícia Federal do Distrito Federal (Diref ), Sindicato dos Delegados de Polícia Federal (Sindepol), Sindicato Nacional dos Servidores do Plano Especial de Cargos da Polícia Federal (Sinpecfpf ), Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (Apcf ) e Associação dos Papiloscopistas da Polícia Federal (Abrapol). A homenagem foi um reconhecimento aos serviços prestados à sociedade brasileira e ao Departamento de Polícia Federal. Na ocasião, Ribeiro ressaltou a importância dos trabalhos prestados pela Polícia Federal para o Brasil. “A família Polícia Federal leva cidadania para o povo brasileiro”, ressaltou. Entre os homenageados esta-

vam o ministro da Previdência, Garibaldi Alves, o secretário executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto, o senador José Sarney (PMDB-AP) e o deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP). O presidente da Abrapol, Celso Zuza da Silva Neto, enfatizou a importância da medalha para o presidente da ABRID, justamente quando a Polícia Federal completa 67 anos. “Essa comenda é pertinente ao Célio Ribeiro pelo trabalho que ele vem fazendo na área de identificação digital junto a Polícia Federal, desta forma nada é mais pertinente do que fazer a ele esta homenagem”, observou Celso Zuza. O presidente do Sindepol, Joel Zapelon Mazo, também falou sobre a importância da medalha da Outorga Deferência Policial Federal. “Essa medalha só é entregue a um número reduzido de pessoas, são aquelas que fazem um trabalho importante para a PF”, ressalta. Já o diretor de Identificação Digital da ABRID, Edson Rezende, lembrou da importância das comemora-


Confira os homenageados com a Outorga Deferência Policial Federal José Sarney - senador (PMDB-AP) Gim Argello - senador (PTB-DF) Henrique Alves - deputado federal (PMDBRN) Jorge Viana - senador (PT-AC) Arlindo Chinaglia - deputado federal (PT-SP) Luiz Paulo Barreto - secretário executivo do Ministério da Justiça Garibaldi Alves - ministro da Previdência Roberto Lucena - deputado federal (PV-SP) Mauro Nazif - (PSB-RO) Ideli Salvatti - ministra das Relações

ções para a história da Polícia Federal. “Hoje a PF presta grandes serviços para o Brasil, tem uma infraestrutura muito melhor que há vários anos atrás. Ficamos muito felizes pelo fato de o presidente da ABRID receber uma homenagem nesta ocasião. Isso nos mostra que a parceria entre governo federal e a iniciativa privada podem ter um resultado”, constatou. O primeiro e o principal homenageado da noite foi o presidente do Senado, José Sarney, que iniciou o discurso saudando os Policiais Federais e as entidades de classe presentes. “A Polícia Federal é necessária para o desenvolvimento e a segurança do país”, destacou. A solenidade de entrega da comendas contou com a presença de mais de 200 pessoas e foi seguida por um jantar comemorativo aos 67º aniversário da Polícia Federal. 1: Celso Zuza, presidente da Abrapol, parabeniza Garibaldi Alves Filho, ministro da Previdência 2: Célio Ribeiro recebe os cumprimentos de Marcos Elias, do Instituto Nacional de Identificação – INI 3: Célio Ribeiro e Garibaldi Alves Filho, ministro da Previdência 4: Célio Ribeiro parabeniza José Sarney, senador (PMDB-AP) 5: Célio Ribeiro com Arlindo Chinaglia, deputado federal (PT-SP)

Institucionais Olair Francisco - deputado distrital (PTdoB-DF) Célio Ribeiro - presidente da ABRID Hélio Cardoso Irene - diretor geral da Polícia Rodoviária Federal Maurício Carvalho Maia - presidente do Sindicato Nacional dos Inspetores da Polícia Rodoviária Federal Joel Zapelon Mazo - presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Federal Carlos César Alecrim - presidente da Servibem Consultoria de Benefícios e Serviços

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tecnologia verde Associadas ABRID se juntam à ONG SOS Mata Atlântica em defesa da economia verde e de um mundo melhor


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e há 30 anos você abrisse a revista de uma associação de empresas, qual seria a possibilidade de encontrar uma notícia sobre parceria entre a entidade e uma ONG voltada para a preservação ambiental? Certamente, pequena. Pois esta reportagem foi escrita para anunciar a tal parceria e mostrar como a sociedade e o empresariado brasileiros evoluíram na questão da sustentabilidade. A ABRID e a Fundação SOS Mata Atlântica fecharam em maio um acordo de cooperação técnica para permitir diversas iniciativas voltadas para o tema da economia verde. O presidente da Associação, Célio Ribeiro, avalia que este é mais um passo para inserir as empresas do setor nos grandes debates nacionais. “A ABRID já está diretamente envolvida na questão do meio ambiente e de sua importância no desenvolvimento social e econômico do nosso país. Agora, com essa parceria com a SOS Mata Atlântica, iniciamos um diálogo mais ativo na questão da economia verde”, observou. A economia verde – do inglês green economy – é um conceito que envolve a atuação coordenada com base no tripé social-ambiental-econômico para trabalhar pela erradicação da pobreza. A iniciativa partiu da GEC, Green Economy Coalition (Aliança da Economia Verde, em tradução livre). O programa da GEC organiza debates em várias regiões do mundo para sensibilizar e articular as sociedades locais para o tema. Assim, os chamados Diálogos Nacionais já estão acontecendo na Índia e Mali, além de países da América do Sul, Caribe e Europa. O Brasil também está inserido no projeto. Em novembro de 2010 ocorreu em São Paulo o primeiro evento: o seminário Diálogos Nacio-

»» Célio Ribeiro, presidente da ABRID, e Mario Cesar Mantovani, diretor da SOS Mata Atlântica, comemoram a parceria entre as duas instituições nais – Rumo à Rio+20. Durante 14 horas de trabalho, 130 participantes dos mais variados setores da sociedade brasileira examinaram 20 casos reais e discutiram os conceitos fundamentais da economia verde, assim como as prioridades para que seja plenamente aproveitado o potencial da Rio+20 como oportunidade para acelerar seu desenvolvimento no Brasil e no mundo. A Rio+20 é a Conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre Desenvolvimento Sustentável, que acontecerá no Rio de Janeiro em maio de 2012. O evento será uma oportunidade para que toda a sociedade - no Brasil e no exterior - discuta e adote propostas de mudanças rumo a um modelo sustentável de crescimento. O evento terá oficialmente dois eixos de

discussão: a governança global para o desenvolvimento sustentável e a economia verde. »» Parceria O acordo ABRID-SOS Mata Atlântica surge exatamente neste cenário de debate da economia verde como preparação para a Rio+20. A expectativa dos organizadores da Conferência é que a green economy seja o grande catalisador de expectativas e propostas para o sucesso do evento. Desta forma, a Associação e a ONG querem aproveitar a oportunidade e chegar à Rio+20 com formulações concretas, respaldadas por um alto nível de mobilização e consenso entre os principais atores envolvidos. Como primeira ação efetiva, a ABRID vai colaborar na organização


A parceria entre ABRID e SOS Mata Atlântica já é realidade. Como esse acordo foi iniciado? A história da ABRID é lógico que a gente já tem uma identidade muito grande com o Célio (Célio Ribeiro, presidente da ABRID) pela nossa atuação na Câmara dos Deputados. A gente já construiu ao longo deste tempo uma proposta de trabalhar não naquela coisa de mais do mesmo, como se faz, ficar correndo atrás de coisas atrasadas, muda um artigo, muda uma coisa na Câmara, ou fala ‘meio ambiente é importante’. Nós já superamos essa história na nossa parceria, nós já estamos pensando o seguinte: qual é o cenário de futuro para um país que já chegou onde chegou hoje, na inclusão di-

gital, onde você já está falando em banda larga que não tem acesso para todo mundo? Nós estamos pensando no país que está sendo construído que é o inverso disso que a gente vem trabalhando nos grupos de interesse que estão aqui (na Câmara dos Deputados), daqueles que querem manter privilégios. Então, nós estamos falando o seguinte: vamos falar de inclusão digital, vamos falar de green economy, de desmaterializar. Quais as ações de green economy, a economia verde, serão tratadas na parceria? Nós vamos estar construindo, lógico, nós vamos usar o que foi acumulado ao longo dos anos, essa coisa de sustentabilidade, desde o conceito de sustentabilidade, nós vamos estar trabalhando um pouco desse acúmulo da responsabilidade social que foi evoluindo desde as primeiras empresas. Se demorou anos para virar ISO 14.000, que hoje é uma coisa tão ultrapassada, mas aí a responsabilidade social foi instantânea. Um teve, pum, todo mundo tinha. Aí você tem institutos como o Ethos, você tem várias instituições que começam a catalisar essas informações. Bom, nós vamos buscar o melhor de tudo que tem no Brasil e o que tem lá fora para fazer uma história de construção coletiva. Nós queremos mostrar o que nós podemos oferecer para a sociedade que atinja o cara naquela linha do three bottom line – o social, o ambiental e o econômico. Neste cenário, o consumidor final dos produtos ganha importância? É a linha do consumidor! Se teve algum momento que era a poluição industrial, que era a sociedade saindo do rural para o urbano, tal, alguns momentos, o que vai ser daqui para frente é o consumidor. E aí não vejo o consumidor como aquele cara que compra produto não, o consumidor

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do seminário da região centro-oeste dos Diálogos Nacionais – Rumo à Rio+20, que acontecerá em Brasília, em agosto. Outros encontros regionais vão acontecer no país e, no fim do ano, será realizado um segundo seminário nacional, nos moldes do já realizado em São Paulo em 2010. Juntas, ABRID e SOS Mata Atlântica vão intensificar o debate sobre a economia verde para dar sugestões viáveis na Conferência da ONU. O diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, Mario Cesar Mantovani, considera esta uma chance única. “Tem muita oportunidade. Quando eu conversei com a ABRID, conversamos com o pessoal que já trabalha com essa parte de certificação digital, eu falava assim ‘meu Deus, isso é uma coisa que não tem mais limite’. Por isso que a gente tem de pensar juntos também, para não sair cada um com uma iniciativa e aí todo mundo acaba achando que tem tantas oportunidades e a gente morre nas intenções”, disse. Confira detalhes sobre a parceria na entrevista que segue com Mario Mantovani.


é o das suas escolhas, o que eu quero consumir de informação, o que eu quero consumir com meu cartão de identidade, por exemplo, qual a lista que eu quero ficar no futuro. Então, nós estamos querendo mudar os tempos, nós não queremos mais do mesmo, não dá para fazer isso nessa sociedade. Pode parecer pretensão querer mudar o mundo e tal, mas foi assim que a gente começou muitas coisas. O tema ambiental, quando eu comecei em 1970, ninguém chegava a acreditar, os caras viam como sonhador, nego que abraçava árvore. Hoje não tem um único aspecto da economia ou da atividade humana que a questão ambiental não está imbricada. Então, na verdade, trata-se até de um novo modelo de cidadania. Como o senhor o definiria? Não é o consumidor mais tradicional. Eu estou falando aí na questão das nossas escolhas, o que eu vou estar escolhendo para fazer? Como eu vou ter acesso a todo esse tráfico de informação? Porque se em alguns momentos da nossa vida a gente morria de inanição, hoje nós podemos morrer de overdose e as pessoas banalizarem a informação. Hoje eu tô aqui no Twitter, tem cinco mil pessoas no meu Facebook. Isso é uma coisa inédita, de falar com muita gente ao mesmo tempo. Então, essa informação não pode ser aquela informação que banaliza ‘eu estou achando o dia lindo’, ‘o São Paulo ganhou’. Como que esse grupo de gente pode falar ‘olha, tomamos uma atitude’? E não é coisa que depende de poder público. Esse é o cara que vai estar fazendo política pública. Eu usuaria o termo cidadania ativa, porque eu consigo fazer minha indignação transformar em alguma coisa, as pessoas que estão ao meu redor se comunicam.

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De que forma as associadas ABRID podem ser inseridas nesse contexto? Essas empresas têm práticas ambientais que estão lá na melhor tinta, no melhor consumo de energia, na neutralização de carbono, um monte de coisas. Nós vamos pegar isso aqui, conversando com a sociedade civil, que tem também esse conceito, o que nós temos em comum? Quais as nossas diferenças? Como a gente pode superar essas diferenças e ir para frente? A gente pode superar trazendo para a sociedade uma informação concreta, trazendo para a sociedade esses cenários de que nós vamos estar construindo juntos. Eu acho que, por exemplo, uma linha de incentivos para quem tiver trabalhando nessa área nova. Não ficar multando mais, não tem sentido.

cal eletrônica, é um avanço que vai diretamente no desenvolvimento sustentável. E os bancos hoje? Tudo a gente pode fazer online. Agora, o que a gente precisa

No casa da ABRID, as empresas de tecnologia são atuantes na questão do desenvolvimento sustentável... Mas elas não comunicam isso. Então, é isso que a gente quer fazer. Não é possível que quem está na vanguarda do mundo usando tudo ainda é vista como vilã, porque não se expressa... Acho que nem é visto como vanguarda ou não, ela não existe ainda, a comunicação está falha. A gente percebe que tem muito para dizer, está numa situação muito boa para poder dizer isso, mas acaba, talvez, dizendo ‘é briga deles aí de Código’, eu não quero entrar nisso. E a questão da desmaterialização da vida, como funciona esse processo? Se a gente for pensar na desmaterialização da vida como a nota fis-

brigar é para haver inclusão, para que as políticas sociais garantam acesso a essa grande massa no Brasil que está fora. Então, é isso que estou falando, nós queremos trabalhar com essa mobilização. (...) Nosso time (de associadas ABRID) é hoje nota 10. Essa coisa da desmaterialização, pô, hoje não tem mais tinta! Quer coisa mais poluidora do que isso hoje, tonner da vida, essas coisas? Acabou isso, não tem mais sentido. E uma coisa que a gente quer fazer é, quando chegar lá na Rio+20, a gente ter esse caminho que a gente


SOS Mata Atlântica vai está indo como associada e como a sociedade civil junto, caminhando, e como a gente vai estar trabalhando com o poder público. Então, a gente quer fazer, a partir dessa história das empresas que estão nesse seguimento, uma conversa que a gente não conseguiu fazer com outros. Na prática, como funciona a parceria da ABRID com a Fundação SOS Mata Atlântica? Nós vamos começar discu-

A Fundação SOS Mata Atlântica nasceu da decisão de um grupo de cientistas, empresários, jornalistas e defensores da questão ambiental de lutar pela proteção do que ainda restava de Mata Atlântica no país. O ideal de conservação ambiental da ONG, criada em 1986, associa-se ao objetivo de profissionalizar pessoas e partir para a geração de conhecimento sobre o bioma. A proposta representa também um passo adiante no amadurecimento do movimento ambientalista no país. Ainda na década de 1980, uma das primeiras constatações da ONG foi assustadora: só restavam 8,8% da Mata Atlântica que antes cobria toda a faixa litorânea do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte. Daí surgiu a necessidade de capacidade técnica para influenciar políticas públicas e criar modelos que pudessem ser replicados no Brasil em defesa da que restava de floresta.

tindo a economia verde, tem ainda contestação, entidades acham que isso é agnóstico, por isso vamos fazer acúmulo, vamos identificar nos parceiros da ABRID quem tem posturas e não do ponto de vista de dizer ‘você pode, você não pode’, mas do tipo assim ‘o que cada um de nós pode do seu melhor?’. Até para que eles mesmos percebam ‘puxa vida, eu estou por esse caminho e todo mundo está indo noutro, pô. Então, eu vou entrar aqui’. E a gente

Projetos-piloto e o desenvolvimento de metodologias, novos conceitos e atividades marcaram ações importantes para recuperar e conservar as áreas remanescentes de Mata Atlântica. Uma iniciativa pioneira foi a campanha para incorporar definitivamente o termo ‘Mata Atlântica’ ao vocabulário dos brasileiros, ao reforçar sua importância com o lema “estão tirando o verde da nossa terra”. Nos últimos 25 anos, a Fundação foi responsável por diversas iniciativas e campanhas para preservar não só a Mata Atlântica, mas todo o verde brasileiro dentro do contexto de desenvolvimento sustentável. A ONG também é responsável por uma grande rede de parceiros dos mais diversos setores da sociedade, voltada para a missão de estabelecer estratégias de articulação e amplitude política que garantam a conservação ambiental na lei e na prática. No site da instituição, www. sosmatatlantica.org.br, é possível ficar sócio da ONG, conhecer os cursos oferecidos, fazer doações ou comprar um dos diversos produtos que têm a arrecadação revertida para o trabalho da SOS Mata Atlântica.

quer chegar na Rio+20 talvez com nosso pessoal se encontrando e vendo dentro das oportunidades que vão aparecer qual é a nossa contribuição. Por isso, a gente fez essa viagem grande para dizer assim: as oportunidades estão todas aí!

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e artigos

tecnologia

casos


Cada empresa tem uma história que reflete a forma única encontrada por seus sócios, diretores e funcionários na busca por soluções, pela implantação de processos e desenvolvimento de tecnologias. É a soma de um conjunto de fatores que faz de cada empresa, cada grupo, cada corporação um caso de sucesso. Resumir todas essas histórias em um único texto não seria justo para quem desenvolveu tudo isso, nem para o leitor, que perderia conteúdo, a essência da história e a oportunidade de apreender informações que podem provocar mudanças, auxiliar na tomada de decisões, no planejamento do futuro. É por isso que a revista idigital abre espaço para que as associadas ABRID dividam seus casos de sucesso com você. Boa leitura.


resumO Utilizando mecanismos de identificação e autenticação de alta qualidade, o RENAP – Registro Nacional de Pessoas buscou uma solução para reduzir os crimes, combater o terrorismo, controlar a imigração e fornecer serviços aprimorados aos cidadãos. O RENAP implantou um programa nacional de identificação baseado em uma solução automatizada, personalizada e com as mais modernas tecnologias, fornecida pela Datacard. O programa produz documentos eletrônicos de identificação, com alto grau de segurança.

PalaVras-chaVe Carteiras Nacionais de Identificação, Identidade Nacional da Guatemala, cartão de identificação gravado a laser.

ABSTRACT RENAP - Registron Nacional de las Personas sought to reduce crime, combat terrorism, control immigration and provide enhanced services to its citizens through improved identification and authentication mechanisms. RENAP implemented a national identification program using an automated state-of-the Dartcard personalization solution that delivers highly secure electronic identity cards.

KEYWORDS National Identity Cards, Guatemala National ID, Laser engraved identity card


CASO / ARTIGO

Guatemala produz Carteiras Nacionais de Identificação de Alta Segurança Zeca Pires

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LIENTE: RENAP Registron Nacional de las Personas (Registro Nacional de Pessoas) – Órgão Nacional de Registro Civil e Identificação da Guatemala. DESAFIO: Dar apoio à implantação de um programa nacional de identificação, projetado para aprimorar os mecanismos de identificação e a autenticação, reduzir crimes, combater o terrorismo, controlar a imigração, melhorar a distribuição de recursos e fornecer serviços de qualidade elevada para os cidadãos. SOLUÇÃO: Uma solução automatizada de personalização de documentos de identidade, com as mais modernas tecnologias, que produz documentos eletrônicos de alta segurança. Quando o governo da Guatemala decidiu instituir um sistema nacional de documentos de identifi-

cação, com o objetivo de reduzir o número de fraudes com benefícios, o país desejava adotar um sistema eletrônico que usasse as mais modernas tecnologias para aprimorar o processo de autenticação dos cidadãos em todo seu território. O RENAP pretende emitir mais de 11 milhões de carteiras de identidade eletrônicas (eID) ao longo de um período de oito anos, sendo que a maior parte das emissões será feita nos primeiros três anos. Para aumentar a segurança do documento, todas as emissões serão centralizadas em um único local do governo. O primeiro fornecedor reuniu um forte consórcio para entregar o pacote técnico correto, a um preço competitivo. A capacidade do Grupo Datacard de oferecer um pacote integrado de software, hardware e documentos de longa duração foi parte essencial dessa solução competitiva.

»» Dados Seguros & Completos Para os cidadãos da Guatemala, o processo começará com um banco de dados de registro civil. O banco de dados vai utilizar um Sistema Automatizado de Identificação de Impressões Digitais (AFIS, na sigla em inglês), bem como dados biométricos de reconhecimento facial. O Sistema AFIS é uma metodologia de identificação que usa tecnologia de imagens digitais para obter, armazenar e analisar dados de impressões digitais. Quando um cidadão guatemalteco se inscrever no programa, serão coletadas duas impressões digitais, e um avançado software de reconhecimento facial será usado para fazer uma imagem do rosto da pessoa. Os dados biométricos serão armazenados juntamente com as informações biográficas do cidadão, e esse armazenamento se dará de duas maneiras: (1) em um banco de dados de registro nacional, no RENAP, e (2) em um chip inteligente inserido na abril - maio - junho 2011 | 55


carteira de identidade que a pessoa irá portar. O novo programa de identificação será usado imediatamente como o principal documento de identidade da Guatemala. Quando a infraestrutura necessária para ler e validar os documentos estiver instalada em todo o país, as novas carteiras eID poderão ser utilizadas também para operações bancárias e serviços em outros órgãos do governo. »» Histórico Anteriormente os registros dos cidadãos guatemaltecos eram administrados por repartições locais como prefeituras – instituições que não tinham a capacitação necessária para validar a identidade de seus cidadãos. Documentos para comprovação de identidade, feitos de papel e com frequência fraudulentos, eram usados para garantir a obtenção de documentos mais seguros, e essas carteiras de identidade eram uma ferramenta para obter benefícios indevidos. 56 |

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»» A Solução do Grupo Datacard As carteiras de identificação do novo programa precisavam oferecer uma vida útil de até dez anos, daí a escolha de cartões de policarbonato. A impressão personalizada foi gravada a laser no substrato, aumentando tanto a durabilidade quanto a segurança do cartão. O design do documento incorpora três níveis de medidas de segurança: medidas visíveis com inspeções visuais de rotina (nível 1), medidas visíveis com a utilização de técnicas especiais de inspeção visual aprimorada (nível 2) e medidas que exigem inspeção forense ou em laboratório (nível 3). O objetivo é garantir a mais rigorosa resistência a fraudes e falsificações.

Os componentes da solução incluem: • 3 sistemas inline Datacard® MPR5800™ de produção e personalização de documentos • 2 sistemas Datacardtm Snooper™ de contagem de cartões • Software Datacard® de Preparação e Processamento de Dados • Software de Personalização de Cartões Inteligentes • Serviços Profissionais Datacard: (a) Implantação, (b) Instalação, e (c) treinamento para auto-manutenção

Sobre o Autor

• Substrato de cartão de policarbonato com impressão segura

Zeca Pires é diretor de Desenvolvimento de Negócios Governamentais do Grupo Datacard.

• Solução de registro de dados biométricos fornecida por outro integrante do consórcio



resumO A tecnologia M2M (Máquina-a-Máquina) permite a comunicação entre máquinas para aplicações, tais como contadores inteligentes, manutenção remota, saúde móvel, gestão automotivo e de frota, sistemas de pedágio eletrônico, sistemas de alarme e segurança, dispositivos de rastreamento e monitoramento, e muitos mais. O uso da comunicação M2M está crescendo, oferecendo uma ampla variedade de benefícios tanto para os consumidores quanto para as empresas. Mas ela não é apenas mais um dispositivo: a tecnologia M2M tem o poder de mudar a relação entre homem e tecnologia.

PalaVras-chaVe Tecnologia digital, desenvolvimento, futuro, internet, segurança, máquina-a-máquina.

ABSTRACT M2M (Machine-to-Machine) technology enables communication between machines for applications such as smart metering, remote maintenance, mobile health, automotive and fleet management, eToll systems, alarm and security systems, tracking and tracing devices, and many more. The use of M2M communication is growing, delivering a wide range of benefits to consumers and enterprises alike. But this isn’t just about another gadget: M2M has the potential to change the relationship between man and technology.

KEYWORDS Digital tecnology, development, future, internet, security, machine-to-machine.


CASO / ARTIGO

Deixe as máquinas se comunicar A tecnologia M2M tem o poder de mudar a relação entre homem e tecnologia

Tamsin Oxford

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edes com fios e redes sem fio estão interligadas usando a internet, sensores estão embutidos em objetos físicos e as máquinas estão se comunicando com outras máquinas de forma autônoma, transmitindo dados em tempo real, que são processados e compartilhados instantaneamente, sem qualquer intervenção humana. Esta é a essência da comunicação Máquina-a-Máquina (M2M), uma solução inteligente que conecta as pessoas e dispositivos de maneiras que são por vezes inesperadas, muitas vezes brilhantes e sempre extremamente eficientes.“A comunicação M2M está relacionada à conexão de todas as coisas, umas às outras, para melhorar a logística e administrar os processos de trabalho de forma mais eficiente do que os outros meios normalmente o permitiriam fazer”, explica Norbert Muhrer, diretor-presidente da Cinterion, fornecedora líder mundial de módulos sem fio para o mercado M2M de telefonia celular. Um relatório recente da empresa de consultoria McKinsey discute como os caminhos previsíveis das informações estão mudando, com o mundo físico tornando-se um tipo de sistema de informação - um fenômeno muitas vezes denominado como a “Internet das Coisas” ou “Internet do Futuro”.


»» Rápida transformação A internet das coisas sofreu uma rápida transformação ao longo do último ano, graças à adesão da fabricação de chips à Lei de Moore (segundo a qual o número de transistores que podem ser colocados em um circuito integrado dobra a cada dois anos), à evolução da conectividade e ao crescimento da próxima geração de tecnologias para a internet. “A tecnologia M2M ainda é um segmento muito jovem, mas está crescendo continuamente: cerca de 20-25% por ano”, diz Muhrer. “O mercado é composto de 50 bilhões de máquinas e existem cerca de sete bilhões de pessoas no planeta; assim, estamos vendo um fator de seis ou sete em termos de máquinas conectáveis. A taxa de penetração atualmente é de apenas 1%, e, no domínio da telefonia móvel, temos taxas de penetração de cerca de 75%. Portanto, existe um enorme potencial no mercado que mal foi explorado”, enfatiza. Colocando isso em termos financeiros, a ABI Research previu (em relatório publicado em outubro de 2010) que o mercado global de módulo M2M deve atingir US$ 3,8 bilhões em 2015, com mais de 180 milhões de conexões de telefonia celular M2M ativas no mundo todo até 2013. David Birch, diretor da consultoria de gestão de TI Consult Hyperion, diz o seguinte: “Costumávamos pensar sobre computadores cada vez mais potentes, mas, agora, a ênfase está voltada para chips com custos mais economicamente acessíveis”. »» O que mais é necessário? No entanto, é evidente que estamos nos movendo para um mundo no qual tudo será interligado em alta velocidade e no qual mais e mais objetos irão autenticar-se para a rede. O MIM (Módulo de Identificação de Máquina) é um elemento central deste negócio, pois ele garante a autenticação segura dos dispositivos.

Como tal, a indústria também deve estar preparada para proporcionar flexibilidade adicional no lado do fornecimento para corresponder com as restrições do caso de uso da tecnologia M2M. Por exemplo, a vida dos dispositivos no setor automotivo e de medição pode normalmente abranger mais de 20 anos. A maior parte das principais áreas interessadas no setor (especialmente GSMA) está atualmente trabalhando para definir uma solução adequada para o mercado M2M. O que está claro é que qualquer solução deve alavancar os recursos de segurança exclusivos do MIM, como um item de hardware independente e protegido que permite a autenticação de objetos na rede. »» Uma grande variedade de aplicações A grande questão é, com o quê estes serviços se parecerão? Muhrer acredita que nos próximos anos nós veremos projetos importantes demandados pelo governo destinados a reduzir o impacto ambiental da indústria, tais como a medição inteligente e leitura de medidor. “A saúde eletrônica também decolará, porque estes sistemas precisam reduzir custos onde puderem”, diz ele. “Em grande parte no acompanhamento ambulatorial, a tecnologia M2M pode realmente ser um catalisador”. “Outro segmento interessante são os carros elétricos. Uma infraestrutura precisa ser implementada para que as pessoas possam chegar aonde elas precisam ir, e para administrar os carros de carga nos horários de pico, ou, de preferência, em momentos de baixa carga para a rede elétrica, ou seja, durante a noite. Aqui você verá uma convergência entre a indústria de energia e a indústria de veículos elétricos, e acreditamos que a tecnologia M2M resolverá muitos dos problemas ali”, prevê o diretor-presidente da Cinterion. Com uma população idosa crescente, a automação residencial


também se tornará cada vez mais popular. “Eu quero saber como os meus avós estão, especialmente se eles viverem sozinhos, e eu quero ser notificado imediatamente se houver um problema”, diz Muhrer. O impacto visível da tecnologia M2M, na medida em que a maioria das pessoas está em questão, ocorrerá na gestão inteligente do tráfego, já que os fluxos de tráfego são controlados e administrados de forma mais eficiente. Porém, a maior parte das aplicações e benefícios da tecnologia M2M será destinada à redução de custos e melhoria da eficiência na indústria. “A tecnologia M2M aumentará a competência e a competitividade das empresas, ajudando-as a entregar fatores distintivos para que eles possam distinguir-se em seus ambientes de mercado competitivo”, conclui Muhrer. o fator humano Conforme as máquinas tornam-se mais inteligentes, vale a pena perguntar como a tecnologia M2M afetará as nossas vidas e bem-estar e quais são as implicações para o nosso futuro. “Os objetos formarão as suas próprias redes sociais independentes, que são tão confiáveis que estamos liberados da maioria das nossas tarefas de operação da máquina e nos tornaremos humanos novamente”, explica David Orban, diretor da Humanity+, uma organização não governamental que defende o uso ético das novas tecnologias para melhorar as capacidades humanas. “No entanto, é essencial que nós levemos em consideração o elemento humano durante o desenvolvimento da Internet das Coisas. Isto inclui coisas como as interfaces de fácil utilização pelo consumidor, uma forma autônoma de trabalhar que não sobrecarregue o usuário com muitos dados e garanta que questões como segurança e privacidade sejam tratadas de forma aberta”.

A MáqUINA “VERDE” A tecnologia M2M oferece mais do que um futuro perfeito de interoperabilidade e conectividade. Há também um benefício ambiental. Dr. Thorsten Staake, diretor de Pesquisa do laboratório Bits to Energy Lab, uma iniciativa de pesquisa conjunta da ETH Zurich e da Universidade de St. Gallen, na Suíça, afirma que “conforme a tecnologia torna-se menor e mais barata, ela pode ser usada em uma ampla variedade de aplicações, tais como, automa-

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a máquina segura Qualquer discussão sobre o potencial da Internet das Coisas deve incluir a segurança, é claro. É essencial assegurar que a privacidade do consumidor seja protegida e que os dados corporativos sejam confiáveis, confidenciais e seguros. A Comissão Europeia já trabalha nas questões relativas à segurança e privacidade dentro da Internet das Coisas, e sua Força de Trabalho de Engenharia da Internet está discutindo um padrão para a comunicação segura entre os objetos na Internet das Coisas - um passo importante para uma infraestrutura de segurança universalmente aceita para as comunicações M2M.

ção residencial e controle de processo na indústria”. Além deste benefício, Staake acredita que “os dispositivos de feedback inteligentes nos motivarão a tomar decisões mais ecológicas ao comprar produtos e utilizar a energia”. “Veremos também alguns empréstimos interessantes da ciência de marketing e comportamental, que tornarão as informações de feedbacks mais fáceis de serem compreendidas e mais divertidas de usar”, encerra. Mas esta proteção, evidentemente, envolve mais do que apenas redes e dados. Ela também engloba o elemento humano - garantindo a privacidade das pessoas que a habitam. Felizmente, nós nos encontramos em um ponto único no tempo em que a indústria pode oferecer soluções de segurança e privacidade desde o início, ao invés de como reações instintivas.

SOBRE O AUtOR Tamsin Oxford é editora da revista The Review, publicada e distrbuída mundialmente pela Gemalto. abril - maio - junho 2011 | 61


resumO Solução tecnológica possibilita acesso on-line e gratuito às informações de 5,4 milhões de empresas cadastradas na Junta Comercial do Estado de São Paulo. Programa permite que a maioria dos serviços seja on-line, executados em tempo real e com certificação digital, que tem valor legal. Possibilita melhoria nos processos e no atendimento ao cidadão, redução de custos, ganho de qualidade, aumento de segurança, qualidade dos serviços prestados, transparência e oferta de novos produtos eletrônicos.

PalaVras-chaVe governo eletrônico, e-gov, documento eletrônico, certificação digital, autoridade certificadora, atendimento eletrônico, Junta Comercial, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, ICP Brasil.

ABSTRACT Technology solution enables online access to information and free to 5.4 million companies registered with Board of Trade of São Paulo. The soluction allows most online services, in real time and performed with digital certificate, which has legal context. Enables process improvement and citizen service, reduces costs, better in quality, increased safety, quality of service, transparency, and offering new electronic products.

KEYWORDS e-Government, e-gov, electronic document, digital certificate, certificate authority, electronic service, Board of Trade, Official Press Bureau of the State of Sao Paulo, ICP Brasil.


CASO / ARTIGO

Tecnologia aplicada ao serviço público beneficia cidadão João Paulo Foini

P

ara democratizar o alcance do cidadão aos serviços públicos, o governo do Estado de São Paulo tem ampliado a sua atuação na área de governo eletrônico. Exemplo de sucesso é o Jucesp Online, solução que desburocratizou o acesso às informações de 5,4 milhões de empresas cadastradas na Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), órgão vinculado à Secretaria da Fazenda do Estado. Implantado em junho de 2010, o programa permitiu que a maioria

dos serviços passasse a ser on-line, executados em tempo real e com certificação digital. Com solução baseada em moderna tecnologia de pesquisa, podem ser acessados e impressos 16,5 milhões de documentos arquivados até 2005. Além do acesso rápido e seguro, os serviços oferecidos passaram a ser gratuitos e a cobrança ficou restrita à emissão de certidões específicas e cópias digitais que exigem análise e pesquisa de funcionários da Jucesp. No endereço virtual www.jucesponline.sp.gov.br estão disponíveis: Pes-

quisa de Empresa, Fichas Cadastrais, Certidões, Cópia Digital, Fichas de Breve Relato e Agendamento de Atendimento Presencial. A solução revolucionou a prestação de serviços da Junta Comercial, que era, em sua maioria, por meio de atendimento presencial. Para se ter uma ideia, as solicitações demoravam de cinco a 15 dias para ser atendidas e o valor cobrado variava de R$ 9 a R$ 25. Ter acesso a um simples documento requeria extensa rotina: imprimir requerimento, recolher taxas na rede bancária e dirigir-se à sede da Jucesp com o protocolo de entrada para formalizar a solicitação de serviço. abril - maio - junho 2011 | 63


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caráter inovador Com poucos cliques, o usuário tem acesso à maioria dos serviços da Junta Comercial no Jucesp Online. A navegação pelo site é simples, rápida, acessível e estruturada em conceitos de usabilidade. O sistema de consulta funciona como o do Google – em menos de um segundo pesquisa e lista dados de 5,4 milhões de empresas. Além de reduzir custos e atendimento presencial, o acesso é seguro. A garantia provém da certificação digital por meio da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileiras da ICP-Brasil, adotada em todas as esferas governamentais do país. Somente alguns serviços exigem cadastro de usuário, login e senha para usar a ferramenta. Um facilitador é o fato de o Jucesp Online utilizar o cadastro do Programa Nota Fiscal Paulista da Secretaria da Fazenda. Para a implantação do projeto, foi necessário modernizar o site institucional da Jucesp (www.jucesp. fazenda.sp.gov.br) para tornar o acesso mais fácil e objetivo aos usuários. Isso exigiu completa reorganização dos conteúdos a partir de estudos de arquitetura de informação. O site institucional passou por nova diagramação das páginas com o objetivo de modernizar a interface gráfica e facilitar o acesso ao usuário. O resultado: páginas em formato HTML, seguindo os padrões de desenvolvimento web e validadas pelo W3C (World Wide Web Consortium). Além de prover solução inovadora, o Jucesp Online foi adequado às exigências da Instrução Normativa no. 109/2008 do Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC), vinculado à Secretaria de Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A IN dispõe sobre os procedimentos de registro e arquivamento digital do registro 64 |

digital

público de empresas mercantis e de atividades afins. Isso foi possível porque a Imprensa Oficial é a autoridade certificadora oficial do Estado de São Paulo. A assinatura digital é feita por certificados digitais na hierarquia da ICP Brasil que confere validade jurídica aos documentos eletrônicos, assegurando meio seguro, rápido e transparente à disponibilização de documentos. A ICP-Brasil está instituída pelo artigo 10 da Medida Provisória no 2.002. Confere presunção de veracidade jurídica, em relação aos signatários, dos documentos produzidos por meio eletrônico certificado nos termos de tal diploma normativo. A certificação digital dá aos documentos eletrônicos as garantias de: autenticidade; identidade (de quem o assinou digitalmente); integridade (não alteração de conteúdo); não repúdio (o signatário não pode negar a autoria de sua assinatura digital); restrição de acesso (impede que pessoas não autorizadas possam utilizar o certificado de outrem). » reconhecimento da inovação O impacto e a aceitação do Jucesp Online podem ser percebidos pela progressiva migração do usuário para o meio digital. Em oito meses, o site registrou quase 10 milhões de acessos e o atendimento presencial teve redução de 56%: de 275 usuários para 154 por dia. O número de emissões de certidões em papel diminuiu 70%. Já o total de emissão de certidões cresceu com a nova ferramenta: saltou de 10,2 mil para 35,3 mil mensais. A quase totalidade das emissões, 32 mil certidões, passou a ser digital, ou seja, feita no novo sistema. A adoção da nova tecnologia permitiu aumentar o volume de acessos aos serviços da Jucesp. Trouxe mais

usuários e incluiu cidadãos de outros Estados. Assim, empresas, trabalhadores, despachantes, contadores e advogados passaram a ter serviços gratuitos em disponibilidade permanente (24 horas por dia, sete dias por semana) – em prazo mais rápido e até em tempo real, com transparência e menos burocracia. Um dos reconhecimentos do Jucesp Online foi a conquista do Prêmio TI & Governo 2010, que tem o objetivo de divulgar as iniciativas de governo eletrônico no Brasil. A solução também foi finalista do Prêmio Mário Covas 2011 na categoria de inova-


ção no serviço público. O projeto foi indicado por sua relevância social, caráter inovador e pelo impacto na administração pública, com melhoria nos processos, atendimento ao cidadão, redução de custos, ganho de qualidade, aumento de segurança, qualidade dos serviços prestados, transparência e oferta de novos produtos. A utilização dessa tecnologia com certificação digital traz inúmeras melhorias e vantagens. Para o usuário, o Jucesp Online trouxe

comodidade e agilidade na tramitação de documentos, redução de prazo de registro e facilidade de acesso aos documentos digitais registrados. Para a Jucesp, oferece o armazenamento de documentos digitais em meios mais seguros, custos menores para a guarda, conservação e impressão dos documentos armazenados eletronicamente, redução do trânsito de papéis, liberação de pessoal para execução de tarefas mais produtivas e diminuição das possibilidades de fraudes nos documentos registrados.

SOBRE O AUtOR João Paulo Foini, 25 anos de atuação no mercado de TI, é especialista em interatividade digital, portais corporativos, certificação digital e soluções de governo eletrônico. Atualmente, é o responsável pela gerência de produtos de tecnologia da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, na qual tem atuado em projetos para o Governo do Estado de São Paulo nas áreas de documento eletrônico, certificação digital, gestão eletrônica de documentos, portais e livros digitais. abril - maio - junho 2011 | 65


resumO Os estados indianos de Gujarat, Delhi e Maharashtra conseguiram combater a falsificação e o abuso de documentos de registro de veículos com novos certificados de registro altamente seguros. Os recursos líderes de segurança e o desenho avançado dos cartões da LaserCard são a base desse programa.

PalaVras-chaVe Resistência a falsificações, durabilidade, segurança digital, sistema de registro de veículos, certificados de registro, mídia óptica

ABSTRACT The Indian states of Gujarat, Delhi and Maharashtra have successfully countered forgery and abuse of vehicle registration documents with new, highly secure certificates of registration. At the core of this program are LaserCard’s leading security features and advanced card design

KEYWORDS Counterfeit-resistance, durability, digital security, vehicle registration system, certificates of registration, optical media


CASO / ARTIGO

Documentos estaduais de registro de veículos da Índia: Sucesso na luta contra falsificação e evasão fiscal Stephen Price-Francis

O

s estados indianos de Gujarat, Delhi e Maharashtra conseguiram combater a falsificação e o abuso de documentos de registro de veículos com novos certificados de registro altamente seguros. Os recursos líderes de segurança e o desenho avançado dos cartões da LaserCard são a base desse programa.

»» O problema da fraude de documentos Durante muitos anos, autoridades das áreas de transportes e impostos dos estados de Gujarat, Delhi e Maharashtra enfrentaram fraudes em massa baseadas no abuso de documentos de registro de veículos emitidos em papel. Sonegadores e infratores de trânsito podiam apagar

os registros de propriedade e infrações cometidas, ao passo que criminosos podiam evitar as autoridades devido ao fato de que seus veículos não podiam ser vinculados a atividades criminosas ou terroristas. »» A questão comercial Autoridades da área de transportes nesses três estados necessitavam de uma abordagem de alta tecnologia e segurança para combater problemas como sistemática falta de eficiência, abril - maio - junho 2011 | 67


»» legenda

corrupção e lentidão administrativa. O sistema de registro de veículos foi projetado para que a maior parte dos rendimentos fosse destinada aos escritórios estaduais de transporte, mas sem sistemas para se gerenciar a cobrança de taxas de forma segura, nenhum dos estados pôde angariar os rendimentos adequados. Além disso, as autoridades não tinham condições de acessar evidências quanto ao registro, seguro ou situação de um veículo, e a polícia não conseguia rastrear automóveis utilizados em crimes. »» Requisitos Os requisitos essenciais para novos documentos consistiam em resistência a falsificações, durabilidade e a capacidade de se armazenar com segurança dados que representassem um período de dez anos, interagindo de forma perfeita com o sistema de licenciamento eletrônico do go68 |

digital

verno. Essa combinação era fundamental para prevenir adulterações e suportar dez anos de manuseio descuidado por parte dos proprietários de veículos. »» Uma solução resistente a falsificações e adulterações Os estados de Gujarat, Maharashtra e Delhi selecionaram o documento de identidade da LaserCard, com base no histórico de segurança inigualável da mídia óptica da empresa, que jamais foi comprometida. Desde setembro de 2001, Delhi e Maharashtra instituíram novos cartões conhecidos como “livros de certificado de registro” para todos os veículos automotores novos e já existentes. Em Gujarat, os novos cartões são opcionais. Os cartões possibilitaram às autoridades indianas comprovarem se o registro e as taxas relacionadas a um veículo estão corretos e atualizados.

As autoridades agora possuem evidências facilmente acessíveis quanto ao seguro e à situação dos veículos. Além dos benefícios para a economia e segurança, o cartão tem sido providencial no combate à transferência ilegal de veículos e ainda ajuda a polícia na identificação de criminosos com base na acessibilidade de informações sobre veículos utilizados em crimes. »» Um grande obstáculo para grandes falsários O rosto do cartão Dimex inclui pigmentos e impressão de segurança e um holograma. A fotografia digital e os dados demográficos do titular do cartão são gravados a laser e,portanto, são altamente resistentes a adulteração. O verso do cartão apresenta uma tarja de mídia óptica com uma versão gravada a laser legível a olho nu das informações contidas no rosto do cartão, incluindo a fotografia do titular,


nome, data de nascimento e número de registro. Essas informações não podem ser apagadas ou alteradas. Além disso, o retrato, os dados demográficos e a impressão digital do titular são codificados digitalmente na tarja óptica e só podem ser lidos por um leitor especial projetado de forma segura.

• Armazenamento óptico de dados: imagens certificadas fotocopiadas digitalmente a partir de documentos originais, impossíveis de serem alteradas de forma fraudulenta, estão disponíveis a autoridades fiscais, reduzindo a burocracia drasticamente.

»» Características para a realidade atual • Resistência a falsificações: não há casos conhecidos de comprometimento da segurança digital da mídia óptica da LaserCard. O processo de registro de dados é fisicamente irreversível, eliminando efetivamente qualquer possibilidade real de falsificação.

• Atualizável: novos dados biométricos ou pessoais podem ser adicionados com segurança por pessoal autorizado para ajudar a prevenir obsolência e fraude.

»» Atendendo a requisitos atuais essenciais de segurança O documento de registro de veículos conhecido como “livro de certificado • Alta capacidade de dados: a mídia de registro” é um cartão avançado com óptica de 1,1 megabyte mantém múltiplas tecnologias, incorporando de forma segura tomídia óptica com das as informações capacidade de dados Fatos necessárias sobre de 1 MB e um chip • Mais de 13 milhões o veículo e o prode circuito integrado de cartões prietário, incluindo de 4 KB. A mídia emitidos imagens faciais e óptica armazena di• Mais de 9 anos em informações demogitalmente o retrato atividade gráficas e biométrido proprietário do cas, além de docuveículo, dados de• A segurança mentos fotocopiamográficos e a imdigital jamais foi dos digitalmente a pressão digital, além comprometida fim de prestar sude imagens fotoco• Durável, com vida porte ao histórico piadas digitalmente útil de 10 anos do veículo. de documentos de certificação e tribu• Durabilidade: a construção lami- tação. Essas informações não podem ser nada atende aos requisitos de du- apagadas ou alteradas. rabilidade mais exigentes, certificados por um laboratório independente, fazendo com que cada cartão de registro de veículos suporte uma vida útil de 10 anos. Stephen Price-Francis, vice-

Sobre o Autor

• Solução de baixo custo: a combinação de tecnologia avançada, durabilidade de construção, capacidade de dados e flexibilidade de aplicação proporciona o máximo retorno sobre o investimento.

-presidente de Marketing da LaserCard, está diretamente envolvido no desenvolvimento e implementação de alguns dos maiores programas de documentos de identidade seguros governamentais na América do Norte, Europa e Oriente Médio.

»» Abordagem tecnológica inclusiva • Mídia óptica para armazenamento seguro e portátil de dados • Chip de circuito integrado para licenciamento e taxas »» Características principais de segurança • Mídia óptica à prova de adulteração • Imagens digitais portáteis »» Alívio Burocrático • Lentidão administrativa reduzida drasticamente • Redução de 60% no tempo de processamento de registros • Evasão fiscal e fraude na propriedade de veículos reduzidas drasticamente »» Aprovação “ … uma das vantagens essenciais é a impossibilidade de se apagar registros antigos, incluindo infrações” – Rajeef Talwar, Diretor de Transportes de Delhi

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resumO Este artigo trata do SmartMX2, que abrange uma vasta gama de aplicações, tais como: documentos eletrônicos, cartões para transações bancárias, TV por assinatura, transações móveis, transportes públicos, gerenciamento de acesso e autenticação de dispositivo. Além disso, aborda a tendência de múltiplas aplicações num mesmo cartão, mostrando exemplos da Alemanha e Taiwan, que através da arquitetura IntegralSecurity - destinadas a proteger a integridade e a segurança dos dados do usuário e aplicações - ainda oferece desempenho destacado.

PalaVras-chaVe NXP, SmartMX2, Mifare, multiaplicações e segurança.

ABSTRACT This article talks about the SmartMX2, covering a wide range of applications such as electronic documents, cards for banking, pay TV, mobile transactions, public transport, access management and authentication device. The article also discusses the trend of multiple applications in one card, showing examples of Germany and Taiwan, which the architecture IntegralSecurity - designed to protect the integrity and security of user data and applications, yet offers outstanding performance.

KEYWORDS NXP, SmartMX2, Mifare, Multi-application and security


CASO / ARTIGO

A arquitetura única IntegralSecurity protege os dados do usuário e aplicações Julio Melo

O

SmartMX2 é uma família totalmente nova de microcontroladores seguro construída sobre a arquitetura inovadora IntegralSecurity. O SmartMX2 é projetado para oferecer níveis de segurança sem precedentes para multi-aplicações sem comprometer o desempenho do produto, ou a produtividade do projeto. Com a sua flexibilidade e economia de escala, o SmartMX2 abrange uma vasta gama de aplicações, tais como: documentos eletrônicos, cartões para transações bancárias, TV por assinatura, transações móveis, transportes públicos, gerenciamento de acesso e autenticação de dispositivo. Uma tendência importante na identificação de hoje é o movimento de suportar múltiplas aplicações em um cartão inteligente, único e seguro. O novo cartão de identidade nacional alemã, por exemplo, pode ser usado no lugar de um passaporte quando for viajar dentro da Europa e também facilita transações eletrônicas seguras. Outro exemplo

é o Taiwan Easy Card, que unifica as funções, incluindo bilhetes de transportes públicos, pequenos pagamentos, ingressos de eventos e identificação de alunos (acessos a escolas/universidades). SmartMX2 da NXP remove grande parte da complexidade associada à concepção de cartões de identificação ao apoiar múltiplas aplicações, integrando os mais altos níveis possíveis de segurança e desempenho. “Hoje o mercado já não é simplesmente um caso de aplicações dentro de um setor vertical - em vez disso, procuram cada vez mais a convergência entre os mercados verticais. Já há um cruzamento entre identidade e pagamento eletrônico, bem como um maior desenvolvimento das infraestruturas que permitam pagamentos e transporte em larga escala”, explicou John Devlin, diretor da AutoID e Smart Cards da ABI Research. “Na Rússia, por exemplo, o governo está visando a integração de identidade nacional, da segurança social, transportes públicos e dos pagamentos em um único cartão.

Além do aumento da complexidade exigida destas soluções, a capacidade de cumprir as normas de segurança mantendo-se flexível e em escala favorável é fundamental”, completou. Ruediger Stroh, vice-presidente executivo e gerente geral de Identificação da NXP Semiconductors, observou: “multiaplicações têm sido discutidas há alguns anos, mas até agora a indústria tem sido lenta para abraçar esta tendência devido à complexidade crescente a cada nova geração do design”. Segundo ele, o novo produto facilita o processo. “O SmartMX2 traz a arquitetura inovadora IntegralSecurity, assim como excelente desempenho e um bom caminho para a implementação, para ajudar nossos clientes a chegar ao mercado mais rápido e economizar tempo e custos”, enfatizou. »» Multiaplicações sem barreiras Com o SmartMX2, a NXP está lançando a nova arquitetura IntegralSecurity destinada a proteger a integridade e a segurança dos dados do usuário e aplicações de segmentação CC certificação EAL 6 +. Além disso, é um projeto único de seguabril - maio - junho 2011 | 71


rança construído em mais de 100 mecanismos de segurança específicos que criam um escudo de proteção com as camadas densas de redundância e múltiplas. Um coprocessador criptográfico Fame2 com eficiência de energia prevê ainda mais notável resiliência DPA, servindo toda a gama de algoritmos de criptografia RSA com uma extensão flexível chave de até 4096 bits. Além disso, o SmartMX2 inclui SecureFetch (Patente NXP), que protege contra ataques de luz e laser e agora cobre outros dados de código de software, bem como a tecnologia GlueLogic, recurso para proteção avançada contra ataques de engenharia reversa. Além disso, o SmartMX2 apresenta uma reengenharia MMU (unidade de gerenciamento de memória) com excelentes capacidades de firewall de aplicação multi-set-ups. É fabricado em tecnologia CMOS avançado 0,09 µm com sete camadas de metal, oferecendo proteção reforçada novamente à engenharia reversa e aos ataques de sondagem e criando uma malha altamente protetora da ativa e dinâmica de blindagem. O novo SmartMX2 oferece aos clientes desempenho líder na indústria. De acordo com um benchmark Dhrystone, o SmartMX2 é até 5.7 vezes mais rápido que seu antecessor SmartMX sem penalizar o consumo de energia. Seu conceito de família única abrange as melhores opções de memória para a ROM, RAM e EEPROM FLASH, utilizando a mesma arquitetu-

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digital

ra para toda família e opções de interface. SmartMX2 apoia plenamente a tecnologia MIFARE NXP - incluindo MIFARE DESFire, MIFARE Plus e MIFARE Classic - que agora é onipresente no controle de acesso e implantação de transporte sem contato, incluindo mais de 650 cidades, dentro das quais 60 grandes cidades em todo o mundo. Principais características do SmartMX: • Arquitetura IntegralSecurity com mais de 100 elementos de segurança para proteção contra ataques, certificado CC EAL 6 +. • Alto desempenho da CPU com SmartMX2 desempenho de 8 - a 32-bit no conjunto de aplicações. • Co-processador de criptografia para RSA/ECC e DES/AES. • Otimização para ISO / IEC 14443 incluindo suporte para interface de dimensões pequena antena. • Suporta MIFARE DESFire, MIFARE Plus e MIFARE Classic para aplicações de convergência de transporte e pagamento.

Sobre o Autor Julio Melo é engenheiro eletrônico formado pela Escola Politécnica de Madrid, com vasta experiência no segmento de Identificação. Atualmente dedica-se ao desenvolvimento de soluções para documentos eletrônicos e cartões bancários, além do segmento de transporte público, com vasto conhecimento na tecnologia Mifare.



FlashES Outorga DeferĂŞncia Policial Federal fotos: wenderson araĂşjo



FlashES workshops regionais: florian贸polis e salvador fotos: imagem e arte; Studio sun sun.



FlashES Certforum: recife e florian贸polis fotos: Osmar Lima; imagem e arte



PRA TERMINAR...

ah, o FaX... Vai aqui mais uma confissão: sou uma fraude tecnológica. Lido com considerável dificuldade com todos esses gadgets de hoje. Você percebe que a situação é perigosa quando seus alunos na faculdade começam a rir da sua inabilidade em usar o telefone da moda. Mas a questão se transforma mesmo em problema quando você tem de pedir ajuda à filha de 13 anos para mudar o canal da TV. Já reparou na sala de estar hoje em dia? Um rack cercado de controles por todos os lados. Tem controle para a televisão, para o receptor da TV a cabo, para a central de áudio, para o DVD, para o blu-ray, videokê... Dia desses fui à casa de um amigo ver um jogo de basquete num canal que não tenho (ainda tem isso, ele assina dois cabos – mais um controle). O cara pegando uns petiscos, resolvo dar uma zapeada. Aperto um botão de um dos sete remotos disponíveis e, pimba, apaga a luz! E não é só: ainda acendeu uma iluminação que você sequer consegue imaginar de onde saiu. Coisa de filme mesmo. Ou de ‘home cinema’, foi a expressão que ele usou. Deve ser muito útil o tal botão ao meu amigo solteiro. A coisa do controle remoto cresceu tanto que já há novos utensílios só para guardá-los. Tente pechinchar o preço do sofá numa loja de móveis. “Doutor, o preço já tá lá embaixo, na promoção, mas se o senhor levar, eu lhe dou o suporte lateral que funciona como bandeja e porta-controle”. Ele só esqueceu de usar o plural... Enfim, embora razoavelmente novo – sou de meados da década de 1970 – tenho dificuldade em entender todas essas novidades que nos cercam. O problema, na verdade, não é de hoje. Ainda moleque, meu 80 |

digital

pai usava um canto da sala de estar como escritório – naquela época havia mais espaço nas salas porque as TVs ainda não tinham 72 polegadas. E no cantinho do cantinho do meu pai estava lá, reinando sobre todos os outros objetos numa prateleira exclusiva: o Fax! Aquilo me fascinava. Um Fax, tem Fax na minha casa. No primeiro ano Dele no cantinho, não tive dúvida e mandei a carta para o bom velhinho: “sei que não fui um menino muito bom ao longo do ano – teve aquela história da tachinha na cadeira da professora e o acidente com aquele gato que não nadava e nem tinha sete vidas, mas se o senhor me der um fax só para mim, posso me comunicar com meu pai”. Achei o argumento até válido, mas ao que parece Papai Noel também não gosta muito de tecnologia. Ganhei uma bola. E de futebol. Até hoje, quando penso no Fax fico maravilhado. E-mail, smartphone, wi-fi, cloud computing, nada me impressiona. Já o Fax... O Fax é uma coisa física, palpável, de carne e osso. Você enfia um papel aqui e sai lá do outro lado. E sai igualzinho, em tempo real: põe dois Faxes lado a lado e você vai ver a mágica se materializando, o texto entrando em um aparelho e saindo do mesmo jeito no outro, parece nado sincronizado. Lindo, o máximo. Para mim, a tecnologia parou no Fax. Tudo que veio depois foi variação da mesma nota. Bom, talvez um pouco dessa birra tecnológica tenha origem no processo de tentar entender. A necessidade de sempre saber o porquê de tudo.

Pode até parecer bom esse papo de saber as razões, mas tem hora que cansa. E eis que chega a certificação digital para me redimir. Mais uma vez, tentei entender o processo, chave pública, chave privada – e eu me perguntado, ponho a chave no chaveiro do carro ou no de casa, aonde vou enfiar a chave, cadê a bendita fechadura? Foi aí que a luz apareceu (vai ver foi obra daquele meu amigo solteiro do controle remoto): e quem precisa entender isso tudo? Certamente, não eu. Com certeza, tem muita gente para pensar, planejar e executar tudo que está por trás de um certificado digital. Mas a mim, basta usar. E confiar. E saber da seriedade. Nisso, me encontrei com a tecnologia. Ou, ao menos, com parte dela. Perdi a desconfiança em relação ao internet banking (nem lembro quando pus os pés numa agência) e virei um comprador digital em sites certificados. Até roupa, que a maioria das pessoas evita, já pedi on-line. Mas os controles remotos... MARCIO PEIXOTO É EDITOR DA REVISTA IDIGITAL. "Pra terrninar..." é o espaço de crônicas da idigital, aberto a colaborações de funcionários das associadas ABRID. Mande seu texto para revista@abrid.org.br




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