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ARTIGO

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Pelo trilho e pela água Artigo do deputado Valdeci Oliveira, publicado no jornal A Razão de quinta-feira, dia 9 de maio Nos acostumamos a ouvir a frase de que crescer é construir estradas ou que construir estradas gera crescimento. A ordem não importa, o certo é que nos últimos 30 anos o modal rodoviário de transportes foi priorizado majoritariamente no Brasil. Nada contra ele, pelo contrário. Sem esse modal, teríamos enfrentado série de dificuldades para escoar nossa produção para os quatro cantos do país e para fora dele. No entanto, é flagrante que esta opção quase que exclusiva sonegou ao setor produtivo nacional a possibilidade de ter, na utilização do transporte ferroviário e hidroviário, um patamar de desenvolvimento econômico e social ainda mais elevado. Se atravessarmos o Oceano Atlântico e desembarcarmos na Europa, notaremos no ato a diferença de se possuir investimentos e programas que destinam-se a melhoria de todos modais em vez da concentração absoluta. O fato é que nossas estradas estão sobrecarregadas de veículos pesados - o que desgasta permanentemente as vias e estimula acidentes - enquanto as ferrovias e hidrovias - que transportam muito mais cargas a custos expressiva-

mente menores - estão subaproveitadas. Porém a hora da virada chegou. Após a trágedia que foi a privatização da malha ferroviária federal, um verdadeiro crime de lesa pátria, o governo federal, a partir do fortalecimento da economia e da redução maciça do desemprego e das desigualdades sociais, detém condições e vontade política para retomar com responsabilidade o transporte ferroviário e também o hidroviário de cargas no Brasil. A meta é construir 10 mil novos quilômetros de ferrovias sob um investimento de R$ 91 bilhões, através de parcerias público-privadas conduzidas pela Valec, estatal criada pela União para gerir esta remodelação no setor de transportes nacional. A chamada Ferrovia Norte-Sul, que ligará Belém do Pará ao Rio Grande do Sul, está contemplada neste objetivo. Nesse novo ciclo, o Rio Grande do Sul e a região Centro não podem de forma alguma ficar de fora. Santa Maria, Cacequi, São Pedro e Cachoeira do Sul, pra ficar em alguns exemplos apenas, são cidades que tiveram seu ápice de desenvolvimento com as ferrovias. O Parlamento Gaúcho está atento e mobilizado através da Frente Parlamentar Gaúcha de Apoio, Qualificação e Ampliação do Transporte Ferroviário e da Comissão de Economia. O nosso mandato já encaminhou pedido de realização de audiência pública, em junho, em Santa Maria à Comissão de Assuntos Municipais, da qual somos membro titular. Serão convidadas a participar lideranças locais e regionais, empresários e representantes dos governos estadual e federal. Também já solicitamos ao

governo federal que inclua no Estudo de Viabilidade Técnica e Ambiental (EVTA), o qual está sendo realizado no Estado neste momento, a possibilidade da criação da Hidrovia Ibicuí-Jacuí (que irterligaria os municípios de Cachoeira do Sul a Cacequi via os rios da região Central), como alternativa para o escoamento da produção agrícola gaúcha via o Porto de Rio Grande. Investir nas ferrovias e nas hidrovias não significa desprestigiar as rodovias: recordemos que a cidade, a região e o Estado já têm asseguradas obras de impacto nesse sentido, entre elas a construção da rodovia Santa Maria- Santo Ângelo, as ações da travessia urbana (que vai redesenhar o acesso a Santa Maria) e a duplicação de trecho da ERS 509 (Faixa Velha de Camobi) – cuja licitação caminha para os últimos capítulos. Portanto, unamos esforços para que o escoamento da nossa produção possa, no futuro próximo, ocorrer por estradas melhores e mais seguras, mas também por trilhos e hidrovias. Isto será um atestado inequívoco de desenvolvimento e de competitividade e um golpe frontal nos custos RS e Brasil.


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