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Academia Imperatrizense de Letras: visibilidade aos escritores locais

JOASSAN TRAJANO

“Ninguém será um escritor se não tiver lido antes, e os jovens devem começar a ler bem cedo, para melhor desenvolver a escrita, a literatura, sem a qual não há civilização, não há vida moderna, desenvolvimento. A literatura é um sinal de maturidade da população, da sociedade, então é preciso ler muito”, declarou Agostinho Noleto, advogado, escritor e membro da Academia Imperatrizense de Letras.

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Agostinho Noleto começou a ler na sua cidade natal, que o menino visitava constantemente, até ler quase tudo o que tinha no local. Do hábito de leitura surgiu o desejo de escrever.

Quando veio para Imperatriz, a cidade estava passando por mudanças sociais, econômicas e culturais. “Foi magnífico ver a pequena cidade transformando-se em um centro de crescimento e desenvolvimento no Maranhão e na Amazônia toda”. Isso levou ele a pensar e a escrever sobre as coisas que aconteceram naquela época. A partir daí, Noleto começou a redigir e preparar textos, e só depois veio a formação profissional.

A escrita, para muitos, significa dar sentido à vida, é a expressão daquilo que está no pensamento. Muitos, quando começam a escrever, se encantam pelo mundo da palavra. Ela nos leva a criar e colocar no papel aquilo que está na nossa imaginação. Por conta disso, a Academia Imperatrizense de Letras tem a função de dar voz aos escritores, como conta o escritor Marcos Fábio, que faz parte de duas Academias. Maranhense de Bacabal, ele faz parte da Academia Bacabalense de Letras. Chegou em Imperatriz em 2006, 10 anos depois, submeteu a sua candidatura para a Academia Imperatrizense de Letras e foi escolhido.

“É muito importante para um escritor fazer parte de uma Academia, por duas razões: primeiro ele está entre iguais, ele está entre pessoas que escrevem como se fossem um grupo qualificado e específico que discute um determinado tema, no nosso caso a literatura. Então, é importante você estar convivendo com essas pessoas. A outra coisa, no caso específico da Academia Imperatrizense de Letras, é que você está vinculado a uma entidade forte, talvez seja uma das entidades mais importantes no termo de cultura dessa região inteira. Então, é para nós um amparo bem importante para a gente poder fazer o nosso trabalho. Por outro lado, é a simbologia. Representa muito ser de uma Academia de Letras, e como Academia a gente acaba fomentando cultura e em especifico a literatura’’, afirma Marcos Fábio. É no sentido de fomentar a educação e a cultura da região Tocantina que surge a Academia Imperatrizense de Letras (AIL). Criada no dia 27 de abril de 1991 por vários autores e educadores Imperatrizenses liderados pelo jornalista e escritor

Edimilson Sanches. Atualmente, a Academia conta com 40 membros e tem o propósito de promover a literatura universalmente, com foco nas obras de Imperatriz e Região Tocantina. Como mais uma forma de incentivo, a Instituição premia todos os anos os escritores locais. Além disso, a relação da organização com a sociedade é de proximidade, principalmente com as instituições de ensino públicas e privadas. A academia se reúne ordinariamente às quintas feiras, a partir das 17 horas, para deliberar sobre assuntos administrativos e sobre assuntos culturais. Algumas reuniões são fechadas quando se trata da parte administrativa.

Muitos, quando começam a escrever, se encantam pelo mundo da escrita. Ela nos leva a criar e colocar no papel aquilo que está na nossa imaginação.

O processo para ocupar uma cadeira na AIL acontece depois da divulgação de edital, que abre apenas diante do falecimento ou pela desistência de um membro.

‘’As pessoas se inscrevem e apresentam um comprovante das suas obras literárias e a Academia realiza uma eleição secreta para a escolha dos membros. O resultado dessa eleição, numericamente não é publicado, só é anunciado quem foi o vencedor. Não é divulgado o número de votos para não causar nenhuma insatisfação com alguém que foi menos votado. Por isso, o interesse é divulgar quem foi o eleito e a partir daí marca uma cerimônia de posse para o novo membro’’, afirma Trajano Neto - atual presidente da Academia Imperatrizense de letras.

A academia Imperatrizense de Letras desenvolve vários projetos para incentivar as pessoas a se interessarem pela leitura e pela escrita. Entre eles, pode-se destacar o Salão do Livro de Imperatriz: SALIMP – evento literário que é considerado uma das maiores feiras de livros da Região Tocantina.

O SALIMP é reconhecido pela Assembleia Legislativa do Estado como Patrimônio Cultural e Imaterial do Maranhão. No ano de 2022, foi realizada a décima oitava edição do evento, cujo tema central foi a “Educação na cidade de Imperatriz”. O evento, que é realizado no Centro de Convenções de Imperatriz, recebeu na edição de 2022 cerca de cem mil visitantes de várias partes do Maranhão durante os nove dias de evento. Mais de 300 editoras expuseram obras no local. No total, 35 mil livros foram expostos. A 18º edição do SALIMP contou com palestras, oficinas, exposições, debates, gincanas culturais e apresentações musicais, além de lançamentos de livros.

JOASSAN TRAJANO

Oescritor é aquele que não escreve apenas para si mesmo. É aquele que se propõe a estender uma mensagem, qualquer que seja ela, ao leitor, ao público que lê. É necessário, também, que essa mensagem seja construtiva, impactante. Para que assim, o leitor, sobretudo aquele mais exigente, se reconheçam dentro do texto que foi escrito.

Ser escritor é ser moldado, em primeiro lugar, através da leitura. É primordial ser um grande leitor. Alguém que lê não apenas pela necessidade técnica ou profissional, mas que teve o prazer de viajar no texto. Esse é o primeiro passo para se forjar um escritor propriamente dito. “Agora esse termo escritor ele é muito forte.Eu posso dizer a você que eu já tenho sete livros publicados de gêneros de poesias e crônicas, lhe digo que ainda não me considero um escritor simplesmente porque escrevi essa quantidade de livros. Talvez esteja até sendo rigoroso comigo mesmo, mas o alcance desse termo escritor ele é imensurável’’, afirma Trajano Neto.

Trajano Neto é autor de sete livros: “Translúcidos”, “Entre Tantos e Outros”, “Miscelânea”, “A Pedra”, “Noturnos”, “Andanças”, e a sequência “Andanças II”. Além disso, o escritor participou da Coletânea “Quintessência”, obra vencedora do Prêmio Literário

AIL 2015, em conjunto com outros autores. Participou também de duas coletâneas da Academia Imperatrizense de Letras.

O escritor é um observador universal do ser humano e das condições sociais em que os homens vivem, desde os mais simples aos mais complexos. Cabe ao escritor interpretar e traduzir aspectos da vida para o texto. O escritor vai estar sempre sob o julgamento do leitor. É o leitor quem decide se o texto é bom, agradável, coerente, ou se o texto é bem apresentado tanto, na questão visual ou no quesito gramatical. “Isso é ser um escritor, estar sempre de mente e olhos abertos para ouvir. Observar e captar e entender o que se passa em torno das suas relações. O escritor é aquele que tem a capacidade de criar a sua logística textual dentro de um tema que lhe seja oferecido ou que ele naturalmente ache conveniente para os seus propósitos como escritor’’, acredita o escritor e imortal da AIL, Trajano Neto.

A escrita não está restrita à idade. Tanto jovens como velhos estão dispostos a escrever e a deixarem a sua marca. Em relação à característica da escrita, Agostinho Noleto comenta que não há muita diferença entre novos e escritores mais experientes.’’Talvez o estilo, linguagem mais moderna, uma linguagem modificada que os jovens usam, que os velhos talvez não usem tanto’’. Os escritores mais velhos, segundo