Fazenda Coruputuba

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100 Anos

Fazenda Coruputuba 100 anos 1911|2011 Pindamonhangaba | S達o Paulo 1


Fazenda Coruputuba

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Fazenda Coruputuba 100 Anos - 100 anos A Misasi Comunicação se orgulha em apresentar essa verdadeira preciosidade, um livro comemorativo do primeiro centenário da Fazenda Coruputuba. A obra está repleta de imagens históricas que documentam um pouco da saga de Cícero Prado, um visionário brasileiro que inovou as práticas capitalistas da agricultura e da indústria, sem perder a essência humanitária para com seus semelhantes. Extraordinário administrador e f igura humana que foi, Cícero Prado influenciou o Vale do Paraíba com tecnologia de ponta para irrigar seus vastos campos de arroz. Produziu tanto que usou a sustentabilidade antes do nascimento dela como palavra e fez papel da palha do arroz. Em alguns anos, Cícero Prado já liderava a produção nacional de papel e celulose até se consolidar como um dos maiores da América Latina. Felizmente podemos sonhar. Este livro foi sonhado, e muito. Vamos dar início a uma volta ao passado e compor – por meio de imagens – um pequeno roteiro histórico na mente. Por jamais esquecer, a cultura tem o dom de avançar no tempo sem envelhecer. Ronaldo Barbosa

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Fazenda Coruputuba

Patrocínio

Realização

Apoio

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Projeto Gráf ico


100 Anos 2011 – Ano do Centenário da Nova Coruputuba por Antonio Carlos P. Devide e Geraldo Stachetti No Ano Internacional da Floresta (2011), es– tabelecido pela ONU – Organizações das Nações Unidas, a Fazenda Nova Coruputuba marca seu centenário inovando em desenvolvimento tecnológico no melhor estilo de seu fundador, o pioneiro Cícero Prado. Inserida no bioma Mata Atlântica; um dos mais ameaçados do mundo pelas agressões nas florestas; o Corredor da Serra do Mar está entre as cinco regiões do planeta de maior prioridade para a conservação (hotspots). O Vale do Paraíba do Sul sofre a pressão da produção em mono– cultura de Eucalyptus, com níveis críticos em diversos municípios, exacerbando diferenças sociais e problemas ambientais. Sensível ao crescente desmatamento das florestas tropicais, à diminuição da oferta de produtos florestais, ao aumento da demanda por madeiras nobres, aos problemas inerentes à monocultura do Eucaliptus e principalmente por estar situada na região sudeste que concentra o consumo de madeiras nativas do Brasil, atualmente provenientes da floresta amazônica, a Fazenda Coruputuba é pioneira nos cultivos das espécies arbóreas Guanandi (Calophyllum braziliense) e Acácia (Acacaia mangium), com foco na geração de renda e conservação de habitats. O guanandi é uma essência nativa do Brasil e produz uma madeira de alta qualidade, tolera o alagamento e está substituindo o arroz nas várzeas, devido à baixa rentabilidade do cereal e ao impacto ambiental que causa. A acácia é uma leguminosa australiana com alta capacidade de f ixação biológica do nitrogênio (FBN), realizada por bactérias que se associam às suas raízes, dispensando o uso de fertilizantes

nitrogenados, reduzindo o input energético e os efeitos danosos à atmosfera e aos recursos hídricos. A acácia está inserida em sistema de rotação com Eucalyptus com vistas à produção de madeira, tanino, mel e para a recuperação da fertilidade dos solos por meio da intensa ciclagem de nutrientes depositados na serrapilheira. As ações da Nova Coruputuba estão apoiadas em parcerias (*) e o centenário é comemorado com o projeto “Biodiversidade na produção agroflorestal de guanandi (Calophyllum braziliense) e acácia (Acacia mangium)”, desenvolvido com a APTA – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo e coordenado pelo pesquisador Antonio Carlos P. Devide do Polo Regional do Vale do Paraíba. Com princípios na pesquisa participativa, esse projeto baliza-se em quatro pilares: caracterização do ambiente e das espécies cultivadas; geração participativa e transferência de tecnologias sustentáveis; avaliação das modif icações que ocorrem na conversão agroflorestal e introdução de mecanismos de gestão ambiental. Caracterização do ambiente e das espécies cultivadas: os solos identif icados até o presente momento pertencem às classes Cambissolo na terra alta e Planossolo na várzea. O Guanandi apresentou o melhor desenvolvimento na terra alta possivelmente em função dos atributos do solo mais favoráveis, tais como o não impedimento ao desenvolvimento do sistema radicular, melhor aeração para o sistema radicular e dre– nagem do solo. Na várzea, o guanandi sob o maior espaçamento (3x3m) deixou o solo exposto às enxurradas, favorecendo a forte erosão laminar. Na 5

terra alta, o plantio adensado (3x2m) em um solo de melhor drenagem proporcionou melhores condições para o seu desenvolvimento, que equiparou ao porte na várzea, apesar de um ano a menos de idade. Porém, também, não cobriu o solo por completo demandando tratos culturais para o controle do mato. - Geração e transferência de tecnologias su s t e n t áve i s : a s p e s q u i s as d e co n versão agrof lorestal da produção de guanandi estão balizadas em experimentos na terra alta, estabelecendo-se consórcios com mandioca (Manihot esculenta), palmeira juçara (Euterpe edulis), banana (Musa sp.), guandu (Cajanus cajan) e diversidade arbórea; e na várzea, em consórcio com artemísia (Artemisia annua), arbustivas espontâneas sesbânia (Sesbania sp.) e paquinha (Aeschynomene sp.), banana e juçara, além das arbóreas de ocorrência natural comum em ambos ambientes: embaúba (Cecropia hololeuca), sangra d’água (Croton urucurana), aroeira (Schinus terebinthifolia), mamica-de-porca (Zantoxylum rhoifolium), ingá (Inga uruguensis), embirussú (Pseudobombax grandiflorum), suinã (Erythrina verna), dentre as mais comuns. Das culturas anuais obtém-se renda em um ciclo curto - a mandioca de mesa IAC 06-01 biofortif icada com vitamina A, também, faz parte do resgate histórico da Fazenda, pois nos primórdios, foi a cultura de maior abrangência, sendo substituída na década de 60 pelo Eucalyptus; a Artemísia será avaliada para a produção de artemisinina, medicamentos em desenvolvimento para o combate à malária. Da bananeira cv. BRS Conquista, obtém-se elevada produtividade e resistência às doenças mal-dopanamá, sigatoka negra e amarela; da palmeira


Fazenda Coruputuba juçara, dupla aptidão - polpa dos frutos e palmito. A introdução da diversidade arbórea e arbustiva visa intensif icar a ciclagem de nutrientes e obter a cobertura perene do solo, similar ao que ocorre em uma floresta. Para a acácia, além de arranjos de plantio com guanandi, há a introdução de bactérias dia– zotróf icas e fungos micorrízicos inoculados nas sementes desde a produção de mudas no viveiro. Esses microrganismos simbiontes, respectivamente, garantem o crescimento da acácia sem a necessidade da adição de nitrogênio, e aumentam o aproveitamento dos nutrientes do solo, principalmente do fósforo que é normalmente deficiente nos solos tropicais. Avaliação das modificações que ocorrem na conversão agroflorestal: a diversidade de espécies deve proporcionar melhores condições para o desenvolvimento do guanandi, considerada espécie secundária da sucessão florestal. O monitoramento das culturas será detalhado (produtividade, de– senvolvimento, sanidade, teores de vitamina A/ mandioca e artemisinina/artemísia), bem como os aspectos ambientais (ciclagem de nutrientes, densidade do solo, teor de matéria orgânica do solo e a f itossociologia das plantas espontâneas).

estabelecimento uma referência de gestão ambiental e agricultura sustentável. O índice de sustentabilidade integrado foi calculado por meio da média de 62 indicadores de desempenho, alcançando-se o índice de 0,79 em uma escala de 0 a 1,0, com a linha base modelada em 0,70. Isto situa a Fazenda Coruputuba entre os cinco mais elevados índices de desempenho ambiental observados em um universo de 178 estudos de caso realizados com a mesma abordagem me– todológica. Destacamos os indicadores de qua– lidade ambiental para ausência de impactos à atmosfera (índice = 0,83), excelente qualidade das águas (índice = 0,94), mas solos que demandam ações de correção (índice = 0,65), em especial no tocante à acidez potencial. Todos estes indica– dores tendem a ser favorecidos por meio da diversif icação agroflorestal, apresentando ten– dência de melhora perceptível nos indicadores analisados. Em comparação à qualidade da água, àquela efluente dos tabuleiros de arroz (0,85) são inferiores a do guanandi (0,94) devido à presença

Mecanismos de gestão ambiental: a análise de sustentabilidade deteve-se ao sistema de indicadores APOIA-NovoRural desenvolvido pela Embrapa Meio Ambiente. A Fazenda Coruputuba caracteriza-se como um estabelecimento em desenvolvimento, dadas a integração de atividades agrícolas em modelo de parceria, tais como a rizicultura, o cultivo de rosas e a produção apícola integrada com a diversif icação arbórea, além da previsão de atividades não agrícolas (turismo rural e pedagógico), que promovem a diversidade produtiva e o acesso ao mercado, fazendo deste 6

de sedimentos em suspensão em função do preparo do solo para o plantio. Para os valores so– cioculturais (0,76), há esforços para se recuperar o patrimônio histórico e melhorar as condições e a qualidade do emprego/ocupação. A diversif icação econômica favorece a segurança, a estabilidade e a diversidade das fontes de renda (0,85). Esses investimentos valorizam a propriedade por meio das benfeitorias, meios de produção, qualidade e conservação dos recursos naturais, além de expressiva valorização imobiliária. (*) Agradecimento aos Parceiros: - APTA/Pólo Regional do Vale do Paraíba: pesquisadores Antonio Carlos P. Devide (coor– denador, Fitotecnia e Exploração Vegetal); Cristina Maria de Castro (Ciência do Solo) e Hélio Minoru Takada (Entomologia). - UFRuralRJ, Instituto de Agronomia (IA), Deptº Solos, Lab. de Gênese e Ciência do Solo: Prof. Marcos Gervasio Pereira (Ciência do Solo). - UFRuralRJ, IA, Curso de Pós-Graduação em Fitotecnia Agroecologia: Prof. Raul de Lucena Duarte Ribeiro (Fitopatologia, Agroecologia) e Antônio Carlos de Souza Abboud (Agroecologia). - Embrapa Meio Ambiente: Geraldo Stachetti Rodrigues, Isa Rodrigues (APOIA Novo Rural). - Pesagro-Rio – Empresa de Pesquisa Agro– pecuária do Estado do Rio de Janeiro, Centro de Pesquisa em Agricultura Orgânica (CPAO) de Seropédica: pesquisador Luiz Augusto Aguiar (Fitopatologia e Entomologia). - Centro Pluridisciplinar de Pesquisa em Química, Biologia e Agrotecnologia (CPQBA/ UNICAMP): pesquisador Pedro Melillo de Ma– galhães (Plantas Medicinais). - Empresa Sourcetech – Dr. Albert Bergdo, Ro– berto Serson e Ricardo Kooji Teramoto. - Instituto Biológico/APTA: pesquisadora Olga Russomano (Fitopatologia).


100 Anos 1910 - Cícero Prado e amigos visitam o Museu do Louvre, na França

Pré-história de Coruputuba 1650 – Documentos citam a posse de terras em “Corupaitiba”, indicando ser a paragem uma das mais antigas sesmarias – terras cedidas pelos reis de Portugal aos donatários de ca– pitanias hereditárias para cultivo e povoação.

Panorama da fecularia de mandioca, ao fundo o Chalezão

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O local seria a constante do inventário do paulista Antonio Bicudo Leme, um dos pri– meiros moradores de Coruputuba. 1705 – Fundação de Pindamonhangaba. 1888 – Nasce em 24 de outubro Cícero da Silva Prado, em São Paulo 1889 – Fundação do distrito de Moreira César


Fazenda Coruputuba Pindamonhangaba. Cícero Prado desce do vagão e se encanta com as terras. Causou admiração na época, quando sou– beram na Região a venda da Fazenda Coruputuba ao jovem Cícero da Silva Prado por 250 contos de réis, por 1000 alqueires de carrascais adquirido de José Marcondes Rangel, que havia comprado do próprio tio por 150 contos de réis. Com o negócio ganhou, em pouco mais de seis meses, a quantia de 100 contos de réis, a custo de uma possível inexperiência do jovem Prado. Numa época em que os produtores de café da região substituíram as lavouras pela criação de gado, Cícero foi pioneiro ao investir na cultura do arroz no Vale do Paraíba, iniciando uma produção em larga escala.

1950 - Lago de Coruputuba, fábrica ao fundo

1898 – Inauguração da Estação Ferroviária do Distrito de Moreira César. 190 7 – Co n s t r u ç ã o d a f e c u l a r i a de mandioca, constituindo-se a primeira casa de Coruputuba. 1909 – Cícero da Silva Prado forma-se ba– charel na 78ª turma da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo. 1910 – Cícero Prado e amigos na Fran– ça – Photographie des Grands Magasins Du Louvre.

O início da saga 1911 – Vindo do Rio de Janeiro, o trem quebra na estação do Distrito de Moreira César, em

1920 - Antes da construção da ponte sobre o rio Paraíba do Sul, arroz era transportado por barcaças

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100 Anos Investe também em gado, mandioca, eu– caliptos e casas para os trabalhadores. 1923 – Cícero aproveita a palha de arroz e inicia a fabricação de papelão, com se– cagem ao sol. “... e se aproveitássemos a palha do arroz para fabricar o papelão?“, Cícero Prado. 1927 - Fundação da fábrica Coruputuba de papelão, ao longo dos anos se tornaria a

1922 - Transporte da máquina de papel importada da Europa

1926 - Alberto Simi, prefeito de Coruputuba

segunda maior fábrica de papel da América Latina. A Máquina 1 inicia a produção de papelão com a palha de arroz, cal virgem, soda cáustica e secagem ao sol. Nesta data, Cícero importa da Suíça a primeira máquina para fabricação de papeis brancos, a Máquina 2. Nela são produzidos cartolina e papelão com celulose importada, são 18 toneladas a cada 24 horas de funcionamento. 9


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Agrícola e Industrial Coru– putuba. A primeira fábrica produzia cerca de 400 a 500 quilos de papelão por dia. A máquina 2, montada por técnicos estrangeiros, pro– duzia cartolina de várias qualidades e alguns tipos de papéis. A máquina 3 fabricava papel tipo Kraft, de largo emprego. Mas, o título de

1953 - Funcionárias da fábrica em frente ao “Salão das Moças”

Conclui-se a montagem da Usina Vaticano para fornecer energia elétrica à fábrica. Neste ano, ingressava na Cia Agrícola Industrial Humberto Gomes, ao longo de trinta anos ocupou diversos cargos até se tornar diretor gerente da fábrica de papel. 1927 – Joaquim Mariano de Paula assume a direção da administração agrícola da fazenda. Após 30 anos de serviços, Joaquim

lida com 203 alqueires de terras cultivadas de arroz, em larga escala. 1929 – Instalação de novas máquinas para produção de papel. Surge a Máquina 3 produzindo papel de seda, Kraft e mo– nolúcido. A celulose ainda é importada. Com a Máquina 3 são mais 7 toneladas em 24 horas. Em 27 de julho foi constituída a Cia 10


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maior fábrica de papel da América Latina quem deu foi a máquina 4. No decorrer dos anos, foram adquiridas novas fazendas e ao lado do rápido crescimento da indústria de papel e lavoura de arroz, desenvolvem-se outras culturas, entre elas a cana de açúcar. Com a larga produção, instalou-se uma indústria de aguardente: “Sapucaia”. No mes– mo ano, incrementou-se o flores– tamento e o ref lorestamento de eucaliptos e pinus. Fazendas adquiridas neste período: Sapucaia; Brejão; Agua– da; Tetequera; Baronesa; Alber– tina e Vaticano (em Roseira); Largo de Coruputuba

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Foto da capa do livro “Aconteceu na Escola”, de Paulo Tarcisio

Santa Cecília (Bom Sucesso); Campista e Serrano (Campos do Jordão) – onde foram plantados três milhões de pinheiros. A Fazenda Vaticano é formada por terras adquiridas de José Ramos e mais 30 alqueires do local chamado Forros, pertencentes aos descendentes de escravos alforriados que só poderiam vender a propriedade se todos concordassem com a venda. Quando Cícero Prado propôs a compra, os proprietários concordaram, pois estavam endividados com impostos e sem possi– bilidade de saldar as dívidas com as prefeituras de São Luiz do Paraitinga, Cunha, Guara– tinguetá e Pindamonhangaba. Os impostos foram pagos por Cícero Prado 1958 - Paulo Tarcisio, com regador na mão, na horta da escola

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100 Anos e a compra realizada. Como os donos das terras eram analf abetos e a propriedade pertencia ao município de P inda, foi providen c i a d a a v i n d a d o s p roprie – tários, aos poucos, à Coruputuba para la– vrar a escritura. Foram testemunhas José Francisco Correa e Ângelo D’arace. Em Forros está localizada a Lagoa Santa, que viria a abastecer as represas para fornecimento de água necessária pa– ra funcionamento contínuo da usina hi– droelétrica Vaticano.

Revolução de 1930/32 1934 – Alterado o nome da empresa para “Cia Cícero Prado”. Em 7 de janeiro, monsenhor João José de Azevedo inaugura a capela dedicada à

Professor Antonio Calixto Rodrigues e alunos

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1930 - Procissão à Nossa Senhora Aparecida, ao fundo Chalezão

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100 Anos Nossa Senhora Aparecida. A capela repre– senta o atendimento da Santa a um pe– dido feito pela esposa de Cícero Prado, Maria de Lourdes da Silva, durante a Re– volução de 32, pelo qual a guerra não atingisse Coruputuba. Consta no Livro Tombo nº 2 da Paróquia Nossa Senhora do Bom Sucesso que o último Quartel General Constitucionalista da Frente Norte - frente de combate do Vale do Paraíba, lado paulista - foi precisamente no chalé residencial do dr. Cícero Prado e que ali se concentrou o armistício, com a reunião dos generais paulistas Andrade, Paulinércio, Fi– gueiredo e Herculano de Carvalho. 1935 - Aquisição da Máquina 4, que passa

1930 - Vista aérea do Chalezão e pomares

1937 - Arrozal

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a produzir 30 toneladas (a cada 24h) de papel fosco, cristal, Pirelli, super-bond e coru-bond. 1938 – Lei estadual cria o Grupo Escolar Rural de Coruputuba, em 2 de março. 1939 – Entra em funcionamento a Má– quina 5. Com ela, a fábrica começa a produzir cartão de todas as cores e cartolinas: Duplex; Maisena; Kodak; Kolynos; e chiclete. O processo ainda usa a celulose importada produzindo 170 toneladas a cada 24h. 1941 – Nova alteração no nome, ago– ra passa a se chamar: “Cia Agrícola Cí– cero Prado”. 1946 – Instalada mais uma máquina de papel e construída a fábrica de celulose que

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1959 - Banda Ioterpe

Campo de bocha ao lado do Largo Coruputuba

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Máquinas 1 e 2 de produção de papel

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D. Lourdes, esposa de CĂ­cero Prado


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1942 - Natal em Coruputuba

Sede do Banco Cícero Prado na Av. Rio Branco, em São Paulo

1942 - Casa da Bomba d’água para irrigação e drenagem da várzea

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100 Anos com cerca de 400 casas boas, para moradia, e mais 100 pelos arredores que se dividiam em vilas como da Palha e Baderna, entre ou– tras. Ainda haviam outras casas construídas no meio das plantações de eucaliptos. A fábrica já contava com pouco mais de 800 funcionários diretos e a seção agrícola

seria alimentada por eucaliptos e pinus, contribuindo para substituir grande parte de importação de celulose. 1947 – G. E. G. Rural Antonio Bicudo Le– me passa a se chamar Grupo Escolar Rural Dr. Martinico Prado, a partir de 16 de janeiro. 1948 – Neste ano, Coruputuba contava

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Fazenda Coruputuba com mais 300 trabalha– dores. Todos moravam em Coruputuba com suas res– pectivas famílias, num to– tal de 3.500 habitantes. Soma-se à este número mais 100 residentes da Fa– zenda Sapucaia. Por Coruputuba passa ainda uma estrada de ferro, pertencente à União. Pró– xima à estação Moreira Cé– sar moram pelo menos mais 20 funcionários. 1950 – Cícero Prado par– ticipa da f ormatura dos alunos do Senac, no Clu– be de Basquete de Pinda. 1951 – Benedito Mar– condes de Mello Filho as– sume a administração in– terna da sede da Cia Cícero Prado e da Fazenda Coru– putuba, auxiliando direta– mente o gerente geral Jo– sé Manoel da Fonseca. O administrador passa a mo– rar na primeira casa cons– truída na propriedade, em 1907 – onde funcionava a fecularia. Em 26 de março, Carmi– nha começa a trabalhar na Cia. Agrícola e Industrial Cícero Prado. Incansável assistente social, Carminha é considerada como um dos símbolos femininos de Coruputuba. Memória 24


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1957 - 1º de Maio na fábrica

viva, ela permaneceria na fábrica durante toda a transformação ocorrida ao longo de décadas e gerações. 1952 – Papel Coru-Bond é uti– lizado por falsários para f raudar o Tesouro Nacional. 1953 – Criação da Caixa Bene– f icente Operária Cícero Prado, em 25


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1951 - Vendaval derruba eucaliptos

8 de outubro. Destina à prestação de assis– tência social dos empregados e de suas fa– mílias, a entidade presta gratuitamente atendimento médico, cirurgia hospitalar, dentária e de medicamentos. Oferece ar– mazéns de abastecimento para revenda aos associados, com artigos de alimentação e consumo – cujo lucro é totalmente rever– tido aos usuários em forma de benefícios. Assistência educacional e recreativa. Auxílio f inanceiro para casamento, luto ou enfermidades. Segundo o Estatuto da Caixa Benef icente Operária Cícero Prado, “a cooperação ma– terial direta do dr Cícero da Silva Prado que, num gesto de desprendimento e frater– nidade, se prontif icou a ceder, em favor da Caixa, todo o patrimônio benef icente, até 26


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Largo de Coruputuba onde funcionavam o açougue, a mercearia, barbearia e o bar do Sorati

1950 - Cícero Prado é o paraninfo dos formandos Senac

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então administrado pela Companhia, como por exemplo, as instalações médicas-ci– rúrgicas, o cinema, etc.” Cícero Prado tornou-se amado pelos mo– radores de Coruputuba, pois desfrutavam de vários benefícios sociais. A assistência aos moradores se dava por meio de estrutura,

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como: farmácia, armazém cooperativa, atendimento médico e odontológico, am– bulatório, distribuição de leite, açougue, padaria, bar, leiteria, barbearia, pensão, cinema, Associação Esportiva Industrial, atividades sociais e esportivas, quadras po– liesportivas e clube náutico.


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Fazenda Coruputuba 1949 - Vagão do ramal da estrada de ferro descarrilha dentro da fábrica de papelão

1948 - Cozinha industrial da fábrica

1953 – A comissão de festejos carna– valescos, juntamente com o prefeito Caio Go– mes Figueiredo, esteve na sede da Fazenda Coruputuba para solicitar papel, papelão e cartolina para a decoração da praça cen– 30


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Coruputuba recebe imigrantes japoneses na década de 40

tral de Pindamonhangaba. O pedido foi atendido pelo diretor, José Manoel da Fonseca, e pelo chefe da produção, Humberto Gomes.

Dr. Cícero Prado é o grande banqueiro “No dia de hoje, 24 de outubro, Coruputuba, com toda Pindamonhan– gaba, com seus operários, da fábrica e das lavouras, com os doentes do hospi– tal e maternidade, com os órfãos e de– samparados, com as crianças dos ora– tórios festivos, cumprimentam o dr. Cícero Prado desejando-lhe vida longa, prosperidade crescente, sobretudo a graça de Deus, sem a qual nada tem valor neste mundo. Saber ter é uma ciência e difícil arte. Dr. Cícero tem essa ciência e essa arte. Do 31


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Molaça – Primeira moenda da fábrica de papel

Igreja Nossa Senhora Aparecida

Maternidade dr Cícero Prado

Ponte do bairro Sapucaia, sobre o rio Paraíba

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100 Anos seu bolso cerca de 4 mil pessoas vivem. Dãolhe o trabalho e recebem o pão de cada dia. Dão-lhe o esforço leal e amigo e recebem a camaradagem do chefe ideal que fala com todos, que estende a mão ao ultimo de seus operários. Dão-lhe a vida e recebem a vida! Que o Onipotente guie, guarde, proteja, remunere ao grande amigo e patrão. Pároco que sou de Pindamonhangaba há 33 anos, que vi nascer e crescer Coruputuba, felicitome pela oportunidade de dizer ao caro pa– roquiano e amigo, meu muito leal Deus lhe pague! Por tudo quanto tem feito no cam– po assistencial pindamonhangabense por– quanto, af inal de contas, Santa Casa, Asilo, Orfanatos, Escolas, Maternidade, Dispen– sário, tudo isso é paróquia!” Monsenhor Azevedo Quadra de basquete de Coruputuba

Touro Timbó e ‘seo’ Fonseca

1960 – Tulha, onde hoje funciona o escritório da Nova Coruputuba

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1953 – Cícero Prado e dirigentes da Cia

1959 - Mazzaropi roda o f ilme na fazenda Coruputuba e Sapucaia. O ano de 1959 foi signif icativo na vida de Mazzaropi, pois entraram em cartaz dois f il– mes seus: Chico Fumaça e Chofer de Praça. Ao mesmo tempo, recebe e aceita o convite de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o 34


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1958 - José Correa (de paletó) ao lado João Gomes e do f ilho, Moacir Correa, e dos netos, Ado e José Carlos. José Correa, como chefe da elétrica no início da montagem da fábrica, conseguia gerar 500 cavalos de potência para impulsionar as primeiras máquinas de papelão e cartolina. Em 58, já ocupava o cargo de o chefe eletricista da Cia. Agrícola e Industrial Cícero Prado, época em que conseguiu aumentar a torre de linha para 18 mil cavalos de potência, gerados da Usina Vaticano, na Serra da Mantiqueira para a nova indústria de celulose.

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1959 – Cícero Prado no Chalaezão, com a esposa e as f ilhas

Boni (em início de carreira, ainda na TV Excelsior de São Paulo), para protagonizar um programa de variedades (no ar de 1959 a 1962) com espaço aberto para o uso pleno de seus múltiplos talentos. Nele, Mazza era cantor, ator, comediante e até entre– vistador. Ainda em 1959, Mazza f ilmaria um clássico: Jeca Tatu. “No início, diziam que eu fazia um caipira estilizado. Não é estilizado, não. Eles que não têm conhecimento da realidade brasileira. Leem livros de Monteiro Lobato e de outros escritores, mas interpretam da maneira deles... Como não convivem com o caipira, com o pessoal da roça, acham que não é da– quele jeito. Acham que caipira tem que ser como o da festa de São João, em baile de Santo Antônio. Isto sim que é estilização. 1950 - D. Paula, governanta alemã do Chalezão

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1960 – Bimbim, operador da máquina III e família

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1940 - Haras de Coruputuba

Apesar de apresentar seu personagem como uma sincera homenagem ao saudoso Monteiro Lobato, Mazza sempre procurou deixar claro que seus Jecas eram diferentes. O

conto do escritor, Jeca Tatuzinho, havia sido plenamente difundido por meio do Almanaque do Biotônico Fontoura e re– presentou um dos maiores fenômenos 38


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1959 - Os letreiros de apresentação do f ilme contém as frases: “Esta história é baseada no conto ‘Jeca Tatuzinho’ cujos direitos autorais foram cedidos graciosamente pelo ‘Instituto Medicamenta (sic) Fontoura S/A’; expresso aqui meu agradecimento - Mazzaropi” “Jéca Tatú: uma sincera homenagem ao saudoso Monteiro Lobato”. “Este f ilme foi realizado em Pindamonhangaba nas fazendas ‘Sapucaia’ e ‘Coruputuba’ gentilmente cedidas pelo meu grande amigo Dr. Cicero da Silva Prado. Pela sua valiosa colaboração e a de seus dignos auxiliares meu muito obrigado. Mazzaropi”.

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1973 – Final do campeonato municipal de futebol de salão. Industrial: Zé Rubens; Zé Coroca; Cal; Homero; Odair; Curió; 41 Luis Fumaça; Nelsinho; Jânio; e Dimas.

1960 – Equipe de basquete do Industrial


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Casamento na Igreja Nossa Senhora Aparecida entre José Mexas e Maria Canedo Mexas

1960 – Coruboys, banda de música formada pelos alunos do Aprendizado

de penetração pública de sua época. A revis– tinha era distribuída gratuitamente nas far– mácias e outros estabelecimentos de todo o País e sua tiragem bateu todos os recordes de qualquer publicação impressa daquele pe– ríodo – alguns registros informam que o al– manaque chegou a 80 milhões de exem– plares distribuídos. Monteiro Lobato apre– sentava o Jeca como uma f igura subde– senvolvida, doente, apática, que recobrava o vigor e a saúde após o uso do Biotônico Fontoura. O escritor usara seu persona– gem Jeca em um conto chamado Urupês (de livro homônimo) e no texto „Velha Praga“ publicado no jornal O Estado de S.Paulo em 1914 e recebera críticas que o acusavam de preconceituoso. 42

1960 – Quadro principal da equipe de futebol do Industrial (à direita)


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1962 – Inauguração do Cruzeiro pelos missionários redentoristas. O encerramento foi uma romaria à Aparecida, em baixo de chuva, organizada pelos padres Viana, Costa e Hugo.

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1968 – Primeira Comunhão, Igreja Nossa Senhora Aparecida, em Coruputuba

Emílio Salles Gomes concluiu: O Jeca atinge fundo o arcaico da sociedade brasileira e de cada um de nós. Com o f ilme, Mazzaropi reivindica o título de Jeca para si, pela primeira vez. Daí em diante, seria quase que impos– sível falar no nome do Jeca sem associálo ao do artista. Não há como negar a importância da dimensão que ele al– cançou com esta associação. O conceito estava selado e Mazzaropi inserido para sempre na galeria dos mitos populares de nossa história. “Eu convivi muito com o povo. Sou um caipira. E São Paulo é uma cidade de caipiras. Tem dois tipos: o estilo Jeca Tatu e o homem que fala como todo o paulista, que tem aos montões por aí. Tem gente que vai na França e depois passa a vida inteira falando na torre,

O Jeca de Mazzaropi era a representação do homem do campo em confronto com a cidade grande e a evolução. Também guar– dava as características de seus antecessores, como a preguiça e a ingenuidade, embora tendesse a ser mais esperto e matreiro. De– morou para que tomasse a forma f inal e acabada que eternizou o Jeca no cinema como o conhecemos, pois numa época era desdentado e nem sempre teve o famoso bigodinho „pó-de-café“. O Jeca de Mazzaropi gerava uma iden– tif icação imediata com as pessoas que vi– nham do campo ou do Nordeste para tra– balhar na cidade e viam naquela f igura o conservadorismo e o atraso de que fugiam. Ao mesmo tempo, fazia com que essas pessoas se sentissem mais modernas do que o personagem. Foi desse contexto que Paulo 45


Fazenda Coruputuba

1970 – Caminha domina a bola no ataque, contra a equipe de Taubaté

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1970 – Equipe feminina de futebol do Industrial 1970 – Tija, atacante do Industrial, tenta acalmar adversários em lance duvidoso

‘na torre do enf ia’, eles dizem. Esse cara tam– bém é um caipira, um caipira do dinheiro. Tem outro caipira. O homem do interior que vai ver o prédio do Banco do Estado e f ica dizendo: ‘Ai, meu Deus do céu, essa gerin– gonça vai desabar na minha cabeça’. É o cai– pirão. Tem também outra faixa de caipira, que é a faixa dos metidos, dos sof isticados, dos metidos a bom, daqueles que querem impor o que pensam. Para esses eu digo que o gênero humano é todo igual, que não adianta querer imposições e que eu estou cansado de ver muito advogado esnobe andando com o Tio Patinhas no bolso e de– pois querendo meter bronca”. O f ilme Jeca Tatu começa com um típico confronto entre dois opostos. Ao lado da fazenda do italiano Giovanni, vive o preguiçoso 1970 – Alunos da escola Martinico Prado

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Fazenda Coruputuba

1970 – Desf ile de sete de setembro da escola Martinico Prado

Jeca Tatu, o tempo todo esculachado pela esposa que não suporta sua calma e lentidão diante de tudo. Sua f ilha, Marina, uma bela moça, sente-se ameaçada pelo capataz da fazenda vizinha, o Vaca-Brava. Qualquer coisa é motivo para briga entre os dois, Jeca e Giovanni, o ingênuo versus o progressista. Marina está enamorada por Marcos, f ilho de Giovanni, e nenhum dos pais aprova o na– moro dos f ilhos. Giovanni, enraivecido, in– cendeia a casa do Jeca e este parte com a família em uma sequência cheia de poesia e das mais antológicas dentro de sua obra. Mazzaropi canta a música Fogo no Rancho. Na cidade grande, Jeca se assusta com os novos costumes, Marina e Marcos se

Escola Martinico Prado

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100 Anos

1970 – Festa junina na Igreja Nossa Senhora Aparecida

“Eu não nego que foi copiado de Sebastião Arruda, que atuava no teatro de elite, não era teatrinho, não, era teatro de elite. Nas grandes companhias existiam os atores que imitavam alemão, italiano, e o Sebastião Arruda imitava o caipira. Ele era um ator perfeito. Imitava o caboclo com muita na– turalidade, pois tem gente que quando imita o caboclo exagera... Arruda não fazia o

Busto de Cícero Prado

reencontram e Giovanni e Jeca, f inalmente, fazem as pazes. Em outra bela sequência, até os bichos do Jeca estão vestidos com rou– pinhas. Mazzaropi termina o f ilme cantan– do e seu visual de Jeca evoluído e chique, segundo ele, remetia ao caipira de Se– bastião Arruda. 49


Fazenda Coruputuba

1970 – Máquinas do Exército ajudam na ampliação da escola

caboclo de pés no chão e doente, como na his– torinha do Biotônico Fontoura. Ele fazia o caboclo de roupa nova, de brim, bonitão, diferente do Jeca... o Jeca sarou e mudou de vida.

1961 – A fábrica inova mais uma vez e in– troduz o eucalipto e o pinus como matéria prima na indústria de celulose – uma prática que irá revolucionar o segmento nacional. Em se– tembro, inicia-se a produção de celulose escura. O Grupo Escolar Rural Dr. Martinico Pra– do passa a se chamar Grupo Escolar Dr. Martinico Prado, a partir de 05 de dezembro.

1960 – O transporte de passageiros era feito pelos Irmãos Valentini. A empr esa Pássaro Marrom passa a entrar em Coruputuba. 50


100 Anos

1971 – Desf ile das alunas da escola Martinico Prado

1962 – O A. E. Industrial era formado por Braga, Comida, Tico Peru, Inácio Ma– chado, Gato e Brechó. Destaque para José Mexas, o presidente. 1968 – em 13 de março, falece Cícero Prado. Grande desbravador de Pindamonhan– gaba no segmento industrial, Cícero Prado tem sua imagem imortalizada pela forma única de tratar seus funcionários. Sua capacidade de liderança e grande visão empresarial f izeram com que construísse um império. Ao longo da vida, sempre demons trou preocupação com todos os coruputubenses. À frente da administração geral das em– presas que criou, sempre contou com a as– 1971 – Equipe de futebol mirim do Industrial

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Fazenda Coruputuba

1973 – Panorama da fåbrica de papel e celulose

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100 Anos

1973 – Expansão: dirigentes da Cia Cícero Prado assinam f inanciamento com Alberto dos Santos Abade, diretor do BNDS

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1973 – Tulha de arroz se transforma em escritório

sessoria direta de homens de conf iança como: Alberto Simi, Laerte de Assumpção Júnior, Waldomiro Simão Taliba, José Manoel da Fonseca, Humberto Gomes (Bimbim), Benedito Mexas Gomes (Russo), Eduardo Eisele Júnior. 1969 – O quadro principal da equipe fe– minina do Industrial era composto por: Zilda, Sueli Vasconcelos, Neuza, Carminha, Alice, Doraci, Clarice, Nice, Ademilde e Didi, Natércia, Sueli Crepaldo, Noêmia, Ilda, Célia, Sueli, Maria Pires, Nadir e Lecira. 1970 – O Grupo Escolar Rural dr. Mar– tinico Prado passa a se chamar Grupo


Fazenda Coruputuba

1975 – Equipe principal do Industrial

1973 – Vista do parque industrial de Coruputuba

1972 – A Associação Esportiva Industrial é campeão do Interior no Estádio do Morumbi, em São Paulo

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100 Anos Escolar Ginásio dr Martinico Prado, a partir de 30 de janeiro.

Coruputuba, uma empresa humanizada Alamedas de eucaliptos sucedem-se ente as casas dos funcionários. Os lagos são três e belos, formam um convite ao des– canso e à paz. Tudo faz crer que estamos em uma imensa fazenda-hotel, com tudo arru– madinho e colorido, pronto para agradar os hóspedes. Gramados extensos e bem cui– dados, ruas de f lores, uma preocupação estética permanente. O belo nas soluções simples de paisagem e arquitetura. A quie– tude dos caminhos, os pássaros, nada indica que ali funciona um complexo industrial com centenas de operários. Mas, depois de conhecido o sistema de vida, de saber que ali vivem milhares de pessoas que diariamente

A Fazenda Coruputuba utilizava três carros modelo Gurgel

se dirigem à fábrica e à fazenda é que f icamos sabendo porque os operários não mudam de emprego e descobrimos a causa de tantos trabalhadores com vários anos de serviço e qual a resposta de os habitantes formarem uma grande família. Ah, tantos são os casamentos entre famílias já antigas, residentes em Coruputuba. Na década de 70, a fazenda abrigava cerca de 6 mil pessoas, das quais 2 mil eram crianças. Operários e trabalhadores rurais moravam em casas que (na época) podiam ser chamadas de modernas. Em sua

1972 – Caravana volta do jogo com o título de campeão do interior, pela via Dutra

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maioria dotada de luz elétrica e água. Não pa– gavam aluguel, nem água ou mesmo a ener– gia que consomiam. Até a conservação era feita pela administração da fazenda. O ensino não se constituia em problema aos moradores de quaisquer das fazendas da Cia Cícero Prado. Inúmeras delas possuiam grupos escolares estaduais. As professoras, boa parte moradoras de Pinda, recebiam, gratuitamente, transporte entre suas casas e as escolas. A Fazenda Coruputuba é a primeira experiência de escola integrada de Pindamonhangaba: o Grupo Ginásio dr. Martinico Prado contava com 12 classes, funcionando em três períodos e ao seu lado foi construído o novo prédio, com oito novas salas.

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Fazenda Coruputuba

Tuca, f ilha da Carminha, casa-se na Igreja Nossa Senhora Aparecida

Entre professores efeti– vos e substitutos, eram 50 prof issionais lecionando nos grupos instalados nas fazendas. A administração de Coruputuba fornecia gra– tuitamente uniforme e ma– terial escolar, além de trans– porte. Os alunos que se des– tacavam, recebiam bolsas de estudo para continuar a educação após a conclu– são do ginásio. Os adultos também recebiam igual a– tenção, tanto que a fazenda foi dividida em zonas para que o Mobral alcançasse to– da a sua extensão. Os coruputubenses ti– nham tudo para viverem felizes, sem precisarem sair das divisas de Coruputuba. Toda a área era coberta por vegetação intercalada por lagos que lhes davam um aspecto de locação de ci– nema. São árvores de to– das as espécies, que se abri– am a cada instante em clareiras onde se encon– travam a casa dos operá– rios, para hóspedes, dos ch e f e s d e s e ç õ e s , d os diretores e as unidades fabris e de administração,

1987 - Primeira edif icação de Coruputuba, construída em 1907

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1987 – Assistência Social de Coruputuba: salão Dom Bosco


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1998 – Lago de Coruputuba e fábrica de papel (foto do cartão postal Colombo)

1999 – “Escriptório” da Cia Agrícola Cícero Prado

2000 – Vista aérea da sede da Fazenda Coruputuba

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além de outros prédios onde es tavam concentrados o clube, o cinema, a igreja e demais dependências que tornavam a fa– zenda praticamente uma cidade. 1971 - Em 9 de julho, foi iniciada a fabri– cação de celulose branqueada. O Industrial de Coruputuba sagra-se campeão estadual e bicampeão da Taça Ci– dade de Pindamonhangaba. 1972 – Novela Vitória Bonelli – casamen– to de Tiago (Tony Ramos) foi na igrejinha da fazenda. 1973 – O Industrial sagra-se tricampeão Amador de Pindamonhangaba. 1974 – em 22 de fevereiro, entra em

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operação a unidade de Recuperação de Produtos Químicos. 1975 – EEPG dr Martinico Prado é criado pelo decreto publicado em 21 de outubro. O Industrial de Coruputuba conquista o Campeonato Paulista Amador, no estádio do Morumbi, em São Paulo-SP. Entre 1975 e 78, acontece o desmem– bramento dos setores agrícola e industrial. A “Cícero Prado” é assim constituída: Cícero Prado S/A – Empresas Associadas Cícero Prado Celulose e Papel S/A 1982 – entre 1982 e 86 a Cícero Prado Ce– lulose e Papel S/A tem seu controle acio– nário modif icado e passa a se chamar Cia De Zorzi de Papéis. 1985 – A partir de 30 de janeiro, a escola rias institucionais: com a Embrapa Meio

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Casa Amarela

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Vista aérea da Fazenda Coruputuba

passa a se chamar E scola Estadual de Primeiro e Segundo Grau dr. Martinico Prado. No mesmo ano, é autorizado a ins– talação e funcionamento do Curso Habi–

litação Prof issional Plena de Celulose e Papel de 2º Grau. 1996 – A empresa passa a denominar-se Nobrecel S/A Celulose e Papel. 66


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2011 - Embrapa e APTA f irmam parceria com a Fazenda Coruputuba e realizam Dia de Campo sobre Gestão Ambiental do Sistema de Produção Agroflorestal, com Guanandi

Escrevendo uma nova história

segmento industrial. No melhor estilo do pio– neiro Cícero Prado, ao completar 100 anos, nasce a Nova Coruputuba , onde as atividades principais estão apoiadas em duas parce–

2011 – Ano do primeiro centenário da Fazenda Coruputuba cuja tradição é a ino– vação tecnológica, seja no campo ou no 67


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100 Anos Ambiente e com a APTA - caracterizadas como cooperação em pesquisa agroflorestal, tecnológica e de gestão ambiental. Geraldo Stachetti Rodrigues, do Labo– ratório de Gestão Ambiental Embrapa Meio Ambiente, está à f rente dos trabalhos, realizando o Dia de Campo sobre Gestão Ambiental do Sistema de Produção Agro–

florestal com Guanandi, na Fazenda Coru– putuba. A ação tem como objetivo capaci– tar pesquisadores do Pólo Regional do Vale do Paraíba (APTA) na utilização dos me– canismos de gestão desenvolvidos por es– pecialistas da Embrapa Meio Ambiente (Ja– guariúna- SP). Foram abordados os sistemas de indicadores Ambitec-Agro e APOIA 69


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100 Anos NovoRural, focados, respectivamente, na ava– liação de impactos da adoção de tecnologias no sistema produtivo e no apoio à gestão ambiental visando à sustentabilidade. Os dois sistemas foram apresentados pelo pes– quisador Geraldo Stachetti Rodrigues do Laboratório de Gestão Ambiental da Embra– pa Meio Ambiente. Stachetti explica que a atividade se desenvolveu no âmbito do pro– jeto “Biodiversidade na produção agro– florestal de guanandi (Calophyllum bra– ziliensis) e acácia (Acacia mangium)”. Pa– ra o pesquisador, a capacitação dos pesqui– sadores convidados do Pólo Regional pos– sibilitará uma posterior aplicação dos re– feridos métodos como subsídio à gestão

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Fazenda Coruputuba ambiental e conservação da biodiversidade nesta Unidade do Estado de São Paulo. O estudo de caso enfatizou as contribuições do cultivo do guanandi - espécie florestal plantada comercialmente há cinco anos no ambiente de várzea, por tolerar o alagamento do solo – na qualidade da água. Stachetti esclarece que “apesar dos métodos serem relativamente fáceis de serem aplicados e os resultados obtidos rapidamente, algumas análises, como da qualidade da água, demandam equipamentos sof isticados e mão-de-obra especializada”, o que justif ica a parceria institucional. A atividade foi coordenada pelo pesquisador Antonio Carlos Pries Devide, que tem estudado tecnologias

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para consolidar esse sistema de produção e diversif icação arbórea; e contou com o apoio da empresa CP-4 Guanandi Produtos Agrí– colas (Fazenda Coruputuba / Nova Corupu– tuba), do Núcleo de Informação e Trans– ferência do Conhecimento e do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento do Pólo Re– gional do Vale do Paraíba. Os resultados preliminares (até novembro) apontam grande contribuição da implantação de agrof lorestas nas áreas de várzea para a qualidade das águas superf iciais e controle da erosão laminar quando de eventos plu– viométricos extremos, além de melhorias nos índices de desempenho ambiental na dimensão ecologia da paisagem, como diversidade de habitats e diversidade produtiva. Ademais, as agroflorestas apor– 75

tam importante valorização da propriedade rural, pela melhoria da qualidade dos re– cursos naturais locais, em especial quando vinculadas a essências florestais de alto valor, como o guanandi. Em uma escala ampliada, para além do estabelecimento rural de re– ferência deste estudo de caso, o desenvol– vimento tecnológico para diversif icação arbórea, promovido pela equipe da APTA Pólo Regional do Vale do Paraíba e seus parceiros, mostra-se uma iniciativa pro– missora para a região, que carece de alter– nativas que promovam a economia local, diversif iquem a paisagem e favoreçam a re– cuperação de áreas ecologicamente frágeis, como as várzeas e áreas de elevado declive. Para o pesquisador Antonio Devide, a ati– vidade também foi relevante para os pes– quisadores da área de Aquicultura do Polo Regional, empenhados no monitoramen– to da qualidade da água em sistemas de pro– dução de várzea, tendo sido uma excelente oportunidade para estreitar os laços de parceria e promover a troca de saberes entre técnicos e produtores rurais. Participantes da APTA: Antonio Carlos Pries Devide, Cristina Maria de Castro, Pa– trick Ayrvie Assumpção, Laerte Assumpção, Adriana Sacioto Marcantonio, e Fernanda Menezes França Salgueiro.


Fazenda Coruputuba

Uma Nova Coruputuba O Centro Logístico e Tecnológico da Fazenda Coruputuba é a visão clara de futuro. É a Nova Coruputuba que se prepara para iniciar seu segundo centenário. A semente lançada por Cícero Prado germinou em vários aspectos, principalmente por ser um grande exemplo inquestionável de homem moderno, à frente de seu tempo, e as fotos deste livro revelam a saga deste brasileiro. Quando a empresa Vallor Urbano abraçou a parceria com a Nova Pinda Cícero Prado deixou evidente seu papel institucional e esta postura é maior do que fazer lote ou desenvolver projetos. É perenizar e eternizar os verdadeiros ideais de Cícero Prado. Muito embora talvez parte da Fazenda deixe de existir como tal, em sua magnitude e grandiosidade, hoje o que se propõe e se planeja, como desenvolvimento urbano sustentável de áreas da fazenda, é uma justa homenagem aos ideais de Cícero Prado. No empreendimento residencial é o resgate da qualidade de vida, o Homem como centro. Já nos empreendimentos empresariais este resgate se dá por meio de inovação, tecnologia e no ganho de escala. Dentro deste objetivo está-se criando quase que um grande master plan da Fazenda. Quais seriam as áreas possíveis de urbanização? O primeiro passo foi dado com o loteamento, que hoje é o Recanto do Vale. Trata-se de uma total remodelação de uma experiência do passado, onde o empreendimento desen– volvido na Fazenda com o nome de Portal dos Eucaliptos estava fadado ao fracasso. Isso é passado, não existe mais. A Vallor Urbano resgatou a qualidade do empreendimento, agregou maior valor à terra, à história com todo o seu knowhow, expertise, capacidade de mobilização e de formação de produto. Hoje, o Recanto do Vale é um sucesso e já se prepara para a fase II, com três produtos diferenciados. Esses produtos diferenciados vão trazer o espírito inovador de Cícero Prado. É algo que Moreira César nunca viu e agora vai ter. O empreendimento logístico e industrial é o novo pólo de desenvolvimento que, sem falsa pretensão, não é um produto somente para Pindamonhangaba, mas sim um modelo para o estado de São Paulo.

Nele, se prevê a implantação sustentável de novas indús– trias. Antevendo o crescimento deste novo bairro industrial, já se programa a criação do polo logístico integrado com ferrovia e rodovias. Um polo na gama de serviços e atividades que agregam maior valor ao produto, ou seja, o empresário que estiver produzindo no Centro Industrial de Coruputuba ou que se valer da estrutura do Centro Logístico, poderá focar apenas em sua produção, pois todas as atividades de manuseio, despacho, re– cebimento de materiais, segurança, hospedagem do caminhoneiro, seguro de carga serão cuidados por um empreendimento modelar da Fazenda Coruputuba. Está prevista ainda no projeto de expansão, uma área mista comercial para apoio à estas atividades, com espaço para im– plantação de escola técnica ou universidade e um moderno centro de eventos e convenções.

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Coruputuba I

Coruputuba II

Pombos brancos ao longe se levantam dos telhados vermelhos e se elevam levemente no ar azul acima das altas copas dos eucaliptos,

Revejo, reencontro, retorno à minha terra. Entanto, não há qualquer esboço de lágrima. Os eucaliptos envelhecem ao sol. Na rua da minha casa, minha casa

enquanto um rádio muito longe lembra uma canção perdida.

É só mais uma casa da rua.

Há flores vermelhas em cachos Refletidas no lago. E palmeiras fortes Sonham com o vento. O capim sufoca a memória dos caminhos. Há sons de sinos no ar: passam de novo os pombos, o sol dourando-lhes as asas estendidas. Há o aroma de folhas secas queimando e o sol vermelho desce para a serra depois de várzea imensa...

Numa tragédia secreta, O coqueiro def inha, anônimo. Ah! Dentro do oco do peito esvoaçam, Angustiadas, palavras desconhecidas... O tempo conspira contra a imortalidade das paredes da escola. De repente troveja e chove tanta água repentina, tanta, que a terra seca não absorve. A água procura caminhos na areia da rua. E chorar f ica perfeitamente desnecessário. Paulo Tarcízio

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Tarde na serra Debaixo deste céu azul, em outras partes, Há gente e há pensamentos E há sonhos sob essas nuvens brancas. Sentimos no soprar desta brisa soprarem os ventos de outros climas, falando com outras árvores, roçando outras relvas, despetalando outras flores. Iluminados por este sol há, além dos horizontes, outros povos e mais cidades. e mais gente sonhando sob as nuvens brancas. Há, descendo de outras serras, outros regatos e mais pedras rolando em outros rios e mais melancolias, e mais crepúsculos. Há por toda Terra nesta tarde as vozes e os sonhos de todas as pessoas. Paulo Tarcízio

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Equipe do Industrial e Amigos de Coruputuba realizam partida comemorativa da Festa dos 100 anos da Fazenda Coruputuba, em 06 de novembro de 2011

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Fazenda Coruputuba Agradecimentos Em especial ao Dr. Cicero Prado e Dª Lourdes, sem eles Coruputuba jamais existiria. Laerte Assumpção Neto, Genevieve Assumpção, Mauro Batista, Emilia, Carminha, Paulo Tarcísio, Paulo Leite, Vladimir Caneneu, Homero, Sérgio Guimarães Pereira Jr, Luiz Johnson, Gleise-Anne de Souza, Laerte e Patrick.

11 de novembro de 2011 - Coruputuba em boas mãos: guache de Maria Antonia, tataraneta de Cícero Prado

À toda comunidade Coruputubense, iniciada por Alberto Simi, Laerte de Assumpção Júnior, Waldomiro Simão Taliba, José Manoel da Fonseca, Humberto Gomes (Bimbim), Benedito Mexas Gomes (Russo), Eduardo Eisele Júnior, entre tantos outros, que mantiveram vivo o testemunho e a história desta terra que completa mais um capítulo em sua existência. Muito obrigado!

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