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HERÓI DA FÉ

1509, escreveu outra de suas obras relevantes, “Elogio da Loucura”, que se destacou por suas duras críticas contra o catolicismo. É impossível abordar, em um breve resumo, toda a vasta e variadíssima produção impressa de Erasmo de Roterdã, cujo trabalho aportou inovações capitais principalmente em nível religioso. É preciso, pois, reduzir a análise de seus textos a uma revisão argumental superficial dos que maior incidência tiveram entre os escritores, religiosos e intelectuais de seu tempo, citando, por exemplo, o “Manual do Cavaleiro Cristão”, editado em 1503, que é um compêndio destinado a suscitar no soldado ignorante uma digna consciência cristã, mostrando-

lhe o caminho que leva a Jesus Cristo. Como a cabeça visível de uma corrente renovadora da fé no Senhor, que denunciava os abusos e a relaxação dos católicos, e propugnava a supremacia de certos valores como a tolerância e o mantimento, a todo custo, da paz, Erasmo também sobressaiu pela edição filológica das Epístolas de Jerônimo de Estridão, que traduziu a Bíblia do grego e do hebreu para o latim, e das Paráfrases do Novo Testamento, uma aproximação à cultura popular europeia do Evangelho. Ambas as obras mostraram seu desejo de esclarecer os mistérios o cristianismo. Grande estudioso e partícipe, por aquele então, dos principais foros académicos de todo o mundo, Erasmo de Roterdã foi um escritor enormemente original que pôs seu engenho e a perspicácia lúcida e irónica de sua pena ao serviço de uma reforma da Igreja e da sociedade que permitisse um retorno ao autêntico espírito do cristianismo, perdido em abstratos formalismos escolásticos e degenerado pelas corruptas instituições e ritualismos eclesiásticos. No entanto, e apesar de que suas ideais se difundiram por quase toda a Europa, passou uma existência penosa, agravada pela gota e o reumatismo. No final de sua vida terrena, Erasmo enfrentou as situações políticas, culturais e religiosas que aconteciam vertiginosamente no Velho Continente, com coragem e sem descanso em seu trabalho intelectual. Assim, após a chegada dos turcos até as próprias portas de Viena, escreveu “Consulta acerca da utilidade da guerra aos turcos”, em 1530, e começou a preparar um escrito que pretendia deixar como legado impresso sobre suas ideais morais e teológicas: “Eclesiastes”, editado em 1534, um tratado sobre a pregação. Após essa espécie de legado teológico, Erasmo ainda teve forças para continuar trabalhando e para escrever um último tratado, publicado em 1535, sob o título de “Sobre a pureza da igreja cristã”. Nos inícios de 1536 se sentiu gravemente doente. Posteriormente, no mês de julho, piorou tanto que teve que renunciar, mesmo, à leitura. No dia doze do mesmo mês, os amigos que estavam com ele em seu leito de morte o ouviram exclamar: “Ó Jesus, tem misericórdia! Senhor, libertame! Senhor, tem misericórdia de mim!”. Posteriormente orou a Deus em sua língua materna e abandonou este mundo l

Grande estudioso e partícipe, por aquele então, dos principais foros académicos de todo o mundo, Erasmo de Roterdã foi um escritor enormemente original que pôs seu engenho e a perspicácia lúcida e irónica de sua pena ao serviço de uma reforma da Igreja e da sociedade que permitisse um retorno ao autêntico espírito do cristianismo, perdido em abstratos formalismos escolásticos e degenerado pelas corruptas instituições e ritualismos eclesiásticos. No entanto, e apesar de que suas ideais se difundiram por quase toda a Europa, passou uma existência penosa, agravada pela gota e o reumatismo.

Janeiro 2016 / Impacto evangélico

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