Jornal Nossa Voz: Edição 60º CONUNE

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TAXAR OS SUPER RICOS E GARANTIR 10% DO PIB PARA A EDUCAÇÃO

Neste último período a UNE e entidades do movimento social tem conscientizado a sociedade por uma política fiscal justa, que priorize o povo brasileiro. Os estudantes estão comprometidos, sabemos que a economia é crucial para conquistarmos uma educação de qualidade. A juventude brasileira já entendeu: não dá para falar em educação de qualidade sem enfrentar os interesses de quem lucra com a desigualdade. Os lucros bilionários não podem continuar isentos enquanto faltam bolsas de assistência estudantil, RU, luz e água nas universidades.

A nossa voz não se cansa de repetir: educação não é gasto, é investimento. E para isso é preciso garantir um financiamento necessário, que só conseguiremos, disputando opiniões, corações e mentes da população e do Congresso Nacional.

Taxar os super ricos e garantir 10% do pib para a educação por meio dos royalties do petŕoleo vão garantir finalmente justiça social, e benefícios para as pessoas mais vulneráveis desse país, entre eles a juventude.

E isso só será possível com mobilização popular, pressão no Congresso e um governo comprometido com justiça fiscal e social. Então é nós por nós, ocupando as ruas e fazendo valer a nossa voz!

Porque se a educação é o futuro do Brasil, investir nela agora é dever de quem quer construir um país soberano, justo e democrático.

Vamos às ruas!

Foto: Scarlett Rocha (@scarlettrocha)

Manuella Mirella Presidenta da UNE

DIRETORIA EXECUTIVA DA UNE I GESTÃO 2023-2025

Presidência - Manuella Mirela Nunes da Silva

Vice - Presidência - Daiane Araujo Lopes

1 Vice - Presidência - Thais Rachel

2 Vice - Presidência - Mariana Medeiros Lessa

Secretário Geral - Julia Köpf de Moraes Paulo

Tesoureiro Geral - Gabriela Silveira da Silva

Diretor de Comunicação - Luiza Cristina Coelho Lago da Costa

Diretor de Políticas Educacionais - Diego Carlos Ferreira

Diretor de Assistência Estudantil - João Pedro Pimentel Henrique de Paula

Diretor de Políticas Educacionais - Paula Lorrane Rodrigues da Silva

Diretor de Relações Internacionais - Gabriel Vighy de Carvalho

Diretor de Movimentos Sociais - Marina Amaral Nascimento

Diretor de Universidades Particulares - Victoria Mattos

Diretor de Ciência e Tecnologia - Caio Guilherme da Silva

Diretoria de Direitos Humanos - Emanuelle Kisse dos Santos Pereira

Diretoria de Universidades Públicas - Clara Maria Gonzaga

Políticas Públicas para a Juventude - Gutemberg Rodrigues da Silva

EXPEDIENTE

O Nossa Voz Especial 60º Conune é uma publicação da União Nacional dos Estudantes. Esta edição foi escrita coletivamente por estudantes de todo o país.

Edição: Cristiane Tada.

Redação: Anderson Oliveira (UFRN); Helena Apolinário (Unifesp); Gregory França Naressi (USP); Lucas Fagundes (UFRGS); Kauê Guilherme Barbosa (Universidade Padre Anchieta); Miguel Soares Lima (UFRPE); Mari Plessem (UFRN); Eduarda Góes Sá Teles Lopes (USP); Diego Roiphe de Castro e Melo (USP).

Projeto Gráfico: Gabriel Jhonatta

Fotos: Arquivo e Cuca da UNE

Por Anderson Oliveira

Por Anderson Oliveira

Estudante da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Foto: Fernando Antonio (@fernandoantoniofotos)

As conquistas da comunidade LGBTQIAPN+ nas universidades

COTAS PARA PESSOAS TRANS AVANÇAM NO ENSINO SUPERIOR, MAS GARANTIR PERMANÊNCIA AINDA É DESAFIO.

Historicamente marginalizada, a população LGBTQIAPN+ ainda enfrenta inúmeros obstáculos para acessar o ensino superior no Brasil, especialmente pessoas trans, travestis e neuro divergentes. Por muito tempo, a universidade pública foi construída como um espaço excludente, moldado por uma lógica que beneficiava majoritariamente pessoas brancas, cisgênero, heterossexuais e de classe média. Para os demais grupos, o acesso ainda é marcado por violências, exclusões e um constante sentimento de inadequação.

E o que relata Ellie, estudante de Letras da Universidade Federal de São Paulo, pessoa bissexual, não binária e neurodivergente. Em entrevista, compartilha parte de sua trajetória até o ensino superior: "Eu nunca pensei muito em faculdade por conta de me sentir 'diferente' e burro demais, mas meus amigos me incentivaram bastante a fazer o Enem e tentar. De começo, eu só recebi apoio familiar do meu pai, e foi o que me fez querer ainda mais conseguir passar e consegui meu laudo de TEA e TDAH, que me ajudaram a conseguir minha vaga."

A entrada na universidade, para pessoas LGBTQIAPN+ em situação de vulnerabilidade, geralmente é atravessada por uma série de barreiras sociais, emocionais e estruturais. Além do preconceito institucionalizado e da violência simbólica, muitos estudantes enfrentam conflitos internos relacionados à aceitação da própria identidade.

"A minha própria aceitação, cresci em um lar católico e me sentia repugnante por gostar de todos os gêneros e por me sentir confortável vestida de 'garoto' também." Apesar desses desafios, o acesso ao ensino superior também pode representar uma ferramenta de transformação social. Para Ellie, a presença de pessoas LGBTQIAPN+ na universidade tem um papel político essencial: "Eu vejo um papel como um papel essencial de luta e sabedoria.".

QUEM GARANTE O ACESSO DE PESSOAS TRANS AO ENSINO SUPERIOR?

Nos últimos anos, diversas universidades públicas têm adotado políticas de ação afirmativa voltadas a públicos historicamente excluídos. Além das cotas raciais e sociais, algumas instituições passaram a implementar reservas de vagas para pessoas trans, travestis e não binárias, além de pessoas com deficiência e em situação de vulnerabilidade econômica.

A UFSB (Universidade Federal do Sul da Bahia) foi a primeira universidade do país a adotar políticas de afirmação, representando um grande marco à comunidade LGBTQIAPN+, mas o ocorrido foi apenas no ano de 2019. Apesar de tardio, o feito incentivou outras universidades a adotarem políticas mais inclusivas, como a UFRJ, que implantou cotas trans em programas de pós-graduação e mantém núcleos de permanência que auxiliam no acolhimento e permanência desses estudantes.

A UNIFESP, foi uma das pioneiras na implementação de cotas para pessoas trans nos cursos de graduação, onde desde 2016, há diversas políticas de permanência, como o NAE (Núcleo de Apoio ao Estudante) que oferece apoio psicossocial, acadêmico e auxílio financeiro para estudantes baixa renda, bem como coletivos que atuam diretamente no combate à LGBTfobia, que também oferecem palestras e oficinas de conscientização sobre a comunidade. A UnB (Universidade de Brasília) desenvolveu o Núcleo de Diversidade e Inclusão, que atua diretamente com estudantes LGBTQIAPN+, oferecendo apoio psicossocial e acadêmico.

Ayoluwa Niara, Coordenadora Geral do DCE Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e do Coletivo Madame, lembra o compromisso político que as cotas representam em uma universidade. "Um ambiente que foi iniciado como um projeto extremamente segregador, mas que, hoje, através de muitos esforços e muitas conquistas, podemos ter uma universidade que está cada vez mais democratizada e mais receptiva a corpos dissidentes, como os de pessoas trans e travestis."

As cotas trans são um grande passo para a democratização do acesso ao ensino superior público. No entanto, garantir a entrada é insignificante caso não seja garantida a permanência digna, como alimentação, moradia, apoio psicossocial e financeiro.

O ambiente acadêmico ainda reproduz violência, silenciamento e exclusão. A UNE defende a ampliação imediata das políticas de permanência estudantil, garantindo que todos tenham o mesmo direito de permanência e qualidade de vida, além de garantir o combate à transfobia institucional e a formação de servidores com base em respeito e diversidade.

Para a entidade, a presença de pessoas LGBTQIAPN+ na universidade é fundamental para que o ensino superior se torne, de fato, um espaço diverso, inclusivo, acolhedor e democrático. Além de garantir a reparação histórica de quem morreu para que grande parte dos estudantes vivam nos dias de hoje.

Esta matéria é dedicada a Dandara Pedrita — mulher trans, ex-diretora da UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) e uma das responsáveis pela implementação do uso do nome social nas escolas do estado do Maranhão. Dandara faleceu antes de realizar seu sonho de ingressar no ensino superior, mas seu legado segue vivo na luta por cotas trans e uma educação mais justa e inclusiva.

Foto: Maiakovski Pinheiro (@maiakovski084)

10% do PIB para a educação

UMA TAREFA POLÍTICA, FISCAL E POPULAR

META DO PNE COMPLETA 10 ANOS SEM SAIR DO PAPEL; MOVIMENTOS COBRAM JUSTIÇA TRIBUTÁRIA

Poucas pautas unificaram tantos setores sociais e educacionais quanto a luta por 10% do Produto Interno Bruto (PIB) investido em educação pública. A meta, aprovada em 2014 com o Plano Nacional de Educação (PNE), segue sendo um marco para o país, mas ainda não se concretizou.

Para entender por que isso ocorre, é preciso olhar para além das boas intenções. O professor da Faculdade de Educação da USP, Daniel Cara, afirma que a efetivação da meta exigiria mudanças profundas na estrutura fiscal do país. “Para se fazer com que os 10% do PIB se formasse uma realidade, era preciso mudar a política fiscal, cobrar mais tributos daqueles que podem pagar mais, menos daqueles que podem pagar menos, e enfrentar questões distributivas no Brasil que são muito graves.” Segundo ele, o avanço da educação depende de um projeto econômico que caminhe junto com o projeto educacional — e, para isso, é necessária uma ampla mobilização popular.

Cara, que já coordenou a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, destaca que o subfinanciamento da educação não se deve à falta de recursos, mas à escolha de prioridades. Enquanto bilhões são perdoados em isenções fiscais para grandes empresários, estudantes da periferia recorrem a vaquinhas para conseguir pagar o transporte até a escola. A educação pública não tem sido tratada como prioridade e, sem enfrentamento político, dificilmente será.

A União Nacional dos Estudantes (UNE) e outras entidades estudantis têm denunciado a estrutura tributária do país, considerada regressiva, já que os mais pobres pagam proporcionalmente mais impostos que os mais ricos. Tributar grandes fortunas, heranças, lucros e dividendos ainda é visto como tabu em Brasília. No entanto, os movimentos defendem que não há como garantir educação de qualidade sem mexer nesse modelo. “Não existe pacto educacional com desigualdade tributária”, argumentam.

Foto: Junior Lima

ESTUDANTES EM LUTA POR MAIS ORÇAMENTO NA EDUCAÇÃO

Pressão

do movimento estudantil conquista recomposição parcial, mas luta por 10%

do PIB continua

A luta por uma educação pública, gratuita e de qualidade segue como bandeira histórica do movimento estudantil. Em 2025, a principal reivindicação da União Nacional dos Estudantes (UNE) é a garantia de um orçamento robusto que viabilize o cumprimento da meta de investir 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação, como determina o Plano Nacional de Educação (PNE).

Mesmo sendo as maiores responsáveis pela produção científica do país e pela formação de profissionais para o serviço público e o setor produtivo, as universidades federais estão sendo sufocadas por cortes orçamentários, bloqueios de verba e uma política fiscal que prioriza o ajuste das contas públicas em detrimento do direito à educação.

ESTUDANTES VÃO ÀS RUAS EM 29 DE MAIO

Diante do cenário de cortes e bloqueios, a UNE e entidades do movimento educacional convocaram o Dia Nacional de Luta pela Educação, realizado em 29 de maio, em todo o país. Com assembleias, atos, panfletagens e paralisações em universidades e institutos federais, a mobilização denunciou o apagão orçamentário nas instituições públicas de ensino e exigiu a imediata recomposição dos recursos.

A principal palavra de ordem do dia foi clara: "Nenhum centavo a menos para a educação!". Entre as pautas defendidas estavam a revogação do Decreto nº 12.448, a aprovação do PDL 207/2025, a retirada da educação do teto do arcabouço fiscal, e a taxação dos super-ricos para financiar a educação pública.

PRESSÃO RESULTA EM VITÓRIA PARCIAL: R$ 700 MILHÕES RECOMPOSTOS

Fruto da pressão popular e da mobilização do dia 29 de maio, o governo federal anunciou uma recomposição parcial de R$ 700 milhões no orçamento das universidades e institutos federais. Desse total:

R$ 300 milhões já estavam nas contas das instituições, mas estavam bloqueados por decreto

R$ 400 milhões foram remanejados pelo MEC

O valor recompõe parcialmente os R$ 340 milhões cortados pelo Congresso, com um acréscimo de R$ 60 milhões ao orçamento original. Ainda assim, a UNE alerta que a situação continua grave e que o valor está longe de cobrir todas as necessidades das instituições.

CORTES NA LOA E DECRETO AGRAVAM A CRISE

A crise começou com a aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025, que reduziu R$ 2 bilhões da verba destinada à Educação. Para além dos cortes, o Decreto nº 12.448/2025 impôs travas mensais ao uso dos recursos não obrigatórios, liberando grande parte do orçamento apenas em dezembro. Isso inviabiliza o funcionamento regular das universidades.

Com isso, as universidades ficaram sem verba para: contas de luz e água; bolsas de assistência estudantil; manutenção de laboratórios e salas de aula; funcionamento dos restaurantes universitários (RUs); contratos básicos como limpeza e segurança.

IMPACTO DIRETO NA VIDA DOS ESTUDANTES

Menos dinheiro no orçamento significa menos permanência, mais evasão. Estudantes pobres são os mais prejudicados. Sem recursos para RU, bolsas e infraestrutura, milhares de jovens enfrentam dificuldades para seguir estudando. A UNE destaca que educação não é gasto — é investimento, e que nenhuma universidade pública deveria ser forçada a reduzir serviços essenciais para equilibrar as contas.

A LUTA POR 10% DO PIB CONTINUA

Apesar da vitória parcial com a recomposição, o movimento estudantil mantém sua principal bandeira: o cumprimento da meta de 10% do PIB para a educação pública, prevista no PNE, mas nunca realizada.

“Não há como garantir educação de qualidade mantendo a estrutura fiscal atual. É preciso tributar os super-ricos e fazer da educação prioridade para o governo”, afirma a presidenta da UNE, Manuella Mirella.

OS MAIORES CORTES E ATAQUES

Impulsionado pelos estudantes, entidades e organizações estudantis, no ano de 2019 vivemos um dos maiores levantes de massa em defesa da educação, que sofria um bloqueio de 30% dos seus recursos financeiros, anunciado pelo MEC, no desgoverno Bolsonaro. A mobilização conhecida como “Tsunami da Educação” fez mais de 200 cidades brasileiras saírem às ruas contra os cortes, que afetaram diretamente o pagamento dos recursos básicos da manutenção das Instituições e Universidades Federais, como contas de luz, água e pagamentos de bolsistas e terceirizados.

À

DEMOCRACIA DAS INSTITUIÇÕES

Entre os anos de 2019 e 2021 o Brasil vivenciou os cortes de orçamento da educação que mais impactaram gravemente as federais. A política de trato da educação como mercadoria foi veementemente denunciada pelos estudantes, os mais afetados com bolsas cortadas, ônibus sucateados, RU caros e carência de infraestrutura, que marca o cotidiano dos estudantes de ensino público.

As respostas dos estudantes nesses anos foi ocupar as ruas contra os cortes na educação e posturas autoritárias assumidas pelo Governo, como as intervenções nas eleições internas de 28 instituições e universidades federais, via lista tríplice de nomeação presidencial.

No Rio Grande do Norte na construção dessa série de atos, no dia do estudante do ano de 2020 os estudantes do IFRN organizaram um protesto na reitoria, cobrando a posse do Reitor eleito, José Arnóbio. Apesar do protesto pacífico, os estudantes foram vítimas da truculência da polícia militar, que invadiu o IF agressivamente.

CLIMA DE FUTURO: A UNE NA LUTA CONTRA A EMERGÊNCIA CLIMÁTICA

As ações da União Nacional dos Estudantes frente aos eventos climáticos extremos no Brasil e propostas para salvar nosso futuro

Por Lucas Fagundes, estudante da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Nos últimos dois anos, o Brasil lidou com os graves efeitos da emergência climática. Enchentes históricas no Sul, secas inimagináveis no Norte e queimadas devastadoras no Centro-Oeste foram eventos climáticos extremos que atingiram fortemente nosso país nos últimos anos.

Através de iniciativas impulsionadas pela UNE e pelas UEEs, os estudantes brasileiros formaram grandes redes de solidariedade aos atingidos por essas catástrofes, que na hora da urgência foram ações imprescindíveis. Agora, honrando a história do movimento estudantil, a União Nacional dos Estudantes pode ser pioneira no enfrentamento à emergência climática.

A UNE já propôs ao governo federal a criação da Universidade de Integração Amazônica para atuar no desenvolvimento sustentável, conservação ambiental, cooperação regional e justiça social junto com os estados que integram aquela região. Além disso, com o protagonismo do DCE da UFRGS, a UNE aprovou o Protocolo para Eventos Climáticos na UFRGS que estabelece critérios para preparar a comunidade acadêmica diante dos eventos climáticos extremos.

Wellington Porto, coordenador geral do DCE, afirma:

“Fizemos história no Sul e queremos que esse exemplo se concretize em

todo o Brasil.”

A Reitora da UFRGS, Márcia Barbosa, pontua que o movimento estudantil foi fundamental para a iniciativa: “O protocolo é algo vivo, que vai ser aperfeiçoado e o diálogo com os estudantes permite o equilíbrio entre preservar vidas e garantir que a Universidade siga servindo à população no enfrentamento à emergência climática.”

A realidade enfrentada por estados como o Rio Grande do Sul, com enchentes históricas, Pernambuco, com alagamentos frequentes, e outras regiões afetadas por secas extremas, mostra que o Brasil já vive um estágio avançado das mudanças climáticas. Nesse cenário, políticas como o protocolo da UFRGS colocam a educação no centro da resposta à crise climática, ao proteger não apenas vidas, mas também o direito à continuidade dos estudos. "Por isso, é essencial que essa iniciativa inspire ações semelhantes para níveis estadual e nacional, porque são problemas que atingem as nossas universidades diretamente, e quando temos uma política avançada que não deixa os estudantes no prejuízo, que mitiga os prejuízos causados, a gente consegue ter vitórias", disse Alejandro Guerrero, presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE-RS).

O QUE É?

O Protocolo para Eventos Climáticos da UFRGS estrutura um Comitê que analisa os alertas da Defesa Civil e de acordo com a gravidade do alerta recomenda medidas a serem tomadas pela UFRGS. A iniciativa prevê a análise se o evento climático será normal, regular ou extremo, a disponibilidade de transporte público para chegar aos campi, a condição da estrutura dos campi que podem ser afetados pelos eventos climáticos, a situação de locomoção nas cidades. Com todos esses elementos, é possível tomar a melhor decisão para preservar as vidas da comunidade acadêmica, que pode ser a suspensão total das atividades presenciais e acadêmicas, a recomendação para a flexibilização das atividades ou até mesmo manter as atividades normalmente.

ESSA LUTA NOS UNE!

Pela criação do protocolo nacional para eventos climáticos extremos;

Por mais orçamento para a assistência estudantil no Ensino Superior para dar apoio aos estudantes afetados pelos eventos climáticos extremos;

Por uma política de infraestrutura que prepare nossas Universidades para enfrentar os eventos climáticos extremos e servir à população;

Universidades brasileiras se levantam contra o genocídio em Gaza

Estudantes realizam
acampamentos, paralisações e atos exigindo cessar-fogo e rompimento de relações do Brasil

Em maio de 2025, a Universidade de São Paulo (USP) foi palco de um acampamento organizado pela UNE e pela União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP). A mobilização contou com vigílias, rodas de conversa, aulas públicas e intervenções culturais. O objetivo, segundo os organizadores, foi pedagógico e político: escancarar o apartheid israelense e pressionar a universidade a romper qualquer vínculo com instituições sionistas.

“O acampamento teve um papel pedagógico ao denunciar o apartheid israelense e reafirmar o rompimento de relações da universidade com

, Presidenta da UEE

Na UFABC, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) organizou paralisação das aulas em solidariedade à Palestina, enquanto na Universidade de Brasília (UnB), docentes divulgaram carta pública exigindo o rompimento de acordos com universidades israelenses.

UNE COBRA AÇÃO DO GOVERNO

A União Nacional dos Estudantes (UNE) tem atuado junto a parlamentares progressistas para cobrar que o governo Lula suspenda relações diplomáticas com Israel e envie ajuda humanitária urgente à população de Gaza. A entidade também articula a apresentação de moções no Congresso Nacional e o reconhecimento da gravidade dos crimes cometidos contra o povo palestino.

PROTESTO EXIGE LIBERTAÇÃO DE ATIVISTAS DA FLOTILHA DA LIBERDADE

No dia 9 de junho de 2025, movimentos populares e organizações de direitos humanos realizaram um ato em frente ao Palácio do Planalto, na Praça dos Três Poderes, em Brasília. A manifestação exigiu a libertação imediata dos 12 ativistas internacionais da Coalizão Flotilha da Liberdade, sequestrados por Israel em águas internacionais enquanto tentavam levar ajuda humanitária a Gaza. Entre os detidos estava o brasileiro Thiago Ávila, ambientalista e internacionalista. “Estamos nas ruas pela defesa do povo palestino. De norte a sul, estudantes, movimentos sociais e organizações populares exigem o fim do genocídio em Gaza. O Brasil precisa tomar uma posição firme. A política de extermínio praticada por Israel não pode ter cumplicidade. Lula, o mundo inteiro tá olhando. O povo brasileiro também”, afirmou Manuella Mirella durante o protesto.

UNIVERSIDADES RECONHECEM ESTUDANTES MORTOS E PERSEGUIDOS PELA DITADURA

Ato simbólico reafirma o papel do movimento estudantil na luta por memória, verdade e justiça

A outorga simbólica de diplomas a estudantes que foram mortos durante a ditadura civil-militar representa um ato significativo de lembrança, verdade e justiça. Reafirmando o papel central que a UNE sempre teve na luta pela democracia, essa ação recupera histórias interrompidas pela repressão e reafirma o compromisso das novas gerações na construção de um país que honra seus mártires.

O movimento estudantil tem desempenhado um papel essencial na preservação dessa memória, realizando homenagens, organizando eventos públicos e exigindo que o Estado reconheça sua responsabilidade para com aqueles que sacrificaram suas vidas por um Brasil mais justo. Ao devolver de forma simbólica os diplomas a esses estudantes, as instituições de ensino e a sociedade contribuem para reparar parte da violência vivida e solidificam um pacto coletivo: o de que isso nunca mais se repita.

FACULDADE DE DIREITO DA USP PREPARA DIPLOMAÇÃO DE EX-DIRIGENTES

ESTUDANTIS ASSASSINADOS

Em abril de 2024, o Centro Acadêmico XI de Agosto realizou a Vigília Cívica pela Diplomação dos antigos alunos que morreram nas trincheiras da luta pela democracia plena. A mobilização faz parte do calendário de ações em defesa da memória e contra o revisionismo histórico.

Para a presidente do XI de Agosto e secretária-geral da entidade em 2024, Julia Pereira Wong, a iniciativa é também um enfrentamento à ascensão de pautas autoritárias:

ESCOLA POLITÉCNICA DA USP HOMENAGEIA ESTUDANTES ASSASSINADOS

Em março de 2025, a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo promoveu a diplomação honorífica de quatro estudantes assassinados pela ditadura empresarial-militar brasileira. O evento foi resultado da mobilização da universidade, em parceria com a vereadora Luna Zarattini.

Foram diplomados:

Lauriberto José Reyes, integrante do Movimento de Libertação Popular (Molipo) e diretor executivo da UNE

Manoel José Nunes Mendes de Abreu e Luiz Fogaça Balboni, ambos da Aliança Nacional Libertadora (ALN)

Olavo Hanssen, ex-diretor do Grêmio Politécnico e militante do Partido Operário Revolucionário Trotskista (PORT)

UNIVERSIDADES RECONHECEM

“Em um contexto de ascensão da extrema direita, é fundamental suscitar o contexto histórico de combate à ditadura que circunda as entidades estudantis e incentivar o debate público para a derrocada de homenagens a ditadores e aparatos da ditadura. A partir disso, a condução de um calendário de mobilizações é importante. A comunidade estudantil é quem deve ditar a agenda universitária, e isso se faz com mobilizações passo a passo de centros e diretórios acadêmicos junto à UNE.”

No próximo período, está prevista a diplomação de João Leonardo da Silva Rocha e Arno Preis, antigos alunos da Faculdade de Direito da USP. Arno foi diretor do Centro Acadêmico XI de Agosto e João Leonardo foi diretor da Casa do Estudante, moradia popular da FDUSP. A cerimônia deverá ocorrer no dia 11 de agosto, data que marca os 122 anos do Centro Acadêmico e a criação dos cursos jurídicos no Brasil.

“É mantendo vivos os berros de ‘PERIGO’ que cuidamos de não cair no mesmo abismo”, afirmou Diego Roiphe, presidente do Grêmio Politécnico, durante a cerimônia.

UPE ENTREGA DIPLOMA PÓSTUMO A ESTUDANTE EXILADA E CELEBRA RESISTÊNCIA

Em novembro de 2024, a Universidade de Pernambuco (UPE) comemorou seu 59º aniversário com homenagens a docentes e estudantes perseguidos durante a Ditadura Civil-Militar. Durante as celebrações, foi concedido postumamente o diploma de Medicina a Rosane Alves Rodrigues, que cursava a Faculdade de Ciências Médicas (FCM-UPE) e integrava o Diretório Central dos Estudantes.

Rosane foi perseguida, forçada à clandestinidade e ao exílio no Chile e na Dinamarca, o que a impediu de concluir sua graduação. O reconhecimento, feito por meio de seus familiares, foi um gesto simbólico da universidade por sua luta em defesa da democracia, da liberdade e dos direitos humanos.

Além disso, a UPE entregou o Diploma da Resistência a outros estudantes e professores que foram perseguidos durante o regime, mas conseguiram concluir seus cursos superiores, reforçando o compromisso da instituição com a justiça de transição.

Além disso, a UPE entregou o Diploma da Resistência a outros estudantes e professores que foram perseguidos durante o regime, mas conseguiram concluir seus cursos superiores, reforçando o compromisso da instituição com a justiça de transição.

UFRN ENTREGA DIPLOMAS SIMBÓLICOS A ESTUDANTES ASSASSINADOS PELA DITADURA

Em junho de 2025, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) realizou a diplomação simbólica póstuma de Emanuel Bezerra dos Santos (Ciências Sociais) e José Silton Pinheiro (Pedagogia), estudantes assassinados durante a ditadura militar. Os diplomas foram entregues aos familiares pelos centros acadêmicos dos respectivos cursos.

DIPLOMAÇÃO DA RESISTÊNCIA NA USP

Em 2023, a Universidade de São Paulo lançou, por meio da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP), o projeto Diplomação da Resistência, destinado a conceder diplomas honoríficos a 33 estudantes da USP mortos durante a ditadura. A Comissão da Verdade e Justiça da USP identificou 39 alunos, seis professores e dois funcionários vítimas fatais do regime.

No último semestre, foram homenageados:

Lígia Maria Salgado Nóbrega, estudante de pedagogia na FEUSP e liderança estudantil

Lauriberto José Reyes, do Molipo

Luiz Fogaça Balboni e Manoel José Nunes

Mendes de Abreu, da ALN

Olavo Hanssen, do PORT

Emmanuel foi estudante foi delegado do 29° CONUNE, presidente da Casa dos estudantes RN e diretor do DCE da UFRN. Também foi poeta, escritor e fundador dos importantes jornais “O Realista” e “Jornal do Povo”, de cunho político, que circulavam clandestinamente, debatendo o avanço da repressão, agressão e autoritarismo, enfrentado pelo regime totalitário vivenciado. O jornal era um importante porta-voz de denúncia da ditadura.

A Lei nº 12.933/2013 que estabelece o direito de estudantes terem acesso a meia entrada em eventos culturais, artísticos e esportivos é uma grande conquista do movimento estudantil que tem garantido o acesso de milhões de estudantes a esses espaços e precisa ser defendida.

A defesa da cultura e acesso ao esporte são grandes bandeiras da UNE e defendemos que sejam encarados como parte da formação dos estudantes brasileiros expandindo as fronteiras de conhecimento e contato com o que é produzido não apenas em nosso país, mas também da cultura de outros países. A meia entrada serve como um incentivo para que estudantes, na sua maioria jovens, acessem esses espaços e valorizem a produção cultural. Faça seu documento do estudante em

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