I N É D I TO S / M A N U S C R I TO S
“Que autor é esse/ De uns versos tão mal feitos e tão tristes?!”, indaga Euclides da Cunha no final de “Página vazia”, a caligrafia bem-cuidada preenchendo esmeradamente o branco de uma folha com flores sobrevoadas por fulgurante borboleta – asas, pétalas, tudo resultando de um desenho de moça, F. (de Francisca) Praguer. A página agora cheia, título desmentido, fazia parte de um álbum da jovem, que ganhou o poema do então engenheiro e jornalista – de volta da “região assustadora” (leia-se Canudos, claro) de onde vinha, “revendo inda na mente/ Muitas cenas do drama comovente/ Da Guerra desapiedada e aterradora” – no dia seguinte de seu retorno à capital baiana, conforme ele datou abaixo da assinatura: 14 de outubro de 1897. Como poeta, o autor dos tais versos “tão mal feitos e tão tristes” continua quase desconhecido. Ressalte-se que a poesia em questão já foi difundida. Rara, porém, é a divulgação fac-similar, como a que aqui se faz, da página do álbum da doutora Francisca Praguer Fróes – uma das primeiras médicas formadas no país –, localizado por Francisco Foot Hardman, professor da Universidade Estadual de Campinas, que ao lado de Leopoldo Bernucci, da Universidade do Texas (EUA), prepara para 2003 um volume que reunirá toda a produção poética de Euclides. Nele aparecerão cerca de cem poemas além dos 37 que figuram na chamada Obra completa (1966).
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